neurofuturos para sociedades de controle

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Palavras-chave: biomedicina, neurociência, afeto, sociedades de controle.

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  • Neurofuturos para sociedades de controle

    Neurofutures for Control Societies

    Timothy LenoirDuke University

    Resumo

    Neste artigo, esboarei linhas de sinergia e convergncia entre vrias reas da neurocincia, gentica, engenharia e mdia computacional que deram origem a inter-faces entre crebro/computador/mquina que podem estar mais prximas do que se imagina s vises radicais das sociedades de controle de Deleuze. Nas sociedades de controle, o importante no mais uma assinatura ou um nmero, mas um cdigo. A linguagem numrica do controle feita de cdigos que marcam o acesso informao ou o rejeitam. Comearei pelo trabalho com interfaces crebro-mquina e neuroprottica teraputica, assim como vou explorar a convergncia do trabalho nas neurocincias cognitivas sobre o enorme papel desempenhado pelo afeto na tomada de decises e o alavancamento de mdias sociais de nova gerao. Em consonncia com a noo de Deleuze de que a operao do mercado o motor e instrumento primordial de controle nas futuras sociedades de controle, tratarei dos esforos para aplicar no neuromarketing esse trabalho de mapear neurocircuitos e o afeto. Se essas especulaes tiverem algum mrito, talvez ns queiramos ser cautelosos em investir nos neurofuturos.

    Palavras-chave: biomedicina, neurocincia, afeto, sociedades de controle.

    Abstract

    In this paper, I try to sketch some lines of synergy and convergence between different fields of neuroscience, genetics, engineering and computational media that gave rise to interfaces between brain/computer/machine that may be very much closer to the radical views of Deleuze about societies of control. In societies of control, the important thing is not a signature or a number, but a code. The numerical language of control is made of codes that marks access to information or rejects it. I begin with work in brain-machine interfaces currently used in therapeutic neuroprosthetics, and will explore the convergence of work in the cognitive neurosciences on the massive role of affect in decision making and the leveraging of next-generation social media. In keeping with Deleuzes notion that the operation of the market is the driver and primary instrument of control in future control societies, I will discuss efforts to apply this work on mapping neurocircuits and affect in neuromarketing. If these speculations have merit, we may want to be wary of investing in neurofutures.

    Keywords: biomedicine, neuroscience, affect, control societies.

  • Neurofuturos para sociedades de controle

    Timothy LenoirDuke University

    ano 13 n 221 vol. 13 2015 ISSN 1679-0316

    Traduo de Lus Marcos Sander

  • Cadernos IHU ideias uma publicao quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto, alm de artigos inditos de pesquisadores em diversas universidades e instituies de pesquisa. A diversidade transdisciplinar dos temas, abrangendo as mais diferentes reas do conhecimento, a caracterstica essencial desta publicao.

    UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS

    Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino, SJVice-reitor: Jos Ivo Follmann, SJ

    Instituto Humanitas Unisinos

    Diretor: Incio Neutzling, SJGerente administrativo: Jacinto Schneider

    www.ihu.unisinos.br

    Cadernos IHU ideiasAno XIII N 221 V. 13 2015ISSN 1679-0316 (impresso)

    Editor: Prof. Dr. Incio Neutzling Unisinos

    Conselho editorial: MS Caio Fernando Flores Coelho; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Prof. MS Gilberto Antnio Faggion; Prof. MS Lucas Henrique da Luz; MS Marcia Rosane Junges; Profa. Dra. Marilene Maia; Profa. Dra. Susana Rocca.

    Conselho cientfico: Prof. Dr. Adriano Naves de Brito, Unisinos, doutor em Filosofia; Profa. Dra. Angelica Massuquetti, Unisinos, doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade; Profa. Dra. Berenice Corsetti, Unisinos, doutora em Educao; Prof. Dr. Celso Cndido de Azambuja, Unisinos, doutor em Psicologia; Prof. Dr. Csar Sanson, UFRN, doutor em Sociologia; Prof. Dr. Gentil Corazza, UFRGS, doutor em Economia; Profa. Dra. Suzana Kilpp, Unisinos, doutora em Comunicao.

    Responsvel tcnico: MS Caio Fernando Flores Coelho

    Arte da capa: Patrcia Kunrath Silva

    Reviso: Carla Bigliardi

    Editorao eletrnica: Rafael Tarcsio Forneck

    Impresso: Impressos Porto

    Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos. Ano 1, n. 1 (2003)- . So Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .

    v.

    Quinzenal (durante o ano letivo).

    Publicado tambm on-line: .

    Descrio baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); ltima edio consultada: Ano 11, n. 204 (2013).

    ISSN 1679-0316

    1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Poltica. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Humanitas Unisinos.

    CDU 316 1

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    Bibliotecria responsvel: Carla Maria Goulart de Moraes CRB 10/1252

    ISSN 1679-0316 (impresso)

    Solicita-se permuta/Exchange desired.As posies expressas nos textos assinados so de responsabilidade exclusiva dos autores.

    Toda a correspondncia deve ser dirigida Comisso Editorial dos Cadernos IHU ideias:

    Programa de Publicaes, Instituto Humanitas Unisinos IHU Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos

    Av. Unisinos, 950, 93022-000, So Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.3590 8213 Fax: 51.3590 8467

    Email: [email protected]

  • NEUROFUTUROS PARA SOCIEDADES DE CONTROLE

    Timothy LenoirDuke University

    Introduo

    Em seu presciente texto Post-scriptum sobre as sociedades de con-trole (Deleuze, 1990; trad. ingls, Deleuze, 1992), Gilles Deleuze esbo-ou as condies que esto transformando as sociedades disciplinares que, segundo a descrio de Foucault, moldaram as almas dos indivduos desde o sculo XVIII at meados do sculo XX. Desde a Segunda Guerra Mundial sustentou Deleuze , os espaos fechados da famlia, da esco-la, da caserna, das fbricas, dos hospitais, que tinham moldado os indiv-duos das sociedades disciplinares, esto se dissolvendo e sendo substi-tudos por tcnicas de controle para gerir o que Deleuze chamou de divduos. Os antigos meios de confinamento, escreveu Deleuze, esto em crise em toda parte. O que conta que estamos no incio de alguma coisa. [...] No regime das escolas: as formas de controle contnuo [...] e a ao da formao permanente sobre a escola [...]. No regime dos hospi-tais: a nova medicina sem mdico nem doente, que seleciona doentes em potencial e sujeitos em risco, [...] e substitui o corpo individual ou nu-mrico pelo cdigo de um material dividual a ser controlado.

    Nas sociedades de controle vindouras, o importante no era mais uma assinatura ou um nmero, mas um cdigo. A linguagem numrica do controle feita de cdigos que marcam o acesso informao ou o rejei-tam. No estamos mais s voltas com o par indivduo/massa da economia manufatureira fordista, de acordo com Deleuze. Os indivduos se torna-ram divduos, e as massas se tornaram amostras, dados, mercados ou bancos. Deleuze previu que, nas economias ps-industriais que esta-vam surgindo, o antes distinto indivduo moldado por instituies discipli-nares estava em um limiar, prestes a tornar-se dissolvido em nuvens de dados a serem extrados para fazer parte de estatsticas, prospectados, separados em perfis, combinados e manipulados de modos fora de nosso controle. Mtodos de controle estavam a ponto de se tornarem eletrni-

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    cos, se no completamente digitais ou mesmo moleculares, operando atravs da modulao contnua de dados e cdigos para monitorar e ma-nipular microestados de afeto e desejo abaixo do nvel do indivduo consciente.

    Centrais para essas novas formas de controle imaginadas por De-leuze eram uma revoluo tecnolgica baseada em computadores e uma mutao do capitalismo, que no estaria mais focado na produo em massa de tipo fordista, mas no consumo. Atualmente, escreveu Deleu-ze, o capitalismo no mais voltado para a produo, relegada com fre-quncia periferia do Terceiro Mundo [...]. um capitalismo de sobrepro-duo. No compra mais matrias-primas e j no vende produtos acabados: compra produtos acabados, ou monta peas avulsas. O que ele quer vender so servios, e o que quer comprar so aes. A fora motriz e motor de controle era o mercado, e, medida que a fbrica deu lugar corporao global como principal forma organizacional do capita-lismo, a construo da marca e a gesto atravs do marketing se torna-ram a alma da corporao. Escreveu Deleuze: A operao dos mercados agora o instrumento de controle social e forma a raa impudente dos nossos senhores.

    Deleuze esboou essas ideias em 1990, quando a revoluo dos computadores estava entrando em pleno funcionamento, mas antes tanto da internet quanto do lanamento do Projeto Genoma Humano e da Ini-ciativa Nacional de Nanotecnologia [dos EUA], e bem antes do nasci-mento do Google, do Facebook e da comunicao e computao m-veis. Nos ltimos 25 anos, surgiu uma srie de ferramentas e tcnicas das tecnocincias nos campos da bioengenharia e neuroengenharia, tecnologias de produo de imagens e de sensoriamento, redes sem fio, anlises de bancos de dados massivos e em larga escala e tecnologias de vigilncia, amplamente capazes de desmontar indivduos transforman-do-os em divduos, ocasionando a transio para as sociedades de con-trole imaginadas por Deleuze. As principais delas so as tecnologias para possibilitar uma interface direta entre crebros e mquinas.

    No que segue, esboarei linhas de sinergia e convergncia entre vrias reas da neurocincia, gentica, engenharia e mdia computacio-nal que deram origem a interfaces entre crebro/computador/mquina, que, primeira vista, podem parecer coisa de fico cientfica, mas po-dem estar mais prximas do que se imagina de realizar as vises radicais das sociedades de controle de Deleuze. Comearei pelo trabalho com interfaces crebro-mquina atualmente utilizadas na neuroprottica tera-putica e provenientes das especulaes visionrias de neuroengenhei-ros, como meu colega brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke,

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    sobre seu emprego futuro em redes de computao ubqua, e tratarei das implicaes desses esperados desdobramentos para pessoas reconfigu-radas em divduos. A segunda rea que vou explorar a convergncia do trabalho nas neurocincias cognitivas sobre o enorme papel desem-penhado pelo afeto na tomada de decises e o alavancamento de m-dias sociais de nova gerao e dispositivos inteligentes como as interfa-ces crebro-mquina para mensurar, prospectar dados, modelar e mapear o afeto em estratgias destinadas a capacitar os indivduos a ser membros mais eficientes, produtivos e satisfeitos de coletividades humanas. Em consonncia com a noo de Deleuze de que a operao do mercado o motor e instrumento primordial de controle nas futuras sociedades de controle, tratarei dos esforos para aplicar no neuro-marketing esse trabalho de mapear neurocircuitos e o afeto. Se essas especulaes tiverem algum mrito, talvez ns queiramos ser cautelo-sos em investir nos neurofuturos.

    Interfaces crebro-mquina

    Desde o final dos anos 1990, os campos da neurocincia e da neu-roengenharia produziram uma srie surpreendente de descobertas que abrem a perspectiva de avanos mdicos de longo alcance no tratamento de paralisia, perda de membros e muitas deficincias neurolgicas, ao criar uma interface de estruturas neurais intactas com dispositivos neuro-protticos artificiais. Entre os dispositivos neuroprotticos sensoriais mais bem-sucedidos e merecidamente celebrados esto os implantes coclea-res e de retina que usam estimulao eltrica para recriar ou restaurar parcialmente a capacidade perceptiva. Uma das reas mais espetacula-res nesse campo de pesquisa so os esforos feitos por numerosos labo-ratrios para desenvolver interfaces crebro-mquina utilizando sinais eletroencefalogrficos do couro cabeludo para tratar de problemas clni-cos crticos, como a comunicao em pacientes com sndrome de encar-ceramento e a restaurao dos movimentos em pacientes com leses na espinha dorsal e acidente vascular cerebral crnico. Recentemente, a tecnologia de Interface Crebro-Computador [BCI, na sigla em ingls] tem sido usada tambm para fins no mdicos, dando origem a uma nova gerao de dispositivos de medio que permitem o acesso e a decodifi-cao de estados cerebrais macroscpicos, como, por exemplo, ateno, capacidade de desempenho e emoo, em tempo real. Os sinais extra-dos das tcnicas de BCI so, ento, utilizados para melhorar e otimizar a interao homem-mquina, incrementando a performance humana e mesmo desenvolvendo novos tipos de habilidades.

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    Esses avanos iniciais na neuroengenharia so altamente louvados por suas contribuies para a fisiatria, mas rapidamente alimentam as fantasias de futurologistas que imaginam no apenas membros substitu-tos para pessoas com deficincias neurolgicas, mas a ampliao das capacidades humanas atravs da melhoria das capacidades de memria e anlise, preparando o terreno para uma futura fuso de agentes de in-teligncia artificial com humanos em uma singularidade ps-humana. E no so apenas os coraes de futurologistas e de fs da fico cientfica de Isaac Asimov que palpitam por causa da tecnologia de Interface Cre-bro-Mquina [BMI, na sigla em ingls]. A Agncia de Projetos de Pesquisa Avanada em Defesa dos EUA [DARPA, na sigla em ingls] um dos maio-res patrocinadores de pesquisas com a tecnologia BMI. Com seu Progra-ma de Dispositivos Neurais Assistidos por Humanos [HANDP, na sigla em ingls], financiado desde 2002, o objetivo declarado da DARPA tem sido, primeiramente, criar novos conceitos que melhorem o desempenho de soldados no campo de batalha e, em segundo lugar, melhorar a tecnolo-gia prottica para veteranos gravemente feridos.

    Conjuntos neurais e o cdigo neural

    Este no o contexto para entrar em detalhes sobre a histria das interfaces crebro-mquina. Contudo, quero apontar diversos aspectos deste trabalho que tm contestado alguns pressupostos cannicos sobre o crebro e inaugurado novos rumos para se pensar sobre a futura rela-o entre seres humanos e mquinas em uma fuso vindoura do virtual e do real.

    Em primeiro lugar temos a transformao radical introduzida pelo conceito de gravao ou registro de conjuntos de neurnios, em que po-pulaes de neurnios so acompanhadas, e no neurnios individuais, como tem sido feito na cincia comportamental tradicional. At o final dos anos 1980, as gravaes de neurnios isolados eram o suporte principal da neurocincia. Em parte, essa abordagem era ditada pela tecnologia de medio daquele momento. Mas, durante os ltimos 25 anos, a intro-duo de novos mtodos eletrofisiolgicos e de imagem permitiu aos neurofisiologistas medir a atividade concomitante de amostras progres-sivamente maiores de neurnios individuais em animais que exibem com-portamento. A mudana no pensamento sobre gravaes multieletrodos ocorreu em paralelo com o desenvolvimento das Interfaces Crebro-M-quina. A instrumentao e novas tcnicas de medio tambm transfor-maram (esto reescrevendo) o que sabemos sobre a fisiologia do cre-bro. As gravaes de neurnios individuais andavam de mos dadas com

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    a teoria localizacionista do crebro: a noo, tratada como fundamento da cincia pela maioria dos neurofisiologistas, de que o crtex cerebral est dividido em regies altamente localizadas dos centros visual, auditivo, t-til, motor, olfativo e gustativo. Essas reas centrais eram ento subdividi-das em regies especializadas para cor, deteco de movimento, reco-nhecimento facial e outras funes complexas. Indo mais longe ainda, neurnios individuais foram rotulados como neurnios visuais, neurnios- espelho, neurnios faciais, neurnios de toque e at mesmo neurnios avs (Nicolelis, Beyond Boundaries, p. 46). Entre as doutrinas mais apre-ciadas desta era do localizacionismo cerebral estava a noo, baseada em descobertas feitas por Vernon Mountcastle em 1955, de que essas regies somatossensoriais altamente localizadas do crtex esto organi-zadas em colunas distintas. O trabalho de Mountcastle pareceu estabele-cer que, para a localizao de um campo receptivo comum (p. ex., a pata dianteira dos gatos), as clulas eram segregadas em domnios ou mbi-tos que representavam diferentes modalidades sensoriais. Mountcastle elaborou a hiptese de que existe uma unidade elementar de organizao no crtex somtico constituda de um grupo vertical de clulas que se estende por todas as camadas celulares. Ele chamou essa unidade de coluna. Ao fazer penetraes mltiplas e estreitamente espaadas com suas gravaes de neurnios individuais, Mountcastle concluiu que as colunas individuais tinham no mais que 500 mm de largura e eram entre-meadas maneira de um mosaico. Esses blocos de tecido contm neur-nios cujas propriedades fisiolgicas mais importantes so idnticas (re-produzido e revisado em Mountcastle, 1997).

    O advento das gravaes de conjuntos neurais questionou a existn-cia dessas colunas e substituiu a imagem arquitetnica esttica do cre-bro baseada em regies funcionais fixas por um modelo altamente din-mico do crebro que enfatiza fluxos espao-temporais. No lugar de os comportamentos estarem restritos a regies especficas do crebro, o novo modelo tem uma srie de caractersticas radicalmente novas, in-cluindo as seguintes: 1) a representao de qualquer parmetro compor-tamental est distribuda em muitas reas cerebrais; 2) neurnios avulsos so insuficientes para codificar um dado parmetro; 3) os neurnios indi-viduais no tm uma relao de um para um com um parmetro motor particular, mas, pelo contrrio, um neurnio avulso influencia diversos pa-rmetros comportamentais multitarefa de neurnios individuais; 4) um certo nmero-limite mnimo de neurnios em uma populao necessrio para sua capacidade de informao estabilizar-se em um valor suficiente-mente alto; 5) o mesmo comportamento pode ser produzido por diferentes conjuntos neurais; e, finalmente, 6) a primazia da plasticidade neural a

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    funo dos conjuntos neurais crucialmente dependente da capacidade de adaptar-se plasticamente a novas tarefas comportamentais.

    Essa perspectiva de conjuntos neurais foi possibilitada por uma nova gerao de dispositivos de gravao ou registro na forma de microeletro-dos mltiplos e enfileirados (at 400 em alguns experimentos) que podem ser implantados cirurgicamente ao longo de diversas reas do crtex so-matossensorial e conseguem gravar simultaneamente o disparo de popu-laes locais de neurnios nas proximidades dos eletrodos. A Matriz de Eletrodos Intracorticais de Utah [Utah Intracortical Electrode Array, em ingls], desenvolvida por Maynard, Nordhausen e Normann no final dos anos 1990, foi a tecnologia central para possibilitar a primeira gerao de interfaces crebro-mquina. Outros elementos cruciais foram o desenvol-vimento da eletrnica para a amostragem, filtragem e amplificao dos sinais neurais dos eletrodos, e computadores e softwares rpidos para extrair padres significativos da tempestade de pulsos eltricos detectada pelos dispositivos de gravao do tipo microarray. Utilizando tcnicas so-fisticadas de prospeco de dados e algoritmos de redes neurais artifi-ciais, cientistas/neuroengenheiros como Miguel Nicolelis conseguem de-tectar os cdigos neurais para comandos motores, como o movimento controlado dos braos e das mos, o ato de pegar, caminhar e outras aes sensrio-motoras.

    Esses componentes formam a base de uma Interface Crebro-M-quina. Em seus agora clssicos experimentos, Nicolelis, John Chapin e sua equipe de estudantes de ps-graduao e ps-doutorandos inseriram cirurgicamente matrizes de microfio para gravao em seis reas do cr-tex somtico de uma macaca-coruja chamada Aurora (eles tambm tra-balharam com ratos de capuz e macacos-rhesus), que havia sido treinada para jogar um videogame. Aurora operava um joystick que movia um cur-sor circular por uma tela de vdeo em perseguio a um alvo. Se conse-guisse pegar o alvo dentro de um perodo de tempo especfico, ela seria recompensada com uma poro de seu suco de frutas favorito. Depois que Aurora foi treinada nessa tarefa, os sinais neurais representando os movimentos de seu brao, mo e pulso que controlavam o joystick foram capturados e convertidos em instrues digitais para a operao de um brao robtico. Enquanto Aurora jogava o jogo, o brao robtico que con-trolava um segundo joystick reproduzia os mesmos movimentos das joga-das dela, melhorando gradualmente em preciso medida que o experi-mento continuava. O feedback visual permitia a Aurora ver que seus movimentos estavam sendo copiados pelo brao robtico. Aps jogar o jogo dessa maneira por diversos dias, Nicolelis tirou o joystick de Aurora e fixou o controle do cursor ao pulso do rob. Um tanto confusa, Aurora

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    ficou sentada por um tempo, e, aps alguns minutos, comeou a mover seu brao como se o joystick fictcio estivesse l, enquanto o brao rob-tico conclua a tarefa e conseguia para Aurora o suco que ela ganhava de recompensa. Ainda mais impressionante foi que, depois de diversos ex-perimentos deste tipo, Aurora se deu conta de que no precisava sequer mover seu brao, mas que, simplesmente ao imaginar os movimentos que faria para capturar o alvo, o rob faria a manobra para ela. Houve uma srie de variaes desses experimentos, inclusive uma em que o brao robtico estava no Instituto de Tecnologia de Massachusetts [MIT na sigla em ingls], mas estava visvel atravs de uma tela de televiso para Aurora, que estava na Universidade Duke. Essa situao funcionou enquanto a diferena temporal no excedia 250-300 milsimos de segun-do. Outra demonstrao espetacular da interface crebro-mquina envol-veu uma macaca-rhesus que andava em um tambor em rotao. De mo-do semelhante, a captura em tempo real dos sinais cerebrais da macaca que controlavam o modo de andar sobre o tambor de rotao era conver-tida em um programa que operava as pernas de um rob em Tquio vis-veis em um monitor de vdeo. A macaca foi recompensada por aprender que seu modo de andar sobre o tambor em rotao controlava o modo de andar do rob, que acelerava, desacelerava e parava com base no modo de andar dela. Aps jogar esse jogo por uma hora, o tambor de rotao da macaca foi desligado, mas ela rapidamente se deu conta de que, ao imaginar os movimentos de suas prprias pernas, podia controlar o rob em Tquio e receber o suco como recompensa.

    Um aspecto interessante desses experimentos que, quando o ani-mal passava do modo normal para o modo de controle cerebral (sem mover os braos ou pernas), um subgrupo dos neurnios corticais grava-dos parava de disparar. Talvez mais surpreendentemente, uma frao dos neurnios corticais gravados mostrava uma velocidade clara e um ajuste de direo que estavam relacionados aos movimentos da prtese robti-ca, mas no ao deslocamento dos braos do prprio animal. Esse ajuste desenvolveu-se e tornou-se mais preciso durante o perodo em que os macacos aprenderam a operar a Interface Crebro-Mquina (BMI) sem a execuo de movimentos corporais explcitos (modo de controle cere-bral). Na medida em que os animais intercalavam o uso de seus prprios membros e do atuador artificial controlado pela BMI para resolver uma tarefa motora especfica, o acoplamento funcional entre pares de neur-nios corticais se adaptava dinamicamente.

    Nicolelis tira disso a importante concluso de que, no limite, a plas-ticidade cortical pode permitir que ferramentas artificiais sejam incorpora-das como uma parte das representaes funcionais mltiplas do corpo

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    que existem no crebro dos mamferos. Se se provar que isso verdade, poderamos prever que o uso contnuo de uma BMI deveria induzir os su-jeitos a perceber dispositivos protticos artificiais, como prteses de bra-os ou pernas, controlados por uma BMI como parte de seus prprios corpos. Tal previso abre a possibilidade intrigante de que a autorrepre-sentao do sujeito no termina necessariamente no limite da superfcie do corpo, mas pode ser estendida de modo a incorporar ferramentas arti-ficiais sob o controle do crebro do sujeito. A pesquisa sobre BMI amplia essa ideia enigmtica ao demonstrar que, uma vez que a atividade cere-bral gravada e decodificada eficientemente em tempo real, sua capaci-dade de controlar dispositivos artificiais pode sofrer modificaes consi-derveis em termos de caractersticas temporais, espaciais, cinemticas e cinticas, designadas de escala. Em outras palavras, no s uma BMI pode encenar outputs motores voluntrios mais rapidamente do que o mecanismo biolgico do sujeito (escala temporal), mas tambm pode realizar tarefas motoras distncia do corpo do prprio sujeito (escala espacial), ao controlar um atuador que tanto pode ser consideravelmente menor (por exemplo, uma nanoferramenta) quanto consideravelmente maior (por exemplo, um guindaste) que os apndices biolgicos do pr-prio sujeito (Nicolelis, 2009, p. 535-536).

    Compartilhamento de estados cerebrais

    Em um conjunto subsequente de experimentos, o laboratrio de Ni-colelis experimentou transferir o estado cerebral de um animal no caso, um rato de capuz para outro rato atravs de uma interface crebro- a-crebro direta. No experimento, um dos ratos o explorador treinado para usar seus bigodes faciais para determinar o dimetro de um orifcio no escuro. O objetivo do experimento achar o orifcio que tenha o tama-nho suficiente para deixar um rato passar para ganhar uma recompensa. Os ratos exploradores treinados para isso no experimento de Nicolelis conseguiram em mais de 90% das vezes selecionar o orifcio correto e obter a recompensa dentro de 150 milsimos de segundo. Na fase se-guinte do experimento, um segundo rato que tambm havia sido treinado na tarefa de discriminao ttil colocado em uma caixa separada, mas no se permite que ele use seus prprios bigodes para determinar a lar-gura do orifcio e ganhar a recompensa. Em vez disso, a atividade cere-bral do rato explorador transmitida via wireless a um segundo rato (de-codificador). Esse rato decodificador cutuca um dos dois pontos na parede com sua cabea, indicando qual orifcio deve ser selecionado para ganhar a recompensa, e no pode usar seus prprios bigodes sensveis expe-

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    rincia para fazer a escolha, mas precisa selecionar com base nos pa-dres de estmulo que recebe do rato explorador. Se o rato decodificador selecionar o orifcio correto, recompensado, e o rato explorador recebe uma recompensa extra por ter conseguido transmitir sua experincia per-ceptiva ao parceiro decodificador. A ideia aqui que o rato decodificador coopere virtualmente com o rato explorador e, de fato, expanda sua pr-pria imagem corporal para incorporar os bigodes do rato explorador como se fossem seus. Verses mais complicadas desse experimento tambm esto sendo feitas, incluindo uma interface cerebral que envolve um gru-po intermedirio de ratos em que se permite que ratos treinados em ex-plorar diferentes aspectos de um ambiente ou objeto compartilhem suas percepes e formem consensos.

    Desde esses experimentos pioneiros do laboratrio de Nicolelis, v-rios outros neuropesquisadores tm desenvolvido tcnicas semelhantes com humanos. Vamos examinar brevemente trs exemplos.

    1. Controle do crebro atravs de eletroencefalografia [EEG, na sigla em ingls] com simulador de voo. Rajesh Rao, Andrea Stocco et al., A Direct Brain-to-Brain Interface in Humans, University of Washington Com-puter Science and Engineering Technical Report, No. UW-CSE-14-07-01; julho de 2014.

    2. Estudo de imagens de Yale:No comeo de 2014, o neurocientista cognitivo Marvin Chun, da Uni-

    versidade de Yale, e seus colegas mostraram a seis indivduos 300 fotos distintas de rostos enquanto capturaram a atividade cerebral do espec-tador. O algoritmo de aprendizagem automtica dos pesquisadores cor-relacionou tanto os rostos como um todo quanto suas caractersticas individuais com padres de nveis de oxignio no sangue em uma ima-gem por ressonncia magntica funcional [fMRI, na sigla em ingls]. Ento eles mostraram aos participantes da pesquisa 30 novos rostos, e o sof-tware combinou a atividade cerebral provocada pelos novos semblantes com o catlogo de respostas neurais que havia criado durante o primeiro teste. Usando apenas a atividade neural, o software recriou os rostos que os indivduos tinham visto. O resultado foram reconstrues neurais im-pressionantemente precisas dos novos rostos, escreveram os cientistas na revista NeuroImage em julho. Em vez de recorrer atividade no crtex occipital do crebro, que desempenha um papel central no processamen-to de imagens, essas reconstrues se basearam em padres de ativida-de cerebral mais distribudos, grande parte dela em reas de alto nvel de atividade do crebro que identificam e caracterizam objetos por suas propriedades gerais. Os cientistas estavam buscando representaes

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    mais abstratas das imagens, em vez de sinais visuais como contorno e graduao de cor. Os pesquisadores pretendem, a seguir, investigar co-mo a memria, as emoes e o julgamento social, esferas de outras regies cerebrais, interagem com a viso para entender melhor como percebemos rostos e objetos.

    3. Enquanto os pilotos de linhas areas neurais mostram a capacida-de do EEG de extrair comandos motores simples, outras configuraes de EEG podem revelar informaes surpreendentemente especficas na mente de uma pessoa. Em um experimento publicado em 2012, o cientis-ta da computao Ivan Martinovic, da Universidade da Califrnia em Berkeley, e seus colegas pediram a 30 indivduos saudveis para coloca-rem fones de ouvido de EEG e assistir a uma tela na qual os pesquisado-res passavam imagens em flash de caixas eletrnicos, cartes de dbito, mapas, pessoas e nmeros de 0 a 9 em ordem aleatria. Os pesquisado-res, ento, estudaram os dados do EEG em busca de picos na atividade neural. Esses leves aumentos sugeriam que a pessoa poderia estar fami-liarizada com um determinado dgito ou imagem. A partir desses picos, o software tentou extrair informaes pessoais, como a senha do caixa ele-trnico de uma pessoa, seu ms de nascimento, a localizao do banco e o tipo de carto de dbito que ela utilizava. A preciso dessas previses foi variada a resposta correta foi encontrada na primeira tentativa de 20% a 30% das vezes no caso da senha do caixa eletrnico, do carto de dbito e da localizao do banco. O software adivinhou o ms de nasci-mento certo de quase 60% dos participantes.

    Mapeamento optogentico: a renascena da neurotecnologia

    As tcnicas para gravar conjuntos neurais desenvolvidas por Nicole-lis e expostas anteriormente so eficazes na decodificao de movimen-tos sensrio-motores, e h numerosas aplicaes mdicas para assistir pacientes paralisados que podem implementar esses mtodos. Mas elas no so suficientemente precisas para conseguirem mapear os circuitos individuais com milhares de neurnios que codificam uma funo cerebral especfica, particularmente funes cognitivas superiores. Problemas de natureza semelhante so obstculos no uso das imagens de fMRI j que a fMRI depende do fluxo do sangue e da oxigenao de reas especficas do crebro, os resultados sofrem de defasagem temporal e de mtodos de EEG (eletroencefalograma). Recentemente, foi introduzida uma abor-dagem nova e altamente bem-sucedida, chamada de mapeamento opto-gentico. Desenvolvido por Karl Deisseroth e Ed Boyden em 2006, esse mtodo opera utilizando um estmulo luminoso para modular a atividade

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    eltrica de populaes de neurnios corticais. Atravs de um elemento de engenharia gentica, os neurnios corticais podem ser levados a expres-sar a canal-rodopsina 2 [ChR-2, na sigla em ingls]. A luz azul de um laser abre o canal de sdio do ChR-2, causando um influxo massivo de ons de sdio para o neurnio e fazendo-o disparar um potencial de ao. Inver-samente, Boyden e sua equipe descobriram que, inserindo o gene que expressa a halorodopsina, outra protena capaz de ativao por luz, e expondo o neurnio a uma luz amarela, ele cessaria de disparar. Neste caso se tinha um par de interruptores liga-desliga que eram extremamen-te precisos e podiam ser operados de uma maneira altamente controlada em um volume de neurnios de 1 milmetro cbico simplesmente injetan-do-se uma pequena quantidade de vrus usado para a transfeco. Ao estimular aquelas clulas com um laser, os pesquisadores podiam contro-lar a atividade de circuitos de nervos especficos com uma preciso de milsimos de segundo e estudar os efeitos. Eles descobriram, posterior-mente, que, ao tambm inserir o gene que expressa a protena fluores-cente verde [GFP, na sigla em ingls], isso serviria para indicar que o neurnio que expressa o ChR-2 disparou. Utilizando-se diferentes promo-tores, diferentes tipos de clulas podiam ser selecionados e estudados. Ao se ligar e desligar a luz de laser azul e amarela que podia ser passada ao tecido atravs de cabos ticos de microfibra, podia-se determinar quais grupos funcionais de clulas esto envolvidos em uma ao corpo-ral. Esses novos mtodos que usam luz para ativar ou silenciar neurnios especficos no crebro esto agora sendo amplamente utilizados por pes-quisadores para revelar percepes sobre como se podem controlar cir-cuitos neurais para alcanar mudanas terapeuticamente teis na dinmi-ca do crebro. De acordo com Ed Boyden, estamos entrando em uma renascena da neurotecnologia, na qual a caixa de ferramentas para en-tender o crebro e projetar suas funes est se expandindo tanto em termos de alcance quanto de potncia em um ritmo sem precedentes (Boyden, Brain Coprocessors). Para Boyden e outros neuroengenheiros, as novas ferramentas de imagem e mapeamento dos circuitos cerebrais, como aquelas fornecidas pela optogentica e pela microscopia de dois ftons, pelas imagens por tensor de difuso e pela tractografia de compu-tador, esto comeando a revelar princpios que regem a melhor forma de controlar um circuito revelando os alvos neurais e estratgias de contro-le que mais eficazmente levam a um estado mental ou efeito comporta-mental objetivado, e, desta maneira, indicando o caminho para novas estratgias teraputicas e, por fim, para o desenvolvimento de chips neu-romrficos implantveis capazes de intervir terapeuticamente em proces-sos como a epilepsia ou o mal de Parkinson, por exemplo. Coprocessado-

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    res cerebrais em miniatura e implantveis, sustenta Boyden, poderiam ser capazes de dar suporte a novos tipos de medicina personalizada, por exemplo, adaptando continuamente uma estratgia de controle neural s metas, ao estado, ao ambiente e ao histrico de um paciente individual; e no futuro no distante, o mdulo computacional de um coprocessador cerebral poder ser potente o suficiente para auxiliar na cognio humana de alto nvel ou na tomada de decises complexas.

    Gostaria de resumir os desdobramentos em Interfaces Crebro-M-quina que so relevantes para nossa interrogao sobre construes do futuro. Em primeiro lugar, h algumas mudanas importantes na maneira como entendemos o crebro. Sobressai a nfase na plasticidade cerebral e neural. Um dos pontos-chave na exposio anterior a capacidade do crebro de remodelar o esquema corporal para incluir novos dispositivos protticos, como braos e pernas robticos que operam atravs da inter-net como partes do corpo. Um aspecto espantoso dos experimentos de Nicolelis expostos acima , por exemplo, que, na medida em que Aurora se ajusta para operar a interface crebro-mquina apenas com o pensa-mento, sem usar seus movimentos de brao naturais para operar o joystick, os disparos neurais em seu crebro se adaptam e se otimizam em torno do controle do brao robtico. A facilidade e a rapidez com que isso acontece so impressionantes, realmente maravilhosas. Outro as-pecto que queria enfatizar que, atravs das BMIs que apresentamos, imaginvel que dois ou mais animais em um circuito compartilhem esta-dos cerebrais como parte de uma mente coletiva, cooperativa, de agente. A imaginao corre solta ao pensar sobre possveis cenrios de onde isso poderia nos levar em um ambiente computacional ubquo pela internet. O ltimo aspecto que salientamos que, com novas tcnicas experimentais da optogentica e novas modalidades de produo de imagens como a microscopia de escaneamento a laser de dois ftons, os pesquisadores esto comeando a conseguir mapear os circuitos detalhados no s da funo sensrio-motora, mas, em breve, at mesmo de funes cogniti-vas de nvel mais alto, centrais para a atividade mental. Um exemplo dis-so o trabalho do Laboratrio David Tank, na Universidade de Princeton, no mapeamento dos circuitos do hipocampo para entender a dinmica da memria de curto prazo. A capacidade de intervir, controlar e possivel-mente modificar o funcionamento de circuitos neurais especficos est no horizonte. De acordo com Edward Boyden (MIT), David Tank (Princeton), Karl Deisseroth (Stanford) e outros neuroengenheiros, a era dos copro-cessadores cerebrais est ao nosso alcance (para uma cobertura notvel desses velozes desdobramentos contnuos, veja o blog Brain Windows: http://brainwindows.wordpress.com/about/).

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    A exposio, at agora, centrou-se nas interfaces crebro-mquina e nos imaginados coprocessadores cerebrais futuros como ferramentas te-raputicas e reabilitadoras e dispositivos para leitura do crebro e contro-le da mente para aumentar as capacidades mentais humanas atravs de meios cirrgicos bastante invasivos. Mas algumas das caractersticas desses coprocessadores cerebrais imaginados podem j estar sendo si-lenciosamente instaladas atravs de meios cirurgicamente no invasivos. Nas prximas sees pretendo explorar desdobramentos dos campos da computao ubqua, das mdias sociais e do marketing que esto em an-damento e que, para efeitos prticos, so neurotecnologias do futuro.

    Computao ubqua e realidade aumentada

    H mais de duas dcadas, Mark Weiser e John Seely Brown, da Xerox PARC, e outros colegas em centros de pesquisas como o Centro de Pesquisas da Hewlett-Packard, visionaram uma infraestrutura de compu-tao ubqua: a saber, um mundo em que a computao desapareceria do computador de mesa e se fundiria com os objetos e superfcies do nosso ambiente (Greenfield, 2006). Em vez de levar o trabalho para um computador de mesa, muitos dispositivos computacionais minsculos es-tariam espalhados em todo o ambiente, em paredes, chos, canetas e escrivaninhas computacionalmente incrementadas e perfeitamente inte-gradas vida cotidiana. Ns ainda estamos longe de realizar a viso de Weiser sobre a computao para o sculo XXI. Afora o fato de que quase todo artefato tecnolgico que usamos contm um ou mais processadores, estamos longe de alcanar o ponto de transio para a computao ub-qua, quando a maioria desses processadores est integrada em rede e enderevel. Mas estamos chegando l.

    Dois exemplos proeminentes so as estonteantes capacidades de reconhecimento de gestos do sistema Kinect da Microsoft para o Xbox [aparelho de videogame], que dispensa um controlador de jogo em favor do reconhecimento de gestos como interface do jogo, e o sistema contro-lador cerebral por fone de ouvido EPOC, da Emotive Systems. Mas para nosso propsito de explorar alguns dos caminhos atuais para o neuro-marketing e o surgimento de um coprocessador cerebral, o prottipo SixthSense, desenvolvido por Pranav Mistry e Pattie Maes no MIT (Institu-to de Tecnologia de Massachusetts) aponta ainda mais drasticamente pa-ra uma fuso livre do virtual e do real, que central para a viso de Weiser (Mistry, 2009a; 2009b; 2009c). O prottipo SixthSense compreende um projetor de bolso, um espelho e uma cmera embutidos em um pequeno dispositivo mvel vestvel. Tanto o projetor quanto a cmera esto conec-

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    tados a um dispositivo computacional mvel no bolso do usurio. A cme-ra reconhece objetos instantaneamente, e o microprojetor projeta as infor-maes em qualquer superfcie, inclusive no objeto em si ou na mo do usurio. Ento, o usurio pode acessar ou manipular as informaes usando seus dedos. Os movimentos e arranjos de marcadores nas mos e dedos do usurio so interpretados como gestos que ativam instrues para uma ampla variedade de aplicativos, projetados como interfaces de aplicativos busca, vdeo, redes sociais, basicamente toda a internet. O SixthSense tambm auxilia a interao multitoque e multiusurios.

    Figura 1: O SixthSense de Pranav Mistry e Pattie Maes. O sistema compreende um projetor de bolso, um espelho e uma cmera embutidos em um dispositivo vestvel conectado a uma plataforma computacional mvel no bolso do usurio. A cmera reconhece objetos instantaneamen-te, e o microprojetor projeta as informaes em qualquer superfcie, inclu-sive no objeto em si ou na mo do usurio. (As fotos so cortesia de Pranav Mistry).

    a) Teclado de telefone ativo projetado na mo do usurio.

    b) A cmera reconhece o carto de embarque e pro-jeta informaes atualiza-das sobre o horrio da par-tida no ticket.

    c) A cmera reconhece uma notcia de jornal da internet e projeta um vdeo na pgina.

    At agora, enfatizamos tecnologias que esto possibilitando o surgi-mento da computao pervasiva, mas a computao ubqua no denota apenas uma tendncia tcnica; ela , igualmente, uma formao sociocul-tural, um imaginrio e uma fonte de desejo. A partir de nossa perspectiva, seu poder se torna transformador ao permear o mbito afetivo, o incons-ciente maqunico. Talvez o desenvolvimento mais significativo que move essa reconfigurao do afeto so os fenmenos das redes sociais e do uso dos smartphones. Mais pessoas esto no somente gastando mais tempo online; elas esto procurando faz-lo junto com outros amigos conecta-dos. Levantamentos do Projeto Internet e Vida Americana do Pew [Centro de Pesquisas] relatam que, entre 2005 e 2008, o uso de sites de redes so-

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    ciais por parte de norte-americanos adultos de 18 anos ou mais usurios da internet quadruplicou de 8% para 46%, e que 65% dos adolescentes de 12 a 17 anos usaram sites de redes sociais como Facebook, MySpace ou LinkedIn. A empresa Nielsen relata que 22% de todo o tempo gasto online dedicado a sites de redes sociais (NielsenWire, 15 de junho). Alm disso, a nova gerao da internet quer se conectar para compartilhar: o Projeto Internet e Vida Americana do Pew descobriu que 64% dos adolescentes usurios da internet de 12 a 17 anos participavam de uma ampla gama de atividades de criao de contedo e de compartilhamento na internet, 39% dos adolescentes usurios da internet compartilham na rede suas prprias criaes artsticas, como ilustraes, fotos, matrias ou vdeos, enquanto 26% remixam contedos que encontram na internet, tornando-os criaes suas (Lenhart, 2010, Social Media). O desejo de compartilhar no se limita a textos e vdeos, mas est sendo estendido ao compartilhamento de da-dos de todo tipo. Sono, exerccios, sexo, comida, humor, localizao, pron-tido, produtividade e at mesmo bem-estar espiritual esto sendo rastrea-dos e mensurados, compartilhados e exibidos. No MedHelp, um dos maiores fruns de informaes de sade na internet, mais de 30 mil novos projetos de rastreamento pessoal so iniciados pelos usurios a cada ms. O Foursquare, um aplicativo de geolocalizao com cerca de 1 milho de usurios, mantm um registro corrente de quantas vezes os usurios fazem check in em cada local, construindo automaticamente um dirio detalhado de movimentos e hbitos; muitos deles publicam esses dados amplamente (Wolf, 2010). De fato, 60% dos usurios da internet no esto preocupados em relao quantidade de informaes disponvel sobre eles online, e 61% dos adultos usurios da internet no tomam medidas para limitar es-sas informaes. Somente 38% disseram que tomaram medidas para limi-tar a quantidade de informaes online que est disponvel sobre eles (Ma-dden, 2007, p. 4). Como destaca Kevin Kelly, estamos assistindo a um ciclo de feedback entre as novas tecnologias e a criao de desejo. O desenvol-vimento explosivo das comunicaes mveis e sem fio, o uso difundido de etiquetas RFID, Bluetooth, sensores embarcados, cdigos QR, aplicativos, como o Shazam, para pegar um link e baixar msicas em seu ambiente, aplicativos GIS de todo tipo, celulares sociais, como diversos tipos de tele-fones Android e o iPhone 4 e o iPhone 5, que enfatizam as redes sociais, esto criando o desejo pelo compartilhamento aberto, a colaborao e mesmo o comunitarismo e, acima de tudo, um novo tipo de mente (Kelly, 2009a, 2009b).

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    A virada afetiva, o branding emocional e o neuromarketing

    Um corpo de pesquisas empricas abarcando os ltimos 15 anos, grande demais para ser exposto aqui, documentou o alcance e a exten-so de funes psicolgicas complexas que podem acontecer automati-camente, desencadeadas por acontecimentos do ambiente e sem um ato interveniente da vontade consciente ou a subsequente orientao cons-ciente (Bargh, 1999; 2000; Hassin, 2005). Em primeiro lugar, grande parte do crebro implementa processos automticos, que so mais rpidos do que as deliberaes conscientes e ocorrem com pouca ou nenhuma conscincia ou sentimento de esforo (John Bargh et al., 1996; Bargh e Tanya Chartrand, 1999). Em segundo lugar, nosso comportamento for-temente influenciado por sistemas afetivos (emoo) finamente sintoniza-dos cujo projeto bsico comum a humanos e muitos animais (Joseph LeDoux, 1996; Jaak Panksepp, 1998; Edmund Rolls, 1999). Esses siste-mas so essenciais para o funcionamento dirio, e quando eles so dani-ficados ou perturbados por leses cerebrais, estresse, desequilbrios nos neurotransmissores ou pelo calor do momento, o sistema lgico-delibe-rativo mesmo que completamente intacto no pode regular o compor-tamento apropriadamente. O comportamento humano exige, assim, uma interao fluida entre processos controlados e automticos, e entre siste-mas cognitivos e afetivos. Uma srie de estudos de Damasio e seus cole-gas mostrou que a ao deliberativa no pode acontecer na ausncia de sistemas afetivos. No entanto, muitos comportamentos que emergem dessa interao so rotineira e falsamente interpretados como produto da deliberao cognitiva somente (George Wolford, Michael Miller e Michael Gazzaniga, 2000). Esses resultados sugerem que explicaes introspec-tivas da base para as escolhas deveriam ser consideradas com cautela. Porque processos automticos se destinam a manter o comportamento desligado e abaixo da conscincia, ns temos muito mais acesso intros-pectivo aos processos controlados do que aos automticos. Como vemos apenas o topo do iceberg automtico, naturalmente tendemos a exagerar a importncia do controle. Adotando essas descobertas, uma vanguarda crescente de neuroeconomistas est sustentando que a teoria econmi-ca deveria levar as descobertas da neurocincia e do neuromarketing a srio (Perrachione e Perrachione, Brains and Brands, 2008).

    Mas mesmo na frente das solues de engenharia para construir neurochips e neurocoprocessadores, e muito antes que uma teoria rigoro-sa da neuroeconomia tenha se desenvolvido, est surgindo um florescen-te complexo industrial de adfotainment [expresso em ingls que junta as palavras publicidade, informao e entretenimento], que combina uma

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    cincia aplicada do afeto com a anlise de mdias e marcas. Entre os mais bem-sucedidos estreantes nesse campo est a MindSign Neuromarke-ting, uma empresa de San Diego [EUA] que se envolve com empresas de mdia e de jogos para fazer um ajuste fino de seus produtos atravs de suas tcnicas de neurocinema, o monitoramento em tempo real da rea-o do crebro a filmes utilizando tecnologia de fMRI [imagem por resso-nncia magntica funcional], rastreamento ocular, resposta galvnica da pele e outras tcnicas de escaneamento para monitorar a amdala en-quanto os sujeitos testados assistem a um filme ou jogam um jogo. A MindSign examina a resposta do crebro dos sujeitos a seu anncio, jo-go, discurso ou filme. Examinamos quo bem e quo frequentemente ele envolve as reas da ateno/emoo/memria e sentido pessoal (impor-tncia). O cofundador da MindSign Philip Carlsen disse, em uma entre-vista para a NPR (National Public Radio), que ele prev um futuro em que os diretores mandaro seu material filmado bruto do set para o laboratrio de MRI [imagem por ressonncia magntica] para ser otimizado. Voc pode, de fato, fazer seu filme mais ativador, disse ele, com base nos crebros dos sujeitos. Ns podemos lhe mostrar como seu produto est afetando o crebro do consumidor mesmo antes de o consumidor ser capaz de dizer qualquer coisa sobre ele. Os lderes nesse complexo in-dustrial de adfotainment no esto se baseando em pseudocincia, mas tm conexes estreitas com grandes laboratrios de neurocincia e em-pregam alguns dos principais pesquisadores da neurocincia do afeto em suas equipes. A NeuroFocus, localizada em Berkeley, na Califrnia, foi fundada pelo Dr. A. K. Pradeep, um engenheiro formado na Universidade de Berkeley, e tem uma equipe de cientistas trabalhando com a empresa que inclui Robert T. Knight, o diretor do Instituto de Neurocincia Helen Willis, da Universidade de Berkeley. A NeuroFocus foi adquirida recente-mente pela forte Companhia Nielsen.

    Eu gostaria de considerar a convergncia dessas poderosas ferra-mentas de neuroanlise e mdia luz do que alguns tericos tm conside-rado como o potencial de nossa crescente simbiose com a tecnologia miditica para reconfigurar o humano. Nossas novas mentes coletivas esto profundamente enraizadas em uma emergente axiomtica corp-rea, o mbito identificado por Deleuze e Felix Guattari como o inconscien-te maqunico uma ampla gama de ecologias miditicas, prticas mate-riais, aparatos sociais para codificar e implementar formas de se comportar atravs de rotinas, padres de movimentos e gestos, bem como padroni-zaes/re-padronizaes tteis e at mesmo neurolgicas que facilitam comportamentos e modos de ao especficos (Guattari, 2009). Nesse modelo, as mdias tecnolgicas so unidas atividade cognitiva incons-

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    ciente e pr-consciente para constituir sujeitos em direes particulares, midiaticamente especficas.

    O mbito afetivo est sendo remodelado pela mdia eletrnica. Ele-mentos-chave do mbito do afeto so sinais sociais inconscientes, que consistem primordialmente de linguagem corporal, expresses faciais e tom de voz. Esses sinais sociais no so apenas um complemento lin-guagem consciente; eles formam uma rede de comunicao separada que influencia o comportamento e pode fornecer uma janela que mostra nossas intenes, objetivos e valores. Muitas pesquisas contemporneas em cincia cognitiva e outras reas da psicologia social esto reafirmando que os humanos so animais intensamente sociais e que nosso compor-tamento muito mais uma funo de nossas redes sociais do que qual-quer pessoa imaginou anteriormente. Os circuitos sociais formados pelo padro alternado da sinalizao inconsciente entre as pessoas modelam grande parte de nosso comportamento em famlias, grupos de trabalho e organizaes de maior porte (Pentland, 2007, Collective Nature of Human Intelligence). Ao prestar ateno cuidadosamente aos padres de sinali-zao em uma rede social, Pentland e outros esto demonstrando que possvel colher um conhecimento tcito que est espalhado entre os indi-vduos da rede. Enquanto nossos ancestrais homindeos se comunica-vam face a face atravs da voz, face e gestos das mos, nossas comuni-caes hoje so cada vez mais mediadas eletronicamente, e nossos grupos sociais so dispersos e distribudos. Mas isso no significa que o afeto tenha desaparecido ou que, de alguma forma, tenha sido arrancado. Pelo contrrio, como cola da vida social, o afeto est presente nos sinais sociais eletrnicos que nos conectam. O mbito do afeto est embarcado nessas redes computacionais pervasivas e profundamente entrelaado com elas. A questo : na medida em que nos tornamos cada vez mais socialmente conectados do que nunca atravs das mdias eletrnicas, o mbito do afeto pode ser acessado, mensurado, talvez entendido e pos-sivelmente manipulado para o bem ou para o mal?

    Vrios pesquisadores esto desenvolvendo sistemas para acessar, registrar e mapear o mbito do afeto. Nos ltimos anos, Sandy Pentland e seus estudantes no Laboratrio de Mdias do MIT vm trabalhando no que eles chamam de um socioscpio para acessar o mbito afetivo, a fim de tornar as novas mdias sociais em rede mais inteligentes analisando a prosdia, os gestos e o contexto social. O socioscpio consiste em trs partes principais: telefones inteligentes programados para acompanhar a localizao de seus donos e sua proximidade com outras pessoas atra-vs da identificao de antenas de celulares e de Bluetooth IDs; crachs eletrnicos que registram a localizao do usurio, o som ambiente e os

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    movimentos da parte superior do corpo atravs de um acelermetro bi-dimensional; e um microfone com uma cmera utilizada junto ao corpo para gravar o contexto do usurio, e um software que usado para ex-trair sinais de udio, especificamente, a cronometragem exata das vo-calizaes do indivduo e a quantidade de modulaes (tanto em altura quanto em amplitude) dessas vocalizaes. Ao contrrio da maioria das pesquisas sobre discurso e gesticulao, o objetivo medir e classificar a interao do falante, em vez de tentar decifrar os significados ou inten-es do falante.

    Uma implementao dessa tecnologia o sistema Serendipity, que implementado em telefones celulares com Bluetooth e construdo com base no BlueAware, um aplicativo que busca por outros dispositivos com Bluetooth nas proximidades do usurio (Eagle, 2005). Quando o Serendi-pity descobre outros dispositivos prximos, ele automaticamente manda uma mensagem para um servidor de gateway social com o ID do disposi-tivo descoberto. Se descobre um par, ele manda uma mensagem com foto customizada para cada usurio, apresentando um ao outro. O telefo-ne extrai as caractersticas da sinalizao social como um processo em segundo plano, de modo que pode fornecer feedback para o usurio so-bre como aquela pessoa parecia ser e para construir um perfil das intera-es que o usurio teve com a outra pessoa. A fora desse sistema que ele pode ser usado para criar, verificar e melhor caracterizar as relaes nos sistemas de redes sociais online, como Facebook, MySpace e Linke-dIn. Uma aplicao comercial dessa tecnologia o Citysense, que obtm milhes de pontos de dados para analisar o comportamento humano agregado e desenvolver um mapa vivo da atividade na cidade, fica saben-do onde cada usurio gosta de passar tempo e processa os movimentos de outros usurios com padres semelhantes. O Citysense no mostra apenas onde est todo o mundo agora no PDA [assistente digital pes-soal] do usurio, mas onde est todo o mundo parecido comigo agora (Sense Networks, 2008).

    H diversas implicaes dessa tecnologia para quantificar o in-consciente maqunico dos sinais sociais. Possibilitar s mquinas co-nhecer o contexto social vai incrementar muitas formas de comunicao socialmente consciente, e, de fato, a ideia superar alguns dos maiores problemas de nosso uso corrente das formas de comunicao mediadas pela computao. Por exemplo, ter um modelo quantificvel do contexto social vai permitir o mapeamento das estruturas de grupo, fluxos de in-formaes, a identificao de nodos possibilitadores e de gargalos, e fornecer feedback sobre interaes de grupo: voc pareceu assertivo durante uma negociao? Voc pareceu interessado quando estava fa-

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    lando com seu cnjuge? Voc pareceu um bom integrante da equipe durante a teleconferncia?

    Gostaria de encerrar essas reflexes indicando duas tecnologias re-centemente apresentadas que se baseiam em algumas das mesmas tc-nicas de prospeco de dados para criar perfis discutidas nos programas CitySense de Pentland. Dessas duas, a nova tecnologia menos invasiva que quero destacar a Streetline, uma empresa que realiza muitas das inovaes primeiro experimentadas em Cooltown e incorpora tecnologias de malha de baixo consumo de energia primeiro desenvolvidas em proje-tos na Xerox PARC e em Berkeley no final dos anos 1990. A Streetline, uma empresa de tecnologia com sede em So Francisco, foi escolhida a vencedora pelo SmartCamp 2010 do Programa de Empreendedorismo Global da IBM por desenvolver o aplicativo grtis Parker, que no apenas mostra onde as vagas de estacionamento esto localizadas, mas tambm quais esto disponveis. Voc no precisa mais circular por cinco quartei-res esperando que aparea um lugar. Com esse app (disponvel para iPhone e Android), voc pode identificar e pegar esses espaos esquivos. A Streetline captura dados usando motes [nodos de sensoriamento] auto-alimentados, sensores colocados no cho em cada vaga de estaciona-mento, que podem detectar se o espao est ou no vago. O aplicativo Parker usa os sensores de localizao de seu smartphone para saber onde voc est e destacar vagas de estacionamento naquele local. Ele tambm usa uma tela grande (por exemplo, em seu carro) para mostrar um mapa dinmico dos pontos mais prximos (em vez de mostrar apenas uma lista com endereos). Os dados das vagas de estacionamento dos sensores so transmitidos atravs de redes de malha de baixo consumo de energia para os servidores da Streetline, que elaboram um quadro em tempo real indicando quais pontos de estacionamento esto vagos. Essas informaes podem ser compartilhadas com os motoristas atra-vs do app Parker, e tambm com funcionrios, operadores e gestores de polticas pblicas do municpio. O app vai alm: depois que voc estacionou, ele usa essa informao para fornecer instrues para voc caminhar de volta para seu veculo e pode registrar quanto tempo voc ainda tem na vaga e alert-lo quando ele est acabando. Esse um aplicativo realmente legal.

    Esse aplicativo, porm, est em um espectro de tecnologias que usam dados do telefone celular para rastrear e determinar sua localiza-o. Um uso mais perturbador de novas tecnologias miditicas combina-das com ferramentas de explorao de dados e elaborao de perfis para fins de vigilncia o Immersive Labs de Nova Iorque, que usa webcams embarcadas em outdoors e sistemas de visualizao em reas pblicas,

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    como a Times Square, um aeroporto ou parque temtico, para usar a fil-magem de passantes para ferramentas de reconhecimento facial medi-rem o impacto de um anncio que estiver rodando na tela. Nessa aplica-o, um software de inteligncia artificial torna sinais digitais existentes mais inteligentes, sequencia anncios e coloca mdias para as pessoas que estejam em frente tela. O software da Immersive Labs toma deci-ses em tempo real sobre quais anncios mostrar baseado nas condies climticas correntes, gnero, idade, quantidade de pblico e tempo de ateno da audincia. A tecnologia pode se adaptar a mltiplos ambientes e anncios em uma s tela e funciona tanto com indivduos quanto com grupos grandes. Utilizando uma webcam comum conectada a qualquer tela digital existente para determinar a idade, o gnero, o tempo de aten-o e programar automaticamente contedo publicitrio direcionado, o software calcula a probabilidade de sucesso de cada anncio e toma de-cises em tempo real sobre qual anncio deve rodar em seguida. As an-lises relatam o desempenho do anncio e dados demogrficos (p. ex., gnero, idade, distncia, tempo de ateno, tempo de permanncia, olha-res). A empresa afirma no armazenar as imagens dos indivduos que analisou, mas descart-las imediatamente depois da interao ns no temos tanta certeza disso.

    Concluso

    Brian Rotman e Brian Massumi esto otimistas sobre o que o acesso ao mbito afetivo poder ocasionar para nossa mente comunitria ps- humana emergente. Para Massumi, uma melhor compreenso do mbito do afeto vai proporcionar uma base para a resistncia e contratticas ao funcionamento cultural-poltico das mdias (Massumi, p. 43-44). Para Rotman, a gramaticalizao dos gestos traz a perspectiva de uma nova ordem de mediao corporal, abrindo-a a outros desejos e outra semiti-ca. Pentland igualmente otimista. Mas sua reflexo sobre o que a quan-tificao do mbito afetivo pode oferecer parece mais uma receita de as-similao do que de resistncia. Escreve Pentland:

    Ao projetar sistemas que esto conscientes da sinalizao social humana e se adaptam ao contexto social humano, poderemos ser capazes de remover a mensagem do meio e substitu-la pela men-sagem tradicional da comunicao face a face. Assim como os com-putadores esto desaparecendo e entrando em roupas e paredes, a alteridade das tecnologias da comunicao pode desaparecer tambm, deixando-nos com organizaes que so no apenas mais eficientes, mas tambm equilibram melhor nossas vidas formal, infor-

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    mal e pessoal. A assimilao ao Coletivo de Borg talvez seja inevit-vel, mas ns ainda podemos fazer dele um lugar mais humano para se viver (2005, p. 39).

    O cientista da computao e romancista Vernor Vinge foi quem pri-meiro delineou a noo de que os seres humanos e as mquinas inteli-gentes rumam para uma convergncia, que, segundo sua previso, ocor-reria em 2030 (Vinge, 1993). Ele tambm previu um estgio no caminho para a Singularidade em que microprocessadores em rede, embarcados e cientes da localizao fornecem a base para um panptico global (Vin-ge, 2000; Wallace, 2006). Vinge tem permanecido firmemente positivo sobre as possibilidades pressagiadas nessa era: [...] colaboraes vo prosperar. A ajuda remota florescer; onde quer que voc v, especialis-tas locais podem torn-lo to eficiente quanto um nativo. Fazemos expe-rimentos com milhares de novas formas de trabalho em equipe e intimida-de (Vinge, 2000). Tais sistemas no se encontram apenas no horizonte imediato; eles esto patenteados e disponveis comercialmente nos pro-ttipos vindos de laboratrios e empresas fundadas por cientistas como Pentland, Maes e Rekimoto, cada um dos quais enftico quanto ne-cessidade de implementar e garantir a privacidade nos sistemas poten-cialmente panpticos que desenvolveram (Sense Networks, Principles). De minha parte, penso que no precisamos temer a singularidade; mas tomar cuidado com o panptico.

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  • CADERNOS IHU IDEIAS

    N. 01 A teoria da justia de John Rawls Jos NedelN. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produ-

    es tericas Edla Eggert O Servio Social junto ao Frum de Mulheres em So

    Leopoldo Clair Ribeiro Ziebell e Acadmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

    N. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Globo Sonia Montao

    N. 04 Ernani M. Fiori Uma Filosofia da Educao Popular Luiz Gilberto Kronbauer

    N. 05 O rudo de guerra e o silncio de Deus Manfred ZeuchN. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construo do No-

    vo Renato Janine RibeiroN. 07 Mundos televisivos e sentidos identirios na TV Suza-

    na KilppN. 08 Simes Lopes Neto e a Inveno do Gacho Mrcia

    Lopes DuarteN. 09 Oligoplios miditicos: a televiso contempornea e as

    barreiras entrada Valrio Cruz BrittosN. 10 Futebol, mdia e sociedade no Brasil: reflexes a partir

    de um jogo dison Luis GastaldoN. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

    Auschwitz Mrcia TiburiN. 12 A domesticao do extico Paula CaleffiN. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roa: um jeito de

    fazer Igreja, Teologia e Educao Popular Edla EggertN. 14 Jlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prtica polti-

    ca no RS Gunter AxtN. 15 Medicina social: um instrumento para denncia Stela

    Nazareth MeneghelN. 16 Mudanas de significado da tatuagem contempornea

    Dbora Krischke LeitoN. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: fico, histria

    e trivialidade Mrio MaestriN. 18 Um itinenrio do pensamento de Edgar Morin Maria da

    Conceio de AlmeidaN. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro Helga Irace-

    ma Ladgraf PiccoloN. 20 Sobre tcnica e humanismo Oswaldo Giacia JuniorN. 21 Construindo novos caminhos para a interveno socie-

    tria Lucilda SelliN. 22 Fsica Quntica: da sua pr-histria discusso sobre o

    seu contedo essencial Paulo Henrique DionsioN. 23 Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a pers-

    pectiva de sua crtica a um solipsismo prtico Valrio Rohden

    N. 24 Imagens da excluso no cinema nacional Miriam Rossini

    N. 25 A esttica discursiva da tev e a (des)configurao da informao Nsia Martins do Rosrio

    N. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS Rosa Maria Serra Bavaresco

    N. 27 O modo de objetivao jornalstica Beatriz Alcaraz Marocco

    N. 28 A cidade afetada pela cultura digital Paulo Edison Belo Reyes

    N. 29 Prevalncia de violncia de gnero perpetrada por com-panheiro: Estudo em um servio de ateno primria sade Porto Alegre, RS Jos Fernando Dresch Kronbauer

    N. 30 Getlio, romance ou biografia? Juremir Machado da Silva

    N. 31 A crise e o xodo da sociedade salarial Andr Gorz

    N. 32 meia luz: a emergncia de uma Teologia Gay Seus dilemas e possibilidades Andr Sidnei Musskopf

    N. 33 O vampirismo no mundo contemporneo: algumas con-sideraes Marcelo Pizarro Noronha

    N. 34 O mundo do trabalho em mutao: As reconfiguraes e seus impactos Marco Aurlio Santana

    N. 35 Adam Smith: filsofo e economista Ana Maria Bianchi e Antonio Tiago Loureiro Arajo dos Santos

    N. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro: uma anlise antropo-lgica Airton Luiz Jungblut

    N. 37 As concepes terico-analticas e as proposies de poltica econmica de Keynes Fernando Ferrari Filho

    N. 38 Rosa Egipcaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial Luiz Mott

    N. 39 Malthus e Ricardo: duas vises de economia poltica e de capitalismo Gentil Corazza

    N. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina Adriana BragaN. 41 A (anti)filosofia de Karl Marx Leda Maria PaulaniN. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliao

    aps um sculo de A Teoria da Classe Ociosa Leonardo Monteiro Monasterio

    N. 43 Futebol, Mdia e Sociabilidade. Uma experincia etno-grfica dison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leist-ner, Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

    N. 44 Genealogia da religio. Ensaio de leitura sistmica de Marcel Gauchet. Aplicao situao atual do mundo Grard Donnadieu

    N. 45 A realidade quntica como base da viso de Teilhard de Chardin e uma nova concepo da evoluo biolgica Lothar Schfer

    N. 46 Esta terra tem dono. Disputas de representao sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de Sep Tiaraju Ceres Karam Brum

    N. 47 O desenvolvimento econmico na viso de Joseph Schumpeter Achyles Barcelos da Costa

    N. 48 Religio e elo social. O caso do cristianismo Grard Donnadieu

    N. 49 Coprnico e Kepler: como a terra saiu do centro do uni-verso Geraldo Monteiro Sigaud

    N. 50 Modernidade e ps-modernidade luzes e sombras Evilzio Teixeira

    N. 51 Violncias: O olhar da sade coletiva lida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

    N. 52 tica e emoes morais Thomas Kesselring Juzos ou emoes: de quem a primazia na moral?

    Adriano Naves de BritoN. 53 Computao Quntica. Desafios para o Sculo XXI

    Fernando HaasN. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento

    na Europa e no Brasil An VranckxN. 55 Terra habitvel: o grande desafio para a humanidade

    Gilberto DupasN. 56 O decrescimento como condio de uma sociedade

    convivial Serge LatoucheN. 57 A natureza da natureza: auto-organizao e caos

    Gnter KppersN. 58 Sociedade sustentvel e desenvolvimento sustentvel:

    limites e possibilidades Hazel HendersonN. 59 Globalizao mas como? Karen GloyN. 60 A emergncia da nova subjetividade operria: a sociabi-

    lidade invertida Cesar SansonN. 61 Incidente em Antares e a Trajetria de Fico de Erico

    Verssimo Regina Zilberman

  • N. 62 Trs episdios de descoberta cientfica: da caricatura empirista a uma outra histria Fernando Lang da Sil-veira e Luiz O. Q. Peduzzi

    N. 63 Negaes e Silenciamentos no discurso acerca da Ju-ventude Ctia Andressa da Silva

    N. 64 Getlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado No-vo Artur Cesar Isaia

    N. 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria huma-nista tropical La Freitas Perez

    N. 66 Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexes sobre a cura e a no cura nas redues jesutico-guaranis (1609-1675) Eliane Cristina Deckmann Fleck

    N. 67 Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pe-reira dos Santos na obra de Guimares Rosa Joo Guilherme Barone

    N. 68 Contingncia nas cincias fsicas Fernando HaasN. 69 A cosmologia de Newton Ney LemkeN. 70 Fsica Moderna e o paradoxo de Zenon Fernando

    HaasN. 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joa-

    quim Pedro de Andrade Miriam de Souza RossiniN. 72 Da religio e de juventude: modulaes e articulaes

    La Freitas PerezN. 73 Tradio e ruptura na obra de Guimares Rosa Eduar-

    do F. CoutinhoN. 74 Raa, nao e classe na historiografia de Moyss Vellinho

    Mrio MaestriN. 75 A Geologia Arqueolgica na Unisinos Carlos Henrique

    NowatzkiN. 76 Campesinato negro no perodo ps-abolio: repensan-

    do Coronelismo, enxada e voto Ana Maria Lugo RiosN. 77 Progresso: como mito ou ideologia Gilberto DupasN. 78 Michael Aglietta: da Teoria da Regulao Violncia da

    Moeda Octavio A. C. ConceioN. 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul

    Moacyr FloresN. 80 Do pr-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e

    seu territrio Arno Alvarez KernN. 81 Entre Canes e versos: alguns caminhos para a leitura

    e a produo de poemas na sala de aula Glucia de Souza

    N. 82 Trabalhadores e poltica nos anos 1950: a ideia de sindicalismo populista em questo Marco Aurlio Santana

    N. 83 Dimenses normativas da Biotica Alfredo Culleton e Vicente de Paulo Barretto

    N. 84 A Cincia como instrumento de leitura para explicar as transformaes da natureza Attico Chassot

    N. 85 Demanda por empresas responsveis e tica Concor-rencial: desafios e uma proposta para a gesto da ao organizada do varejo Patrcia Almeida Ashley

    N. 86 Autonomia na ps-modernidade: um delrio? Mario Fleig

    N. 87 Gauchismo, tradio e Tradicionalismo Maria Eunice Maciel

    N. 88 A tica e a crise da modernidade: uma leitura a partir da obra de Henrique C. de Lima Vaz Marcelo Perine

    N. 89 Limites, possibilidades e contradies da formao hu-mana na Universidade Laurcio Neumann

    N. 90 Os ndios e a Histria Colonial: lendo Cristina Pompa e Regina Almeida Maria Cristina Bohn Martins

    N. 91 Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o cristianismo Franklin Leopoldo e Silva

    N. 92 Saberes populares produzidos numa escola de comuni-dade de catadores: um estudo na perspectiva da Etno-matemtica Daiane Martins Bocasanta

    N. 93 A religio na sociedade dos indivduos: transformaes no campo religioso brasileiro Carlos Alberto Steil

    N. 94 Movimento sindical: desafios e perspectivas para os prximos anos Cesar Sanson

    N. 95 De volta para o futuro: os precursores da nanotecno-cincia Peter A. Schulz

    N. 96 Vianna Moog como intrprete do Brasil Enildo de Mou-ra Carvalho

    N. 97 A paixo de Jacobina: uma leitura cinematogrfica Ma-rins Andrea Kunz

    N. 98 Resilincia: um novo paradigma que desafia as religies Susana Mara Rocca Larrosa

    N. 99 Sociabilidades contemporneas: os jovens na lan house Vanessa Andrade Pereira

    N. 100 Autonomia do sujeito moral em Kant Valerio RohdenN. 101 As principais contribuies de Milton Friedman Teoria

    Monetria: parte 1 Roberto Camps MoraesN. 102 Uma leitura das inovaes bio(nano)tecnolgicas a par-

    tir da sociologia da cincia Adriano PremebidaN. 103 ECODI A criao de espaos de convivncia digital

    virtual no contexto dos processos de ensino e aprendi-zagem em metaverso Eliane Schlemmer

    N. 104 As principais contribuies de Milton Friedman Teoria Monetria: parte 2 Roberto Camps Moraes

    N. 105 Futebol e identidade feminina: um estudo etnogrfico sobre o ncleo de mulheres gremistas Marcelo Pizarro Noronha

    N. 106 Justificao e prescrio produzidas pelas Cincias Humanas: Igualdade e Liberdade nos discursos educa-cionais contemporneos Paula Corra Henning

    N. 107 Da civilizao do segredo civilizao da exibio: a famlia na vitrine Maria Isabel Barros Bellini

    N. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos solidrio, terno e democrtico? Telmo Adams

    N. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular Celso Candido de Azambuja

    N. 110 Formao e trabalho em narrativas Leandro R. Pinheiro

    N. 111 Autonomia e submisso: o sentido histrico da adminis-trao Yeda Crusius no Rio Grande do Sul Mrio Maestri

    N. 112 A comunicao paulina e as prticas publicitrias: So Paulo e o contexto da publicidade e propaganda Denis Gerson Simes

    N. 113 Isto no uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra Esp. Yentl Delanhesi

    N. 114 SBT: jogo, televiso e imaginrio de azar brasileiro So-nia Montao

    N. 115 Educao cooperativa solidria: perspectivas e limites Carlos Daniel Baioto

    N. 116 Humanizar o humano Roberto Carlos FveroN. 117 Quando o mito se torna verdade e a cincia, religio

    Rber Freitas BachinskiN. 118 Colonizando e descolonizando mentes Marcelo

    DascalN. 119 A espiritualidade como fator de proteo na adolescn-

    cia Luciana F. Marques e Dbora D. DellAglioN. 120 A dimenso coletiva da liderana Patrcia Martins Fa-

    gundes Cabral e Nedio SeminottiN. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos ticos e teolgicos

    Eduardo R. CruzN. 122 Direito das minorias e Direito diferenciao Jos

    Rogrio LopesN. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de

    marcos regulatrios Wilson EngelmannN. 124 Desejo e violncia Rosane de Abreu e SilvaN. 125 As nanotecnologias no ensino Solange Binotto FaganN. 126 Cmara Cascudo: um historiador catlico Bruna Rafaela

    de LimaN. 127 O que o cncer faz com as pessoas? Reflexos na litera-

    tura universal: Leo Tolstoi Thomas Mann Alexander Soljentsin Philip Roth Karl-Josef Kuschel

    N. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental identidade gentica Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Rodrigues Petterle

    N. 129 Aplicaes de caos e complexidade em cincias da vida Ivan Amaral Guerrini

    N. 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentvel Paulo Roberto Martins

  • N. 131 A phila como critrio de inteligibilidade da mediao comunitria Rosa Maria Zaia Borges Abro

    N. 132 Linguagem, singularidade e atividade de trabalho Mar-lene Teixeira e derson de Oliveira Cabral

    N. 133 A busca pela segurana jurdica na jurisdio e no processo sob a tica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann Leonardo Grison

    N. 134 Motores Biomoleculares Ney Lemke e Luciano Hennemann

    N. 135 As redes e a construo de espaos sociais na digitali-zao Ana Maria Oliveira Rosa

    N. 136 De Marx a Durkheim: Algumas apropriaes tericas para o estudo das religies afro-brasileiras Rodrigo Marques Leistner

    N. 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psquico: sobre como as pessoas reconstroem suas vidas Breno Augusto Souto Maior Fontes

    N. 138 As sociedades indgenas e a economia do dom: O caso dos guaranis Maria Cristina Bohn Martins

    N. 139 Nanotecnologia e a criao de novos espaos e novas identidades Marise Borba da Silva

    N. 140 Plato e os Guarani Beatriz Helena DominguesN. 141 Direitos humanos na mdia brasileira Diego Airoso da

    MottaN. 142 Jornalismo Infantil: Apropriaes e Aprendizagens de

    Crianas na Recepo da Revista Recreio Greyce Vargas

    N. 143 Derrida e o pensamento da desconstruo: o redimen-sionamento do sujeito Paulo Cesar Duque-Estrada

    N. 144 Incluso e Biopoltica Maura Corcini Lopes, Kamila Lockmann, Morgana Domnica Hattge e Viviane Klaus

    N. 145 Os povos indgenas e a poltica de sade mental no Bra-sil: composio simtrica de saberes para a construo do presente Bianca Sordi Stock

    N. 146 Reflexes estruturais sobre o mecanismo de REDD Ca-mila Moreno

    N. 147 O animal como prximo: por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais Caetano Sordi

    N. 148 Avaliao econmica de impactos ambientais: o caso do aterro sanitrio em Canoas-RS Fernanda Schutz

    N. 149 Cidadania, autonomia e renda bsica Josu Pereira da Silva

    N. 150 Imagtica e formaes religiosas contemporneas: en-tre a performance e a tica Jos Rogrio Lopes

    N. 151 As reformas poltico-econmicas pombalinas para a Amaznia: e a expulso dos jesutas do Gro-Par e Maranho Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

    N. 152 Entre a Revoluo Mexicana e o Movimento de Chia-pas: a tese da hegemonia burguesa no Mxico ou por que voltar ao Mxico 100 anos depois Claudia Wasserman

    N. 153 Globalizao e o pensamento econmico franciscano: Orientao do pensamento econmico franciscano e Caritas in Veritate Stefano Zamagni

    N. 154 Ponto de cultura teko arandu: uma experincia de inclu-so digital indgena na aldeia kaiow e guarani Teikue no municpio de Caarap-MS Neimar Machado de Sousa, Antonio Brand e Jos Francisco Sarmento

    N. 155 Civilizar a economia: o amor e o lucro aps a crise eco-nmica Stefano Zamagni

    N. 156 Intermitncias no cotidiano: a clnica como resistncia inventiva Mrio Francis Petry Londero e Simone Mai-nieri Paulon

    N. 157 Democracia, liberdade positiva, desenvolvimento Stefano Zamagni

    N. 158 Passemos para a outra margem: da homofobia ao respeito diversidade Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

    N. 159 A tica catlica e o esprito do capitalismo Stefano Zamagni

    N. 160 O Slow Food e novos princpios para o mercado Eri-berto Nascente Silveira

    N. 161 O pensamento tico de Henri Bergson: sobre As duas fontes da moral e da religio Andr Brayner de Farias

    N. 162 O modus operandi das polticas econmicas keynesia-nas Fernando Ferrari Filho e Fbio Henrique Bittes Terra

    N. 163 Cultura popular tradicional: novas mediaes e legitima-es culturais de mestres populares paulistas Andr Luiz da Silva

    N. 164 Ser o decrescimento a boa nova de Ivan Illich? Serge Latouche

    N. 165 Agostos! A Crise da Legalidade: vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre Carla Simone Rodeghero

    N. 166 Convivialidade e decrescimento Serge LatoucheN. 167 O impacto da plantao extensiva de eucalipto nas

    culturas tradicionais: Estudo de caso de So Luis do Paraitinga Marcelo Henrique Santos Toledo

    N. 168 O decrescimento e o sagrado Serge LatoucheN. 169 A busca de um ethos planetrio Leonardo BoffN. 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionaliza-

    o do ser: um convite ao abolicionismo Marco Anto-nio de Abreu Scapini

    N. 171 Sub specie aeternitatis O uso do conceito de tempo como estratgia pedaggica de religao dos saberes Gerson Egas Severo

    N. 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tec-nologias digitais Bruno Pucci

    N. 173 Tcnicas de si nos textos de Michel Foucault: A influncia do poder pastoral Joo Roberto Barros II

    N. 174 Da mnada ao social: A intersubjetividade segundo Levinas Marcelo Fabri

    N. 175 Um caminho de educao para a paz segundo Hobbes Lucas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

    N. 176 Da magnitude e ambivalncia necessria humani-zao da tecnocincia segundo Hans Jonas Jelson Roberto de Oliveira

    N. 177 Um caminho de educao para a paz segundo Locke Odair Camati e Paulo Csar Nodari

    N. 178 Crime e sociedade estamental no Brasil: De como la ley es como la serpiente; solo pica a los descalzos Lenio Luiz Streck

    N. 179 Um caminho de educao para a paz segundo Rousseau Mateus Boldori e Paulo Csar Nodari

    N. 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil: entre o reconhecimento e a concretizao Afonso Ma-ria das Chagas

    N. 181 Aptridas e refugiados: direitos humanos a partir da ti-ca da alteridade Gustavo Oliveira de Lima Pereira

    N. 182 Censo 2010 e religies:reflexes a partir do novo mapa religioso brasileiro Jos Rogrio Lopes

    N. 183 A Europa e a ideia de uma economia civil Stefano Zamagni

    N. 184 Para um discurso jurdico-penal libertrio: a pena como dispositivo poltico (ou o direito penal como discurso-li-mite) Augusto Jobim do Amaral

    N. 185 A identidade e a misso de uma universidade catlica na atualidade Stefano Zamagni

    N. 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento solidrio aos refugiados Joseane Marile