museus como agentes de mudança social

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  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    1/26

    M RI C RISTIN OLIVEIR RUNO

    KÁT I REG IN FEL lP IN I NEVES

     oorden dor s

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    2/26

    M R I C R I S T I N O L I V E I R R U N O

    K Á T l R E G I N F E L l P I N I N E V E S

    Coordenadoras

    ili

      X

    USEU E ROUEOLOGI E XINGÓ

    S D E F E D E R L D E S E R G IP E

    P E T R O R S

    C H E S F

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    3/26

    A p r e s e n t a ç ã o

     

    P R I M E I R A P A R T E : C O N C E I T O S  T R A J E T Ó R IA SE M U D A N Ç A S

    1 M u s e u s e D e s e n v o l v i m e n t o L o c a l : u m b a l a n ç o c r í t i c o 1 1

    Huçhes de Varine Bohan

    Consultor

    Internectonal

    sobre Desenvolvimento Local

    2 M u d a n ç a S o c ia l e D e s e n v o lv i m e n t o n o P e n s a m e n t o d a M u s e ó lo g a

    W a l d i s a R ú s s i o C a m a r g o G u a r n i e r i : t e x t o s e c o n t e x t o s 2 1

    Maria Cristina Oliveira Bruno

    Museu de   rqueoloçie e Btnoloçia MAE/llSP

    Andrea Matos Fonseca

      á tí ReS2inaFelipini Neves

    Curso de Especialização em Museoloçia CEMMAE/llSP

    3

    A R a d i o s a A v e n t u r a d o s M u s e u s 4 1

    Mário de Souza Chagas

    llntversidede Federal do RÍo de Janeiro   UnÍRÍo/

    Departamento de Museus e Centros Culturets do Iphan

    4 A s O n d a s d o P e n s a m e n t o M u s e o l ó g i c o : b a l a n ç o s o b r e a p r o d u ç ã o b r a s i l e i r a 5 3

    Manuelina Maria Duarte Cândido

    Museu da Imaçem e do Som   MIS/CE

    5 Q u e P u e d e H a c e r Ia A r q u i t e c t u r a p o r l o s M u s e o s ? 7 3

    Juan Carlos Rico

    EI Centro

    Superior

    de Arquitecture de Medrid

    6 E v a l u a c i ó n e n M u s e o s

    y

    D e s e n v o l v i m i e n t o S o c i a l :

    p r e s u p u e s t o s t é o r i c o s

    y

    m e t o d o l ó g i c o s 9 1

    Felipe Tirado Seçura

    llniversidede Autónoma de México   UNAM

     

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    4/26

    S E G U N D A P A R T E : E X P E R IÊ N C I A S P R O P O S T A SE P E R S P E C T I V A S

    1 A c e s s i b i l i d a d e In c lu s ã o S o c i a l e P o lí t i c a s P ú b l i c a s :

    u m a p r o p o s t a p a r a o E s t a d o d e S ã o P a u l o

    Amanda Pinto da Fonseca Tojal

    Pinacoteca do Estado de São Paulo

    1 1 5

    2 P a r t i c i p a ç ã o e Q u a l i d a d e e m M u s e u s :

    o c a s o d o M u s e u d o T r a b a l h o M ic h e l G ia c o m e t t i

    Isabel Victor

    Museu do Trabalho Michel Giacometti

      7

    3 M u s e u s E x p o s iç õ e s e Id e n t i d a d e s : o s d e s a f i o s d o t r a t a m e n t o

    m u s e o l ó g i c o d o p a t r i m ô n i o a f r o b r a s i l e ir o

      Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha

    Universidade Federal da Bahia UFBA/ Museu

      iro Brasileiro

    1 5 7

      O M u s e u d o s P o v o s In d íg e n a s d o O ia p o q u e K u a h í:

    g e s tã o d o p a t r i m ô n io c u l t u r a l p e l o s p o v o s i n d íg e n a s d o O i a p o q u e A m a p á

    Lux Boelitz Vidal

    Universidade de São Paulo USP

      7

    5 M e m ó r i a e M o v i m e n t o s S o c i a i s : o c a s o d a M a r é

    Cláudia Rase Ribeiro da Silva

    Museu da Maré Rio de Janeiro

      8

    M e m o r i a l d a R e s i s t ê n c i a : p e r s p e c t i v a s i n t e r d i s c ip l i n a r e s

    d e u m p r o g r a m a m u s e o ló g i c o

    Maria Cristina Oliveira Bruno

    Museu de

      rqueoloçta

    e Iitnoioçia  MAE/USP

    Maria Luíza Tucci Carneiro

    Universidade de São Paulo USP

    Gabriela Aidar

    Pinacoteca do Estado de São Paulo

    1 9 5

    P e r f i l d o s A u t o r e s

      5

    fi

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    5/26

    Segunda parte

    E X P E R IÊ N C IA S , P R O P O S T A S E P E R S P E C T IV A S

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    6/26

    A c e s s i b i l i d a d e I n c l u s ã o S o c i a l e

    P o l í t i c a s P ú b l i c a s :

    u m a p r o p o s t a p a r a o E s t a d o d e S ã o P a u l o

    • M ND PINTO D FONSE TOJ L

      N T R O U Ç Ã O

    Sés; undo a Orçanízação Mundial de Saúde (OMS)

    10

    da população mundial

    apreentam als; um tipo de deficiência. o que representa aproximadamente 610

    lI, ôe s de pessoas com deficiência no mundo. das quais 386 mtlhôes fazem

    pa~ a população economicamente ativa e 80 do total dessas pessoas vivem

    em países em desenvolvimento.

    No Brasil. dados estatísticos apurados pelo Censo Demoqráfíco do ano de

    2000.

    realizado pelo Instituto Brasileiro de Geoçrafía e Estatística (IBGE). ates-

    tam a existência de 24,5

    mtlhôes

    de pessoas cadastradas portadoras de alçum

    tipo de deficiência (portadores de deficiências físicas. motoras. mentais. auditi-

    vas e visuais). numa população s; eralde 169.799.170 habitantes o equivalente a

    14,5% da população brasileira.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

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    ria I dessas pessoas com o patrimônio cultu-

    ral presente nessas instituições.

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    Os dados do Censo Dernoçráfíco mostram

    também que. no total de casos declarados de

    portadores de deficiências. 8.3% possuem

    deficiência mental. 4.1

     

    deficiência física'.

    16.7% deficiência auditiva. 22.9% deficiência

    motora  e 48.1%deficiência visual. Entre 16,5

    milhões

    de pessoas com deficiência visual.

    159.824 são incapazes de enxergar; e. entre os

    5.

    7

    milhões

    de brasileiros com deficiência

    auditiva. 176.067 não ouvem.

    Trata-se. portanto. de um universo expres-

    sivo de pessoas com deficiências. as:;travado

    pelo fato de o Brasil estar entre os países com

    os maiores índices de acidentes de trabalho

    e de violência urbana. o que amplia síqnífí-

    catívarnente o número. principalmente de

    indivíduos jovens com essas características.

    Dentro desse quadro de referências. o

    mu-

    seu.

    como instituição pública. deve ter como

    objetivo não somente a preservação do pa-

    trimônio cultural nele abríqado, como tam-

    bém o importante papel de promover ações

    culturais enfocando o seu potencial educa-

    cional e de inclusão social. atuando como

    as:;tentede conhecimento e fruição do patri-

    mônio histórico. auto-reconhecimento e

    afirmação da identidade cultural de todos os

    cidadãos. independentemente de suas diver-

    sidades.

    Nessa perspectiva. o conhecimento e a

    fruição do objeto cultural. presente nos mu-

    seus. sequndo uma

    visão democrática e

    multicultural. deve contemplar todos os pú-

    blicos. sem distinções. o que especificamente

    para os

    públicos especiais

    (pessoas com limi-

    tações sensoriais. físicas ou mentais) exíçe

    uma série de adaptações. tanto físicas (aces-

    sibilidade arquitetônica e expoçráfíca) como

    sensoriais (comunicação. apreensão espacial

    e estética do objeto cultural). além de um

    proçrama de ação educetive especializada.

    cujo trabalho de mediação seja realizado

    por um açente facilitador que proporcione

    uma melhor compreensão e

    vívêncía

    senso-

    Como assinala Aidar (2002. p. 60).  em ter-

    mos

    ideolóçicos 

    as instituições devem mo-

    ver-se na direção do reconhecimento da

    idéia de que elas têm um papel a contribuir

    para a is:;tualdadesocial. para o fortalecimen-

    to de indivíduos e s:;truposem desvantaçern, e

    para o incremento de processos democráti-

    cos dentro da sociedade. 

    Todos esses temas. porém. não podem ser

    concebidos de forma isolada. mas. ao con-

    trário. devem ser pensados a partir de uma

    politice cultural

    que tome por paradíçma as

    concepções

    m

    useoioçicas

    contemporâneas.

    Tais concepções compreendem. além das

    funções tradicionais (pesquisar. preservar e

    comunicar). o conceito da

    responsabilidade

    social.

    exíqíndo

    ações

    interdisciplinares que

    envolvam todas as áreas dessas instituições.

    o que no caso da freqüência de públicos es-

    peciais demandará a participação de

    todas

    as instâncias do museu -

    um processo demo-

    crático que reúna além das áreas de traba-

    lho. os profissionais nela envolvidos incluin-

    do também a comunidade em s:;teral.

    Essa compreensão vem. portanto. se con-

    trapor a uma

    visão em que as ações

    educetivas aparecem dissociedas do proces-

    so

    museolôçtco.

    visão esta ainda presente

    em s:;trande parte dos museus. exposições

    temporárias de s:;trandeporte e outras institui-

    ções culturais brasileiras. o que. conseqüen-

    temente. passa a se refletir diretamente na

    concepção. realização e continuidade de

    projetos educatívos dessa natureza.

    Em razão. portanto. da sua fraçilidade, os

    projetos educativos realizados a partir dessa

    concepção e sem o respaldo de uma política

    cultural que efetive e promova permanente-

    mente um proçrarna educatívo estruturado.

    restrínçem-se a atendimentos superficiais ao

    público visitante. descaracterizando a sua

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    8/26

     

    CESSIBILID DE INCLUSÃO SOCI L E POLíTIC S PÚBLIC S

    verdadeira função sócio-cultural e revelan-

    do apenas um caráter temporário e com in-

    teresses muitas vezes apenas promocionais,

    sendo a locução

    responsabitidade

    social

    também apropriada de forma indevida.

    Estender, pois, um projeto de acessibilida-

    de a todas as instâncias museoláçtcas, visan-

    do um trabalho mais substancial e coletivo

    do museu para essa importante parcela da

    sociedade materializa um objetivo que exige

    uma politica cultural na forma de politicas

    públicas que efetivamente possam conceber

    e implantar um trabalho permanente de

    acessibilidade e ação cultural para esse pú-

    blico especial, já que o conceito de inclusão

    social

    compreende todos os espaços públi-

    cos, o que confere a uma instituição como o

    museu uma função

    eminentemente social

    evidenciando sua responsabilidade com o

    patrimônio msterisl e imatertal por ela pre-

    servado e disponibilizado à sociedade.

    M U S E U E IN C L U SÃ O S O C IA L

    Para iniciar uma reflexão sobre este tema,

    cumpre primeiramente pontuar alguns pres-

    supostos determinados pela cultura que di-

    zem respeito ao seu importante papel para o

    reconhecimento de um povo.

    A cultura tem como princípio possibilitar

    tanto o reconhecimento da Identidade de

    um povo ou nação como também possibili-

    tar o reconhecimento

    da sua diterençe -

    de

    quem somos frente à diversidade do outro -

    isto posto, não pode atualmente ser entendi-

    da senão como territorio da diversidade.

    Assim, o seu reconhecimento e a sua prá-

    tica são fatores positivos que conduzem a

    uma maior abertura para a compreensão do

    outro e a sua relação com a natureza o que,

    conseqüentemente, possibilitará melhores

    relações de tolerância entre os homens e

    uma maior harmonia com o meio ambiente.

    Por outro lado, a incompreensão desses

    fatores frente às diferenças culturais é fre-

    qüentemente a causa de enfrentamentos, vi-

    olência e guerras, muitas vezes justificados

    apenas por razões sociais, econômicas ou

    geopolíticas, subestimando os fatores cultu-

    rais.

    A atividade cultural é ínteçradora. am-

    plia a capacidade humana de percepção e

    de inserção social, desenvolve o espírito

    crítico e a cidadania, é matéria-prima dos

    sonhos e da memória. No afã de atender às

    demandas humanas, alimenta-se da utopia

    que, por sua vez, impulsiona a criatividade

    e a inovação, podendo tornar-se economi-

    camente expressiva e desempenhar seu pa-

    pel decisivo na geração de riqueza e em-

    pregos.

    A cultura na sociedade contemporânea

    se define, acima de tudo, pela pluralidade e

    pela

    diversidade

    de aspectos e

    interiaces.

    compreendendo-se essa dinâmica aberta às

    transformações e à incorporação constante

    de novos valores.

    Toda essa multiplicidade de manifesta-

    ções culturais, desde que adequadamente

    apresentadas, pode influir positivamente

    para um melhor reconhecimento da cultura

    tanto do passado como da atualidade, bem

    como possibilitar ao fruidor uma melhor

    convivência e confrontação com as produ-

    ções culturais inovadoras e com as rupturas

    próprias das novas linguagens, abrindo um

    importante espaço para o estímulo à sua

    própria produção.

    Por isso, cumpre às poiiticas púbticas. ao

    reconhecerem as múltiplas potencialidedes

    da cultura, dar condições e infra-estrutura

    para atender toda a cadeia de produção, cir-

    culação, difusão e consumo de bens cultu-

    rais, permitindo a todo cidadão a ampliação

    e

    fruíção

    de bens simbólicos, como também

    o acesso a sua produção.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    9/26

    de apoio) como também

    as áreas de pesqui-

    sa, documentação e conservação.

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    Outro aspecto relevante para o

    desenvol-

    vimento e a aplicação de poIfticas culturais

    é o que diz respeito às formas de acesso à

    cultura por seus cidadãos.

    Sabendo que os bens culturais são produ-

    tos do conhecimento, o principal obstáculo

    à

    íruíção

    das diferentes manifestações cultu-

    rais é de natureza simbólica, isto é, um

    códí-

    lJo que necessita de uma alfabetização para

    ser reconhecido ou revelado.' Sendo assim,

    cabe às poIfticas públicas prever investimen-

    tos para a ampliação do repertório cultural

    dos mais diversos setores da população, in-

    vestimentos estes que só serão viabilizados

    com o estabelecimento de parcerias tanto

    com orçâos educacionais como também

    com outras instituições públicas e privadas.

    Trazendo estas questões para o universo

    da

    museoioçia,

    resta evidente o importante

    papel que a

    instituição cultural museu

    de-

    sempenha na ampliação do repertório cul-

    tural dos cidadãos, já que a ela é conferida

    a importante função de adquirir, preservar,

    documentar e comunicar os bens culturais,

    muitos deles deslocados de seu espaço

    orí-

    lJinaI.

    Aos museus, bem como a todas as institui-

    ções culturais, cabe também estar em

    sintonia com o pensamento contemporâneo

    de respeito e reconhecimento da diversida-

    de cultural e social trabalhando a favor não

    somente da comunicação de seus objetos

    culturais,

    sob um ponto de vista

    multicultural. como também contribuindo

    para a democratização cultural por meio

    dos processos de incJusão social

    Dessa forma, a incJusão social aplicada à

    prática

    museolóqíca

    deve conter um foco

    Interdisciplinar

    abrançendo todas as áreas

    de trabalho dessa instituição, o que envolve-

    ria os aspectos educacionais e museoçráti-

    cos (compreendendo desde concepção da

    exposição até os recursos comunicacionais

    Por outro lado, ao adotar-se um

    psrediçma inclusivo para a política cultural

    de um museu, há de se levar em conta a ne-

    cessidade de um redimensionamento de

    suas práticas

    museolóçícas,

    o que, na visão

    de Aidar (2002, p. 60), representa a adoção

    de um posicionamento crítico em relação a

    elas. o que silJnifica não tomá-Ias como da-

    das ou neutras mesmo aquelas que costu-

    mam ser consideradas assim. como as de

    documentação e conservação. Paralelamen-

    te, os museus deveriam promover uma de-

    mocratização interna. evitando as

    ríqídas

    hi-

    erarquias de poder e permitindo que diver-

    sos setores da profissão e do público partici-

    pem e tenham voz nos processos de tomadas

    de decisões.

    Deve-se levar em consideração que as

    afirmações antes apresentadas ampliam as

    responsabilidades sociais que a princípio po-

    diam parecer restritas à área de ação

    educetiva do museu.

    Partindo do princípio de que ao setor

    educativo

    compete maior parcela de res-

    ponsabilidade acerca das demandas sociais

    nessa instituição. é importante ressaltar que

    as ações previstas para essa área. mesmo sen-

    do de crucial importância para a incJusão

    social. não podem ficar restritas às questões

    de ampliação da freqüência de diferentes ti-

    pos de públicos. tarefa esta que conduz à for-

    mulação de estratégias que requeiram. entre

    outras, a eliminação de barreiras para o seu

    acesso. como as barreiras físicas. sensoriais.

    financeiras, atitudinais e intelectuais. bem

    como a importante tarefa de criar. preferen-

    cialmente por meio de parcerias, um envol-

    vimento desses públicos com essas institui-

    ções.

    Importa. pois. acrescentar a essa impor-

    tante tarefa - a da incJusão social por meio

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    10/26

     

    CESSIBILID DE INCLUSÃO SOCI L E POLíTIC S PÚBLIC S

    das ações educetivas -

    para além de uma

    maior acessibilidade às instituições culturais.

    o desenvolvimento de

    ações culturais

    que

    tenham tanto

    um impacto político, social e

    econômico.

    'A inclusão social em institui-

    ções culturais deve ser compreendida como

    um passo além do trabalho de desenvolvi-

    mento de públicos. buscando ampliar suas

    atribuições e implicações sociais ao provo-

    car mudanças qualitativas no cotidiano dos

    S2ruposenvolvidos.   (Aidar.

    2003.

    p.

    6)

    Nesse sentido. a concepção de uma

    polí-

    tica cultural para o museu. cujo pensamento

    ideolóqíco inclui. além das suas

    funções tra-

    dicionais. o

    da

    responsebihdede

    sociel. im-

    plicará respectivamente em

    ações interdisci-

    plinares envolvendo todas as outras áreas de

    atuação como. por exemplo. as de f/erencia-

    mento de coleções, pesquisa e documenta-

    ção.

    que dentro desta concepção. poderiam

    estar mais abertas à

    participação de diferen-

    tes çnspos sociais

    dispostos também a dar a

    sua contribuição nos processos de aquisição.

    seleção e complementação de pesquisas so-

    bre os objetos.

    A pesquisa e a comunicação museoloçica

    deveriam se preocupar também em

    ampliar

    a sua rede de informação

    acerca do patrimô-

    nio pertencente a sua instituição. adaptando

    os conteúdos apresentados aos diversos tipos

    de públicos. permitindo. dessa forma. que

    um maior S2rupo de pessoas tenha

    acesso

    a

    essas informações.

    Outro exemplo de atuação

    Interdiscipli-

    nar pode ser demonstrado no campo da

    conservação.

    muito embora nele viS20reuma

    contradição. pois. como observa Aidar

    (2002.

    p. 61). uma de suas tarefas é a de esta-

    belecer barreiras protetoras entre os objetos

    e o público. Para responder a isso. poderiam

    ser desenvolvidas alternativas para o uso

    controlado e supervisionado de certos obje-

    tos. em contraponto à oposição neqatíva do

    não toque. normalmente adotada em mu-

    seus. Em termos pedaqóçícos, procedimen-

    tos de conservação utilizados em museus e

    explicitados poderiam ajudar a promover

    nos públicos visitantes uma consciência do

    papel e importância da preservação.

    Do mesmo modo. o

    papel do curador

    também deveria ser redimensionado. substi-

    tuindo sua posição de autoridade definitiva

    para a de

    um papel mais

    Ilexivel permitindo

    a participação e contribuição de profissio-

    nais de outras áreas do museu.

    principal-

    mente no que diz respeito às preocupações

    pedaçóçícas de mediação e acessibilidade

    dos diversos tipos de públicos. para as quais

    a

    parceria comparti/hada com os educado-

    res dessas tnstttuiçôes

    torna-se fundamental.

    Dessa forma. ao se filiar a essa visão con-

    temporânea da museoioçia

    o museu e outras

    instituições culturais terão não somente a

    consciência de

    seu importante papel

    social:

    mas também a oportunidade de

    refletir

    sobre

    as suas próprias

    práticas   repensando perma-

    nentemente a sua condição de instituições

    públicas. fator este diferencial em relação à

    concepções museotáçicas tradicionais,

    que

    restnnqíarn esses espaços de cultura a sim-

    ples depositários da história. da tradição e da

    preservação de seus objetos.

    P L A N E J A M E N T O D E P O L íT IC A S P Ú B L IC A S D E

    IN C L U S Ã O D E P Ú B L IC O S E S P E C IA IS E M

    M U S E U S D O E S T A D O D E S Ã O P A U L O

    Isto posto. cumpre discutir. mesmo que ra-

    pidamente. uma experiência prática. Trata-

    se. assim. de examinar a metodoloçía aplica-

    da durante o desenvolvimento da pesquisa

    da tese da referida autora com o objetivo de

    avaliar

    proçramas

    de

    acessibilidade

    e ação

    educativa inclusiva instrumentalizados por

    meio de questionários aplicados em museus

    do interior de São Paulo pertencentes ao

    Sis-

    tema de Museus do Estado.

    vinculados à

    Uni-

    dade de Preservação do Patrimônio Museo-

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    11/26

    AMANDA

    PINTO

    DA FONSECA TOJAL

    IÓf Íco (UPPM) da Secretaria de Estado da

    Cultura.

    o

    estudo de

    quatro casos.

    incluindo a aná-

    lise dos resultados obtidos pelos díaçnóstt-

    coso proporcionou subsídios para a discussão

    sobre o planejamento de

    politicas públicas

    de scessibtlidede em museus. para o que. ali-

    ás. o

    Proçrama

    Educetivo

    Públicos Bspecials

    da Pinacoteca do Estado de São Pau10

    4

    • tam-

    bém pertencente a UPPM. é referência.

    Note-se. mais uma vez. que é preciso não

    perder de vista a perspectiva que alinha esta

    discussão. isto é. que as ações não podem ser

    pensadas individualmente. mas. devem ser

    articuladas a partir de políticas públicas de

    caráter cultural.

    Essa advertência se faz necessária na exata

    medida em que se observa que há um lJrande

    distanciamento entre as reçularnenteçôes do

    setor e sua prática cotidiana. A questão é de

    ordem político institucional. exiqindo um tra-

    tamento desse porte. Pensar o museu como

    instrumento de inclusão do público especial

    pressupõe tomá-Io como instrumento de

    macro políticas públicas culturais.

    Vê-se. portanto. a viabilidade da concep-

    ção e aplicação do planejamento conside-

    rando as diretrizes estabelecidas pelo Siste-

    ma Estadual de Museus do Estado', ao pro-

    mover e incentivar parcerias entre a Admi-

    nistração Pública c.om Orqanízaçôes não

    Governamentais (ONG's) e Associações de

    Amíqos de Museus. como forma de amplia-

    ção. otimização e potencialização de recur-

    sos técnicos. o que. conseqüentemente. re-

    sultará na consolidação e melhor articula-

    ção pública dos proçrarnas museolóçícos

    desenvolvidos por essas instituições.

    Por isso. e por ter como responsabilidade

    oferecer o suporte técnico e operacional para

    o desenvolvimento da política cultural de 2  

    instituições pertencentes ao Governo do Esta-

    d0

    6

    • a Unidede de Preservação do Patrtmônto

    Museoloçico tem priorizado, entre as suas di-

    versas ações. o desenvolvimento de proçramas

    de formação profissional e ações educaüvas

    (visando atender uma parcela cada vez maior

    do público visitante) nesses museus.

    Dessa forma. a UPPM. em parceria com a

    Ação

    Educativa

    da

    Pinecotecs

    do Estado e

    com apoio da Vúa do Bresü deu início. no

    ano de

    2006.

    a um proqrama de formação de

    educadores e profissionais de museus coor-

    denado pelo Proçrama Educatívo Públicos

    Especiais (PEPE) denominado Proçrama de

    Formação em Acessibilidade e Ação Educa-

    tive Inclusiva em Museus.

    Esse proçrarna inclui cursos de formação

    para profissionais dos museus convocados

    pertencentes a UPPM. entre outros museus

    convidados. além de assessorias e encontros

    com a comunidade nas diversas unidades.

    tanto da capital como do interior do Estado.

    capacitando educadores e profissionais para

    o planejamento e Implantação de projetos

    de acessibilidade e ação educativa inclusiva.

    como também a consctentizaçâo das ques-

    tões envolvendo a inclusão cultural de pes-

    soas com deficiência na sociedade.

    Paralelamente à realização desse proçra-

    ma. iniciado no mês de Maio de

    2006.

    con-

    tando com a participação de cinco unidades

    museolóqicas convocadas. MHP lndia

    VanuÍre

    (Tupã),

    MHP Consettieiro RodrÍf ues

    Alves (Gu ara tinçuet á  . Museu Casa de

    Pottinari (brodowski), Museu da Casa Bresi-

    Ieira e Memoriai do Imiçrante, os dois últi-

    mos. localizados na capital. foi realizado

    pela autora. no primeiro trimestre desse mes-

    mo ano. quatro estudos de caso em museus

    do interior do Estado. com o intuito de

    pesquisar e elaborar um dieçnásttco prelimi-

    nar seçuído de um parecer final. referências

    fundamentais para a utilização de um mode-

    lo de planejamento objetívando a implanta-

    ção de políticas públicas de acessibilidade às

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    12/26

    ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS

    instituições pertencentes ao Sistema Estadual

    de Museus do Estado.bem como a outros Sis-

    temas ou Redes museais existentes no país.

    A v a l i a ç ã o d e a c e s s i b i l i d a d e f í s ic a e

    s e n s o r i a l d e m u s e u s d o i n te r i o r d o e s t a d o

    Para apresentar o estudo de caso. é preci-

    so explorar os conceitos que fazem com que

    o tema. acessibilidade em espaços museoló-

    gicos. seja de relevância dentro de uma polí-

    tica cultural em consonância com as teorias

    da museoloçía contemporânea.

    Segundo a ABNP. o conceito de acessibili-

    dade diz respeito à possibilidade e condição

    de a cance. percepção e entendimento para

    a

    utilização com

    seçurança

    e autonomia de

    edificaçõe~ espaço, mobiliário, equipamen-

    to urbano e elementos.

    Ao enfocar esse conceito sob o ponto de

    vista da museoloqia, percebe-se que. às ques-

    tões acima assinaladas. que dizem respeito

    somente ao acesso físico das edificações.

    acrescentam-se outras de caráter atitudinal.

    coçnitivo e social

    Várias publicações. principalmente inter-

    nacionais. contendo pesquisas relacionadas

    tanto para as áreas técnicas e administrativas

    de museus. como também descrevendo ava-

    liações realizadas por públicos especiais fre-

    qüentadores das instituições. apresentadas

    na forma de f/uias de acessibilidade museo-

    Ioçics ,

    enfatizam que a responsabilidade

    dos museus nos processos de inclusão sócio-

    cultural deve ir além dos aspectos físicos.

    isto é. da eliminação das barreiras

    arquitetônicas dos edifícios. espaços de cir-

    culação e da montagem das exposições.

    Entre essas publicações. destaca-se a edi-

    ção Temas de Museoloçia. Museus e Acessi-

    bi idade do IPM - Instituto Português de Mu-

    seus (2004) que destaca:  Acessibilidade é

    aqui entendida num sentido lato. Começa

    nos aspectos físicos e arquitectónicos -

    acessibilidade do espaço - mas vai muito

    para além deles. uma vez que toca outras

    componentes determinantes. que

    concernem aspectos intelectuais e emocio-

    nais. acessibilidade da informação e do

    acervo.

    C

    Uma boa acessibilidade do espa-

    ço não é suficiente. É indispensável criar

    condições para compreender e usufruir os

    objectos expostos num ambiente favorável.

    C . .   Para. além disso. acessibilidade diz res-

    peito a cada um de nós. com todas as rique-

    zas e limitações que a diversidade humana

    contém e que nos caracterizam, temporária

    ou permanentemente. em diferentes fases

    da vída.'?

    É importante também frisar que o museu

    deve refletir para além do

    modelo médico

    - que define a deficiência como condição a

    ser curada. algo patológico de responsabili-

    dade do indivíduo e que deve se possível.

    ser superado para que o indivíduo possa se

    tornar uma pessoa normal - o

    modelo soci-

    al - que reconhece que é a sociedade. e não

    o indivíduo com deficiência. responsável

    pela criação de barreiras e cabe. portanto. a

    ela eliminá-Ias dando plenas condições

    para que todos possam nela atuar e partici-

    par. 10

    Ao se conceber uma politics cultural que

    tenha como diretriz o compromisso de asse-

    gurar ações que vão de fato ao encontro das

    necessidades e interesses dos diferentes pú-

    blicos. em especial os públicos com necessi-

    dades especiais. mostrando-se adequadas

    aos seus limites e capacidades. deve-se.

    como pressuposto. dispor-se de instrumentos

    de avaliação dirigidos às questões de acessi-

    bilidade para que o resultado da avaliação

    possa definir as

    metas e

    estreteçias

    cujos ob-

    jetivos sejam o de melhorar as condições de

    acesso e acolhimento do museu. como tam-

    bém abrir espaço para novas possibilidades

    de leitura e uma participação mais efetiva

    dessas pessoas nas exposições.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    13/26

    tações visando à eliminação das barreiras

    arquitetônicas.

    Nos museus. os obstáculos

    podem se iniciar no lado externo do edifí-

    cio. nas entradas e saídas. continuar na cir-

    culação interna vertical (escadas e falta de

    alternativas às escadas). horizontal (corredo-

    res. vãos portas. dificuldades para efetuar

    manobras. manusear botões. maçanetas ou

    equipamentos. pisos escorreçadíos ou altura

    inadequada de balcões e mesas) e se comple-

    tar com a má localização dos objetos em

    exposição (colocados em painéis. vitrines e

    bases com iluminação e altura inadequadas

    ou expostos de forma a facilitar acidentes).

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    É claro. também. que a concretização das

    metas incluem as mudanças de mentalidade

    e atitudes dos profissionais de museus. tanto

    no que se refere ao

    conhecimento e consci-

    entizeção

    das necessidades do público alvo.

    como o de se propor projetos dentro de uma

    perspectiva inclusiva.

    baseados em uma di-

    nâmica de trabalho mais flexível. o que pres-

    supõe um trabalho de equipe mais sistemáti-

    co e díaloqante entre os vários profissionais

    envolvidos -

    museó loços,

    pesquisadores.

    educadores. arquitetos. entre outros - não se

    esquecendo também. da importante partici-

    pação de pessoas com deficiência.

    órqãos

    e

    instituições que as representam.

    Compreende-se. portanto. que ao se pre-

    tender elaborar um

    dieumostico

    sobre acessi-

    bilidade em espaços

    museoíó q íco s,

    há de se

    ter como parâmetro a eliminação de diver-

    sas barreiras que levem em consideração

    tanto os

    aspectos

    Iisicos  

    sensoriais. coçnitt-

    vos

    como

    atitudinois,

    especificados a sequír

     arreiras físicas

    Os espaços museolóqícos são em s:Jeral

    projetados e concebidos de

    forma padroni-

    zada,

    não levando em consideração as varia-

    ções físicas. intelectuais e eventuais outras

    diferenças existentes entre os indivíduos.

    como por exemplo. as diferentes idades. al-

    turas. os diversos níveis coçnítívos assim

    como os diversos s:Jrausde comprometimen-

    to da mobilidade física que afetam as pessoas

    em um ou outro momento da sua vida. Os

    inúmeros obstáculos

    presentes em um espa-

    ço público prejudicam a circulação. utiliza-

    ção dos serviços disponibilizados. conforto.

    bem-estar e fruição do espaço

    museolóq íco

    por parte do público com comprometimen-

    tos em sua mobilidade física. temporária ou

    permanente. Além disso. s:Jrande parte dos

    edifícios que

    abríqam

    museus são constru-

    ções antíqas, muitas delas tombadas pelo pa-

    trimônio histórico nacional. o que dificulta

    ainda mais a realização de reformas e adap-

     arreiras ensoriais

    As barreiras sensoriais dizem respeito

    às

    questões comunicacionais.

    isto é. o acesso à

    informação. que deve se iniciar desde a fa-

    chada de entrada do museu com orienta-

    ções e indicações sobre os espaços existentes

    (s:Juichês.balcões de informações. banheiros.

    lojas. restaurantes. biblioteca. espaços admi-

    nistrativos e exposítívos).

    Quanto aos aspectos de

    comunicação es-

    crita. visual e áudio-visua

    das exposições

    (etiquetas. textos. vídeos. Iotoçraftas,

    multimídia e

    á ud ío-qu íes .

    devem-se levar

    em consideração as diferenças de altura e de

    compreensão visual e intelectual dos visitan-

    tes. sendo este último. muito importante.

    pois consiste em diferenciar o nível de per-

    cepção e compreensão de obras e objetos

    expostos.

    A maioria das exposições empresa textos

    com Iínçuaçem especializada e complexa.

    partindo do

    princípio

    sequndo de que todos

    os visitantes terão condições de lê-Ias e

    compreendê-Ios. Uma exposição de caráter

    inclusivo deverá. portanto. oferecer o mes-

    mo conteúdo adaptado aos diferentes níveis

    de compreensão e leitura e. no caso de pes-

    soas com deficiências sensoriais (auditivas

    ou visuais). adaptar os textos para a escrita

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    14/26

    ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS

    BrailIe assim como na projeção de vídeos.

    adicionar Ieqendas ou írnaçens com intér-

    pretes de Iínqua dos sinais.

    Ao se conceber uma exposição. importa

    também prever que muitos públicos terão li-

    mitações de visão ou de compreensão da Iin-

    IJuaIJem oral e/ou escrita. o que levará à ne-

    cessidade de incluir objetos. caixas sensoriais.

    jOIJosou equipamentos ínteratívos, Essas op-

    ções. essenciais para alIJuns. serão aproveita-

    das por todos. porque a comunicação pode

    estabelecer-se de forma mais completa e

    enrlquecedora. as pessoas passam a escolher

    entre ler e ouvir a informação. entre simples-

    mente ver ou ver e tocar um objecto.  11

    Outro fator importante diz respeito

    às opi-

    niões e recomendações feitas pelo próprio

    público especial. que deve ser ouvido fre-

    qüentemente. pois é para ele que adaptações

    a serem realizadas nas exposições se desti-

    nam. Nas avaliações sobre a freqüência de

    públicos especiais apresentadas nas publica-

    ções consultadas. bem como. nos comentári-

    os e avaliações informais do público alvo

    participante do

    Proçrama Bducetivo Públi-

    cos Especiais

    da Pinacoteca do Estado. são

    enfatizados os resultados positivos obtidos

    pela utilização de

    recursos de apoio multis-

    sensoriais.

    bem como todas as formas de

    mediação, direta ou indireta, elaboradas nos

    projetos de comunicação museoíóçíca dos

    museus. o que também se comprova nos re-

    latos de experiências e preferências aponta-

    das pelos públicos especiais. principalmente

    pessoas com deficiências visuais. participan-

    tes das pesquisas realizadas nos museus aus-

    tralianos

    (Australian Museum e National

    Museum of Austrália):

    'Foi detectado que ex-

    periências táteis ou multissensoriais melho-

    ram siqnííícattvamente a experiência no mu-

    seu. oferecem maior acessibilidade ao con-

    teúdo exposítívo e representam uma parte

    muito aIJradável da visita. Para os ceqos ou

    para aqueles que possuem baixa visão. essas

    experiências representam o principal méto-

    do de acessar uma exposição. Participantes

    com essas deficiências aproveitam muito

    quaisquer oportunidades de tocar objetos

    (ou réplicas) e sentem que isso faz uma visita

    ao museu valer à pena.

      12

    Barreiras Atitudinais

    Como se afirmou anteriormente. as barrei-

    ras atitudinais estão intrinsecamente relacio-

    nadas com as questões da inclusão das pes-

    soas com deficiência na sociedade e conse-

    qüentemente com a necessidade da consci-

    entização dos indivíduos da necessidade de

    se obter um maior conhecimento e convívio

    com as diferenças físicas e sensoriais dos se-

    res humanos.

    Em outras palavras. conviver com a di-

    versidade

    é tratar todo ser humano com

    diIJnidade. Por esse princípio é que as insti-

    tuições museolóqícas devem se pautar. ori-

    entando todas as ações nelas desenvolvidas.

    Para que essa atitude seja a de todos os fun-

    cionários da instituição. é preciso promo-

    ver

    encontros de senstbiiização e conscien-

    tização sobre as diferenças existentes na so-

    ciedade em IJeral. e. em particular. dentro

    da comunidade das pessoas com deficiên-

    cias orientando-os sobre como se relacio-

    nar. conduzir e orientar esse público alvo

    dentro da instituição.

    As diversas áreas e equipes de trabalho

    devem ter também uma

    postura inclusiva

    ao

    desenvolver seus projetos e atividades. den-

    tro de suas especificidades. sendo que. essa

    postura permitirá uma maior flexibilidade

    de projetos interdisciplinares e conseqüente-

    mente a uma melhor otimização e dinamiza-

    ção de ações favorecendo tanto os profissio-

    nais envolvidos como a instituição como um

    todo. Ao considerar a relação e a dinâmica

    profissional dentro do processo de inclusão

    social. cabe a toda instituição cultural incluir

    também em seu quadro de funcionários.

    profissionais com deficiências.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    15/26

    Nas diversas avaliações. entrevistas e pes-

    quisas realizadas com públicos especiais ,

    constatou-se que o

    acesso, a independência

    e a escolha

    são os pontos chaves mais valori-

    zados. Isto quer dizer que. como qualquer vi-

    sitante. as pessoas com necessidades especi-

    ais querem fazer valer o seu

    direito à autono-

    mia.

    assim como procurar os serviços de

    atendimento especializado quando lhes con-

    vir. O direito à escolha tem sido reclamado

    pelo público freqüentador dos museus e é

    um fator importante para a efetívação de

    mudanças

    sensoriais e atitudinais.

    Da mesma

    forma. esse público quer opinar quanto ao

    conteúdo das diretrizes elaboradas pelas

    po-

    líticas culturais

    das instituições. que deman-

    dam reestruturações em todas as áreas muse-

    olóçícas. principalmente na

    área comunica-

    ciona

    Aliás. a área comunicacional é a que

    tem por função conceber exposições basea-

    das no

    modelo etnerçente,

    baseadas em pro-

    postas mais interativas com os objetos e com

    os diferentes níveis de informação sobre os

    conteúdos nelas apresentados. ao levar em

    consideração os diversos Qraus de compreen-

    são e de diversidade dos públicos visitantes.

      M ND PINTO D FONSEC TOJ L

    Asquestões atitudinais inerentes às instituições

    museolóçícas perpassam o público visitante. tan-

    to Qeral como aquele com necessidades espe-

    ciais. Uma

    política cultural inclusiva

    deve ser

    perceptível a todos os visitantes - as questões

    de acessibilidade física dos espaços e equipa-

    mentos. a forma de comunicação desses espa-

    ços e dos conteúdos das exposições e. finalmen-

    te. as atitudes de todos os seus funcionários.

    Para tanto. é necessário também conside-

    rar as

    necessidades e recomendações

    apon-

    tadas pelo público alvo. convidando-os a fa-

    zer parte de comissões e assessorias. além de

    oferecer outras oportunidades. não somente

    de freqüentar e usufruir as exposições. como

    também de poder participar de eventos e

    outras proçramações adaptadas.

    o museu pode ampliar essas ações ofere-

    cendo

    cursos de formação ou orientações

    aos profissionais. parentes e acompanhantes

    das pessoas com deficiências. com o intuito

    de melhorar sua participação e fruição nes-

    sas instituições.

    Para finalizar. cumpre não perder de vista

    que a iQualdade entre as pessoas é direito de

    todos e que se concretiza mediante políticas

    que. ao tratar a todos iQualmente. reconheça

    também as suas diferenças. oferecendo as

    oportunidades necessárias para que todos

    possam desenvolver as suas potencialidades

    e serem atendidos em suas necessidades

    também como

    cidadãos independentes.

    o

    museu tem também a missão social de

    fazer o seu espaço um espaço da diversida-

    de. onde as diferenças sejam respeitadas e o

    direito de usufruir do patrimônio cultural é

    dado a todos. Essa questão entreabre abre

    uma

    reflexão polêmica.

    pois. para muitas

    pessoas. a institucionalização da reqra de

    não se tocarem

    obras e objetos. por questões

    de seçurança e preservação do patrimônio.

    quando não limita. impede - as de usufruir

    totalmente dos espaços museolóçícos.

    Entre as muitas respostas dos públicos espe-

    ciais a esse respeito. destaca-se a pesquisa

    publicada na edição

    Museus e Acessibüidede

    da coleção

    Temasde Museoloçie

    do

    Instituto

    Portuçués

    de Museus,

    relatando um importan-

    te aspecto de ordem

    atitudinal

    da política

    cultural do museu. ao oferecer uma maior

    variedade de opções de escolha e formas de

    participação desses públicos. Os espaços e

    equipamentos para uso público devem estar

    sempre disponíveis. independentemente dos

    dias da semana ou da presença de um deter-

    minado funcionário. No caso específico dos

    museus. as pessoas com deficiência devem

    poder efectuar a sua visita sozinhas sem a

    necessidade de marcação prévia e não depen-

    der de Qrupos especialmente orçanízados. O

    visitante deve-se sentir bem-vindo em qualquer

    altura. e não estar sujeito a um serviço que lhe

    é disponibilizado extraordinariamente. 14

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    16/26

     

    CESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS

    Por outro lado. observam-se também pes-

    soas com necessidades especiais. principal-

    mente com deficiências auditivas e mentais.

    apontando a sua preferência por visitas ori-

    entadas por educadores. metodologia de tra-

    balho que melhor disponibilizaria as infor-

    mações e conhecimentos. podendo também

    proporcionar. na mesma ocasião. um bom

    momento de convívio social e lazer.

    Entretanto. as pessoas favoráveis a esse

    tipo de visita fazem uma recomendação per-

    tinente - que os educadores selecionados

    para essas atividades sejam capacitados. atu-

    ando com experiência no relacionamento e

    reconhecimento das necessidades e especifi-

    cidades para cada tipo de público e da natu-

    reza de sua limitação. Optam também por

    visitas organizadas com um número restrito

    de participantes. Há ainda aquelas que prefe-

    rem que essas visitas sejam realizadas fora

    dos horários regulares de abertura do museu.

    ou mesmo. em horários em que esses espa-

    ços estejam menos movimentados.

    Essas considerações nos dão as referências

    necessárias para o planejamento de uma ficha

    diaçnostico cuja função é a de orientar e iden-

    tificar barreiras de acessibilidade analisando e

    definindo as metas para a implantação de polí-

    ticas culturais inclusivas nas instituições.

    F i c h a d i a g n ó s t i c o

    Os principais objetivos para a concepção

    e aplicação de um diagnóstico são os de po-

    der identificar pontos fortes e fracos na es-

    trutura e no funcionamento da orçaruzaçâo,

    compreender a natureza e as causas dos pro-

    blemas ou desafios apresentados; descobrir

    formas de solucionar esses problemas; e me-

    lhorar a eficiência e eficácia orçanizecio-

    nais . como informa AImeida (2005. p. 53).

    Uma ficha dtaçnástico deve conter. portan-

    to. todos os dados relevantes que deverão ser

    coletados. como forma de se obter o maior

    número de elementos que servirão como sub-

    sídio para a elaboração de um projeto a ser

    implantado em uma determinada instituição.

    No caso das instituições museoloçicas e.

    mais especificamente. de projetos para im-

    plantação de programas de acessibilidades e

    ação educetiva inclusiva,

    todos os dados a se-

    rem coletados deverão estar baseados nos as-

    pectos

    Iisicos

    sensoriais e atitudinais. como

    forma de identificar barreiras e as ações ne-

    cessárias para mínímízá-Ias e/ou suplantá-Ias.

    A coleta de dados deverá ser realizada. pre-

    ferencialmente. por profissionais pertencen-

    tes à instituição ou por um profissional espe-

    cializado em realizar auditorias nessa área.

    sendo. portanto. muito importante a experi-

    ência. vivência ou vínculação desse responsá-

    vel na instituição. já que caberá a ele coorde-

    nar o diagnóstico desde a sua aplicação até a

    análise e interpretação desses dados.

    Para a apresentação dos estudos de caso

    desenvolvidos nesta pesquisa. foram analisa-

    das fichas diagnósticos sobre acessibilidade

    aplicadas em museus portugueses e australi-

    anos. bem como o estudo de caso sobre Aná-

    lise da Acessibilidade

    na Pinacoteca do Esta-

    do de São Paulo apresentado na tese de dou-

    torado da arquiteta Maria Elisabete Lopes

    (FAU-USP).Foi incluído também um questio-

    nário elaborado pela autora deste artigo. sín-

    tese das análises desenvolvidas em sua dis-

    sertação de mestrado. aplicado em cursos de

    formação para profissionais de museus. mi-

    nistrados em diversas instituições do país.

    Esses documentos. assim como as visitas

    técnicas feitas aos quatro museus paulistas

    selecionados. resultaram na concepção de

    uma ficha diaçnôstico adaptada à realidade.

    bem como às necessidades mais prementes

    identificadas nessas instituições. cujos dados

    principais sobre as questões de acessibilida-

    de

    museoláçice são descritos no seguinte

    quadro:

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    17/26

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    F I C H A D IA G N Ó S T IC O

    [S íntese

    A C E S S IB IL ID A D E F í S I C A E S E N S D R I A L D E M U S E U S E IN S T I T U IÇ Õ E S C U L T U R A IS

    I . A C E SS IB I L ID A D E F íS IC A

    Pát io s

    Á R E A S E X T E R N A S

    Es tac iooamento

    C ircu lação Horizontal _

    __~~__·Uü~~reatL----------------------------~

    E X P O G R A F I A

    A presen ta ção d e ob ras e lou ob je to s

    Segurança

     

    A C E S S IB I L ID A D E S EN S O R IA L

    Parc e r i

    In formações

    Legendas /Et iqueta

    Itim•••d•••a _

      A Ç Ã O E O U C A tlV A J N C U I SI V A

    II-.Jmlilelta.,~OIfJ lllS.JlLPerclursos

    ult issensoriai

    1~_~-1~e~uçõesJ~JmfimmumlwnawiSL-~;;;;;;;;;;~~==~

    f

    í lUJ liJoy  J lis ita s O r ie nt ad as ---~

    I1  ~ientizaçãnIunciona'LI -------

    AssessoriaL _

     

    -

      C O N S ID E R A Ç Õ ES F IN A IS

    M U S E U O U I N S T IT U J Ç Ã n

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    18/26

    ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS

    E s t u d o s d e c a s o

    Os

    estudos de caso

    apresentados a seçuír

    foram realizados pela autora nos sequíntes

    museus do interior do Estado de São Paulo:

    1.

    Museu Casa de Portinari - Brodowski

    2. Museu Histórico e Pedaqóçíco (MHP)

    Bernardino de Campos - Amparo

    3. M. H. P Conselheiro RodriSJues Alves -

    Guaratínçuetá

    4.

    M. H. P Índia Vanuíre - Tupã

    o critério de seleção desses museus obe-

    deceu às indicações feitas pela Diretora Téc-

    nica do Grupo de Preservação do Patrimô-

    nio Museoloçico,

    Beatriz Auçusta Corre a da

    Cruz. por considerar que essas instituições.

    pela relevância de seus acervos e de sua arti-

    culação cultural com a comunidade local.

    poderão atuar como futuros pólos multipli-

    cadores de proçremes de acessiõilidade e

    ação educativa inclusiva

    em outros museus.

    principalmente aqueles credenciados pelo

    Sistema de Museus

    do Estado de São Paulo.

    Além do critério acima apresentado. foi

    acrescentado também o critério da localiza-

    ção dos museus.

    situados em pontos estratéçí-

    cos das

    reçíóes

    oeste. norte e leste do Estado.

    A aplicação da

    ficha dtaçnostico.

    realizada

    durante as visitas técnicas da autora aos locais

    pré-determinados. acompanhada pelos dire-

    tores ou coordenadores das referidas institui-

    ções. consistiu primeiramente em um levan-

    tamento. compreendendo barreiras físicas e

    sensoriais existentes nos espaços

    museolóçí-

    coso atendimentos reçulares ocorridos nos úl-

    timos anos com públicos especiais. bem

    como outras formas de atividades. contatos

    ou parcerias realizadas com instituições

    educatívas ou especializadas visando o aten-

    dimento desse público alvo nos museus.

    A partir do levantamento preliminar. ini-

    ciou-se a coleta dos dados, incluindo do-

    cumentação fotográfíca, finalizada por

    uma reunião de avaliação com a equipe

    do museu ou com o profissional responsá-

    vel pelo acompanhamento da pesquisado-

    ra no museu.

    Todo o material colhido foi concluído por

    um parecer. entreçue à diretora técnica do

    Grupo de Preservação do Patrimônio Muse-

    otoçico. assim como uma

    avaliação quanti-

    tativa

    baseada nos resultados obtidos entre as

    quatro instituições. com o objetivo de escla-

    recer a situação atual em que se encontra-

    vam as questões de acessibilidade dessas ins-

    tituições. como forma de estabelecer

    metas e

    prioridades

    para implantação de proçramas

    de acessibilidade. principalmente nos mu-

    seus do interior do Estado,

    pertencentes a

    essa Unidade.

    A v a l i a ç ã o d e A c e s s i b i l i d a d e F í s i c a e

    S e n s o r i a l d e M u s e u s

    Orientando-se pelos dados proporciona-

    dos pelas

    fichas diaçnostico,

    como também

    das

    avaliações quantitativas

    contendo os re-

    sultados individuais e comparativos dos qua-

    tro museus selecionados. foi possível elabo-

    rar uma

    avaliação qualitativa

    das condições

    de acessibilidade existentes nessas institui-

    ções. apontando. nos itens relacionados às

    barreiras físicas, sensoriais e stitudineis.

    quais

    são os

    pontos iortes e

    os

    pontos fracos.

    sendo

    que esses últimos receberão maior atenção

    nos projetos de acessibilidade que deverão

    ser implantados.

    Enfim. a ficha diaçnóstíco pode ser con-

    siderada também como um

    çuia de acessi-

    bilidade em museus.

    cuja função é a de ser-

    vir às mais diversas instituições. como for-

    ma da elaboração de planejamentos de

    proçramas

    de acessibilidade individuais ou

    em rede.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    19/26

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    No caso específico dos museus avaliados.

    obteve-se em escala decrescente de

    nível de

    acessibilidade a seçuínte relação:

    - Museus com maior Indice de acessibili-

    dade - Museu Casa de Portinari e M.H.P.

    Índia V'anuíre;

    - Museus com menor Indice de acessibili-

    dade - M.H.P.Bernardino de Campos e

    M.H.P.Conselheiro RodrilJues Alves.

    Deve-se levar em consideração. porém.

    que os resultados do diaçnóstíco que se ex-

    traem dos estudos de caso realizados não

    será completo se não transcender o exame

    individualizado das questões de acessibilida-

    de de cada uma das instituições.

    Com efeito. a análise dos trabalhos empre-

    endidos pelos quatro museus citados mostra

    limitações em termos de ação coordenada e

    proçramada. capaz de denotar um sistema

    inteçrando os diferentes museus. Realmente.

    o que se percebe é um alJir isolado. depen-

    dente de eventuais virtudes de pessoas deter-

    minadas. As carências são compreendidas

    nos limites isolados de cada um dos museus.

    É curioso notar que os reclamos (verbas. pes-

    soal especializado etc.) dos responsáveis pe-

    los diferentes museus sempre são deduzidos

    na perspectiva das necessidades deste ou da-

    quele museu específico e isto porque não se

    tem uma visão abrançente. seja do trabalho a

    ser realizado. da área física a ser coberta. do

    público a ser alcançado.

    Do ponto de viste Institucional (requla-

    mentação dos museus no Estado de São Pau-

    lo). é nítida a preocupação em estruturar um

    sistema que opere como tal. Sucede. no en-

    tanto. como assinalado anteriormente. que

    na prática esse sistema não existe. não. pelo

    menos. na sua plenitude. O porquê disso

    toca diretamente no cerne deste artigo. O

    que de fato possibilita que o sentido dos tex-

    tos normatívos e reçulamentares passe para

    a prática das estruturas é um conjunto coor-

    denado de ações e proqrarnas que de forma

    planejada dinamize as instituições existen-

    tes. O que dá real sentido à norma reçula-

    mentar é uma política pública que sirva de

    orientação para o alJir institucional e seus res-

    ponsáveis. Em não havendo essa orientação.

    o que de fato passa a prevalecer é um

    votuntarismo. muitas vezes animado pela me-

    lhor das intenções. mas que. em termos

    lJerenciais. é de reduzídíssima eficácia. Even-

    tualmente haverá um ou outro museu que.

    mercê dos préstimos de seu dirigente e de

    seus quadros técnicos. tenha um bom desem-

    penho. transformando-se em ilhas de exce-

    lência. Mas. definitivamente. não se tratará de

    uma reqra e sim de uma excepcionalidade.

    Cabe. portanto.

    à

    Secretaria da Cultura e à

    Unidede de Preservação do Patrimônio Museo-

    Ioçico (UPPM).diante do quadro apresentado.

    príorízar

    a formulação de políticas públicas cul-

    turais que

    objetívem

    a inclusão do público espe-

    cial. políticas essas que ao mesmo tempo orien-

    tarão seus quadros profissionais. seçundo os cri-

    térios museolóçícos de lJestão adequados

    à

    fun-

    ção do museu. investindo em questões com uni-

    cacionais. de capacitação funcional. preserva-

    ção e proteção do patrimônio.

    P L A N E J A M E N T O D E P O L íT I C A S P Ú B L IC A S D E

    A C ES S IB IL ID A D E E A Ç Ã O E D U C A T IV A _ E M M U

    S E U S D O IN T E R IO R D O E S T A D O D E S A o P A U L O

    I n t r o d u ç ã o

    AlJora. é preciso cuidar da apresentação

    de uma proposta de concepção de políticas

    públicas culturais de inclusão social de pú-

    blicos especiais a partir de planejamento. se-

    lJuindo o modelo de rede. tendo em vista a

    implantação de poltticas públicas de acessi-

    biiidsde e ação educetiva inclusiva em mu-

    seus. tema que vem sendo explorado ao lon-

    lJo desta pesquisa a partir do reconhecimen-

    to do importante papel sócio-cultural que os

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    20/26

    ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS

    museus e instituições culturais têm na atuali-

    dade. de acolher adequadamente os diferen-

    tes tipos de públicos e. especialmente. os pú-

    blicos com

    necessidades

    especiais.

    Para isso. no entanto. é necessário apre-

    sentar alçumas considerações. iniciais a res-

    peito de flestão

    sistémica

    ou em rede, como

    também a metodoloqia a partir da qual a

    proposta estará sendo estruturada.

    Retomando as palavras de bruno . ao afir-

    mar a necessidade da

    tmplanteçâo

    de novos

    modelos de

    çestão

    para os museus, conside-

    rando a multipliceçâo de suas potencialida-

    des de articulação púõlica. há de se conside-

    rar que a inclusão de modelos sistémicos ou

    em rede muito contribuirá para a

    museoloçia contemporânea. modelos que

    não podem deixar de ser adotados ao se pre-

    tender desenvolver uma proposta relaciona-

    da com

    proçremes

    de acessibilidade e ação

    educaUva inclusiva

    nessas instituições.

    Bruno analisa o modelo de ~estão museo-

    Ióqíco baseado em sistemas ou redes como

    sendo  uma proposta metodolóçíca para

    propor. realizar. e avaliar os distintos proce-

    dimentos museolóçícos de salvaçuarda

    (conservação e documentação) e comunica-

    ção (exposição e educação/ação cultural)

    das referências patrimoniaís, coleções e

    acervos. a partir dos príncípíos de cadeia

    operatória. de reciprocidade entre ações téc-

    nicas. científicas e administrativas e. especi-

    almente. no que tançe ao alcance do enqua-

    dramento patrimoniaI. 'B

    Fica claro. portanto. que. ao se optar por

    esse modelo. as instituições museolóqícas te-

    rão como objetivo a busca por excelência

    técnica e maior a~i1idade administrativa. o

    que resultará no aprimoramento dos servi-

    ços prestados por essas instituições.

    Assim. como ressalta

    bruno .

     as redes e

    os sistemas têm ~randes atributos no que se

    refere à ~estão. São metodoloçías apoiadas

    na reciprocidade. na solidariedade, na parti-

    lha e na articulação. o que vem contribuir

    síçnífícetívemente para o amadurecimento

    das instituições .

    No entanto. é importante destacar que

    esse novo modelo de ~estão tem sido consi-

    derado mais um desafio para a museoloqía

    contemporânea. pois envolve uma nova po-

    lítica de dinamização em vista de um mes-

    mo objetivo. respeitando. porém. a diversi-

    dade própria de cada instituição.

    Exemplos dessas iniciativas já podem

    ser vistas. na proposta de implantação do

    Sistema

    Brasileiro de Museus,

    Sistema

    de

    Museus do Estado de São Paulo,

    Sistema

    Municipal de Museus (São Paulo). Sisteme

    Estadual de Museus

    (SEM - Rio Grande do

    Sul). no SIM - Sistema Inteçredo de Museus

    (Pará). e também na Rede

    Portuçuess

    de

    Museus RPM).

    Porém, em se tratando do planejamento de

    políticas públicas de acessibilidade e ação

    educatíva em museus. tendo como referência

    os museus do interior do Estado. pertencentes

    ao Sistema de Museus. vinculado a UPPM da

    Secretaria de Cultura de São Paulo. torna-se

    imperativo conhecer os seus eixos de ação,

    assim como os objetivos por ele propostos.

    Para Silvia Alice Antibas. coordenadora

    da Unidade de Preservação do Patrimônio

    Museolóqíco

    (UPPM), o Sistema de Museus

    do Estado de São Paulo já existe desde a dé-

    cada de 80. Inicialmente concebido como

    órção

    fomentador da política de museus.

    está sendo reestruturado atualmente com

    uma proposta de articulador de políticas pú-

    blicas na área. com foco em quatro vertentes

    principais:

    intormeção.

    formação, apoio téc-

    nico e certtticeçâo.

    Estas quatro linhas de

    atuação abrançern todas as típoloqías, orí-

    ~ens e fiIiação dos museus, já que são ações

     macro . de política pública. e com um foco

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    21/26

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    muito ~rande nas necessidades do interior

    paulista. Os museus da capital. alçuns de

    qualidade indiscutível. terão participação

    importante e servirão de base e modelo.

     2 0

    A autora citada apresenta também os prin-

    cipais objetivos do Sistema, como sendo o

    de implantar proqramas que estabeleçam

    padrões mínimos de desempenho para as

    instituições e estimulem o seu constante

    aperfeiçoamento, habilitando-os inclusive a

    receber recursos públicos e ter credibilidade

    para obter patrocínios privados. 

    Silvia Antibas jul~a que o

    Sistema

    de

    Mu-

    seus do Estado

    terá mais fôleqo para desem-

    penhar as suas funções de

    órção

    articulador

    e centralizar as suas ações nas políticas pú-

    blicas na exata medida em que se promova a

    progressiva implantação do novo modelo de

    administração das instituições culturais, as

    Orçantzaçôes SOCÍaÍs.

    Dessa forma, fica patente a possibilidade

    de incluir nesse Sistema uma proposta

    artí-

    culadora de políticas públicas de acessibili-

    dade e ação educatíva inclusiva, em concor-

    dância com os objetivos acima apresentados

    e que possa atuar, seçundo o modelo de

    rede isto é, desenvolvendo ações de inior-

    mação, formação, apoio técnico e

    certtticaçâo

    de museus (aqui exemplificados

    por uma rede de museus estatais do interior

    paulista), mas com total abertura para ser

    aplicado e adaptado a qualquer rede de mu-

    seus, públicos ou privados, pertencente às

    reçíões

    ou estados do Brasil.

    P la n e j a m e n t o d e P o lí t i c a s P ú b li c a s

    o

    exame de uma proposta de

    planeja-

    mento em rede com o objetivo de implantar

    Políticas Públicas de Acessibilidade e Ação

    Educatíva Inclusiva em Museus do interior do

    Estado de São Paulo exíçe que se apresente,

    primeiramente, a metodoloçía que a orienta-

    rá, tendo em vista as etapas que deverão ser

    sequidas, seu acompanhamento e avaliação,

    assim como as mudanças e adaptações ocor-

    ridas durante e ao final do processo.

    Sequndo Almeida (2005, p. 2); 0 planeja-

    mento não é um acontecimento, mas um

    processo contínuo, permanente e dinâmico,

    que fixa objetivos, define linhas de ação, de-

    talha as etapas para atínçí-Ios e prevê os re-

    cursos necessários à consecução desses obje-

    tivos. Com a incorporação dessa prática, re-

    duz-se o ~rau de incerteza dentro da orçaní-

    zação,

    limitam-se ações arbitrárias, diminu-

    em-se riscos ao mesmo tempo em que se dá

    rentabilidade máxima aos recursos, tira-se

    proveito de oportunidades, com a melhoria

    da qualidade de serviços e produtos, e ~a-

    rente-se a realização dos objetos visados.

    Ao iniciar, portanto, a estrutura de orça-

    nízação

    de um planejamento, adequado às

    questões de

    acessibtlidade e ação educstive

    inclusiva em museus, foram consideradas

    as sequíntes etapas que definem esse pro-

    cesso .

    1.

    O

    objeto

    a ser estudado e o

    obiettvo

    desse estudo;

    2. O

    diaçnostico.

    coleta de informações

    que dará subsídio ao processo de avali-

    ação do objeto;

    3. O plano de ação. estruturado a partir

    das diretrizes traçadas pelas políticas

    públicas dos

    órgãos

    competentes (Siste-

    ma de Museus do Estado, UPPM e Se-

    cretaria de Estado);

    4. A definição de metas eprioridades. pre-

    visões futuras, decisões sobre fins, meios

    e recursos;

    5. A

    tmptementaçâo

    do plano.

    formas de

    acompanhamento tendo em vista

    à

    consecução dos objetivos traçados e;

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    22/26

    ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS

    6. A avaliação. processo que acompanha

    todas as etapas do planejamento (rela-

    ção de interdependência) contribuindo

    inclusive para a implementação e ela-

    boração de novos objetivos e metas en-

    volvendo essas ações.

      Etapas do Planejamento

      3

    F I G U R

    E ta p a s d o P la n e ja m e n t o

    F o n te :

    a d a p t a ç ã o . A J f o n s o

    B a ll e s ta o a p a r ti r d e A lm e id a 2 0 0 5 p . ~ 1 0 .

    É também importante ressaltar que o pla-

    nejamento

    faz parte das diretrizes de uma

    política cultural da instituição e dos

    órgãos

    a

    ela subordinados e deverá estar não somente

    de acordo. como também compartilhar essas

    diretrizes.

    Sendo assim. ao definir a aplicação desta

    estrutura de planejamento. para compor

    uma rede de ecessibilidsde e ação educstive

    inclusiva os quatro museus diaçnosticados

    no estudo de caso desta pesquisa. optou-se.

    além das bases previstas pelas diretrizes do

    Sistema Estadual de Museus.

    pelas fontes re-

    ferentes ao projeto de implantação da

    Rede

    Portuçuese de Museus criada no ano 2000

    pelo IPM

    4

    (Instituto Português de Museus). 

    C O N S ID E R A Ç Õ E S F IN A IS

    o exame das experiências dos quatro mu-

    seus

    do interior paulista -

    Museu Casa de

    Portinsrt,

    MHP

    Bernerdino

    de Campos. MHP

    Conselheiro Iêodrieues A/ves e MHP lndi«

    VanuÍre- permite concluir que é perfeita-

    mente possível acreditar no desenvolvimen-

    to de politicas púbtices de ecessibilidade e

    tnctusão de públtcos especials em museus.

    As quatro instituições. cada qual a sua ma-

    neira. revelam. ao mesmo tempo. carências

    em termos de acessibilidade e capacidade

    de superá-Ias.

    As políticas públicas. por sua vez. não po-

    dem prescindir de ações planejadas e a sua

    articulação. potencialização e

    otímízação

    pressupõem uma rede de acessibilidsde inte-

    SJrada por museus e por profissionais com a

    função de formar. capacitar. acompanhar. di-

    vulgar e avaliar permanentemente os pro-

    SJramas de acessibilidade. desenvolvidos nas

    instituições. além de obter os recursos neces-

    sários para os apoios técnicos. a implemen-

    tação dos proçrarnas envolvendo as diversas

    áreas museolóçícas. em especial no que

    concerne ao campo da comunicação. assim

    como a ampliação do quadro de profissio-

    nais técnicos e especializados.

    Dois pontos precisam aqui ser destacados.

    Primeiramente. quando se fala de planeja-

    mento. é preciso não perder de vista que o

    caráter técnico especializado da ação de

    planejar não pode comprometer a dimensão

    política inerente ao objetivo que se pretende

    at ínq ír.

    isto é. a inclusão social de públicos

    especiais. Em sequndo IUSJar.a rede de aces-

    sibilidede que se propõe tem esse papel fun-

    damental de permitir compreender a políti-

    ca pública específica que ela está desenvol-

    vendo desde uma perspectiva macroscópi-

    ca. sem perder. contudo. de vista as exíçêncí-

    as locais e específicas de cada instituição.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    23/26

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    Por outro lado. em função das análises e

    reflexões feitas durante o desenvolvimento

    desta pesquisa. fica evidente que as diretrizes

    apresentadas pelo

    Sistema Estadual de Mu-

    seus do Estado demandam ainda. na sua to-

    talidade. um esforço maior para serem pos-

    tas em prática. promovendo um conjunto

    mais coordenado de ações e programas, o

    que. no caso de ações diríçidas às questões

    de acessibilidade e inclusão de públicos es-

    peciais em museus estatais. permite de fato

    instituir uma politica de acessibilidade per-

    manente envolvendo o edifício. seus espa-

    ços. serviços. atendimento ao público e a

    formação de todo o corpo de funcionários.

    Essa estrutura deverá estar permanentemen-

    te articulada e sustentada por uma rede de

    imptenteçâo

    e

    quatiticsçâo

    em

    ecessibilids-

    de

    subordinada à Unidade de Preservação

    do Patrimônio

    Museolóq íco

    da Secretaria de

    Estado da Cultura de São Paulo.

    A rede de implantação e qualificação em

    acessibilidade não precisará se restrínqír aos

    museus do interior e da capital paulista. po-

    dendo. ao contrário. ir além. para. seçuíndo

    as diretrizes do Sistema de Museus do Esta-

    do. acolher também outras entidades muse-

    olóçíc s

    Note-se que os conceitos de

    rede museoló-

    f/Íca e de inclusão social dialoçam perfeita-

    mente entre si. primeiro porque a noção de

    rede não deixa de trazer em perspectiva o

    atuar cooperativo. solidário. articulado e es-

    pecialmente flexível. isto é. capaz de romper

    o doçmetísmo das visões próprias do isola-

    mento em que não raro e comodamente se

    posicionam as diferentes áreas do processo

    museolóqíco .

    Essa flexibilidade também

    ocorrerá a partir de outro eixo. aquele que

    ínterlíça

    o museu com os seus diferentes ti-

    pos de público.

    É

    absolutamente fundamen-

    tal ter presente essa perspectiva. porque per-

    mite que o discurso competente dos profissi-

    onais tenha sempre em vista as reais necessi-

    dades do público. aquele que tem no patri-

    mônio cultural do museu um poderoso ins-

    trumento de compreensão de sua própria

    história.

    Em seçundo IUQar. o conceito de rede

    museotoçica instrumentaliza a

    inciusão

    sOCÍ-

    al. que há de ser a opção política primordial

    acreditando que a política de compreensão

    do museu como ençrenaqem de um sistema

    maior decorre de uma opção política clara.

    pela afirmação de direitos fundamentais da

    pessoa humana.

    Por outro lado. quando se afirmou. no

    início deste texto. que seu objetivo maior

    era confirmar a tese de que é possível e

    mesmo politicamente fundamental que o

    museu e o patrimônio cultural nele presen-

    te sejam tomados como instrumentos de

    politicas públicas culturais

    de

    inclusão

    sOCÍ-

    aI de públicos especiais,

    seja no plano indi-

    vidual de uma instituição determinada. seja

    especialmente no contexto de um conjunto

    sís têmíco

    de instituições públicas (estatais)

    e/ou privadas. o que se buscava era exata-

    mente pensar um conceito de

    rede de im-

    plantação e qualiiicaçâo em acessibilidade

    que possibilitasse um sentido de

    orçanícídade ao atuar nas instituições mu-

    seolóq íca s.

    Por certo que as dificuldades estruturais e

    funcionais que acometem o Estado brasileiro

    representam um enorme obstáculo. Todavia.

    a busca de sua superação. com a construção

    de um verdadeiro ambiente republicano.

    não necessariamente estatal. marcado pro-

    fundamente pelo interesse público. também

    tem correspondido à história deste país. ten-

    são que. no limite. tem seu sentido positivo

    na exata medida em que se compreenda que

    a dinâmica social é alimentada não exclusi-

    vamente pelo consenso. É curioso notar que

    os próprios textos que re\Julamentam os mu-

    seus no Estado de São Paulo afirmem a ne-

    cessidade de um atuar

    sístêm íco .

    orientado

    por macro politicas

    culturais.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    24/26

    133 .

    CESSIBILIDADE, INCLUSÃO SOCIAL E POLíTICAS PÚBLICAS

    Mais uma vez. a noção de rede de implen-

    tação e qualiiicação em scessibtlidade deno-

    ta uma enorme utilidade funcional por abrir-

    se ela para a própria sociedade

    civil e suas

    oroanizaçôes sOCÍaÍs.Esse tema é fundamen-

    tal. Realmente. quando do

    início

    deste traba-

    lho se afirmou a enorme dificuldade opera-

    cional de pensar a inclusão social. enquanto

    substrato de políticas públicas culturais.

    como parte da açenda positiva do Estado. o

    encaminhamento proposto foi no sentido de

    que o espaço público não é obra exclusiva

    do Estado.

    É importante neste momento retomar a

    idéia de que uma ação cultural. particular-

    mente aquela que tenha por objetivo a inclu-

    são social. somente se víabílízar á se decorrer

    de uma

    articuiaçâo dos espaços

    culturais.

    público estatal) e privado. Afinal. o espaço

    público não é uma questão de Estado. mas

    da sociedade.

    Por outro lado. é preciso que se reconhe-

    ça o que faz uma política ser pública não é

    seu caráter estatal. mas o seu compromisso

    material com a afirmação e concretízação

    dos direitos fundamentais como valor maior

    do ser humano.

    É preciso compreender. de toda forma.

    que nada do que se expôs valerá se não for

    considerada a importância dos fatores

    atitudinais na superação de todos os obstá-

    culos identificados. Na verdade. esses fatores

    atitudinais se traduzem na vontade política

    de levar avante o projeto de inclusão social

    de públicos especiais.

    Por essa razão é que se fala na necessida-

    de de uma postura Inclusive de todos os ato-

    res envolvidos no processo. Esses fatores

    atitudinais estão enraizados na crença em

    torno do príncípío de que os direitos cultu-

    rais são realmente extensivos a todos. o que

    leva ao respeito às diferenças e à obríçação

    moral e política de atendê-Ios.

    B I B L I O G R F I

    ABNT NBR 9050:2004 - Acessibilidade a

    edificações. mobiliário. espaços e equipa-

    mentos urbanos. Associação Brasileira de

    Normas Técnicas (ABNT). 2004. Disponível

    em:

    AIDAR,Gabriela. Museus e Inclusão Social. In.

    Revista Ciências e Letras: Patrimônio e Edu-

    cação. Porto Alegre. Faculdade Porto Aleçrense

    de Educação. Ciências e Letras. 2002. n° 31.

    __ o Arte e Cultura, Inclusão e Cidadania. ln.

    Seminário Inclusão da Pessoa com Defici-

    ência Visual - Uma ação compartilhada .

    São Paulo: Laramara - Associação Brasileira de

    Assistência ao Deficiente Visual. 2003.

    ALMEIDA Maria Christina Barbosa de. Pla-

    nejamento de bibliotecas e serviços de

    informação. Brasília, DF: Briquet de Lemos

    Livros. 2005.

    FÓRUM PERMANENTE.Museus de Arte. En-

    trevista com Silvia Antibas e Cristina

    Br uno. < http://fo rum p e r m a n e n te.

    incubadora.fapesp.br/portal/.painel/entrevis-

    ta/s_ antibas_bruno>

    GIL, Marta (orq.). O que as empresas podem

    fazer pela inclusão das pessoas com defici-

    ência. São Paulo: Instituto Ethos, 2002.

    LOPES. Maria Elisabete. Metodologia de

    análise e implantação de acessibilidade

    para pessoas com mobilidade reduzida e

    dificuldades de comunicação. Tese (Dou-

    torado em Arquitetura) - Faculdade de Ar-

    quitetura e Urbanismo. Universidade de São

    Paulo. São Paulo. 2005.

    Many voíces making cholces. museum

    audiences with disabilities. Australian

    Museum and National Museum of

    Australia

    AMARC, Australía. 2005.

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    25/26

    ciais. bem como oferecer cursos sobre  Ensi-

    no da Arte na Educação Especial e Inclusiva e

    Acessibilidade e Ação Educativa Inclusiva em

    Museus para profissionais das áreas de mu-

    seus. educação e saúde. Faz parte também

    do objetivo deste programa pesquisar e intro-

    duzir recursos de apoio multissensoriais facili-

    tadores da compreensão de obras de arte

    pelo público alvo. recursos estes. relaciona-

    dos a obras de arte tanto do acervo como de

    exposições temporárias realizadas pela Pina-

    coteca do Estado.

    S Diretrizes previstas no Decreto n° 24.634. de

    13 de Janeiro de 1986.

     

    A UPPM tem sob a sua responsabilidade 21

    museus ( 13 na capital e 8 no interior do Esta-

    do) preservando um acervo de aproximada-

    mente 600.000 peças e totalizando uma

    visitação anual de aproximadamente

    1.239.000 pessoas.

    7 ABNT NBR9050:2004. p.2.

    8 Entre as publicações selecionadas encon-

    tram-se os IJuias de acessibilidade  Museus e

    Acessibilidade  (IPM.2004). Many Voices

    MakinIJ Choices. Museum audiences with

    Dísabilíties (Australian Museum e National

    Museum of Austrália. 2005) e Acessibilidade.

    Museoloçía - Roteiros Práticos. vol. 8 (EDUSP.

    2005).

    9 Museus e Acessibilidade. Coleção Temas de

    Museoloçla. Instituto Português de Museus

    (IPM):Lisboa. 2004. p.17. Disponível em:

    10

    Many Voices MakinIJ

    Choices

    Museum

    audiences with disabilities. 2005. p.16. (tradu-

    ção: Marina Falsetti).

      Museus e Acessibilidade. Instituto Portuquês

    de Museus (IPM). 2004. p. 29.

    12 Many Voices MakinIJ Choíces. Museum

    audiences with disabilities. 2005. p.40. (tradu-

    ção: Marina Falsetti).

    1 3

    Um exemplo de avaliação com públicos espe-

    ciais em museus. entre eles pessoas com defi-

    ciências visuais. foi realizado na Austrália. re-

    sultando em uma publicação denominada

     Many Voices MakinIJ Choices. Museum

    Audiences with Dísabilítíes  (2005) em que os

    entrevistados relatavam as suas experiências

    em museus e propunham melhorias. entre

    elas a de tornar os museus espaços cada vez

    mais acessíveis e independentes para todos

    os frequentadores.

    14 Museus e Acessibilidade. Coleção Temas de

    Museoloçía. Instituto Português de Museus

    (IPM):Lisboa. 2004.p.22.

    1 5 Esse questionário foi aplicado em cursos rea-

    lizados pelo SIM (Sistema Integrado de Mu-

    seus) em Belém (Pará) e pela Casa Andrade

    Muricy (museus do Estado do Paraná) em

    Curitiba. ambos ministrados pela autora.

    16 Para se obter uma análise completa dos re-

    sultados desta pesquisa vide. Tojal (2007). pp.

    252-258. disponível em: < http://www.teses.

    usp. br/teses/disponíveis/27/27151/tde-

    19032008-183924/>

    AMANDA PINTO DA FONSECA TOJAL

    Museoloçía. Roteiros Práticos - Acessibilida-

    de. Resource: Conselho de Museus. Ar-

    quivos e Bibliotecas. São Paulo: Edusp/Fun-

    dação Vitae. vol.s. 2005.

    Museus e Acessibilidade. Coleção Temas de

    Museoloçía. Lisboa: Instituto Português de

    Museus (IPM). 2004. Disponível em:

    TOJAL. Amanda Pinto da Fonseca. Museu

    de Arte e Públicos Especiais. Dissertação

    (Mestrado em Artes) - Escola de Comunica-

    ções e Artes. Universidade de São Paulo. São

    Paulo. 1999.

    . Políticas Públicas Culturais de In-

    clusão de Públicos Especiais em Museus.

    Tese (Doutorado em Ciências da Informação)

    - Escola de Comunicações e Artes. Universi-

    dade de São Paulo. São Paulo. 2007. Dispo-

    nível em:

    < http://www.teses.usp.br/teses/disponíveis/

    27/27151/tde-19032008-183924/>

    Uma política cultural para o estado de

    São Paulo. São Paulo: Secretaria de Estado

    da Cultura. 2003.

    N O T S

    Deficiência física: denominação dada às limi-

    tações de locomoção e coordenação motora

    bem como às limitações dos sentidos da fala.

    audição. visão. entre outras. decorrentes

    principalmente de comprometimentos neuro-

    Ióqícos.

    Deficiência motora. denominação dada às li-

    mitações de locomoção ou a falta de um ou

    mais membros inferiores (pernas) ou superio-

    res (braços).

    Por esse

    códíço

    perpassam tanto a cultura

    erudita. a cultura popular como também a

    cultura de massa que indistintamente neces-

    sitam ser compreendidas e  alfabetizadas 

    por todas as instâncias da sociedade.

    4 O Proçrama Educativo Públicos Especiais foi

    implantado no ano de 2003 pelo Núcleo de

    Ação Educatíva da Pinacoteca do Estado de

    São Paulo. tendo a autora como coordenado-

    ra.

     

    um proqrama que tem por objetivo

    atender de forma permanente públicos espe-

  • 8/18/2019 Museus como agentes de mudança social

    26/26

    1 7 Fórum Permanente: Museus de Arte. Entre-

    vista com Silvia Antibas e Cristina Bruno. Dis-

    ponível em:

    18

    Idem. -

    19 Idem. p.5.

    ID Fórum Permanente: Museus de Arte. Entre-

    vista com Silvia Antibas e Cristina Bruno. Dis-

    ponível em:

    21 Se 6undo Cristína Bruno e Clara Camacho. há

    diferenças entre os termos designados para o

    modelos Sistema e Rede em museus. O mo-

    delo Sistêmico

    é

    aquele que articula elemen-

    tos semelhantes. isto é. o conjunto de ele-

    mentos i 6uais. coordenados entre si e intima-

    mente relacionados. O modelo de Rede é o

    que articula elementos distintos. isto é. uma

    estrutura li 6ada a diversas unidades diferen-

    tes mas que passam a ser interdependentes

    tendo em vista os mesmos objetivos.

    22 Tendo como referência a pesquisa de

    AImeida (2005 p.10) sobre as etapas do pro-

    cesso de um planejamento e. tendo em vista

    a necessidade de adaptação da metodoloçía

    apresentada para o planejamento que se

    pretende desenvolver. foram acrescentadas

    uma nova etapa referente ao Plano de Ação

    e uma breve descrição sobre o objetivo do

    Objeto de Estudo analisado .

    25 Seçundo

    AImeida (2005. pp.9-10).

      C . .  

    o pla-

    nejamento

    é

    um processo cíclico. o que não

    si 6nifica que seja um processo linear; pelo

    contrário. é um processo dinâmico e

    ínteratívo. Seçundo Ferreira (2002). as fases

    do planejamento se interpenetram. o que

    quer dizer que. embora se sucedam. não po-

    dem ser tratadas de maneira estritamente li-

    near. Na prática. há uma dinâmica que faz

    com que a elaboração do plano. por exem-

    plo. já se conííçure como uma ação. à medi-

    da que repercute na ação propriamente dita

    que está sendo preparada. e na própria reali-

    dade em que o plano pretende intervir .

    \li

    Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de

    Museus. Disponível em:

    25

    Para se obter uma descrição completa das

    Etapas do Planejamento aplicado aos Museus

    do Estado de São Paulo víde. Tojal (2007) pp.

    263-270 disponível em:

    se

    A exemplo do GAM (Grupo de Acessibilidade

    em Museus) pertencente a RPM (Rede Portu-

     6uesa de Museus) e do proqrama de ação

    educativa inclusiva pertencente à rede de

    museus da cidade de Estrasburço na França.