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Neeja Darcy Vargas - História - Ensino Médio – III Parte História para conhecer, conscientizar e humanizar 1 III Parte: As Revoluções na Europa e nas Américas Revolução Inglesa A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo que começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. As duas fazem parte de um mesmo processo revolucionário, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas. Esse movimento revolucionário criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, abrindo espaço para o avanço do capitalismo. Deve ser considerada a primeira revolução burguesa da história da Europa na qual antecipou em 150 anos a Revolução Francesa. Com a Dinastia Tudor, a Inglaterra teve muitas conquistas, que serviram de base para o desenvolvimento econômico do país. Os governos de Henrique VIII e de sua filha Elisabeth I trouxeram à unificação do país, o afastamento do Papa além de confiscar os bens da Igreja Católica, e ao mesmo tempo criar o anglicanismo e entrar na disputa por colônias com os espanhóis. Foram com esses monarcas que também ocorreu à formação de monopólios comerciais, como a Companhia das Índias Orientais e dos Mercadores Aventureiros. Isto serviu para impedir a livre concorrência, embora essa ação tenha sufocado alguns setores da burguesia. Então, resultou na divisão da burguesia de um lado, os grandes comerciantes que gostaram da política de monopólio, e de outro a pequena burguesia que queria a livre concorrência. Outro problema era a detenção de privilégios nas mãos das corporações de ofício. Uma outra situação problemática era na zona rural, com a alta dos produtos agrícolas as terras foram valorizadas. Isso gerou os cercamentos, isto é, os grandes proprietários rurais queriam aumentar suas terras expropriando as terras coletivas, transformando-as em particulares. O resultado foi à expulsão de camponeses do campo e a criação de grandes propriedades para a criação de ovelhas e para a produção de lã, condições imprescindíveis para a Revolução Industrial. Para não deixar o conflito entre camponeses e grandes proprietários aumentar o governo tentou impedir os cercamentos. Claro que com essa ação a nobreza rural, Gentry (a nobreza progressista rural), e a burguesia mercantil foram fortes oponentes. Dinastia Stuart Esta dinastia iniciou-se após a morte da rainha Elisabeth I, em 1603 que ao morrer sem deixar herdeiros, promovendo assim, o início da Dinastia Stuart. JAIME I, rei da Escócia (1603-1625) dissolveu o parlamento várias vezes e quis implantar uma monarquia absolutista baseada no direito divino, perseguiu os católicos e seitas menores, sob o pretexto que os mesmos estavam organizando a Conspiração da Pólvora (eliminar o Rei), em 1605. Muitos dos revoltosos que ficaram descontentes começaram a ir para a América do Norte. Os atritos entre o Rei e o Parlamento ficaram fortes e intensos, principalmente depois de 1610. Em 1625, houve a morte de Jaime I e seu filho Carlos I, assumiu o poder. CARLOS I, sucessor de Jaime I (1625- 1648) tentou continuar uma política absolutista, e estabelecer novos impostos no qual foi impedido pelo parlamento. Em 1628, com tantas guerras, o rei A vida social antes da Revolução Inglesa

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Neeja Darcy Vargas - História - Ensino Médio – III Parte

História para conhecer, conscientizar e humanizar 1

III Parte: As Revoluções na Europa e nas Américas

Revolução Inglesa

A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo que começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução

Gloriosa de 1688. As duas fazem parte de um mesmo processo revolucionário, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas. Esse movimento revolucionário criou as

condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, abrindo espaço para o avanço do capitalismo. Deve ser considerada a primeira revolução burguesa da história da Europa na qual antecipou em 150 anos a Revolução Francesa.

Com a Dinastia Tudor, a Inglaterra teve muitas conquistas, que serviram de base para o desenvolvimento econômico do país. Os governos de Henrique VIII e de sua filha Elisabeth I trouxeram à unificação do país, o afastamento do Papa além de confiscar os bens da Igreja Católica, e ao mesmo tempo criar o anglicanismo e entrar na disputa por colônias com os espanhóis.

Foram com esses monarcas que também ocorreu à formação de monopólios comerciais, como a Companhia das Índias Orientais e dos Mercadores Aventureiros. Isto serviu para impedir a livre concorrência, embora essa ação tenha sufocado alguns setores da burguesia. Então, resultou na divisão da burguesia de um lado, os grandes comerciantes que gostaram da política de monopólio, e de outro a pequena burguesia que queria a livre concorrência.

Outro problema era a detenção de privilégios nas mãos das corporações de ofício. Uma outra situação problemática era na zona rural, com a alta dos produtos agrícolas as terras foram valorizadas. Isso gerou os cercamentos, isto é, os grandes proprietários rurais queriam aumentar suas terras expropriando as terras coletivas, transformando-as em particulares. O resultado foi à expulsão de camponeses do campo e a criação de grandes propriedades para a criação de ovelhas e para a produção de lã, condições imprescindíveis para a Revolução Industrial.

Para não deixar o conflito entre camponeses e grandes proprietários aumentar o governo tentou impedir os cercamentos. Claro que com essa ação a nobreza rural, Gentry (a nobreza progressista rural), e a burguesia mercantil foram fortes oponentes.

Dinastia Stuart Esta dinastia iniciou-se após a morte da rainha Elisabeth I, em 1603 que ao morrer sem deixar herdeiros, promovendo assim, o início da Dinastia Stuart.

JAIME I, rei da Escócia (1603-1625) dissolveu o parlamento várias vezes e quis implantar uma monarquia absolutista baseada no direito divino, perseguiu os católicos e seitas menores, sob o pretexto que os mesmos estavam organizando a Conspiração da Pólvora (eliminar o Rei), em 1605. Muitos dos revoltosos que ficaram descontentes começaram a ir para a América do Norte. Os atritos entre o Rei e o Parlamento ficaram fortes e intensos, principalmente depois de 1610. Em 1625, houve a morte de Jaime I e seu filho Carlos I, assumiu o poder.

CARLOS I, sucessor de Jaime I (1625- 1648) tentou continuar uma política absolutista, e estabelecer novos impostos no qual foi impedido pelo parlamento. Em 1628, com tantas guerras, o rei

A vida social antes da Revolução Inglesa

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viu-se obrigado a convocar o parlamento, este sujeitou o rei ao juramento da “Petição dos Direitos”

(Carta Magna inglesa) garantia da população contra os tributos e detenções ilegais. O parlamento queria o controle da política financeira e do exército, além de regularizar a convocação do parlamento.

A resposta real foi bem clara, a dissolução do parlamento que voltaria a ser convocado em 1640. O rei Carlos I governou sem parlamento, mas ele buscou o apoio da Câmara Estrelada, uma espécie de tribunal ligado ao Conselho Privado do Rei. Também tentou impor a religião anglicana aos calvinistas escoceses (presbiterianos). Isso gerou rebeliões por parte dos escoceses que invadiram o norte da Inglaterra. Com isso, o rei viu-se obrigado a reabrir o parlamento em abril de 1640 para obter ajuda da burguesia e da Gentry. Mas o parlamento tinha mais interesse no

combate ao absolutismo. Por isso, foi fechado novamente. Em novembro do mesmo ano foi convocado de novo. Desta vez ficou como o longo parlamento, que se manteve até 1653.

A Guerra Civil (1641-1649) A guerra civil inglesa estendeu-se de 1641 a 1649, dividiu o país e foi um marco importante na

Revolução Inglesa. De um lado havia os cavaleiros, o exército fiel ao rei e apoiado pelos senhores feudais. Do outro, os cabeças-redondas, visto que não usavam perucas e estavam ligados a gentry, eram forças que apoiavam o parlamento. Em 1641, começava a guerra civil e o rei teve o apoio dos aristocratas do oeste e do norte, juntamente com uma parte dos ricos burgueses, que estavam preocupados com as agitações sociais.

Em contrapartida o exército do parlamento foi comandado por Oliver Cromwell, formado por camponeses, burgueses de Londres e a gentry. Os Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros na Batalha de Naseby em 1645. Carlos I perdeu a guerra e fugiu para a Escócia, lá ele foi preso e vendido para o parlamento inglês, este mandou executar o rei. Ao tomar esta decisão a sociedade representada pelo parlamento rompia com a ideia da origem divina do rei e de sua incontestável autoridade. Assim, a guerra civil fomentou novas ideias lançando as bases políticas do mundo contemporâneo.

A Revolução Puritana (1649-1658) O governo de Oliver Cromwell atendia os interesses burgueses. Quando começou a haver

rebeliões na Escócia e na Irlanda, ele as reprimiu com brutalidade. Oliver procurou eliminar a reação monarquista. Fez uma “limpeza” no exército. Executou os líderes escavadores (estes eram trabalhadores rurais que queriam tomar terras do estado, nobreza e clero). Com tantas execuções os menos favorecidos ficaram a “mercê da sorte” e acabaram por entrar em movimentos religiosos radicais.

Uma medida para combater os holandeses e fortalecer o comércio foi os Atos de Navegação. Essa lei resumia-se no seguinte: o comércio com a Inglaterra só poderia ser feito por navios ingleses ou dos países que faziam negócios com a Inglaterra.

Fonte:http://rushstampscompare.com/great-britain---2010-the-age-of-the-stuarts-7v---um-5008-p.asp

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Em 1653, Oliver autonomeou-se Lorde Protetor da República, seus poderes eram tão absolutos

quanto de um rei. Mas ele recusou-se a usar uma coroa. Embora na prática agisse como um soberano. Com apoio dos militares e burgueses, impôs a ditadura puritana, governando com rigidez e intolerância, e com ideias puritanas. Oliver morreu em 1658 e seu filho Richard Cromwell assumiu o poder, mas foi deposto em 1659.

A Volta dos Stuart e a Revolução Gloriosa (1660 -1688) Carlos II, (1660 – 1685) da família Stuart é proclamado rei da Inglaterra com poderes limitados.

Por isso ele estreitou ligações com o rei francês Luís XIV, isto logo manchou sua reputação com o parlamento. Carlos II baixou novos Atos de Navegação favoráveis ao comércio inglês. Envolveu-se na guerra contra a Holanda. Em 1673, o parlamento aprovou a lei do teste: todo o funcionário público deveria professar o anticatoliquíssimo. Com essas atitudes o parlamento ficou dividido em dois grupos: os whigs, que eram contra o rei e favoráveis às mudanças revolucionárias além de serem ligados a burguesia, e os tories que eram defensores feudais e ligados à antiga aristocracia feudal.

Jaime II (1685 – 1688) com a morte de Carlos II, seu irmão Jaime II assume o governo. Este tomou medidas drásticas, quis restaurar o absolutismo, o catolicismo, também punia os revoltosos com a negação do habeas corpus, proteção a prisão sem motivo legal, o parlamento não tolerou esse comportamento e convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e esposa de Guilherme de Orange, para ser a rainha, com isso o rei foge para a França e Maria Stuart e seu esposo tornaram-se monarcas ingleses. Guilherme de Orange assinou a Declaração dos Direitos (o rei não podia cancelar as leis parlamentares; o reino poderia ser entregue a quem o parlamento quisesse, após a morte do rei; inspetores controlariam as contas reais; e o rei não deveria manter um exército em épocas de paz), o qual concedia amplos poderes ao Parlamento. Esta foi à Revolução Gloriosa. PEREIRA, Anderson. Revolução Inglesa. Disponível em: http://www.mundovestibular.com.br/articles/6500/1/A-Revolucao-Inglesa/Paacutegina1.html Acesso em 20/04/2017.

Iluminismo – Século XVIII O Iluminismo O século XVIII conheceu várias revoluções. A Revolução Industrial, a Revolução

Francesa e também a Revolução Intelectual. O auge da Revolução Intelectual em filosofia de deu com o Iluminismo, também chamado de “Ilustração” ou “Filosofia das Luzes”. Esse movimento iniciado na Inglaterra e rapidamente difundido pelo norte da Europa, condenava o Antigo Regime, combatendo assim o absolutismo monárquico, que era considerado um sistema injusto por impedir a participação burguesa nas decisões políticas e impedir a realização de seus ideais. Combatia também o mercantilismo, que impedia à livre iniciativa e o desenvolvimento espontâneo do capitalismo e, o poder da igreja, pois esse poder baseava-se em verdades reveladas pela fé. Isso se chocava com a autonomia intelectual defendida pelo racionalismo iluminista.

As suas ideias tinham por base o racionalismo, isto é, a primazia da razão humana como fonte do conhecimento. Os Iluministas sonhavam com um mundo perfeito, regido pelos princípios da razão, sem guerras e sem injustiças sociais, onde todos pudessem expressar livremente seu pensamento. Visto pelos intelectuais como um movimento que iluminava a capacidade humana de criticar e almejar um mundo melhor, transformou o século XVII no Século das Luzes. Os iluministas teorizavam sobre um mundo novo que correspondia ao início da Revolução Industrial e que seria completado com a Revolução Francesa. As raízes do Iluminismo estão no progresso científico advindo do Renascimento. Esse movimento repercutiu sobre todo o mundo. Antes mesmo de influenciar a Revolução Francesa, que estava por vir, teve influências sobre a Revolução Americana, que resultou na formação os Estados Unidos.

A principal característica das ideias iluministas, era a explicação racional para todas as questões que envolviam a sociedade. Em suas teorias, alguns pensadores iluministas, como filósofos e juristas, preocuparam-se com as questões políticas, sociais e religiosas, enquanto outros, como os

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economistas, procuraram uma maneira de aumentar a riqueza das nações. De modo geral, esses pensadores defendiam a liberdade, a justiça, a igualdade social e Estados com divisão de poderes e governos representativos. Acreditavam que esses elementos eram essenciais para uma sociedade mais equilibrada e para a felicidade do homem.

John Locke (1632-1704), contemporâneo da Revolução Gloriosa de 1688 na Inglaterra, rejeitou a doutrina cartesiana das ideias inatas, filósofo, afirmou que todo o conhecimento humano deriva da

percepção sensorial. Essa teoria, conhecida como sensacionismo, já fora estabelecido por Hobbes, mas foi Locke o primeiro dos filósofos modernos a desenvolvê-la de forma sistemática. Para Locke a mente humana ao nascer é uma tabula rasa, um papel em branco no qual absolutamente nada está escrito, nem mesmo a ideia de Deus ou qualquer noção de certo ou errado. As sensações são a base do conhecimento; a razão ou o entendimento, combina e organiza essas ideias simples, chegando assim às verdades mais gerais. Foi essa combinação de sensacionismo e de racionalismo que constitui um dos elementos básicos da filosofia iluminista.

Locke tem grande importância, também, pela sua defesa da tolerância religiosa e pela sua teoria política liberal, onde ele condena o absolutismo monárquico, revelando grande preocupação em proteger a liberdade individual do cidadão. Ensinava que os governos haviam surgido em função de um contrato estabelecido entre os homens visando a preservação desses direitos. Assim, caso o governo não cumprisse essa sua razão de ser, a sociedade teria à rebelião, à substituição do Estado tirânico. Neste trecho de sua obra ‘Ensaio sobre o Entendimento Humano’ ele fala sobre as ideias. Locke utiliza o termo "ideia"

com um significado amplo. Inclui todos os diferentes modos da experiência de consciência:

representação e imagem, percepção, conceito ou noção, sentimento, etc., um uso muito diverso do que, por exemplo, faz Platão.

Os principais pensadores iluministas no campo do liberalismo social foram: Voltaire, Montesquieu e Rousseau. E no campo econômico: Quesnay e Smith.

François-Marie Arouet (1694-1778), ou Voltaire, simboliza o Esclarecimento mais ou menos como Lutero simboliza a Reforma e Leonardo da Vinci, a Renascença Italiana. Voltaire é mais conhecido como um campeão da liberdade individual. Considerava como totalmente bárbaras todas as restrições à liberdade de expressão e de opinião. Expressando isso com uma famosa frase, amiúde citada como o mais alto exemplo de tolerância intelectual: “Não concordo com uma única palavra do que dizei, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo”.

Charles Louis de Secondat (1689-1755), ou Montesquieu, grande escritor francês. Suas teorias políticas sugeriam que os grandes países deveriam adotar o despotismo esclarecido, os médios, a monarquia constitucional, e os pequenos, a república. Em seu livro, “O Espírito das Leis” (1748), criticou os costumes de seu tempo, ficando muito conhecido pela sua “doutrina dos três poderes” que defendia, como meio para garantir a liberdade, a divisão do poder político em três partes: Legislativo, Executivo

e Judiciário: "É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder, tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder". Esta obra inspirou os redatores da Constituição de 1791 e tornou-se a fonte das doutrinas constitucionais liberais, que repousam na separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Como Voltaire, também não

Fonte: https://pt.slideshare.net/Joao_Marcelo/o-empirismo-de-john-locke

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defendia as populações mais pobres. Na verdade, esses pensadores eram coerentes, pois defendiam somente os interesses da nova classe social que despontava como revolucionária: a burguesia liberal.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), o único pensador que talvez tenha se aproximado dos anseios populares. Defendia a ideia de soberania popular, isto é, a vontade coletiva deve se impor sobre a vontade individual. Nisso Rousseau estava bem avançado para sua época, pois criticava o individualismo burguês antes mesmo que a burguesia estivesse no poder. Ele repudiou muitas das pressuposições fundamentais que vinham de Newton e de Locke, assim como David Hume (1711-1776) o principal céptico do Iluminismo. Incurável desadaptado que era, a chafurdar no atoleiro das suas paixões, era conhecido como o pai do romantismo e seria assombroso se Rousseau tivesse defendido as teorias racionalistas. Afirmava que adorar a razão como guia infalível da conduta e da verdade é agarrar-se a um caniço quebrado. Certamente a razão tem a sua utilidade, mas não vale como resposta completa. No seu estudo “Discurso sobre a Origem e Fundamentos das Desigualdades entre os Homens”, Rousseau argumenta que todos os males da civilização são originados da propriedade privada, que determinou as diferenças sociais e o surgimento de dominadores e dominados. Para superar esta dominação, ele propunha um contrato social, que deveria ser elaborado por toda a comunidade e não por indivíduos isolados. A soberania reside no povo; a vontade individual não é importante, mas sim a

Fonte: http://cultura.culturamix.com/personalidades/pensadores/pensadores-iluministas

vontade da maioria, que deveria ser expressa através do voto. O contrato social iria garantir a

igualdade de todos. Para Rousseau, o homem que pensa é um animal depravado. Suas obras influenciaram os homens de sua época e foram fontes de consulta dos pensadores futuros. Emílio e Nova Heloísa forneceram as diretrizes da pedagogia moderna e o Contrato Social, os fundamentos do governo democrático.

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François Quesnay (1694-1774), líder entre os fisiocratas, médico e economista francês que atacava a intervenção do Estado na economia e defendia a liberdade de comprar e vender onde cada um achasse mais conveniente. O lema dos fisiocratas que ficou famoso: “Laissez faire, Laissez passer”, atendia perfeitamente às necessidades da burguesia, desejosa de afastar o controle do Estado sobre a economia. Para Quesnay, apenas a terra era a verdadeira produtora de riqueza; o comércio era considerado estéril, pois consistia na mera transferência de mercadorias e não gerava riquezas.

Adam Smith (1723-1790), economista escocês, diz que o trabalho de uma nação é a principal fonte geradora dos bens que necessita a comunidade. O aumento da produtividade do trabalho depende de sua divisão, que repousa essencialmente, na propensão que tem a natureza humana para trocar uma coisa por outra. A acumulação de capital funciona

como uma das condições prévias dessa divisão. O trabalho seria a medida do valor de todas as mercadorias.

A Enciclopédia ou A Encyclopédie, pretendia ser uma suma completa dos conhecimentos filosóficos e científicos da época. Colaboraram com este conjunto de livros mais de trezentos pensadores. A tônica da obra era o anticlericalismo, o

materialismo e principalmente o liberalismo político. Por isso era contrário às monarquias absolutistas e à Igreja. No entanto

que foi proibida pelas autoridades e passou a circular clandestinamente. Os iluministas sonhavam, enfim, com um mundo onde houvesse colaboração entre os homens para alcançar a felicidade comum. Diderot e d’Alembert foram os principais componentes de um grupo conhecido como os Enciclopedistas, que organizaram e publicaram a Grande Enciclopédia.

Denis Diderot (1713-1784), filósofo francês que assumiu a direção, apesar de inúmeras dificuldades, até a sua conclusão. Afirmava que “os homens jamais serão livres enquanto não seja estrangulado o último rei com as tripas do último padre”. Diderot escreveu um artigo na Enciclopédia, no qual coloca críticas ao absolutismo e defende um poder vindo do consentimento do povo.

Jean Le Rond d’Alembert (1717-1783), escritor, filósofo e matemático francês. Cético em religião e metafísica, defensor da tolerância, expôs, no Discours préliminaire de 'l Encyclopédie, a filosofia natural e o espírito científico que presidiu à elaboração dessa obra. Membro da Academia de Ciências, deixou os Elogios acadêmicos e trabalhos de matemática sobre as equações diferenciais e a mecânica. Sua obra básica é o Tratado de dinâmica (1743). Para d’Alembert a garantia única de progresso residia no esclarecimento universal. Sustentava, por isso, que as verdades da razão e da ciência deviam ser ensinadas às massas, na esperança de que um dia o mundo inteiro pudesse libertar-se do obscurantismo e da tirania.

O Despotismo Esclarecido Os governantes absolutistas de alguns países europeus adotaram certos princípios iluministas,

promovendo em seus Estados uma série de reformas nos campos social e econômico. Esses governantes ficaram conhecidos como déspotas esclarecidos. De modo geral, a palavra déspota refere-se a ditador, mas ao mencionarmos déspotas esclarecidos, estamos nos referindo aos monarcas absolutistas que se mostraram receptivos a certos princípios iluministas. Essa reforma se deu principalmente no campo da educação, com incentivo à educação pública através da construção de escolas, do apoio a academias literárias e científicas e da divulgação de textos eruditos. E no campo referente a tributações, com o aperfeiçoamento do sistema de arrecadação tributária, procurando tornar menos opressiva a carga de

Fonte:http://28outubro.blogspot.com.br/2009/09/o-iluminismo.html

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/4107250/

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tributos cobrados das classes populares. Os principais déspotas esclarecidos foram: Catarina II (1762-

1796), da Rússia, e o monarca Pedro, O Grande. Este fez planos de modernização para a Rússia, construiu a cidade de Petersburgo. Catarina II, A grande, modernizou essa cidade e deu continuidade a obra de Pedro. Mas reprimiu todos os movimentos camponeses de caráter reivindicatório. José II (1741-1790), da Áustria tentou modernizar a Áustria através de uma reforma agrária, diminuiu o poder da igreja católica, confiscando suas terras; mas essa reforma acabou sendo frustrada pela resistência dos nobres proprietários. Frederico II (1712-1786), da Prússia: construiu escolas de ensino elementar e estimulou o desenvolvimento industrial e agrário, dando assim continuidade as reformas de Frederico I que se fortaleceu e ganhou prestígio graças às medidas reformistas adotadas em relação à educação e política exterior. Carlos III (1716-1788), da Espanha iniciou uma série de reformas administrativas, financeiras e fiscais para dar novo alento à economia. Além disso, combateu o poder excessivo da Igreja Católica, suprimiu a Inquisição e expulsou os jesuítas. Sebastião José de Carvalho e Melo, ou Marquês

de Pombal (1750-1777), de Portugal que foi um dos mais importantes ministros do rei José I, colocou em prática medidas que reforçaram o setor comercial, instituindo as companhias comerciais monopolistas, subsidiando manufaturas numa tentativa rudimentar de instaurar a industrialização de Portugal. Pombal também expulsou os jesuítas do reino e expropriou os bens da Companhia de Jesus. OLIVEIRA, Tiago Fávero de. Iluminismo. Disponível em: https://afilosofianaoechata.files.wordpress.com/2014/07/apostila-iluminismo.pdf. Acesso em 28/04/2017.

Independência dos EUA

As treze colônias, atual EUA, não eram área de interesse da política inglesa em termos econômicos até século XVIII, foi colonizada no norte por protestantes radicais, expulsos da Inglaterra e aí passaram a produzir para o auto sustento.

Com o tempo essas colônias tornaram-se concorrentes em relação ao comércio inglês, aí o início dos choques que resultaram no processo de independência.

Com o final da Guerra dos 7 anos (1756 – 1763) entre Inglaterra e França, os ingleses saíram vitoriosos e passaram a controlar o Canadá e a Índia, antigos domínios franceses, mas os cofres ingleses estavam vazios devido ao esforço de guerra.

Para se recuperar da crise econômica a Inglaterra passou a criar uma série de impostos e medidas restritivas em relação as suas colônias americanas.

Decretos Ingleses; Proibição das colônias de produzirem ferro Proibição das colônias de produzirem tecidos Taxação de impostos sobre as colônias como; selo, vidro, papel, chá etc... Limitava a navegação aos limites colônias, para acabar com o comércio triangular desenvolvido

pelas colônias. Proibição da ocupação colonial do Oeste Sujeição total das colônias ao Pacto Colonial Centralização da política nas colônias, interventores ingleses como administradores. Diante desse clima opressivo os colonos se reuniram em 1774 no Primeiro Congresso Continental

de Filadélfia onde decidiram; “Nenhum imposto sem representação”. Os colonos exigiam o direito de ter um representante no Parlamento inglês.

O rei George III não aceitou o pedido dos colonos alegando que eles tinham obrigações como colônia em relação à Metrópole (Mercantilismo).

As tensões aumentaram e alguns incidentes levaram ao início da guerra, como: - Massacre de Boston, colonos foram mortos por tropas inglesas.

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- Colonos jogaram a carga de chá dos ingleses ao mar, como protesto pela cobrança do imposto do chá.

- O porto de Boston foi fechado pela marinha inglesa. Diante da intolerância inglesa e a total falta de diplomacia do governo britânico, em 1775 ocorreu

o Segundo Congresso Continental de Filadélfia, onde foi decidida a guerra pela independência como única solução aos problemas, George Washington foi destacado para comandar as tropas americanas contra a Inglaterra.

Em 4 de Julho de 1776, Thomas Jefferson declarou a independência das 13 colônias americanas, que teria de ser conquistada com a guerra. Benjamin Franklin foi à Paris pedir auxílio à França, os franceses entraram na guerra em 1780, quando as tropas do Marquês de Lafayete se encontraram com George Washington no rio Delavare e redefiniram o rumo do conflito a favor dos colonos.

Em 1781 na batalha de Yorktown os ingleses foram vencidos e afastados do território americano. Em 1783 no Tratado de Paris a Inglaterra reconhecia formalmente a independência de sua antiga colônia americana, que passou a chamar-se Estados Unidos da América, além disso os ingleses entregaram o Senegal para a França e a Flórida aos espanhóis, que haviam lutado ao lado dos colonos contra o domínio inglês.

O novo país surgiu com uma concepção política completamente diversa da antiga metrópole inglesa, assim os americanos adotaram o seguinte sistema político administrativo:

República. Presidencialismo. Estabelecimento dos 3 poderes; executivo,

legislativo e judiciário. Garantia de Federalismo, autonomia dos

estados. Porém as decisões ficavam restritas aos ricos,

pois a maioria da população não teve direitos assegurados, colonos, mulheres, índios e escravos não foram incluídos na cidadania. Diante das pressões da sociedade foi criada a Constituição de 1787, que estabeleceu o direito de participação política para todo homem branco e livre.

A escravidão continuou, assim como os índios, as mulheres também não garantiram direitos políticos e os índios passaram a ser massacrados ou confinados

em reservas sem nenhum tipo de direito. Independência dos Estados Unidos. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/estadosunidos/ Acesso em 28/04/2017.

Independência na América Espanhola O processo de independência da América Hispânica ocorreu no século XIX, após cerca de quatro

séculos de colonização. Para compreendermos a complexidade desse conjunto de eventos (que são muitos, e cada qual com a sua particularidade), é necessário recordar que no século XIX, desde o seu A início, houve muita turbulência no continente europeu. A razão principal dessa turbulência foi a eclosão

As Trezes Colônias dos Estados Unidos Fonte:

https://historiandonanet07.wordpress.com/2015/09/28/independencia-dos-estados-unidos/

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da Revolução Francesa, em 1789, e a subsequente instalação do Império Napoleônico. Espanha, então a grande metrópole à qual a América Hispânica estava associada, foi duramente afetada pelas guerras napoleônicas. O desajuste político espanhol foi decisivo para a sucessão de levantes em suas colônias.

Além desse fator externo, é necessário que saibamos quais foram os fatores internos que contribuíram para esse processo de independência. Podemos dizer que, do mesmo modo que a Revolução Francesa foi muito inspirada pelas ideias iluministas, que eram contrárias ao regime absolutista, ao mercantilismo, e que pregavam os ideais de liberdade e igualdade, os primeiros movimentos de independência da América Hispânica também o foram.

Grandes rebeliões como a de Tupac Amaru, no Peru, ocorrida em 1780, e o Movimento Comunero, ocorrido em 1781, na Nova Granada, atestam esse fato. Apesar de esses movimentos terem sido sufocados pelas forças espanholas, seu pioneirismo serviu de estímulo e exemplo para movimentos posteriores.

Além disso, a organização política das colônias espanholas desfavorecia enormemente os descendentes de espanhóis nascidos nas colônias – os chamados criollos. Ao contrário do chapetones, isto é, os espanhóis que viviam nas

colônias e nelas mantinham-se como controladores do cenário político e administrativo, os criollos não possuíam poder político algum. Em razão da insatisfação com a

hegemonia exercida pelos chapetones, as elites criollas foram os agentes principais das guerras pela independência. Entre os líderes dessa elite, quatro nomes possuem destaque: Simón Bolívar, José de San

Martín, Bernardo O'Higgins e José Sucre. Esses personagens históricos ficaram conhecidos como os

“Libertadores da América”, haja vista que comandaram as guerras pela libertação da América Hispânica.

A década de 1820 foi decisiva para as guerras pela independência. Gradualmente, praticamente todo o território das antigas colônias espanholas estavam livres (com exceção de Cuba, que só se tornou independente em 1898). Esse processo de independência foi bem-visto e acolhido por países que tinham interesse em estabelecer contatos comerciais diretos com a América Hispânica, como era o caso do Império Britânico e dos Estados Unidos da América. FERNANDES, Claudio. Independência da América Espanhola. Disponível em: http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/independencia-da-america-espanhola.htm. Acesso em 28/04/2017.

O processo de independência e suas principais características: O processo de independência ganhou força no começo do século XIX, aproveitando a fragilidade

política em que se encontrava a Espanha, após a invasão das tropas napoleônicas. As lutas pela independência ocorreram entre os anos de 1810 e 1833.

San Martí e Simon Bolívar

Fonte: http://navegandocomcolombo.blogspot.com.br/2015/07/divi

sao-da-america-espanhola-em-vice.html

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Vale ressaltar que o grau de insatisfação e revolta da população americana com o domínio espanhol havia atingido o ponto máximo no começo do século XIX. Foi nesta época também que os criollos conseguiram organizar movimentos emancipacionistas em todos os vice-reinos.

Ao contrário do que aconteceu no Brasil, o processo de independência das colônias espanholas foi violento, pois houve resistência militar por parte da Espanha. As guerras de independência geraram milhares de mortes de ambos os lados.

Os movimentos de independência, embora liderados pelos criollos, contou com a participação de negros, mestiços, brancos das camadas mais pobres e até mesmo de indígenas.

As colônias estavam divididas administrativamente em quatro vice-reinos (Nova Granada, Nova Espanha, Rio da Prata e Peru) e quatro capitanias-gerais (Chile, Venezuela, Guatemala e Cuba). Após o processo de independência, estes vice-reinos foram divididos e tornaram-se países. O vice-reino do Rio da Prata, por exemplo, transformou-se, após ser dividido, nos atuais: Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai.

Enquanto o Brasil seguiu o sistema monárquico após sua independência em 1822, os países que se formaram com a independência das colônias espanholas adoram a República. O processo de independência e suas principais características. Disponível em:http://www.suapesquisa.com/historia/independencia_america_espanhola.htm.Acesso em 28/04/2017.

Revolução Francesa A Revolução Francesa, que se deu no ano de 1789, no qual se desenrolam seus acontecimentos

decisivos é o evento que, segundo alguns autores, inaugura a

chamada Idade Contemporânea. Os historiadores do século XIX, que fizeram a linha divisória da História, imputaram a este acontecimento o caráter de marco divisor entre a Idade Moderna e a Contemporânea, por conta da radicalização política que o caracterizou. Para se entender a Revolução Francesa é necessário conhecer um pouco da situação econômica e social da França do século XVIII.

Até o século XVIII, a França era um estado em que vigia o modelo do absolutismo monárquico. O então rei francês, Luís XVI, personificava o Estado, reunindo em sua pessoa os poderes

legislativo, executivo e judiciário. Os franceses então não eram cidadãos de um Estado Democrático Constitucional, como hoje é comum em todo

o mundo ocidental, mas eram súditos do rei. O rei personificava o Estado.

Fonte: https://pt.slideshare.net/zezesilva/independencia-da-america-espanhola

“Liberdade nas barricadas”

, pintura de Ferdinand Delacroix

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Dentro da estrutura do Estado Absolutista, havia três diferentes estados nos quais a população

se enquadrava: o primeiro estado era representado pelos bispos do Alto Clero; o segundo estado tinha como representantes a nobreza, ou a aristocracia francesa – que desempenhava funções militares (nobreza

de espada) ou funções jurídicas (nobreza de toga); o terceiro estado, por sua vez, era representado pela burguesia, que se dividia entre membros do Baixo Clero, comerciantes, banqueiros, empresários, os sans-cullotes (“sem calções”), trabalhadores urbanos, e os camponeses, totalizando cerca de 97% da população.

Ao logo da segunda metade do século XVIII, a França se envolveu em inúmeras guerras, como a Guerra do Sete Anos (1756-1763), contra a Inglaterra, e o auxílio dado aos Estados Unidos na Guerra de Independência (1776). Ao mesmo tempo, a Corte absolutista francesa, que possuía um

alto custo de vida, era financiada pelo estado, que, por sua vez, já gastava bastante seu orçamento com a burocracia que o mantinha em funcionamento. Soma-se a essa atmosfera duas crises que a França teria que enfrentar: 1) uma crise no campo, em razão das péssimas colheitas das décadas de 1770 e 1780, o que gerou uma inflação 62%; e 2) uma crise financeira, derivada da dívida pública que se acumulava, sobretudo pela falta de modernização econômica – principalmente a falta de investimento no setor industrial.

Os membros do terceiro estado (muitos deles influenciados pelo pensamento iluminista e pelos panfletos que propagavam as ideias de liberdade e igualdade, disseminados entre a população) passaram a ser os mais afetados pela crise. No fim da década de 1780, a burguesia, os trabalhadores urbanos e os camponeses começaram a exigir uma resposta do rei e da Corte à crise que os afetava, bem como passaram a reivindicar direitos mais amplos e maior representação dentro da estrutura política francesa. Em julho de 1788, houve a convocação dos Estados Gerais, isto é, uma reunião para deliberação sobre assuntos relacionados à situação política da França. Nessa convocação, o conflito entre os interesses do terceiro estado e os da nobreza e do Alto Clero, que apoiavam o rei, se acirraram. O rei então estabeleceu a Assembleia dos Estados Gerais em 5 de maio de 1789, com o objetivo de decidir pelo voto os rumos do país. Entretanto, os votos eram por representação de estado. Sendo assim, sempre o resultado seria dois votos contra um, ou seja: primeiro e segundo estados contra o terceiro. Fato que despertou a indignação de burgueses e trabalhadores.

A burguesia, que liderava o terceiro estado, propôs em 10 de junho uma Assembleia Nacional, isto é, uma assembleia para se formular uma nova constituição para a França. Essa proposta não obteve resposta por parte do rei, da nobreza e do Alto Clero. Em 17 de junho, burgueses, trabalhadores e demais membros do terceiro estado se declararam em reunião para formulação de uma constituição, mesmo sem a resposta do primeiro e do segundo estado. Ao mesmo tempo, começava um levante popular em Paris e outro entre os camponeses. A Revolução se iniciou.

Em 14 de julho de 1789, a massa de populares tomou a Bastilha, a prisão que era símbolo do Antigo Regime e, em 4 de agosto, a Assembleia Nacional instituiu uma série de decretos que, dentre outras coisas, cortava os privilégios da nobreza, como a isenção de impostos e o monopólio sobre terras

Fonte: https://pt.slideshare.net/edna2/revolfrancesa

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cultiváveis. A Assembleia institui a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, que reivindicava a condição de cidadãos aos franceses e não mais de súditos do rei. Em setembro de 1791 foi promulgada a nova constituição francesa, assegurando a cidadania para todos e pressionando o monarca Luís XVI a aceitar os seus critérios. Essa constituição previa ainda a igualdade de todos perante a lei, o voto

censitário, a confiscação das terras eclesiásticas, o fim do dízimo, a constituição civil do clero, entre outros pontos. A partir deste momento, a França revolucionária esboçou o seu primeiro tipo de novo governo, a Monarquia Constitucional, que durou de 1791 a 1792.

A ala mais radical da Revolução, os jacobinos (que haviam participado da Assembleia Constituinte, sentando-se à esquerda do plenário e opondo-se aos girondinos que se posicionavam à direita), defendiam uma ampliação da perspectiva revolucionária, cuja proposta era não se submeter às decisões da alta burguesia, que se articulava com a nobreza e o monarca. Os jacobinos queriam radicalizar a pressão contra os nobres e o clero, e instituir uma República Revolucionária, sem nenhum resquício da Monarquia.

Prevendo a ameaça que vinha dos rumos que a Revolução tomava, o rei Luís XVI articulou um levante contrarrevolucionário com o apoio das monarquias austríaca e prussiana. Em 1792, a Áustria invadiu a França e essa declarou guerra àquela. A população parisiense, após saber dos planos do rei, invadiu o palácio real de Tulleries e prendeu o rei e sua família. O Rei e sua esposa, Maria Antonieta, tiveram suas cabeças decepadas pela guilhotina em 1793 e a Monarquia Constitucional chegou ao seu fim no mesmo ano.

Com o fim da Monarquia Constitucional, houve também a dissolução da Assembleia Constituinte. A Convenção Nacional assume o poder. O período da Convenção se caracterizou pela forte presença do radicalismo jacobino comandando a

Revolução, momento que se tornou conhecido como a fase do Terror (sobretudo por conta do uso indiscriminado da guilhotina como máquina da morte). Nomes como Robespierre, Saint-Just e Danton

figuram entre os principais líderes jacobinos. Foi neste período também que a Áustria e Prússia prosseguiram sua guerra contra a França, temendo que a Revolução se espalhasse por seus territórios. No processo de confronto contra essas duas monarquias, nasceu o exército nacional francês, isto é: um exército que, pela primeira vez, não era composto de mercenários e aristocratas, mas do povo de uma nação que se via como nação.

Em 1795, a burguesia conseguiu retomar o poder e, através de uma nova constituição, instituir uma nova fase à Revolução, chamada o Diretório, órgão composto por cinco membros indicados pelos

deputados. Mas a partir deste mesmo ano a crise social se tornou muito ampla na França, o que exigiu um contorno político mais eficaz, sob pena da volta da radicalização jacobina.

Um dos mais jovens e destacados generais da Revolução, Napoleão Bonaparte, era o nome esperado pela burguesia para dar ordem à situação política francesa. Em 1799, ao regressar do Egito à França, Napoleão encontrou um cenário conspiratório contra o governo do Diretório. Foi neste cenário que ele passou a figurar como ditador, inicialmente, dando o golpe de 18 de Brumário (segundo o calendário revolucionário), e depois como imperador da França. O Período Napoleônico durou de 1800 a 1815 e mudou o cenário político do continente europeu, ao passo que expandiu o ideal nacionalista para várias regiões do mundo. FERNANDES, Claudio. Revolução. Francesa. Disponível em: http://historiadomundo.uol.com.br/idade-moderna/revolucao-francesa.htm. Acesso em 28/04/2017.

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Revolução Industrial Não estamos falando de uma revolução como uma revolta, e sim no sentido de uma profunda

transformação econômica, tecnológica, política e social. A Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, em meados do século XVIII, dando início à era docapitalismo.

A transição do artesanato, da manufatura para as máquinas e indústrias, originou a produção acelerada, em série, resultando em grandes lucros, e muita mão-de-obra disponível e barata. Influenciou também as relações sociais, dividindo-as em duas classes, a dos proprietários e dos operários. Os centros urbanos ficaram superlotados, ocasionando fortes mudanças demográficas, e transformando completamente o modo de vida da sociedade. Porém, as más condições de trabalho tiveram como resultado, a revolta dos operários. Aprenda tudo sobre essa história!

O início da Revolução Industrial: A Revolução Industrial, basicamente significou a mudança da ferramenta pela máquina, e

contribuiu para a consolidação do capitalismo como o modo de produção dominante. Antes da revolução, a produção era totalmente artesanal, era um processo familiar, o artesão participava de todas as fases da atividade produtiva, até da obtenção de matéria-prima e da comercialização do produto. Mas desde a Idade Média havia um processo de evolução tecnológica, econômica e social em andamento, porém ele só foi se consolidar na Inglaterra, em meados do século XVIII.

Mas por que na Inglaterra? A Inglaterra era um país que possuía muitas reservas de carvão mineral, ou seja, tinha a

principal fonte de energia para que as máquinas e as locomotivas à vapor funcionassem. Tinha também a matéria-prima utilizada naquele período, o minério de ferro. Além disso, a burguesia inglesa tinha capital suficiente para abrir fábricas, financiá-las, comprar o maquinário, matéria-prima, e contratar empregados. Para facilitar, a procura por emprego nas cidades inglesas era muito grande, portanto a mão-de-obra se tornava ainda mais barata porque era única opção. Sem contar que tinha também um vasto império colonial consumidor e fornecedor de outras matérias-primas.

Houve outro fator que influenciou para que ocorresse a Revolução Industrial: a existência de um

Estado Liberal na Inglaterra. Através da Revolução Gloriosa, e da Revolução Puritana, foi possível transformar a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia de um Estado centralizado e intervencionista, que deu lugar à um Estado Liberal Burguês na Inglaterra.

Capitalismo O início da Revolução Industrial contou também com o alto avanço tecnológico, que possibilitou a troca das ferramentas e da energia humana, pelas máquinas. Foi uma fase de encerramento da transição entre o feudalismo e o capitalismo, onde o capitalismo se tornou o sistema financeiro e econômico vigente, e novas relações entre capital e trabalho foram impostas. A burguesia industrial buscava maiores lucros, com menores custos e uma produção acelerada. Primeiramente, a revolução afetou a produção de bens de consumo, e depois aos bens de produção.

A partir desse novo sistema, as cidades começaram a crescer bruscamente, as chances de conseguir ganhar a vida no campo eram mínimas, e grande parte das terras pertenciam aos grandes proprietários, que expulsavam os pequenos camponeses. A única forma de garantir a vida, era trabalhar como operário, e a partir daí surgiu a classe social do proletariado.

A Expansão da Revolução Industrial A partir de 1850 a industralização começou a se expandir por outros países da Europa, entre

eles a Bélgica, França, Alemanha, Itália e Rússia. No final do século XVIII, após a Guerra da Secessão, chegou nos Estados Unidos e, ao Japão, chegou após a superação do feudalismo que unificou o país. Sendo assim, aumentou a concorrência, a indústria de bens de fabricação e também a expansão de novas

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ferrovias. Mas cada país se desenvolveu industrialmente em ritmos diferentes, tudo dependia das condições econômicas, sociais e culturais de cada local.

No Brasil a “Revolução Industrial” foi tardia, ocorrendo entre 1930 e 1956, no governo de Getúlio Vargas, que investiu na criação de uma infraestrutura industrial: a indústria de base e energia. Nesse período, houve a decadência cafeeira, o êxodo rural, e o movimento migratório dos nordestinos para o Rio de Janeiro e São Paulo, e o presidente adotou uma política onde houve a substituição da mão-de-obra imigrante pela nacional.

Invenções na Revolução Industrial Na primeira fase da revolução, as invenções possibilitaram o surgimento de milhares de fábricas,

a aceleração da produção e também dos lucros: Máquina a vapor (Thomas Newcomen) Locomotiva a capor (George Stephenson) Barco a vapor (Robert Fulton) Máquina de Hargreaves (Hargreaves) Tear Hidráulico (Arkwright) Tear Mecânico (Cartwright)

Na segunda fase, outras invenções influenciaram um avanço ainda maior nas indústrias, como a utilização de novas fontes de energia, o petróleo e a energia elétrica, a

invenção do motor de combustão interna, invenção de novos meios de transporte, introdução de máquinas automáticas, emprego de metais leves, como o alumínio e o magnésio, o aperfeiçoamento da produção de aço, etc.

Consequências da Revolução Industrial A partir da Revolução Industrial, houve um salto no crescimento econômico e o modo de vida se

transformou, as populações passaram a ter acesso à bens industrializados, se deslocaram para os centros urbanos, causando o êxodo rural e um grande crescimento demográfico. As relações também passaram

por transformações, pois duas novas classes foram criadas: a dos proprietários e dos proletários. Outro ponto importante foi a consolidação do capitalismo como o sistema econômico vigente e

o surgimento do capitalismo financeiro, que exigia altos investimentos das grandes empresas, onde os bancos entravam com os empréstimos e participavam ativamente das atividades econômicas. O processo de produção em série também caracterizou esse período, as mercadorias passaram a ser produzidas de maneira padronizada e uniforme.

O Imperialismo também ganhou lugar com sua política de expansão e domínio territorial, pois as potências capitalistas precisavam de mercados externos que servissem de um apoio para seu excedente de mercadorias. Os movimentos operários, os conflitos, e a criação do sindicalismo, que resultou na legislação trabalhista, também foi uma das principais consequências da revolução. Revolução Industrial. Disponível em: http://revolucao-industrial.info/ Acesso em 28/04/2017.

As Doutrinas Sociais A Revolução Industrial gerou um grande abismo socioeconômico entre a burguesia industrial

(capitalistas), detentora dos meios de produção, e o proletariado, ou seja, os trabalhadores assalariados que vendiam sua força de trabalho.

Os capitalistas defendiam uma ideologia liberal, que pregava a livre concorrência, o livre comércio e a liberdade nas relações de trabalho.

Em defesa dos trabalhadores, surgem vários teóricos que desenvolvem teorias sociais, que criticavam as desigualdades sociais, as péssimas condições de trabalho nas fábricas, os baixos salários,

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etc. O principal objetivo desses teóricos, era a busca por uma sociedade mais justa. No entanto, esses teóricos não pensavam da mesma forma, e por isso, as teorias sociais foram classificadas em diversas correntes.

Socialismo Utópico Os pensadores dessa corrente defendiam a ideia de que uma sociedade mais

justa era possível sem destruir o sistema imposto pelos capitalistas. Os principais teóricos dessa corrente foram: Robert Owen, Saint-Simon, Louis Blan e Pierre Proudhon.

Socialismo Científico Os principais representantes dessa corrente foram Karl Marx e Friedrich Engels. Esses pensadores

defendiam que as desigualdades só seriam superadas através da revolução, onde os proletários se uniriam contra os burgueses, acabando com a propriedade privada e adotando um Estado composto somente por trabalhadores.

Após instalar o Estado proletário, o próximo passo seria colocar fim ao próprio Estado, pois desenvolvida de tal forma que este não seria mais necessário. Nesse momento estaria consolidada a sociedade comunista, considerada perfeita, na qual tudo seria de todos.

Anarquismo Essa teoria defendia o fim de toda e qualquer forma de controle da sociedade; pregavam a

destruição do Estado e o fim da propriedade privada, porém discordavam de Marx, pois não aceitavam nenhum tipo de Estado, nem mesmo o controlado pelo Estado.

DIFERENÇA ENTRE COMUNISMO E SOCIALISMO Muitas vezes os termos comunismo e socialismo são utilizados como

sinônimos. Porém, existem algumas diferenças pontuais entre os dois pensamentos. Hoje, há uma grande distinção entre os dois termos.

O COMUNISMO seria uma sociedade sem classes sociais, sem Estado, altamente desenvolvida. Para conquistar tal sociedade, seria necessária uma revolução dos trabalhadores contra os capitalistas. Após a revolução, é instalado provisoriamente um Estado governado apenas por trabalhadores. Aos poucos, esse Estado iria se tornando desnecessário, até desaparecer totalmente. Ao contrário do que muitos pensam, a etapa do comunismo nunca foi atingida por nenhum país, uma vez que não houve nenhuma sociedade onde se registrou a ausência total Estado. O SOCIALISMO é um conjunto de doutrinas que tem por fim a socialização dos meios de produção. Nesse sentido, ainda existe a necessidade de existência do Estado para coordenar a socialização dos meios de produção e defender os

interesses dos trabalhadores contra a volta do sistema capitalista. Membros de partidos comunistas encaram o socialismo como um estágio na formação da

sociedade comunista, que passa a ser considerado, uma ditadura do proletariado. Durante esse estágio, o Partido Comunista deve estar no poder, e ser eliminada a maior parte da propriedade privada, sendo a economia administrada com base em um plano nacional de produção. Exemplo de países socialistas: ex-União das Republicas Socialistas Soviéticas, Cuba, China, etc. Doutrinas Sociais. Disponível em: https://historiacolegiao.wordpress.com/2009/08/20/as-doutrinas-sociais/ Acesso em

28/04/2017.

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Socialismo Cristão No século XIX, o desenvolvimento da ideologia socialista se estabeleceu como suporte de

pensamento político entre diversos movimentos operários. As revoluções e protestos colocavam os trabalhadores como personagens munidos de uma visão política contrária a diversos pressupostos que explicavam o sistema capitalista. Dessa maneira, o ideal da luta de classes deixa de ser uma mera interpretação para figurar vários eventos da época.

Atenta a todas estas transformações, a Igreja Católica decidiu reunir seus principais dirigentes para discutir essas questões evolvendo a relação entre burguesia e proletariado. Ao mesmo tempo, devemos destacar que essa mesma preocupação se ligava ao conteúdo ideológico de muitos movimentos que pregavam explicitamente o fim das manifestações religiosas. A ideia da crença religiosa como algo prejudicial começava a preocupar vários clérigos.

No ano de 1891, o papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum. Segundo este documento, o papa estabelecia sua expressa oposição à luta entre classes defendida pela doutrina marxista. Em seu lugar, o líder máximo da Santa Sé colocava a religião como um instrumento capaz de arrefecer as desigualdades no mundo. Dessa forma, a moral e o amor cristão de empregados e empregadores poderiam ser ponto fundamental para que a justiça social fosse paulatinamente alcançada.

Com o tempo, vários cristãos fortaleceram sua preocupação para com os problemas de cunho político e social. Adentrando o século XX, o envolvimento da Igreja com esses temas se aprofundou quando o Concílio Vaticano II (1962 - 1965) reafirmou o papel social e político a ser exercido pelo cristão. Nessa mesma época, o movimento da chamada Teologia da Libertação fez com que muitos clérigos e fiéis realizassem projetos sociais e organizassem discussões políticas no interior das paróquias.

Atualmente, muitos representantes mais conservadores da Igreja defendem que o envolvimento dos católicos deve se restringir apenas aos assuntos de ordem espiritual. Paralelamente, também podemos ver que o próprio comportamento religioso contemporâneo veio a desarticular essa associação entre fé e política. Hoje em dia, a busca pelo conforto material imediato e o ideal de salvação individual contribuíram para que a “igreja politizada” perdesse seu espaço. SOUSA, Rainer Gonçalves. "Socialismo Cristão"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/socialismo-cristao.htm>. Acesso em 01 de maio de 2017.

Referências Doutrinas Sociais. Disponível em: https://historiacolegiao.wordpress.com/2009/08/20/as-doutrinas-sociais/ Acesso em 28/04/2017. FERNANDES, Claudio. Independência da América Espanhola. Disponível em: http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/independencia-da-america-espanhola.htm. Acesso em 28/04/2017. FERNANDES, Claudio. Revolução. Francesa. Disponível em: http://historiadomundo.uol.com.br/idade-moderna/revolucao-francesa.htm. Acesso em 28/04/2017. Independência dos Estados Unidos. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/estadosunidos/ Acesso em 28/04/2017. O processo de independência e suas principais características. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/historia/independencia_america_espanhola.htm. Acesso em 28/04/2017. OLIVEIRA, Tiago Fávero de. Iluminismo. Disponível em: https://afilosofianaoechata.files.wordpress.com/2014/07/apostila-iluminismo.pdf. Acesso em 28/04/2017. PEREIRA, Anderson. Revolução Inglesa. Disponível em: http://www.mundovestibular.com.br/articles/6500/1/A-Revolucao-Inglesa/Paacutegina1.html Acesso em 20/04/2017. Revolução Industrial. Disponível em: http://revolucao-industrial.info/ Acesso em 28/04/2017. SOUSA, Rainer Gonçalves. "Socialismo Cristão"; Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/socialismo-cristao.htm>. Acesso em 01 de maio de 2017.

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Roteiro de Estudo de Arte - III Parte – Ensino Médio

Internalize o conteúdo a ser estudado: ler, resumir, gravar (celular), escutar e visualizar imagens. Recapitule até entender o assunto. Esclareça dúvidas, pesquise as palavras que não são conhecidas. Situe-se, identificando época, lugares e fatos principais que fazem parte do contexto histórico estudado. .01. Revolução Inglesa – situar e explicar resumidamente

Local e época

importância

Medidas dos Tudors

cercamentos

Medidas dos Stuart

Forças que lutaram na Guerra Civil

Papel de Oliver Cromwell

Principais fatos da volta dos Stuart

02. Iluminismo - situar e explicar resumidamente

Conceito

O que defendia

O que combatia

Pensadores – principais ideias

Locke

Montesquieu

Voltaire

Rousseau

Adam Smith

Lema dos Fisiocratas

Enciclopédia

03. Depotismo Esclarecido - situar e explicar resumidamente

Conceito

Principais monarcas

04. Independência dos Estados Unidos - situar e explicar resumidamente

Causas

Decisão do Congresso do Segundo da Filadélfia

Data da Independência

Tratado de Paris

Características do novo Sistema de governo

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05. Independência da América Espanhola - situar e explicar resumidamente

Época

Influências /causas

Tupac Amaru

Chapetones

Criollos

Libertadores da América

Interesse da Inglaterra e EUA

06. Revolução Francesa - situar e explicar resumidamente

Contexto sócio-político

Influências

Data de 14/07/2017

Gironbinos

Jacobinos

Fase do Terror

Líderes jacobinos

Guilhotina

Fase da Convenção

Fase do Diretório

18 Brumário

Papel de Napoleão

07. Revolução Industrial - situar e explicar resumidamente

Local/época

Pioneirismo Inglês

Para onde se expandiu

Invenções

Consequências

Teorias Sociais

Socialismo Utópico

Socialismo científico

Socialismo cristão