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Movimentos Sociais na Democracia Representativa Brasileira Humberto Dantas [email protected] Cientista social, mestre e doutor em Ciência Política (USP) Superintendente da Fundação Mario Covas Coordenador de formação política – ALESP-OM-FKA Apresentador dos programa Despertar da Cidadania (Rede Canção Nova) Conselheiro do Movimento Voto Consciente e da Oficina Municipal Professor visitante do curso de GPP-USP (graduação e pós), da FAAP (graduação) e da LFG (pós-graduação)

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Page 1: Movimentos Sociais na Democracia Representativa Brasileira Humberto Dantas – hdantas@usp.brhdantas@usp.br Cientista social, mestre e doutor em Ciência

Movimentos Sociais na Democracia Representativa Brasileira

Humberto Dantas – [email protected]

• Cientista social, mestre e doutor em Ciência Política (USP)• Superintendente da Fundação Mario Covas• Coordenador de formação política – ALESP-OM-FKA• Apresentador dos programa Despertar da Cidadania (Rede

Canção Nova)• Conselheiro do Movimento Voto Consciente e da Oficina

Municipal• Professor visitante do curso de GPP-USP (graduação e pós), da

FAAP (graduação) e da LFG (pós-graduação)

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COMPROMISSO

Programa significativamente extenso: necessidade de realizarmos escolhas:

M1 - hoje Compreender o que estamos entendendo por democracia representativa Compreender o que estamos entendendo por cidadania Realizar uma reflexão sobre políticas sociais no paísM2 - hoje Realizar reflexão sobre a convergência desses temas e a participação social Compreender o que estamos chamando de movimentos sociais e popularesM3 - amanhã Compreender a história dessa movimentação no Brasil Compreender as características dessa participação no paísM4 - amanhã Compreender a história dessa participação no processo Constituinte - exemplo Compreender o conceito de terceiro setor e os canais de participação Compreender princípios essenciais do terceiro setor

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DEMOCRACIA

Princípios: Sociedade vive sob regras que tem a responsabilidade de construir Envolvimento, responsabilidade e representação / atuação

Pressupostos fundamentais na FILOSOFIA: Participação e Educação

Princípio cultural de acordo com Sartori (S) e Bobbio (B): Muda de acordo com a percepção histórica – valores (S) Muda de acordo com a percepção conjuntural – valores (S) Deve ser compreendido como bem cultural presente em distintas

arenas (B)

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DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

Democracia Representativa (século XVIII) Nasce com a necessidade de arrefecimento dos regimes

absolutos Nasce pautada na divisão dos poderes – legislativo se

sobressai Locke e Montesquieu – séculos XVII e XVIII Nasce pautada na idéia de “algo a perder” – questões

econômicas

Democracia representativa moderna Todos têm algo a perder – homens ao longo do século XIX Defesa do sufrágio universal – John Stuart Mill (século XIX) Inclusão da mulher no século XX – principalmente Sufrágio universal é o grande diferencial

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DEMOCRACIA REPRESENTATIVA MODERNA

Não basta o sufrágio universal

Necessários aspectos fundamentais (Robert Dahl) Liberdade de expressão / associação / adesão / apoio /

disputa Liberdade de imprensa – fontes alternativas de informação Eleições livres / diretas / resultados respeitados /

integridade Data pré-determinada para a realização da disputa Órgão neutro para a garantia da idoneidade

A despeito de tais questões: crise da representação

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DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

Continuum entre as formas DIRETA e REPRESENTATIVA Marcada por ferramentas tradicionais e inovações

Plebiscitos e referendos – presentes em todas as democracias Leis de iniciativa popular Conselhos Gestores de Políticas Públicas Inovações com processos constituintes Inovações como o Orçamento / Gestão / Legislação Transparência e controle social – “transferência de poder” Questão essencial: empowerment (demandas específicas)

Não deixa de contemplar a REPRESENTAÇÃO Exige mudança cultural ou cai nas mesmas armadilhas

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DEMOCRACIA

Diante do quadro apresentado:

Democracia exige compromisso dos cidadãos Compromisso coletivo ou individual? Novos canais, nova necessidade de organização Necessidade de a educação estar presente para consolidar Essa educação seria capaz de reforçar o COLETIVO? Mas ampliação da participação afastou a busca pela

educação - isso tem alguma justificativa?

A democracia é entendida como um compromisso entre partes – individuais ou coletivas? – essa é a GRANDE chave

Compromisso amplo nos coloca diante da discussão sobre CIDADANIA

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Cidadania

O que devemos lembrar acerca desse conceito:

CIDADANIA (T.H. Marshall)

Direitos civis (séc. XVIII) – permanente evolução e associado a liberdade essenciais.

Direitos políticos (séc. XIX) – evolução ao redor do mundo e associado à escolha de representação e participação eleitoral

Direitos sociais (séc. XX) – universalizados a partir do século XX com movimentos trabalhistas e ligados ao compartilhamento da herança pública – vamos ver

Educação e consciência – essência da participação social

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DIREITOS SOCIAIS

Direito de compartilhar a herança pública Sinônimo mais direto de qualidade de vida e bem-estar

social Inclui questões como: SAÚDE, educação, lazer,

segurança, direitos trabalhistas...

NO BRASIL: Artigos 6 a 11 da CF88 e Título VIII Da Ordem Social:

Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição

Artigos 194 a 232 – da seguridade social aos índios

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AssimEducação e consciência estão no CENTRO de dois conceitos

essenciais à consolidação da cidadania e da democracia;

Nesse sentido nos deparamos com uma questão essencial, que rompe com paradigmas do pensamento político clássico: não existe BEM universal, ou apenas uma forma de se fazer o “correto”

A diversidade nas formas de compreendermos a sociedade e consolidarmos direitos essenciais nos leva à necessidade de representarmos coletivamente esses desejos

Desejos representados indicam ]interpretações distintas da sociedade

Torna-se fortalecida a demanda por organização temática na sociedade – movimentos dos mais diferentes

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Fim – primeiro diaInício – segundo dia

Humberto Dantas

- Ontem definimos os conceitos de democracia representativa e cidadania e compreendemos a necessidade teórica da participação com uma série de exemplos da importância da educação e da consciência para o pleno funcionamento desses conceitos.

- A partir de agora vamos nos concentrar na história dos direitos sociais no Brasil, na definição de terceiro setor, no seu funcionamento no país e na dimensão da participação – movimentação social no país.

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DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL Até meados do século XIX não há divisão Igreja x Estado O Estado não tem como compromisso adotar políticas

públicas na área social de maneira ampla e a Igreja não universaliza

Direitos sociais vistos como benevolência ou dádiva Governo Vargas consolida direitos trabalhistas como

plataforma de legitimidade e pressão – considera algumas questões como a FOME um problema de saúde pública, mas oferta ações para trabalhadores urbanos

Ao longo do regime militar crises na educação (vestibulares 1968) e saúde (1974) aproximam políticas públicas do setor privado – sistema extremamente fraudulento e desqualificado

Movimentos surgem em pleno regime militar e reivindicam ações consistentes e universais na área social

Atingimos a universalização das políticas públicas na área social com a Constituição de 1988 - desafios

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DIREITOS SOCIAIS – NA PRÁTICA - ATUALMENTE

Situação social complexa Apenas 60% da população ocupada tem carteira assinada Salário mínimo é utilizado como medidor de pobreza 10% vivem com menos de R$ 30,00 (2005) Apenas 10% vivem com mais de R$ 1.700,00 (2005) Apenas 10% dos jovens de 17 e 24 anos chegam ao ensino

superior Cerca de 11% dos adultos são analfabetos Elevado índice de matrículas no EF, mas 75% de Analf.

funcional Saúde é política mais criticada e demandada nas cidades Ainda assim estabelecimentos x6 e população x2 - desafio Assistência social é praticada na forma de distribuição pura País de 8,5 milhões de km2 é assustadoramente heterogêneo Reflexão filosófica: uma CF precisa de um século

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Divisão social

O desafio para a reversão do quadro social no país é imenso e não tem caminho único. Assim, como destaca a ONU, a sociedade precisa se organizar e reivindicar suas demandas (cultura)

1 setor – público – sem fins lucrativos 2 setor – privado – com fins lucrativos 3 setor – privado – sem fins lucrativos

Sociedade civil organizada Temas de interesse comum Diferentes tipos de organização Graus distintos de reconhecimento Ações relevantes em “infinitas” áreas

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Participação

O grande desafio é, além de incorporar novos direitos aos já existentes, integrar cada vez um número maior de indivíduos ao gozo dos direitos reconhecidos.

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Participação no Brasil

Durante séculos associada a aspectos benevolentes e caritativos Associada à ação da IGREJA – sobretudo católica Movimentos revolucionários – clandestinidade Movimentos contrários – foram reprimidos historicamente desde o

Império Falta de cultura democrática Constituição de 1988 tenta alterar aspectos centrais Pesquisa IDESP de 1996 mostra diversificação

Pauta associada a momentos históricos (importante) IBGE mostra crescimento significativo ONU exige participação organizada como fenômeno capaz de

arrefecer mazelas Desafio cultural dos mais significativos

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IBGE: 2005-2008

Pesquisas periódicas com: organizações sociais; OSCIP’s; Fundações Mantidas com Recursos Privados; Filial, no Brasil de Fundação ou Associação Estrangeira; Organização Religiosa; Comunidade Indígena; e Outras Formas de Associação – em 10 anos (96-05) crescimento de 215% no total

338 mil organizações de acordo com os critérios: Sudeste, Nordeste e Sul concentram maior número delas, sendo que o SUL concentra quase o dobro da proporção em relação à sua população (23% contra 14% de pessoas) e o Norte metade (5 x 8)

Santa Catarina: 6,4% das organizações e 3,2% da população Preocupante: Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Pernambuco, Piaui 42% criadas entre 1991 e 2000 e 26% entre 2001 e 2005 (IDESP: pensar é muito fácil, criar é fácil, manter

é difícil e dar sustentabilidade é quase impossível - morre) Mas + de dois terços dos empregados estão nas organizações criadas entre 1970 e 1990 – características

operacionais e baixa adesão voluntária às causas múltiplas (CF88) – 1,7 milhão emprgds Temas (heterogeneidade na distribuição regional) – alguns exemplos:

24,8% religião – pré-80 17,8% desenvolvimento e defesa dos direitos (fantástico!) – explosão pós-88 17,4% associações patronais e profissionais (produtores rurais mais de dois terços) – pós-90 13,9% cultura e recreação 11,6% assistência social Meio ambiente menos de 1% (pós 92), saúde 1,3% (pré-90), educação-pesquisa 5,9%

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73% dos entrevistados não fazem parte de NADA

Fonte: AMB Vox Populi 09-2008 – Voto, eleições e corrupção eleitoral

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Participação Popular

Ação % de Participação

Igreja 19,6%

Voluntariado 19,1%

Assoc. Bairro 11,0%

Educação 9,6%

Esporte 7,4%

Manif. Pública 7,4%

Org. Profissionais 5,9%

Arte e Cultura 4,8%

ONG´s 4,5%

Partidos 3,2%

Gestão Pública 2,6%

Fonte: Movimento Voto Consciente – 1006 brasileiros – em seis capitais em jul-ago 2004

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Participação popularQuadro 1 - Adesão às formas de organização sócio-políticas

Esferas de participação Participo ativamente

Participo às vezes

Participava antigamente

Nunca participei

Não respondeu

Clubes esportivos ou academias 28,79 31,23 25,42 12,71 1,85

Entidades assistenciais 2,95 11,36 12,88 68,77 4,04

Fãs clubes 5,05 7,82 6,73 75,78 4,63

Grêmios estudantis 3,12 8,42 15,59 68,32 4,55

ONG ambiental 1,26 4,71 4,29 83,33 6,40

ONG política 0,42 3,29 2,27 86,18 7,83

Grupos Religiosos 13,64 15,66 22,05 44,78 3,87

Associações de bairro 0,76 3,71 2,53 86,77 6,23

Sindicatos 0,42 1,60 1,60 88,73 7,65

Partidos 0,34 1,60 1,85 89,40 6,81

Manifestações e passeatas 0,93 9,25 6,14 79,23 4,46

Reuniões de gestão participativa 1,26 4,30 3,20 83,24 8,00

Fonte: Instituto Valores e Movimento Voto Consciente – 1191 jovens – 13 escolas EM São Paulo - 2005

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Em contrapartida, lembremos: Associação (organização) é a principal alternativa para o fim da pobreza

no mundo (ONU relatório IDH 2002 – Democracia)

Liberdade de associação é pressuposto essencial do conceito de democracia (Robert Dahl)

A crise da democracia representativa encontra saída na participação organizada e novos formatos de atuação (Norberto Bobbio)

A participação dos movimentos sociais marcou a história do processo constituinte brasileiro (Francisco Whitaker)

Ações participativas no Brasil, como a atuação na formulação do orçamento, são utilizadas internacionalmente como exemplo (ONU)

A quantidade de informações orçamentárias que o poder público federal coloca na internet o credencia como o 8º país mais transparente do mundo (IBP)

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Processo Constituinte

O processo constituinte brasileiro é um BELO exemplo de interação entre a democracia representativa e os movimentos sociais

Movimentos de bairros nas décadas de 70 e 80

Movimentos sindicais durante o Regime Militar Participação ativa no processo Constituinte Possibilidade de envolvimento da sociedade

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Processo Constituinte

EXPERIÊNCIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA EXEMPLAR

DESEJO DE APROXIMAÇÃO DA SOCIEDADE COM O PODER APÓS O

AUTORITARISMO.

TRÊS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO:

BANCO DE DADOS DO SENADO – APOIO REDE GLOBO / CORREIOS – 72.719

CARTAS

REUNIÕES TEMÁTICAS EM BRASÍLIA – 400 ENCONTROS – 2.400 SUGESTÕES

POSSIBILIDADE DE EMENDAS AO ANTEPROJETO. EXIGÊNCIAS = 122 EMENDAS,

SENDO 83 DENTRO DOS PARÂMETROS.

TRÊS DELAS DEFENDIAM A PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PODER.

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Participação constituinte

AS TRÊS EMENDAS QUE SOLICITAVAM AMPLA PARTICIPAÇÃO:

EMENDA POPULAR 21 – SOLICITAÇÃO DE LEIS DE INICIATIVA E REFERENDOS QUE TORNASSEM

INTENSA A PARTICIPAÇÃO NO PODER LEGISLATIVO.

EMENDA POPULAR 22 – CRIAÇÃO DE UMA OUVIDORIA POPULAR QUE TIVESSE INFLUÊNCIA

DIRETA NA ATUAÇÃO DO GOVERNO.

EMENDA POPULAR 56 – O POVO DEVERIA SERVIR DE PRINCIPAL FONTE DE ALIMENTAÇÃO

LEGISLATIVA, ESTANDO PRESENTE NA CONSTRUÇÃO DAS LEIS.

A RESPOSTA DOS CONSTITUINTES:

PLEBISCITO – 1 SOBRE SISTEMAS POLÍTICOS

REFERENDO - 1 SOBRE DESARMAMENTO

LEI DE INICIATIVA POPULAR – 1 COM DIFICULDADES

CONSELHOS GESTORES DE POLÍTICAS PÚBLICAS

OUTROS VÁRIOS TEMAS FORAM CLASSIFICADOS

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Conselhos Gestores

Organismos necessários em uma série de áreas estratégicas de políticas sociais – legalmente

Presença temática municipal – representantes da sociedade Problema de cultura – participação – mais uma arena partidária

(em muito casos) Em contrapartida importante proponente de políticas essenciais –

grandes conquistas. Composição, requerida por lei, mas algumas cidades brasileiras

não possuem órgãos dessa natureza. Disseminação varia de acordo com o tema.

Saúde e assistência social: quase 100% das cidades em 2005. Educação, em 2006: 67,6% das cidades tinham conselhos Outros exemplos: 8% das cidades tinham conselhos de

segurança, 17,6% de habitação e 21% de cultura em 2005.

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Índice de Alienação Política

Dados do ESEB 2002 – UNICAMP mostram alienação dos brasileiros

Indicador baseado em interesse declarado por: noticiário, envolvimento social e envolvimento eleitoral

Cada resposta “SIM” valia 1 pt.

Máximo de 19 e mínimo de 0

Trabalho: Martins Jr e Dantas

67,70%

30,90%

1,30%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

0 a 6 pontos 8 a 14 pontos + de 15 pontos

0

2

4

6

8

10

12

14

Pontos - 0 a 19

% p

esso

as

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Participação – ESEB 2002

Valor %0 4,81 8,82 9,43 11,44 12,35 11,

56 9,57 6,98 7,59 5,2

10 4,911 2,312 1,713 1,314 1,115 0,316 0,717 0,218 0,119 0,0

Total 100Fonte: ESEB – MARTINS JR e DANTAS

Índice de Participação - IP

Baixo grau Alto grau

Têm muito interesse por política 4% 64%

Nome correto de algum deputado federal 17% 67%

Partido do presidente 34% 77%

Gosta de algum partido 43% 68%

Votaram na última eleição 87% 100%

Votariam caso o voto não fosse obrigatório 44% 87%

Fonte: Estudo Eleitoral Brasileiro - ESEB

Indicadores relacionados a política

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Teme algo pior que isso?

LEGISLATIVO

Nota de 0 a 10 às instituições listadas. Fonte: AMB 2008

Organizações com rigor hierárquico

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Aspectos culturais“Vocês não têm o direito de se meter nos negócios alheios” (carta anônima ao MVC sobre a Câmara Municipal de SP)

“A avaliação de vocês não serve para nada. Vocês não têm o direito de fazer esse tipo de avaliação” (deputado mal avaliado ao MVC)

“Vocês não têm o que fazer? São desocupados?” (vereador ao MVC)

“Vocês são os culpados pela minha não reeleição” (ex-deputado estadual de São Paulo ao MVC)

“Vocês estão exigindo de nós uma dedicação profissional” (vereador de São Paulo ao MVC)

“Essa nossa profissão é muito ingrata” (ex-senador durante CPI)

“O relatório final da CPI dos Sanguessugas propõe a extinção de repasses públicos para as organizações não-governamentais” (noticiário – G1 14-12-2006)

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Desafios para os movimentosSustentabilidade das ações

Obtenção de financiamento – primeiro, segundo e terceiro setores

Reconhecimento e envolvimento

Formação consistente de REDES sólidas

Alternância dos dirigentes e regras claras (transparência)

Capacidade de organização

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MUITO OBRIGADO!

Humberto Dantas

[email protected]

11-3887-3210

11-8115-3376