morfossintaxe do portugues

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José Pereira da Silva (org. e ed.) MORFOSSINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA Cadernos da Pós-Graduação em Língua Portuguesa, nº 02 (SUPLEMENTO) São Gonçalo (RJ) 2002

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  • Jos Pereira da Silva (org. e ed.)

    MORFOSSINTAXE DA LNGUA PORTUGUESA

    Cadernos da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa, n 02 (SUPLEMENTO)

    So Gonalo (RJ)

    2002

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    S586m Silva, Jos Pereira da, 1946

    Morfossintaxe da Lngua Portuguesa / Jos Pereira da Silva. So Gonalo (RJ) : Faculdade de Formao de Professores (UERJ), 2002. (Cader-nos da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa, n 2: Suplemento)

    92 p. ; 14 X 21 cm ISBN 85.314-0601-3 1. Lngua Portuguesa. 2. Gramtica. 3. Hist-

  • 3

    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAO E HUMANIDADES

    FACULDADE DE FORMAO DE PROFESSORES DEPARTAMENTO DE LETRAS

    COORDENAO DE PUBLICAES

    Reitora Nilca Freire

    Vice-Reitor Celso Pereira da S

    Sub-Reitor de Graduao Isac Joo de Vasconcellos

    Sub-Reitora de Ps-Graduao e Pesquisa Maria Andra Rios Loyola

    Sub-Reitor de Extenso e Cultura Andr Lus de Figueiredo Lzaro

    Diretor do Centro de Educao e Humanidades Lincoln Tavares Silva

    Diretora da Faculdade de Formao de Professores Mariza de Paula Assis

    Vice-Diretor da Faculdade de Formao de Professores Marco Antnio Costa da Silva

    Chefe do Departamento de Letras Flavio Garca de Almeida

    Sub-Chefe do Departamento de Letras Fernando Monteiro de Barros Jnior

    Coordenador da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa Afrnio da Silva Garcia

    Coordenador de Publicaes do Departamento de Letras Jos Pereira da Silva

    Editor dos Cadernos de Ps-Graduao em Lngua Portuguesa Jos Pereira da Silva

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    SUMRIO APRESENTAO Jos Pereira da Silva..........................05

    MORFEMA ZERO E CASOS DE ALOMORFIA Elenir de Oliveira Machado .............................................................07

    TIPOS DE MORFEMAS Priscila Brgger de Mattos ......14

    A COMPOSIO COMO PROCESSO DE FORMAO DE PALAVRAS EM PORTUGUS - Adaete Abreu Loureiro, Alexandre Bandeira de Menezes, Jacqueline Saturnino de Souza Medeiros, Maria Guiomar Ramos e Raimunda Ro-drigues da Costa ...............................................................20

    ESTRANGEIRISMOS NA IMPRENSA Stalin Che Guevara S. Melo, Cacilda Barbosa Santiago, Terezinha Ges, Maria Francineide e Divaneusa Albuquerque .............................31

    ESTRUTURA E FORMAO DE VOCBULOS EM POR-TUGUS Almilene da Silva Freire, Jos Tadeu Silva A-rajo, Gercineide Maia de Souza, Ozias Moreira da Costa e Rainise Pereira Lima......................................................41

    EXERCCIOS DE MORFOSSINTAXE Albetiza Rodrigues Vieira, Francisco Cludio Lopes, Maria Aniceta Cacau Nunes, Rosilda Maria Oliveira da Cunha e Srgio Torres dos Santos..........................................................................53

    NEOLOGISMOS NA LINGUAGEM DO SERINGUEIRO ACREANO Evana Barros de Arajo e Girlnia de Sou-sa Pereira Calderon ..........................................................72

    O LXICO DO PORTUGUS: VOCBULOS PRIMITI-VOS, DERIVADOS, SIMPLES E COMPOSTOS Alber-lene S. Nogueira Oliveira, Jos Eudes de Moura, Jos Pro-gnio Ribeiro e Valcilda Bezerra de Amorim....................80

    NDICE ONOMSTICO DOS AUTORES..........................92

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    APRESENTAO

    A Coordenao de Publicaes do Departamento de Letras da Faculdade de Formao de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro tem o prazer de apresentar este suplemento do se-gundo nmero dos Cadernos da Ps-Graduao em Lngua Portu-guesa, que agora vem com trabalhos dos professores-alunos de Es-pecializao em Lngua Portuguesa desse Departamento e do Depar-tamento de Letras da Universidade Federal do Acre, com alguns tra-balhos que foram entregues depois do prazo da publicao, tratando especialmente de aspectos da morfossintaxe do idioma.

    Os textos aqui divulgados correspondem a trabalhos finais a-presentados como parte da avaliao de disciplinas oferecidas pelo redator desta apresentao, tendo-se usado o critrio de disponibili-zar o material apresentado digitalmente, na forma apresentada, fa-zendo-se apenas a editorao e diagramao e as revises de praxe.

    Como aqui se incluram os trabalhos apresentados pelos alu-nos-professores da Faculdade de Formao de Professores de So Gonalo (RJ) e pelos de Rio Branco, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, da UFAC, a relao um pouco mais extensa porque os traba-lhos ali realizados foram apresentados por grupos de alunos, visto que no seria possvel a correo de noventa pequenas monografias.

    Aqui vo publicados oito trabalhos, que so de autoria de:

    Adaete Abreu Loureiro (p. 20), Alberlene S. Nogueira Oliveira (p. 80), Albetiza Rodrigues Vieira (p. 53), Alexandre Bandeira de Mene-zes (p. 20), Almilene da Silva Freire (p. 41), Cacilda Barbosa Santi-ago (p. 31), Divaneusa Albuquerque (p. 31), Elenir de Oliveira Ma-chado (p. 07), Evana Barros de Arajo (p. 72), Francisco Cludio Lopes (p. 53), Gercineide Maia de Souza (p. 41), Girlnia de Sousa Pereira Calderon (p. 72), Jacqueline Saturnino de Souza Medeiros (p. 20), Jos Eudes de Moura (p. 80), Jos Prognio Ribeiro (p. 80), Jos Tadeu Silva Arajo (p. 41), Maria Aniceta Cacau Nunes (p. 53), Maria Francineide (p. 31), Maria Guiomar Ramos (p. 20), O-zias Moreira da Costa (p. 41), Priscila Brgger de Mattos (p. 14), Raimunda Rodrigues da Costa (p. 20), Rainise Pereira Lima (p. 41), Rosilda Maria Oliveira da Cunha (p. 53), Srgio Torres dos Santos

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    (p. 53), Stalin Che Guevara S. Melo (p. 31), Terezinha Ges (p. 31) e Valcilda Bezerra de Amorim (p. 80).

    Lembramos aos interessados que, no primeiro nmero desses Cadernos da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa, foram publica-dos os seguintes trabalhos, voltados para o aspecto diacrnico dos estudos de Lngua Portuguesa: Evoluo dos pronomes demonstra-tivos do latim ao portugus, do Professor Jos Roberto de Castro Gonalves; A evoluo dos tempos verbais, da Professora Priscila Brgger de Mattos; A formao dos pronomes na lngua portugue-sa, da Professora Jupira Maria Bravo Pimentel; A influncia ind-gena nos topnimos do municpio de So Gonalo, da Professora Norma Cristina da Silva Moreira; Contribuies Africanas nos Fa-lares do Brasil, da Professora Jaline Pinto da Silva; Origem e uso do futuro do subjuntivo, da Professora Patrcia Miranda Medeiros; Provrbios: sabedoria de um povo os provrbios e seus opostos, da Professora Nadir Fernandes Rodrigues Cardote e Permuta entre /b/ e /v/ e o Professor Jos Marcos Barros Devillart e ainda pode ser adquirido com o editor.

    O organizador dos Cadernos da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa no se responsabiliza pelas opinies dos autores, que en-tregam os textos digitados para a especfica finalidade de serem pu-blicados e contribuem com a sua divulgao, adquirindo sempre um pequeno nmero de exemplares para que se cubram as despesas da publicao.

    Aguardando as suas crticas e as suas sempre bem desejadas sugestes, a Coordenao de Publicaes do Departamento de Letras promete levar absolutamente a srio todas as suas opinies e corrigir todos os erros possveis nos prximos nmeros ou reedies, ressal-vada a falta de recursos para uma publicao tecnicamente mais ela-borada.

    Atenciosamente,

    Jos Pereira da Silva Organizador e Editor

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    MORFEMA ZERO E CASOS DE ALOMORFIA Elenir de Oliveira Machado (UERJ)

    INTRODUO

    Este trabalho pretende levantar alguns questionamentos a res-peito da ocorrncia do morfema zero . preciso estabelecer uma diferena entre morfema e morfe, pois essa noo de morfe em opo-sio a morfema ser til para a compreenso de alguns fenmenos como a alomorfia.

    A questo da flexo em lngua portuguesa ainda motivo de muita discusso. Matoso Cmara abriu espao para muitos questio-namentos sobre a tradio gramatical; mas percebemos agora, em al-guns aspectos, uma retomada de alguns pontos da gramtica tradi-cional atravs de Evanildo Bechara e Valter Kehdi.

    MORFEMA ZERO E CASOS DE ALOMORFIA

    Classificao do morfema

    O morfema zero est includo na seguinte classificao se-gundo Valter Kehdi:

    1) morfemas aditivos

    2) morfemas subtrativos

    3) morfemas alternativos

    4) morfemas reduplicativos

    5) morfema de posio

    6) morfema zero

    Conceito de morfema

    Antes de explorar o morfema zero comearei com conceitos de morfema dados por alguns gramticos:

    Evanildo Bechara: Chama-se morfema a unidade mnima significativa ou dotada de significado que integra a palavra.

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    Rocha Lima: A menor unidade significativa que pode figurar numa palavra.

    Matoso Cmara: O elemento formal que se combina com o semantema (radical), constituindo um mecanismo gramatical por meio do qual o semantema passa a funcionar na comunicao lin-gstica.

    Manoel Ribeiro (Gramtica Aplicada da Lngua Portuguesa, 7a ed. Metfora Editora) cita trs tipos de morfemas:

    a) categoriais: expressam as categorias gramaticais de uma lngua (gnero, nmero, tempo, aspecto, modo, pessoa, etc.)

    b) lexicais: so responsveis pela formao de uma nova pala-vra (os prefixos e sufixos).

    c) relacionais: relacionam elementos frasais (preposies, con-junes, pronomes relativos).

    Morfemas categoriais

    Os morfemas categoriais sero objeto de estudo nessa anlise da ocorrncia do morfema zero na Lngua Portuguesa.

    O morfema zero consiste na ausncia de uma marca de oposi-o em relao a outro termo marcado. Evanildo Bechara diz ainda: S haver morfema zero se a noo por ele expressa for inerente classe gramatical em que ele ocorra.

    Ocorrncia do morfema zero

    So comuns na Lngua Portuguesa as ocorrncias de morfema zero na flexo nominal e verbal.

    Flexo nominal

    gnero a feminino: menina a) flexo nominal

    nmero s plural

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    Em relao flexo de gnero existe uma forma marcada -a (feminina) e em oposio, uma forma no marcada (Masculino). Em relao flexo de nmero existe uma forma marcada -s (plural) e uma no marcada (singular).

    Flexo nominal de gnero (outras consideraes)

    Ainda h muitas discusses sobre a flexo de gnero; Matoso categrico ao afirmar que no existe marca de masculino e sim uma ausncia de desinncia: morfema zero (). Sendo o -o de garo-to, livro, etc, uma vogal temtica nominal. Se considerarmos o -o de garoto marca de gnero masculino, teramos de considerar tambm o -e em mestre, porque ambos fazem oposio a -a em garota e mestra.

    Evanildo Bechara (Moderna Gramtica Portuguesa) afirma que em relao ao gnero, no par alto/alta, a oposio de gnero a-parece marcada nos dois termos mediante -o e -a.

    Nessa considerao em relao ao gnero, Bechara recorre tradio gramatical, considerando -o masculino em oposio ao -a feminino.

    Valter Kehdi nos convida a rever a posio do Matoso ao a-firmar que quando se acrescenta a uma palavra feminina uma termi-nao que contenha -o, essa palavra passa a masculina.

    Exemplos: mulher (fem.) / mulherao (masc.) - cabea (fem.) / cabealho (masc.)

    Valter Kehdi lembra ainda que o povo, em sua linguagem es-pontnea, cria formas masculinas sempre em -o (ex: coiso, corujo, etc.) e conclui que -o est intimamente associado noo de mascu-lino e no reduz a uma oposio / -a, e sim, a uma oposio -o / -a. Afirma ainda que a desinncia -o apresenta as variantes (peru / pe-rua, autor / autora) e u semivoclico (europeu / europia; mau / m).

    Sobre as consideraes feitas por Valter Kehdi, sabemos que h uma tendncia popular em associar o -o ao masculino (tartarugo, colego, etc.), o -a ao feminino (cavala, etc.) e alguns nomes termina-dos em -e acabam sendo neutros (a ou o hspede s.m. e hspeda s. f.). H ainda certa dificuldade em associar certas palavras terminadas

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    em -a ao masculino (o grama - unidade de medida - , telefonema, etc.) e palavras terminadas em -o ao feminino (carrasco s.m., usada popularmente da seguinte forma: carrasca s.f. Nesse processo de es-colha de desinncia -a ou -o, s vezes ocorre na criao de neolo-gismos (plugado, deletada, etc.).

    Flexo nominal de nmero (outras consideraes)

    No par alto/altos, a noo de nmero plural, inerente classe dos nomes, acha-se marcada pelo pluralizador -s, enquanto a noo de singular est marcada pela ausncia de uma marca. Bechara con-sidera esse como exemplo de um verdadeiro morfema zero .

    Em palavras paroxtonas terminadas em -s (simples, lpis, ourives, etc.), assim como Matoso, Valter Kehdi fala em alomorfe zero . So nomes que permanecem invariveis no singular e no plu-ral e a identificao de nmero s acontece mediante concordncia. Ex.: lpis preto / lpis pretos.

    O fato de termos em portugus mais de uma representao fo-nolgica para exprimir o plural, no significa dizer que temos tam-bm mais de um morfema para exercer essa funo. Em nomes ter-minados em consoantes, antes preciso admitir que morfemas tm mais de uma configurao fonmica. Alm da configurao fonmi-ca /s/ em nomes como gatos, mapas, etc., tm a configurao /es/ em nomes como mares, cruzes, etc.

    A fim de considerar as vrias configuraes de um morfema dado, os lingistas postularam uma espcie de pseudomorfema cha-mado morfe. Os morfemas podem ser representados por um ou mais de um morfe. Os morfes so constitudos de fonemas e diferem um dos outros por terem diferentes sentidos ou diferentes realizaes fo-nmicas. Os vrios morfes que representam um morfema so chama-dos alomorfes. Assim, consideramos que em mares e cruzes, foi a-crescentado o alomorfe -es (da desinncia -s) aos radicais mar e cruz.

    Flexo verbal

  • 11

    Nmero pessoal: Singular: 1a pessoa: , -o, -i;/ 2a pessoa: -s, -ste, -es, (no imperativo afirmativo)/3a pessoa: , -u.

    Plural: 1a pessoa: -mos / 2a pessoa: -is, -stes, -des, -i (impera-tivo afirmativo), -de (imperativo afirmativo) / 3a pessoa: -m.

    Modo temporal: Indicativo: presente: / pret. imperf. : -va-, -ve- (1a conj.), -ia-, -ie- (2 conj.) / pret. perf.: (para as cinco pri-meiras pessoas), -ra- (3 pes. do pl.)/pret. mais que perf.: -ra-, -re- /fut. do pres..: -r-, -re-/fut. do pret.: -ria-, -rie-.

    Subjuntivo: pres.: -e- (1a conj.) / -a- (2a e 3a conj.) / pret. im-perf.: -sse-/fut.: -r-, -re-.

    Formas nominais: infinitivo: -r- / gerdio: -ndo / partcpio: -do.

    O morfema zero s deve ser postulado em caso de necessida-de. A ocorrncia do morfema zero na flexo verbal se d pela falta de marca em relao s outras do mesmo paradigma. Em: escrevo, escreves, escreve, escrevemos, escreveis, escrevem, a 3a forma ver-bal caracterizada pela falta de desinncia em relao s outras pes-soas verbais. Temos, portanto, um morfema zero. Assim, para postu-larmos um morfema zero, temos de satisfazer as seguintes condies, segundo Valter Kehdi:

    1. preciso que o morfema zero corresponda a um espao va-zio;

    2. esse espao vazio deve opor-se a um ou mais segmentos;

    3. a noo expressa pelo morfema zero deve ser inerente classe gramatical do vocbulo examinado.

    Alomorfia

    Na flexo verbal tambm h casos de morfemas que assu-mem, em certas situaes, diferentes configuraes fonemticas. So os alomorfes de um mesmo morfema. Nas formas verbais: cantais, cantveis, amais, amreis, cantardes, fazerdes, fizerdes, partirdes; possvel identificar em todas o mesmo morfema com valores de pes-soa (2a ) e nmero (plural). Isso acontece atravs de morfes diferen-

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    tes: -is e -des. Estes dois segmentos constituem um caso de alomorfi-a, pois contm mesmos valores significativos. Quando ocorre a alo-morfia, a forma de mais alta freqncia deve ser considerada a base; a outra variante, seu alomorfe: no pret. Imperf. do ind., 1a conjuga-o, a forma base -va-; a variante -ve- (cantveis).

    Morfema zero x alomorfe zero

    de grande importncia o valor significativo dos morfemas. A alomorfia constitui uma diferena de significante, no de signifi-cado: o morfe outro, o morfema o mesmo. O morfema zero ocor-re numa srie de morfemas e o alomorfe zero ocorre numa srie de alomorfes.

    CONCLUSO

    Concluo que a diviso das palavras em morfemas no uma tarefa to simples, pois envolve muitos aspectos.

    Quanto flexo dos nomes, podemos dizer que a existncia de uma oposio -a (fem.) (masc.) para o gnero a mais completa, pois os termos masculinos so usados de modo geral h muito tem-po, s havendo particularizao em relao ao uso do feminino. O plural dos nomes em portugus mais simplificado do que sempre nos mostrou as gramticas tradicionais, estas estavam preocupadas em mostrar excees desde os nveis mais primrios.

    A flexo verbal requer um pouco mais de ateno quanto ao uso do morfema , atentando sempre para a interpretao fonolgica de um morfema.

    BIBLIOGRAFIA

    BECHARA, Evanildo. Moderna Gramtica Portuguesa. 37a ed. Ver. e ampl. Rio de Janeiro : Lucerna, 1999.

    CMARA JR.,J. Matoso. Dicionrio de Lingstica e Gramtica. 12a ed. Petrpolis : Vozes, 1985.

  • 13

    . Estrutura da Lngua Portuguesa. 21a ed. Petrpolis : Vozes, 1992.

    CARONE, Flvia de Barros. Morfossintaxe. 6a ed. tica Srie Fundamentos.

    CAVALIERE, Ricardo. Fonologia e Morfologia na Gramtica Ci-entfica Brasileira. 1a ed. Rio de Janeiro: EDUFF, 2000.

    FREITAS, Horcio Rolim de. Princpios de morfologia. 2a ed. Rio de Janeiro : Presena, 1981.

    KEHDI, Valter. Formao de palavras em portugus. 3a ed. tica - Srie Princpios, 2000.

    RIBEIRO, Manoel Pinto. Gramtica Aplicada da Lngua Portugue-sa. 7a ed. Rio de Janeiro: Metfora Editora, 1992.

    ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramtica da Lngua Portu-guesa. 38a ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 2000.

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    TIPOS DE MORFEMAS Priscila Brgger de Mattos (UERJ)

    INTRODUO

    Este trabalho possui como principal objetivo conceituar mor-femas e; tambm, fazer uma breve ilustrao dos variados tipos de morfemas presentes na Lngua Portuguesa. Iremos enfocar os mor-femas aditivos, subtrativos, alternativos, reduplicativos, de posio e zero.

    O MORFEMA

    Chama-se morfema a unidade mnima significativa ou dotada de significado que integra a palavra. Tomaremos como base o que diz J. Mattoso Cmara Jr. , em seu Dicionrio de Lingstica e Gra-mtica (verbete morfema). Segundo o autor, os morfemas, do ponto de vista do significante, podem ser : aditivos, subtrativos, alternati-vos, reduplicativos, de posio e zero.

    Morfemas Aditivos

    Como o prprio nome o indica, os morfemas aditivos so segmentos que se ligam a um ncleo, ou seja, a um radical. Em nossa lngua, so os morfemas mais produtivos. De acordo com Evanildo Bechara, em sua Moderna Gramtica Portuguesa (2001), os morfe-mas aditivos so representados por:

    1. prefixos: anteposio base lexical: pr-repor; quieto-inquieto

    2. sufixos, interfixos e desinncias: posposio base lexical

    3. infixos: intercalao no interior da estrutura da base

    4. circunfixos: anteposio e posposio simultaneamente base (parassintticos)

    5. descontnuos: fragmentao pela intercalao de outro mor-fema

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    6. reduplicativos: repetio da parte inicial da base

    Convm ressaltar a diferena entre interfixo e infixo; o inter-fixo une uma raiz a um sufixo ou dois radicais de um composto: grat-i-do, fil--sofo. Por outro lado, o infixo insere-se dentro de ou-tro morfe, normalmente a raiz :pensar, pensamento.

    Morfemas Subtrativos

    So morfemas resultantes d supresso de um fonema do ra-dical para exprimir alguma diferena de sentido. So mais raros que os morfemas aditivos; podemos citar como exemplos:

    Ano / an

    rfo / rf

    Aps uma primeira anlise dos pares acima, podemos conclu-ir que nesses casos o feminino obtido atravs da eliminao do /-o/ do masculino. A noo de feminino, em vez de aparecer indicada a-travs da adio de um morfema forma masculina, processo bsico de formao do gnero em Portugus, decorre da prpria subtrao dessa forma.

    Partindo a anlise dos masculinos, no podemos afirmar que o feminino resulta da queda do /-o/; visto que substantivos em o a-presentam vrios tipos de femininos:

    Irmo / irm

    Leo / leoa

    Sulto / sultana

    Assim, quando temos o feminino em , o masculino auto-maticamente em ao; se o masculino termina em o, h variadas possibilidades de feminino.

    Morfemas Alternativos

  • 16

    Consistem na substituio de fonemas do radical, que passa a apresentar duas ou mais formas alternantes; dessa forma resulta o morfema.

    Veremos os casos de alternncia voclica. Podemos distinguir trs tipos de alternncia de timbre da vogal tnica:

    1. // - //; // - //

    Essas alternncias aparecem em alguns nomes e pronomes; marcando a oposio entre masculino e feminino ou singular e plural : esse/essa; novo/nova; ovo/ovos.

    Tambm ocorrem em alguns verbos da segunda conjugao, opondo, no presente do indicativo, a primeira pessoa do singular s demais pessoas que apresentam acento tnico no radical: bebo/bebes; toro/torces.

    2. // - /i/; // - /u/

    Estabelecem distino, nos pronomes, entre o animado e o neutro: esse/isso; aquele/aquilo; todo/tudo.

    3. /i/ - //; /u/ - //; /i/ - //; /u/ - //

    Ocorre em alguns verbos da terceira conjugao, marca, no presente do indicativo, a oposio entre a primeira pessoa e outras formas rizotnicas: minto/mentes; sinto/sentes;

    sumo/somes; firo/feres; durmo/dormes.

    Em Portugal, em geral, o timbre aberto ou fechado da vogal tnica que distingue a primeira pessoa do plural do presente do indi-cativo e do pretrito perfeito dos verbos da primeira e segunda con-jugao : lavamos //-presente, lavamos //-pretrito perfeito;

    devemos //-presente, devemos //-pretrito perfeito. No Bra-sil no fazemos em regra esta distino, que fica a cargo do advrbio adequado : Hoje falamos disso. Ontem falamos disso.

    A partir dos exemplos citados acima, podemos constatar que o morfema mos

    (desinncia) acumula dois valores. Este processo chamado de Cumulao, ou seja, o fato de um mesmo morfema comportar

  • 17

    mais de um significado, cuja existncia podemos comprovar pela Comutao; que a troca de um segmento do plano da expresso, e possui como resultado uma alterao no plano do contedo.

    Morfemas Reduplicativos

    Em alguns idiomas, a repetio da parte inicial do radical possui valor morfolgico. Verificamos essa ocorrncia em Latim, em que certos verbos apresentam, no

    pretrito perfeito do indicativo, uma forma caracterizada pela reduplicao ou redobro: cano, canto /cecini; do, dou /dedi.

    Havia no Latim, o chamado redobro expressivo ou intensivo, com repetio da consoante inicial do radical acompanhada de uma vogal acrescida da vibrante /r/:murmur, murmrio; turtur, rola (a-ve). Este recurso, tinha por funo dar mais realce ao vocbulo; seu emprego era mais estilstico. Observa-se o carter onomatopico dos exemplos apresentados.

    A Lngua Portuguesa no apresenta morfemas reduplicativos. Em nossa lngua, o fenmeno da reduplicao comum na lingua-gem infantil e nos hipocorsticos:papai, mame, vov, Zez, Fifi; o-corre, tambm em alguns compostos:pingue-pongue, reco-reco, ti-que-taque. Esses exemplos no possuem valor morfolgico; na ver-dade, ilustram o chamado redobro expressivo.

    Morfema de Posio

    O morfema de posio distingue-se dos outros tipos aqui a-presentados por no se constituir nem em acrscimo, nem em subtra-o de segmentos.

    A disposio dos morfemas na frase pode ter valor gramati-cal. Podemos citar como exemplo duas frases: 1. Joo v Jos / 2. Jo-s v Joo. Na primeira frase temos Joo como sujeito e Jos como objeto; j na segunda temos Jos como sujeito e Joo como objeto.

    vlido ressaltar que temos seqncias de ordem livre como, por exemplo, em: Hoje, vou sair/Vou, hoje, sair/Vou sair, hoje; em

  • 18

    que a posio varivel do advrbio no lhe altera a funo. Acrescen-tamos, ainda, que h combinatrias que no podem ocorrer:*homem o (diferentemente do que se passa em romeno, em que o artigo posposto : omul).

    Para os lingistas de orientao distribucionalista, as combi-naes de segmentos internos ao vocbulo so estudadas na morfo-logia, cabendo sintaxe o estudo das combinaes ao nvel da frase, o morfema de posio ocuparia uma parte importante da sintaxe.

    Morfema Zero

    So comuns, em Lngua Portuguesa, os exemplos de morfema 0 na flexo verbal:com freqncia, as desinncias modo-temporais e nmeros-pessoais so representadas por esse tipo de morfema. Lem-bremos, contudo, que no se deve postular um morfema 0 quando es-tamos diante de um elemento recupervel: em ame, no se deve falar em vogal temtica 0, visto que, no tema amA-, a vogal temtica se elide antes da desinncia modo-temporal e: am(a)e.

    Essa observao nos previne contra o uso indiscriminado do morfema 0, que s deve ser postulado em caos de verdadeira neces-sidade.

    Flvia Carone, em Morfossintaxe (1994) nos oferece mais e-xemplos de ocorrncia do morfema 0 em nossa lngua. De acordo com a autora, o singular dos nomes no se concretiza em um ponto do vocbulo, mas est presente como categoria de nmero, o que se comprova com o plural: livro-s / livro-0. O ponto que, no plural, ocupado pelo morfema s, no singular um conjunto vazio, que re-presentamos pelo smbolo 0

    e denominamos de morfema zero. Ambos, porm, so reali-dades morfmicas: alis, como noo gramatical, cada um deles s existe graas existncia do outro. Sem essa oposio sequer seriam cogitados esses conceitos. Assim, a categoria gramatical de nmero s existe porque um par opositivo a instaura: singular e plural.

    CONCLUSO

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    guisa de concluso, podemos afirmar que a Lngua Portu-guesa possui um nmero significativo de morfemas. Convm assina-lar que os variados tipos de morfemas apresentados neste trabalho dividem-se em trs grupos, caracterizados, respectivamente, pelo a-crscimo, pela subtrao e pela alternncia de segmentos.

    Em nossa lngua, predominam, como j se observou, os mor-femas aditivos; so freqentes, tambm, os alternativos (normalmen-te, redundantes com relao aos morfemas segmentais), no terreno das flexes nominal e verbal. E raros so os casos de morfemas sub-trativos em nossa lngua.

    Percebe-se que os morfemas reduplicativos esto relacionados linguagem infantil, aos hipocorsticos e aos compostos. No h este tipo de morfema em nossa lngua.

    importante acrescentar que o morfema de posio um tipo de limtrofe entre a morfologia e a sintaxe, o que dificulta o estabele-cimento de uma rgida linha divisria entre os dois campos.

    Temos tambm, o morfema zero que consiste na ausncia de uma marca de oposio gramatical em referncia a outro termo mar-cado. S haver este tipo de morfema se a noo por ele expressa for inerente classe gramatical em que ele ocorra.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BECHARA, Evanildo. Moderna Gramtica Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro : Lucerna, 2001.

    CMARA JR. , Joaquim Mattoso. Estrutura da Lngua Portuguesa. 31 ed. Rio de Janeiro :Vozes.

    CARONE, Flvia. Morfossintaxe. 4ed. So Paulo : tica, 1994.

    KEHDI, Valter. Morfemas do Portugus. 3ed. So Paulo : tica.

    KOCH, Ingredore Villaa & SILVA, M. Ceclia P. de Souza. Lin-gstica Aplicada ao Portugus: Morfologia. 9ed. So Paulo : Cortez

    MONTEIRO, Jos Lemos. Morfologia Portuguesa. 3a ed. So Paulo : Pontes, 1991.

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    A COMPOSIO COMO PROCESSO DE FORMAO DE PALAVRAS EM PORTUGUS

    Adaete Abreu Loureiro (UFAC) Alexandre Bandeira de Menezes (UFAC)

    Jacqueline Saturnino de Souza Medeiros (UFAC) Maria Guiomar Ramos (UFAC)

    Raimunda Rodrigues da Costa (UFAC)

    INTRODUO

    Este trabalho tem por objetivo apresentar pesquisa de campo realizada no ms de maro do corrente ano, sobre: as grias utilizadas por usurios de drogas que ficam aos arredores da praa da Justia, localizada nesta cidade; a linguagem usada pelos flanelinhas (guar-dadores de carros) que concentram-se em frente a Polcia Militar.

    A primeira pesquisa referente gria uma linguagem que nasce em um certo grupo social e termina estendendo-se linguagem familiar. Ela perpassa aos meios de comunicao e morre ou renasce na voz do povo. Pode ser incorporada pela lngua oficial, permanecer no vocabulrio de pequenos grupos ou cair em desuso.

    A segunda pesquisa trata-se de uma linguagem tambm cheia de grias que criado com o intuito de segredo, e quando o segredo quebrado surgem outras palavras para denominar o meio, o mundo, as coisas.

    Enfim, este trabalho ser feito com a inteno de atingir a ex-pectativa do tema escolhido por esse grupo, ou seja, formao de palavras em portugus, relacionando grias e expresses idiomti-cas, mais freqentes em determinados grupos sociais, como os acima citados, destacando aqueles formados pelo processo de composio por justaposio, com seus devidos significados.

    OBJETIVOS

    Geral

    O trabalho em questo tem como pretenso mostrar que cada indivduo ou grupo social apresenta diferentes maneiras de transmis-

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    so de seus conhecimentos e comunicao. Cada um depende de seu meio social, podendo expressar-se de diferentes formas, porm, transmitindo os mesmos significados, segundo os seus desejos e suas possibilidades.

    Especfico

    Estudar a linguagem usada pelos usurios de drogas e pelos guardadores de carro na cidade de Rio Branco.

    JUSTIFICATIVA

    Este trabalho foi realizado com objetivo de expandir os nos-sos conhecimentos no campo das denominaes da linguagem utili-zada pelos trs grupos especficos: dos usurios de drogas e dos guardadores de carros.

    Justifica-se com o presente estudo, a maneira em que surgem as grias e como elas so entendidas pelas pessoas, o processo comu-nicativo das palavras usadas pelos rdio-taxistas.

    METODOLOGIA

    Este trabalho foi realizado atravs de duas pesquisas de cam-po, nas quais foram feitas entrevistas. Na primeira foram entrevista-dos adolescentes e adultos pertencentes ao grupo dos usurios de drogas; na segunda foram entrevistados os flanelinhas (guardadores de carro).

    Depois, relacionaram-se as palavras e expresses em forma de grias, por ordem alfabtica, com seus devidos significados. Alm disso, foi destacado todo o vocabulrio formado pelo processo de composio por justaposio.

    PRESSUPOSTOS TERICOS

    Entende-se por campo semntico associao de significao para um certo nmero de semantemas, como os termos para cor, para

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    partes do corpo animal, para os fenmenos meteorolgicos, etc. (...) em que cada palavra se associa com outras na base de significaes correlatas dentro da cultura a que a lngua serve.

    Compreende-se como linguagem especial, em sentido estrito, uma linguagem fundamentada na prtica de um ofcio ou profisso. H, por vezes, termos tcnicos e cientficos, por outro lado h, aque-les, de criao popular.

    A Semntica a cincia que estuda as significaes das for-mas lingsticas. Essa viso da cincia vimos no decorrer do curso e percebemos a sua aplicabilidade na feitura e organizao do presente trabalho.

    Baseando-se nos conceitos que a semntica com o estudo do sentido das palavras, vemos ser a linguagem humana um meio efi-caz de comunicao. Nesse sentido, a lngua um instrumento, o ve-culo que serve comunicao das idias, assim entendemos com Guiraud.

    Segundo Evanildo Bechara, semntica o estudo da signifi-cao dos vocbulos e das transformaes de sentido por que estes mesmo vocbulos passam. J para Mattoso Cmara Jr., semntica o estudo da significao das formas lingsticas.

    No que diz respeito linguagem dos meninos de rua, pode-se afianar que a comunicao se estabelece a partir do momento que eles utilizam as grias para expressar suas idias e sentimentos. es-se modelo de linguagem denominada de gria que eles utilizam no processo comunicativo, com o intuito de esconder s atividades que exercitam enquanto guardadores de carros.

    As grias, criadas pela necessidade de sigilo, so formadas a partir de elementos formais j existentes ou tomados de emprstimos a outras lnguas, como o caso das palavras vela ou back para designar cigarro de maconha.

    Outro tipo de processo, na formao de novas grias, pode o-riginar-se por composio por justaposio.

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    FORMAO DE PALAVRAS EM PORTUGUS PLO PROCES-SO DE COMPOSIO POR JUSTAPOSIO

    Em portugus as palavras se formam por vrios processos, en-tre ele, o processo de composio, que conceituado por alguns au-tores a seguir, da seguinte forma:

    Luiz Antnio Sacconi (Nossa Gramtica: Teoria e Prtica, p.70) define:

    a formao de palavras pela unio de dois ou mais sema-temas.

    Exemplos: por-espinho, testa-de-ferro, pernalonga, passatem-po, malmequer, vaivm, etc.

    Evanildo Bechara (Moderna Gramtica Portuguesa, p. 351) diz que:

    a juno de dois elementos identificveis pelo falante nu-ma unidade nova de significado nico e somente. Exemplo: papel-moeda, boquiaberto, planalto, etc.

    Manuel Pinto Ribeiro (Nova Gramtica Aplicada da Lngua Portuguesa, p. 121) Explica-se que:

    A composio acontece quando se juntam dois ou mais radi-cais.

    Valter Kehdi (Formao de Palavras em Portugus, Aposti-la, p. 17) esclarece:

    um processo de formao lexical que consiste na criao de palavras novas pela combinao de vocbulos j existente. E-xemplo: amor prprio, ganha-po, etc.

    Atravs dos conceitos e dos exemplos acima citados, d para distinguir dois tipos de composio: justaposio e aglutinao. O primeiro apresentado, segundo o ltimo autor referido acima (aposti-la 18), Ocorre quando os termos associados conservam a sua indi-vidualidade, ou seja, os sematemas permanecem absolutamente i-nalterados.

    Eis alguns exemplos: porco-espinho, testa-de-ferro, pernalon-ga, passatempo, vaivm, sempre-viva, etc.

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    Como o objetivo de apresentar palavras com estas caracters-ticas que, logo abaixo, relaciona-se vocbulos (grias) dos flaneli-nhas e dos usurios de drogas, com seus devidos significados, cole-tados atravs de pesquisa de campo realizada pelos componentes do grupo responsvel por este trabalho, onde teve a preocupao de des-tacar todas as palavras formadas pelo processo de composio por justaposio.

    A seguir, o resultado da pesquisa realizada:

    Vocabulrio dos usurios de drogas que ficam aos arredores da praa da Justia

    A

    Aluado: Distrado, desligado, de lua

    Apoquentado: Nervoso, irritado

    Arroz: Cocana

    Avio: Pessoa que passa droga

    B

    Baio de dois: Mistura de maconha com pasta base (por justaposi-o)

    Bocada: Lugar onde vende-se droga

    Brizolado: Cocana e maconha misturado

    Barra-limpa: Sem impedimento, descontrado (por justaposio)

    C

    Cana: Cadeia, priso

    Carne-de-pescoo: Teimoso, pessoa difcil (por justaposio)

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    D

    Dar com a lngua nos dentes: dizer o que no deve

    E

    Encarar: Ficar olhando

    J

    Jaburu: Mulher feia

    Jegue-manso: Comer quieto (por justaposio)

    L

    Lero: Conversa

    Levar a pior: perder um negcio, ser derrotado

    M

    Morcego: Pessoa que s sai noite

    N

    Noiado: Pessoa que usa droga

    P

    Palha: Fumo que no bom

    P: Cocana

    Pacoitero: Grande quantidade de maconha

    Q

    Qual o do capeta?: O que ele deseja?

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    T

    T limpo: Esta certo

    Testa-de-ferro: responsvel pelos negcios de um grupo; aquele que assume tudo pelo grupo (por justaposio)

    Toldado: Muito louco

    V

    Vela: Cigarro de maconha

    Vocabulrio dos flanelinhas que concentra-se em frente Polcia Militar, nesta cidade.

    B

    Bater um fio: telefonar

    Bico: Intrometido

    Bicha louca: Pederasta, barato, escandaloso (por justaposio)

    Boca quente: Local perigoso

    Boa-gente: Educado, camarada, respeitador

    Brocado: Muita fome

    C

    Cabea-de-bagre: Jogador sem classe, sem tcnica, mau jogador (por justa posio)

    Caixinha: Gratificao, gorjeta

    Caixa de pancada: Pessoa infortunada, vtima que sempre leva a pior (por justa posio)

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    Careta: Pessoa chata, inconveniente, estraga prazeres

    Cara-de-Pau: Descarado, sem vergonha (por justa posio)

    Cara: Pessoa, indivduo, ser

    Chapa: Companheiro, amigo

    Caroa: Carro velho

    Cobra: timo em alguma coisa

    D

    Dar mancada: Cometer uma gafe, ficar mal perante outras pessoas

    Dar pesada: Avanado, sem preconceitos incrementado (por justa posio)

    Dar no p: Sumir (por justa posio)

    Dedar: Denunciar

    Dedo-duro: Denunciante (por justa posio)

    Descurtir: Deixar de gostar, abandonar

    Deu furo: No pagou

    Dica: Informao, idia

    E

    Educado: Confuso, preocupado

    Engrossar: Perder a classe, faltar com educao

    Entrar em fria: Ser mal sucedido

    Entrar pelo cano: Levar prejuzo, ser derrotado

    Enxuta: Mulher conservada, bonita

    Estar na pior: Esta em dificuldade

    Escalo: Meninos que chegam sem ser convidados

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    F

    Faturar: Vencer, conseguir, ganhar dinheiro

    Fajutos: falso, enganoso

    Fino: Pessoa que goza de bom conceito, honesta

    Fofoca: Comentrios, boatos, mexericos

    Flanelinha: Meninos que trabalham lavando carros nas ruas e praas

    G

    Gata: Garota jovem

    Grilado: Cismado, preocupado, impressionado

    N

    N-cego: enrolado (por justa posio)

    P

    Po-duro: Pessoas que no pagam (por justa posio)

    P-rapado: Soldado

    Peixo: Coronel

    R

    Rango: Refeio, comida

    Rolo: Briga, confuso

    S

    Sacar: Entender, perceber

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    T

    Transar: Relacionar encontrar, contactar

    Tira: Policial

    U

    Um tremendo barato: Uma coisa sensacional, fora do comum

    CONCLUSO

    Ao trmino deste trabalho, constatamos que as palavras e ex-presses da lngua portuguesa so usadas de acordo com o lugar, a cultura e os costumes de cada grupo social.

    Vimos que para efetuarmos a comunicao preciso falar a mesma lngua: o portugus, por exemplo, a lngua do nosso pas.

    Mas, constatamos que s isso no garante a comunicao, pois existem diferentes manifestaes de uma lngua: a linguagem dos usurios de drogas e dos flanelinhas, por exemplo, no so as mesmas de outros grupos sociais.

    s vezes as diferenas sociais ou grupais tornam um pouco difcil a compreenso de certas palavras. Da surge at a necessidade de m estudo mais profundo dos significados de palavras e expres-ses, ou recorrer at mesmo a um dicionrio.

    No final de nossa pesquisa procuramos, dentro de nossas limi-taes, mostrar nesse trabalho tudo aquilo que pudesse estar relacio-nado com o assunto (formao de palavras pelo processo de compo-sio por justaposio), elemento que ficou estabelecido logo no in-cio, e de contribuir para o estudo das variaes lingsticas no campo das grias dos usurios de drogas e dos flanelinhas nos pontos men-cionados na introduo.

    Por tudo quanto foi dito, vale lembrar que: Ainda que criati-va e expressiva, a gria s admitida na lngua falada. A lngua es-crita no a tolera, a no ser na reproduo da fala de determinado meio ou poca, com a visvel inteno de documentar o fato, ou em

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    casos especiais de comunicao entre amigos, familiares, namorados, etc., caracterizada pela linguagem informal. (Sacconi)

    BIBLIOGRAFIA

    BECHARA, Evanildo. Moderna Gramtica Portuguesa. 37 ed., rev. e ampliada. Rio de Janeiro : Lucerna, 1999.

    RIBEIRO, Manuel Pinto. Gramtica Aplicada da Lngua Portugue-sa. 11 ed., ref. e atual. Rio de Janeiro : Metfora, 1994.

    SACCONI, Luiz Antnio. Nossa Gramtica: Teoria e Prtica no TP. 18 ed., reformada e atualizada. So Paulo : Atual, 1994.

    JOTA, Zlio dos Santos. Dicionrio de Lingstica. 2 ed. Rio de Ja-neiro : Presena, 1981.

    CAMARA JNIOR, J. Mattoso. Dicionrio de Lingstica e Gra-mtica. 13 ed. Petrpolis : Vozes, 1986.

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    ESTRANGEIRISMOS NA IMPRENSA Stalin Che Guevara S. Melo (UFAC)

    Cacilda Barbosa Santiago (UFAC) Terezinha Ges (UFAC)

    Maria Francineide (UFAC) Divaneusa Albuquerque (UFAC)

    INTRODUO

    Quando se fala em estrangeirismo, logo vem a mente um a-montoado de palavras e expresses, geralmente em ingls, que con-vivem lado a lado com palavras e expresses da Lngua Portuguesa. E o ingls aparece em primeiro lugar por um motivo muito simples: uma espcie de lngua-me do mundo globalizado, lngua que to-dos tem que conhecer para, se quiser, obter sucesso no mundo mo-derno. Um exemplo: qualquer candidato a um emprego numa empre-sa de mdio porte tem que dominar a lngua inglesa. Talvez um pou-co por isso, a difuso de expresses e palavras dessa lngua ao nosso dicionrio cotidiano esteja to vasto e denso.

    E particularmente do estrangeirismo das expresses inglesas que procuraremos abordar, embora haja uma ausncia quase comple-ta de uma bibliografia sobre o assunto. Esta, alis, nada fcil de en-contrar. Fora algumas consideraes na "Nova Gramtica Aplicada", do professor Manoel Pinto Ribeiro e na "Moderna Gramtica Portu-guesa", do professor Evanildo Bechara, pouco ou nada h para se pesquisar acerca de uma bibliografia sobre estrangeirismos.

    Trabalho oportuno o do deputado Aldo Rebelo, do PC do B de So Paulo, cujo projeto, de 1999, fizemos questo de dedicar um ca-ptulo parte (3), justamente por trazer uma questo fundamental, que a preservao das palavras em lngua portuguesa, num detri-mento aos estrangeirismos exagerados, estes proporcionados, princi-palmente, por um mundo cada mais dominado pela tecnologia de ponta, estando esta, quase sempre, nas mos de norte-americanos, que dominam as expresses nesta rea de conhecimento (captulo 4).

    ESTRANGEIRISMO NA IMPRENSA

    Comumente, os jornalistas fazem uso de palavras ou mesmo

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    expresses em outras lnguas, principalmente o ingls, para reforar uma determinada idia contida na frase ou mesmo na expresso. Em alguns casos, no lugar de algum estrangeirismo, at seria possvel uma utilizao do termo na lngua portuguesa, mas por uma questo da nfase lingstica, muitas vezes opta-se, na imprensa, pelo uso de palavra estrangeira.

    Na consulta feita a alguns exemplares do Jornal O Rio Branco, no perodo de dezembro de 2000, os maiores exemplos de estrangei-rismos surgiram exatamente nas sees onde as pginas so tiradas da internet. Isso demonstra que no eixo Rio-So Paulo, os jornalistas usam de forma mais freqente os tais estrangeirismos. Isso no signi-fica dizer, contudo, que os jornalistas acreanos tambm no faam uso de tais recursos de linguagem. Entretanto, quando isso acontece, o estrangeirismo no atinge somente o ingls, mas sobretudo termos e expresses de origem latina. Como a prpria Lngua Portuguesa tem origem no Latim, fica difcil uma anlise no sentido de que ex-presses do tipo "in loco" ou mesmo "data venia" sejam propriamen-te um estrangeirismo.

    No caso de uso de estrangeirismos na imprensa nacional, h termos como "pick-ups", conforme descrita na Pgina 9 do jornal O Rio Branco do dia 02 de dezembro de 2000 onde na expresso "F 250 mantm a liderana do mercado de pick-ups", o termo estrangei-ro no ganhou uma traduo literal. Assim sendo, muito mais co-mum, no uso geral da lngua falada no Brasil se referir camionete como pick-up, logo vem mente um carro de porte mdio, cerca de mil toneladas, com uma cabine e uma carroceria. De to antigo o termo estrangeiro, a criana cresce aprendendo, margem da prpria Lngua Portuguesa, utilizar a palavra pick-up muito mais do que ca-mionete.

    Um outro exemplo de estrangeirismo encontrado na consulta feita a exemplares do Jornal O Rio Branco foi o termo "design". Sem uma traduo especfica, a expresso estrangeira ganha uma contex-tualizao particular no sentido de garantir uma interpretao e um sentido prprio para um grupo reservado de pessoas e at de profis-sionais. Fora deste contexto e do grupo onde o estrangeirismo est eventualmente inserido, no sentido algum em utiliz-lo. Assim sen-do, "design" um termo usado to somente por aqueles que traba-lham e lidam diariamente com decorao, desenho e coisas do gne-

  • 33

    ro. O termo aparece, a ttulo de exemplo desta contextualizao es-pecfica, na frase "GMB, a maior equipe brasileira de design", tam-bm no dia 02 de dezembro de 2000 do Jornal O Rio Branco. Uma variante deste estrangeirismo o termo designer, aquele profissional que trabalha com design. Importante observar, neste caso, que quan-do se faz referncia a uma determinada profisso, utiliza-se, pelo menos para este caso o final ER, acrescida ao substantivo, que em ingls representa exatamente a pessoa que trabalha em determinado ramo.

    Um outro exemplo de estrangeirismo especializado aparece comumente no setor da informtica. Com a insero de novas tecno-logias ao mundo moderno, onde cada vez mais se populariza o uso de computadores e toda uma sorte de suprimentos para informtica, as expresses estrangeiras terminam caindo, tambm, no hbito do falar cotidiano da populao de um modo geral. Importante observar, todavia, que tais estrangeirismos no ganharam traduo, mas so u-tilizados constantemente. Muitas vezes, se desconhece at uma sim-ples traduo literal, mas a popularizao do estrangeirismo faz com que as pessoas se referiam a eles como se da Lngua Portuguesa fos-sem.

    Um exemplo de como este estrangeirismo aparece quase que naturalmente est na expresso "quase todos os softwares no Brasil so piratas", tirada de uma consulta no Jornal O Rio Branco do dia 03 de dezembro de 2000. O estrangeirismo, de to difundido o seu uso, torna desnecessrio uma traduo. Mesmo para quem no es-pecialista no assunto, percebe tratar-se de componentes ligados in-formtica.

    Neste campo cabe uma observao importante. Existem es-trangeirismos que de to falados e difundidos no uso comum da Ln-gua, terminaram sendo incorporados aos dicionrios. o caso, por exemplo, do estrangeirismo delete. Na dcada de 80, quando os computadores pessoais (Personal Computers) comearam a se popu-larizar no Brasil, a expresso designava, dentro um programa espec-fico, sumir ou matar determinada informao contida na memria do computador. Atualmente, a tecla "delete" est disponvel para apagar qualquer informao, arquivo ou programa de computador. A ex-presso se popularizou, se tornou gria e foi incorporada aos verbetes de dicionrios mais modernos. No uso dirio, comum se ouvir "vou

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    deletar voc da minha vida", no lugar de "vou tirar voc da minha vida" ou mesmo "vou te deletar", ao invs de "vou te matar".

    O INGLS COMO BASE DO ESTRANGEIRISMO

    Dentre todos os estrangeirismos vigentes no pas, o mais utili-zado nos dias atuais, sem a menor sombra de dvida, o estrangei-rismo de termos e expresses de lngua inglesa. A explicao mais do que comum. Atualmente, os negcios, muito dos fatos e aconte-cimentos esto nos Estados Unidos. Estes, sendo a maior potncia econmica e mesmo cultural do planeta, terminam por impor pala-vras e termos em muitos pases, sobretudo no Brasil. Desse modo, fi-ca fcil entender porque tantas e tantas expresses podem ser encon-tradas pela maioria das cidades brasileiras. Em Rio Branco no di-ferente. Opta-se utilizar um estrangeirismo da lngua inglesa pala-vra na Lngua Portuguesa seja por uma questo de querer ser moder-no, seja por uma questo de publicidade, onde os estrangeirismos tendem a chamar mais a ateno do consumidor.

    dentro deste contexto que podemos encontrar, por exemplo, a expresso "delivery" no lugar de "entrega em domiclio". Muitos restaurantes e bares fazem entregam em domiclio, mas nos cartazes e folders (um estrangeirismo) a propaganda sempre feita na expres-so estrangeira. Isto porque o estrangeirismo, claro que apenas apa-rentemente, soa melhor do que a palavra em portugus. Um exemplo desta opo pelo ingls est na loja Mr. Cat. H alguns anos, o pro-prietrio da loja explicou que se optasse pela expresso em Portu-gus "Senhor Gato", o retorno financeiro e de marketing (outro es-trangeirismo) no seria o mesmo. Na verdade, poderia nem mesmo haver retorno financeiro para o dono da loja.

    No apenas no Rio de Janeiro, onde o estrangeirismo ingls predomina, mas em cidades como Rio Branco, embora em menor grau, a opo comercial por nomes estrangeiros tambm faz parte do cotidiano. Assim, no chega a ser raro se encontrar expresses como "Liras Lanche", numa referncia ao apstrofe s que, no ingls, ga-nha o sentido de posse, propriedade. Poderia se chamar simplesmen-te "Lanche do Lira", mas a opo pelo ingls torna o comrcio mais atrativo comercialmente. no "Liras Lanche" que pode consumir alguns dos maiores e populares estrangeirismos do ingls no que se

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    refere a alimentao. possvel se lanchar, entre outros, "hambur-guer", "cheeseburguer", "eggburguer" e tantos outros sanduches (mais estrangeirismos) do gnero.

    A utilizao de termos estrangeirismos ingleses no se limita ao comrcio, contudo. No Acre, colunistas sociais tambm costu-mam utilizar os termos para se tornarem mais "chiques". A colunista Marlize Braga, por exemplo, na pgina 12 do Jornal O Rio Branco do dia 02 de dezembro de 2000, usa como ttulo de uma de suas no-tas a expresso "na city", informando sobre chegada, em Rio Branco, de um filho de um empresrio local, que teria chegado cidade a fim de passar frias. Na coluna social "Status Max", do dia 03 de dezem-bro de 2000, possvel se encontrar, ainda, ao invs da palavra "f-rias", o estrangeirismo "vacances". So apenas alguns exemplos de como se tornou comum expresses estrangeiras, sobretudo inglesas, no cotidiano da vida das pessoas. bem verdade que os colunistas escrevem para um pblico bastante especfico, mas expresses como "city" podem ser ouvidas das pessoas mais comuns, sobretudo em cidades como o Rio de Janeiro, onde "city" pode ganhar, at, quali-dade de gria e ser repetida at por crianas. tudo uma questo de contextualizao.

    Mas as expresses em ingls podem at ser maioria, mas no representam o total dos termos estrangeiros. Muito em voga, atual-mente, est a expresso glamour (estrangeirismo francs) para desig-nar algo muito chique, geralmente algo acessvel somente classe mdia. A colunista Marlize Braga, citada anteriormente, no Jornal O Rio Branco do dia 02 de dezembro de 2000, coloca como ttulo de uma das notas de sua coluna o estrangeirismo "glamour". Cabe ob-servar que na onda "funk", a expresso parece ter voltado com fora total, aparecendo inclusive uma derivao da expresso: glamourosa. Mesmo que o estrangeirismo do francs esteja comumente em desu-so, uma vez que seu uso mais intenso remonta ao incio do sculo passado no pas, como o advento da "bell poque", expresses co-mo esta podem aparecer e se tornar um modismo, assim como mui-tos estrangeirismos provenientes da lngua inglesa.

    Um exemplo de como os colunistas sociais, de modo geral, usam e abusam de termos estrangeiros para denotarem uma idia de "chique" est no caso, ainda, de Marlize Braga, que no dia 06 de de-zembro de 2000, em sua coluna no Jornal O Rio Branco escreve co-

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    mo ttulo de uma das notas da coluna a expresso "happy hour" que, numa traduo literal ficaria, na Lngua Portuguesa, "hora feliz". A expresso vem sendo muito utilizada por outros colunistas no pas afora e tambm por no colunistas para designar o horrio do final do expediente, quando muitos trabalhadores optam em assistir uma atividade cultural e artstica qualquer.

    Os estrangeirismos da lngua inglesa ganham forma, ainda, em muitos esportes, como "Motocross", "Rally", "Volleyball", "Bas-quetball", dentre tantos outros cujo uso se tornaram comuns, se transformando at em vocbulos da Lngua Portuguesa, como o "vo-leibol" e "basquetebol". Seja nas colunas sociais, seja na descrio de vrios esportes, o fato que a lngua inglesa, at por uma questo de imposio econmica e cultural, tende a ser tornar, a cada dia, esp-cie de segunda lngua dos brasileiros, embora uma substituio da Lngua Portuguesa pela inglesa seja, mesmo a longo prazo, um algo improvvel.

    O PROJETO DE ALDO REBELO

    O deputado federal Aldo Rebelo, do PC do B de So Paulo, preocupado com a problemtica da difuso de termos estrangeiros no uso dirio da Lngua Portuguesa e, de forma equivocada, prevendo a perda da identidade da lngua, apresentou projeto, em 99, j aprova-do na comisso de Educao da Cmara Federal, regulamentando a diminuio do uso de termos estrangeiros que, no seu entendimento, deve ser substitudo, sempre que possvel, por uma palavra em Por-tugus como forma de difundir e proteger a lngua me dos brasilei-ros.

    Dessa forma, ao invs de utilizar expresses como "delivery", que fica proibida pelo projeto, deve-se usar to somente "entrega em domiclio", conforme exemplificado antes. "Liras Lanches" sumiria e ficaria to somente "Lanche do Lira" e assim por diante. A propo-sio do parlamentar paulista difundir, em todos os nveis de co-nhecimento e ensino o uso da Lngua Portuguesa que, na sua avalia-o, estaria protegida das imposies econmicas e culturais norte-americanas, sobretudo.

    Em relao a normatizao do uso de termos estrangeiros na Lngua Portuguesa, diz o projeto de lei do deputado Aldo Rebelo, em

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    seu artigo 2, inciso VI: atualizar, com base em parecer da Academia Brasileira de Letras, as normas do Formulrio Ortogrfico, com vis-tas ao aportuguesamento e incluso de vocbulos de origem estran-geira no Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa. Para que tal propositura possa funcionar em sua plenitude, os meios de comuni-cao de massa, sobretudo a imprensa, devero colaborar de forma decisiva para a realizao prtica dos objetivos listados no referido projeto de lei.

    Como podemos observar, a mesma imprensa que de alguma forma ajuda a difundir termos estrangeiros, sobretudo de lngua in-glesa no pas, a mesma imprensa que o deputado comunista Aldo Rebelo quer ver ajudando no combate utilizao de tais termos. No apenas os meios de comunicao de massa devem se incluir neste processo mas, sobretudo, propagandas e veculos institucionais devem evitar, sob todos os aspectos, a utilizao de estrangeirismos na Lngua Portuguesa.

    O artigo que regulamenta o uso de palavras e expresses na Lngua Portuguesa o artigo 4, que diz:

    Todo e qualquer uso de palavra ou expresso em lngua estrangeira, ressalvados os casos excepcionais nesta lei e na sua regulamentao, se-r considerado lesivo ao patrimnio cultural brasileiro, punvel na forma da lei.

    Caso seja utilizado termos estrangeiros quando couber termos em Lngua Portuguesa ser considerado, pelo projeto, "prtica abusi-va" e danosa ao patrimnio cultural caso "a palavra ou a expresso em lngua estrangeira puder, de algum modo, descaracterizar ele-mento da cultura brasileira".

    As penalidades, ainda de acordo com a propositura do deputa-do, so danosas a quem desrespeitar o uso da lngua. O artigo 6 da lei prev:

    O descumprimento de qualquer disposio desta lei sujeita o infrator a sano administrativa, na forma de regulamentao, sem prejuzo das sanes de natureza civil, penal e das definidas em normas especficas, com multa no valor mil e trezentas a quatro mil ufirs, em caso de pessoa fsica e de quatro mil a treze mil ufirs em caso de pessoa jurdica.

    Como se v, a preocupao do parlamentar paulista no mui-to diferente dos parlamentares que, no incio do sculo passado, te-miam uma invaso de estrangeirismos franceses (e tambm ingleses)

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    e que estes pudessem substituir a prpria lngua portuguesa. O pro-fessor Manuel Pinto Ribeiro cita o caso do purista Castro Lopes, numa tentativa de reagir, assim como faz hoje a seu modo Aldo Re-belo, contra a invaso de estrangeirismos.

    Assim, a partir de um estudo chamado "Neologismos indis-pensveis e barbarismos dispensveis", Castro Lopes criou palavras que substitussem os estrangeirismos, considerados por ele como "vcios de raa". Assim, ao invs de turista, o termo "ludmbulo"; massagem seria substituda por "premagem"; j motorista seria sim-plesmente "cinesforo"; abajur seria "quebra-luz"; piquenique "con-vescote" e futebol passaria ser chamado, para evitar o tal estrangei-rismo, de "ludopdio".

    O professor Evanildo Bechara, em sua "Moderna Gramtica Portuguesa" alerta para o exagero de nacionalismo, embora conside-re fundamental o combate, at um certo ponto, da importao de es-trangeirismos. Diz ele pgina 599:

    O que se deve combater o excesso de importao de lnguas estran-geiras, mormente aquela desnecessria por se encontrarem no vernculo palavras e giros equivalentes. A introduo de uma palavra estrangeira para substituir uma verncula em geral se explica pela debilidade fun-cional da palavra ameaada de substituio.

    A IMPOSIO TECNOLGICA

    Como j frisamos em momentos anteriores, as mudanas tec-nolgicas proporcionaram o aparecimento de novos estrangeirismos, sobretudo da lngua inglesa, na vida cotidiana da sociedade brasilei-ra. Por ser tecnologia nova, como novos so tambm os termos em uso, muitas vezes terminam no ganhando uma traduo literal, pre-valecendo sua escrita no original em ingls, mas com uma significa-o mental "automtica" dentro do pas.

    O professor Manoel Ribeiro, acompanhando esta "modernida-de", fala de grandes corporaes internacionais com filiais no pas cujos funcionrios, brasileiros, terminam adotando um novo idioma, o "portuls" (mistura de portugus com o ingls). "Mixar portugus e termos tcnicos (sobretudo) em ingls parte da rotina de qualquer empresa com contatos no exterior". observa sagazmente:

    Uma funcionria de uma empresa informa que em vez de relatrios,

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    ela faz books. No calcula os gastos do cliente, analisa os spendings. No segue as ordens do chefe, mas head officer. Seu calendrio comea em january e termina em december.

    ainda o professor Ribeiro quem comenta que o Imprio Bri-tnico est morto, mas a lngua de Shakespeare, liderada pelos neo-colonizadores americanos, est cada vez mais em expanso. E esta expanso, segundo o professor, no se limita mais ao mundo dos ne-gcios somente, do entretenimento e dos novos modismos. O mais interessante notar nas suas afirmaes que "impulsionado pelas no-vas tecnologias, o ingls contamina as lnguas de todo o planeta, so-frendo adaptaes de acordo como idioma e os costumes locais". Por isso mesmo, a influncia do ingls na Lngua Nacional no um "privilgio" apenas do Brasil, mas faz parte de um processo de relei-tura e at de globalizao do mundo moderno, onde as "aldeias" ten-de a se comunicar atravs de um nico idioma. O que no significa dizer que nossa Lngua, assim como outras, desaparecer. Ao contr-rio, manter sua identidade assim como manteve h cerca de cem anos. Mas que as mudanas trazidas so latentes e delas devemos ti-rar proveito para o melhor uso de nossa prpria lngua, disso no h a menor dvida. At porque, devemos concordar com o professor Evanildo Bechara, que fala que o que deve ser combatido so os e-xageros das importaes.

    CONSIDERAES FINAIS

    Trabalho modesto, cuja inteno to somente dar uma singe-la contribuio ao escasso estudo sobre os estrangeirismos no Brasil. Nada que se possa comparar a estudos e reflexes de pensadores que h muito se debruam sobre problema to importante que a impor-tao de expresses idiomticas estrangeiras.

    Importao esta que, diga-se de passagem, no nenhum pri-vilgio dos brasileiros. Os prprios pases europeus, como Itlia e Alemanha, mostram-se extremamente preocupado com a nova de expresses da lngua inglesa em seus pases. Chegam a adotar medi-das drsticas para conter o excesso de palavras estrangeiras (leia-se inglesas), embora tais pases tambm sejam grandes exportadores de tais expresses.

    Nossa preocupao, entretanto, foi apenas com as palavras in-

  • 40

    glesas, visto que uma abordagem mais aprofundada sobre outros es-trangeirismos demandaria mais tempo do que o necessrio para a realizao deste pequeno objeto de avaliao chamado trabalho. De qualquer forma, fica como introduo para outros mais abrangentes e mais aprofundados no sentido de estudar, inclusive, a raiz do pro-blema: as razes culturais e polticas que levam uma sociedade a a-dotar termos e expresses que, inicialmente lhe parecem to estra-nhas, mas que logo so adotadas no cotidiano, familiarizando-se mesmo seu uso entre os mais jovens, estes sempre mais aptos e aber-tos em receber quaisquer tipos de novidades, principalmente no to-cante lngua.

    BIBLIOGRAFIA

    BECHARA, Evanildo. Moderna gramtica portuguesa. 37 ed. rev. e amp. Rio de Janeiro : Lucerna, 2000.

    JORNAL O Rio Branco. Rio Branco (AC), dezembro de 2000.

    PROJETO de Lei n 1676, de autoria do deputado federal Aldo Re-belo (PC do B) de So Paulo. Verso original, antes de aprovada na Comisso de Educao na Cmara Federal.

    RIBEIRO, Manoel Pinto. Nova gramtica aplicada da lngua portu-guesa. 11 ed. Rio de Janeiro : Metfora, 2000.

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    ESTRUTURA E FORMAO DE VOCBULOS EM PORTUGUS

    Almilene da Silva Freire (UFAC) Jos Tadeu Silva Arajo (UFAC)

    Gercineide Maia de Souza (UFAC) Ozias Moreira da Costa (UFAC)

    Rainise Pereira Lima (UFAC)

    INTRODUO

    O propsito deste trabalho compreender o processo em que o vocbulo, em Lngua Portuguesa, se realiza.

    Foram usados como fonte de pesquisa bibliogrfica, livros de autores conhecidos que j empreenderam atividades nessa rea, con-frontando-os com a linguagem acreana com suas caractersticas e vocabulrios prprio. Consideramos necessrio usar como base para esse texto o ponto-de-vista de autores como Vanildo Bechara, Joa-quim Mattoso Cmara Jr. e outros.

    ESTRUTURA E FORMAO DE VOCBULOS EM PORTUGUS

    O temo vocbulo procede do latin voz que significa a voz, no entanto para a boa compreenso desse trabalho poderemos usar tanto o termo vocbulo quanto simplesmente palavra.

    Reconhecemos, no entanto, que os dois termos tm entre si coincidncias tais a ponto de gerar grosso modo essa confuso. Para esse trabalho, porm, consideramos que toda palavra vocbu-lo, mas nem todo vocbulo palavra, isto , s no palavras os voc-bulos que apresentam significao lexical. H, portanto, dois tipos de vocbulos, o lexical e o gramatical. So lexicais os que representam idias e gramaticais os que no traduzem idias, mas, servem para estabelecer relaes entre as palavras.

    Para Evanildo Bechara (Bechara, 2000; 333) toda palavra de-ve ser classificada levando em conta trs prismas diferentes:

    a) o seu aspecto material, fnico;

  • 42

    b) a sua significao gramatical;

    c) a sua significao lexical.

    A palavra no pode ser observada, levando-se em considera-o somente a sua constituio formal, isto , considerando somente as letras ou os fonemas que a constituem. Para que os estudos morfo-lgicos dos vocbulos sejam feitos atravs de uma base rigorosa, necessrio atentarmos para as sua unidades mnimas significativas s quais denominam-se morfema:

    a) a palavra deve ser observada como significante ou expres-so material da lngua (falada ou escrita);

    b) a palavra se apresenta sob o seu aspecto formal, isto , de-ve ser observada segundo uma classificao morfolgica;

    c) observamos a palavra em relao a outra.

    Palavra e morfema

    Observamos que me portugus as palavras esto constitudas de uma base fnica e de duas formas semnticas, a gramatical e a le-xical. Essas unidades so conhecidas pelo nome tcnico de morfema.

    O que so morfemas?

    Morferma a unidade mnima dotada de significado que inte-gra a palavra.

    Tipos de Morfema na estrutura das palavras

    Quanto ao aspecto formal os morfemas podem ser considerados co-mo: Morfemas aditivos, substantivos, modificativos, zero, etc.

    I- So aditivos os morfemas representados pelos:

    1. prefixos-morfemas que se antepem a uma base lexical. Ex.: pre + viso = previso; previso + metro = permetro;

  • 43

    2. sufixos, interfixos e desinncias que se pospem a uma base lexical. Ex.: marcha + ar = marchar; geral + mente = geralmen-te;

    3. infixos que se inserem no interior da palavra. Ex.: repor + com = recompor.

    4. circunfixos que so chamados parassintticos, que tanto se antepem como se pospem base simultaneamente. Ex.: a + calma = acalma

    Existem tambm os:

    a) descontnuos (ou alternativos) que uma fragmentao pe-la intercalao de outros morfemas. Ex.: acudo acodes; bebo be-bes; todo tudo.

    b) reduplicativos onde h uma repetio da parte inicial das bases. Ex.: papai, vov etc.

    Os Morfemas substantivos so representados por

    1. Substantivo propriamente dito que uma subtrao de fo-nema do radical para exprimir uma indicao gramatical.

    2. Supressivos ex.: ano an; rfo rf.

    3. Abreviaturas: reduo da extenso da palavra, que passa a valer pelo todo. Ex.: PT (Partido dos Trabalhadores)

    Os Morfemas modificativos representados por

    1. Apofonia substituio de um fonema vocbulo pertencen-te a um radical do mesmo paradigma (flexional ou derivacional) por mudana do timbre para indicao de significado gramatical.

    2. Mettese quando ocorre mudana de slaba tnica.

    Morfemas

  • 44

    Alguns morfemas deixam de estar presentes nas palavras (au-sentes). Essa ausncia recebe a denominao de morfema .

    Ex. O plural em portugus marcado pelo morfema / s/ : casa / casas; jardim/ jardins. Palavras como lpis e simples que j carre-gam o morfema / s/ no singular no se modificam no plural. Dizemos ento que estas palavras esto sinalizadas pelo morfema .

    Classificao dos Morfemas

    Em portugus os Morfemas podem ser classificados em:

    Radical

    o elemento irredutvel e comum s palavras de uma mesma famlia. Na srie pedra, pedreiro, pedreira o segmento pedr o ra-dical, pois satisfaz as exigncias acima. A raiz da palavra tambm recebe a denominao de Semantena.

    Afixos: prefixos e sufixos.

    Chamam-se afixos os elementos que se juntam ao radical para mudar-lhe o sentido, acrescentar-lhe uma idia secundria ou ainda, mudar a classe gramatical do vocbulo. Ex.: Padre/ padreco (houve uma mudana de sentido); bom/ bondade (o adjetivo bom passou ao substantivo bondade). Os afixos ao radical denominam-se prefixos e os pspostos ao radical chama-se sufixos.

    So exemplos de prefixos: impossvel, desatar; superpor. E de sufixos: pequenino; dormitrio, espiritual.

    A diferena fundamental entre os prefixos e os sufixos, que, diferente do sufixo, o prefixo no contribui para a mudana de classe do radical. Se acrescentarmos ao adjetivo leal o sufixo dade, ele pas-sa a substantivo lealdade;o mesmo no ocorre se acrestarmos o pre-fixo des, o adjetivo leal passa a desleal, que tambm adjetivo.

    Desinncias

  • 45

    So os morfemas terminais das palavras variveis. Existem desinncias nominais, que encerram a idia de gnero e nmero, e as desinncias verbais que exprimem modo e tempo (modo-temporais) e indicam nmero e pessoa (nmero-pessoais).

    Tanto sufixos quanto as desinncias so morfemas terminais das palavras. No entanto, existem duas diferenas relevantes entre eles: a primeira que, as desinncias fazem a concordncia das pala-vras na frase:

    Os homens trabalhadores prosperam

    Os e trabalhadores concordam com o sujeito homens em g-nero e nmero; o sujeito homem e o verbo prosperam concordam em nmero e pessoa. Enquanto que os sufixos possibilitam a criao de novas palavras. Se acrescentarmos o sufixo eiro ao substantivo manga, teremos outro substantivo, mangueira; outra diferena que as desinncias so morfemas que no se pode dispensar toda forma verbal portuguesa est associada s noes modo e tempo e de nmero e pessoa.

    Com estas considerao, Valter Kehdi diz que o grau, ao con-trrio do que dizem muitas de nossas gramticas, no constitui um caso de flexo e que o substantivo flexiona-se apenas em gnero e nmero. Pois a expresso do grau no implica concordncia, no ha-vendo, portanto, obrigatoriedade do uso desse elemento em: casinha bonita, em vez de casinha poderamos dizer casa pequena. Sendo as-sim, a expresso de grau um caso de derivao prefixal.

    Desinncias nominais

    a) De gnero masculino , feminino a .

    Muitas gramticas consideram o o como marca de masculino em oposio ao a feminino. Mattoso Cmara diz que no existe de-sinncia de gnero masculino, ele considera o o, como vogal tem-tica;

    b) De nmero singular (ausncia de desinncia), plural -s.

  • 46

    Desinncias verbais

    a) nmero pessoal e b) Modo temporal

    1 P.S. passo -o = variante do presente do indicativo 2 P.S. -s passas 3 P.S. - passa 1 P.P mos passamos 2 P.P is passais 3P.P m passam Alomorfes (variantes) Pres. Ind.: 1 P.S. -o e 2 P.P -des. Pret. Perf. Ind. 1 P.S. -i, 2 P.S. -ste, 3 P.S. -u, 2 P.P -stes e 3 P.P. -ram Fut. Pres.: 1 P.S. -i e 3 P.P. -o/ -un. Fut. Subj./ Inf.: 2 P.S. -es, 2 P.P. -des e 3 P/P. -em. Imp. Afirm. 2 P.S. e 2 P.P. -i/ -de .

    Para o indicativo e para o subjuntivo

    So vogais colocadas entre o radical e a desinncia. Acrescen-tam-se ao radical para formar o tema da palavra. Tm a funo de marcar classes de nomes e de verbos.

    Presente: Pret. Imp.: (1 conj.), -va (-ve-, ama-va. (2 e 3 conj.), -ia- (-ie-), vendi-a, subi-a. pret. Perf.: (Para as cinco primeiras pessoas) (para a 3 P.P.) -ra- canta-ra-m. pret. M-q- pert.: -ra (-re-) tonos cantara. Fut. Do pres.: -ra (-re-) tnicos canta-rei. Fut. Do Pret.: -ria (-rie-), vende-ria. Presente: (1 conj.) e cant-e. (2 conj.) -a- vend-a, port-a. Imperfeito: -sse canta-sse Fut. / Inf.: -r-c-re-vend-e-r, part-i-r. Gerndio: ndo- parti-ndo Particpio: -do parti-do.

  • 47

    Vogais temticas nominais.

    O: livr-o, urs-o A: cart-a, cas-a E: mont-e, val-e.

    necessrio aqui diferenciar desinncia de vogal temtica. Para Valter Kehdi, o o e o a s sero desinncias, quando existir uma forma masculina e outra feminina para as palavras que as mes-mas encerram. Caso contrrio sero vogais temticas.

    Vogais temticas nominais

    1 configurao a- (and-a-r).

    2 configurao e (colh-e-r)

    3 configurao i- (part-i-r)

    Alomorfes (variantes)

    Vogais e consoantes de ligao

    So elementos sem significao, que ocorrem no interior do vocbulo para facilitar a pronncia ou por razes anlogas.

    * De a-: (-e) e (-o) na 1 e na 3 pessoa do singular do pret-

    rito perfeito do indicativo (and e-i), (and-o-u).

    De e-: (-i), no pretrito imperfeito do indicativo, na 1 pessoa do singular do pretrito perfeito do indicativo e no particpio passado (colh-i-a), (colh-i), (colh-i-do)

    Vogais de ligao

    As vogais temticas de portugus so apenas duas: /i/, que compe elementos de origem latina, e /o/, que compe elementos de origem grega. Ex.: facilidade _ fcil + i+ dade.

    * O /i/ e o ?o/ s sero vogais de ligao, quando poderem ser isolados como nos exemplos acima.

  • 48

    * Nas composies a partir de adjetivos terminados em io, o /i/ possui variante / e/, que servem para evitar a eufonia. o caso de: srio/ seriedade e prprio/ propriedade.

    Consoantes de ligao

    As consoantes de ligao mais freqentes so /z/ e l/ , que so observadas em palavras como: caf z al; capin-z al; pau-l ada e cha-l-eira. So raras as ocorrncias de outras vogais de ligao, como /g/ e /t/ que figuram em palavras como: mata-g- al e caf-t-eira.

    Processo de Formao de Palavras

    Derivao

    Cada lngua tem seus mecanismos de formao de palavras novas, uns at mais condensados do que outros. No caso especfico da lngua portuguesa, dentre vrios processos destacam-se a deriva-o e a composio.

    Limitemo-nos em primeiro plano analisamos a derivao, que segundo Bechara, esse procedimento consiste em formar palavras de outra primitiva por meio de afixos (*1) (moderna gramtica de ln-gua portuguesa: 2001, p. 357)

    Compreende-se assim que essa maneira de enriquecer o lxi-co, articula-se em torno das formas presas em posio anterior com os prefixos e posterior com os sufixos. Da a classificao em deri-vao sufixal e prefixal.

    Mattoso Cmara salienta que em portugus, os sufixos assu-mem funes diversificadas, as quais servem no para acrescentar a um semantema (* 2) uma idia acessria como a de grau e a de as-pecto, mas tambm para transpor uma palavra de uma classe para ou-tra. Observe: famoso. De forma; cantor de canto.

    Dentro desses lineamentos, h escritores que classificam o su-fixo em trs categorias: verbal quando concorre para a formao de verbos entarde(cer), namor(icar), relamp(ejar), etc. Nominal quan-do contribui para a produo de substantivo e adjetivos orelh(udo),

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    bel(ssimo); adverbial quando agrupa-se a outro vocbulo para for-mar advrbio, tais como: tri(eza), real (mente) (* 3).

    Vale lembrar que existem casos especiais em que o sufixo aparentemente aumentativo. Veja-se o que acontece nesta frase: Jo-o, traga-me por favor quele calo...!. Constata-se, no entanto, que o nome fixado no corresponde a cala grande.

    Acresce que os principais prefixos (*4) ocorridos em portu-gus so de procedncia latina ou grega. Do latim, tem-se por exem-plo, a- < ad (avizinhar), ben- ou bem- < bene (benfazer, bem- aven-turana), e do grego os vocbulos a acefalo etc.

    A propsito, considerada um problema para alguns estudiosos e soluo para outrem, a derivao parassindtica abolida pela NGB, constitui um processo formado por prefixao ou sufixao simult-nea. Exemplo: desalmado, inquebrvel, anoitecer.

    Quanto a derivao regressiva ou deverbal, esta se prope a formar palavras por analogia, pela subtrao de algum sufixo, dando a falsa impresso de serem vocbulos derivantes. Exemplo: lutar (lu-ta), embarcar (embarque). Assim afirma Bechara (2001, p. 370.)

    Insere-se tambm nesse processo, a reduplicao que um re-curso para criar palavra marcada pela expressividade. Consiste, en-tretanto, na repetio de uma vogal ou consoante. Exemplo: vov, cac, tique-taque, etc.

    Outro mecanismo muito limitado a abreviatura de alguns compostos formados por radicais gregos ou latinos. De cinematogr-fico, obtm-se a abreviatura cinema; automvel auto; motocicleta- moto etc.

    Jos Lemos revela em um de seus ensaios que na lngua por-tuguesa h infixo, circunfixos, interfixos. Alm dessas modalidades ainda acrescenta o infixo, o que contraria no s o pensamento do lingista Mattoso Cmara e do filsofo Bechara, mas de muitos es-tudiosos.

    A ttulo de ilustrao, note-se nos vocbulos esquec-i mento e grat- i- do, um elemento destitudo de significao, o qual une o radical a um infixo. Para tanto, esse fragmento que realiza a articula-

  • 50

    o entre a raiz de certos derivados o que Lemos classifica de inter-fixo.

    (* 1) Afixo um segmento fnico, o qual se incorpora a pala-vra ou radical, com a finalidade de criar outras palavras. Podendo modificar o sentido ou funo do vocbulo.

    (* 2) Semantema o elemento da palavra que expressa a sig-nificao externa.

    (* 3) H autores que consideram -mente, como nica forma verbal.

    (* 4) Diversos estudiosos incluem a prefixao no processo de composio. Mattoso Cmara, Coutinho Lemo, etc.

    Composio

    Na composio ocorre a formao de novas palavras, que in-clusive adquirem outro significado. Ex.: Guarda-chuva.

    E tambm na composio aparece ao menos dois radicais.

    Tipos de composio

    a) Por justaposio: se d quando dois vocbulos se unem formando um novo, sem que haja perda de elemento. Ex.: Couve-flor.

    b) Por aglutinao: a unio de dois radicais em que a palavra sofre alteraes. Ex.: Planalto.

    Uso de Hfen nos compostos

    Explicitaremos o assunto atravs da colocao de Celso Pedro Luft, no grande Manual de Ortografia Globo. Citado por Valter Keh-di:

    1- apresentar unidades semntica: a significao global deve ser diferente da significao individual dos elementos constitutivos.

  • 51

    Examine-se a ttulo de exemplo o contraste: mesa-redonda/ mesa re-donda;

    2- Ter conscincia dos elementos constitutivos que conservam a realizao prosdica normal dos fonemas e acentos. Note-se, por exemplo, os timbres diferentes do o nos contrastes: roda-gigante (com o o aberto)/ rodap (com o fechado);

    3- Serem formas livres os elementos componentes: ala/ p/ alapo (de ala e pe) (Kehdi, 37-38).

    claro na disposio dos termos compostos obedece uma se-qncia, na qual no pode ser inscrito outro elemento. Ex.: Honesto guarda-civil

    Guarda honesto civil

    certo que qualquer dos elementos constituintes do compos-to, no plausvel de substituio onde vier retirado do mesmo. Ex.: fazer auto-relevo

    Fazer alto Fazer relevo

    Sabe-se que os compostos tem formao sinttica que foge ao padro. Ex.: surdo-mudo (h uma juno de 2 substantivos sem o auxilio de uma conjuno).

    Entende-se que o composto exemplifica um s vocbulo.

    Ex.: Comprei um po-de-l Comprei um po.

    Estrutura dos nomes compostos

    H uma grande variao no que diz respeito a estrutura dos vocbulos em portugus.

    1- Substantivo + substantivo: me-ptria;

    2- Substantivo + preposio + substantivo: baba-de-moa

    3- Substantivo + adjetivo: belas-artes;

    4- Adjetivo + adjetivo: surdo-mudo;

    5- Pronome + substantivo: Nosso Senhor

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    6- Numeral + substantivo: trs-Marias

    7- advrbio + substantivo/ adjetivo/ verbo: benquerena/ sempre-vivas/ be querer.

    8- Verbo + substantivo: lana perfume;

    9- Verbo + (conjuno) + verbo: corre-corre/ leva-e-traz;

    10- Verbo + advrbio: pisa-mansinho;

    11- Um grupo de palavras ou uma frase inteira: Um Deus nos-acuda/ mais vale um toma do que dois darei (Kehdi , 42-43)

    BIBLIOGRAFIA

    BECHARA, Evanildo. Moderna gramtica portuguesa, 37 ed. Rio de Janeiro : Lucerna, 2000.

    CAMARA, Jr., Joaquim Mattoso. Estrutura da lngua portuguesa, 20 ed. Petrpolis : Vozes, 1991.

    MACAMBIRA, Jos Rebouas. Portugus estrutural. 2 ed. So Paulo : Pioneira, 1978

    RIBEIRO, Manoel Pinto. Nova gramtica da lngua portuguesa. 11 ed. Rio de Janeiro : Metfora, 2001.

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    EXERCCIOS DE MORFOSSINTAXE Albetiza Rodrigues Vieira (UFAC) Francisco Cludio Lopes (UFAC)

    Maria Aniceta Cacau Nunes (UFAC) Rosilda Maria Oliveira da Cunha (UFAC)

    Srgio Torres dos Santos (UFAC)

    INTRODUO

    Morfologia a parte da gramtica que se ocupa das palavras quanto sua estrutura e formao, bem como quanto s suas flexes e classificao, tendo em vista dois pontos de vista diferentes: sin-crnico estado atual, descritivo, ou diacrnico processo evoluti-vo, desde a mais antiga fase at os dias atuais.

    Sintaxe a parte da gramtica que se ocupa com a disposio, funo e relao das palavras nas frases; das frases nas oraes e das oraes nos perodos.

    Morfossintaxe o estudo das palavras nos aspectos morfol-gico e sinttico, simultaneamente.

    Objetivos gerais

    Enquanto alunos da disciplina morfossintaxe, que ocupa-se com as palavras tanto na rea morfolgica, quanto na sinttica, pre-tendemos com este trabalho, ampliar nossos conhecimentos referen-tes a esta parte da gramtica.

    nosso objetivo ainda, comprovar que, um mesmo vocbulo pode desempenhar funes variadas, dependendo de sua disposio, funo e relao dentro de uma frase, orao ou perodo.

    Objetivo especfico

    Considerando-se que as palavras desempenham diferentes funes e que estas so identificadas de acordo com a relao e dis-posio dos vocbulos nas oraes, procuraremos oferecer exerccios prticos sobre o assunto, visando compreenso das possibilidades

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    que as palavras nos oferecem para melhorar nossa produo e inter-pretao da linguagem.

    Justificativa

    Optamos por trabalhar com exerccios de morfossintaxe por ser uma atividade integrante do dia-a-dia de um falante, o que torna este assunto em um rico objeto de estudo, alm de nos possibilitar um maior conhecimento da lngua portuguesa.

    PRESSUPOSTOS TERICOS

    Vrias so as formas de estudar a norma culta da lngua por-tuguesa.

    Neste trabalho, o estudo est dividido em:

    1 Morfologia estudo das palavras. (restrito a classifica-o).

    2 Sintaxe estudo das funes sintticas desempenhadas pelos vocbulos dentro de uma estrutura.

    Para classificar um vocbulo existem trs critrios a serem seguidos.

    1 Semntico modo de significao (extralingstico ou in-tralingstico).

    2 Mrfico Caracterizao da estrutura da palavra.

    3 Sinttico ou funcional funo ou papel da palavra na orao.

    Quadro resumo das classes de vocbulos em portugus.

    Substantivo Palavra que funciona com o ncleo de uma ex-presso ou com o termo determinado, palavra formada por base lexi-cal mais morfemas gramaticais, palavra que designa os seres ou ob-jetos reais ou imaginrios.

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    Adjetivo Palavra que funciona como especificador do n-cleo de uma expresso (ao qual atribui um estado ou qualidade), pa-lavra formada por morfema lexical (base de significao) mais mor-femas gramaticais, palavra que especfica e caracteriza seres anima-dos ou inanimados reais ou imaginrios atribuindo-lhes estados ou qualidades.

    Pronome Palavra que substitui o ncleo ou funciona como termo determinante do ncleo de uma expresso, palavra formada unicamente por morfema gramatical, palavra que serve para designar as pessoas ou coisas, indicando-as (no nomeia as pessoas ou coisas nem as qualidades, aes, estados, quantidades, etc.). Pronomes: pes-soais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e rela-tivos.

    Artigo Palavra que funciona como termo determinante do ncleo de uma expresso, palavra formada unicamente por morfema gramatical (palavra varivel em gnero e nmero, palavra que define ou indefine o substantivo a que se refere (definido, indefinido).

    Numeral Palavra que funciona como especificador do n-cleo de uma expresso, ou como substituto desse mesmo ncleo. (numeral: substantivo, adjetivo), palavra formada unicamente por morfema gramatical, palavra que indica a quantidade dos seres, sua ordenao ou proporo (cardinal, ordinal, mltiplo, fracionrio, co-letivo).

    Verbo Palavra que funciona como ncleo de uma expresso ou como termo determinado, palavra formada por morfema lexical (base de significao) mais morfemas gramaticais, palavra que indi-ca um processo (aes, estados, passagem de um estado a outro). Processo verbal => fenmeno em desenvolvimento, com indicao temporal.

    Advrbio Palavra que funciona basicamente como determi-nante de um processo verbal, advrbios formados por morfema lexi-cal mais morfema gramatical. Advrbios formados apenas por mor-fema gramatical, palavra que especifica a significao de um proces-so verbal.

  • 56

    Funes sintticas das classes gramaticais

    Artigo: Sempre desempenhar a funo sinttica de adjunto ad-nominal.

    A floresta um lugar para se fazer uma festa?

    Substantivo: Exerce qualquer funo sinttica.

    1 sujeito: Os pais so dignos de amor.

    2 Objeto direto: Ana adora seus pais.

    3 Objeto indireto: Jlia gosta dos pais.

    4 Predicativo: Eles so meus pais.

    5 Complemento Nominal: Eles sentem saudades dos pais.

    6 Agente da passiva: Os filhos so amados pelos pais.

    7 Adjunto adverbial: Falou-se muito a respeito dos pais.

    8 Adjunto adnominal: Ela retornou casa dos pais.

    9 Aposto: Joo e Ana, pais do menino, viajaram.

    10 Vocativo: Pai, afasta de mim este clice.

    Adjetivo - O adjetivo funciona como adjunto adnominal ou pre-dicativo.

    O entusiasmo do professor chegou.

    O professor chegou entusiasmo.

    Pronome - O pronome adjetivo adjunto de um substantivo, por isso funciona como adjunto adnominal.

    O pronome substantivo exerce praticamente as mesmas fun-es do substantivo.

    Termos da orao

  • 57

    Os termos:

    Termo a palavra ou locuo consideradas como elementos funcionais da orao. Palavra ou grupo de palavras que participam da estrutura de uma orao, como um de seus constituintes.

    1 Termos essenciais: Sujeito

    Predicado

    Predicativo

    2 Termos integrantes: Complementos verbais + objeto direto e indireto.

    Complemento nominal + predicativo do sujeito e do objeto.

    Agente da passiva

    3 Termos acessrios: Adjunto adnominal

    Adjunto adverbial

    Aposto

    4 Termo Independente: Vocativo

    Termos essenciais

    Sujeito

    a) Conceito: O sujeito pode ser o termo sobre o qual se de-clara alguma coisa; o agente ou paciente da ao verbal e que invariavelmente concorda com o verbo.

    Aspectos Definio Exemplos Semntico o tema da orao complexa A vida humana Sinttico Relaciona-se ao verbo. O homem defende

    seus direitos Mrfico constitudo de um sintagma

    nominal A flor bela.

    1.1 Predicado

    a) Conceito: tudo o que declarado a respeito do sujeito ou, que se torna a expresso absoluta de um fato.

  • 58

    Aspectos Definio Exemplos Semntico Comunica uma informao

    sobre o sujeito A vida humana complexa.

    Sinttico Relaciona-se com o ncleo do sujeito.

    O homem defende seus direitos.

    Mrfico Organiza-se em torno do ver-bo

    As flores so belas.

    Predicativo

    a) Conceito: Qualidade ou condio atribuda ao sujeito ou ao objeto atravs de um verbo qualquer, especialmente um verbo de ligao.

    b) Classifica-se em:

    Predicativo do sujeito

    Atribui qualidade ou condio ao sujeito.

    Ex.: Ela ficou triste.

    Aspectos Definio Exemplos Semntico Informa estado do sujeito Ela ficou triste. Sinttico Refere-se ao sujeito. o

    ncleo do predicado nomi-nal ou um dos ncleos do predicado verbo-nominal

    Ela parece nervosa.

    Mrfico constitudo de adjetivo ou Grupo nominal

    O homem um ani-mal racional. Ele est preocupado.

    Predicativo do objeto.

    Atribui qualidade ou condio ao objeto.

    Ex.: Denise comprou jias carssimas.

    Aspectos Definio Exemplos Semntico Informa estado do objeto Acho sua roupa bonita.

  • 59

    atribudo pelo sujeito. Sinttico Refere-se ao objeto.

    um dos ncleos do predi-cado verbo-nominal.

    Julgaram-no inocente.

    Mrfico constitudo de adjetivo ou grupo nominal

    Acho sua proposta inde-cente. Ela um anjo.

    Termos integrantes

    a) Conceito

    Denominam-se termos integrantes aqueles que completam o sentido de determinadas estruturas.

    - Complementos verbais;

    - Complemento nominal;

    - Agente da passiva.

    Complementos verbais

    So os termos que complementam um verbo transitivo.

    b) Classificao

    Dependendo do tipo de verbo, o complemento verbal cha-mado objeto direto ou objeto indireto.

    Objeto direto

    Completa o sentido de um verbo transitivo, normalmente sem preposio, havendo casos especiais em que ele aparece preposicio-nado. Indica o ser para o qual se dirige a ao verbal.

    Ex.: Voc atravessou o rio.

    Terminei o trabalho.

  • 60

    O objeto direto pode vir representado tambm pelos prono-mes os, a, as, me, te, se, nos, e vos.

    Ex.: Entreguei o trabalho ao professor.

    Entreguei-o ao professor.

    Convidou-nos para a festa.

    H casos em que o objeto direto deve vir preposicionado. No porque o verbo assim o exija mas, por necessidades expressivas ou por razes morfossintticas.

    Ex.: Amava a todos sem distino.

    Objeto direto Pleonstico quando h uma repetio do objeto direto na mesma orao. Uma das formas sempre um pro-nome pessoal tono.

    Ex.: O presente guardei-o com carinho.

    Aspectos Definio Exemplos Semntico o alvo da ao do sujeito Terminei o trabalho. Sinttico Refere-se a um verbo transiti-

    vo direto Terminei o trabalho VTD OD

    Mrfico constitudo de um grupo nominal

    Terminei o trabalho.

    Objeto indireto

    o termo que completa o verbo transitivo indireto, com aux-lio de preposio. Indica o destinatrio ou beneficirio da ao, nos verbos transitivos diretos e indiretos. Nos transitivos indiretos pode ser substitudo por lhe.

    Ex.: Sonhei com voc esta noite.

    Resistiu ao mesmo tempo.

    O objeto indireto pode vir tambm representado pelos prono-mes me, te, se, nos e vos.

    Ex.: Pediram-me novas explicaes.

  • 61

    Objeto Indireto Pleonstico Repetio da funo sinttica dando nfase a um determinado significado dentro da orao.

    Ex.: A ela falou-lhe do seu amor.

    O objeto direto e indireto podem aparecer concomitantemente nas oraes, dependendo do verbo.

    Ex.: Se ele no te deu amor.

    OI OD

    O objeto indireto pode ser definido com base em trs aspec-tos:

    Aspectos Definio Exemplos Semntico o alvo (objeto) da a-

    o do sujeito Ele precisa de estmulos.

    Sinttico Refere-se a um verbo transitivo indireto

    Ele precisa de estmulos. VTI O IND

    Mrfico constit