nese, 2012

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Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Programa de Mestrado em Administração Arlete de Araujo Silva Nese O PAPEL DOS FUNDOS DE PENSÃO COMO ACIONISTAS: UM ESTUDO COM EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO ENTRE 1995 e 2009 São Paulo 2012

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Page 1: Nese, 2012

Insper Instituto de Ensino e Pesquisa

Programa de Mestrado em Administração

Arlete de Araujo Silva Nese

O PAPEL DOS FUNDOS DE PENSÃO COMO

ACIONISTAS:

UM ESTUDO COM EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL

ABERTO ENTRE 1995 e 2009

São Paulo

2012

Page 2: Nese, 2012

2

Arlete de Araujo Silva Nese

O Papel dos Fundos de Pensão como Acionistas:

Um Estudo com Empresas Brasileiras de Capital Aberto

entre 1995 e 2009

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Administração do Insper Instituto de

Ensino e Pesquisa, como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de concentração: Estratégia Corporativa

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Giovanetti Lazzarini –

Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.

São Paulo

2012

Page 3: Nese, 2012

3

Nese, Arlete A. S.

O Papel dos Fundos de Pensão como Acionistas: Um Estudo com Empresas

Brasileiras de Capital Aberto entre 1995 e 2009. / Arlete A. S. Nese; orientador: Prof. Dr.

Sérgio Giovanetti Lazzarini – São Paulo: Insper, 2012.

67 f.

Dissertação (Mestrado - Programa de Mestrado Profissional em Administração. Área

de concentração: Estratégia Corporativa) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.

1. Fundos de Pensão 2. Governança Corporativa 3.Desempenho Econômico

4. Ativismo 5. Mercados Emergentes 6. Brasil

Page 4: Nese, 2012

4

FOLHA DE APROVAÇÃO

Arlete de Araujo Silva Nese

O Papel dos Fundos de Pensão como Acionistas: Um Estudo com Empresas Brasileiras de

Capital Aberto entre 1995 e 2009

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Administração do Insper Instituto de

Ensino e Pesquisa, como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de concentração: Estratégia Corporativa

Aprovada em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. Sérgio Giovanetti Lazzarini

Orientador

Instituição: Insper Assinatura: _________________________

Prof. Dr. Henrique Machado Barros

Instituição: Insper Assinatura: _________________________

Prof. Dr. Aldo Musacchio

Instituição: Harvard Business School Assinatura: _________________________

Page 5: Nese, 2012

5

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Sérgio Giovanetti Lazzarini, pela honra que tive em estudar sua disciplina de Estratégia Competitiva no curso de Mestrado, pela orientação logo no início do curso e pela paciência na revisão deste trabalho em todo tempo.

Ao Prof. Dr. Henrique Machado Barros, membro da banca, que me honrou com suas aulas sobre Estratégia Corporativa no Mestrado e pelas importantes críticas ao aprofundar a questão de governança corporativa nesta dissertação.

Ao Prof. Dr. Aldo Musacchio, membro da banca, pelo interesse demonstrado na questão desta pesquisa ainda no desenvolvimento da revisão de literatura e ao motivar-me para apresentar sugestões adicionais sobre os resultados do estudo tendo em vista a experiência prática da autora em fundo de pensão.

Aos colegas do fundo de pensão Banesprev pelo apoio e paciência nestes dois anos de árduas horas de estudos e aos colegas de Mestrado pela amizade e troca de experiências durante as discussões em aula e nos trabalhos em grupo que não foram poucos.

Aos meus pais Antonio “in memoriam”, pelo exemplo de trabalho e honestidade e Ana Rita, por sua criatividade e esperança. À minha avó Georgina “in memoriam”, pelo exemplo de coragem e fé em Deus.

Ao Otávio meu esposo, à Jéssica e à Fátima minhas filhas, pelo amor e motivação que me ajudaram a superar obstáculos e pelas orações a Deus que tanto me fortaleceram.

Page 6: Nese, 2012

6

RESUMO

Nese, Arlete A. S. O Papel dos Fundos de Pensão como Acionistas: Um Estudo com

Empresas Brasileiras de Capital Aberto entre 1995 e 2009. São Paulo. 2012. 67 f.

Dissertação (Mestrado) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. São Paulo. 2012

O impacto de ativismo dos fundos de pensão sobre o desempenho econômico de empresas

quando participam de seu bloco acionário tem sido pouco analisado. Estudos em economias

desenvolvidas ao longo do tempo evidenciam a relevância dos fundos de pensão como

investidores institucionais no mercado de capitais. Esta importância decorre da larga posição

acionária, do ativismo na governança corporativa e monitoramento das companhias na

obtenção de maiores retornos. Assim, de forma a se buscar evidências no mercado brasileiro,

como país representativo de mercados emergentes, utilizou-se base acionária de 442 empresas

de capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa)

entre 1995 e 2009, para verificar como a participação dos fundos de pensão nos blocos de

controle acionário das empresas afeta o desempenho econômico e de mercado dessas

companhias. Há evidências em algumas regressões de que, a presença dos fundos de pensão

nos blocos de controle aumentou o retorno contábil das empresas. Porém, somente em

regressões em que os fundos de pensão, em conjunto, detêm o controle majoritário da

companhia. Em nenhuma das regressões do modelo o efeito contábil foi reduzido quando

observadas empresas pertencentes a grupos econômicos ou controladas pelo estado, ou

quando havia participação de fundos de pensão de patrocínio público. No entanto, efeito

positivo, encontrado em retorno contábil, não foi evidenciado em nenhuma das formas sobre o

Q de Tobin, uma medida de valor de mercado das firmas. Uma possível explicação é que

outros investidores de mercado não identificam valor na participação dos fundos de pensão no

bloco de controle acionário de empresas.

Palavras-chave: Fundos de pensão; governança corporativa, ativismo; desempenho

econômico; mercados emergentes; Brasil

Page 7: Nese, 2012

7

ABSTRACT

Nese, Arlete A. S. The Role of Pension Funds as Shareholders: A Study of Brazilian

Listed Companies between 1995 and 2009. Sao Paulo. 2012. 67 p. Dissertation (Mastership)

- Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Sao Paulo. 2012

The impact of pension fund activism in the financial performance of companies is not

sufficiently studied not only in Brazil but also in other emerging markets. However, studies in

developed economies over time have shed light on the relevance of pension funds as

institutional investors in capital markets. This is a result of pension funds’ substantial equity

position in companies and their activism and monitoring on the corporate governance of

invested companies aiming at higher returns. Thus, as a way to get empirical evidence from

the Brazilian economy, as a country representative of emerging markets, it was used a data

base of 442 publicly traded companies with shares traded on the São Paulo Stock Exchange

(BM&F Bovespa) between 1995 and 2009, to demonstrate variation in the effect of pension

funds’ shareholdings in control blocks of corporations on the accounting and market

performance of the associated companies. There are evidences in some regressions, that the

presence of pension funds in control blocks of corporations increased their accounting returns.

Although, only in regressions that pension funds, together, have direct majority capital control

of the company. Moreover, there are no evidences that this effect was attenuated when the

pension fund was observed in companies that are part of a business group or state-owned

enterprises. However, the positive effect of pension funds participation, observed in

accounting returns, was not verified on Tobin's Q, as measure of market value of firms. One

possible explanation is that other investors may not identify value in the pension funds’

shareholdings participation in control blocks of corporations.

Keywords: Pension funds, corporate governance, activism, economic performance, emerging

markets, Brazil.

Page 8: Nese, 2012

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diagrama das Hipóteses do Estudo.........................................................................66

Page 9: Nese, 2012

9

LISTA DE TABELAS

Tabela1a. Análise descritiva das participações dos fundos de pensão no capital social de

empresas listadas em bolsa de valores brasileira e das empresas base do estudo

entre 1995 e 2009. ................................................................................................ 67

Tabela1b. Análise descritiva das participações dos fundosde pensão em controle e

governança corporativa nas empresas entre 1995 e 2009..................................... 68

Tabela 2. Variáveis do Modelo e Análise Descritiva............................................................ 69

Tabela 3. Correlação entre as Variáveis de Ativismo dos Fundos de Pensão....................... 70

Tabela 4. O efeito das participações dos fundos de pensão sobre desempenho econômico das

empresas investidas entre 1995 e 2009................................................................. 71

Tabela 5a. Hipóteses e Resultados para forma de controle FP_DIR_CTRL..........................72

Tabela 5b. Hipóteses e Resultados para forma de controle FP_ANY_ACOR.......................72

Tabela 6. Fatores que afetam a probabilidade de um fundo de pensão fazer parte do bloco de

controle acionário e da governança corporativa da empresa por período..............73

Page 10: Nese, 2012

10

SUMÁRIO

1 Introdução ............................................................................................................ 11

2 Revisão da Literatura ............................................................................................. 14

2.1 Ambiente Institucional .................................................................................... 14

2.2 Fundos de Pensão no Mundo ............................................................................ 17

2.3 Fundos de Pensão no Brasil ............................................................................. 20

2.3.1 Regulamentação e Representatividade Econômica ....................................... 22

2.3.2 Política de Alocação dos Ativos sob Gestão ................................................ 24

2.3.3 Ativismo e Monitoramento dos Investimentos ............................................. 28

3 Hipóteses .............................................................................................................. 32

3.1 Fundos de Pensão e Impacto em Desempenho Econômico de Empresas em

Mercados Emergentes ............................................................................................... 32

3.1.1 Efeito quando Empresas Pertencem a Grupo de Negócios............................. 33

3.1.2 Efeito quando a Empresa for Estatal ........................................................... 35

3.1.3 Impacto quando o Fundo de Pensão é Patrocinado por Empresa Pública ........ 37

4 Metodologia do Estudo .......................................................................................... 39

4.1 Coleta dos Dados ............................................................................................ 39

4.2 Operacionalização das Variáveis ...................................................................... 40

4.3 Modelo da Pesquisa ........................................................................................ 44

5 Resultados da Pesquisa .......................................................................................... 46

5.1 Efeito da Participação dos Fundos de Pensão no Bloco de Controle Acionário sobre

Desempenho ............................................................................................................ 46

5.2 Determinantes da Seleção de Empresas para Participação Acionária .................... 48

6 Conclusões e Comentários Adicionais sobre os Resultados ........................................ 49

7 Limitações do Estudo e Sugestões de Pesquisa ......................................................... 52

Referências ................................................................................................................. 55

Page 11: Nese, 2012

11

1 Introdução

Em várias partes do mundo, apesar das privatizações ocorridas na década de 90, o governo

ainda permanece presente no capital das empresas de diversas formas, seja direta ou

indiretamente. No caso do Brasil, as privatizações que seguiram após 1990 reforçaram ainda a

influência do governo. O autor Lazzarini (2011) cita, entre os vários exemplos, o caso da

Vale S.A., como um fato em que são apresentados seus dois acionistas diretos, a empresa

Valepar S.A. e o BNDES Participações S.A. (BNDESPar). O BNDESPar executa a política

de investimentos em participações do Banco de Desenvolvimento Social e Econômico

(BNDES), que é uma empresa pública federal. A Valepar tem também como sócios, entre

seus controladores, a Litel Participações S.A., que, por sua vez, tem como principais

acionistas controladores fundos de pensão, atores centrais desta pesquisa, patrocinados por

empresas públicas.

Os fundos de pensão são instituições privadas e classificadas como entidades fechadas de

previdência complementar, tendo o Brasil 334 entidades com cerca de R$ 597 bilhões de reais

de ativos sob sua gestão (BRASIL, 2012) ou aproximadamente 14,7% do PIB brasileiro.

Segundo a Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) de número 3792 de setembro

de 2009, estas entidades podem alocar investimentos em até 70% dos recursos sob gestão no

segmento denominado de renda variável. Dentre os ativos classificados neste segmento estão

as ações de emissão de companhias abertas; as cotas de fundos de índice e de ações de

empresas listadas em bolsa e os títulos e valores mobiliários emitidos de sociedades de

propósito específico (SPE) conforme legislação (BRASIL, 2009). Adicionalmente, referente

ao investimento no capital social de uma mesma companhia, o fundo de pensão deve observar

a soma dos recursos administrados até o limite de 25% no capital social de uma mesma

empresa conforme estabelece a Resolução CMN nº 3792/2009. Referente às participações no

capital social de companhias listadas em bolsa de valores brasileiras, dados de março de 2012

da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar – ABRAPP

(ABRAPP, 2012) indicam que dos ativos sob gestão das entidades fechadas de previdência

complementar, 14,6% estão alocados diretamente em ações de empresas e 16,0% em fundos

de investimento em ações e índice, ou seja, um total de 30,6% dos recursos investidos no

segmento de renda variável.

Page 12: Nese, 2012

12

Importante destacar que em economias emergentes, o mercado de dívida e de participações

acionárias sofre o impacto dos altos custos de transação e escassez de recursos para

financiamento ou investimentos. Lazzarini e Musacchio (2011) citam teóricos institucionais

que destacaram nestes mercados o pobre ambiente de proteção legal, os altos custos de

transação, o mercado financeiro pouco desenvolvido e a escassez de recursos (NORTH, 1990;

STONE et al., 1996; PENG et al., 2009). Ao longo da história, a obtenção de informações, a

necessidade de reforços em cláusulas contratuais, as diferentes estruturas financeiras e

intermediários envolvem custos econômicos que têm influenciado naturalmente a alocação de

recursos. Além disso, um sistema financeiro com ambiente regulatório pouco desenvolvido

reduz a confiança dos diversos poupadores tornando os recursos escassos e de alto custo

econômico para alocação no mercado financeiro e de capitais (LEVINE, 2005).

Considerando o cenário de escassez de recursos, os fundos de pensão podem ser relevantes

em seu papel de grandes investidores no mercado de capitais. Punsuvo et al. (2007) destacam

que os fundos de pensão são investidores institucionais importantes para o mercado de

capitais pela necessidade de remuneração dos recursos sob gestão e objetivo de retorno de

longo prazo. Os fundos de pensão são responsáveis pela administração dos recursos

arrecadados e alocação desses ativos visando rentabilidade futura. Esta gestão de

investimentos tem objetivo de longo prazo na formação de recursos necessários ao

complemento da renda dos seus participantes durante a fase de aposentadoria. Assim,

segundo os autores, os fundos de pensão, tornaram-se grandes investidores em renda variável,

com participação num amplo número de empresas de capital aberto.

Desta forma, à medida que as participações acionárias desses investidores institucionais se

elevam, aumenta proporcionalmente a necessidade de se monitorar a gestão dos executivos

das empresas investidas que recebem os recursos. Assim, a partir da posição de grandes

acionistas, os fundos de pensão podem passar a exercer atividades de monitoramento de

forma mais ativa, na busca de remuneração adequada para seus investimentos (PUNSUVO et

al., 2007; GIANNETTI; LAEVEN, 2009). Em particular, os mecanismos de governança

corporativa podem apoiar os fundos de pensão na busca destas tarefas, uma vez que, ao

exercerem o direito de requerer modificações na gestão das empresas, buscam o alinhamento

dos interesses dos gestores aos dos fundos de pensão, de forma a garantir o retorno dos

recursos alocados (PUNSUVO et al., 2006). Punsuvo et al. (2007) confirmam que é natural

este ativismo, uma vez que os fundos de pensão têm como compromisso a remuneração

adequada das contribuições dos seus participantes. Caso contrário, podem correr o risco de

Page 13: Nese, 2012

13

prejudicá-los com uma rentabilidade insuficiente para formação da reserva para complemento

de suas aposentadorias.

Monks e Minow (1989) vão além dessa questão e afirmam que os acionistas das empresas,

quando participam de sua governança, protegem e elevam o valor das companhias investidas,

através da indicação de executivos. Destacam a crescente participação dos fundos de pensão

na governança das empresas investidas, assim como de outros investidores institucionais,

partindo de uma posição passiva para ativa em defesa de interesses das respectivas entidades.

Com relação ao efetivo aumento de valor das empresas investidas, através de uma gestão ativa

dos fundos de pensão na governança corporativa nestas empresas, o estudo de Giannetti e

Laeven (2009) demonstra que os fundos de pensão públicos e grandes fundos de pensão

privados elevam o valor da firma quando são ativos na governança das empresas investidas.

Ratificam que um importante meio de exercer influência na política da companhia é indicar

membros do Conselho de Administração. A partir dessas afirmações, é possível inferir que se

eleva a importância da rede de proprietários ou bloco de acionistas formados por fundos de

pensão que podem atuar na governança das companhias, potencializando o impacto de

ativismo dos fundos de pensão que fazem parte desta rede. No estudo de Brav et al. (2008),

encontramos a rede de proprietários como bloco de acionistas formado por investidores,

incluindo os fundos de pensão. Os autores afirmam que estes foram precursores dos gestores

de fundos de investimentos, considerando o ativismo dos blocos de controle acionário das

empresas investidas e impacto em desempenho dessas companhias, com base em dados da

década de 80.

Porém, até onde se pesquisou, não há estudos empíricos em economias emergentes sobre o

papel dos fundos de pensão no desempenho econômico das empresas investidas. Assim, como

forma de avançar o conhecimento deste assunto, o objetivo desta dissertação é investigar, em

economias emergentes, o impacto em desempenho de empresas de capital aberto quando estas

possuem em seu bloco de controle acionário os fundos de pensão. Examina-se, além disso,

fatores que poderiam atenuar este efeito, de forma a entender se haveria características das

empresas investidas ou dos próprios fundos de pensão que poderiam reduzir este impacto. Em

outras palavras, a questão de pesquisa é: como a participação dos fundos de pensão no bloco

de controle acionário de empresas em economias emergentes afeta o desempenho dessas

empresas. Para responder essa questão foi desenvolvido estudo quantitativo visando

Page 14: Nese, 2012

14

examinar, testar as hipóteses levantadas e tecer conclusões sobre o efeito de fundos de pensão

nas empresas investidas.

As próximas seções deste estudo estão organizadas da seguinte forma: A seção 2 (Revisão da

Literatura) apresenta o levantamento bibliográfico sobre o contexto dos fundos de pensão e a

importância do seu ambiente institucional, partindo de uma visão global para a de economias

emergentes, tendo como economia representante desse mercado o Brasil. Destaca a

necessidade de retornos de seus investimentos como motivador para monitoramento e

ativismo dos fundos de pensão e diferenciação do ativismo quando são patrocinados por

empresas públicas. A seção 3 (Hipóteses) destaca as hipóteses que serão testadas para

responder a questão do estudo. A seção 4 (Metodologia do Estudo) introduz a abordagem

metodológica que será empregada para identificar os efeitos em desempenho quando fundos

de pensão fazem parte do bloco de controle acionário da firma e principais atenuadores desse

impacto. A seção 5 (Resultados da Pesquisa) observa os resultados encontrados nas

modelagens desenvolvidas e evidências. A seção 6 (Conclusão) apresenta em que medida os

resultados potenciais deste estudo podem servir para avançar o conhecimento desta área. A

seção 7 (Limitações do Estudo e Sugestões de Pesquisa) indica limitações do estudo e destaca

sugestões para futuras pesquisas.

2 Revisão da Literatura

2.1 Ambiente Institucional

Entender o impacto gerado pelo controle acionário de fundos de pensão em desempenho de

firmas em mercados emergentes requer o entendimento de como se explica um desempenho

diferenciado de uma firma em relação às demais. Ou, como as firmas desenvolvem vantagem

competitiva ou criam valor de forma diferente das demais firmas (PORTER, 1980), em

termos de competências e desempenho.

Nesse sentido, Peng et al. (2009) destaca o seguinte “tripé”. Primeiro, “Competição Baseada

em Elementos da Indústria”, ou seja, modelo de Estrutura-Conduta-Desempenho da indústria

para investigação do ambiente de operação das empresas e decisão da melhor forma da firma

se adaptar ao mercado (MANN, 1971); “Recursos Específicos da Firma”, baseando-se na

Visão Baseada em Recursos (BARNEY, 1986); e, por fim, “Condições e Transições

Institucionais”, que tratam do ambiente institucional onde está inserida a firma. O ambiente

Page 15: Nese, 2012

15

institucional é tratado sob o ângulo de propriedade, governança e grupos sendo tema

relevante para estratégia corporativa ao tratar da gestão e organização de corporações.

Entender desempenho da firma no ambiente de mercados emergentes requer, portanto,

reconhecer as condições e transições institucionais desse mercado. Significa refletir sobre

normas explícitas como constituição, regulação, sistema legal, etc., e normas implícitas como

as regras sociais, a cultura, códigos de ética, etc. e como essas se processam no ambiente em

questão (PENG et al., 2009). Estas normas ou regras são instituições que influenciam os

custos de transações na economia, ou seja, o custo para se obter a informação, acompanhar,

monitorar e controlar o cumprimento dos acordos feitos entre as partes envolvidas no negócio

(WILLIAMSON, 1985). E, dada a relevância econômica dos mercados emergentes, o estudo

dos efeitos das instituições na estratégia competitiva tem sido crescente (HOSKISSON;

EDEN; LAU; WRIGHT, 2000).

Embora as instituições existam para facilitar o funcionamento do mercado, em economias

emergentes suas instituições falham por três motivos principais. Primeiro, lacunas de

informação para produtores, empregadores e investidores acessarem bens e serviços

necessários à produção e investimentos. Segundo, reguladores podem sobrepor a política

sobre a eficiência de mercado. Por exemplo, muitos mercados emergentes restringem a

possibilidade de demissão de funcionários. Regras como essa, embora tragam estabilidade à

sociedade, podem tornar as empresas dessas economias menos competitivas em comparação

com as de países de economias desenvolvidas. Terceiro, sistemas judiciários ineficientes não

colaboram para confiança e cumprimento de contratos (KHANNA; PALEPU, 1997). Em

mercados emergentes, decisões economicamente ineficientes podem persistir em função da

pouca transparência, ineficientes mecanismos de controle e por serem mercados fracos em

controles corporativos (KHANNA; PALEPU, 2000). Estas características de instituições em

mercados emergentes, ou lacunas, trazem maiores custos às transações uma vez que as firmas

necessitam proteger seus ativos de expropriações com contratos mais restritivos além de

outros mecanismos de controle, reduzindo a eficiência no uso de recursos (CHAN; ISOBE;

MAKINO, 2008).

Williamson (1985) trata sobre a minimização dos custos de transação em decorrência da

governança corporativa sobre as empresas. Assim, é importante compreender como estes

custos afetam as economias emergentes em seu mercado de dívida e de capitais. O fato é que

as empresas em mercados emergentes diferenciam-se das de economias desenvolvidas pela

Page 16: Nese, 2012

16

ausência de estrutura de um sistema regulatório eficiente, falhas nos processos legais, além de

questões de corrupção (LA PORTA, SLINAES E SHLEIFER, 1998). Em consequência, os

mercados financeiros em economias emergentes são pouco desenvolvidos pela falta de

recursos para investimentos e alto prêmio pelo risco que é imposto pelos intermediários

financeiros (INOUE, 2011).

Inoue (2011) discorre sobre os altos custos de transação, falhas de informação e alto risco

sistemático que tornam dificultosas a captação de recursos via dívida em mercados

emergentes. O longo prazo e alto custo em disputas legais implicam maior risco para os

credores, a questão da pouca cobertura de analistas de mercados sobre as empresas eleva

lacunas de informação entre executivos de empresas e intermediários financeiros. Salienta que

instituições políticas recentes e a instável situação macroeconômica elevam o risco

sistemático das economias emergentes. Estes fatores impõem ao mercando financeiro de

dívida dessas economias altas taxas de juros e prazos reduzidos que não tornam possíveis

investimentos de longo prazo em projetos das empresas. Nesse sentido, o autor Inoue (2011)

destaca o papel do governo que, através dos seus bancos de desenvolvimento, subsidiam

recursos de longo para apoiar o desenvolvimento de determinadas indústrias ou de novos

setores da economia. Por fim, destaca que, neste contexto, melhores condições na obtenção de

recursos de longo prazo para crescimento da empresa e desenvolvimento de seus novos

projetos seriam feitos através do mercado de ações.

No entanto, ao contrário do que se poderia esperar, estudos empíricos não suportam o

argumento de que desempenho de firmas em países com lacunas institucionais é menor que

em países com instituições mais bem desenvolvidas (CHAN; ISOBE; MAKINO, 2008). Uma

possível explicação para esta contradição é que o mercado de oportunidades em países com

lacunas institucionais pode compensar os altos custos de transação e produção, gerando

vantagens competitivas maiores do que em países com instituições mais desenvolvidas. Por

exemplo, em economias desenvolvidas, as instituições facilitam novos entrantes, ao passo

que em economias onde há lacunas institucionais pode haver maiores barreiras de entrada,

dando vantagens às firmas que já se posicionaram no mercado (CHAN; ISOBE; MAKINO,

2008). Adicionalmente, também se destaca a associação positiva de melhor desempenho de

empresas com maior nível de risco em economias emergentes (KOHERS; KOHERS;

KOHERS, 2006).

Page 17: Nese, 2012

17

Portanto, para se entender fatores que impactam desempenho das firmas é preciso: primeiro,

estudar o ambiente institucional relacionado às falhas do mercado financeiro e diferenças

quando se trata de economias emergentes. Segundo, reconhecer as oportunidades que geram

vantagens competitivas desses mercados. E terceiro, entender o papel do governo no

desenvolvimento dessas economias, em função de sua forte presença nesses mercados, mesmo

após processos de privatização. Este prévio conhecimento é base para informação aos

investidores no seu processo de alocação de recursos no longo prazo, que irão requerer

retorno adequado dado o maior risco assumido por investir em empresas de economias

emergentes.

Desta forma, ao se estudar o ambiente institucional em mercados emergentes e a relevância

dos investidores de longo prazo para o desenvolvimento da economia como os fundos de

pensão, o próximo passo é reconhecer o papel dos fundos de pensão no ambiente institucional

e como podem contribuir para desempenho econômico de firmas.

2.2 Fundos de Pensão no Mundo

A grande questão demográfica global tem sido em torno da elevação da expectativa de vida e

do declínio da fertilidade (MUNNELL, 2004). Segundo Davis e Hu (2005), países ao redor

do mundo têm feito reflexões sobre seus sistemas de previdência e possibilidades de

reformas. Além disso, os autores destacam que os ativos dos fundos de pensão têm se elevado

em diversos países, destacando os países da OCDE. O Reino Unido, por exemplo, em 1980

tinha sob gestão 115,6 bilhões de dólares (21,5% do PIB), em 2003 estes recursos elevaram-

se para 1.281,5 bilhões de dólares (79% do PIB). Os autores indicam evolução similar em

outros países da OECD que totalizavam 12 trilhões de dólares. Apresentam ainda dados das

economias emergentes e indicam o Chile como um dos pioneiros na reforma em direção à

privatização do sistema previdenciário. Afirmam que os maiores fundos de pensão entre as

economias emergentes eram Singapura e Malásia, dando destaque também ao Brasil e

México. Segundo os autores, os 29 países selecionados entre os mercados emergentes

detinham em 2002, o total de US$ 280 bilhões em ativos sob gestão, com média de 12%

sobre o PIB. Este percentual sobre o PIB de economias emergentes era menor que o de países

do OECD com 42% sobre o PIB. Davis e Hu (2005) seguem apresentando evidências de que

o sistema de fundos de pensão vem se desenvolvendo e tem contribuído para o crescimento

Page 18: Nese, 2012

18

econômico. Porém, é importante destacar as características dos fundos de pensão enquanto

investidores, as motivações para alocação de recursos e o monitoramento.

Há estudos empíricos que dão evidências sobre a participação acionária dos fundos de pensão

e impacto positivo no valor da firma. Também foi testado e mitigado o efeito do impacto

positivo ter relação de causalidade em função da correlação entre escolherem firmas com

base na expectativa de maiores retornos e estrutura acionária (GIANNETTI; LAEVEN,

2008). De fato, Giannetti e Laeven (2008) apresentam estudos e evidências de que o efeito no

valor da firma decorre do ativismo no monitoramento, proatividade e disposição dos fundos

de pensão. Ou seja, uso de mecanismos internos de governança corporativa como ativismo na

empresa, monitoramento de sua gestão e proatividade na apresentação de propostas ao

conselho administrativo, além da predisposição e preparo dos executivos dos próprios fundos

de pensão para realização destas tarefas e continuidade. Adicionalmente, os autores afirmam

que a motivação do ativismo decorre em função da relevante participação acionária dos

fundos de pensão. Isso lhes proporciona posição no Conselho de Administração das empresas

e, portanto, poder na indicação da escolha de diretores. Entretanto, este efeito de ativismo é

principalmente observado em fundos de pensão públicos quando são independentes de

instituições financeiras e grupos industriais e que, portanto, não possuem conflitos para o

monitoramento e a maximização do valor ao acionista. Giannetti e Laeven (2008) afirmam,

adicionalmente, que investidores institucionais não independentes, ou que são relacionados a

instituições financeiras ou a grupos industriais possuem altos custos de transação no

exercício de ativismo e monitoramento sobre as firmas investidas. Estes altos custos de

transação decorrem do risco de se prejudicar, por exemplo, o relacionamento com gestores

dessas empresas, com os acionistas de controle, a viabilidade de negócios futuro, etc.. Por

fim, sugerem que o efeito desses investidores institucionais em desempenho ocorre de

maneira diferenciada entre fundos de pensão públicos dos privados.

No entanto, outros estudos sobre o ativismo dos fundos de pensão contradizem o efeito em

desempenho de firmas quando investidores institucionais participam de seu capital. Wahal

(1996), por exemplo, destaca que os fundos de pensão falham ao não conseguirem persuadir

no conselho deliberativo da firma em adotar suas propostas de mudança. Num primeiro

momento, a interpretação dada aos resultados encontrados de não efetividade de suas

propostas era de que a aceitação ou não das propostas dos fundos de pensão não visavam

necessariamente à melhoria em desempenho da empresa investida. Além disso, a pesquisa de

Wahal (1996) indica que os fundos de pensão falhavam na habilidade de promover as

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19

propostas porque não eram efetivos na própria governança para se organizar em encaminhar

propostas com argumentações suficientes e claras para serem aprovadas pelos demais

membros do conselho das empresas. Desta forma, os fundos de pensão têm sua efetividade

do monitoramento reduzida e, portanto, sua capacidade de ativismo e de elevação do valor da

companhia. Outros autores ainda sugerem que investidores institucionais, enquanto acionistas,

podem impactar negativamente o desempenho da firma, pois carecem de expertise para

monitorar adequadamente ou porque seus objetivos têm conflito na maximização do valor da

firma, que podem não ser pela busca da maior lucratividade da empresa (CARLETON;

NELSON; WEISBACH, 1998).

Carleton, Nelson e Weisback (1998) destacam que, no decorrer do tempo, a posição no capital

das companhias pelos investidores institucionais passa a ser tão relevante que acaba tornando

as ações dessas empresas ilíquidas. Estas posições tendem a compor o índice de fundos de

bolsa e o custo desta participação é aceitar governança corporativa existente ou tentar

provocar alguma mudança.

Estudos sobre o impacto e motivadores para ativismo dos fundos de pensão nos Estados

Unidos observaram que as propostas apresentadas pelos fundos de pensão significaram

ativismo sobre a governança corporativa das empresas e larga mudança, como venda de ativos

e reestruturações. Porém, não encontraram evidências para efeito significativo na valorização

do retorno das ações ou de medidas contábeis sobre desempenho nos três anos seguintes ao da

aquisição. Encontraram, outrossim, somente impactos positivos no curto prazo (DEL

GUERCIO; HAWKING, 1999; KARPOFF; MALAESTA; WALKING, 1996; WAHAL,

1996). Já Michael Smith (1996) e Strickland, Wiles e Zenner (1996) apresentam evidências

de que o ativismo dos acionistas tem sucesso na alteração da estrutura de governança, com

resultados significativos na elevação do valor para o acionistas.

O aumento do ativismo dos fundos de pensão coincide com o aumento da participação

acionária de investidores institucionais, coincidindo também com a adoção de medidas

“antitakeover” pelas firmas (KARPOFF, 2001). Em função de problemas de diversificação,

fundos de pensão podem estar concentrados em largas posições acionárias que impedem sua

venda sob condições de baixo desempenho, impelindo-os a um maior esforço para elevar o

desempenho das empresas (MONKS; MINOW, 1991). Outros afirmam que o ativismo é um

movimento natural dos fundos de pensão para restringir que o mercado exerça o controle

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20

corporativo das empresas, mantendo seu direito de exercer o monitoramento e estimular maior

desempenho das firmas (POUND, 1992).

Karpoff (2001) destaca que discrepâncias entre associação de ativismo dos fundos de pensão e

impacto em desempenho ocorrem por diferenças entre os períodos analisados. Karpoff,

Malaesta e Walkling (1996) estudam dados dos anos 80, enquanto Strickland, Wiles e Zenner

(1996), dos anos 90. E, segundo Gillan e Starks (2000), o efeito do ativismo de acionistas nas

companhias investidas muda ao longo do tempo. Segundo eles, esforços nos anos 90

possivelmente contribuíram para efeito positivo. Entre estes esforços destacam a introdução

de novas formas de governança corporativa nas firmas investidas e mudanças regulatórias que

ofereceram maior suporte para coalizão entre acionistas institucionais na comunicação e

encaminhamento de suas propostas. Gillan e Starks (2000) salientam a definição de sucesso

no ativismo dos acionistas: (i) como valorização do preço da ação; (ii) elevação de

indicadores contábeis para desempenho; (iii) mudanças nas operações ou na gestão; (iv) ações

implementadas pelas empresas investidas em função do ativismo; (v) medidas tomadas em

função da pressão exercidas pelos acionistas; (vi) proposta de acionistas suportadas pelos

votos dos demais. Definições essas associadas a critérios de governança corporativa e

ativismo visam a elevar a maximização de valor para o acionista. Ou seja, segundo os autores

Gillan e Starks (2000), o exercício de ativismo associado a mecanismos formais de

governança corporativa, como por exemplo, a apresentação de propostas para serem votadas

nas reuniões anuais, está relacionado a objetivos de elevação do desempenho da companhia.

Assim, reconhecendo a relevância dos fundos de pensão como investidores institucionais no

desenvolvimento econômico de seus países, suas motivações para ativismo nas firmas

investidas e respectivos impactos em desempenho econômico das empresas e atenuadores,

torna-se importante entender esses fatores no contexto específico das economias emergentes.

Desta forma, apresenta-se a seguir o exemplo brasileiro como representativo dos mercados

emergentes.

2.3 Fundos de Pensão no Brasil

Tanto no contexto de Brasil como nos demais países das economias emergentes, é importante

a atração de capital com realocação dos investimentos para a economia real, sendo essa uma

das primeiras implicações para eficiência de mercado (BHARGAVA; DANIA;

MALHOTRA, 2011). Vikas (2011) salienta que no Brasil, o processo de estabilização

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21

advindo do Plano Real em 1994 promoveu a redução de inflação. Em diversas nações, tanto

ricas como pobres, são destacadas as mudanças nas condições demográficas e nos sistemas

que proveem pensão a seus trabalhadores no período de aposentadoria. As mudanças nas

condições demográficas decorrem da redução da taxa de fertilidade e do aumento da

longevidade que têm tornado insustentáveis os sistemas de pensão, uma vez que as pessoas

em fase de aposentadoria serão em número superior as que estarão em fase ativa de trabalho.

Neste sentido, países vêm ampliando mudanças no sistema de previdência. E, nos mercados

emergentes, estas reformas são acompanhadas pela expansão dos fundos de pensão privados

para suprir uma maior parte da população, pois é um ônus ao governo que tem que suportar

esses trabalhadores através do sistema público, e representa uma oportunidade para

incremento da poupança no desenvolvimento da economia (PFAU, 2011).

Neste contexto, em 35 anos de existência o sistema privado brasileiro de previdência

complementar acumulou mais de 500 bilhões de reais, tendo sido crescente a discussão da

relevância dos fundos de pensão no desempenho da economia brasileira. Segundo Rabelo

(1998), em função dos ativos acumulados pelos fundos de pensão, estes podem contribuir

para três áreas fundamentais da economia do país: Primeira, para o financiamento do

desenvolvimento econômico do país. Segunda, para o crescimento do mercado de capitais. E,

terceira, como afirma o autor, para a democratização do capital ou desconcentração da

propriedade das empresas sob controle do governo. Estas contribuições trazem à luz debates

importantes para expansão dos fundos de pensão em economias emergentes. Portanto, dada a

relevância do sistema de previdência complementar, faz-se necessário entender seu processo

de participação crescente no mercado de capitais.

Rabelo (1998) afirma que os fundos de pensão necessitam analisar: primeiro, a forma como o

mercado de capitais está organizado; segundo, os mecanismos pelos quais podem exercer

controle e terceiro, as formas pelas quais as participações acionárias podem ser negociadas

nesses mercados. O autor indica que aquisições de capital oferecem sistema de governança

com controle direto e essencial na discussão do papel dos fundos de pensão, uma vez que se

trata de forma de monitoramento dos fundos visando a fazer com que os executivos tenham

interesses alinhados aos dos acionistas. Rabello (1998) indica que o mercado de capitais

desenvolvido também possui relevante participação de fundos de pensão e aquele mercado

sem esses atores é pouco desenvolvidos, porém o autor não tem clara a direção do efeito de

causalidade entre o mercado desenvolvido e a relevância dos fundos de pensão. Ou seja, se os

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fundos de pensão causam o desenvolvimento do mercado ou se um mercado de capitais mais

desenvolvido causa maior participação dos fundos de pensão.

Rabello (1998) afirma ainda que, a maior capitalização dos fundos de pensão em países como

o Brasil viabiliza uma nova estrutura de propriedade, transferindo concentração do governo e

de grandes grupos industriais através de participação crescente dos fundos de pensão no

mercado de capitais. O autor também destaca que a maior participação dos fundos de pensão

contribui para melhor governança direcionada a estratégias de crescimento das empresas

investidas. Nesse sentido, Rabello (1998) cita processo de privatização do Chile e do Brasil e

o papel dos fundos de pensão no aumento da eficiência dos mercados de capitais e criação de

mecanismos de financiamento que contribuem para crescimento das corporações.

2.3.1 Regulamentação e Representatividade Econômica

O sistema previdenciário no Brasil é baseado em três pilares ou regimes. Primeiro, há o

Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que trata das aposentadorias e demais benefícios

dos trabalhadores brasileiros com exceção dos servidores públicos que possuem regimes

próprios. Segundo, há os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) instituídos e

organizados pelos respectivos órgãos federativos brasileiros responsáveis pela aposentadoria e

benefício dos servidores públicos titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios. E, terceiro, há a Previdência Complementar que trata de

um benefício opcional ao trabalhador, ou seja, uma aposentadoria contratada pela empresa e

empregado para garantir uma renda extra ao do RGPS ao trabalhador ou a seu beneficiário.

Neste sistema, para o empregado ativo, há contribuição mensal de um valor para formação de

reserva que servirá de complemento de aposentadoria no futuro entre outros benefícios. Estas

contribuições são aplicadas pela entidade gestora, com base em cálculos atuariais. No Brasil,

há dois tipos de previdência complementar: a previdência aberta e a previdência fechada. As

instituições que trabalham com planos de previdência aberta são fiscalizadas pela

Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) do Ministério da Fazenda. As Entidades

Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), objeto deste estudo, são os chamados fundos

de pensão (BRASIL, 2001) do Ministério da Previdência Social.

A Lei brasileira nº 6.435 de 1977 criou a previdência complementar no país a partir da

necessidade de regulamentar o funcionamento de algumas entidades de previdência privada

do setor estatal e de desenvolver a poupança previdenciária, o mercado de capitais e os

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23

sistemas de montepios (PINHEIRO, 2008). Os montepios eram instituições privadas

contratadas pelas empresas parar cobrir demandas de acidentes de trabalho, segundo Viscardi

(2008). A Lei 6.435 foi substituída pela Lei Complementar 109 de 30 de maio de 2001, que

disciplina o setor de previdência complementar no Brasil (FONTES FILHO, 2004).

O sistema brasileiro de previdência complementar emergiu a partir da experiência do sistema

de previdência americano ERISA, sigla em inglês para Employee Retirement Income

Security Act que teve sua origem na administração de planos de aposentadoria na modalidade

de benefício definido onde se tem o risco atuarial (PINHEIRO, 2008). O risco atuarial decorre

da necessidade de equilíbrio entre o que se arrecada para o plano através de contribuições dos

participantes e/ou patrocinadora e também da rentabilidade financeira resultante da alocação

dos recursos do fundo, e os compromissos presentes e/ou futuros do plano de aposentadoria

(BERTUCCI; SOUZA; FÉLIX, 2006).

Os planos de previdência privados ligados ao setor estatal evoluíram para as empresas do

setor privado nas décadas de 80 e 90 e também para outras formas de planos de benefício

definido para os de contribuição definida e mistos (ou, contribuição variável) no qual o risco

atuarial é mitigado (PINHEIRO, 2008). No benefício definido, tem-se previamente calculada

a complementação a receber no futuro e arrecadações necessárias. Já nos planos de

contribuição definida e mistos, o benefício a receber dependerá da contribuição individual, da

rentabilidade dos ativos e do tempo de arrecadação e recebimento do benefício (NAJBERG;

IKEDA, 1999).

Destaca-se que o setor de previdência complementar no Brasil tem assegurado pela legislação

a participação de representantes de membros do plano (BRASIL, 2001), podendo ser

participantes ativos ou assistidos, além dos próprios patrocinadores, de forma a compor

conselhos deliberativo e fiscal dos fundos de pensão. A Lei Complementar 109 de 30 de maio

de 2001 também disciplina a separação da pessoa jurídica da entidade fechada de previdência

complementar dos planos que administra, permitindo a possibilidade de haver mais de um

plano de uma mesma organização, porém com independência patrimonial e ainda a existência

de múltiplos patrocinadores na mesma entidade, mantendo a independência entre planos

(FONTES FILHO, 2004).

Segundo dados da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (BRASIL,

2010), o Brasil possuía em dezembro de 2010, 84 Entidades Fechadas de Previdência

Page 24: Nese, 2012

24

Complementar (EFPC) de Patrocinador Público e 266 de Patrocínio Privado. A população de

participantes das EFPC de patrocínio privado era de 3.611.899 e de público 2.688.335, num

total de 6.300.234. Do total de ativos sob gestão das EFPC em dezembro de 2010, ou seja, R$

565,8 bilhões, 34,5% eram de EFPC de patrocínio privado e 65,5% de patrocínio público. Em

2002, o total de ativos das EFPC era R$ 189,4 bilhões representando uma taxa de crescimento

anual média composta de 14,66% ao ano 2002 a 2010.

A indústria de fundos de pensão é peculiar e exige conhecimento específico em diversas

áreas. Na estrutura do mercado brasileiro, há a influência de intervenientes nas decisões: o

Conselho Nacional da Previdência Complementar (CNPC) que pertence à estrutura do

Ministério da Previdência Social e é o órgão regulador dos fundos de pensão como entidades

de previdência complementar fechadas e a Superintendência Nacional de Previdência

Complementar (PREVIC), autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social e

responsável pela fiscalização e supervisão das entidades fechadas de previdência

complementar (BRASIL, 2010). Além do CNPC e da PREVIC, a ABRAPP e a Associação

Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (ANAPAR) (SANTOS; ANTUNES; LEIS;

2008). Santos, Antunes e Leis (2008) afirmam que há uma concorrência entre as instituições

financeiras para administração dos recursos sob gestão dos fundos de pensão. Nas médias e

pequenas entidades fechadas de previdência complementar, as decisões acabam por ficar

mais centradas na seleção de gestores terceirizados para aplicação de recursos que lhe

ofereçam melhores condições na obtenção da meta atuarial de seus planos, o que não significa

terceirização da gestão.

Pfau (2011) apresenta em seu artigo a expansão e avanço do sistema e salienta a questão da

alocação dos recursos garantidores sob gestão dos fundos de pensão, pois suas escolhas

dependerão de uma série de fatores como o horizonte de pagamento, sensibilidade à inflação e

taxa de reajuste de salário, o que afeta tanto benefícios definidos como contribuições

definidas, tanto em fundos de pensão públicos como privados. Desta forma, faz-se necessário

o entendimento de como se dá o processo de alocação de ativos nos fundos de pensão.

2.3.2 Política de Alocação dos Ativos sob Gestão

A PREVIC, como agente fiscalizador dos Fundos de Pensão no Brasil (até o momento da

escrita desta dissertação) e em substituição à SPC – Secretaria de Previdência Complementar

em 2010, tem como uma de suas atribuições principais a fiscalização da alocação dos ativos

Page 25: Nese, 2012

25

sob gestão dos executivos dos fundos de pensão de acordo com a legislação em vigor. Em

setembro de 2009, através da Resolução do Conselho Monetário Nacional de número 3792,

houve a reformulação das possibilidades de alocação estratégica do patrimônio gerido pelos

fundos de pensão, ampliando a possibilidade em investimentos de maior risco e respectivo

retorno – evoluindo nesse processo de alocação para maior proximidade da realidade de

economias desenvolvidas. Por exemplo, a ampliação da alocação dos investimentos no

segmento denominado de renda variável de 50% para 70% sobre o total dos recursos do

plano de benefícios; criação dos limites de 10% para investimentos no exterior; 20% para

investimentos estruturados que são os fundos de investimentos em participações, fundos de

investimentos em empresas emergentes; e, ainda, fundos de investimentos imobiliários,

mantendo os limites máximos de 100% para renda fixa; 8% para investimento direto em

imóveis e 15% para operações com participantes.

Importante destacar que, embora os fundos de pensão individualmente não possam ser

controladores majoritários de empresas, podem se unir em bloco com outros fundos de pensão

ou outros investidores e assumir parte relevante do bloco de controle e do Conselho de

Administração. Por limitação de legislação, a posição acionária de um fundo de pensão,

individualmente, é de no máximo 25% do capital de controle da empresa (BRASIL, 2009).

Os limites quantitativos da legislação e diversificação dos ativos dos fundos de pensão no

Brasil são relevantes, como afirma Pinheiro (2007) em seu estudo, por se tratar de volume de

poupança doméstica que pode interferir na condução da política econômica do país. O autor

destaca que o processo de escolha dos segmentos de alocação de recursos considera

condições de menor risco do investimento, maior rentabilidade, e características de liquidez

necessárias ao cumprimento dos compromisso pelo fluxo de pagamento de benefícios a seus

participantes. Pinheiro (2007) destaca ainda que o processo de seleção dos investimentos se

condiciona a situação econômica do país e que tanto em época de elevadas taxas de inflação,

quanto no período de estabilização em que se ofereceram altas taxas de juros de 1994 a 2005,

os fundos de pensão têm optado por concentrar investimentos em títulos públicos federais.

Esses títulos financiam a dívida pública interna do país e, na época das altas taxas de juros,

eram até superiores à meta atuarial dos planos. Além disso, os títulos públicos federais do país

têm maior segurança devido ao baixo risco que representam para os investidores brasileiros e

liquidez necessária para gestão dos recursos dos fundos de pensão.

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26

Quanto à rentabilidade dos investimentos, Pinheiro (2007) destaca que esta variável é

determinada pela exigência da remuneração do plano de benefícios através de uma taxa

mínima atuarial, que corresponde à taxa real anual de juros assumida para cálculo das reservas

necessárias ao pagamento dos benefícios. O total capitalizado entre as contribuições e o total

capitalizado em função da rentabilidade dos investimentos decorrentes das aplicações dessas

contribuições comprova a importância da variável taxa de juros que busca rentabilidade real

frente à mínima exigida para manter o equilíbrio dos planos. Segundo o estudo, a escolha da

taxa de juros para descontar o valor atual do fluxo dos benefícios a serem pagos no futuro

deve representar a expectativa da taxa de rentabilidade dos ativos financeiros dos planos no

longo prazo. De forma geral, os títulos públicos de longo prazo do governo federal brasileiro

são utilizados como balizadores para determinação da taxa de juros livre de riscos para os

investimentos dos fundos de pensão no Brasil. Tendo esses balizadores, Pinheiro (2007)

apresenta a Resolução do Conselho de Gestão da Previdência Complementar nº 18, de 28 de

março de 2006 (BRASIL, 2006) ao destacar a limitação máxima de juros reais para projeção

atuariais, ou reservas dos planos de benefícios em 6% ao ano. Desta forma, uma redução na

taxa de juros provocaria elevação do custo previsto para os planos de aposentadoria e está

relacionado às condições da política macroeconômica do país, significando necessidade de

haver prudência e diligência na gestão dos ativos financeiros dos fundos de pensão.

Na alocação dos ativos dos fundos de pensão, as resoluções do Conselho Monetário Nacional

constituem restrições que buscam não somente limitar o risco, mas apoiar as possibilidades de

se atingir a meta atuarial e buscar ganhos adicionais através de uma alocação mais flexível

dos recursos geridos pelos fundos de pensão. Importante destacar que a legislação atual não

prevê limite mínimo para alocação em ativos. E que, desde 1994, já havia sido criada

regulação que determinava apenas a alocação quantitativa máxima de limites de alocação

através da Resolução CMN nº 2.109 de 1994. A vedação à determinação de limites mínimos

de alocação de recursos ou sua obrigatoriedade foi confirmada pela Lei Complementar nº 109,

de maio de 2001 (BRASIL, 2001; PAIXÃO;PINHEIRO; CHEDEAK, 2005).

Desta forma, o gestor de ativos de um fundo de pensão, além de estar atento às restrições

legais impostas, deve considerar as condições econômicas do país e a relação de risco e

retorno para alocação ótima dos recursos sob sua gestão. Por exemplo, ações em bolsa em

países desenvolvidos oferecem rentabilidade importante para se aceitar um maior grau de

risco, evidenciando-se através de índices tanto nos Estados Unidos como na maioria dos

países da Europa, uma rentabilidade nominal nos últimos 15 anos que prima pela renda

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27

variável. Já no Brasil, como em outras economias emergentes, a renda fixa ainda oferecia em

2011 taxas e risco mais atrativos que o mercado de ações. Além disso, títulos atrelados à

inflação configuram-se na possibilidade de uma gestão passiva, tendo-os como benchmark

para alocação estratégica suficientes para superar metas atuariais atreladas a índices de

inflação (BERTUCCI; FRANCISCO, 2009). Bertucci e Francisco (2009) destacam ainda que

meta atuarial indexada à inflação e opção de alocação de ativos com critérios de risco de

baixa inflação ainda não parecem ser racionais para a realidade.. Ou seja, este critério oferece

um temor pelo risco de se arcar com as consequências de uma possível alta de inflação ainda

não prevista.

Bertucci, Souza e Félix (2006) destacam o conceito de alocação estratégica de ativos que trata

de decisões sobre a formação de carteiras de investimentos a partir da análise de riscos e

retornos oferecidos pelos diferentes ativos. Este conceito tem por objetivo o atingimento da

meta atuarial de planos de benefício sob gestão de um fundo de pensão. Ou seja, a

necessidade de equilibrar ativo e passivo de um plano de benefícios, sendo o ativo o que se

arrecada e se rentabiliza como resultado da alocação de ativos e o passivo os compromissos

atuais e/ou futuros do plano sob gestão dos fundos de pensão a um determinado indexador de

inflação mais juros. Desta forma, os autores afirmam que no Brasil, ao contrário das

economias de países desenvolvidos, o atingimento de metas atuariais seria praticamente

automático através de renda fixa. Os autores afirmam ainda que, apesar da economia

brasileira ter melhorado com o Plano Real, a moeda ainda não seria forte o suficiente para

impedir que investimentos de longo prazo não necessitassem de algum tipo de alocação de

ativos indexados à inflação. Esse fato se potencializa se os juros estiverem altos, onde o fluxo

de capitais é direcionado para títulos pagadores de juros, favorecendo a gestão passiva dos

fundos de pensão pela alocação dos recursos em renda fixa. E, por causa da inflação, mesmo

não havendo cenário de juros altos, os fundos de pensão devem efetuar alocações táticas

aproximando-se de uma carteira imunizada às flutuações de índice inflacionário indexador de

meta atuarial. No entanto, os autores Bertucci, Souza e Félix (2006) também afirmam que

num cenário de taxas de juros baixas, uma estratégia de alocação totalmente passiva à

indexação de 100% dos ativos à meta atuarial é inviável, pois as taxas indexadas dos passivos

não serão mais ofertadas no mercado através de um só tipo de ativo neste cenário de juros.

O fato é que o Brasil, após 2009, encontra-se num novo cenário econômico em função da

redução acentuada da taxa de juros real de longo prazo e que, aparentemente, deve convergir

para patamares abaixo de 5% ao ano. Esta realidade oferece um novo contexto para a

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28

alocação dos recursos dos planos sob gestão dos fundos de pensão no país. Havendo,

portanto, maiores desafios e necessidade de reforço das regras prudenciais de solvência e

segurança dos planos para garantia aos participantes e assistidos (PINHEIRO, 2008). Espera-

se, nesse sentido, a alocação de investimentos sob gestão dos fundos de pensão para ativos de

maior risco, como por exemplo, via participação no capital de controle de empresas. Ao

mesmo tempo, passa a ser importante entender como se dá a gestão desses ativos na medida

em que visam garantir o retorno necessário ao cumprimento das metas atuarias e proteção dos

recursos investidos.

2.3.3 Ativismo e Monitoramento dos Investimentos

A redução da taxa de juros é acompanhada da inevitável transição de uma gestão passiva na

alocação dos recursos para uma gestão ativa pelos fundos de pensão, sendo este o caso

brasileiro. As altas taxas de juros oferecidas no passado permitiam a simples alocação dos

recursos em renda fixa caracterizando-se, portanto, uma gestão passiva. No entanto, um

cenário de taxa de juros reais abaixo do exigido pelas metas atuariais dos planos, requer do

gestor do fundo de pensão a busca por alternativas de investimento sem deixar de considerar

os possíveis movimentos inflacionários. Ou seja, há necessidade de uma gestão ativa capaz de

analisar risco e retorno de ativos alternativos à renda fixa para o atingimento da meta atuarial

(BERTUCCI; SOUZA; FÉLIX, 2006). Portanto, este cenário traz novos desafios à alocação

de recursos sob gestão dos fundos de pensão do Brasil, que incluem, por exemplo, uma maior

participação no capital social de empresas

Crisóstomo e Gonzáles (2006) evidenciaram a participação crescente dos fundos de pensão

na propriedade de empresas brasileiras no período de 1995 a 2002 e que, esta seria um

indicativo de possível estratégia dos fundos de pensão como grupo de acionistas ativos na

governança das empresas investidas. Bainbridge (2000) reconhece a importância do ativismo

desses investidores e benefícios econômicos pela redução dos custos de agência, ou redução

de conflitos de interesse entre acionistas e administradores da empresa. Porém, o autor

também destaca possíveis problemas associados pela defesa de interesses dos ativistas frente

aos demais acionistas, destacando os de economias em desenvolvimento.

A pesquisa de Gillan e Starks (1998) indica formas de ativismo realizadas e que se destacaram

pelas propostas de governança da empresa investida, cujos resultados podem ser evidenciados

pela reação do mercados de ações no curto prazo quando da divulgação de ativismo dos

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29

fundos em suas propostas, em função de mudanças na empresa alvo do ativismo e na relação

entre investidores institucionais e a empresa. Gillan e Starks (1998), porém, destacam a

dificuldade de serem avaliados os impactos de ativismo exercido pelos fundos de pensão. Ou

seja, se este ativismo de fato gerou consequências positivas sobre os resultados da empresa

investida ou se foi decorrente de outros fatores. Gillan e Starks (1998) também afirmam que é

difícil de avaliar se estes outros fatores ocorreram pelo próprio ativismo dos investidores.

Além disso, existe a questão da reduzida publicidade das propostas apresentadas pelos fundos

de pensão, pois, esta forma de ativismo pode ter ocorrido por negociação entre as partes sem

divulgação externa. Esta situação impossibilita a evidenciação do ativismo exercido e de que

este gerou respectiva consequência em desempenho na empresa.

O fato é que o mercado de capitais e os fundos de pensão como investidores institucionais

necessitam da combinação de fatores que se traduzam em liquidez para transação de alto

volume de ativos, de forma regulamentada e com investidores que tenham condições de

liquidar suas posições de forma ágil (RABELO,1998). Rabelo (1998) afirma que o

envolvimento dos fundos de pensão na governança corporativa das empresas investidas tem

como objetivo específico aumentar o desempenho financeiro, não estabelecendo regras novas,

mas garantindo que as regras existentes sejam cumpridas rigorosamente. O autor destaca a

ação dos fundos de pensão em áreas como: garantia de número mínimo de diretores

independentes e não executivos da companhia no conselho deliberativo das empresas;

estabelecimento de votações veladas de resoluções ou de propostas; e obtenção de

informações precisas da remuneração dos executivos, sendo esta cada vez mais atrelada ao

desempenho econômico da companhia através de opções de ações.

Crisóstomo e Gonzáles (2006) afirmam que o Brasil pode ter características comuns a outros

países que se destacam pela concentração de propriedade e mercados de capitais em evolução,

citando economias emergentes como Índia. Desta forma, os fundos de pensão, motivados pela

própria expansão e avanço a ampliar seu papel pela maior participação em investimentos no

mercado de capitais, estão submetidos a maior exposição de risco através de participações

acionárias. Neste contexto, se faz necessário processo adequado de monitoramento,

acompanhamento de desempenho das empresas investidas e até ativismo na governança

dessas firmas através da formação de blocos de controle nas empresas investidas (HERBST;

DUARTE JÚNIOR; 2007).

Page 30: Nese, 2012

30

No Brasil, Jesus (2004) apresenta evidências de ativismo adotado pela Caixa de Previdência

dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI. O autor destaca as primeiras empresas em que

a PREVI nomeou representantes para os Conselhos de Administração e Fiscal a partir de

1992: Cerâmica Portobello, Companhia Petroquímica de Camaçari, LIASA, Tupy e Usiminas.

Segundo o autor, estes conselheiros indicados pela PREVI eram funcionários aposentados

com experiência profissional reconhecida, sendo que seu desempenho e das empresas

investidas eram acompanhados através de relatórios e/ou apresentações verbais para

Colegiado de Diretores da própria PREVI. Esta adoção caracterizou a preocupação do fundo

de pensão em exercer de fato uma posição ativa de monitoramento.

Jesus (2004) também destaca uma nova forma de ativismo na gestão das empresas do país a

partir da aquisição pela PREVI de 15% do capital de controle da empresa Acesita em 23 de

outubro de 1992. Esta nova fase foi marcada quando a PREVI liderou acordo de acionistas

com outros fundos de pensão: Sistel, Real Grandeza, Postalis e PREVI Banerj e com o Clube

de Investimentos dos Empregados do Grupo Acesita (CIGA). Este fundos de pensão

possuíam participação em controle da Acesita em que seriam contempladas cláusulas de

gestão compartilhada da companhia e indicação os membros para uma nova diretoria. O autor

destaca ainda que, a produtividade da Acesita se elevou em 22,2% em um ano sob controle

dos fundos de pensão.

Paixão, Pinheiro e Chedeak (2005) afirmam que a regulamentação dos investimentos tem

incentivado os fundos de pensão do Brasil a exercerem papel ativo ao participarem da gestão

e governança corporativa das empresa de capital aberto em bolsa de valores. Podendo ser

verificado ao serem estabelecidos limites percentuais máximos diferenciados na alocação do

patrimônio sob gestão em função do nível de governança das companhias.

De acordo com a legislação vigente, até a escrita desta pesquisa, estes limites máximos são:

35% de alocação em empresa com governança tradicional; 45% em ações de empresa do

Nível 1; 50% em ações classificadas como Bovespa Mais; 60% em ações do Nível 2 e 70%

como do Nível Novo Mercado. (BRASIL, 2009). Os níveis de governança foram definidos

pela Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F BOVESPA, 2000). Estes níveis são segmentos

especiais de listagem criados para desenvolver o mercado de capitais brasileiro e atrair novos

investidores através de regras de governança mais rígidas e de maior transparência de

informações ao mercado.

Page 31: Nese, 2012

31

Seguem algumas regras dos respectivos níveis de governança conforme regulamentação da

BM&BOVESPA, até o momento da escrita deste estudo: Nível 1, mínimo de 25% de “free

float” ou ações em circulação; esforços de dispersão acionária e de distribuição pública de

ações; composição de Conselho de Administração com mínimo de três membros e concessão

de “tag along” (mecanismo utilizado para que todos os acionistas tenham o direito de vender

suas ações ao comprador do controle nas mesmas condições do vendedor do controle) em até

80% para ações ON (sigla para ações ordinárias nominativas que dão direito a voto na

companhia entre outros direitos (BRASIL, 1976)). Nível 2, além da companhia aceitar as

práticas adotadas no Nível 1, obrigam-se garantir direitos adicionais aos acionistas

minoritários como “tag along” de 100% tanto para ações ON como PN (sigla para ações

preferenciais nominativas que têm preferência no pagamento de dividendos na companhia

entre outros direitos (BRASIL, 1976)) e pela diferenciação na composição do Conselho de

Administração com cinco membros. Novo Mercado, além das companhias comprometerem-se

com a adoção práticas das regras do Nível 1 e Nível 2, inovam ao se obrigarem a manter

100% do seu capital com ações ordinárias. Já o segmento Bovespa Mais foi formulado,

especialmente, para empresas de pequenos e médios portes. Este segmento oferece condições

para que a empresa ingresse no mercado de capitais aos poucos. No Bovespa Mais, além de

poderem ser emitidas somente ações ON, é permitida a existência de ações PN e têm até o

sétimo ano da listagem no segmento para manter o mesmo percentual de 25% em “free float”

do Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2, entre outras regras. O segmento tradicional permite a

existência de ações ON e PN e não há regras para percentual mínimo de “free float” ou para

distribuição pública, por exemplo.

Nesse sentido, Paixão, Pinheiro e Chedeak (2005) destacam que os fundos de pensão

contribuem para a maximização do desempenho da empresa ao indicarem membros para o

Conselho de Administração das empresas em que têm investimentos em grande escala com

capital de longo prazo. Ou seja, os limites da legislação para alocação de ativos pelos fundos

de pensão priorizam investimentos em empresas com níveis de governança que ofereçam

melhores condições de transparência e regras mais restritas em benefícios aos acionistas.

Assim, tem-se reconhecida na literatura a importância de se analisar o ambiente institucional

em que empresas e fundos de pensão estão inseridos e as motivações para ativismo dos

fundos de pensão nas empresas investidas. Desta forma, a próxima seção do estudo sugere as

hipóteses sobre o impacto em desempenho das firmas quando fundos de pensão participam de

Page 32: Nese, 2012

32

seu bloco de controle acionário, considerando características específicas das firmas e dos

próprios fundos de pensão.

3 Hipóteses

Como foi destacado na seção de Revisão de Literatura, autores evidenciaram que melhores

retornos de empresas com valorização de mercado podem ocorrer em função da participação

dos fundos de pensão. Também afirmaram que estes resultados decorrem do ativismo dos

fundos de pensão dado ao poder decorrente da relevância de sua participação acionária e

consequente representação nos Conselhos de Administração das empresas investidas

(GIANNETTI; LAEVEN, 2009). Ou seja, em países desenvolvidos a governança corporativa

exercida pelos fundos de pensão impacta diretamente no desempenho da firma (LEVINE,

2005; GIANNETTI; LAEVEN, 2009).

3.1 Fundos de Pensão e Impacto em Desempenho Econômico de Empresas em Mercados Emergentes

Artigos citados neste estudo destacaram que, em países emergentes caracterizados por

escassez de recursos, com mercado financeiro pouco desenvolvido e de alto custo, os fundos

de pensão podem ter relevância crescente como investidores institucionais e causam impacto

no mercado de capitais em função do volume de recursos que transacionam (LEVINE, 2005).

Os fundos de pensão, portanto, também como relevantes investidores no capital social de

empresas têm necessidade de monitorar executivos das companhias investidas para

maximização de seus lucros. Nesse sentido, apresenta-se a questão de agência e a necessidade

de se investigar os incentivos de cada parte para determinar possível equilíbrio contratual da

relação entre executivos ou agentes da firma e seus acionistas (JENSEN; MECKLING, 1976).

No Brasil, os fundos de pensão passaram a exercer governança corporativa nas companhias

investidas enquanto provedores de capital através da participação em controle. Esta

possibilidade lhes conferiu poderes para exercer monitoramento e influência em como a firma

utiliza o capital. No momento seguinte, os fundos de pensão evoluíram para formação de

blocos de controle acionários de empresas. Este ativismo no monitoramento e indução dos

executivos para maximizar o valor da firma, podem melhorar a eficiência na alocação dos

recursos e da expectativa de retorno das empresas investidas (JESUS, 2004).

Page 33: Nese, 2012

33

Importante também destacar que este movimento de exploração cada vez maior das

possibilidades de investimentos pelos fundos de pensão no mercado de capitais, a exemplo

das privatizações, tem impulsionado maior profissionalização na administração financeira

dos fundos de pensão (PEREIRA; MIRANDA; SILVA, 1997), que contribui para o efetivo

monitoramento e direcionamento dos executivos das companhias na maximização de

resultados.

No entanto, na seção de Revisão de Literatura deste trabalho também há o destaque de artigos

contrários a estudos encontrados sobre efeito positivo em desempenho de empresas quando

investidores institucionais, como os fundos de pensão, participam do seu capital acionário

(WAHAL, 1996; CARLETON; NELSON; WEISBACH, 1998). Por outro lado, a escassez

de recursos por investimentos de longo prazo em mercados emergentes gera oportunidades

alinhadas aos interesses dos fundos de pensão que necessitam garantir o retorno adequado aos

recursos sob sua gestão, como as participações no capital de controle das empresas.

Desta forma, o foco deste trabalho será observar, em mercados emergentes, se as

participações acionárias em bloco de controle dão condições aos fundos de pensão para

elevação do desempenho econômico. Estas condições na busca por maior retorno esperado de

seus investimentos são: 1) Capacidade de ativismo nas empresas investidas. 2) Exercício de

maior monitoramento na gestão de executivos principais da companhia. Logo, sugere-se a

primeira hipótese:

Hipótese 1. Em mercados emergentes, blocos de controle acionário formados por fundos

de pensão elevam o nível de desempenho econômico da firma.

3.1.1 Efeito quando Empresas Pertencem a Grupo de Negócios

É possível, entretanto, que ocorra atenuação no impacto positivo em desempenho econômico

quando a firma faz parte de grupos de negócios.

Este mesmo processo de estudo de atenuação de impacto em desempenho foi adotado na

pesquisa de Lazzarini e Musacchio (2011) ao analisar o efeito de participações minoritárias

do BNDES no desempenho de empresas investidas. Estes autores se valem do artigo de

Giannetti e Laeven (2009), que destacaram possíveis atenuações em desempenho de

companhias investidas por fundos de pensão da Suécia.

Page 34: Nese, 2012

34

Observa-se que, em economias emergentes, grupos de negócios podem prover condições

favoráveis de desenvolvimento de seus negócios em substituição a lacunas institucionais

(KHANNA; PALEPU, 1997). Segundo Khanna e Palepu (1997), em função dos mecanismos

de mercado de capital em economias emergentes serem ineficientes, seus conglomerados ou

grupos de negócios podem gerar capital necessário para expansão de negócios existentes ou

para entrar em novos negócios. Porém, neste contexto, os autores destacam que investidores

institucionais preocupam-se com as operações internas desses grupos, pela dificuldade que há

de confirmar qual negócio de fato está criando valor no grupo. E ainda, pela possível

transferência de fundos entre companhias visando favorecer certos acionistas em detrimento

de outros. Esse efeito é conhecido como “tunneling”, ou prática ilegal em que o acionista

majoritário, em detrimento dos acionistas minoritários, direciona os negócios da empresa em

foco em benefício pessoal. Medidas como transações entre partes relacionadas no mesmo

grupo, por exemplo, podem ser considerados como práticas de “tunneling”. A consequência

principal de não ser monitorada e evitada essa prática significa redução de valor da firma e

perdas para os demais acionistas (BAE et al., 2002; BERTRAND et al., 2007; LAZZARINI;

MUSACCHIO, 2011).

Estudos empíricos confirmam que decisões economicamente ineficientes podem persistir em

função da fraca transparência na prestação de contas, com ineficazes mecanismos de

governança entre grupos de negócios de mercados emergentes (KANNA; PALEPU, 2000).

Os autores destacam evidências que sugerem haver maior dificuldade de monitorar empresas

que fazem parte de grupos de negócios que em empresas isoladas por estes fracos

mecanismos de governança corporativa e pouca transparência. Para controlar esta situação,

Kanna e Palepu (2000) afirmam que seria necessário que cada grupo de negócios criasse

mecanismos de coordenação que facilitassem o compartilhamento de informações e

cumprimento de contratos entre as empresas do grupo.

Segundo La Porta, Lopez-De-Silanes e Shleifer (1998), grupos de negócios podem ser

construídos de forma piramidal com objetivo de separar propriedade acionária de controle

acionário. O fato é que em grupo de negócios há maior custo de monitoramento em função de

possível redução de alinhamento de interesses entre acionistas e gestores. (JENSEN;

MECKLING, 1976; BEATTY; ZAJAC, 1994; TOSI; KATZ; GOMEZ-MEJIA, 1997).

Portanto, a combinação de questões que envolvem os grupos de negócios traz à luz a

necessidade de maior monitoramento do bloco de controle de acionistas sobre executivos de

Page 35: Nese, 2012

35

firmas que fazem parte de grupo de negócios. Caso contrário, sua capacidade de ativismo é

reduzida por dois motivos principais: 1) Redução da transparência sobre operações internas

entre empresas de grupo de negócios envolve maiores custos de transação na determinação de

regras, por exemplo, que viabilizem a maior efetividade de monitoramento pelos fundos de

pensão. 2) Elevação de dificuldade na identificação da geração de valor entre firmas, o que

pode reduzir a capacidade de ativismo dos fundos de pensão na obtenção de melhores

retornos ao seu investimento. Desta forma, sugere-se que o impacto positivo em firmas

quando blocos de controle acionário são formados por fundos de pensão em mercados

emergentes é atenuado quando há associação da firma a um grupo de negócios. Logo, chega-

se à segunda hipótese:

Hipótese 2. Em mercados emergentes, o efeito positivo de blocos de controle acionário

formados por fundos de pensão é atenuado quando a firma pertence a um grupo de

negócios.

3.1.2 Efeito quando a Empresa for Estatal

Segundo Lazzarini e Musacchio (2011), esta atenuação pode ser ainda mais crítica quando a

firma for controlada pelo governo. Desta forma, tendo em vista que em mercados emergentes

o governo tem relevante participação em empresas de diversos setores (GOMEZ-IBANEZ,

2007), é importante entender essa participação e como seria possível atenuação ainda maior

do impacto positivo em desempenho das firmas investidas nestes mercados.

A exemplo do Brasil, e em detrimento de seu forte processo de privatização na década de 90,

o governo ainda está associado, mesmo que indiretamente na governança de diversas

companhias, conforme destacado por Lazzarini (2007). O autor analisa a rede de

proprietários, em que os proprietários estão ligados uns aos outros, como num “mundo

pequeno” existindo poucos atores centrais, citando a participação do próprio governo nesta

rede.

Neste sentido, o estudo de Okhmatovskiy (2010) com empresas da Rússia destaca que o

governo exerce o papel de proprietário com controle de alto volume de recursos financeiros,

contratando trabalhadores e executando transações no mercado com outras firmas, além de

regular a economia. Porém, o autor também afirma que essas transações e acesso a recursos

acabam sendo desenvolvidas por indivíduos oficiais do governo que podem agir em favor de

outros interesses que não ao da maior lucratividade da firma. Portanto, empresas com controle

Page 36: Nese, 2012

36

do governo podem ter diferentes objetivos aos de uma empresa privada (OKHMATOVSKIY,

2010). Por exemplo, necessidade de redução de custos para maior eficiência operacional com

demissão de funcionários em empresa com participação do governo. Seus executivos evitam

medidas como essa que podem causar repercussão negativa aos objetivos do governo

(WORLD BANK, 1995). Outro exemplo, manutenção da estratégia de negócios mesmo

diante de ineficiência operacional ou frente a crises econômicas que comprometem a

continuidade de negócios da companhia. Executivos de empresas com participação do

governo podem contar com o socorro facilitado do próprio estado através do suporte

financeiro necessário para continuidade de suas operações (OKHMATOVSKIY, 2010).

Okhmatovskiy (2010) também apresenta evidências de que o recurso facilitado em

decorrência de conexões ou laços com o governo gera alto envolvimento político. Nesse

sentido, o autor destaca a perspectiva de “embeddedness” ou integração social que relaciona a

importância na atividade econômica das instituições, em que normas, expectativas e

responsabilidades facilitam as transações, mas também criam limitações para as organizações

envolvidas. Ou seja, o envolvimento político impacta a autonomia e a governança das firmas

com associação de alto custo de transação decorrente desses laços.

Nesse sentido, Ramamurti (1985) em seu estudo junto a empresas públicas da Índia, afirma

que a expectativa das empresas públicas é a criação de empregos, desenvolvimento de

regiões, desenvolvimento de capacidades tecnológicas, etc., em detrimento da existência ou

não da eficiência operacional e do melhor desempenho. Adicionalmente, o autor apresenta a

questão de lacuna de informações que gera a incapacidade de se avaliar desempenho

econômico das empresas públicas e, portanto, torna restrito o monitoramento de controladores

externos de uma empresa.

Desta forma, o impacto positivo em desempenho é atenuado quando a firma tiver controle

majoritário do governo. E os principais fatores relacionados a este efeito atenuador são: 1)

questões políticas e interesses pessoais; 2) possibilidade de não priorização de lucro como

objetivo; 3) possibilidade de ineficiência operacional e 4) lacuna de informações para avaliar

desempenho financeira que comprometem o efetivo monitoramento de seus acionistas

controladores. Logo, pode-se enunciar a seguinte hipótese:

Page 37: Nese, 2012

37

Hipótese 3. Em mercados emergentes, o efeito positivo de blocos de controle acionário

com participação de fundos de pensão é atenuado quando a firma for de controle

majoritário estatal.

3.1.3 Impacto quando o Fundo de Pensão é Patrocinado por Empresa

Pública

No estudo de possível impacto positivo em desempenho das firmas quando fundos de pensão

participam em blocos de controle acionário, em economias emergentes passa a ser também

relevante entender a existência de moderação quando fundos de pensão são patrocinados por

empresas públicas.

De acordo com Gomez-Ibanez (2007), nas economias emergentes ainda se faz necessária a

maior participação do Estado no desenvolvimento da economia através de empresas públicas

para garantir a infraestrutura necessária ou de serviços básicos à sociedade. Nesse contexto, os

fundos de pensão são importantes atores que demandam retorno ao risco assumido pelos

investimentos sob gestão. Neste sentido, é crucial considerar eventual conflito na obtenção de

maior retorno em detrimento dos objetivos do governo, considerando fundos de pensão de

patrocínio de empresas públicas.

Adicionalmente, não somente no Brasil como no mundo, após a crise financeira iniciada em

2008, com situação de insolvência de bancos internacionais, passou-se a debater sobre a

necessidade de maior intervenção do governo, mais empresas estatais e maior regulação

(LAZZARINI, 2011).

O fato é que o governo continua fortemente presente e, nos mercados emergentes, a transição

da propriedade do governo para o setor privado ainda é um processo em andamento e que será

continuado (GOMEZ-IBANEZ, 2007). Outro fato importante é que empresas públicas que

tiveram transferida a gestão dos benefícios de aposentadoria de seus empregados ao sistema

privado continuam sendo grandes atores indiretos na economia através de seus fundos de

pensão.

Diante deste contexto, Mello (2003) apresenta exemplos de intervenção do governo brasileiro

na economia. O autor destaca a influência do governo na gestão dos fundos de pensão

públicos, através de diretores indicados pelas empresas públicas patrocinadoras dos planos.

Mello (2003) traz à luz agentes externos ao governo de Fernando Henrique Cardoso que

Page 38: Nese, 2012

38

tinham posição contrária à interferência do governo nos fundos de pensão. No entanto, o autor

afirma que estes mesmos agentes, na transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva,

não mantiveram a mesma posição; ao contrário, buscaram cargos nas maiores entidades de

previdência complementar do país logo após serem situação do governo. Nesse sentido,

retomam-se as questões apresentadas por Okhmatovskiy (2010) de que laços com o governo

em condições de alto envolvimento ou integração política também afetam a governança

corporativa dos fundos de pensão e estão associadas a altos custos de transação.

Ainda sobre questões de influência política, destaca-se a dinâmica institucional da política

regulatória aplicada aos fundos de pensão. Segundo estudo de Silva (2007), a importante

dimensão dos fundos de pensão capta a atenção de diversos grupos de interesse tais como

instituições financeiras, indústrias e sindicatos. Por outro lado, há exemplo de influência de

governo consistente com maximização de lucro, como negociações que buscaram maior

concentração de mercado como estratégia competitiva para determinados setores da

economia. Lazzarini (2011) destaca a ação dos fundos que ultrapassou o desejo de proteger os

investimentos, envolvendo-se na onda de fusões e aquisições conquistando posições

relevantes como Brasil Telecom em 2008, onde participam a PREVI (Fundo de Pensão dos

Funcionários do Banco do Brasil), a PETROS (Fundação Petrobrás de Seguridade Social) e

FUNCEF (Fundação dos Economiários Federais). Há ainda, em 2009, o exemplo da Sadia

que teve problemas com derivativos financeiros decorrentes da crise de 2008 e que se juntou à

Perdigão para formar a Brasil Foods. Esse processo de fusão teve participação ativa da

PREVI, entidade que tinha participação nas duas empresas.

Giannetti e Laeven (2008), adicionalmente, evidenciam os grandes fundos de pensão com

condições de aquisição de bloco de controle. Os autores observam que somente os fundos de

pensão independentes, ou seja, fundos de pensão não patrocinados por instituições financeiras

ou grupos industriais, é que teriam condições de elevar o valor da firma através de ativismo e

monitoramento. Segundo os autores, em função de característica de independência do fundo

de pensão, seus executivos não teriam conflito para exercer ativismo na busca pela

maximização do valor da firma para o acionista. Os autores afirmam ainda que, os fundos de

pensão não independentes de instituições financeiras ou grupos industriais, ao contrário, têm

altos custos de monitoramento. Giannetti e Laeven (2008) observam que este fato decorre, por

exemplo, do risco de impacto nos negócios da empresa investida com as empresas

patrocinadoras destacadas. Ocorre que no Brasil, os maiores fundos de pensão são

patrocinados por instituições financeiras estatais e grupos industriais de destaque no setor

Page 39: Nese, 2012

39

também com participação relevante do estado em seu capital. Ou seja, os maiores fundos de

pensão com participação relevante no mercado de capitais têm como patrocinadoras empresas

públicas. Não ficando, portanto, os fundos de pensão isentos de conflito do canal de influência

do governo sobre as empresas investidas.

Assim, é importante investigar a possível atenuação do impacto positivo dos fundos de

pensão no desempenho econômico das empresas investidas, quando as empresas

patrocinadoras, em mercados emergentes, forem empresas públicas. Esta atenuação pode se

dar por duas vias: 1) Pela possibilidade de empresas públicas patrocinadoras de fundos de

pensão não terem como objetivo principal a maior lucratividade da firma. 2) Por laços com o

governo que reforçam a influência e conflito de interesses na gestão dos fundos de pensão,

principalmente ao se considerar ambiente institucional em mercados emergentes com menor

transparência. Em decorrência desses dois argumentos centrais, tendo os fundos de pensão

empresas públicas como patrocinadores, estes não são isentos dos laços com o governo e sua

influência que pode interferir nas decisões de ativismo e na capacidade de monitoramento dos

fundos de pensão. Dessa forma, segue-se para a quarta hipótese:

Hipótese 4. Em mercados emergentes, blocos de controle acionário formados por fundos

de pensão, o efeito positivo sobre o desempenho econômico é atenuado quando os fundos

de pensão são patrocinados por empresa pública.

4 Metodologia do Estudo

Considerando que se trata de pesquisa com hipóteses testáveis, foi desenvolvido estudo

quantitativo visando a examinar os aspectos chave da questão do estudo e testar as hipóteses

levantadas.

4.1 Coleta dos Dados

A pesquisa utilizou base de dados financeiros e de controle acionário de empresas listadas em

bolsa de valores coletada por Lazzarini e Musacchio (2011) de 1995 a 2003 e complementada

até 2009 por Inoue (2011). Os autores utilizaram relatórios registrados na Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) e base de dados dos sistemas Economática, Interinvest e do

Valor Grandes Grupos. Em complemento a essa base de dados, houve pesquisa de

documentos de acordos de acionistas registrados no sistema da Comissão de Valores

Page 40: Nese, 2012

40

Mobiliários (CVM). A pesquisa dos acordos de acionistas teve como objetivo coletar dados

de ativismo e monitoramento sobre a gestão nas empresas pelos fundos de pensão. Além da

CVM, houve pesquisa no endereço eletrônico de relações com investidores das empresas e

entrevistas com dirigentes de fundos de pensão. Sobre as informações do tipo de patrocínio

dos fundos de pensão houve coleta de dados através do endereço eletrônico da PREVIC

(BRASIL, 2008) e do histórico de privatização de empresas entre 1995 e 2009 (BRASIL,

2009).

Desta forma, a base dados é validada para operacionalização das variáveis serem utilizadas no

modelo e serem testadas as hipóteses.

4.2 Operacionalização das Variáveis

Primeiramente, apresenta-se análise descritiva nas Tabelas 1a e 1b (páginas 67 e 68) em que

são destacadas a representatividade dos fundos de pensão no mercado de capitais brasileiro e

a descrição das variáveis que foram operacionalizadas no modelo da pesquisa,

respectivamente.

A Tabela 1a apresenta as participações diretas (coluna 1) e indiretas (coluna 2) dos fundos de

pensão no capital social de empresas listadas em bolsa de valores brasileira e o total de

empresas base do estudo (coluna 3) entre 1995 e 2009. Esta descrição considera as

participações tanto em ações preferenciais como ordinárias. Para o estudo, assume-se a forma

indireta no segundo nível. O segundo nível ocorre quando o fundo de pensão tem participação

direta no capital social de uma holding ou Sociedade de Propósito Específico (SPE) e esta

holding ou SPE participa diretamente no capital social da companhia analisada.

Na Tabela 1a coluna 3, observam-se importantes variações no número total de empresas

listadas da base. Este número evolui fortemente de 1995 até seu máximo em 1998, após isso

decresce de forma consistente ao seu mínimo nos anos 2005 e 2006. Porém, as posições dos

fundos de pensão nas duas formas não foram reduzidas na mesma velocidade, ratificando a

sugestão da importância desses investidores no mercado de capitais. Já a partir de 2006,

observa-se a forte retomada da elevação do número de empresas listadas da base. Porém, o

mesmo não ocorre com o número de empresas com participações diretas e indiretas de fundos

de pensão. Ao contrário, reduz-se a partir de 2008 na forma de participação indireta. A

Page 41: Nese, 2012

41

observação sugere a presença de outros agentes no desenvolvimento do mercado de capitais

brasileiro a partir deste período.

Adicionalmente, observa-se que o número de participações diretas de fundos de pensão ao

longo do período é menor que de participação indireta. Sugere-se que esta observação

decorre da possibilidade de serem os mesmos fundos de pensão que estão sendo acessados

para participar das estruturações através de SPEs ou holdings em empresas. Pode ser que, em

função do maior volume de patrimônio sob gestão, os grandes fundos de pensão do país têm

maiores condições de serem acessados por estruturadores de mercado que os fundos de

pensão com menor volume de ativos. Por exemplo, capacidade de articulação com outros

agentes de mercado através de estrutura operacional própria com profissionais especializados

em investimentos. Desta forma, limitando a participação indireta a um menor número de

empresas listadas. Outra sugestão seria um número ainda limitado de estruturadores, ou

gestores de investimentos no país, externos aos fundos de pensão para articulação de acordo

entre acionistas que abrangesse um número maior de empresas com participação de fundos de

pensão diversos.

Quanto à operacionalização das variáveis da pesquisa, seguiu-se o processo de identificação

das participações dos fundos de pensão no controle acionário de empresas entre 1995 e 2009

descritas na Tabela 1b. A Tabela 1b apresenta as duas formas de participação em controle que

o estudo assume. A primeira, as participações diretas em controle, ou no primeiro nível,

quando os fundos de pensão, em conjunto, detêm mais de 50% das ações da empresa com

direito a voto (coluna 1). Esta informação está representada pela variável FP_DIR_CTRL do

modelo. A segunda, a participação de algum fundo de pensão em acordo de acionistas com

direito de possuir no mínimo um representante no Conselho de Administração da companhia

(coluna 2). Para esta segunda forma, assume-se tanto participação direta como indireta no

capital social da empresa. A variável FP_ANY_ACOR do modelo do estudo representa esta

informação.

Para identificação dos fundos de pensão no controle majoritário de empresas, o estudo assume

somente as participações diretas de no mínimo 15% por fundo de pensão que, em conjunto,

detêm mais de 50% das ações com direito a voto. Segundo a legislação brasileira, participação

acionária de no mínimo 15% das ações com direito a voto confere ao acionista o direito de

possuir um representante no Conselho de Administração da companhia (BRASIL, 1976).

Desta forma, a medida contínua da participação, em conjunto, no capital de controle reflete a

Page 42: Nese, 2012

42

capacidade de ativismo e monitoramento de fundos de pensão na obtenção de maiores

retornos (variável contínua FP_DIR_CTRL entre 0 e 1).

Já para a identificação dos fundos de pensão no acordo de acionistas e com direito a pelo

menos um representante no Conselho de Administração da companhia, foi utilizada medida

contínua que segue quatro passos: 1) Identificação da participação no capital social da

empresa de algum fundo de pensão até o segundo nível tanto de ações preferenciais como

ordinárias. 2) Para cada empresa nessa situação, identificação daquelas com registro de

documento de acordo de acionistas no endereço eletrônico da CVM. 3) No acordo de

acionistas de cada empresa e ano, pesquisa da participação de menos um fundo de pensão no

acordo. 4) Ainda no acordo de acionistas, observação do direito do fundo de pensão a

representante no Conselho de Administração da companhia e sua proporção em relação ao

total de membros do conselho. A proporção de membros no Conselho de Administração de

representantes de fundos de pensão, confirmada em acordo de acionistas, corresponde à

medida contínua (entre 0 e 1) utilizada no modelo através da variável FP_ANY_ACOR.

Observando-se as participações dos fundos de pensão em controle (Tabela 1b), destaca-se a

maior representatividade na forma FP_ANY_ACOR que em FP_DIR_CTRL (colunas 1 e 2,

respectivamente). Esta maior participação na forma FP_ANY_ACOR, decorre da

operacionalização da variável FP_DIR_CTRL que considera somente participações em

conjunto acima de 50% em capital de controle. Esta forma de participação requer maiores

aportes de recursos que limita a abrangência a um número maior de empresas. Ao passo que,

algum fundo de pensão ser parte de um acordo de acionistas confere maiores condições de se

atingir um número maior de companhias para investir em controle e exercer ativismo que no

controle majoritário por fundos de pensão, em conjunto.

Segundo revisão da literatura do estudo, as principais formas de monitoramento e ativismo

possíveis de serem observadas para validação desta pesquisa, seriam o direito de participação

de representantes dos fundos de pensão como membros em Conselho de Administração e/ou

em conselho fiscal e/ou de indicação de executivos principais da companhia (Monks e

Minow, 1989; Rabello,1998; Jesus, 2004; Giannetti e Laeven, 2009). Como forma de

observar o ativismo e monitoramento dos fundos de pensão sobre as empresas investidas e seu

impacto no desempenho econômico, o estudo assume duas formas de participação dos fundos

de pensão no bloco de controle acionário de empresas. Esta distinção decorre de que o

ambiente legal impacta o sistema de governança corporativa das empresas.

Page 43: Nese, 2012

43

Segundo Silveira (2002), as instituições econômicas e legais de um país são afetadas por

políticas no governo. Desta forma, o Estado pode impactar o ambiente institucional pela

maior proteção legal e pelo incentivo ao desenvolvimento do mercado de capitais. Portanto,

torna-se relevante a observação dos resultados considerando formas distintas do exercício da

governança corporativa pelos fundos de pensão brasileiros e característica de economia

emergente. Assim, a primeira forma representa o percentual de controle majoritário de fundos

de pensão, em conjunto, no capital social da companhia por meio da variável FP_DIR_CTRL.

Essa forma de participação utiliza a estrutura de propriedade como mecanismo de controle da

governança corporativa da empresa investida (DAMI et al., 2007).

A segunda forma representa a participação de ao menos um fundo de pensão em acordo de

acionistas com direito a indicação de membro no Conselho de Administração da empresa

investida. Conforme a cartilha da CVM e código do Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC) sobre melhores práticas de governança corporativa, as companhias

abertas devem disponibilizar o acesso de acordos de acionistas a todos os demais acionistas da

empresa (CVM, 2002; IBGC, 2009). Desta forma, foi possível a operacionalização da

variável FP_ANY_ACOR, que mede a proporção de representantes dos fundos de pensão no

Conselho de Administração da empresa. Esta forma destaca a separação da estrutura de

propriedade e controle entre acionistas e gestores. Ou seja, observa uso de práticas de

governança corporativa superiores aos de estrutura de propriedade para alinhamento de

interesses entre acionistas e executivos da empresa (Silveira, 2002). Com estas variáveis,

portanto, há condições para ser testada a hipótese 1 sobre o impacto positivo no desempenho

econômico de empresas listadas em bolsa de valores quando os fundos de pensão, em

mercados emergentes, participam no bloco de controle acionário de uma companhia.

Utilizando as mesmas variáveis de Lazzarini e Musacchio (2011) e de Inoue (2011), temos

que: firmas pertencentes a grupos de negócios foram codificadas através da criação da

variável binária (MULTGROUP), sendo 1 quando fizer parte de grupo de negócios e 0,

quando não for o caso; empresas estatais foram codificadas através da criação da variável

binária STATE, sendo 1 quando for estatal e 0, quando não o for. Desta forma, tem-se a

validação do modelo na utilização da variável MULTGROUP para se testar a hipótese 2. Ou

seja, quando a empresa investida fizer parte de grupo de negócios, tem-se atenuado o efeito

positivo em desempenho contábil (ROA) descrito na hipótese 1. A mesma validação ocorre

Page 44: Nese, 2012

44

para a utilização da variável STATE, utilizada para se testar a hipótese 3 de atenuação do

efeito positivo quando a firma for estatal.

Para codificação do tipo de patrocínio dos fundos de pensão, quando o fundo de pensão for de

patrocínio de empresa pública, utiliza-se variável contínua (FPSPPUB entre 0 e 1). A variável

FPSPPUB apresenta a proporção dos fundos de pensão de patrocínio público sobre o total de

fundos de pensão com participação nas mesmas empresas e anos. Desta forma, esta

operacionalização valida a variável FPSPPUB para se testar a hipótese 4 de atenuação de

efeito positivo em desempenho econômico quando o fundo de pensão que faz parte do bloco

de controle for de patrocínio publico conforme apresentado na literatura.

Para as medidas de desempenho das empresas, foram utilizadas as variáveis ROA e Q de

Tobin, sendo ROA o Lucro Líquido da empresa sobre seu Ativo Total; Q de Tobin, o

resultado do Valor de Mercado mais Passivo Circulante e Exigível de Longo Prazo, sobre

Ativo Total de cada empresa e ano. E, as seguintes variáveis de controle: Ativo Total,

Endividamento, Ativo Fixo, Investimentos, Fusões, além dos efeitos fixos da firma, ano e

indústria-ano. De forma a controlarmos fatores não observáveis que poderiam influenciar a

estimativa dos resultados. Quanto à variável Indústria, importante destacar que as empresas

foram classificadas com o código de dois dígitos da SIC - “Standard Industrial

Classification”, para se manter um número que fosse razoável de empresas para cada

indústria. A análise descritiva das variáveis utilizadas no modelo está apresentada na Tabela

2 (página 69) e correlação entre as variáveis na Tabela 3 (página 70) para validação do

modelo.

4.3 Modelo da Pesquisa

O experimento ideal para esta pesquisa seria testar participações os fundos de pensão de

forma aleatória (LAZZARINI; MUSACCHIO, 2011). Porém, como isso é inviável, foi

escolhida como melhor proposta para o desenvolvimento deste estudo o modelo de dados em

painel com efeitos fixos da firma, de ano e de indústria-ano. Os efeitos fixos por firma

controlam por fatores não observáveis de cada firma, fixos ao longo de todo o período. Os

efeitos fixos por ano para controlar variações que afetam todas as firmas a cada ano. Os

efeitos fixos indústria-ano, por sua vez, controlam por choques ou variações anuais que

afetam todas as firmas da mesma indústria.

Page 45: Nese, 2012

45

Uma relação positiva suportaria a tese de que a participação de fundo de pensão em bloco de

controle é um indicador de sua contribuição na governança corporativa da companhia em

função de monitoramento e ativismo (hipótese 1). Assim, para testar se mudanças na

participação dos fundos de pensão em bloco de controle impactam positivamente o

desempenho das empresas (Hipótese 1), regridem-se as variáveis de desempenho ROA e Q de

Tobin contra as duas formas de controle acionário e governança corporativa medidas na

pesquisa por meio das variáveis FP_DIR_CTRL e FP_ANY_ACOR, respectivamente.

Para testar se esse impacto positivo sobre desempenho é reduzido quando a empresa participa

de grupo de negócios (Hipótese 2), multiplicam-se as variáveis FP_DIR_CTRL e

FP_ANY_ACOR, respectivamente, com a variável que indica se a companhia pertence a um

grupo de negócios (MULTGROUP). Da mesma forma em MULTGROUP, para evidenciar a

atenuação quando a empresa for estatal multiplicam-se as variáveis, respectivamente, com a

variável STATE (Hipótese 3). Havendo redução do impacto positivo, confirmamos a hipótese

2 em que a revisão de literatura trata a questão do conflito de agência (JENSEN e

MECKELING, 1976) e possibilidade de “tunneling” como transações entre partes

relacionadas no mesmo grupo (BAE et al., 2002). A redução quando a empresa for estatal

confirma a hipótese 3, que traz à luz a questão da não priorização do lucro como objetivo

principal da firma, além do envolvimento de laços políticos que intervêm na governança

corporativa da firma (OKHMATOVSKIY, 2010).

Quanto à característica de fundos de pensão, se de patrocínio público, testa-se a redução de

impacto positivo em desempenho quando fundos de pensão de patrocínio público fazem parte

do bloco de controle da empresa. Assim, multiplicam-se as variáveis FP_DIR_CTRL e

FP_ANY_ACOR, respectivamente, com a variável FPSPPUB. A redução do impacto em

desempenho com a inclusão desta variável confirma a hipótese 4, de que fundos de pensão de

patrocínio público não estão isentos de laços com o governo e de sua influência nas decisões

de ativismo e monitoramento exercidos pelos fundos de pensão.

No entanto, considerando que os fundos de pensão não escolhem aleatoriamente as empresas

para investir, há, assim, possibilidade de causalidade reversa, em função de poderem escolher

empresas com base na expectativa de retorno que avaliaram para empresas listadas em bolsa.

Desta forma, há possibilidade de variáveis não observadas na pesquisa e que estejam

correlacionadas com maior desempenho. Ou seja, poderia haver viés de estimação de fatores

não observáveis.

Page 46: Nese, 2012

46

Assim, seguindo o caminho percorrido pelos autores Lazzarini e Musacchio (2011) e Inoue

(2011), além de serem consideradas as variáveis de controle também foi desenvolvido teste

para examinar o processo de seleção do Fundo de Pensão através de regressão adicional das

variáveis FP_DIR_CTRL e FP_ANY_ACOR, respectivamente, como variáveis dependentes.

Desta forma, sendo essas variáveis medidas na forma contínua, foi adotado o modelo de

dados em painel com efeitos fixos da firma, ano e indústria-ano para reconhecer possível

relação de ROA e demais variáveis do modelo com a participação de fundos de pensão em

controle e na governança corporativa de empresas.

5 Resultados da Pesquisa

5.1 Efeito da Participação dos Fundos de Pensão no Bloco de Controle Acionário sobre Desempenho

As regressões das variáveis de desempenho (ROA e q de Tobin) contra as variáveis

independentes FP_DIR_CTRL e FP_ANY_ACOR, respectivamente, no período 1995-2009

estão dispostas na Tabela 4 (página 71). Conforme estimativas das modelagens 1, 2, 3, 9, 10 e

11 para ROA entre 1995 e 2009, empresas com participação de fundos de pensão em bloco de

controle tinham um ROA maior do que outras firmas. Nas modelagens 1,2 e 3 observam-se

resultados significativos quando fundos de pensão na forma direta, em conjunto, detêm acima

de 50% do capital de controle em empresas, como exemplo, Perdigão, Paranapanema e Tupy

(FP_DIR_CTRL). Assim, confirma-se hipótese 1 do efeito positivo em desempenho

econômico através de ROA nas modelagens 1, 2 e 3. Porém, o mesmo não é evidenciado em

nenhuma das duas formas de participação, quando se observa valor de mercado relacionado

através de Q de Tobin e nem em ROA na forma de participação FP_ANY_ACOR.

Nota-se que empresas pertencentes a grupos de negócios possuíam um ROA

significativamente maior que empresas em geral na forma FP_DIR_CTRL, modelagem 2

(exemplos de empresas pertencentes a grupos de negócios: Paranapanema e BR Foods).

Porém, tanto em empresas com participação de fundos de pensão na forma FP_DIR_CTRL

como em FP_ANY_ACOR, não houve atenuação significativa do efeito positivo na interação

com empresas pertencentes a grupo de negócios (MULTGROUP) conforme hipótese 2.

Analogamente à hipótese 2, ao se testar a hipótese 3 não houve resultado estatisticamente

significativo de atenuação de efeito positivo na interação com empresas estatais (STATE). Em

Page 47: Nese, 2012

47

FP_DIR_CTRL esta interação não é possível, pela participação dos fundos de pensão, em

conjunto, ser observada na forma majoritária de controle. Não havendo, portanto, interação

com empresas estatais. Já na forma FP_ANY_ACOR, ao ser testada a interação com empresas

estatais, como por exemplo, Ceterp, Celesc e Sanepar, não foram observados resultados

significativos de atenuação em ROA ou em Q de Tobin. Adicionalmente, ao ser considerada a

característica do fundo de pensão, proporção de fundos de pensão de patrocínio de empresa

pública (FPSPPUB) no bloco de controle acionário, tanto na forma FP_DIR_CTRL como em

FP_ANY_ACOR, não há resultado significativo em ROA quando da interação com fundos

desse tipo de patrocínio, não sendo evidenciada a hipótese 4 em desempenho contábil e nem

em valor de mercado.

Da mesma forma em ROA, ao serem testadas as hipóteses 1, 2, 3 e 4 em Q de Tobin tanto na

forma FP_DIR_CTRL como em FP_ANY_ACOR, não há evidências suportar os resultados

observados.

Assim, consistente com a Hipótese 1, a participação de fundos de pensão em bloco de

controle acionário impacta positivamente no desempenho econômico da companhia investida.

Porém, segundo os resultados, somente na forma em que fundos de pensão, em conjunto,

detêm mais de 50% do capital da companhia. Esta forma de participação dos fundos de

pensão em controle destaca a estrutura de estrutura de propriedade como relevante

mecanismo interno de governança corporativa da empresa pelos fundos de pensão para maior

desempenho econômico. Possivelmente, a governança corporativa exercida pelos fundos de

pensão foi efetiva na contribuição de estratégias que gerassem maior valor para as

companhias impactando desempenho contábil. Vale destacar que esse efeito positivo não é

evidenciado quando observada a proporção dos fundos de pensão com patrocínio de empresa

pública, ou seja, não há significância em se diferenciar fundos de pensão com este tipo de

patrocínio.

Para a medida de valor da empresa através do indicador de Q de Tobin, os resultados não

evidenciam efeito positivo do exercício de ativismo dos fundos de pensão. Sugere-se que o

mercado não precifica empresas com participação de fundos de pensão como fator que

contribui para elevar o valor do ativo quando comparado a desempenho contábil, conforme

modelagens 5 a 8 e 13 a 16.

Desta forma, não há como generalizar a hipótese 1 para o efeito positivo em desempenho

econômico para participação do fundo de pensão no bloco de controle acionário de empresas.

Page 48: Nese, 2012

48

Resultados não evidenciados ao ser testada a hipótese 2, quanto à redução em desempenho

quando a empresa investida participa de grupos de negócio, sugerem que a questão do conflito

de agência e da possibilidade de “tunneling” como transações entre partes relacionadas no

mesmo grupo, não são suficientes para representar a redução do desempenho econômico da

firma na presença de fundos de pensão. Ao contrário, em função do resultado superior e

significativo observado na presença de empresas pertencentes a grupos de negócios que em

empresas em geral na forma FP_DIR_CTRL (modelagens 1 e 2, respectivamente), sugere-se

que, em mercados emergentes, grupos de negócios podem suprir lacunas do ambiente

institucional na busca por melhor desempenho econômico (KHANNA; PALEPU, 1997).

Estas lacunas supridas seriam, por exemplo, mercado de capitais pouco desenvolvido, fraca

transparência na troca de informações e ambiente pobre de proteção legal. Da mesma forma,

resultados não significativos para a hipótese 3, quando a empresa for estatal, sugerem que

possibilidades de não priorização do lucro como objetivo principal da firma e do

envolvimento de laços políticos que intervêm na governança corporativa não foram

suficientes para reduzir o ativismo e monitoramento dos fundos de pensão de forma efetiva.

E, quanto à característica do tipo de patrocínio dos fundos de pensão, na proporção de

empresas patrocinadoras públicas, os resultados apresentados não suportam a hipótese 4 de

redução de desempenho econômico. Desta forma, sugere-se que a influência do governo em

função de laços pelo patrocínio não é suficiente para reduzir o ativismo dos fundos de pensão

nas empresas em que são acionistas. Resumo dos resultados descritos na Tabela 5a (página

72) para forma de participação de fundos de pensão no controle majoritário da companhia e

na Tabela 5b (página 72) quando algum fundo de pensão participa do bloco de controle

acionário através de acordo de acionistas.

5.2 Determinantes da Seleção de Empresas para Participação Acionária

Como os fundos de pensão não escolhem aleatoriamente as empresas das quais adquirem

participações, foram observadas as características que podem influenciar a decisão do fundo

de participação participar em controle nas duas formas testadas na pesquisa. Sugere-se que os

fundos de pensão podem estar escolhendo empresas com melhores perspectivas para investir

e, portanto, quanto melhor o desempenho da empresa, maior a probabilidade de ter o fundo de

pensão como acionista.

Para se verificar se características das empresas influenciam a probabilidade do fundo de

pensão adquirir participações em controle, utilizou-se um modelo em efeitos fixos da firma,

Page 49: Nese, 2012

49

ano e indústria-ano. Seus resultados indicam se há viés de seleção na escolha de melhores

empresas que explicariam as evidências encontradas para efeito positivo dos fundos de pensão

em ROA. As regressões são apresentadas na Tabela 6 (página 73) para o período de 1995-

2009 (Modelagens 1 e 2). Observa-se que o desempenho passado (ano anterior), medido tanto

por ROAt-1 como por Q de Tobint-1, não tem um efeito significante sobre ambas variáveis de

participação de controle de fundos de pensão. Já quando a empresa é estatal, há evidências de

redução do interesse pela aquisição de estatais na forma FP_A NY_ACOR.

Desta forma, não há evidências de que fundos de pensão adquiriram participação de

empresas em função de bom retorno no passado dessas companhias validando os testes

realizados para confirmação das hipóteses do estudo.

6 Conclusões e Comentários Adicionais sobre os Resultados

A hipótese 1, que apresenta a questão central deste estudo, foi suportada no modelo para

desempenho contábil, exclusivamente, na forma em que fundo de pensão participa

majoritariamente do controle acionário da empresa. Não sendo possível, portanto, sua

generalização para participação dos fundos de pensão no bloco de controle acionário de

empresas, ou quando observados resultados para valor da companhia. Adicionalmente, ao

contrário das hipóteses derivadas da questão central do trabalho, não há evidências nas

regressões de que esse efeito foi atenuado quando o fundo foi observado em empresas

pertencentes a grupos econômicos ou quando controladas pelo estado, ou mesmo quando os

fundos de pensão são proporcionalmente do tipo de patrocínio público. Também não há

evidência de que o efeito positivo se dá por um mecanismo de seleção, isso é, os fundos

escolhendo as melhores empresas para investir.

Desta forma, este estudo contribui na explanação de como fundos de pensão, governo e

grupos econômicos interagem em desempenho das firmas. Nesse sentido, também amplia o

entendimento do fenômeno dos blocos de controle acionário formados por fundos de pensão

em mercados emergentes. Além disso, apresenta o debate sobre fatores institucionais que

podem impactar o desempenho das firmas e a maximização do retorno para acionistas. As

observações sobre o impacto em desempenho das empresas consideram tanto características

dos próprios fundos de pensão como das empresas investidas, principalmente, aquelas de

laços com o governo.

Page 50: Nese, 2012

50

Para os fundos de pensão e demais investidores institucionais, a contribuição decorre da

relevância econômica dos mercados emergentes e necessidade de aprofundamento do

ambiente institucional dessas economias (PENG et al., 2009). Assim, esta pesquisa colabora

para se entender o funcionamento das instituições dos mercados emergentes e relacionamento

com investidores institucionais. Considerando que países emergentes necessitam desenvolver

sua economia interna fortalecendo suas empresas (WORLD BANK, 1995), este estudo

contribui na apresentação do ambiente institucional dessas economias para atratividade de

investidores institucionais e seleção de firmas.

Vale tecer alguns comentários adicionais a seguir, à luz desses resultados e da experiência

profissional da autora no mercado de fundos de pensão.

Os fundos de pensão no Brasil são fortemente regulamentados, seja pelo governo em

legislação específica, seja pelo seu próprio estatuto, assim como pelos regulamentos dos

planos de benefícios. Neste ambiente, a prática em fundos de pensão enfatiza a necessidade de

se manter uma estrutura interna de controle e conformidade. Porém, referente à alocação de

recursos, a experiência em fundo de pensão também destaca que o cenário econômico de crise

após a primeira década do século ressaltou a dificuldade da atual estrutura de gestão de

investimentos.

Ocorre que, até o fim da década de 90, a prática de uma gestão passiva de investimentos seria

suficiente para gerar rentabilidade aos ativos e garantir o pagamento de benefícios ao longo

do tempo. Assim, a política de investimentos de um plano de benefícios poderia se resumir na

alocação de títulos de renda fixa e na simplificação do acompanhamento de resultados. Estes

títulos eram pagadores de altas taxas de juros, indexados à inflação e com rentabilidade

superior à meta atuarial do plano. Contudo, a observação de políticas de investimentos ainda

limitadas à renda fixa num cenário econômico de estabilidade e com baixas taxas de juros,

confirma o espaço ainda a ser percorrido para uma gestão ativa de investimentos e respectivo

acompanhamento de desempenho. Importante destacar, que o acompanhamento do

desempenho da rentabilidade de um plano de benefícios não ocorre como num fundo de

investimento dado objetivos de risco e retorno, pois deve também conciliar com o objetivo de

garantir a liquidez suficiente para o pagamento de benefícios hoje e ao longo do tempo.

Assim, o estabelecimento de estrutura para uma gestão ótima de alocação entre ativo e

passivo e seu respectivo acompanhamento poderiam contribuir de fato para mitigação de

riscos ainda não observados pelos fundos de pensão brasileiros.

Page 51: Nese, 2012

51

Referente à decisão de alocação dos fundos de pensão em ações, a média de recursos alocados

neste segmento seria próxima de 20%, excluída a participação dos três maiores fundos de

pensão do país em renda variável (BRASIL, 2012). Ocorre que, na prática, a média de 20%

não apresenta diferença relevante quando comparada à média de 22% dos recursos alocados

pelos fundos de pensão dos países da OCDE e dos chamados G20 em ações (OCDE, 2009).

Ou seja, considerando incentivos para maiores alocações em participações acionárias, há

indicativos de que a atual alocação dos fundos de pensão brasileiros para uma taxa de juros

ainda acima de 7% ao ano apresenta-se como razoável. Destaca-se a taxa média de 3% ao ano

para os juros nos países da OCDE e G20, ou seja, estes países teriam incentivos maiores que

os fundos de pensão brasileiros para alocação relativamente superior em ações de empresas

listadas em bolsa de valores, por exemplo (OCDE, 2009).

Quanto à decisão de fundos de pensão, em conjunto, participarem na estrutura de propriedade

de empresas, sugere-se que estão sendo consideradas as condições de mercados emergentes.

Condições como, por exemplo, o mercado financeiro pouco desenvolvido e o ambiente pobre

de proteção legal teriam servido como incentivos para a utilização desse mecanismo de

governança visando à garantia do retorno esperado. Desta forma, a evidência de maiores

retornos através da estrutura de propriedade (FP_DIR_CTRL) está coerente com as práticas

de ativismo e monitoramento observadas na alocação dos maiores fundos de pensão do país,

conforme revisão de literatura deste estudo.

No entanto, ao serem observadas as alocações em estruturas de propriedade de empresas e, ao

mesmo tempo, serem oferecidas taxas de juros pelos títulos públicos superiores à meta

atuarial, pode-se recorrer à revisão de literatura de que grandes fundos de pensão buscaram

maior concentração de mercado como estratégia competitiva de setores da economia

(LAZZARINI, 2011). O fato é que em termos de rentabilidade, as evidências dos resultados

observados sugerem que os fundos de pensão podem ter beneficiado seus planos muito mais

pelo maior valor patrimonial registrado nas empresas com seu controle majoritário do que se

tivessem mantido a posição em renda fixa.

Porém, quando observados os resultados para participação dos fundos de pensão através de

instrumentos de governança corporativa (FP_ANY_ACOR), não há evidências de que os

fundos de pensão impactam positivamente em desempenho econômico da companhia. Os

resultados podem sugerir que os incentivos dos fundos de pensão não foram suficientes para a

Page 52: Nese, 2012

52

disponibilidade e preparo necessários para o exercício de ativismo e monitoramento nas

companhias investidas.

Na prática, observa-se que há fundos de pensão que acabam por não dar continuidade ao

exercício desses mecanismos de governança corporativa. Esta situação pode ocorrer mesmo

mantendo-se alocação suficiente no capital social para ser parte em acordo de acionistas e

tendo a ciência do conflito de agência entre acionistas e administradores de empresas.

Exemplo, abrir mão do direito a representante no Conselho de Administração ou Conselho

Fiscal o qual seria expresso em acordo de acionistas. Este fato poderia ser em decorrência da

ênfase ainda a ser dada à adaptação a novas exigências do cenário econômico para uma gestão

ativa de investimentos e acompanhamento adequado dos resultados obtidos. Dessa forma,

adaptações para uma gestão ativa e respectivo acompanhamento de desempenho frente ao

novo cenário deveriam ser perseguidas com a mesma ênfase dada a não menos relevante

questão do controle e conformidade do fundo de pensão.

Adicionalmente, a experiência observa que o uso deste mecanismo de governança corporativa

nas empresas investidas ainda pode estar em estágio de desenvolvimento e aprendizado pelos

executivos e representantes dos fundos de pensão no Brasil. Este fato pode ser em decorrência

do histórico recente de desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro e o processo lento,

porém, crescente neste tipo de participação em governança.

Os resultados do presente estudo, assim, abrem espaço para mais pesquisas avaliando o

impacto de maior ativismo e monitoramento por parte dos fundos de pensão em mercados

emergentes.

7 Limitações do Estudo e Sugestões de Pesquisa

Dados econômicos e financeiros das empresas após o período da base de dados analisada do

estudo, ou seja, após 2009, podem ter sofrido variações relevantes. Alterações no cenário

econômico global geraram variações na inflação, nas taxas de juros e no câmbio. Estas

variações na economia podem ter impactado a aversão à risco de investidores institucionais.

Informações atualizadas com grandes variações podem também afetar os resultados

encontrados nesta pesquisa.

Page 53: Nese, 2012

53

Além disso, evidências verificadas quando os fundos de pensão participam majoritariamente

em controle da firma e não observadas na forma em que ao menos um fundo de pensão

participa de controle através de acordo de acionistas, sugerem aprofundamento para novas

pesquisas referentes à capacidade de investidores institucionais no Brasil, como os fundos de

pensão, interagirem com demais acionistas na criação de maior valor da companha através de

seu desempenho econômico.

Níveis de ativismo na governança corporativa podem ser exercidos de diversas formas.

Estudos mais detalhados poderiam avaliar os níveis de ativismo exercidos nas empresas por

investidores institucionais como fundos de pensão no Brasil e respectivos resultados em

desempenho econômico. Por exemplo: além de identificar representantes no Conselho de

Administração dos investidores institucionais, pode-se observar o direito a ter representantes

também no Conselho Fiscal e o direito de indicar os executivos principais da companhia.

Pode-se também verificar a certificação de conselheiros ou mesmo sua independência com

relação aos acionistas e à gestão da própria empresa. Seria possível, então, observar o

desempenho econômico das empresas em função dessas características serem observadas.

Existem diversos desdobramentos naturais deste estudo em relação aos fundos de pensão em

mercados emergentes. Dentre eles, seguem cinco sugestões de estudo:

1) Incentivos para exposição em ativos de maior risco e adequação da estrutura operacional

dos fundos de pensão em mercados emergentes. No Brasil, as taxas de juros oferecidas no

passado através de títulos públicos federais representavam conforto aos fundos de pensão.

Essas taxas e indexação à inflação facilitavam o equilíbrio de seus planos de benefícios e

representam baixo risco. Porém, a redução das taxas de juros no país trouxe o entendimento

da necessidade de investimentos em ativos de maior risco na obtenção de maior retorno e

manutenção do equilíbrio dos planos. A questão passa por entender qual seria a estrutura

adequada dos fundos de pensão em termos operacionais e de profissionalização para uma

nova gestão baseada em riscos. Além de se investigar as motivações e processos dos fundos

de pensão para atualização dessa estrutura à nova realidade econômica do país.

2) Dado o cenário de queda de taxa de juros e necessidade de diversificação de investimentos

e riscos, tem sido sinalizada a necessidade de diversificação do risco país. Porém, observa-se

que as taxas de juros no Brasil, pelo menos até a conclusão desse trabalho, ainda estavam

altas comparativamente a de outros países e próximas à meta atual dos planos sob gestão dos

Page 54: Nese, 2012

54

fundos de pensão. Há, também, o risco do câmbio, havendo, portanto, maior necessidade de

retorno pelo risco assumido em investimentos no exterior. Além disso, a necessidade de

serem observadas as metas atuariais dos planos compostas por indexador de inflação mais

juros. Inflação no mercado doméstico e de controle incerto é foco de atenção dos fundos de

pensão que ainda conseguem proteção natural através de títulos públicos no Brasil. Assim, a

questão envolve o entendimento de quais classes de ativos e regiões geográficas deveriam ser

primeiramente acessadas e do momento adequado para investimentos fora do mercado

doméstico.

3) Papel dos fundos de pensão em economias emergentes nos investimentos em empresas de

capital fechado. Há um campo fértil para se estudar o ativismo dos fundos de pensão. Por

exemplo, através de fundos de investimentos em participações em empresas não listadas em

bolsa de valores ou os chamados “private equities”. Pode-se procurar entender os respectivos

papéis dos fundos de pensão e dos gestores contratados nas estruturas de “private equities” e

observar o desempenho econômico desta estrutura como ativo final de investimento do fundo

de pensão. Adicionalmente, incluir o custo econômico ao fundo de pensão em assumir

determinado papel na governança corporativa no “private equity” e capacidade de manter esse

mesmo ativismo em novos fundos de investimento em participação. Por exemplo,

participação de representantes dos fundos de pensão no Comitê de Investimentos em cada

estrutura de “private equity”.

4) Funcionamento do processo de investimentos dos fundos de pensão em mercados

emergentes. Pode-se procurar identificar a proporção da gestão de investimentos feita

internamente e externamente nos fundos de pensão em mercados emergentes. E tentar

entender as motivações para a relação encontrada em termos de taxa de retorno líquida de

custos de investimentos, comparativamente ao mercado, e riscos assumidos. Quanto aos

profissionais que fazem parte do processo de investimentos, podem ser analisados quais

seriam os instrumentos efetivos para certificação e confirmação da inexistência de conflito

que possa influenciar as decisões.

5) Investidores institucionais e sua interface com o mercado financeiro e de capitais. Pode-se

procurar entender quais poderiam ser as contribuições efetivas para o desenvolvimento

econômico do país, sem deixar de observar os interesses das próprias entidades e situações de

conflito.

Page 55: Nese, 2012

55

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Figura 1. Diagrama das Hipóteses do Estudo

Page 67: Nese, 2012

67

Ano Empresas com participação direta de fundos de pensão em

seu capital social.

Empresas com participação indireta de fundos de pensão em

seu capital social

Base de empresas listadas em bolsa de valores brasileira no

ano.(1) (2) (3)

1995 34 4 215

1996 51 8 228

1997 56 8 250

1998 65 34 295

1999 62 43 288

2000 60 41 278

2001 54 35 263

2002 52 33 256

2003 49 28 235

2004 38 26 217

2005 39 30 205

2006 50 32 206

2007 45 34 238

2008 43 31 242

2009 41 19 247

Fonte: Base de dados de controle acionário de empresas coletados por Lazzarini e Musacchio (2011) e Inoue (2011). Apoio de Sérgio Hatty, aluno do Insper, na indentificação das participações dos fundos de pensão nas empresas da base.

Tabela 1a. Análise descritiva das participações dos fundos de pensão no capital social de empresas listadas em bolsa de valores brasileira e das empresas base do estudo entre 1995 e 2009

(1) Total de empresas no ano com participação direta no capital social de fundos de pensão em conjunto. O estudo assume as

participações diretas ou no primeiro nível tanto em ações preferenciais como ordinárias.

(2) Total de empresas no ano com participação de fundos de pensão no capital social de empresas na forma indireta (*). O estudo

assume as participações indiretas ou no segundo nível tanto em ações preferenciais como ordinárias.

(*) Assume-se a forma indireta como sendo a participação no segundo nível, quando o fundo de pensão participa de uma holding ou SPE na forma direta e esta holding ou SPE participa diretamente no capital social da companhia.

(3) Total de empresas listadas em bolsa no ano e que fazem parte da base de estudo.

Page 68: Nese, 2012

68

AnoEmpresas com participação de fundos de pensão

que, em conjunto, detêm o controle direto da

companhia

Empresas com participação de fundo pensão em acordo com direito a representante no conselho de

administração(1) (2)

1995 1 6

1996 3 7

1997 4 7

1998 5 11

1999 5 12

2000 5 13

2001 5 11

2002 5 11

2003 4 10

2004 4 14

2005 4 14

2006 2 13

2007 2 14

2008 0 13

2009 0 14

Fontes: Base de dados de controle acionário de empresas coletados por Lazzarini e Musacchio (2011) e Inoue (2011). Sobre a participação na governança corporativa dos fundos de pensão através de pesquisa em acordo de acionistas das empresas investidas. Acordos de acionistas

coletados no endereço eletrônico da CVM e das companhias investidas com apoio de Sérgio Hatty aluno do Insper.

Tabela 1b. Análise descritiva das participações dos fundos de pensão em controle e governança corporativa nas empresas entre 1995 e 2009

(1) Total de empresas no ano com participação direta em controle acionário de fundos de pensão. O estudo assume as participações diretas em controle, ou no primeiro nível, quando os fundos de pensão, em conjunto, detêm mais de 50% das ações com direito a voto da companhia. Esta informação está representada pela variável FP_DIR_CTRL do modelo do estudo.

(2) Total de empresas no ano com participação de pelo menos um fundo de pensão em acordo de acionistas da companhia, com direito de

possuir no mínimo um representante em seu conselho de administração. O estudo assume tanto participação direta como indreta (*) no capital

social da empresa. A variável FP_ANY_ACOR do modelo do estudo representa esta informação.

(*) Assume-se a forma indireta como sendo a participação no segundo nível, quando o fundo de pensão participa de uma holding ou SPE na

forma direta e esta holding ou SPE participa diretamente no capital social da companhia.

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69

Tabela 2. Variáveis do Modelo e Análise Descritiva

Variável Descrição Média Desvio Padrão

Mínimo Máximo

ROA Lucro Líquido / Ativo -0.030 0.329 -4.125 0.309

Q de Tobin[Valor de Mercado + (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)] / Ativo (em bilhões de dólares)

1.345 1.439 0.231 2.232

FP_DIR_CTRLVariável contínua que representa a proporção de participação em controle de fundos de pensão que, em conjunto, detêm mais de 50% das ações com voto da empresa.

0.008 0.073 0 0.89

FP_ANY_ACOR

Variável contínua que representa a proporção de representantes no conselho de administração da empresa de ao menos um fundo de pensão, conforme acordo de acionistas da companhia, em função de sua participação no capital social tanto na forma direta como indireta.

0.013 0.086 0 1

MULTGROUPVariável dummy igual a 1 se empresa pertencer a grupo de negócios e 0, quando não pertencer.

0.459 0.498 0 1

STATEVariável dummy igual a 1 se a empresa for estatal e 0 quando não for empresa estatal.

0.072 0.259 0 1

FPSPPUB

Variável contínua que representa a proporção de fundos de pensão de patrocínio público sobre o total de fundos de pensão que, em conjunto, investem no capital social da companhia tanto na forma direta como indireta.

0.168 0.356 0 1

LNASSET Ativo Total na forma logarítimica 1.238 1.862 0.693 1.901

LEVERAGE Dívida bruta / Ativo total 0,505 5,718 0 2.444

FIX Ativo imobilizado / Ativo total 0,292 0,251 0 0.995

MERGERVariável dummy em que 1 representa se a empresa passou por processo de fusão e 0, o contrário.

0.115 0,1060 0 1

Fontes: Dados financeiros e de controle acionário: coletados por Lazzarini e Musacchio (2011); dados sobre participação na governança corporativa dos fundos de pensão: coletados através de pesquisa de acordos de acionistas arquivados no site da CVM; dados do tipo de patrocínio dos fundos de pensão: através do histórico de privatização de empresas patrocinadoras dos fundos de pensão ocorridos entre 1995 e 2009 e informações complementares do site da PREVIC.

(*) Assume-se a forma indireta como sendo a participação no segundo nível quando o fundo de pensão participa de uma holding ou SPE na forma

direta e esta holding ou SPE participa diretamente no capital social da companhia.

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70

Tabela 3 . Correlação entre as Variáveis de Ativismo dos Fundos de Pensão

roa tobin fp_dir_ctrl fp_any_acor multgroup state fpsppub lnasset leverage fix merger

roa 10.000

tobin -0.5005* 10.000

fp_dir_ctrl 0.0108 0.0022 10.000

fp_any_acor 0.0503* 0.0106 0.4733* 10.000

multgroup 0.0919* -0.0326 0.0179 0.0817* 10.000

state 0.0384* -0.0788* -0.0295 -0.0018 -0.0227 10.000

fpsppub 0.0902* -0.0276 0.0967* 0.2017* 0.1940* 0.0271 10.000

lnasset 0.3415* -0.1388* -0.0076 0.0971* 0.3908* 0.3101* 0.1896*10.000

leverage -0.4716* 0.4534* -0.0015 -0.0076 -0.0226 -0.0181 -0.0250 -0.1206*10.000

fix -0.0449* -0.1193* -0.1086* -0.0643* -0.0329* 0.2557* 0.0383* 0.1071* 0.0540*10.000

merger 0.0218 0.0809* -0.0114 0.0331* 0.1065* -0.0301 -0.0067 0.1308* -0.0056 -0.0629* 10.000

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71

Tabela 4. O efeito das participações dos fundos de pensão sobre desempenho econômico das empresas investidas entre 1995 e 2009

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Variáveis roa roa roa roa tobin tobin tobin tobin Variáveis roa roa roa roa tobin tobin tobin tobin

Fundos de Pensão em Controle Acionário Fundos de Pensão em Acordo de Acionistasfp_dir_ctrl 0.184* 0.270* 0.183* -0.027 -0.152 -0.379 -0.145 -0.444 fp_any_acor 0.198 0.053 0.228 -0.131 -0.391 -0.065 -0.379 0.697

[0.088] [0.124] [0.088] [0.242] [0.567] [0.549] [0.569] [0.666] [0.146] [0.123] [0.157] [0.395] [0.295] [0.410] [0.307] [1.473]Grupo de Variáveis do Modelo Grupo de Variáveis do Modelomultgroup -0.006 0.205 multgroup -0.006 0.203

[0.054] [0.209] [0.053] [0.207]state -0.114 0.450 state -0.108 0.441

[0.085] [0.404] [0.085] [0.404]fpsppub 0.010 0.013 fpsppub 0.005 0.031

[0.020] [0.096] [0.018] [0.095]

Interações com as Variáveis Interações com as Variáveisfp_dir_ctrl * multgroup -0.160 0.409 fp_dir_ctrl * multgroup 0.342 -0.794

[0.149] [1.045] [0.400] [0.900]fp_dir_ctrl * state fp_dir_ctrl * state -0.951 1.102

[0.611] [2.524]fp_dir_ctrl * fpsppub 0.434 0.616 fp_dir_ctrl * fpsppub 0.556 -2.030

[0.340] [1.649] [0.820] [2.674]

Controles Controles

lnasset Y Y Y Y Y Y Y Y lnasset Y Y Y Y Y Y Y Y

leverage Y Y Y Y Y Y Y Y leverage Y Y Y Y Y Y Y Y

fix Y Y Y Y Y Y Y Y fix Y Y Y Y Y Y Y Y

merger Y Y Y Y Y Y Y Y merger Y Y Y Y Y Y Y Y

Constant Y Y Y Y Y Y Y Y Constant Y Y Y Y Y Y Y YEfeitos fixos de Firma, Ano e Indústria

Y Y Y Y Y Y Y YEfeitos fixos de Firma, Ano e Indústria

Y Y Y Y Y Y Y Y

Observations 3,578 3,578 3,578 3,578 2,943 2,943 2,943 2,943 Observações 3,578 3,578 3,578 3,578 2,943 2,943 2,943 2,943R-squared 0.414 0.414 0.415 0.414 0.476 0.477 0.478 0.476 0.414 0.415 0.416 0.414 0.476 0.477 0.478 0.477 0.233Number of id 441 441 441 441 419 419 419 419 Número de firmas 441 441 441 441 419 419 419 419

Modelo de efeitos fixos, com erros padrão robusto entre colchetes centralizados em cada firma Modelo de efeitos fixos, com erros padrão robusto entre colchetes centralizados em cada firma*** p<0.001, ** p<0.01, * p<0.05, # p<0.10 *** p<0.001, ** p<0.01, * p<0.05, # p<0.10Obs.: A interação entre as variáveis fp_dir_ctrl e state não é observada na modelagem 2, em função da variável fp_dir_ctrl observar empresas com controle majoritáro de fundos de pensão e state de controle estatal.

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72

Tabela 5a. Hipóteses e Resultados para forma de controle FP_DIR_CTRL

Hipóteses roa tobin q

1 suportada (1) não suportada

2 não suportada não suportada

3 não suportada não suportada

4 não suportada não suportada

(1) exceto quando controlado o tipo de patrocínio do fundos de pensão, se de empresa pública.

Tabela 5b. Hipóteses e Resultados para forma de controle FP_ANY_ACOR

Hipoteses roa tobin q

1 não suportada não suportada

2 não suportada não suportada

3 não suportada não suportada

4 não suportada não suportada

1995 a 2009

1995 a 2009

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73

1995 a 2009

1 2VARIABLES fp_dir_ctrl fp_any_acor

roalag1 0.008 0.002[0.006] [0.006]

tobinlag1 -0.000 -0.002[0.002] [0.001]

multgrouplag1 -0.000 -0.004[0.003] [0.003]

statelag1 0.005 -0.020#[0.005] [0.011]

lnassetlag1 -0.006 0.001[0.004] [0.001]

leveragelag1 0.003 0.003[0.007] [0.003]

mergerlag1 0.008 -0.003[0.006] [0.006]

Observações 2,912 2,912R2 0.106 0.109Número de Firmas 428 428

Modelo de efeitos fixos, com erros padrão robusto entre colchetes centralizados em cada firma*** p<0.001, ** p<0.01, * p<0.05, # p<0.10

Tabela 6. Fatores que afetam a probabilidade de um fundo de pensão fazer parte do bloco de controle acionário e da governança corporativa da empresa entre 1995 e 2009