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Mulher & Mídia, Poder e Guerra Ideológica
Rachel Moreno
Não inventamos a roda
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Inglaterra, século XVIII: do (contra-)controle preventivo social, ao sequestro com vigilância (sec. XIX) → controle (e submissão) do tempo e do corpo.
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Observar/vigiar → conhecimento e ciências humanas → controle + eficiente e produtivo
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Estatizado? Privado? Irrelevante. Micro-poderes•
Poder e saber → trabalho → + valia, controle tempo, corpo, economia, vida
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Trabalho não-inerente ao homem, mas fruto desta estrutura de controle/pequenos poderes, que:
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sequestram
indivíduo p/ inclusão
→ normalização
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Se apropriam do tempo
→ disponível e produtivo•
Salário em decorrência necessidade flexibilização produção/demissão/readmissão•
Controle u$o –
não-festa nem greve, reduzir descanso •
Controle do corpo –
reformar/ corrigir/adquirir aptidões/qualificar p/trabalho etc. ↔
publicidade e consumo
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Será por isso que temem tanto o controle social? Será por isso confusão com censura?
O contexto, hoje
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Com fim taylorismo, trabalho terceirizado, individualizado, distante, isolado. Difícil organizar resistência.
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Necessidade estender controle –
colonização de corpos e mentes.
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Com Sociedade do Consumo + fase globalização capitalismo → monopólio, oligopólio → necessidade pasteurizar gostos, culturas e consumos
A mídia no contexto
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Ocupação do tempo de lazer e do espaço de informação
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A felicidade não-alcançada se transforma em ditadura do gozo
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Modelos de beleza e felicidade•
No ângulo que lhes convém: mulheres para os homens; mulheres para si
A roda
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Século XX –XXI
–
Produção de imagens positivas/ valorizadas → modelos de beleza, sucesso, felicidade, correção →formação da
ormação da subjetividade → valores, sonhos, aspiraçõesaspirações
super-egonômades
→
sibilidade seletiva: o que não se quer/não convémnão convém
ão se pode ignorarde ignorar
Pura seleção
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Mídia (e TV) não inventa comportamentos, tendências ou valores. Mas captura comportamentos e tendências, e decide a quais dar visibilidade, legitimidade, importância.
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A partir daí, produz apelos eficientes e valora estilos de vida.
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Captura fluxos nômades, desterritorializa, ressignifica. Para vender produtos, modelos de beleza, e promessa de felicidade
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Influência na formação da subjetividade –
a “janela para o mundo”, onde o que passa é socialmente sancionado.
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A seleção dos fatos, a versão deles, a qualificação do movimento
As mulheres –
um case
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Que mídia?
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Nos jornais e revistas “sérias”, só para vender (capa) ou rara matéria interna
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Nas revistas específicas –
para homens e mulheres•
Nas rádios e tvs.
Comunicação hoje
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Tendências opostas convivendo hoje, de maneira paradoxal:
1) Tendência à homogeneização e à centralização da produção da indústria cultural.2) Tendência afirmação diferenças, subjetividades e fragmentação.Identidades de gênero, étnicas e raciais, onde redefinição contornos dos domínios público e privado, político e doméstico, masculino e feminino
se redefinem
●
Consequentemente, implicações da mídia na construção de representações nacionais, na redefinição dos contornos dos espaços públicos e privados, e na articulação das representações das relações raciais e de gênero.
(Esther Hamburger)
Mídia e gênero●
Centralidade relações mídia e gênero
1-
Noção de cultura de massa surge como feminina (domínio privado da casa + temperamento “emocional e incontrolável”
da mulher). (Huyssen
–
est. Séc. XIX)Conseq.: exibição pública “expandiu”
universo “feminino”
2-
Dimensão necessária à
compreensão das maneiras contemporâneas de conceber a vida social e, particularmente, à
constituição da subjetividade (Laura Mulvey, Tania
Modleski, Nancy Fraser e Miriam Hansen)
3. TV é força privatizante, casa x rua, público e privado associado a masculino e feminino (trab. doméstico sempre mulher). EUA pós-guerra.4. Mulvey
considera que a televisão se apropriou das potencialidades redentoras do teatro e do melodrama literário francês do século XIX e as encapsulou-
ênfase na vida cotidiana orientada para a família, garantindo a reprodução
dos valores burgueses dominantes
5. Lynne
Joyrich
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melodrama, televisão e consumismo
As mulheres –
um case
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Presença e imagem seletiva:
–
Abundante na mídia televisiva, sempre focada de forma similar. –
Ausente nos espaços ditos “sérios”
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18% notícias tele-jornais •
Enquanto apresentadoras (formadoras de opinião), apenas e sempre jovens
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Raríssimas como “especialistas” –
Enquanto musas –
abundam
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Anunciam•
Vendem
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Vêm de brinde –
cerveja, carro etc.
Estereótipo, consumo, emoção
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A mulher não pensa –
“sente”, “acha”, chora, se emociona•
O mundo privado se amplifica, socializa, num ritmo, tempo e espaço que o torna vizinho e real –
a novela. Onde se vêem papéis,
valores e fins. •
A mulher-samambaia no espaço da revista
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A criminalização ou ridicularização
do movimento e demandas – mulheres campesinas, Marcha das Margaridas, datas e
manifestações, aborto etc.
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Faltam as demandas sociais e políticas–
Falta a problemática e a realidade atual
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Falta diversidade e falta a pluralidade, o contraditório
• Só em 2003, as brasileiras gastaram R$ 17 bilhões na compra de produtos cosméticos e de perfumaria.
• Uma ampla pesquisa realizada em dez países pela empresa Unilever (Etcoff, 2004) mostra que, dos países investigados, entre eles Estados Unidos, Inglaterra e França, o Brasil aparece como aquele em que as mulheres estão mais desconfortáveis consigo mesmas.
• O que as brasileiras declaram ver quando estão diante do espelho– Uma pessoa nada sexy .........................100%– Uma imagem pouco bonita ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,. 98%– Uma pessoa estressada ......................... 91%– Alguém que precisa de plástica ............... 54%– Uma silhueta meio gordinha ................... 51%– FONTE: ETCOFF (UNILEVER/DOVE, 2004).
• Dois terços Dois terços das mulheres no mundo, de quinze a sessenta anos, evitam atividades básicas da vida porque se sentem mal com sua aparência.
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Mais de 92% das garotas declaram que querem mudar pelo menos um aspecto da sua aparência.
Auto-estima das brasileiras
Que falem as imagens
O belo de cada século
Século II a.C.
148214821482
1482 1538
1863
1908 1952
A beleza de cada século
Propaganda e “responsabilidade social”
O uso & abuso
da imagem feminina
Banca de jornal
Out-door
Cinema Pornô
Revistas “masculinas”
Revistas femininas modernas
Cada centímetro do corpo
(In)visibilidade seletiva Negras, por exemplo
Invisibilidade e visibilidade
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Loiras e TV brasileira x francesa•
Sociedade de Consumo x Critério
Existência
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Zezé Motta & tecido out-door•
Ausência modelos e Auto-estima
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Mas...
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Propaganda Brasil (informação x ideal)•
Classe média negra crescente
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Nicho de Consumo interessante•
Interesse “Consumidor de Baixa Renda”
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Espaços privilegiados:–
Indústria cosmético (Brasil campeão)
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Cerveja–
Produtos de consumo popular
–
Produtos específicos–
Etc.
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Tendência crescimento –
onde há demanda, há que se atender.
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Reprodução/imposição modelos estética
Nicho de interesse crescente
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Mais conquistas na vida real do que mostra a pobre estereotipia
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Nichos e papéis restritos•
Doméstica
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A confidente•
Senzala
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Suspeito, bandido•
País x as novelas
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Um ou outro apresentador/a ... 45%?!•
Escassez de modelos infantis (super-heróis, apresentadores, figurantes)
A nível de programação
Nossas crianças...
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Crianças brasileiras são as que + vêem tv
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de obesidade a valores
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Crianças brasileiras são as mais precocemente sexualizadas... Gravidez adolescente surpreende?
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Assistem à programação adulta•
De babá eletrônica a objeto intermediário
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Fun-food, merchandising, obesidade e doenças correlatas•
A perversidade da exclusão: o tenis
de grife, o sabor do toddinho
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A competição desigual com a escola •
Ainda não separam o real da fantasia
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Absorvem os modelos e valores que a TV valoriza
Crianças brasileiras
Avanços e retrocessos
Reação à ditadura do peso
“Esqueça. A preferência dos homens nunca irá mudar.”
Modelos mortas por anorexia
Out-door
-
não à anorexia
A ação
nas ruas
O que queremosMecanismos de participação e Controle Público/social
Não estamos sós
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Observatórios dos meios LA:•
Anos 60 -70: críticas aos meios privados e teoria dependência•
80 –
olhar cultural e político, valorizando democracia e complexidade transformações mundo e meios. Cultura popular/de massa; tradição e modernidade
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90 –
busca nova ordem política, mas não questionamento essência modelo mercantil ante a crise socialismo
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Globalização nos reduz econômica e culturalmente →circulação produtos midiáticos internacionais
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Democracias internas posteriores aos regimes autoritários –
hoje análise oferta midiática produção nacional –
evidenciar falhas, incidência na melhoria•
Aplicação de novas tecnologias produtoras de informação, seus conflitos e comprometimentos, substituindo discussão política e social
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Uma vigilância social que cresce•
Crítica ao funcionamento meios sobre monopólios + função e poder na formação da opinião pública e cultura política
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Novas tecnologias não resultam necessariamente em melhoria da qualidade informação –
desinformação, desigualdade social e desarticulação, ausência de independência política
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Se reflete na (falta e viés de) (in)formação, noticiários, crianças, entretenimentos etc.•
Comunicação alternativa (opção pobres, mas contrapoder?)•
Associação perigosa política, meios e mercado•
Comunicação como direito de todos// visibilidade, antena, cidadania, pluralidade
Campanha Ética na TV
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Sempre que se dá voz à “audiência”, enxurrada manifestações, desmentindo a “passividade do espectador”.
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Do moralismo à crítica política, partindo do cotidiano•
Babá
eletrônica → objeto intermediário comunicação familiar →
hábitos audiência infantil (o sofá-colo) → melhorar a qualidade ou romper o ciclo?
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Critérios ética e estética•
Governo grande anunciante, mesmo em programas “baixaria” ... Critério audiência para evitar contestação...Si non é vero, é bene trovatto...? Ou podemos “trovare” critérios igualmente objetivos, mas socialmente mais refinados e justos?
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Ombusman,
Conselho Saúde e outros, Comissão Ética TV –
bom, mas queremos +
Que controle
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Controle social imagem •
como critério outorga, renovação ou suspensão•
Com participação social efetiva, eleita, com gênero e diversidade•
Aproveitando auto-regulamentação, ombudsman, Conselhos redefinidos•
E organismos capilarizadaos
constantes, frequentes --
mescla BBC com Orçamento Participativo.
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Que inclua controle conteúdo e critérios propaganda•
Propositiva –
pautas, forma etc. •
Publicidade sujeita a critérios e limites
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Contra propaganda infantil e critérios a mais para jovens e adolescentes•
Rever critérios álcool•
Rever imagens e valores x informação•
Direito de antena
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Porque só horário partidos políticos?•
Condições ($ e técnicas) para produção•
Espaço veiculação amplo e nobre
Nosso sonho
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Ainda a formatar melhor
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Não só Conselho(s), mas mais enraizado população
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Referências a considerar –
BBC –
núcleos pesquisa periódica (semanal) & programação
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Orçamento Participativo
Pelo Controle Social da Mídia
programação, imagem, publicidade, diversidade,
pluralidade, direito de antena
Obrigada!