neoprodutivismo e suas variantes - saviani

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Page 1: Neoprodutivismo e suas variantes - Saviani
Page 2: Neoprodutivismo e suas variantes - Saviani

- Final da década de 1980 – dificuldades das “correntes pedagógicas de esquerda” no Brasil (Conferência Brasileira de Educação que deveria ocorrer em 1990 só acontece me 1991, tendo com tema central do evento “Politica Nacional de Educação”, nesse foram realizados análises da nova fase que caracterizará a década de 1990.

Diferenças entre Moderno e Pós Moderno O moderno se ligava a revolução centrada nas

máquinas, na conquista do mundo material, na produção de novos objetos;

O Pós Moderno centra-se no mundo da comunicação, nas máquinas eletrônicas, na produção de símbolos; antes de se produzir os objetos se produzem os símbolos, em lugar de experimentar para ver a reação a pós modernidade simula modelos, imagens do que pretende produzir;

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Ciência: No mundo moderno há o discurso filosófico no

Pós Moderno há incredulidade em relação aos metarrelatos, baseia-se numa pragmática que comporta diferentes jogos de linguagem;

Psicologia Behaviorista caracterizada pela

operacionalização e comportamentos observáveis, regida pelos critérios da eficiência e eficácia, faz-se presente porém é refuncionalizada;

Pesquisa e Ensino se legitimam por meio do

desempenho, pelas competências que foram capazes de instaurar;

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Lyotard – Indica inconsistência na lógica do melhor desempenho, destaca a lógica não é da melhor performance mas a da diferença.

Neoliberalismo – Consenso de Washington – indica reformas necessárias para a América Latina, publicado em 1990;

Pensamento hegemônico – tinha como denominador comum “o ataque ao estado regulador e a defesa do retorno ao estado liberal idealizado pelos clássicos;

Pregava para a economia e política o equilíbrio fiscal, desregulação dos mercados, abertura das economias nacionais e privatizações, criticava as democracias de massa;

Page 5: Neoprodutivismo e suas variantes - Saviani

Para a América Latina indicava: equilíbrio fiscal por meio de reformas administrativas, trabalhistas e previdenciárias, com objetivo de corte de gastos públicos;

Em relação às ideias pedagógicas o discurso de fracasso da escola pública, condizia com a decadência pregada como algo inerente à incapacidade de gestão do Estado;

Primazia da iniciativa privada, regida pelas leis de mercado também na educação;

Há desconstrução de ideias pedagógicas anteriores, utiliza-se dos movimentos precedentes e traz nova configuração com os prefixos neo e pós para caracterizá-las;

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Em 1970 com a reestruturação dos processos produtivos, vê-se a substituição do fordismo, caracterizado pela instalação de grandes fábricas operando com tecnologia pesada de base fixa, métodos taylorista de racionalização do trabalho, estabilidade de emprego, produção em série, produção de estoque; pelo modelo toyotista com tecnologia leve, microeletrônica flexível, trabalhadores polivalentes, produção de objetos diversificados, em pequena escala atendendo a nichos específicos, sem formação de estoques, disputa de vagas de emprego, o trabalhador deve vestir a camisa da empresa e elevar a produtividade;

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Nesse contexto a educação escolar, na formação desses trabalhadores flexíveis, deve prepará-los para a polivalência, há ainda a crença na contribuição da educação para o processo produtivo;

A teoria do capital humano é resignificada, no período anterior a lógica econômica estava centrada em demandas coletivas: crescimento econômico do país, a riqueza social, competividade das empresas e o incremento de rendimento dos trabalhadores; a nova lógica está voltada para a satisfação de interesses privados, com ênfase nas capacidades e competências que cada pessoa deve adquirir no mercado educacional para atingir uma melhor posição no mercado de trabalho.

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Não é mais o Estado deve assegurar através da escola a preparação da mão de obra, mas o indivíduo que é obrigado buscar, por meio de suas capacidades de escolha, aquisição dos meios que lhe permitam competividade no mercado de trabalho, ou a condição de empregabilidade por meio da escola;

No entanto, não há empregos para todos, a alta escolaridade não significa acesso ao mercado de trabalho formal;

A economia cresce mesmo com altas taxas de desemprego, com grande contingente de excluídos;

A teoria do capital humano refuncionalizada alimenta a busca de produtividade na educação e assume na década de 1990 a forma de neoprodutivismo;

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A ordem econômica pressupõe e assenta-se na exclusão, admite-se que não há lugar para todos, dispensa de forma crescente a mão de obra;

Configura-se a “pedagogia da exclusão”, que prepara os sujeitos com sucessivos cursos de diferentes tipos para se tornarem empregáveis, em caso de não conseguirem essa mesmo pedagogia os prepara para assumirem a responsabilidade pelo fracasso;

Apresentam-se possibilidades para os que não conseguem o emprego formal, responsabilizando-se novamente aqueles que forem excluídos;

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Aprender a aprender configura-se como núcleo das ideias pedagógicas escola novistas, no entanto o eixo das ideias pedagógicas é deslocado do processo educativo, do aspecto:

- lógico para o psicológico;

- dos conteúdos para os métodos;

- do professor para o aluno;

- do esforço para o interesse;

- da disciplina para a espontaneidade;

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O mais importante não é ensinar ou aprender é “aprender a aprender” – a estudar, a buscar conhecimentos, a lidar com as situações novas;

O professor não ensina ele auxilia o aluno em seu próprio processo de aprendizagem

O escolanovismo visava a valorização dos processos de convivência, relacionamentos, adaptação à sociedade, aquisição de capacidades de buscar o conhecimento por si mesmo, adaptando-se a uma sociedade em que cada indivíduo desempenha um papel no corpo social – otimismo;

O novo “aprender a aprender” liga-se à necessidade de atualização constante, para ampliar a empregabilidade;

Adaptabilidade para o imprevisível;

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O papel da educação e da escola é definido como: “consubstanciando uma maior capacidade de “aprender a aprender”

Diante disso o neo-escolanovismo configura-se como como “forte movimento internacional de revigoramento das concepções educacionais calcadas” no referido lema;

Ainda na década de 1990 o relatório Jacques Delors, publicado pela UNESCO em 1996, trazia linhas orientadoras para a educação mundial no século XXl;

No Brasil é publicado em 1998, este documento viria para repensar a educação brasileira, de acordo com o então ministro da educação Paulo Renato Costa Souza;

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De acordo com relatório a escola deveria transmitir o gosto e o prazer de aprender, a capacidade de ainda mais aprender a aprender, a curiosidade intelectual;

A partir das orientações do relatório são elaborados os PCNs que servirão de base para a construção dos currículos de todas as escolas do país;

A inspiração do neo-escolanovismo delimitou as fases pedagógicas das ideias que orientam as reformas educativas desenvolvidas desde a década de 1990, foram difundidas em vários espaços, escolas, empresas, organizações não governamentais, entidades religiosas, tec.

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Construtivismo de Piaget desde de sua origem possui afinidades com o escolanovismo, assim o construtivismo dá base pedagógica para o “aprender a aprender”;

Para essa corrente a fonte de conhecimento não está na percepção mas na ação, a inteligência constrói os conhecimentos;

Na década de 1990 o construtivismo orientou reformas educacionais em vários países, orientando também as práticas escolares;

Ao ser apropriado nesse novo contexto transforma-se, configurando-se como neoconstrutivismo;

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A ênfase de Piaget que centrava-se na compreensão científica do desenvolvimento da inteligência cede lugar à “retórica reformista” que em sintonia com a pós modernidade obedecem regras que são fixadas pela pragmática;

O discurso do neoconstrutivismo encontra afinidade com a teoria do professor reflexivo, saberes docentes centrados na pragmática cotidiana;

Nesse contexto o neocontrutivismo funde-se com o neopragmatismo e as competências resultam assimiladas aos: “mecanismos adaptativos do comportamento humano ao meio material e social”

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A Pedagogia das Competências, outra face da pedagogia do aprender a aprender, objetiva dotar indivíduos de comportamentos flexíveis, para ajuste às condições em que não se garante nem mesmo a sobrevivência;

Deixa-se de lado o compromisso coletivo e responsabiliza-se os sujeitos subjugados ao mercado.

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Na reorganização do processo produtivo a pedagogia das competências tinha de ajustar o perfil dos indivíduos como trabalhadores e cidadãos;

Há substituição da qualificação por competência, nas escolas procura-se passar do ensino centrado nas disciplinas de conhecimento para o ensino de competências referidas à situações determinadas;

O objetivo era maximizar a eficiência- sujeito produtivo em menor tempo;

As reformas educativas iniciadas na década de 1990 foram orientadas por ações com a valorização dos mecanismos de mercado, da inciativa privada das organizações não governamentais, redução da ação do Estado, com intuito de diminuir gastos, encargos e investimentos públicos;

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Redefinição do papel do Estado e da escola – flexibilização do processo, conforme toyotismo;

O neotecnicismo caracteriza-se pelo deslocamento do controle do processo para os resultados, avaliação dos resultados é garantia de eficiência e produtividade;

Papel do Estado - criação de agências reguladoras, ou diretamente como no caso da educação;

LDB – União tem a responsabilidade de avaliar o ensino em todos os níveis, compondo um sistema nacional de avaliação;

Distribuição de verbas de acordo com o resultado na avaliação, conforme critérios de eficiência e produtividade;

O neotecnicismo alimenta a busca da “qualidade total” na educação e o fortalecimento da “pedagogia corporativa”;

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“Qualidade total” vestir a camisa da empresa, competição entre os trabalhadores para atingir grau máximo de eficiência e produtividade;

Tendência de considerar a “qualidade total” para as escolas como: quem ensina passa a ser prestador de serviço, já os que aprendem clientes e a educação o produto produzido com qualidade variável;

No entanto na configuração real a “qualidade total” no âmbito educacional pode ser entendida como: o verdadeiro cliente das escolas é a empresa ou a sociedade e os alunos são produtos que os estabelecimentos de ensino fornecem;

Adota-se o modelo empresarial na organização e funcionamento da escola, onde empresas podem transformar-se em agências educativas, configurando-se uma nova corrente pedagógica a “pedagogia corporativa”;

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Observa-se a abertura de faculdades e cursos guiados pelos interesses do mercado, no espírito das “universidades corporativas”;

Educador cede lugar ao treinador, educação deixa de ser um trabalho de esclarecimento, de abertura de consciência para tornar-se doutrinação, convencimento e treinamento para eficácia;

Empresas treinam: funcionários, clientes, atacadistas, revendedores, etc., todos tem de conhecer a visão da empresa.

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As transformações materiais que marcaram a passagem do fordismo para o toyotismo, geraram as ideias pedagógicas ocorridas na última década do século XX no Brasil e são expressas neoprodutivismo, nova versão da teoria do capital humano e determinam uma orientação educacional que mostra-se na “pedagogia da exclusão”;

O neo-escolanovismo retoma o aprender a aprender, que reordena o neoconstrutismo que se objetiva no neotecnicismo enquanto organização das escolas por parte de um Estado que busca maximizar os resultados de seus investimentos na educação, utilizando-se para isso da pedagogia da qualidade total e da pedagogia corporativa;

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Acácia Kuenzer caracteriza a concepção pedagógica atual como:

Exclusão Includente – fenômeno de mercado que utiliza diferentes estratégias para a exclusão do trabalhador do mercado formal e inclusão na informalidade;

Inclusão Excludente – manifesta-se no terreno educativo como a face pedagógica da exclusão includente. Inclui os estudantes no sistema escolar em cursos de diferentes níveis e modalidades sem padrões de qualidade exigidos para o ingresso no mercado de trabalho – melhora estatísticas educacionais, atingindo metas, sem aprendizagem efetiva. Assim embora incluídos no sistema escolar os sujeitos permanecem excluídos do mercado de trabalho e da participação ativa na sociedade.