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MUTUALISMO NA COMPOSIÇÃO FORMAL
Procuramos criar uma edificação com grande número de apartamentos, tendo em vista que há um
grande número de famílias no local que vivem em situação de risco, com casas extremamente
vulneráveis em locais impróprios. Além de abrigar uma grande quantidade de famílias, queríamos
proporcionar um espaço plano e aberto para satisfazer as necessidades da comunidade que, por
estar localizada em um morro, tem carência de espaços planos.
� Sem querer modificar muito a topografia original para não aumentar ainda mais o risco de
possíveis deslizamentos, procuramos um local de implantação onde a topografia não precisasse de
muitas alterações. Por isso, o local escolhido foi o terreno onde encontra-se a caixa d'água da
CASAN.
� Além de ser um dos terrenos mais planos na comunidade, analisamos e consideramos
também a centralidade e os acessos do local, o que facilitaria a implementação de algumas ideias e
conceitos que consideramos pertinentes para reforçar o conceito de mutualismo.
� A verticalização do volume é devido à combinação de duas necessidades e intenções:
proporcionar um espaço plano para a comunidade e beneficiar o maior número de pessoas
possível, removendo-as de suas moradias atuais e realocando-as nesse novo conjunto
habitacional.
� Apesar dessa verticalização, o tempo todo nos preocupamos em ratificar o conceito de
mutualismo entre os vários setores envolvidos nesse conjunto habitacional. Essa preocupação nos
levou a nossa forma final.
� Pensando em manter um espaço livre e plano para a comunidade, nossa construção
edificou-se no entorno desse espaço, criando um pátio interno, mas que será público.
� Para que o interior do conjunto seja utilizado não só pelos moradores, mas também por toda
a comunidade do bairro Serrinha, decidimos deixar o térreo bastante permeável, com poucas
construções, e as poucas existentes serviriam para dar suporte e assistência às atividades que
abrangeriam toda a comunidade. Entre essas atividades estão salas comerciais e salas para
oficinas abertas à comunidade como se fossem uma extensão da casa São José, mas ainda mais
completa, pois teriam atividades noturnas para os pais, como aulas de pintura, cursos de artesanato
e oficinas de reciclagem.
� Para que houvesse uma transição agradável do espaço público para o privado, garantindo
privacidade aos moradores, fez-se do térreo um espaço totalmente público e as moradias
acontecem a partir do primeiro pavimento, onde o acesso se dá por escadas e elevadores
localizados nos pontos extremos do edifício, justamente onde ocorrem a junção de várias vias de
acesso.
� A partir do primeiro pavimento, as residências são dispostas duas a duas (geminadas) com
um intervalo que equivale ao tamanho de uma residência entre as próximas duas. O espaço livre
Painéis solares limitando os espaços livres.Fechamento com cobogós
Escadaria que leva aos blocos de apartamentos.Salas comerciais/ oficinas. Corte.
Planta baixa
entre os apartamentos funciona como 'pátio', que é um ambiente de
socialização entre os moradores. Acontece assim uma transição do espaço
público (térreo, oficinas) para um semi-público (espaço de socialização) e
depois para o semi-privado, que já é dentro da própria unidade acontecendo
na cozinha e sala, até chegar ao privado, que são os quartos.
� Os espaços livres são espaços para reforçar o mutualismo, já que o
fechamento dele na melhor insolação se dá por painéis de aquecimento solar
que abastecerão as residências do apartamento de baixo, ou seja, os
moradores sedem seu espaço de socialização para aquecer a água do
vizinho de baixo, em troca, ganha sua água aquecida pelos painéis do vizinho
de cima e esse ciclo acontece em todos os apartamentos. Além disso, são
bons espaços para hortas, e atividades de socialização.