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FACILIDADES DO PROGRAMA ANAFAS PARA ESTUDOS DE CURTO- CIRCUITO E PROTEÇÃO DE SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA Pedro Cunha Kastrup Decourt PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGE- NHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OB- TENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA. Aprovado por: _________________________________ Prof. Sebastião E. M. Oliveira, D. Sc. (Orientador) __________________________________ Prof. Maria Karla Vervloet Sollero, D. Sc. ___________________________________ Prof. Alessandro Manzoni, D. Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL OUTUBRO DE 2007

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  • FACILIDADES DO PROGRAMA ANAFAS PARA ESTUDOS DE CURTO-CIRCUITO E PROTEO DE SISTEMAS DE ENERGIA ELTRICA

    Pedro Cunha Kastrup Decourt

    PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGE-NHARIA ELTRICA DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DORIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OB-TENO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

    Aprovado por:

    _________________________________

    Prof. Sebastio E. M. Oliveira, D. Sc.(Orientador)

    __________________________________

    Prof. Maria Karla Vervloet Sollero, D. Sc.

    ___________________________________

    Prof. Alessandro Manzoni, D. Sc.

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILOUTUBRO DE 2007

  • iDedicatria

    Dedico este projeto minha famlia: minha me, Kathia, a melhor me do mundo,

    minha irm, Patrcia, uma segunda me e ao meu pai, Eduardo, que sempre vai ser um

    exemplo de pai e homem e o meu grande dolo.

    Gostaria de dedicar, tambm, s minhas duas princesas: a mulher da minha vida,

    Rebeca e a minha filha, Eduarda, que eu amo muito de uma forma que impossvel de

    descrever.

    Dedico, tambm, famlia da minha namorada, Rebeca, que sempre me ajudou nos

    momentos mais difceis: Rosemery, Jurema, Rudimila, Richelle e Tnia. Dedico aos meus

    tios Evandro, Simone, Denise e Graa, a todos os meus primos, aos meus avs Jorge, Celi-

    na e Maria Jos e aos meus grandes amigos e irmos: Paulo Roberto Mesquita, Igor nco-

    ra, Alessandro Ribeiro, Luciano Martins, Pedro Salomo, Carlos Andr, Mrcio Ayres,

    Marcus Vincius, Ariston Jnior, Renato Lessa, Thiago Corra, Diogo Castro, Afonso Ro-

    drigues, Joo Botelho, Edgar Rivera, Paulo Renato Texeira e famlia, Victor Edler, Cons-

    tantino Silva, Diego Freire, Luiz Augusto Osrio e Vincius Pereira.

    Sem o apoio dessas pessoas, nada do que sou hoje, teria, ou no futuro, ter se torna-

    do realidade.

    Muito Obrigado!

  • ii

    Agradecimentos

    Agradeo aos professores por plantar a semente do desejo de estudar na minha vida.

    Suas aulas funcionaram como um estmulo e que culmina agora com este projeto. Agrade-

    o em especial ao professor Sebastio Oliveira pelas aulas inspiradoras deste projeto e ao

    professor Richard Stephan, pelas conversas, sugestes e todo o conhecimento de engenha-

    ria ensinado.

    No posso deixar de agradecer tambm a alguns amigos que estiveram sempre pre-

    sentes tanto nos momentos de estudo quanto na diverso nesses anos de faculdade. Em

    especial: Thiago Messias, Adriano Carvalho, Daniel Giampietro, Victor Peyneau, Leandro

    Isidoro, Nilo Felipe, Bruno e Andr Montezano.

    Agradeo tambm a Rosane, secretria do DEE que, sempre prestativa e bem hu-

    morada, cumpriu seu papel responsavelmente e esteve sempre disposta a ajudar.

    Agradeo, ao engenheiro Rubens Uzeda e ao tcnico de manuteno Analton Al-

    mirante, pessoas com as quais pude aprender um pouco mais da prtica em engenharia e,

    acima de tudo, a ser um profissional preocupado com a tica e com o bom relacionamento

    interpessoal.

    Agradeo, finalmente, a Deus e ao meu padroeiro So Judas Tadeu.

    Muito Obrigado!

  • iii

    Resumo

    Este trabalho apresenta as facilidades proporcionadas pelo programa de Anlise

    de Faltas Simultneas (ANAFAS) desenvolvido pelo Centro de Pesquisas de Energia El-

    trica (CEPEL) na determinao dos valores das correntes de defeitos em linhas de trans-

    misso, considerando ou no o carregamento pr-falta, na parametrizao de ajustes dos

    rels de sobrecorrente e na efetivao da coordenao deste tipo de proteo, atividades

    para as quais os clculos das intensidades das correntes de curto-circuito so essenciais.

    Estas facilidades decorrem das simulaes de curto-circuito realizadas com o

    auxlio do programa que fornecem os valores das correntes de curto-circuito necessrias e

    almejadas, tornando o processo de clculo mais eficiente.

  • iv

    NDICE

    1 - INTRODUO ............................................................................................................. 011.1 - Objetivo ........................................................................................................................ 031.2 - Viso Geral do Texto ................................................................................................... 04

    2 - METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................ 06

    3 - MTODO DOS COMPONENTES SIMTRICOS .................................................. 083.1 - Anlise do Mtodo ....................................................................................................... 083.2 - Operadores ................................................................................................................... 103.3 - Impedncias de Seqncia ........................................................................................... 143.4 - Circuitos de Seqncia ................................................................................................. 163.5 - Caso Particular: Circuitos de Seqncia dos Geradores a Circuito Aberto ................. 173.6 - Circuitos de Seqncias Positiva e Negativa ............................................................... 213.7 - Circuitos de Seqncia Zero ........................................................................................ 22

    4 - MATRIZ IMPEDNCIA DE BARRAS ..................................................................... 274.1 - Descrio da Matriz Zbarra ............................................................................................ 284.2 - Aplicao da Matriz Zbarra ............................................................................................ 29

    5 - CLCULOS DE CURTO-CIRCUITO ....................................................................... 335.1 - Caractersticas Gerais ................................................................................................... 345.2 - Componentes da Corrente de Curto-Circuito ............................................................... 385.3 - Relao X/R e Constante de Tempo da Componente Unidirecional ........................... 415.4 - Curto-Circuito Trifsico Simtrico .............................................................................. 425.5 - Curtos-Circuitos Assimtricos ..................................................................................... 425.6 - Exemplos de Clculo de Curto-Circuito ...................................................................... 435.7 - Exemplos de Clculo de Curto-Circuito Utilizando a Matriz Zbarra ............................. 51

    6 - TCNICAS DE PROTEO ...................................................................................... 546.1 - Princpios Bsicos de Proteo .................................................................................... 556.2 - Rels de Sobrecorrente ................................................................................................. 576.2.1 Rels de Sobrecorrente Instantneos ........................................................................ 606.2.2 Rels de Sobrecorrente Temporizados ..................................................................... 616.2.3 Rels de Sobrecorrente Temporizados com Elemento Instantneo ......................... 646.2.4 Rels de Sobrecorrente de Neutro ............................................................................ 666.2.5 Coordenao dos Rels de Sobrecorrente ................................................................ 68

  • v7 - PROGRAMA ANAFAS ............................................................................................. 70

    7.1 - Principais Caractersticas ............................................................................................. 707.2 - Metodologia Implantada .............................................................................................. 71

    8 - RESULTADOS DE SIMULAO ............................................................................. 748.1 - CASO1: Sistema sem Carregamento ........................................................................... 758.1.1 Diagramas de Seqncia do Sistema ........................................................................ 778.1.2 Curto-Circuito Trifsico no circuito LT 34-1 com o circuito LT34-2 operando ..... 798.1.3 Curto-Circuito Monofsico no circuito LT34-1 com o circuito LT34-2 operando .. 808.1.4 Curto-Circuito Trifsico no circuito LT 34-1 com o circuito LT34-2 desligado ..... 828.1.5 Curto-Circuito Monofsico no circuito LT 34-1 com o circuito LT34-2 desligado 83

    8.2 CASO 2: Sistema com Carregamento ......................................................................... 858.2.1 Curto-Circuito Trifsico no circuito LT 34-1 com o circuito LT34-2 operando ..... 878.2.2 Curto-Circuito Monofsico no circuito LT34-1 com o circuito LT34-2 operando .. 888.2.3 Curto-Circuito Trifsico no circuito LT 34-1 com o circuito LT34-2 desligado ..... 898.2.4 Curto-Circuito Monofsico no circuito LT 34-1 com o circuito LT34-2 desligado 90

    8.3 - CASO 3: Ajuste de Proteo e Coordenao de um Sistema Radial ........................... 918.3.1 Ajuste dos Rels de Sobrecorrente de Fase e de Neutro (Rels 50, 51 e 50N) ........ 938.3.2 Coordenao dos Rels de Sobrecorrente ................................................................ 96

    9 - CONCLUSES ............................................................................................................. 101

    ANEXO A ............................................................................................................................ 103

  • 1CAPTULO 1: INTRODUO

    O progresso de uma nao pode ser medido pelo grau de desenvolvimento e apro-

    veitamento de suas fontes de energia. A descoberta dessas fontes na natureza, o transporte

    da energia em suas vrias formas de um lugar a outro e a converso dessa energia para

    formas mais teis so atividades essenciais que caracterizam uma economia forte e plane-

    jada. Um sistema eltrico de potncia um dos poucos veculos adequados para o trans-

    porte da energia, contribuindo, desta forma, para a melhoria da qualidade de vida em uma

    determinada regio.

    Um sistema eltrico de potncia constitudo por trs componentes principais: as

    estaes geradoras, as linhas de transmisso e os sistemas de distribuio. As linhas de

    transmisso ligam as estaes geradoras aos sistemas de distribuio, enquanto um sistema

    de distribuio liga todas as cargas individuais de uma determinada rea ao sistema de

    transmisso existente. Um sistema eltrico bem estruturado compreende um grande nme-

    ro de estaes geradoras interligadas, de modo que a energia total produzida possa ser uti-

    lizada em toda a regio coberta pelo sistema.

    Contudo, um sistema eltrico de potncia est constantemente sujeito s ocorrnci-

    as que causam perturbaes no seu estado normal. Estas perturbaes alteram as grandezas

    eltricas (corrente, tenso e freqncia), ocasionando violaes nos vnculos operativos.

    Para estes casos, so necessrias providncias preventivas e/ou corretivas com o objetivo

    explcito de sanar ou restringir as conseqncias dessas perturbaes.

    Para que haja um funcionamento adequado e eficiente de todo este sistema, so ne-

    cessrios estudos e anlises posteriores das suas caractersticas, para que desta forma seja

    desenvolvida uma filosofia de proteo capaz de minimizar as perturbaes em seu estado

  • 2normal de operao e de propiciar segurana aos operadores do sistema e aos equipamen-

    tos envolvidos.

    As perturbaes mais freqentes e mais sbitas so os curtos-circuitos. Os curtos-

    circuitos ocorrem como resultado da ruptura do isolamento eltrico entre as fases ou entre

    uma das fases e terra do sistema eltrico. O conhecimento prvio das intensidades das cor-

    rentes resultantes destes defeitos em uma rede de energia eltrica imprescindvel como

    subsdio para os seguintes tipos de estudos e anlises:

    Determinao das capacidades nominais dos equipamentos;

    Clculo de ajustes dos rels de proteo;

    Clculo dos esforos mecnicos nos elementos estruturais dos equipamen-

    tos;

    Calculo da malha de aterramento.

    Com isto, fcil perceber que para dimensionamento do sistema de proteo de

    uma determinada rede eltrica e parametrizao dos rels associados, devem-se tomar

    como referncia para ajuste os valores das correntes de curto-circuito calculadas, residindo

    neste fato toda a importncia da disponibilizao de software para clculo das intensidades

    das correntes necessrias implementao destes estudos. Alm disso, para assegurar uma

    proteo adequada, o perfil das tenses ao longo da rede deve tambm ser conhecido.

    Na ocorrncia de curtos-circuitos, indispensvel que a regio atingida seja isolada

    rapidamente do restante da rede eltrica para evitar danos aos equipamentos e para reduzir,

    o mximo possvel, a sua influncia sobre o comportamento do sistema de potncia.

    Para avaliao das intensidades das correntes de curto-circuito em um sistema de

    potncia, faz-se necessrio o conhecimento das seguintes caractersticas:

  • 3 Impedncias de seqncia dos elementos componentes do sistema;

    Grupo fasorial dos transformadores de potncia;

    Tipo de aterramento no neutro dos equipamentos;

    Configurao das redes de seqncia;

    Forma de conexo das redes de seqncia de acordo com o tipo de curto-

    circuito.

    Para os sistemas de menor porte, o clculo das correntes de curto-circuito pode ser

    feito de forma relativamente simples. Entretanto, para sistemas mais complexos e de maior

    porte, uma opo efetiva para a determinao da severidade destas correntes a utilizao

    de mtodos matriciais (via matriz Zbarra) que, embora j disponveis por algumas dcadas,

    eram anteriormente inviveis em virtude da falta de recursos computacionais realmente

    eficientes. Hoje, porm, com o desenvolvimento destes recursos tanto no aspecto de velo-

    cidade quando no de disponibilidade de memria, a anlise de curto-circuito de sistemas

    eltricos muito grandes pode ser realizada da maneira rpida e precisa usando o mtodo da

    matriz Zbarra.

    O conhecimento dos circuitos de seqncia e da decomposio em componentes

    simtricos necessrio tanto para o clculo por meios analticos como no auxlio aos m-

    todos computacionais.

    1.1 Objetivo

    O objetivo deste trabalho consiste em apresentar as facilidades proporcionadas pelo

    programa de Anlise de Faltas Simultneas (ANAFAS) desenvolvido pelo Centro de Pes-

    quisas de Energia Eltrica (CEPEL), para implementao de ajustes dos rels e efetivao

  • 4de sua coordenao, atividades para as quais os clculos das intensidades das correntes de

    curto-circuito so essenciais.

    No projeto desenvolvido, o programa utilizado como ferramenta de simulao e

    determinao das correntes de curto-circuito ao longo de um sistema eltrico de transmis-

    so.

    As simulaes realizadas evidenciam as funcionalidades do programa para alguns

    casos de clculo das correntes de curto-circuito, possibilitando, atravs dos valores encon-

    trados, uma estimativa da posio do defeito ao longo da linha, a determinao do ajuste e

    a coordenao dos rels de proteo utilizados.

    1.2 Viso geral do texto

    Aqui fazemos uma breve introduo sobre o trabalho realizado, ficando a descrio

    da metodologia utilizada no presente projeto para ser apresentada no prximo captulo.

    Para uma melhor compreenso da metodologia de clculo das correntes de curto-

    circuito, discutido, no captulo 3, o mtodo dos componentes simtricos. Para tanto, foi

    realizada uma anlise simplificada do mtodo e de suas aplicaes, alm de apresentados

    os circuitos de seqncia e discutidos alguns casos particulares. Este mtodo imprescin-

    dvel para os clculos realizados em caso de curtos-circuitos assimtricos, da residindo a

    importncia de sua apresentao e discusso.

    No captulo 4, so feitas uma descrio e apresentao das principais aplicaes da

    matriz impedncia de barras (Zbarra) em casos de curto-circuito. Cabe adiantar que esta

    matriz de grande valia nos clculos realizados para sistemas com elevado nmero de bar-

    ras.

  • 5J no captulo 5, apresentada uma anlise das correntes de curto-circuito e de suas

    principais propriedades e componentes. Alm disso, so destacadas as particularidades dos

    casos de curtos-circuitos simtricos e assimtricos e apresentados os mtodos de clculo,

    tanto para sistemas com poucas barras quanto para sistemas com nmero elevado de barras

    e que utilizam a matriz Zbarra como ferramenta de auxlio. Na caracterizao dos mtodos

    de clculo, foram utilizados exemplos para facilitar o entendimento.

    No captulo 6, so detalhadas algumas das tcnicas mais utilizadas para a imple-

    mentao da proteo de linhas de transmisso. feita uma descrio e posterior anlise

    das principais caractersticas e do princpio de operao dos rels de proteo, alm da de-

    monstrao dos clculos realizados para a determinao dos ajustes considerados em al-

    guns tipos de rel.

    O programa de Anlise de Faltas Simultneas ANAFAS brevemente discutido

    no captulo 7, sendo apresentadas as principais caractersticas e a metodologia implantada

    para que este seja capaz de simular e obter os resultados almejados em um estudo de curto-

    circuito.

    No captulo seguinte, so apresentados e comentados os resultados obtidos a partir

    das simulaes realizadas no ANAFAS, assim como feita referncia utilizao destes

    para o ajuste e coordenao dos rels de sobrecorrente em sistemas genricos.

    Finalmente, no captulo 9, so apresentadas as concluses do trabalho, destacando

    os objetivos alcanados atravs do estudo realizado com o auxlio do ANAFAS, evidenci-

    ando, portanto, como este se torna, cada vez mais, uma ferramenta imprescindvel em es-

    tudos de casos de curto-circuito e proteo dos sistemas de potncia.

  • 6CAPTULO 2: METODOLOGIA DA PESQUISA

    O estudo de proteo desenvolvido baseou-se na soluo de engenharia proposta na

    referncia [1], na qual so apresentados os mtodos de ajuste e a coordenao de rels de

    sobrecorrente. Alm disso, as principais caractersticas construtivas e de operao dos rels

    utilizados, tiveram como base as informaes contidas em [1] e [9].

    Os clculos de curto-circuito foram efetuados atravs da ferramenta computacional

    ANAFAS. Tendo como referncias [2], [3] e [4], o programa foi usado na simulao de

    diferentes condies de curto-circuito de forma a evidenciar todas as vantagens e eficincia

    disponibilizadas pelo programa em estudos e anlises que servem de referncia para uma

    posterior parametrizao dos rels utilizados para proteo de um sistema eltrico.

    Os mtodos de clculos e anlise de curto-circuito desenvolvidos ao longo do tra-

    balho tiveram como base a teoria apresentada em [2].

    As informaes sobre a metodologia dos Componentes Simtricos e a utilizao da

    Matriz Impedncia de Barras foram apresentadas com o intuito de oferecer um melhor en-

    tendimento dos mtodos de curto-circuito utilizados e do funcionamento do programa

    ANAFAS. Estas informaes tiveram [2] e [7] como referncia.

    Para contextualizar e justificar o trabalho procura-se ressaltar a importncia dos

    estudos de curto-circuito e da proteo de um sistema de energia eltrica nos dias de hoje.

    Algumas dissertaes de mestrado do Programa de Engenharia Eltrica da COPPE/UFRJ

    foram as principais fontes de pesquisa neste tema.

    O material disponibilizado em algumas disciplinas do curso de graduao em En-

    genharia Eltrica da UFRJ, em especial Anlise de Defeitos em Sistemas de Potncia,

    Proteo de Sistemas Eltricos e Subestaes, tambm foi fonte inspiradora deste projeto e

  • 7por isso foi utilizado como referncia em conjunto com informaes obtidas atravs de

    consultas Internet em sites relacionados ao assunto.

  • 8CAPTULO 3: MTODO DOS COMPONENTES SIMTRICOS

    Em 1918, o Dr. C. L. Fortescue introduziu uma das mais poderosas ferramentas

    para anlise de circuitos polifsicos em condies desequilibradas. Partindo da investiga-

    o matemtica e operao do motor de induo em condies de desequilbrio acentuado,

    Fortescue estabeleceu os princpios gerais sob os quais a soluo de sistemas polifsicos

    desequilibrados pode ser reduzida soluo de dois ou mais casos equilibrados.

    Como qualquer defeito assimtrico origina a circulao de correntes desequilibra-

    das em uma rede de energia eltrica, este mtodo tem se revelado, at os dias atuais, de

    grande serventia para a determinao das correntes e tenses ao longo do sistema aps a

    ocorrncia do defeito.

    3.1 Anlise do mtodo

    O trabalho de Fortescue estabelece que um sistema desequilibrado de n fasores cor-

    relacionados pode ser decomposto em n sistemas de fasores equilibrados denominados

    componentes simtricos dos fasores originais.

    Em termos de sinais eltricos alternados, pode-se dizer que um conjunto assimtri-

    co polifsico de senides com tenses ou correntes alternadas constitudas de m fases pode

    ser decomposto em um conjunto simtrico polifsico de componentes de tenses ou cor-

    rentes alternadas de m fases.

    Para sistemas trifsicos com seqncia de fases abc e direo dos fasores na direo

    anti-horria, por exemplo, e assumindo que as tenses sejam desequilibradas, mas cada

    uma delas constituda apenas por sua componente fundamental, tem-se, a princpio, um

    conjunto de trs fasores de tenso desequilibrados, conforme a Figura 1.

  • 9Figura 1 Conjunto assimtrico constitudo por trs fasores desequilibrados.

    Desta maneira, de acordo com o teorema de Fortescue, estes trs fasores desequili-

    brados podem ser substitudos por trs sistemas equilibrados de fasores, conforme mos-

    trado na Figura 2. Estes sistemas ou conjuntos equilibrados de fasores so usualmente co-

    nhecidos como componentes de seqncia positiva (representada por 1 ou +), seqncia

    negativa (representada por 2 ou -) e seqncia zero (representada por 0).

    Os componentes de seqncia positiva consistem de trs fasores iguais em mdulo,

    defasados de 120 entre si e tendo a mesma seqncia de fases que os fasores originais.

    J os componentes de seqncia negativa, consistem de trs fasores iguais em m-

    dulo, defasados de 120 entre si e tendo a seqncia de fases oposta dos fasores originais.

    Os componentes de seqncia zero tambm consistem de trs fasores iguais em

    mdulo, porm com defasagem zero entre si.

    Figura 2 Trs conjuntos constitudos por trs fasores equilibrados que represen-

    tam os conjuntos de fasores das seqncias positiva, negativa e zero.

    Vb

    Vc

    Va

    Vb0

    Seqncia positiva

    Vc1

    Va1

    Vb1

    Vb2

    Va2

    Vc2

    Seqncia negativa

    Va0

    Vc0

    Seqncia zero

  • 10

    Estes conjuntos equilibrados de fasores devem, portanto, ser combinados para for-

    marem os fasores do sistema desequilibrado da Figura 1, como visto na Figura 3.

    Figura 3 Composio do conjunto de fasores desequilibrados a partir dos conjuntos de

    fasores equilibrados da Figura 2.

    Se considerarmos cada um dos fasores do conjunto original desequilibrado como

    constitudo pela soma fasorial de seus componentes equilibrados, podemos escrever:

    (3.1.3)

    (3.1.2)

    (3.1.1)

    021

    021

    021

    cccc

    bbbb

    aaaa

    VVVV

    VVVV

    VVVV

    ++=

    ++=

    ++=

    3.2 Operadores

    A forma pela qual este mtodo comumente referido na anlise de desempenho dos

    sistemas de potncia trifsicos exige a utilizao de operadores com o objetivo de indica-

    o simples da rotao de um determinado fasor.

    Va0

    Va2

    Va1

    Va

    Vb1 Vb2

    Vb0

    Vb

    Vc1

    Vc2

    Vc0 Vc

    referncia

  • 11

    Desta maneira, para estabelecimento da defasagem dos componentes simtricos das

    tenses e correntes em um sistema trifsico, a letra a geralmente usada para indicar o

    operador que representa uma rotao de 120 entre fasores. Tal operador um nmero

    complexo de mdulo unitrio e fase 120 e definido como:

    a = 1120 = ej2pi/3 = 0.5 + j0.866 (3.2.1)

    Se o operador a for aplicado a um fasor duas vezes, sucessivamente, far o fasor gi-

    rar 240 , segundo a equao 3.2.2:

    a = 1240 = ej4pi/3= 0.5 j0.866 (3.2.2)

    A Figura 4 mostra os fasores representando vrias potncias de a.

    60o 60o

    60o

    1, a3 -1, -a3

    a2

    -a

    a -a2

    Figura 4 Diagrama fasorial de vrias potncias do operador a.

    Como j mencionado, a utilizao de operadores possibilita uma formulao mais

    simples das relaes fasoriais, aplicando-se a cada componente o produto de uma funo

    do operador a, a partir de uma componente tomada como referncia. Tomando o fasor Va

    como referncia, as seguintes relaes so encontradas com a utilizao dos operadores:

  • 12

    0000

    2222

    1111

    (3.2.3)

    ..

    ..

    acab

    acab

    acab

    VVVV

    VaVVaV

    VaV VaV

    ==

    ==

    ==

    Utilizando a forma matricial, tem-se que:

    (3.2.4) 2

    1

    0

    .

    =

    a

    a

    a

    c

    b

    a

    VVV

    AVVV

    Onde A a matriz formada pelos operadores referidos anteriormente, tal que:

    (3.2.5) 11

    111

    =

    a a

    a a

    A

    A matriz inversa da matriz A, denominada 1A , dada por:

    (3.2.6) 11

    111

    31

    .

    1

    =

    a a

    a a

    A

    Desta forma, obtm-se:

    (3.2.7) 11

    111

    31

    . .

    2

    1

    0

    =

    c

    b

    a

    a

    a

    a

    VVV

    a a

    a a

    VVV

    Esta ltima relao matricial indica como possvel decompor os trs fasores re-

    presentativos de um sistema assimtrico ou desequilibrado em seus componentes simtri-

  • 13

    cos e permite tambm afirmar que, quando a soma dos fasores desequilibrados Va, Vb, e Vc

    (tenses fase-fase) for nula, seus componentes de seqncia zero sero nulos.

    As relaes acima desenvolvidas poderiam ter sido escritas para quaisquer conjun-

    tos de fasores correlacionados como, por exemplo, para equaes envolvendo correntes.

    Portanto, as equaes envolvendo correntes em um sistema trifsico desequilibrado podem

    ser expressas, para composio das correntes de fase na forma matricial, da seguinte ma-

    neira:

    (3.2.8) 11

    111

    2

    1

    0

    .

    =

    a

    a

    a

    c

    b

    a

    III

    a a

    a a

    III

    Ou, ainda, para decomposio destas correntes em suas componentes de seqncia,

    por:

    (3.2.9) 11

    111

    31

    . .

    2

    1

    0

    =

    c

    b

    a

    a

    a

    a

    III

    a a

    a a

    III

    Em um sistema trifsico, a soma das correntes de linha (ou de fase) igual cor-

    rente IN de circulao pelo neutro , de forma que:

    (3.2.10) 3 0acbaN IIIII .=++=

    Na ausncia de um retorno pelo neutro em um sistema trifsico, a corrente de neu-

    tro IN nula e ento as correntes de linha no possuiro componentes de seqncia zero.

    Um exemplo tpico deste caso acontece com uma carga ligada em delta. Este tipo

    de ligao no apresenta retorno pelo neutro e, portanto, as correntes de linha que circulam

  • 14

    na alimentao deste tipo de carga tambm no apresentam componentes de seqncia

    zero.

    3.3 Impedncias de seqncia

    A principal razo para obteno dos valores das impedncias de seqncia dos ele-

    mentos componentes de um sistema de potncia permitir a construo dos circuitos de

    seqncia para o sistema completo.

    Em qualquer parte de um circuito, a queda de tenso provocada por circulao de

    uma determinada componente de seqncia das correntes trifsicas desequilibradas depen-

    de da impedncia de seqncia daquela parte do circuito oferecida circulao destas cor-

    rentes naquela mesma seqncia. A impedncia de seqncia positiva de um determinado

    trecho de um circuito estruturalmente equilibrado pode envolver linhas de transmisso ou

    outros componentes e poder apresentar valor diferente da impedncia vista pelas correntes

    de uma outra seqncia.

    As impedncias de seqncia positiva e negativa de circuitos lineares, simtricos e

    estticos so idnticas, j que tais impedncias so independentes da seqncia de fases.

    Em contrapartida, a impedncia de seqncia zero de uma linha de transmisso difere das

    impedncias de seqncia positiva e negativa.

    Quando numa linha de transmisso circula corrente de seqncia zero, ela idnti-

    ca em todas as fases. O retorno da corrente feito pela terra, por cabos areos aterrados, ou

    por ambos. Por serem iguais as correntes de seqncia zero em cada condutor, o campo

    magntico devido a essas correntes muito diferente dos correspondentes s seqncias

    positiva e negativa. Essa diferena resulta no fato de a reatncia de seqncia zero de uma

    linha de transmisso apresentar valores de 2 a 3,5 vezes maiores que o da reatncia de

  • 15

    seqncia positiva. Essa relao apresenta valores ainda maiores para linhas de circuito

    duplo e para linhas sem cabos pra-raios.

    As impedncias de mquinas rotativas para as correntes nas trs seqncias so, em

    geral, diferentes. A fora magnetomotriz produzida pela corrente de armadura de seqncia

    negativa gira em sentido contrrio ao do rotor, no qual se localiza o enrolamento do campo

    alimentado por corrente contnua. Em oposio ao fluxo produzido pelas correntes de se-

    qncia positiva, e que estacionrio em relao ao rotor, o fluxo produzido pelas corren-

    tes de seqncia negativa varre rapidamente a face do rotor, tambm na rotao sncrona,

    mas em direo contrria ao movimento do rotor. Nesta varredura, este fluxo girante pro-

    duz tenses e correntes induzidas nas bobinas de campo e de amortecimento. Essa condi-

    o anloga rpida variao de fluxo imediatamente aps a ocorrncia de um curto-

    circuito nos terminais da mquina. O trajeto do fluxo o mesmo que o encontrado na ava-

    liao da reatncia subtransitria. Ao percorrer toda a periferia do rotor, a fora magneto-

    motriz referente corrente de seqncia negativa est constantemente variando sua posio

    em relao aos eixos direto e em quadratura do rotor. A reatncia de seqncia negativa

    freqentemente definida como a mdia das reatncias subtransitrias dos eixos direto e em

    quadratura.

    Quando circula apenas corrente de seqncia zero na armadura de uma mquina tri-

    fsica, a corrente e a FMM (fora magnetomotriz) de uma fase atingem o mximo no

    mesmo tempo que as correntes e FMM de cada uma das outras fases. As bobinas esto

    distribudas de tal maneira ao longo da periferia da armadura que o ponto de mxima FMM

    produzida por uma fase est deslocado de 120 eltricos no espao do ponto de mximo de

    cada uma das outras. Caso a FMM produzida pela corrente de uma fase apresente distri-

    buio perfeitamente senoidal no espao, a composio espacial de FMM ao longo do en-

    treferro se faz a partir de trs componentes senoidais cuja soma resulta zero em qualquer

  • 16

    ponto. Nenhum fluxo de entreferro produzido neste caso e a nica reatncia de qualquer

    dos trs enrolamentos de fase est associada aos fluxos de disperso das bobinas de estator.

    Embora os valores de reatncia de disperso de seqncia zero de transformadores

    trifsicos possam diferir um pouco dos valores relativos s seqncias positiva e negativa,

    estas reatncias so consideradas iguais para os transformadores com ncleos trifsicos

    envolventes. Para transformadores com ncleo envolvido, a reatncia de disperso de se-

    qncia zero apresenta valor menor que os das outras seqncias. Para resultar em simpli-

    ficao nos clculos, a admitncia em paralelo correspondente ao efeito da corrente de ex-

    citao normalmente desprezada nos clculos de curto-circuito.

    Na representao de cargas equilibradas ligadas em Y (estrela) ou (delta), a im-

    pedncia de seqncia zero suposta igual s de seqncia positiva e negativa.

    3.4 Circuitos de seqncia

    Uma vez que as componentes de seqncia das correntes de fase resultam em que-

    das de tenso somente de mesma seqncia e so praticamente independentes das compo-

    nentes de corrente nas outras seqncias, em um sistema trifsico estruturalmente equili-

    brado, as correntes de qualquer seqncia podem ser consideradas como circulando em um

    circuito monofsico independente constitudo apenas pelas impedncias daquela seqncia.

    O circuito equivalente monofsico composto pela representao de seus elementos atravs

    das impedncias de seqncia conhecido como circuito de seqncia. O circuito de uma

    dada seqncia mostra todos os caminhos para a circulao das componentes de corrente

    naquela seqncia.

    Cabe ressaltar que para sistemas trifsicos equilibrados no h componente de se-

    qncia zero e que as tenses geradas so apenas de seqncia positiva, visto que o gerador

  • 17

    projetado para fornecer tenses trifsicas equilibradas. Assim, o circuito de seqncia

    positiva composto de uma FEM (fora eletromotriz) em srie com a impedncia de se-

    qncia positiva, enquanto os circuitos de seqncia negativa e de seqncia zero no

    apresentam fontes de tenso interna em suas composies.

    Circuitos de seqncia conduzindo correntes Ia1, Ia2, Ia0 so interligados com o in-

    tuito de representar as diversas condies de defeitos assimtricos. Desta maneira, para

    calcular o efeito de um curto-circuito pelo mtodo dos componentes simtricos, faz-se ne-

    cessrio a determinao das impedncias de seqncia, a combinao destas para formar os

    circuitos de seqncia e a conexo entre estes.

    3.5 Caso particular: Circuitos de Seqncia dos Geradores em Circuito

    Aberto

    A Figura 5 mostra um gerador sncrono trifsico, comumente ligado em estrela

    aterrado, operando em vazio. Este caso particular tem a inteno de apresentar a esquema-

    tizao dos circuitos de seqncia e servir como base para o entendimento de circuitos

    mais complexos, j que se trata de um caso mais simples. Adiante sero tratados circuitos

    constitudos pelos principais elementos presentes em um sistema de potncia.

    Figura 5 Representao de um gerador sncrono trifsico operando em vazio.

  • 18

    Os circuitos de seqncia positiva, negativa e zero mostrados a seguir so os mono-

    fsicos equivalentes, atravs dos quais circulam os componentes simtricos das correntes

    de fase desequilibradas.

    Para os casos demonstrativos analisados, a fase a escolhida como a fase de refe-

    rncia. O potencial de referncia para exprimir as amplitudes das tenses o potencial de

    terra do gerador. Entretanto, como na impedncia localizada entre o neutro e a terra circula

    apenas corrente de seqncia zero, a barra de referncia , no que diz respeito aos circuitos

    de seqncia positiva e negativa, o neutro do gerador. Portanto, o neutro pode ser conside-

    rado estar, no que diz respeito a estas mesmas seqncias, no potencial de terra.

    Os circuitos de seqncia negativa e zero, como dito anteriormente, no contm

    FEMs, porm incluem as impedncias do gerador nas mesmas seqncias.

    Circuito equivalente de seqncia positiva

    Figura 6 Circuito equivalente de seqncia positiva para um gerador sncrono

    operando em vazio.

    De acordo com o circuito tem-se que:

    (3.5.1) - 1 111 . )I(ZVE aaaa =

  • 19

    Onde Ea1 a tenso de seqncia positiva interna ao gerador, Va1 a tenso de se-

    qncia positiva nos seus terminais, Ia1 a corrente de seqncia positiva na fase a e Za1

    a impedncia de seqncia positiva do enrolamento da fase a.

    Circuito equivalente de seqncia negativa

    Figura 7 Circuito equivalente de seqncia negativa para um gerador sncrono

    operando em vazio.

    A equao que descreve esse circuito :

    (3.5.2) 222 ) I- (ZV a aa .=

    Sendo Va2 a tenso de seqncia negativa nos terminais do gerador, Ia2 a corrente de

    seqncia negativa na fase a e Za2 a impedncia de seqncia negativa do enrolamento da

    fase a.

  • 20

    Circuito equivalente de seqncia zero

    Figura 8 Circuito equivalente de seqncia zero para um gerador sncrono ope-

    rando em vazio.

    Normalmente, os geradores sncronos so aterrados atravs de uma impedncia de

    terra ZT ou de neutro ZN com o objetivo de limitar a corrente de curto-circuito fase-terra em

    seus terminais.

    De acordo com a teoria de componentes simtricos, as correntes de seqncia zero

    nas trs fases do gerador so iguais, ou seja:

    (3.5.3) 000 cba III ==

    Essa condio faz circular uma corrente I0 na impedncia de neutro ou de terra

    existente. Essa corrente dada pela soma das correntes de seqncia zero nas trs fases.

    Portanto:

    (3.5.4) 3 00000 acbaN I I I I I I .=++==

    Como a corrente que circula na impedncia ZT entre o neutro e a terra 3.Ia0, a ten-

    so de seqncia zero na fase a para a terra, Va0, pode ser descrita como:

    (3.5.5) 33 000000000 ) . I.Z ( Z ) .I.( Z ) .I( Z ) .I( Z ) .I( Z V aTaaTaaTaaa +===

  • 21

    Assim, como Za0 a impedncia de seqncia zero do enrolamento da fase a do ge-

    rador e ZT a impedncia de neutro, pode-se dizer que o circuito de seqncia zero deve ter

    uma impedncia total Z0 dada por:

    (3.5.6) 3 00 ) .Z (ZZ Ta +=

    Logo:

    (3.5.7) - 000 I) (ZV aa .=

    3.6 Circuitos de Seqncias Positiva e Negativa

    A transio de um circuito de seqncia positiva para um de seqncia negativa

    algo considerado simples. Os geradores e motores sncronos trifsicos apresentam tenses

    internas apenas de seqncia positiva, j que so projetados para gerar tenses equilibra-

    das. Sendo as impedncias destas seqncias iguais em um sistema esttico equilibrado, a

    converso feita alterando apenas, caso necessrio, as impedncias que representam as

    mquinas rotativas e omitindo as foras eletromotrizes (FEMs) na seqncia negativa. Essa

    no representao das foras eletromotrizes na seqncia negativa baseada na considera-

    o de que as tenses geradas so equilibradas e de que no h tenses de seqncia nega-

    tiva induzidas por fontes externas.

    A FEM gerada no circuito de seqncia positiva a tenso nos terminais em vazio

    em relao ao neutro, que tambm igual s tenses atrs das reatncias transitrias, sub-

    transitrias e sncronas, uma vez que o gerador est operando em vazio. A reatncia efetiva

    em um determinado instante reconhece que a evoluo das correntes da mquina pode es-

    tar ocorrendo em seu regime transitrio, em seu regime subtransitrio ou no perodo final

    de regime permanente, respectivamente, dependendo das condies do circuito estudado.

  • 22

    Caso os pontos neutros de um sistema trifsico estejam todos no mesmo potencial,

    quando correntes equilibradas circulam, todos os pontos neutros estaro no mesmo poten-

    cial para as correntes de ambas as seqncias, positiva e negativa. Desta maneira, o neutro

    de um sistema trifsico simtrico representa a referncia de potencial para especificar que-

    das de tenso e a barra de referncia para os circuitos de seqncia positiva e negativa. A

    impedncia ligada entre o neutro de uma mquina e a terra no faz parte de nenhum dos

    dois circuitos, uma vez que por ela no passaro nem as correntes de seqncia positiva

    nem as de seqncia negativa.

    3.7 Circuitos de Seqncia Zero

    As correntes de seqncia zero so as mesmas em mdulo e fase em todos os pon-

    tos das trs fases do sistema. Estas correntes circularo, apenas, quando existir um caminho

    de retorno pelo qual possam completar o circuito.

    A referncia para as tenses de seqncia zero o potencial de terra. Como as cor-

    rentes de seqncia zero podem estar circulando na terra, esta no estar necessariamente

    com o mesmo potencial em todos os pontos e a barra de referncia do circuito no repre-

    senta uma terra de potencial uniforme. As impedncias de aterramento e dos cabos pra-

    raios devem estar includas na impedncia de seqncia zero de uma linha de transmisso e

    o caminho de retorno no circuito um condutor de impedncia nula que representa a barra

    de referncia do sistema. Quando a impedncia de aterramento est includa na impedncia

    de seqncia zero, as tenses medidas em relao barra de referncia do circuito apre-

    sentam o valor correto em relao ao neutro do gerador.

    Caso um circuito esteja ligado em Y (estrela), sem ligao do neutro para a terra ou

    para outro ponto neutro, a soma das correntes que vo para o neutro, nas trs fases, igual

  • 23

    a zero. Levando-se em conta que as correntes cuja soma zero no possuem componentes

    de seqncia zero, a impedncia para a corrente de seqncia zero ser infinita alm do

    ponto neutro, o que pode ser indicado por um circuito aberto entre o neutro do circuito

    ligado em Y e a barra de referncia, como mostra a Figura 9.

    Figura 9 Circuito equivalente de seqncia zero para carga ligada em Y sem ligao do

    neutro para terra.

    Se o neutro de um circuito em Y estiver aterrado atravs de uma impedncia nula,

    colocada uma ligao de impedncia zero entre o neutro e a barra de referncia, como visto

    na Figura 10.

    Figura 10 Circuito equivalente de seqncia zero para carga ligada em Y com neutro

    aterrado atravs de impedncia nula.

    Barra de referncia

    N

    N

    ZZ

    Z

    Z

    Barra de referncia

    N

    N

    Z

    Z

    Z

    Z

  • 24

    Entretanto, se a impedncia ZN estiver localizada entre o neutro e a terra em um cir-

    cuito de ligao em Y, uma impedncia de valor 3.ZN dever ser colocada entre o ponto

    neutro e a referncia do circuito de seqncia zero, como indica a Figura 11.

    Figura 11 Circuito equivalente de seqncia zero para carga ligada em Y, com

    neutro aterrado atravs de impedncia.

    Como explicado anteriormente, a queda de tenso de seqncia zero provocada no

    circuito por Ia0 circulando atravs de 3.ZN a mesma que no sistema onde 3.Ia0 circula por

    ZN .Uma impedncia constituda por um resistor ou por um reator , em geral, ligada entre

    o neutro de um gerador e a terra, com o objetivo de limitar a corrente de seqncia zero

    quando na ocorrncia de um curto-circuito assimtrico.

    J um circuito ligado em (delta), por no dispor de um caminho de retorno, ofere-

    ce uma impedncia infinita s correntes de linha de seqncia zero. Ou seja, o circuito de

    seqncia zero est aberto quando numa ligao em . As correntes de seqncia zero po-

    dem circular no interior do tringulo formado pelas fases, uma vez que este representa um

    circuito em srie fechado para a circulao de correntes monofsicas. Tais correntes teri-

    am, no entanto, que ser produzidas no tringulo por induo de uma fonte externa ou por

    tenses geradas de seqncia zero.

    N

    N

    ZZ

    ZNIa0

    Z

    Z3.ZN

    Barra de referncia

    3.Ia0

  • 25

    Cabe salientar que mesmo quando so geradas tenses de seqncia zero nas fases

    do tringulo, no haver tenses de seqncia zero nos seus terminais, j que a elevao de

    tenso em cada fase do gerador igual queda de tenso na impedncia de seqncia zero

    da mesma fase.

    Nos estudos em geral, os circuitos de seqncia zero de um transformador merecem

    tratamento especial, pois as vrias combinaes possveis dos enrolamentos primrios e

    secundrios em Y ou , alteram o circuito de seqncia zero. Na Figura 12 so mostradas

    cinco ligaes possveis de transformadores com dois enrolamentos.

    As setas nos diagramas de ligao mostram os possveis trajetos para a circulao

    da corrente de seqncia zero. A ausncia da seta indica que a ligao do transformador

    tal que a corrente de seqncia zero no pode circular.

    As letras P e Q identificam os pontos correspondentes no diagrama de ligao e no

    circuito equivalente.

    Alm disso, nos circuitos equivalentes mostrados, so omitidas a resistncia e o

    caminho de circulao da corrente de magnetizao para cada tipo de ligao do transfor-

    mador.

  • 26

    Figura 12 Circuitos equivalentes de seqncia zero de bancos trifsicos de transformado-

    res, com os diagramas de ligao e os smbolos para os diagramas unifilares.

    P Q

    P

    Q P Q

    r e f .

    Q

    Z 0 P Q

    r e f.

    Z 0 P

    Q

    r e f.

    Z 0 P

    Q P

    Z 0 P Q

    r e f.

    P Q Z 0

    P Q

    r e f.

  • 27

    CAPTULO 4: MATRIZ IMPEDNCIA DE BARRAS (Zbarra)

    A matriz Zbarra tem como principal objetivo representar a rede eltrica de corrente

    alternada em regime permanente senoidal para utilizao computacional eficiente em ava-

    liaes do perfil de tenses na rede e das correntes durante condies de curto-circuito.

    Durante a ocorrncia dos curtos-circuitos, o perfil de tenses alterado sensivel-

    mente de uma condio do sistema para a prxima. To logo um determinado barramento

    curto-circuitado solidamente, sua tenso deve ser igualada a zero de forma que as barras

    mais acopladas eletricamente a este barramento tero suas tenses muito reduzidas em re-

    lao ao valor normal. Qualquer procedimento de clculo implementado sem a utilizao

    de alguma ferramenta computacional adequada no seria conveniente neste caso, pois um

    processo iterativo completo para se determinar um novo perfil de tenses do sistema deve-

    ria ser repetido seja para cada condio operativa anterior ao defeito, seja para modificao

    na localizao do curto-circuito ou, ainda, quando de alterao na configurao do sistema.

    Sendo assim, a se considerar que cada condio acima referida exigiria uma solu-

    o iterativa e de forma que uma anlise completa de um sistema com mil barras pode re-

    sultar em cerca de vinte a trinta mil condies de curto-circuito, para sistemas eltricos

    muito complexos, qualquer mtodo iterativo se mostra pouco eficiente para clculos de

    curto-circuito.

    A disponibilizao de um mtodo rpido para montagem da matriz Zbarra tornou ob-

    soleta a utilizao dos mtodos iterativos anteriormente aplicados, de forma que os pro-

    gramas em utilizao para a soluo dos problemas de clculo de curto-circuito utilizam

    mtodos de soluo com base na construo da matriz impedncia de barras Zbarra.

    Se a matriz Zbarra associada determinada configurao de sistema eltrico estiver

    disponvel, ou seja, j tiver sido computada, a determinao do perfil de tenses e das cor-

  • 28

    rentes de curto-circuito durante os defeitos pode ser realizada com um mnimo de opera-

    es aritmticas, visto que o algoritmo utilizado originalmente para computar a matriz Zbar-

    ra pode ser ainda usado para modific-la para diferentes condies do sistema, com pouca

    carga adicional de computao.

    4.1 Descrio da Matriz Zbarra

    A matriz Zbarra contm as impedncias prprias de cada barra do sistema em relao

    a uma barra de referncia escolhida arbitrariamente e as impedncias de transferncia entre

    duas barras quaisquer do sistema, tambm referidas barra de referncia indicada anteri-

    ormente.

    A impedncia prpria de uma determinada barra a impedncia equivalente entre

    esta e a barra de referncia. As impedncias de transferncia de uma determinada barra so

    determinadas atravs do clculo das tenses que existiriam em cada uma das outras barras

    do sistema em relao referncia, quando uma barra em particular recebe uma injeo de

    corrente de 1,0 p.u..

    As principais caractersticas de uma matriz Zbarra so:

    Simtrica;

    Complexa;

    Quadrada de dimenso n, onde n o nmero de barras do sistema, excluin-

    do a barra de referncia;

    Matriz cheia.

  • 29

    4.2 Aplicao da Matriz Zbarra

    A Figura 13 apresenta o diagrama de barras de um sistema simplificado para estudo

    de curto-circuito, com incorporao da representao usual dos geradores por uma fonte de

    tenso em srie com sua reatncia subtransitria.

    Figura 13 Representao simplificada do sistema para estudo de curto-circuito.

    Para os clculos de curto-circuito comum considerar que a tenso antes do defei-

    to, no ponto de defeito, de aproximadamente 1,0 p.u. e que todos os geradores ligados ao

    circuito esto operando com as mesmas tenses de 1,0 p.u. atrs de suas reatncias inter-

    nas. Alm disso, tambm assumida a hiptese de transferncia nula de potncia ativa,

    com os mesmos ngulos de fase. Um ponto comum, com tenso 1,0 p.u., ento definido

    atrs das reatncias dos geradores e utilizado como referncia. Portanto, possvel consi-

    derar que, nas condies acima referidas, o sistema eltrico est sendo alimentado por uma

    nica fonte comum.

    A equao matricial que relaciona a matriz Zbarra s correntes injetadas e s tenses

    nas barras :

    (4.2.1) . E IZ =

    BARRA DE REFERNCIAFONTE DE TENSO COMUM, E = 1,0P.U.

    TERRA

    REATNCIAS SUBTRANSITRIAS DO GERADOR

    BARRAS NUMERADAS DO SISTEMA

  • 30

    Assim, sabendo que um circuito em determinada condio de curto-circuito pode

    operar apenas com uma corrente nodal, a equao matricial abaixo pode ser escrita:

    (4.2.2)

    0

    00

    2

    1

    21

    21

    222221

    111211

    .

    E

    E

    EE

    I

    Z Z ZZ

    Z Z ZZ

    Z Z ZZ Z Z ZZ

    m

    kk

    mmmkmm

    kmkkkk

    mk

    mk

    =

    Nota-se, portanto, que o circuito est sujeito a uma nica injeo de corrente Ikaplicada barra k, a barra sujeita condio de curto. Desta maneira, a coluna k permite a

    determinao do perfil de tenses do circuito quando ocorre um curto-circuito na barra k,

    desde que Ik tenha sido, ou possa ser, previamente determinada. O elemento Zkk a impe-

    dncia prpira da barra k. Os elementos fora da diagonal Zik representam as impedncias de

    transferncia entre as outras barras e a barra k.

    A impedncia equivalente de curto-circuito do sistema, a partir do ponto de defeito,

    determinada a partir das impedncias dos elementos do circuito (incluindo as impedn-

    cias internas das mquinas), com as fontes de tenso internas todas curto-circuitadas.

    A corrente de defeito calculada a partir da superposio de efeitos devido a duas

    fontes: a corrente devido s tenses internas originais das fontes e a corrente provocada

    pela fonte de tenso superposta e que reduz a tenso no ponto de curto-circuito para zero.

    Esta tenso , obviamente, igual ao negativo da tenso antes do curto-circuito, sendo, as-

    sim, igual a 1,0 p.u. da terra ao ponto de defeito.

    Quando qualquer barra curto-circuitada solidamente, fica ligada terra. A tenso

    total , portanto, aplicada entre a barra de referncia e a barra sujeita condio de curto.

  • 31

    Por exemplo, para um curto na barra 6 abaixo, o diagrama associado pode ser dese-

    nhado como mostra a Figura 14.

    Figura 14 Diagrama com a barra 6 em condio de curto-circuito.

    A barra de referncia aparece, portanto, com potencial 1,0 p.u. em relao terra no

    sistema real. Por outro lado, o barramento em curto-circuito, aparece, em caso de curto

    slido, com um potencial nulo em relao ao potencial de terra. Esta diferena de tenses,

    dependendo do ponto de referncia tomado, no deve causar nenhuma dificuldade, mas

    deve ser levada em considerao ao se expressar os resultados de clculo das correntes de

    curto-circuito. Podemos, portanto, escrever:

    (4.2.3) - 1 EE p(m)p(g) =

    Onde Ep(g) a tenso da barra p em relao referncia terra, da forma como seria

    medida no sistema real; Ep(m) a tenso obtida do clculo matricial e medida em relao

    barra de referncia atrs das reatncias transitrias do gerador.

    FONTE DE TENSO DE 1,0 P.U.

    6

    1

    8

    5

    3

    7

    4

    2

  • 32

    O valor da corrente total de defeito para qualquer barra k sob condio de curto-

    circuito determinado pelo valor de Ik. Este valor obtido tomando-se o recproco do ele-

    mento diagonal correspondente da matriz Zbarra.

    (4.2.4) 1 Z

    Ikk

    k =

    As tenses que aparecem nas outras barras do sistema, quando a barra k est em

    condies de curto, dependem das impedncias de transferncia dadas pelos elementos fora

    da diagonal da coluna k da matriz Zbarra. Por exemplo, a tenso com relao referncia na

    barra p para um curto-circuito na barra k seria dada por:

    (4.2.5) 1 Z

    Z Ekk

    pkp =

    O valor da corrente em qualquer linha para um curto-circuito em uma barra k ob-

    tido pela determinao de Ipq. Este valor representa a corrente que vai da barra p barra q

    pela linha p-q, cuja impedncia Zlinha p-q, e pode ser escrita como:

    (4.2.6) 1 ZZ

    ) - Z(Z I

    kklinha p-q

    pkqkpq =

    O clculo completo das correntes ao longo do sistema sob curto-circuito realiza-

    do, ento, por estas operaes aritmticas simples, to logo a matriz Zbarra tenha sido de-

    terminada.

  • 33

    CAPTULO 5: CLCULOS DE CURTO-CIRCUITO

    Curto-circuito o nome dado ao conjunto de fenmenos que ocorrem quando dois

    ou mais pontos de um circuito, que esto sob diferena de potencial, so ligados intencio-

    nalmente ou acidentalmente, atravs de uma impedncia desprezvel. Essa ligao pode ser

    metlica, quando se diz que h um curto-circuito franco, ou por um arco eltrico que a

    situao mais comum. Uma situao intermediria a dos curtos causados por objetos que

    caem sobre as linhas.

    Os estudos de curto-circuito so de grande valia para os sistemas de potncia, pois

    permitem a seleo de disjuntores e dos demais dispositivos de proteo. Atravs da anli-

    se que pode ser feita a partir de estudos de curto-circuito podemos definir os equipamentos

    que sero ou que no podem mais ser utilizados em um sistema.

    Como o objetivo do projeto desenvolvido poder apresentar e ponderar as facilida-

    des proporcionadas pela ferramenta computacional ANAFAS quando na realizao de um

    estudo de curto-circuito, faz-se oportuno, para um melhor entendimento e contextualiza-

    o, uma descrio das formas de ocorrncia e de clculos das correntes de defeito. Por

    esta razo, este captulo tem a inteno de oferecer os conceitos e a matemtica assumidos

    quando em um estudo e posterior anlise de curto-circuito.

  • 34

    5.1 Caractersticas Gerais

    Os curtos-circuitos so causados por uma falha da isolao slida, lquida ou gasosa

    que sustenta a tenso entre condutores ou entre condutores e terra. Esta falha da isolao,

    dentre os seus principais motivos, apresenta:

    Dano mecnico quebra de isoladores, quebra de suportes, queda de poste;

    Uso abusivo exigir de um equipamento potncia maior que a nominal,

    provocando uma deteriorao rpida da isolao, fazendo esta trabalhar a

    uma temperatura mais alta que a de projeto;

    Umidade isolantes porosos (orgnicos e inorgnicos) apresentam uma re-

    duo rpida da sua rigidez quando absorvem umidade;

    Descargas parciais as isolaes slidas sempre apresentam alguns vazios

    em seu interior, e sob ao do campo eltrico, surgem nesses espaos des-

    cargas que por vrios mecanismos (eroso, corroso) vo lentamente redu-

    zindo a rigidez dieltrica at sua perfurao;

    Sobretenses as de manobra ou internas ocorrem quando se efetua um

    desligamento (voluntrio ou provocado) ou um ligamento de um circuito,

    enquanto que as atmosfricas surgem nos condutores de um circuito quando

    cai um raio nas proximidades ou diretamente nas linhas do circuito.

    Um curto-circuito dito permanente quando provocado por situaes irreversveis

    espontaneamente. Geralmente, necessita de reparos para ser sanado e causa o desligamento

    com bloqueio dos equipamentos de proteo.

    Um curto-circuito dito temporrio ou transitrio quando provocado por situa-

    es reversveis espontaneamente. No necessita de reparos para ser sanado e, geralmente,

  • 35

    causa operao apenas parcial dos equipamentos de proteo, isto , o circuito desligado

    e restabelecido automaticamente.

    Para o sistema trifsico, h maior possibilidade de ocorrncia de quatro tipos de

    curto-circuito ou defeito:

    Trifsico;

    Bifsico ou dupla-fase;

    Bifsico para terra ou dupla-fase para terra;

    Monofsico ou fase-terra.

    Levantamentos estatsticos indicam que a ocorrncia dos tipos de defeitos em sis-

    temas de potncia se d, na mdia, conforme a seguinte probabilidade:

    Curtos-circuitos trifsicos: 5%

    Curtos-circuitos bifsicos sem terra: 15%

    Curtos-circuitos bifsicos para terra: 10%

    Curtos-circuitos monofsicos: 70%

    Cada uma dessas falhas traz, em diversas escalas, conseqncias indesejveis a rede

    e aos equipamentos que a constituem. As principais implicaes so:

    Superaquecimento;

    Tenses desbalanceadas que perturbam a carga e sobrecarregam o isola-

    mento da gerao e dos cabos;

    Foras eletromagnticas atpicas e danos mecnicos;

    Perda de estabilidade sncrona.

  • 36

    As correntes de curto-circuito, geralmente, so bem mais elevadas que as correntes

    nominais dos componentes do sistema e caso no sejam interrompidas rapidamente, podem

    comprometer seriamente a vida til dos equipamentos como tambm proporcionar riscos

    para as pessoas, principalmente nos casos que envolvem a terra.

    No instante de um curto-circuito, ocorre uma rpida elevao da corrente atingindo

    valores de crista, em geral, superiores a 10 (dez) vezes a corrente nominal do circuito. Em

    seguida, diminui exponencialmente passando pelos valores subtransitrio e transitrio para

    alcanar, depois de vrios ciclos, o valor permanente de curto-circuito.

    No momento em que a corrente atinge o valor permanente, comea a ser mais rele-

    vante o efeito trmico. Os condutores ou partes condutoras dos equipamentos tm suas

    temperaturas aumentadas, podendo sofrer alteraes na sua estrutura ou deteriorao de

    sua isolao, conforme o caso. Este possvel estrago devido ao efeito trmico, decorrente

    das correntes de curto-circuito no sistema, tem o valor proporcional ao quadrado da cor-

    rente e ao tempo.

    No caso dos curtos-circuitos atravs de arcos eltricos, podem ocorrer ainda explo-

    ses e incndios.

    Cabe ressaltar, tambm, que em algumas ocasies, como em circuitos de distribui-

    o longos, as correntes de curto-circuito podem ser da ordem das correntes de carga, o

    que exige tcnicas especiais para sua identificao.

  • 37

    A intensidade das correntes de curto-circuito depende, principalmente, de:

    Tipo de curto-circuito ocorrido;

    Capacidade do sistema de gerao;

    Topologia da rede eltrica;

    Tipo de aterramento do neutro dos equipamentos.

    Dentre os tipos de curto-circuito mencionados, apenas o curto-circuito trifsico

    equilibrado, ou seja, para os estudos envolvendo curtos trifsicos, apenas os circuitos de

    seqncia positiva so utilizados. Em contrapartida, para os curtos assimtricos (monofsi-

    cos e bifsicos com ou sem terra) so necessrios, tambm, os circuitos de seqncia nega-

    tiva e zero.

    A anlise por componentes simtricos considerada fundamental, pois por este

    mtodo, as correntes de curto-circuito causadas por defeitos assimtricos podem ser calcu-

    ladas quase to facilmente quanto s correntes de curto-circuito trifsicas ou simtricas, j

    que na determinao das correntes de curto-circuito, so empregados, geralmente, os equi-

    valentes, por fase, de seqncia positiva, negativa e zero.

    Vale tambm citar, que em estudos e anlises, a condio mais severa de curto-

    circuito comumente considerada, pode acontecer em trs situaes: curto na barra; curto na

    linha e em condio de line-out, quer dizer, quando a extremidade oposta da linha onde o

    defeito est aplicado estiver aberta.

    Alm disso, cabe lembrar que os motores sncronos, que passam a funcionar como

    geradores quando na ocorrncia de um curto-circuito, contribuem para aumentar o valor da

    corrente, enquanto que os transformadores, reatores e condutores contribuem para reduzi-

    lo.

  • 38

    5.2 Componentes da Corrente de Curto-Circuito

    As correntes de curto-circuito podem ser consideradas como constitudas por uma

    componente peridica (componente CA) e uma componente aperidica (componente CC),

    tal que:

    ICURTO = 2 . i [sen (t + ) e-tR/L sen ( )] (5.2.1)

    A primeira parcela da equao representa a componente CA, que possui a freqn-

    cia da rede. A magnitude da componente alternada (CA) decai exponencialmente com o

    tempo em funo das reatncias subtransitrias, transitrias e sncronas dos geradores e das

    tenses atrs dessas impedncias.

    A segunda parcela corresponde componente contnua (componente CC), a qual

    apresenta um decaimento exponencial com o tempo em funo da relao X/R da rede.

    Esta componente responsvel pela assimetria que as correntes de curto podem apresentar,

    tendo esta assimetria uma relao direta com o valor da tenso no ponto de aplicao do

    defeito, no instante da ocorrncia do mesmo. Se essa tenso for nula, a assimetria ser m-

    xima ocasionando a situao mais desfavorvel. Em contrapartida, quando a tenso no

    instante da ocorrncia do defeito mxima, a componente unidirecional CC se anula e a

    corrente de curto-circuito torna-se simtrica.

    Por exemplo, considerando ICC0 como valor inicial da componente CC da corrente

    de curto, tem-se que:

    Se ( ) = 0 ou ( ) = pi; ento ICC0 = 0.

    Enquanto que, se ( ) = pi/2; ento ICC0 = valor mximo de ICC0.

  • 39

    A Figura 15 mostra os primeiros ciclos de uma tpica corrente de curto-circuito.

    Figura 15 Corrente tpica de curto-circuito.

    A corrente de curto-circuito apresenta a parte inicial da senide deslocada em rela-

    o ao eixo dos tempos, em razo da componente contnua (CC) que, como dito, se anula

    mais ou menos rapidamente de acordo com a relao X/R da rede.

    Durante o processo de interrupo de um curto-circuito por um disjuntor trifsico,

    as correntes em duas ou nas trs fases tero certo grau de assimetria. Como o processo de

    interrupo em cada plo do disjuntor independente dos demais, necessrio que cada

    plo seja capaz de operar satisfatoriamente na eventualidade da ocorrncia simultnea dos

    valores mais desfavorveis possveis das componentes CA e CC na respectiva fase. A Fi-

    gura 16 mostra a evoluo detalhada da corrente assimtrica de curto-circuito (If), formada

    pela soma das componentes CA e CC, ao longo do tempo.

  • 40

    Figura 16 Evoluo da corrente assimtrica de curto (If) ao longo do tempo.

    Onde:

    t1 instante de ocorrncia da falta;

    t2 instante de energizao da bobina de abertura do disjuntor;

    t3 instante da separao dos contatos do disjuntor;

    t4 instante de interrupo da corrente;

    tp tempo de atuao da proteo;

    tab tempo de abertura do disjuntor;

    tarc tempo de durao do arco eltrico;

    ti tempo de interrupo da falta pelo disjuntor;

    te tempo para eliminao da falta;

    ICA(pico) valor de crista da componente CA da corrente de falta;

    ICC0 valor inicial da componente CC da corrente de falta (notar que, para a condi-

    o de mxima assimetria admitida, ICC0 = ICA).

  • 41

    5.3 Relao X/R e Constante de Tempo da Componente Unidirecional

    Como mencionado anteriormente, a relao X/R estabelece o decaimento exponen-

    cial da componente contnua (CC) que, por sua vez, define a assimetria da corrente de

    curto-circuito.

    A forma de onda da corrente de curto-circuito em funo do tempo pode ser alcan-

    ada diretamente, atravs da utilizao de programas convencionais de clculos transitrios

    eletromagnticos.

    Contudo, no sendo vivel executar tal procedimento, a relao X/R pode ser aferi-

    da pela reduo da rede de impedncias por meio de programas convencionais de clculo

    de curto-circuito, ou, ento, atravs do emprego de valores tpicos sugeridos.

    Embora diferentes valores de relao X/R possam ser calculados, faz-se conveni-

    ente definir um mesmo valor para todo o sistema considerado, com o intuito de padronizar.

    Na Figura 17, possvel observar a influncia da relao X/R do sistema na compo-

    sio da corrente de curto-circuito ao longo do tempo. Nota-se que a relao X/R pode in-

    fluenciar diretamente na capacidade de interrupo de curto-circuito de um equipamento,

    pois quanto maior for essa relao, mais lento o decaimento da corrente, logo, maior ser

    a componente unidirecional desta corrente.

  • 42

    Figura 17 Curva de decaimento exponencial da componente contnua (CC) da

    corrente de curto-circuito assimtrica em funo do tempo, a partir do incio do defeito.

    5.4 Curto-Circuito Trifsico Simtrico

    O curto-circuito trifsico no provoca desequilbrio no sistema, pois se admite que

    o gerador sncrono gera tenses equilibradas e que todos os condutores da rede sejam soli-

    citados de modo idntico e conduzem o mesmo valor eficaz da corrente de defeito.

    Por esta razo so classificados como curtos simtricos e em seus clculos conside-

    ra-se o circuito equivalente de seqncia positiva, sendo irrelevante se o curto envolve ou

    no a terra.

    5.5 Curtos-circuitos Assimtricos

    Como j destacado, a maioria das perturbaes que ocorrem nos sistemas de potn-

    cia so os curtos assimtricos. Estes podem ocorrer entre linhas (bifsicos), entre linha e

    terra (monofsicos), ou entre duas linhas e terra (bifsicos para terra).

  • 43

    Tornou-se comum, tambm, distinguir este tipo de defeito entre defeito shunt e de-

    feito srie. O defeito shunt aquele entre uma ou mais fases e neutro, enquanto entende-se

    por defeito srie aquele envolvendo uma interconexo entre duas fases.

    Como qualquer curto-circuito assimtrico provoca a circulao de correntes dese-

    quilibradas no sistema, a utilizao do mtodo dos componentes simtricos muito eficaz

    numa anlise que vise calcular as correntes e as tenses em todas as partes do sistema aps

    a ocorrncia do curto e conduz a previses bastante apuradas sobre o comportamento do

    mesmo.

    Para os clculos, os componentes de seqncias so considerados e conectados de

    acordo com a natureza do evento.

    5.6 Exemplos de Clculo de Curto-Circuito

    Para exemplificar o mtodo de clculo dos diferentes tipos de curto-circuito, ser

    considerado um exemplo formado por uma linha de transmisso interligando dois sistemas

    de potncia.

    A Figura 18 ilustra o processo, sendo que os dois sistemas esto representados pe-

    los seus equivalentes de Thvenin.

    Figura 18 Sistema exemplo para clculo de curto-circuito.

  • 44

    Pelo Teorema de Thvenin, a corrente de curto-circuito em determinado ponto do

    sistema dada por:

    (5.6.1) ZV

    ITH

    THCURTO =

    Onde VTH a tenso no ponto de defeito e ZTH a impedncia do circuito vista pelo

    ponto de curto.

    Curtos-circuitos trifsicos ou simtricos

    Como explicado anteriormente, neste tipo de curto-circuito, consideramos apenas o

    circuito equivalente de seqncia positiva de uma fase do sistema. Considerando a Figura

    18, o equivalente de seqncia positiva fica:

    Figura 19 Sistema equivalente para curto-circuito trifsico.

  • 45

    Onde:

    ZA1 - impedncia equivalente do sistema A;

    ZLA1 - impedncia da linha entre o sistema A e o ponto de curto;

    EA - tenso do sistema A;

    ZB1 - impedncia equivalente do sistema B;

    ZLB1 - impedncia da linha entre o sistema B e o ponto de curto;

    EB - tenso do sistema B;

    Zf - impedncia de defeito.

    Calculando o equivalente de Thvenin no ponto de defeito, tem-se que:

    ZTH = Z1 = ( ZA1 + ZLA1 ) / / ( ZB1 + ZLB1 ) (5.6.2)

    A corrente de curto-circuito pode ser determinada por:

    (5.6.3) ) ( 1 ZZE

    If

    CURTO+

    =

    E = VTH - tenso equivalente no ponto de defeito

    ICURTO - corrente de defeito

    O circuito equivalente quando na ocorrncia do curto-circuito trifsico, pode ser re-

    presentado pela Figura 20:

    Figura 20 Circuito equivalente para curto-circuito trifsico.

  • 46

    Curtos-circuitos assimtricos

    Os curtos assimtricos, como descritos acima, so os curtos bifsicos (com ou sem

    contato com a terra) e os monofsicos. Por serem curtos desequilibrados, seus clculos so

    realizados atravs da utilizao de componentes simtricos.

    De acordo com a equao 3.2.8, sabe-se que:

    =

    2

    1

    0

    .

    11

    111

    a

    a

    a

    c

    b

    a

    III

    a a

    a a

    III

    Onde Ia1, Ia2 e Ia0 so os fasores de seqncias positiva, negativa e zero respectiva-

    mente.

    Para os clculos de curtos monofsicos, a disposio dos componentes de seqncia

    est apresentada na Figura 21, considerando um curto da fase a para a terra.

    Figura 21 Diagrama do sistema para curto-circuito monofsico.

  • 47

    Onde:

    ZA1

    - impedncia de seqncia positiva equivalente do sistema A;

    ZLA1

    - impedncia de seqncia positiva da linha entre o sistema A e o ponto de de-

    feito;

    ZB1

    - impedncia de seqncia positiva equivalente do sistema B;

    ZLB1

    - impedncia de seqncia positiva da linha entre o sistema B e o ponto de de-

    feito;

    Zf1 - impedncia de defeito de seqncia positiva;

    ZA2

    - impedncia de seqncia negativa equivalente do sistema A;

    ZLA2

    - impedncia de seqncia negativa da linha entre o sistema A e o ponto de de-

    feito;

    ZB2

    - impedncia de seqncia negativa equivalente do sistema B;

    ZLB2

    - impedncia de seqncia negativa da linha entre o sistema B e o ponto de de-

    feito;

    Zf2 - impedncia de defeito de seqncia negativa;

    ZA0

    - impedncia de seqncia zero equivalente do sistema A;

    ZLA0

    - impedncia de seqncia zero da linha entre o sistema A e o ponto de defeito;

    ZB0

    - impedncia de seqncia zero equivalente do sistema B;

    ZLB0

    - impedncia de seqncia zero da linha entre o sistema B e o ponto de defeito;

    Zf0 impedncia de defeito de seqncia zero.

  • 48

    Levando em conta que:

    ZTH1

    = Z1

    = ( ZA1

    + ZLA1

    ) // ( ZB1

    + ZLB1

    ) (5.6.4)

    ZTH2

    = Z2

    = ( ZA2

    + ZLA2

    ) // ( ZB2

    + ZLB2

    ) (5.6.5)

    ZTH0

    = Z0

    = ( ZA0

    + ZLA0

    ) // ( ZB1

    + ZLB0

    ) (5.6.6)

    Zf1 = Zf2 = Zf0 = Zf (5.6.7)

    Ento:

    (5.6.9) 3

    (5.6.8) 3

    1021

    021021

    I I I I I I

    ) Z Z Z (ZE

    I I I

    aaaaaCURTO

    faaa

    .

    .

    =++==

    +++===

    Como o curto da fase a para terra, tem-se que:

    Ib

    = Ic

    = 0 (5.6.10)

    Com isto, o circuito equivalente pode ser representado da seguinte maneira:

    Figura 22 Circuito equivalente para curto-circuito monofsico.

  • 49

    J curtos bifsicos entre as fases b e c, podem ser representados pela Figura 23.

    Figura 23 Diagrama do sistema para curto-circuito bifsico.

    Como o curto se d entre as fases b e c, tem-se que:

    (5.6.12)

    (5.6.11) 0

    cb

    a

    I I

    I

    =

    =

    Logo:

    (5.6.14)

    (5.6.13) 0

    21

    0

    aa

    a

    I I

    I

    =

    =

    Como Z1 e Z

    2 foram definidas conforme as equaes apresentadas acima, para cl-

    culos de curto-circuito monofsico, seguem que:

    (5.6.16)

    (5.6.15) ) (

    1

    2121

    aCURTO

    faa

    II

    ZZZE

    I I

    =

    ++==

  • 50

    O circuito equivalente est apresentado na Figura 24.

    Figura 24 Circuito equivalente para curto-circuito bifsico.

    No caso em que os curtos bifsicos envolvem a terra, a representao se faz de

    acordo com a Figura 25, para curtos entre as fases b e c.

    Figura 25 Diagrama do sistema para curto-circuito bifsico para terra.

    Para este caso, as correntes de seqncia podem ser representadas conforme as se-

    guintes equaes:

    (5.6.19) 3

    (5.6.18) 33

    (5.6.17) 3

    02

    21

    02

    012

    0211

    ) Z Z (Z Z -I

    I

    ) Z Z (Z) Z (Z -I

    I

    )] Z // (Z [Z ZE

    I

    f

    aao

    f

    faa

    fa

    .

    .

    .

    ..

    .

    ++=

    ++

    +=

    ++=

  • 51

    Visto que:

    Ia = Ia1

    + Ia2

    + Ia0

    = 0 (5.6.20)

    Ento:

    ICURTO

    = 2.Ia0

    Ia1

    Ia2 (5.6.21)

    5.7 Exemplos de Clculo de Curto-Circuito utilizando a Matriz Zbarra

    Para sistemas de grande porte, o clculo dos diversos tipos de curto-circuito feito

    com o auxlio da matriz de impedncia de barra, Zbarra, que est relacionada com a matriz

    de admitncia Ybarra, conforme a equao abaixo:

    Zbarra = Ybarra-1 (5.7.1)

    A matriz de admitncia de barra obtida diretamente da rede eltrica por inspeo,

    e a partir dela, obtm-se a matriz de impedncia de barra por inverso explcita ou com a

    execuo de algoritmos computacionalmente mais profcuos.

    Para anlise em componentes de seqncia, as redes de seqncia positiva, negativa

    e zero tm associadas uma matriz Ybarra e, consequentemente, uma matriz Zbarra. Estas ma-

    trizes so mostradas a seguir.

    (5.7.2)

    )1()1(2)1(1

    )1(2)1(22)1(21

    )1(1)1(12)1(11

    )1(

    =

    mmmm

    m

    m

    barra

    Z ZZ

    Z ZZ Z ZZ

    Z

    (5.7.3)

    )2()2(2)2(1

    )2(2)2(22)2(21

    )2(1)2(12)2(11

    )2(

    =

    mmmm

    m

    m

    barra

    Z ZZ

    Z ZZ Z ZZ

    Z

  • 52

    (5.7.4)

    )0()0(2)0(1

    )0(2)0(22)0(21

    )0(1)0(12)0(11

    )0(

    =

    mmmm

    m

    m

    barra

    Z ZZ

    Z ZZ Z ZZ

    Z

    Como Zmm(1), Zmm(2) e Zmm(0) representam as impedncias de seqncia positiva, ne-

    gativa e zero, respectivamente, vistas pelo ponto de curto-circuito, ou seja, impedncia

    equivalente de Thvenin, o clculo do curto-circuito na barra m atravs da matriz Zbarra

    realizado considerando as seguintes equaes:

    ZTH(1) = Zmm(1) (5.7.5)

    ZTH(2) = Zmm(2) (5.7.6)

    ZTH(0) = Zmm(0) (5.7.7)

    Desta forma, basta a substituio de Z1, Z2 e Z0 das equaes antes desenvolvidas

    por Zmm(1), Zmm(2) e Zmm(0), respectivamente.

    Curtos-circuitos simtricos

    Para curtos-circuitos trifsicos ou simtricos, a corrente de curto-circuito dada

    por:

    (5.7.8) )1( ) Z (ZE

    Ifmm

    CURTO+

    =

    Curtos-circuitos assimtricos

    Para curtos-circuitos monofsicos, fase a para terra:

    (5.7.9) 3

    3.

    .

    )0()2()1( )Z Z Z (ZE

    Ifmmmmmm

    CURTO+++

    =

  • 53

    No caso de curtos bifsicos, nas fases b e c, sem a terra:

    (5.7.10) )2()1( ) Z Z (Z

    E I

    fmmmmCURTO

    ++=

    J para curtos bifsicos, nas fases b e c, envolvendo a terra:

    (5.7.13) 3

    (5.7.12) 3

    3

    (5.7.11) 3

    02

    21

    02

    012

    0211

    ) Z Z (Z Z -I

    I

    ) Z Z (Z) Z (Z -I

    I

    )] Z // (Z [Z ZE

    I

    f)mm()mm(

    )mm(aao

    f)mm()mm(

    f)mm(aa

    f)mm()mm()mm(a

    .

    .

    .

    ..

    .

    ++=

    ++

    +=

    ++=

    De acordo com a equao 3.2.8, tem-se que:

    ++

    ++=

    =

    210

    210

    2

    1

    0 0

    11

    111 .

    aaa

    aaa

    a

    a

    a

    c

    b

    a

    a.I a.I I a.I a.I I

    III

    a a

    a a

    III

    Portanto:

    ICURTO

    = Ib + Ic (5.7.14)

  • 54

    CAPTULO 6: TCNICAS DE PROTEO

    Os sistemas de potncia, quando na sua instalao, envolvem grandes quantias de

    dinheiro em projetos, implantao e manuteno. Trazem consigo tambm a dependncia

    de diversos consumidores residenciais e industriais, quanto ao abastecimento de energia

    eltrica, tornando esta em um dos recursos fundamentais da sociedade moderna. Esta ener-

    gia deve estar disponvel a qualquer momento na tenso e freqncia corretas e na quanti-

    dade que o consumidor precisa.

    Com isto, fica notria a necessidade dos sistemas de transmisso e distribuio es-

    tarem funcionando na maior parte do tempo com perfeio, atingindo nveis satisfatrios

    pr-estabelecidos de freqncia e durao de interrupes causadas por falhas, de qualida-

    de da energia e de regulao de tenso.

    Contudo, os sistemas de potncia esto sujeitos a constantes distrbios criados pelas

    variaes das cargas, pelos curtos-circuitos oriundos de causas naturais ou provocados por

    falhas de equipamentos ou por falhas humanas.

    Apesar destas constantes perturbaes, o sistema se mantm em um estado quase

    permanente, e isto se deve, principalmente, ao rpida e correta do sistema de proteo

    quando da ocorrncia de imprevistos. Este desempenho elogivel alcanado atravs de

    planejamento, construo e operao minuciosos de uma rede eltrica composta por gera-

    dores, transformadores, linhas de transmisso e de distribuio e outros equipamentos au-

    xiliares.

  • 55

    6.1 Princpios Bsicos de Proteo

    A proteo de um sistema de energia eltrica pode melhorar significativamente a

    continuidade de servio do mesmo, pois interfere diretamente na freqncia e durao das

    interrupes, evitando muitas vezes que o sistema seja desligado devido a um defeito tran-

    sitrio, e facilitando a localizao do defeito, tornando assim menor o tempo de restabele-

    cimento.

    Como regra geral de proteo nas mdias e altas tenses, considera-se que os efei-

    tos mecnicos devem ser suportados pelos equipamentos e faz-se a proteo contra os

    efeitos trmicos. Para as baixas tenses (em alguns casos tambm para as mdias tenses)

    foram desenvolvidos equipamentos de proteo limitadores (que cortam a corrente de curto

    antes de ela atingir o primeiro valor de crista) que conseguem proteger tambm contra os

    efeitos mecnicos.

    Os barramentos, condutores e equipamentos das instalaes eltricas e seus siste-

    mas de proteo precisam ser dimensionados levando-se em conta os maiores valores das

    correntes de curto-circuito que podem ocorrer em cada parte do circuito.

    Sempre que houver aumento da capacidade geradora, os clculos precisam ser re-

    feitos. Em alguns casos possvel, economicamente, ao invs de redimensionar os equi-

    pamentos e barramentos, introduzir reatores que limitam a corrente de curto-circuito dei-

    xando-a no valor anterior. Esse artifcio usado, geralmente, pelas concessionrias que

    instalam reatores de ncleo de ar na sada das subestaes (SE) sempre que h aumento da

    capacidade de gerao ou interligao com outros sistemas de gerao.

    No obstante, a proteo dos sistemas eltricos de potncia desempenhada por es-

    quemas que, por sua vez, so basicamente comandados por rels. A funo primordial des-

    ses rels identificar os defeitos, localiz-los da maneira mais exata possvel e alertar a

  • 56

    quem opera o sistema ou, dependendo do caso, promover a abertura do disjuntor associado,

    de modo a tentar isolar o defeito, mantendo a maior parte possvel do sistema em operao

    normal, sem que os efeitos desse defeito prejudiquem sua normalidade. Com a abertura, o

    trecho defeituoso desconectado do sistema, e assim este continua a operar com a mesma

    configurao, apenas desfalcado do trecho em que ocorreu o defeito.

    As condies dos sistemas de potncia so monitoradas constantemente pelos sis-

    temas de medidas analgicas, que so compostos pelos transformadores de corrente (TCs)

    e de tenso (TPs). As correntes e as tenses transformadas em grandezas secundrias ali-

    mentam o sistema de decises lgicas (rels de proteo), que por sua vez, compara o valor

    medido com o valor previamente ajustado no rel. A operao deste rel ocorrer sempre

    que o valor medido exceder o valor ajustado, dando a sua atuao diretamente em um dis-

    juntor.

    Desta forma, torna-se claro que um sistema de proteo composto, necessaria-

    mente, pelos seguintes equipamentos:

    Transformador de corrente;

    Transformador de potencial;

    Rel de proteo;

    Disjuntor.

    Alm desses equipamentos, o sistema de proteo precisa de uma fonte de corrente

    contnua fornecida pela bateria, pois se trata de um sistema vital ao bom funcionamento de

    qualquer circuito de energia eltrica.

    Tendo em vista que a continuidade um dos principais ndices de avaliao da

    qualidade do fornecimento de energia eltrica, a proteo assume um papel fundamental na

  • 57

    estrutura de qualquer empresa do sistema eltrico, que tenha como meta apresentar um

    elevado ndice de qualidade. Para atingir as metas destes indicadores, necessrio que tais

    falhas sejam identificadas e que algumas medidas sejam tomadas em intervalos de tempo

    convenientes, que variam, basicamente, de acordo com o nvel de tenso da rede e o nme-

    ro de fases que se encontra com defeito, incluindo a o contato ou no com o solo e o tem-

    po em que a falha permanece no circuito.

    Assim, com base no que foi apresentado, torna-se mais notvel a seriedade do estu-

    do de curto-circuito, pois se trata do ponto de partida para quaisquer ajustes em equipa-

    mentos que formam um sistema de proteo.

    6.2 Rels de Sobrecorrente

    Os rels de sobrecorrente so todos aqueles que atuam para uma corrente maior que

    a do seu ajuste. Eles incorporam um sensor de corrente, para se for o caso, prover a abertu-

    ra da rede de energia eltrica. Por exemplo, quando a corrente de curto-circuito ultrapassa a

    corrente de ajuste do sensor do rel, o mesmo atua de forma instantnea ou temporizada,

    de acordo com a necessidade.

    Os rels de sobrecorrente de fase devem atuar para curto-circuito trifsico e bifsico

    e o rel de terra deve atuar para curto-circuito monofsico ou fase-terra. Como mencionado

    acima, eles possuem dois elementos: o elemento temporizado e o elemento instantneo. A

    Tabela 1 mostra os rels de sobrecorrente e os seus respectivos elementos e as nomenclatu-

    ras segundo simbologia da norma ASA (American Standard Association).

  • 58

    Tabela 1 Rels de sobrecorrente, elementos e nomenclaturas.

    REL ELEMENTO NOMENCLATURA

    Fase Temporizado 51

    Fase Instantneo 50

    Terra Temporizado 51N ou 51GS

    Terra Instantneo 50N

    As nomenclaturas so nmeros padres que identificam os rels por funo.

    O elemento instantneo indica que o rel propositalmente no temporizado e nem

    tem caracterstica temporizada.

    O elemento temporizado tem na sua prpria funcionalidade caracterstica tempori-

    zada, ou seja, a sua atuao ocorre aps certo tempo. Os rels de sobrecorrente temporiza-

    dos podem ser de tempo definido e tempo inverso.

    Para uma melhor compreenso da atuao e do funcionamento destes, cabe menci-

    onar antes alguns termos essenciais:

    TAP escala de corrente que deve ser escolhida no rel. O tap tambm conhecido

    como corrente de ajuste do rel.

    Mltiplo (M) indica quantas vezes a corrente de defeito maior que o seu tap, tal

    que:

    (6.2.1) TAP

    IM DO TCSECUNDRIO=

  • 59

    Pick-up termo designado para a menor corrente possvel capaz de atrair o mbolo

    ou a alavanca, quer dizer, para fazer o rel operar. O pick-up a menor de todas as corren-

    tes que deixam o rel no limiar de operao, ou seja, a corrente que deixa o rel na imi-

    nncia de operao. A corrente de pick-up tambm considerada como corrente de ajuste

    do rel.

    Drop-out termo que se refere desoperao do rel, quer dizer, a maior corrente

    capaz de iniciar o processo de desativao do rel.

    Desta forma, tem-se que:

    PICK-UP< II : rel em hiptese alguma ir fechar o seu contato NA (normal-

    mente aberto);

    DROP-OUTI > I : rel em hiptese alguma ir desconectar (abrir) o seu contato

    NA que estar fechado.

    De uma maneira geral, a classificao dos rels, feita da seguinte forma:

    Aspectos construtivos

    Eletromecnicos;

    Estticos;

    Digitais.

    Atuao no circuito a proteger

    Atuao direta;

    Atuao indireta.

  • 60

    Instalao

    Primrio;

    Secundrio.

    Corrente de ajuste

    Tracionamento na mola;

    Variao de entreferro;

    Mudana de TAPs na bobina magnetizante;

    Variao de elementos no circuito;

    Controle por software.

    Tempo de atuao

    Instantneo;

    Temporizado de tempo definido;

    Temporizado de tempo inverso.

    6.2.1 Rels de Sobrecorrente Instantneos

    Os rels de sobrecorrente instantneos atuam de forma imediata para qualquer cor-

    rente maior que o seu ajuste. Eles no possuem, propositalmente, caracterstica temporiza-

    da e so reconhecidos pelo nmero 50.

    Entretanto, estes rels no so literalmente instantneos, pois deve ser considerado

    o tempo correspondente movimentao dos seus mecanismos de atuao. Este tempo

    depende do projeto, tipo e fabricao.

  • 61

    Para garantir uma segura e adequada operao do rel, necessrio ajustar sua cor-

    rente de tal forma que:

    (6.2.2) 51

    51 .,

    I I I, IDOITO PROTEGL DO CIRCUMO NO FINACURTO MNIRELAJUSTE DO CARGANOMINAL DE

    Cabe ressaltar que a corrente de ajuste do rel nada mais do que a corrente de

    pick-up definida anteriormente.

    Por conseguinte, analisando esta inequao, torna-se perceptvel que a corrente no-

    minal de carga deve ser multiplicada por um fator de 1,5 para garantir que o rel suporte as

    variaes da carga sem atuar, ou seja, deve-se deixar uma folga de 40% a 50% na corrente

    de carga, para que desta forma o rel possa absorver