o centro - n.º 39 – 05.12.2007

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DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) ANO II N.º 39 (II série) De 5 a 18 de Dezembro de 2007 1 euro (iva incluído) Telef.: 239 854 150 Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA CAMINHOS-DE-FERRO PELA NOSSA SAÚDE PÁG. 6 PÁG. 2 “Slow food”: comer bem até mesmo à pressa... Passeio nos 125 anos da Linha da Beira Alta EMENTAS ROMANAS E DAS TERRAS DE SICÓ PARA MARCAÇÕES: 969 453 735 A NATUREZA, A HISTÓRIA E A GASTRONOMIA ALIAM-SE PARA UMA EXPERIÊNCIA MEMORÁVEL EM CENÁRIO ÚNICO O local ideal para almoços e jantares natalícios (condições especiais para grupos) PROSSEGUEM CELEBRAÇÕES DO CENTENÁRIO EM PORTUGAL E NO ESTRANGEIRO Miguel Torga evocado em vários países O luxo fabuloso de hotel flutuante Imagem da avenida central de um fabuloso hotel flutuante que o “Centro” foi visitar PÁG. 11 Conímbriga: regresso ao passado romano PÁG. 12 As magníficas ruínas romanas de Conímbriga onde a área de visita foi recentemente muito aumentada PÁG. 4 e 5 Ofereça uma assinatura do “Centro” e ganhe valiosa obra de arte APENAS 20 • POR ANO! UM ORIGINAL PRESENTE DE NATAL - LEIA NA PÁG. 3

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Versão integral da edição n.º 39 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 05.12.2007. Site do Instituto Superior Miguel Torga: www.ismt.pt Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

DIRECTOR JORGE CASTILHO

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |Autorizado a circular em invólucrode plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO II N.º 39 (II série) De 5 a 18 de Dezembro de 2007 � 1 euro (iva incluído)

Telef.: 239 854 150Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA

CAMINHOS-DE-FERRO PELA NOSSA SAÚDE

PÁG. 6PÁG. 2

“Slow food”:comer bematé mesmoà pressa...

Passeionos 125 anosda Linhada Beira Alta

EMENTAS ROMANAS E DAS TERRAS DE SICÓ PARA MARCAÇÕES: 969 453 735

A NATUREZA, A HISTÓRIA E A GASTRONOMIA ALIAM-SE PARA UMA EXPERIÊNCIA MEMORÁVEL EM CENÁRIO ÚNICO

O local ideal para almoços e jantares natalícios(condições especiais para grupos)

PROSSEGUEM CELEBRAÇÕES DO CENTENÁRIO EM PORTUGAL E NO ESTRANGEIRO

MiguelTorgaevocadoem váriospaíses

O luxofabulosode hotelflutuanteImagem da avenida centralde um fabuloso hotel flutuanteque o “Centro” foi visitar

PÁG. 11

Conímbriga:regressoao passadoromano

PÁG. 12As magníficas ruínas romanasde Conímbriga onde a área de visitafoi recentemente muito aumentada

PÁG. 4 e 5

Ofereçauma assinaturado “Centro”e ganhe valiosaobra de arteAPENAS 20 • POR ANO!

UM ORIGINALPRESENTE DE NATAL

- LEIA NA PÁG. 3

Page 2: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

2 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007

Director: Jorge Castilho(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: AudimprensaNif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: AudimprensaRua da Sofia, 95, 3.º - 3000-390 CoimbraTelefone: 239 854 150 - Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]

Impressão: CORAZE - Oliveira de Azeméis

Depósito legal n.º 250930/06

Tiragem: 10.000 exemplares

CAMINHOS DE FERRO

No sentido de proporcionar mais al-guns benefícios aos assinantes destejornal, o “Centro” estabeleceu umacordo com a livraria on line“livrosnet.com”.

Para além do desconto de 10%, oassinante do “Centro” pode ainda fa-zer a encomenda dos livros de formamuito cómoda, sem sair de casa, enada terá a pagar de custos de enviodos livros encomendados.

Os livros são sempre uma excelen-te oferta para cada um de nós ou paraoferta a gente de todas as idades, peloque este desconto que proporcionamos

aos assinantes do “Centro” assume gran-de relevância.

Mas este desconto não se cinge aoslivros, antes abrange todos os produtoscongéneres que estão à disposição na li-vraria on line “livrosnet.com”.

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Caso ainda não seja, preencha o bole-tim que publicamos na página seguinte eenvie-o para a morada que se indica.

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São apenas 20 euros por uma assina-tura anual – uma importância que certa-mente recuperará logo na primeira en-comenda de livros. E, para além disso,como ao lado se indica, receberá ainda,de forma automática e completamentegratuita, uma valiosa obra de arte de ZéPenicheiro – trabalho original simboli-zando os seis distritos da Região Centro,especialmente concebido para este jor-nal pelo consagrado artista.

Adquira livros com 10% de desconto

No próximo sábado (dia 8 de Dezem-bro), mais de uma centena de membrosda Associação Portuguesa dos Amigosdos Caminhos de Ferro (APAC), parti-cipam num passeio que comemora os 30anos daquela Associação, os 50 anos delocomotivas eléctricas ainda em utiliza-ção em Portugal e também os 125 anosda Linha da Beira Alta.

A comemoração será feita, natural-mente, com um almoço de convívio nacarruagem-restaurante de um comboioespecial que vai percorrer a linha daBeira Alta no seu troço electrificado,entre a Pampilhosa e Vilar Formoso, ter-minando a viagem na sua estação de ori-gem, a Figueira da Foz.

Uma iniciativa cheia de simbolismo porparte da APAC, a maior e mais antigaAssociação de defesa, estudo e promo-ção do caminho-de-ferro em Portugal,que refere, a propósito desta comemo-ração:

“A linha da Beira Alta foi inauguradaem 3 de Agosto de 1882 e constitui aprincipal artéria ferroviária nacional deligação com o estrangeiro, para além deservir a região da Beira Alta. Ainda hoje

NO PRÓXIMO SÁBADO, AMIGOS DOS CAMINHOS-DE-FERRO FAZEM REGRESSOAO PASSADO: PAMPILHOSA - VILAR FORMOSO - FIGUEIRA DA FOZ

Passeio em comboio especial assinala125 anos da Linha da Beira Alta

cenário de passagem do mundialmentefamoso comboio Sud Express, que emtempo idos ligava Lisboa a Paris com omaior luxo, esta linha foi também o pal-co do êxodo de milhares de portuguesespara a emigração em busca de melhorescondições de vida. Actualmente consti-tui uma via fundamental para o tráfego

de mercadorias internacional, tendo hámais de uma década sido alvo de umamodernização que a coloca em condiçõestécnicas de topo no que diz respeito àferrovia convencional, o que também lhegarante competitividade no transporte depassageiros na região”.

Para os mais interessados em porme-nores técnicos, refira-se que “a locomo-tiva que irá rebocar o comboio especialpertence à série designada 2500 e foiconstruída em 1956 por um consórciointernacional de construtores denomina-do “Groupement d’Étude etd’Eléctrification de Chemins de Fer enMonophase 50Hz”, constituído, entreoutros, pela AEG, Alsthom, Brown Bo-veri, Henschel, Siemens e pela portugue-sa Sorefame, a maioria dos quais já de-saparecidos nas atribulações sofridas aolongo dos anos por esta indústria”.

E a APAC acrescenta:“Portugal foi pioneiro mundialmente na

utilização do sistema de electrificação emcorrente alternada a frequência industri-

al, actualmente adoptado pela maioria dasferrovias, sendo as locomotivas 2500 asprimeiras de peso moderado neste siste-ma, o que até à data se julgava impossí-vel, justificando a sua representativida-de histórica na evolução da tecnologiaferroviária. Irão ser retiradas de servi-ço em 2008, com a entrada ao serviçode novas locomotivas construídas por umdos seus construtores”.

O QUE É A APAC

A APAC é uma associação de carác-ter nacional, sem fins lucrativos, que pre-tende reunir todos aqueles que se inte-ressam pelo transporte ferroviário nassuas mais variadas vertentes. Fundadaem 1977 por seis pessoas, mas iniciandoactividades regulares apenas em 1980, aAPAC tem como principais objectivos adefesa, estudo e divulgação do Caminhode Ferro. Regularmente realiza passei-os por todo o país, exposições, apoia ac-tividades escolares e promove colóquiose debates, sempre com o objectivo dedefender e divulgar o Caminho de Fer-ro. A APAC promove também a ediçãode literatura de divulgação de temáticaferroviária, publicando a mais antiga re-vista de temática ferroviária no nossopaís, o “Bastão-Piloto”.

Tem sede em Lisboa e um NúcleoRegional no Porto para, de forma maisadequada, poder satisfazer os seus as-sociados. Nas suas sedes, a APAC dis-põe de um centro de documentação con-tendo provavelmente o mais importanteacervo documental sobre Caminhos-de-Ferro existente em Portugal fora dasentidades públicas do sector.

Para mais informações sobra a APACe sobre este passeio comemorativo, con-tactar António Brancanes (tel. 917344052).

Page 3: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

3DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007

Temos uma excelente sugestão parauma prenda de Natal para um Amigo,um Familiar ou mesmo para si próprio:uma assinatura anual do jornal“Centro”

Custa apenas 20 euros e ainda re-cebe de imediato, completamente grá-tis, uma valiosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalho daautoria de Zé Penicheiro, expressa-mente concebido para o jornal “Cen-tro”, com o cunho bem característicodeste artista plástico – um dos maisprestigiados pintores portugueses, comreconhecimento mesmo a nível inter-nacional, estando representado em co-lecções espalhadas por vários pontosdo Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, como seu traço peculiar e a inconfundívelutilização de uma invulgar paleta decores, criou uma obra que alia grandequalidade artística a um profundo sim-bolismo.

De facto, o artista, para representara Região Centro, concebeu uma flor,composta pelos seis distritos que inte-gram esta zona do País: Aveiro, Caste-lo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria eViseu.

Cada um destes distritos é represen-tado por um elemento (remetendo pararespectivo património histórico, arqui-tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta formatão original, está a desabrochar, sim-

bolizando o crescente desenvolvimentodesta Região Centro de Portugal, tão ricade potencialidades, de História, de Cul-tura, de património arquitectónico, de des-lumbrantes paisagens (desde as praiasmagníficas até às serras verdejantes) e,ainda, de gente hospitaleira e trabalha-dora.

Não perca, pois, a oportunidade dereceber já, ou de oferecer pelo Natal,GRATUITAMENTE, esta magníficaobra de arte, que está reproduzida na pri-meira página, mas que tem dimensõesbem maiores do que aquelas que ali apre-senta (mais exactamente 50 cm x 34 cm).

Para além desta oferta, o beneficiáriopassará a receber directamente em suacasa (ou no local que nos indicar), o jornal“Centro”, que o manterá sempre bem in-formado sobre o que de mais importantevai acontecendo nesta Região, no País eno Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocio-nal, e ASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta cortar e preenchero cupão que abaixo publicamos, e enviá-lo, acompanhado do valor de 20 euros(de preferência em cheque passado em

nome de AUDIMPRENSA), para aseguinte morada:

Jornal “Centro”Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pe-dido de assinatura através de:

� telefone 239 854 156� fax 239 854 154� ou para o seguinte endereço

de e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desdejá lhe oferecemos, estamos a prepararmuitas outras regalias para os nossosassinantes, pelo que os 20 euros da as-sinatura serão um excelente investi-mento.

O seu apoio é imprescindível paraque o “Centro” cresça e se desenvol-va, dando voz a esta Região.

CONTAMOS CONSIGO!

ORIGINAL PRESENTE DE NATAL POR APENAS 20 EUROS

Ofereça uma assinatura do “Centro”e ganhe valiosa obra de arte

CIÊNCIA

Desejo oferecer/subscrever uma assinatura anual do CENTRO

MUSEU DA CIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA FAZ HOJE UM ANO

Experiências espantosas para todas as idadesA entrega pela NASA de uma bandeira

que veio do espaço e o lançamento nacio-nal do concurso “Descobre o céu” são al-guns dos momentos altos que assinalam hoje(quarta-feira, dia 5), o primeiro anversáriodo Museu da Ciência da Universidade deCoimbra. O programa das comemoraçõesprolonga-se até às 20 horas, com muitas ini-ciativas interessantes, de entrada gratuita, edestinadas ao público de todas as idades.

A bandeira que veio do espaço seráentregue pela Embaixada Americana emPortugal, em nome da NASA, em ceri-mónia marcada para as 17 horas, comentrada livre.

Logo a seguir, às 17h30, será feito o lan-çamento nacional do concurso “Descobreo teu céu”, uma iniciativa do Ano Interna-cional da Astronomia 2009, destinada àsescolas básicas de todo o país. “Descobreo teu céu” é uma das actividades de pre-paração do evento sobre astronomia e ciên-cia em geral, que decorrerá em todo o mun-do em 2009.

Mas o Museu tem hoje outras iniciati-vas aliciantes para assinalar este aniver-

sário. Entre estas, oficinas especialmentededicadas aos mais jovens. Assim, a par-tir das 11h00 decorre o “Ciência Malu-ca”, que apresenta “bananas espeta-pre-gos, objectos que desaparecem e outrosfenómenos fantásticos que surpreenderãoas crianças a partir dos quatro anos” –como refere o programa. O “Ciência aovivo” dá a todos a oportunidade de assis-tir, a partir das 18h00, “a experiências ex-traordinárias com flores que se estilhaçame papel que não arde, entre outras”.

A equipa de monitores do Museu organi-

za igualmente actividades para crianças apartir dos seis anos, de manhã e à tarde. O“Planetas longínquos” inaugura o dia decelebrações às 10h00, com demonstraçõese manipulações sobre planetas longínquos.O “OVIS- Objectos voadores identificados”começa às 14h30 e pretende, a partir daobservação de sondas, satélites e foguetões,fazer entender como o ser humano conquistao espaço. Apesar de serem gratuitos, os ate-liers carecem de marcação prévia, uma vezque o número de participantes é limitado (portelefone: 239 85 43 50 ou por e-mail:

[email protected]).Recorde-se que o Museu da Ciência da

Universidade de Coimbra abriu há um ano,com o objectivo de “reunir o acervo científi-co disperso por vários museus universitári-os e pelas Faculdades, para além dos acer-vos do Observatório Astronómico e do Ins-tituto Geofísico”. Inaugurou nessa altura aexposição permanente interactiva “Segre-dos da Luz e da Matéria”.

Situado no largo Marquês de Pombal,na alta da cidade de Coimbra, o Museu éhoje um espaço informal de ensino eaprendizagem. Promovendo visitas, acti-vidades, oficinas e palestras, o Museuacolhe grupos escolares, académicos, fa-mílias e curiosos no edifício recuperadodo Laboratório Chimico.

O projecto museológico da Universidadecontinua em movimento com a futura insta-lação da parte principal do Museu no Colé-gio de Jesus. Moderno, integrador e inter-disciplinar, o Museu apresenta um espóliode relevo nacional e internacional, assumin-do um papel essencial na divulgação da ci-ência junto dos públicos jovem e adulto.

Page 4: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

4 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007MIGUEL TORGA

“Quando o céu não é o limite…” -este o título do espectáculo de músicae teatro que a APPACDM (Associa-ção Portuguesa de Pais e Amigos doCidadão Deficiente Mental) de Coim-bra promove no próximo dia 7 de De-zembro (sexta-feira.)

Trata-se da adaptação do conto “Vi-cente”, extraído da obra de MiguelTorga intitulada “Bichos”.

O espectáculo decorrerá no TeatroPaulo Quintela (Faculdade de Letrasda Universidade de Coimbra), em duassessões (uma às 10 horas e outras às15 horas).

Participam elementos das Unidadesda APPACDM de S. Silvestre, da To-cha, de Arganil e de Montemor-o-Ve-lho, actuando os seguintes grupos: Re-

SEXTA-FEIRA (DIA 7)NO TEATRO PAULO QUINTELA (FACULDADE DE LETRAS)

Conto de Miguel Torgainspira espectáculoda APPACDM de Coimbra

No âmbito da iniciativa designada por“Teatrando” (promovida pelo Departa-mento de Cultura da Câmara de Coim-bra com o intuito de fomentar e divulgaro Teatro não profissional em Coimbra),a “Associação Arte à Parte” vai apre-sentar no Teatro da Cerca de S. Bernar-do, em três sessões, nos dias 7 e 9 deDezembro, a Ópera “Bichus”, espectá-culo baseado na obra “Bichos”, de Mi-guel Torga.

A primeira sessão decorre depois deamanhã (sexta-feira, dia 7), às 14h30 eé vocacionada para as Escolas. O se-gundo espectáculo, no mesmo dia, mas

bus Stare (Banda da APPACDM),Brinkasério (Grupo de Teatro de S. Sil-vestre), Grupo de Dança Contempo-rânea da Tocha.

De referir ainda a participação es-pecial de Lurdes Breda (monólogo eadaptação do conto) e de Júlio Simões(actor convidado).

Recorde-se que a APPACDM deCoimbra é uma instituição de solidarie-dade social que desenvolve um notá-vel trabalho de apoio a mais de meiomilhar de deficientes, para além deprestar serviços à comunidade atra-vés de várias empresas de inserção(limpeza, lavandaria, jardinagem, agri-cultura biológica e outras).

Debatendo-se com naturais dificul-dades, precisa do apoio de todos para

poder prosseguir e ampliar a sua me-ritória actividade.

Assim, é de esperar que a cidadede Coimbra aproveite mais esta inicia-tiva para melhor conhecer e auxiliar otrabalho da APPACDM, ao mesmotempo que assistirá a um espectáculomuito interessante, de homenagem aMiguel Torga.

Um espectáculo onde se demonstraque a deficiência não impede uma to-cante sensibilidade artística nos maisvariados domínios.

Pedido de informações e marcaçõesdeverão ser dirigidas ao Centro deActividades Ocupacionais (CAO) deS. Silvestre, através do telefone:

239 960 140.

SEXTA-FEIRA E DOMINGO, EM TRÊS SESSÕES

“Ópera Bichus” no Teatro da Cerca de S. Bernardoàs 21h30, é dirigido ao público em geral.A última apresentação decorre no domin-go, às 15h30.

Esta peça tem como eixo estruturan-te o original de Miguel Torga “Bichos”.Com texto de Jorge Vaz Nande e ence-nação de Helder Wasterlain, a obra “Bi-chos” foi, no entender de Jorge Nande,desmontada até chegar a um nível eabstracção que permitisse construirum híbrido entre peça de teatro, musi-cal e poema lírico que, acabou por serdesignado de “ópera”, para facilitar acomunicação.

A peça desenrola-se centrando a nar-

rativa em dois personagens dos contos -Madalena e Jesus - num universo impreg-nado de ambientes e gestos que, na obrade Miguel Torga, são incontornáveis: aaldeia, a terra, a casa, e o monte, assimcomo a liberdade, a solidão e a morte.

O espectáculo perspectiva uma leituratransversal dos catorze contos, recolhen-do alguns dos seus elementos centrais ecolocando-os num contexto dramatúrgi-co próprio. O tema fundamental é a liber-dade, enquanto figura de livre expressãohumana e questão também fundamentalna vida e obra de Miguel Torga.

A ópera, apresentada em três actos,

tem em palco Nélia Gonçalves (Mezzo-Soprano), Nuno Mendes (Barítono), Ri-cardo Pinto (Guitarra Portuguesa e Gui-tarra Clássica), Pedro Tiago (Violonceloe Violino), Nuno Oliveira (Percussão),Ana Silva (Harpa) e Mário Silva (Per-cussão e flauta).

Os interessados em aderir à iniciativadevem efectuar reserva através do tele-móvel nº 935261065 ou via correio elec-trónico [email protected]. Oacesso é gratuito para menores de 10 anos;

Aquisição de bilhetes, no local e diasdos espectáculos, uma hora e meia an-tes do respectivo início.

Pombos transportam poemas em memória de TorgaTrezentos pombos subirão aos céus

de Coimbra, no dia 12 de Dezembro(quarta-feira da próxima semana), atra-vessando o rio Mondego em homena-gem de Miguel Torga, com poemas doescritor que serão lidos por alunos daEscola EB 2-3 Manuel da Silva Gaio.

O presidente da Federação Portu-guesa de Columbofilia (FPC), José Te-reso, disse à agência Lusa que a larga-da de pombos-correio realiza-se no lar-go da Portagem, às 09:30, junto aomonumento em memória de MiguelTorga, nascido há 100 anos, no local

onde funcionou o consultório do médicoAdolfo Rocha, que cedo adoptou aquelepseudónimo.

A iniciativa é promovida pela FPC,Escola Silva Gaio e historiador PaulinoMota Tavares, com a colaboração do de-clamador Machado Lopes, Grupo Colum-bófilo de Coimbra e Secção Columbófilado Santa Clara Futebol Clube, que dispo-bilizam a maior parte dos pombos.

“Torga é um símbolo para os jovens epara a sociedade portuguesa”, declarou omédico José Azenha Tereso, sublinhandoque o autor de “Os Bichos”, além de cria-

dor literário, era “um defensor da nature-za, dos animais, da paz e da amizade”.

Os pombos são “um símbolo da paz eda amizade”, acrescentou o presidente daFederação Portuguesa de Columbofilia.

“O pombo é o animal mais fiel à famí-lia, é a ave mais veloz, mais resistente ecom maior sentido de orientação”, disse.

As mensagens poéticas serão lidas poralunos do Grupo de Teatro da escola, ori-entados pelos professores de Portuguêsdo 9º ano.

“Pombas vadias bandeavam-se volup-tuosamente nos fios da rede eléctrica ou

catavam-se pousadas nos candeeiros dailuminação. (…) Coimbra mais uma vez,com a sua luz mediúmnica, a sua graçalírica e a sua provinciana prosápia dou-toral, que a Torre da Universidade sim-bolizava, a pairar altiva no céu lavado”,refere Torga, em “A Criação do Mun-do (Sexto Dia)”, ao observar a cidadea partir da janela do seu consultório.

A homenagem ao escritor, falecidoem 1995, começa com uma concentra-ção junto ao monumento em sua me-mória, dia 12, às 09:30, na margem di-reita do Mondego.

EVOCAÇÕESDE TORGAEM PORTUGALE NO ESTRANGEIRO

Continuam a decorrer, em muitospontos de Portugal e do estrangero, asmais diversas manifestações de home-nagem a Miguel Torga, neste ano docentenário do seu nascimento.

Na próxima semana decorre mais umCongresso (este em Hamburgo, Ale-manha) com reputados especialistas.

Por cá prosseguem variadas activi-dades. algumas das quais registamosnestas duas páginas.

Page 5: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

5DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 MIGUEL TORGA

Espectáculo de homenagem a Miguel Torgareuniu centenas de pessoas no Casino Estoril

INICIATIVA DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ESTUDANTES DE COIMBRA EM LISBOA

“Aqui, Diante de Mim” foi o título do espectáculo de homenagem a Mi-guel Torga, que decorreu há dias no Casino Estoril.

Nesta homenagem a Torga, promovida pela Associação dos Antigos Estu-dantes de Coimbra em Lisboa (a evocar também o 87.º aniversário da “Toma-da da Bastilha”) participaram centenas de pessoas, que aplaudiram com gran-de calor os diversos momentos do original espectáculo. Sob a orientação e oactivo desempenho de Carlos Carranca, cerca de uma centena de alunos daEscola Profissional de Teatro de Cascais, recriaram a vida de Torga (a escola,o seminário, o Brasil, Coimbra, a prisão, a morte da mãe, a liberdade e a suarelação com a Pátria), num espectáculo que incluiu também momentos decanto (destque para a interpretação de Luiz Goes, interpretando a Canção deCoimbra), dança e poesia.

Presentes destacadas entidades, muitos admiradores e amigos de MiguelTorga, todos unânimes em elogiar a originalidade e qualidade do espectáculo,e a tecer rasgados elogios à iniciativa de Carlos Carranca e à criatividade queemprestou nesta invulgar homenagem a Miguel Torga.

As imagens do espectáculo que aqui reproduzimo são bem eloquentes sobre aqualidade e diversidade do espectáculo.

Mas sobre ele recebemos também alguns eloquentes depoimentos, que publi-caremos na próxima edição, uma vez que nesta não nos restava já espaço para ofazer, tantas são as realizações de justíssima homenagem a Miguel Torga.

Page 6: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

6 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Vai decorrer amanhã (quinta-feira, dia6), na EHTC (Escola de Hotelaria e Tu-rismo de Coimbra), uma jornada que en-cerra um ciclo de actividades destinadasa sensibilizar o público para uma alimen-tação saudável, e que culminará com umjantar de “slow food”.

Este Ciclo é mais uma iniciativa da Dele-gação Centro da Fundação Portuguesa deCardiologia, que desde o passado mês detem vindo a promover uma série deworkshops, tendentes a preparar a popula-ção para um conjunto de Cursos de Culiná-ria que se propõe levar a efeito no início dopróximo ano, como referiu ao “Centro” o.Presidente da referida Delegação, PolybioSerra e Silva (Professor Catedrático jubila-do da Faculdade de Medicina da Universi-dade de Coimbra).

A sessão de amanhã, que terá a designa-ção genérica “Slow Food”, terá uma ses-são de abertura com a presença dos diver-sos parceiros deste projecto: DelegaçãoCentro da Fundação Portuguesa de Cardi-ologia, Escola de Hotelaria e Turismo deCoimbra, Direcção Geral de Saúde, SASUC(Serviços de Acção Social da Universidadede Coimbra), ARHSC (Associação dos In-dustriais de Hotelaria, Restaurantes e Simi-lares do Centro) e “Dona Especiaria”.

A abrir, Polybio Serra e Silva falará do

AMANHÃ (QUINTA-FEIRA) HÁ JANTAR SAUDÁVEL NA ESCOLA DE HOTELARIA

“Slow Food” não é comer devagar“Projecto Nutriformação”, em seguida oChefe Luís lavrador irá referir-se à “Con-fecção Slow food” e o Chefe Gil Edgarfalará da “Filosofia Slow Food”. Haveráum espaço para Discussão e Polybio Serrae Silva traçará uma síntese das conclusõesdesta iniciativa.

No final desta sessão de trabalho terálugar, pelas 20h00, ainda na Escola de Ho-telaria, para quem atempadamente se ins-creveu, um “Jantar Slow Food”.

Sobre o jantar, afirmou-nos Polybio Ser-ra e Silva:

“Neste jantar, com uma ementa que foicuidadosamente elaborada numa perspec-tiva de alimentação saudável, tendo por basea utilização de ingredientes naturais de pro-dução nacional, mantendo a nossa óptimatradição culinária, pretendemos divulgar osprincípios da Associação Internacional SlowFood que, iniciada em Itália por Carlo Petri-ni há 21 anos, “estuda, defende e divulgaa tradição agrícola e gastronómica emqualquer parte do mundo para deixar oprazer de hoje à geração futura. Defen-de a biodiversidade e o direito das po-pulações à sobrevivência alimentar ebate-se contra a homologação dos sa-bores, agricultura massiva e manipula-ção genética”.

E Polybio Serra e Silva acrescentou:

“Desta forma pensamos que quem semostrou interessado pelos váriosWorkshops, estará preparado para frequen-tar os “Cursos de Culinária” sobre “Alimen-tação Saudável”, “Obesos e Diabéti-cos”, “Hipertensos” e “Hipercolestero-lemicos” que, em Fevereiro e Março de2008, na Escola de Hotelaria e Turismo deCoimbra, a Delegação Centro da Funda-ção Portuguesa de Cardiologia irá levar aefeito”.

Nesta iniciativa manter-se-á a Parceriaatrás referida.

Recorde-se que o primeiro dos “work-shops” desta acção, intitulado “Leitura deRótulos”, teve lugar no Espaço Almedina(Estádio), no dia 29 de Maio, tendo sido ver-sados os seguintes Temas: “Introdução semrótulo”, por Polybio Serra e Silva, “Rotu-lagem Nutricional e sua Legislação”, porSousa Martins e “Leitura da RotulagemNutricional e respectivas Menções”, porAugusta Carvalho e Sofia Isabel Freitas;seguiu-se um “Trabalho Prático” e res-pectiva avaliação e entrega de Diplomas.

O segundo foi integrado no Dia Mundialda Alimentação (16 de Outubro) e constoude uma visita ao Hipermercado “Jumbo”,onde foram discutidos a “Selecção, Aquisi-ção e Transporte dos Alimentos”, orienta-dos pelo Chefe Gil Edgar, com Degusta-

ção de Produtos Biológicos e Pão. Poly-bio Serra e Silva falou da “Dieta da Ban-deira Nacional” e Sofia Freitas da “Es-colha Saudável de Alimentos” para con-feccionar uma Sopa.

Em seguida, e também no Espaço Alme-dina, no dia 31 de Outubro, um terceiroworkshop focou a “Maneira de Confeccio-nar os Alimentos”, tendo como prelectoresLuzio Vaz a propósito de “A Filosofia daConfecção dos Alimentos: Religião eFesta!”, Ana Carvalhas, dizendo do “ModoSaudável de Confeccionar os Alimentos”e o Chefe Luís Lavrador com “Demons-trações Práticas da Confecção dos Ali-mentos: Exemplos Formativos”.

No dia 14 de Novembro efectuou-se umquarto workshop, igualmente no EspaçoAlmedina em que foi abordada a “Compo-sição dos Pratos”.

Neste Evento João Breda falou do“Equilíbrio Nutricional e Prevenção daObesidade”, o Chefe Heleno de “Os be-nefícios na Saúde da Dieta Mediterrâ-nica” e o Chefe Gil Edgar de “A Cor dosAlimentos – Arco-íris”.

Satisfeita com os resultados destas acti-vidades e a adesão que elas mereceram, aDelegação Centro da Fundação Portugue-sa de Cardiologia propõe-se continuar a lutapor uma alimentação saudável.

Jantar Slow FoodA organização “Slow Food”, repre-

sentada por um pequeno caracol, éum movimento internacional, iniciadoem Itália por Carlo Petrini há 21 anos.

O termo slow food é oposto a fastfood, e fast food todos sabemos queestá associado a hamburgueres, pisase a tudo o que são alimentos de con-sumo rápido. A filosofia Slow Foodopõe-se à uniformização dos sabores,como acontece no fast food, e defen-de a necessidade de informação doconsumidor. Protege identidades cul-turais ligadas a tradições alimentarese gastronómicas; defende alimentose comidas que possam estar em ex-tinção devido à sobreposição das prá-ticas indústriais relativamente às ar-tesanais; protege processos e técni-cas de cultivo herdados por tradiçãoe também espécies vegetais e animais,domesticas e selvagens, que estejamem risco de extinção.

Esta filosofia, activa em centenas depaíses, está bem presente nas palavrasdo seu fundador: “A Slow-food estu-da, defende e divulga a tradiçãoagrícola e gastronómica em qual-quer parte do mundo para deixar oprazer de hoje à geração futura.Defende a biodiversidade e o direi-to das populações à sobrevivênciaalimentar e bate-se contra a homo-logação dos sabores, agriculturamassiva e manipulação genética.”

A filosofia Slow Food defende queé importante que cada um de nós re-descubra o prazer de comer com baseno conhecimento da origem dos ali-mentos, de quem os confecciona e decomo os confecciona.

A Slow Food organiza eventos na-cionais e internacionais como o Salo-ne Del Gusto (a maior feira de co-mida e vinhos de qualidade do mun-do) organizada bienalmente no Cen-tro de Exposições Lingotto em Turim,Itália; Cheese uma feira bienal or-ganizada na região de Piemonte, e Slo-wfish, uma exibição anual em Geno-va dedicada à pesca sustentável. Or-ganiza a cada dois anos o evento TerraMadre, onde se realiza uma reuniãoentre pequenos produtores agrícolase chefes de gastronomia de todo omundo.

A Ementa do jantar “Slow food”,que se realizará no âmbito da nutri-formação, foi cuidadosamente elabo-rada numa perspectiva de alimenta-ção saudável, tendo por base a utili-zação de ingredientes naturais de pro-dução nacional, mantendo a nossaóptima tradição culinária. A filosofiado movimento “Slow Food” estarápatente neste jantar.

Ana Carvalhas(nutricionista)

[email protected]

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7DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 COIMBRA

A escassez de espaço no Cemitériodos Olivais, em Coimbra, é um problemaque se verifica há muitos anos, e que jáoriginou, por diversas vezes, a lamentá-vel situação de não haver possibilidadede ali se fazerem funerais.

Francisco Andrade, Presidente da Jun-ta de Freguesia de Santo António dosOlivais, desde que assumiu aquelas fun-ções (e vai já no segundo mandato) vemfazendo diligências para conseguir umasolução para este melindroso problema.

Assim, defende a construção de umnovo cemitério para Coimbra e de umcrematório, visto que a cidade está, se-gundo ele, em completa ruptura nestaárea tão sensível.

“Veria com bons olhos a construçãode um crematório e de um novo cemité-rio que abrangesse grande parte da ci-dade”, defendeu o autarca em declara-ções ao jornal “Centro”.

Ele mesmo assume que o Cemitériodos Olivais “está em completa ruptura”,

DEFENDE O PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DOS OLIVAIS

Francisco Andrade

Coimbra precisa de novo cemitérioe de um crematório

pelo que a solução, no imediato, passa pelacedência de parcelas de terreno do Mi-nistério da Justiça e da Igreja dos Olivais,que darão para criar vinte sepulturas etrezentos ossários. Contudo, esta peque-na ampliação apenas permitirá o regularfuncionamento do Cemitério dos Olivaisdurante cerca de dois ou três anos, con-forme explicou Francisco Andrade.

Este problema, confessa o autarca,“tem-me angustiado de forma tremenda”,de tal forma que, como nos revela, há jámuitos anos sugeriu à Câmara Municipalde Coimbra que se construísse um novocemitério em Torres do Mondego.

“O actual está saturado. Os outrosestarão também em breve. Sei que ocrematório é caro, mas a procura já émuita. Coimbra já está preparada, emtermos psicológicos e sociais, para terum crematório”, concluiu FranciscoAndrade.

Norberto Rodrigues

O juiz conselheiro do Supremo Tribu-nal de Justiça, Santos Cabral, é o convi-dado da sessão do ciclo de Direito nalivraria Almedina estádio, em Coimbra,marcada para hoje (quarta-feira, 5 deDezembro), às 21 horas.

A “alteração da lei de segurança in-terna e da lei de organização e da inves-tigação criminal – a caixa de Pandora?”é o tema que o magistrado vai abordar,na sessão que tem o apoio da secção dis-trital da Ordem dos Advogados.

Na sua intervenção, seguida de de-bate, Santos Cabral vai tocar algunsdos pontos que marcam a actualidadedo mundo do Direito e da Justiça e que,

HOJE NA LIVRARIA ALMEDINA-ESTÁDIO

Santos Cabral debatesegurança internae investigação criminal

pela sua acuidade, se revestem da maiorrelevância. Temas como “o relaciona-mento entra as forças de segurança eo Ministério Público”, “o combate àcorrupção na nova organização da in-vestigação criminal” e o “sistema desegurança interna e a figura do secre-tário de segurança interna; a depen-dência político/funcional do sistema”são alguns dos pontos que o ex-Direc-tor Nacional da PJ vai abordar.

O ciclo de Direito prossegue dia 3 deJaneiro, no mesmo local e à mesma hora,com a presença do advogado Daniel deAndrade, que vai debater “o acesso aoDireito e à Justiça”.

Carlos Pinto (Almedina) e Santos Cabral

APOSENTAÇÃO FOI O PRETEXTO

Homenagema José d’Encarnação

O arqueólogo José d’Encarnação foi homena-geado durante um jantar que decorreu ontem (ter-ça-feira), em Coimbra.

A iniciativa pertenceu ao Instituto de Arqueo-logia da Faculdade de Letras da Universidade deCoimbra e o pretexto foi a sua recente aposenta-ção enquanto Professor da referida Faculdade.

Muitos colegas, alunos ou apenas amigos e ad-miradores participaram nesta justa homenagem aalguém que muito tem dignificado a Arqueologia,em Portugal e no estrangeiro - o que se esperacontinue a fazer por muitos mais anos.

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8 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007OPINIÃO

DEUS CONTRA DEUS

(...) Os seres humanos debatem-secom três impulsos - manifestações fun-damentais da vida como potência - decuja gestão depende uma vida humanaboa para todos: o prazer, o ter e o poder.

Alguns dos primeiros cristãos resol-veram a questão de modo radical, entre-gando o poder a César, renunciando aocasamento, dando os bens aos pobres. Asua fidelidade era facilitada pela convic-ção da chegada iminente do Reino deDeus, com a segunda vinda de Jesus. Seo Reino de Deus, aquele Reino ondeDeus reina e onde não haverá escasseznem exploração nem dor nem morte ese realizarão todas as esperanças, estápara chegar, César que fique com o po-der, efémero, a questão do casamentonão se põe, já não se trabalha e tudo écomum.

Depois, foi o que se sabe. Até o Papase declarou “sumo pontífice”, suceden-do ao imperador, os bispos ocuparampalácios, os cristãos mataram e mata-ram-se por causa do prazer, do ter e dopoder.

Jesus ainda não voltou, e a vida semalgum prazer não tem interesse; parahaver futuro, é preciso continuar a ge-rar; a economia tem de funcionar, e nãohá comunidades humanas sem um míni-mo de exercício do poder. Assim, o de-safio essencial para os cristãos é a ges-tão do prazer, do ter e do poder, no hori-zonte da mensagem de Jesus com asbem-aventuranças: “Felizes os pobresem espírito, os mansos, os misericordio-sos, os que choram, os puros de cora-ção, os que se batem pela justiça...”

Mas já Nietzsche se queixava: “Cris-tãos? Só houve um, e morreu na cruz.”Depois, veio a Igreja e “o Disangelho”.

Anselmo Borges(padre e professor de Filosofia)

Diário de Notícias 01/Dezembro/07

OS BÁRBAROS

O tom no País não é feliz e com ra-zão: o desemprego aumenta, sobretudoentre os mais qualificados (160 mil), re-bentando com a tão propalada aposta doGoverno e colocando Portugal na lógicadas mais-valias da mão-de-obra barata.

Só em raros sectores o emprego qua-lificado cresce (por exemplo, 58% deemprego qualificado num grupo portugu-ês na área da saúde).

Duas velocidades com duas práticas:uma de prometer, outra de fazer. O ma-rketing absoluto para um não resultado.

Não seria despropositado inquirir oSenhor Primeiro-Ministro sobre os 150mil novos postos de trabalho, confron-tando-o com uma promessa que sabiaque não podia fazer. Nem o Governo éuma varinha-mágica, nem as pessoasacreditam já em contos de fadas, peloque o melhor é pensar (sim, pensar, acti-vidade meningial que exige esforço) efazer, com objectivos definidos para nãofalhar.

Há mais: confrontado com a situaçãofiscal do País, o Senhor Secretário deEstado Amaral Tomaz acusa as grandesempresas de fraude ao fisco. É acusa-ção que não se faz de forma generaliza-da, sem sentido institucional, e que lançalama indiscriminadamente. Os empresá-rios reagem com a autoridade de quemcria o que ainda há para distribuir, lem-brando o Estado de Direito. (...)

Paula Teixeira da Cruz (jurista)Correio da Manhã 22/Novembro/07

FAZ O QUE EU DIGO...

(...) Temos hoje um problema gravecom o Estado, que meteu na cabeça quehá-de resolver os problemas que tem nascontas à custa dos contribuintes, parti-culares e empresas. Neste caso, nãopodemos acusar o Estado de só olharpara o seu umbigo, mas, antes pelo con-trário, de nunca olhar para ele.

Se no final do ano falta dinheiro noscofres estatais, nunca se lembram de pôra hipótese de alguém lá “de dentro” tergasto mais do que devia, nem percebemque no mínimo é obrigatório considerarque esse (ou esses) “alguém” gastou maisdo que... podia!

Neste particular os socialistas costu-mam ser mais perdulários do que os go-vernos do PSD, mas como a história en-sina também os sociais-democratas nãoestão isentos desta responsabilidade.

Quando a Oposição chega ao Gover-no, há várias coisas que esquece tradici-onalmente. Muitas das reformas prome-tidas em tempo de campanha, depois deaterrarem nos gabinetes ministeriais enuma espécie de “dolce farniente” dapolítica lisboeta, parece poderem ser adi-adas para a próxima legislatura.

Faz o que eu digo, mas eu não voufazer o que tu fazes e... bico calado. (...)

Manuel Serrão (empresário)Jornal de Notícias 28/Novembro/07

O SUBORNODAS CONSCIÊNCIAS

(...) A posição de Cavaco Silva é, emparte, decalcada da posição da IgrejaCatólica sobre a natalidade. Tanto no dis-curso da Igreja Católica como no discursode Cavaco Silva na Guarda, a palavra“vida” é usada para sinalizar o sagrado.Mas Cavaco Silva utiliza dois argumen-tos adicionais. Utiliza um argumento na-

cionalista (temos que ter mais portugue-ses) e um argumento tecnocrático (pre-cisamos de mais portugueses para sus-tentar a Segurança Social). De acordocom o argumento nacionalista, a vidahumana não tem valor por ser vida hu-mana, mas por ser vida humana portu-guesa. Não há falta de vidas humanasno mundo (existem mais de seis mil mi-lhões delas). O que há é falta de vidashumanas portuguesas. De acordo com oargumento tecnocrático, a “vida” não étão sagrada quanto isso. Afinal, pode serusada como um instrumento para salvaruma instituição falida e insustentávelcomo a Segurança Social.

Entre a Igreja Católica e Cavaco Sil-va existe ainda uma diferença de méto-do. Enquanto a Igreja Católica tenta per-suadir os seus fiéis com argumentos re-ligiosos, Cavaco Silva pede “políticas”.Ora, as “políticas” de natalidade são exe-cutadas pelo Estado, normalmente atra-vés da cobrança de impostos a determi-nados portugueses (os contribuintes) edo pagamento de subsídios a outros por-tugueses (os reprodutores). Enquanto aIgreja Católica tenta persuadir, respeitan-do a consciência individual dos crentes,o Estado tenta subornar a consciênciade uma parte dos portugueses com o di-nheiro cobrado de forma coerciva aosrestantes. O espaço que a Igreja Católi-ca ocupava na sociedade portuguesa estáagora a ser ocupado por líderes políticoscom objectivos similares, mas com mui-to menos escrúpulos e com muito maispoder que os líderes religiosos.

João Miranda(investigador em biotecnologia)

Diário de Notícias 01/Dezembro/07

PERSEGUIÇÕES

As declarações do inspector-geral daAdministração Interna em relação aocomportamento da PSP e da GNR (...)são particularmente infelizes e descuida-ram o carácter pedagógico e preventivoque a sua intervenção deve ter. Sobretu-do, porque não evocam a memória his-tórica sobre estas duas instituições para,assim, proceder à comparação entreaquilo que eram e aquilo que hoje temos,no que respeita à intervenção públicadestas duas polícias.

Quer a PSP quer a GNR deram pas-sos gigantescos nas últimas duas déca-das. No que respeita à selecção, à for-mação, à intervenção pública, às tarefasde relacionamento com as escolas, comos idosos, com as comunidades em ge-ral. Acompanhei de perto esta evolução.Desde o tempo dos Posto da GNR co-mandados por cabos e das esquadras depolícia transformados em verdadeirospardieiros onde guardas, testemunhas,presos viviam as condições mais mise-ráveis no que respeita à dignidade cívi-ca. São trinta anos de vida em que teste-munhei o que de melhor e de pior foi fa-zendo a vida e a história destas duas ins-tituições. E, agora, pesem os problemas,as fragilidades, as dificuldades, bem se

pode dizer que o salto foi enorme.Não duvido que num universo que

abarca mais de quarenta mil homens emulheres haverá forçosamente políciase guardas desleixados, arrogantes, mal-criados, sem preparação para as abor-dagens de proximidade, de relaciona-mento, de serviço público que são exigi-das a estas corporações. Não duvido queexistam ‘cowboys’, autoritarismo, predis-posição para a violência entre alguns dosseus elementos. Mas não se pode tomara nuvem por Juno. Aquilo que o senhorinspector do IGAI generaliza, ou deixouque se generalizasse, é hoje excepção,casos identificados, situações que o tem-po pode e deve corrigir. (...)

Francisco Moita Flores(docente universitário)

Correio da Manhã 25/Novembro/07

DESABAFO

(...) A preocupação do embaixadoramericano deveria, contudo, ser centra-da na própria situação no Afeganistão enas insuficiências da missão da NATOao longo destes cinco anos, designada-mente no período em que Portugal em-penhou forças relevantes e que desem-penharam missões de alto risco comgrande eficiência e profissionalismo. Es-sas insuficiências resultaram em boaparte da falta de empenho de alguns ali-ados - designadamente na disponibiliza-ção de meios aéreos tácticos - por partedaqueles que os tinham e decidiram en-tão não enviar na dimensão necessáriaàs operações requeridas.

O impasse no Afeganistão não pode,aliás, ser compreendido sem ter em li-nha de conta o efeito da operação noIraque e a evolução da situação internano Paquistão. Em ambos os casos, acentralidade da posição americanaaconselha um pouco mais de humildadequando se fala sobre a conduta dos seusaliados... (...)

António Vitorino (jurista)Diário de Notícias 30/Novembro/07

PRAXES ACADÉMICAS

(...) Desde que alguns casos come-çaram a ser públicos e a chegar aostribunais, o discurso geral à volta daspraxes mudou muito. Agora, todos [as-sociações académicas] dizem que assuas praxes são só brincadeiras semviolência, que servem para integrar osalunos. Mas continua a haver espaçodentro das praxes para abusos, porquequem está acima manda. Tem poder eabusa dele (...)

Ana Feijão (Movimento Anti-PraxeAcadémica - MATA)

Diário de Notícias 30/Novembro/07

REFORMA SEM MODELO

Recentemente, li que tinham “entra-do” na administração pública quarenta

Page 9: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

9DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 OPINIÃO

mil pessoas. Por outro lado, o Governotem alardeado números relativos aos quesaíram em idêntico período. Se fosse umsimples deve e haver, não estaria mal,mas esta questão não tem nada de line-ar. Com que critérios saíram os que saí-ram e com que critérios se abriu a portaaos que entraram? Como e quem os se-leccionou? O que deixaram de fazer unse o que passaram a fazer os outros? Se-riam mesmo necessários ou trata-se, umavez mais, de uma reserva ou bolsa declientelas que há que manter tranquilas?Afinal, qual é o modelo de Estado pro-posto por Sócrates? Um Estado maisgarante e menos prestador? E em quesectores concretos se operará essa re-conversão? Dúvidas pertinentes faceà baixa taxa de execução das anunci-adas medidas ou ao seu invisível refle-xo orçamental.

Antes de o Estado ter engordado, ochamado funcionalismo público possuíaum conjunto de defeitos e qualidadesadequado ao sistema: num certo sentido,a sua falta de imaginação era a nossasegurança e a sua lentidão não era, ain-da, o nosso desespero. A função públicarevestia-se de alguma dignidade: o fun-cionário público tinha apresentação eeducação razoáveis, não se sentia tãodesgraçado e não tinha chegado ao seuposto de trabalho sem saber ler nem es-crever e, o que é mais grave, sem sabero porquê.

Depois de o Estado ter engordado, asfileiras do funcionalismo engrossaramsem limite. Perdeu-se a noção de traba-lho - era só emprego - e a da utilidadetambém. De um modo irresponsável, oEstado recrutou e seleccionou pessoalsem objectivos definidos e sem qualquerpolítica de recursos humanos. A facturatornou-se insustentável.

(...) Com o andar desta caricaturalcarruagem, sucederam-se situações deinjustiça em que funcionários experi-entes e dedicados foram afastadoscomo trapos velhos, enquanto os no-vos aperfeiçoavam a técnica da “pra-teleira”. Quem não conseguisse pro-nunciar, em mau inglês, um jargão tec-nológico em cada três palavras, torna-va-se um caso perdido. Rapidamente,uma mancha de opróbrio cobriu todo oedifício, sem distinções nem excepções.E uma onda de desânimo alastrou, en-golindo os melhores.

Tudo isto vimos e vivemos em Por-tugal. Por isso sabemos que não há re-forma da administração pública en-quanto persistir esta recusa medrosade repensar o papel do Estado. Por-que uma reforma sem modelo nuncaserviu para nada.

Maria José Nogueira Pinto(jurista)

Diário de Notícias 29/Novembro/07

O PODER DA MEMÓRIA

(...) Em nome dos interesses e dasnecessidades do momento, o projectopolítico saído do 25 de Abril morreu 19meses depois. Os episódios de “reabili-

tação” que se lhe seguiram comportammuito de abjecto. E não esqueço as res-ponsabilidades incumbentes a jornalistasestipendiados. Encontram-se todos mui-to bem na vida. Foi num governo do dr.Cavaco que a viúva de Salgueiro Maiaviu recusada uma pensão. O mesmo go-verno atribuiu-a a torcionários da PIDE,por “distintos serviços prestados à pá-tria”. George Steiner: “O irreparável é acoisa dita. Poderemos imaginar que acontradição mereça a absolvição? Nempor um segundo.” A prática democráti-ca não é, somente, a procura do justoequilíbrio entre as partes. É, antes detudo, uma questão ideológica.

Quando Mário Soares repete o que temvindo a dizer: “Gostaria que o PS se vol-tasse um bocadinho para a Esquerda”, elesabe, muitíssimo bem, que a viragem éimpossível com esta gente. Ela não senutre na moral, despreza a ética, tripudiasobre a ideologia, está ferida de autorita-rismo grosseiro. Sobretudo, não tem me-mória e combate quem a ilumina.

Ter memória e defender o seu patri-mónio é extremamente perigoso.

Baptista Bastos (jornalista e escritor)Diário de Notícias 28/Novembro/07

UM CARRO À RESTAURAÇÃO

Por favor. E depressa e bem s.f.f.Quase que 367 anos atrás, havia genteque defenestrava um traidor, um Vascon-celos por se ter vendido a uma casa realespanhola. Sucintamente, os espanholi-tos mandaram péssimos ventos e traiçõesnos casamentos. Hoje não há shopping,mesmo a Norte, que não exiba a sua zaraou insidiosas marcas neonapolitanas e,com a excepção dos suecas da ikea comnome de japonesas e mais o Man Uni-ted, ninguém tem interesse em nós comolos nostros, hermanos imagine-se umaglória vã como os benficas se se rendes-sem a um entreinador españuel...

Das españuelas já não temos vergo-nha porque as nossas fogueiras inquisi-tórias discutem coisas tão vácuas comoonde há-de ser o novo aeroMorto, SáCarneiro II como os papas, ou onde der-rapa o trem de altíssima e digníssimavelocidade.

Os pecadores, advogados del diabloe os juízes da paz decidem felizmentecontra o povo.

Almodóvar, lá para o além tejo é o maishirsuto realizador ibérico.

Sem o e a Deco estamos tramados eos táxis sem postura morrem sem clien-tes e teimosamente temos de pagar umpercurso de ida e sem no return. Os ta-xistas são as pessoas mais conservado-ras do planeta e os únicos que nos de-fenderão da Fúria Espanhola; com vidrosanti e após bala, também nos impedemda gripe e chamam-se Tarifa como nosul da ANDAluzia. Os táxis já não sãodos ricos mas dos pobres que queremparir e chegar a tempo aos centros desaúde, vivos. (...)

Rui Reininho (músico)Jornal de Notícias 01/Dezembro/07

A DÚVIDA

(...) A tradicional política furtiva, de-senvolvida à margem da intervenção doseleitorados nacionais e dos respectivosparlamentos, não resulta da complexida-de dos textos normativos, para o enten-dimento e desenvolvimento dos quais ospróprios governos vão continuar a recor-rer a assessorias várias e a lidar comdesencontradas interpretações judiciais,para além de as instituições europeiasterem de reinventar os usos e costumesque harmonizam as competências, as tra-dições e as pretensões. Do que se trata,como acontece em todos os processosinternos de eleição e mudança, é de se-riar os problemas, de avaliar os interes-ses, de oferecer respostas, uma prega-ção pública de que todo o corpo de res-ponsáveis políticos, que dependeram deeleições, têm possivelmente mais expe-riência do que necessitariam. Não pare-ce haver memória de embaraços eleito-rais que tenham sido causados pela me-ditação sobre a complexidade jurídica dostextos em que virão a ser compendiadasas respostas.

Aquilo que está em causa não é, emqualquer dos métodos, uma aula de in-terpretação jurídica ao cuidado dos dou-tos, é uma pública demonstração dos in-teresses em causa, dos riscos compara-dos do conservadorismo e da reforma,dos pontos fortes e fracos averiguadospara um auditório que algumas vezestambém terá mais experiência do quenecessita de exercícios semelhantes. Alegitimidade parlamentar não é inferior àlegitimidade do referendo, estando a es-colha dependente de muitas circunstân-cias, entre elas os compromissos assu-midos pelas formações políticas. Masnenhuma destas pode dispensar-se, emtempo suficiente, e neste tema finalmen-te, de explicar ao eleitorado que interes-ses nacionais e europeus, que tabela dedesafios, que prospectiva do mundo, ede vida vivida de cada um, levam a pedira adesão a uma mudança proposta. O elei-torado tem experiência e sabedoria de-monstradas para compreender isto. Nãotem experiência e sabedoria que lhe per-mitam compreender a política furtiva quetem caracterizado o trajecto europeu.

Adriano Moreira(professor universitário)

Diário de Notícias 27/Novembro/07

A INTERNET E O FAR WEST

A Internet é a maior colecção de in-sultos, mexericos, boatos e disparatesalguma vez reunida na história da huma-nidade. Existem também coisas excelen-tes, belas e grandiosas, com uma quali-dade única e inovadora. Mas não há dú-vida que numa grande parte dos blogs,mensagens, comentários e sites de de-bate dominam o pedantismo e a grosse-ria, maldade e despeito, vacuidade e amais pura e prístina estupidez.

Qual a razão do facto? Podia dizer-seque a Net atrai pessoas de mau carác-

ter, mas todos os sinais são contrários. Éevidente que quem frequenta as novastecnologias da comunicação ainda per-tence a uma elite favorecida, com maisformação e conhecimentos que a média.Por muito que se tenha popularizado, asociedade virtual é dominada pelos maiseducados e sofisticados de um país comoPortugal.

Assim a explicação mais plausível temde ser outra: a Net tende a trazer ao decima os instintos mais baixos dos que afrequentam. Uma prova desse facto éque muita gente põe em blogs e e-mailscoisas que teria vergonha de dizer aotelefone, escrever numa carta ou publi-car em jornais ou livros. Aliás vê-se que,interpelado ou confrontado com o queescreveu, frequentemente o autor caiem si e admite ter-se deixado levar pelomeio. O que prova que existe algo nes-sa forma de comunicação que motiva odislate (...).

João César das Neves(professor universitário)

Diário de Notícias 26/Novembro/07

A CASACA E O CAMUFLADO

(...) Alfred Hoffman [o embaixadoramericano em Portugal] não é um diplo-mata de carreira. Não tem, dela, a com-ponente de bisbilhotice científica, nem oactivismo aventureiro, que marcam a di-plomacia americana. Nem a fleumáticadisciplina de salão e a sólida cultura con-servadora que, de Kipling a Chesterton,um embaixador inglês, no pós-guerra, eraconstrangido a exibir. Talvez nem tenhaa barrela escolar de relações internacio-nais ou história universal. Saber se esti-ca ou não estica o dedo mindinho ao so-erguer uma chávena de chá é irrelevan-te (ou foi-se tornando irrelevante à me-dida que o século XX se ia aproximandodo XXI). Saber se é simpático de seunatural não é tão importante como saberse foi simpático a Cheney, Rumsfeld ouWolfovitz. Ele é um milionário que, aoque se diz, por muito ter contribuído paraa campanha eleitoral, Bush quis mais tar-de agraciar com um posto diplomático.Está em cobrança de lazer. Há, na suamissão, qualquer coisa de veraneio cívi-co. E é provavelmente um devoto, queretomará a gestão da(s) sua(s)empresa(s) logo que o parêntesis daAdministração Bush se feche. Não é, porisso, de estranhar que não veja qualquerdelicadeza em se ingerir nos assuntos deuma empresa ou de um Estado, aliado esoberano. A diplomacia americana, estaque agora começa a fazer as malas, tevede se ajustar ao seu tempo: vestiu o ca-muflado e desceu à carreira de tiro. É adiplomacia Chuck Norris, esse apolíneoe aristocrático ranger do Texas que, emdefesa de qualquer pardalinho ferido deasa, parte cabeças, queixos e braços aquantos humanos com ele quiserem par-tilhar o pequeno ecrã (...).

Nuno Brederode Santos (jurista)Diário de Notícias 25/Novembro/07

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10 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007MUNDO ANIMAL

SONARES ORIGINARAM MORTE DE CENTENAS EM CABO VERDE

A tragédia dos golfinhosSalvador St.AubynMascarenhasMédico Veteriná[email protected]

Sábado, 17 de Novembro de 2007

Porto de Mindelo, Ilha de S.Vicente,Cabo Verde.

O Submarino nuclear americano, USSAnnapolis (SSN760) de 109,73 mt decomprimento, faz-se ao mar em missãode patrulhamento e recolha de informa-ções sobre o tráfico de estupefacientese emigração ilegal.

Domingo, 18 de Novembro de 2007

Morro de Areia, Ilha da Boavista, CaboVerde

265 Golfinhos Cabeça-de-Melão (Pe-ponocephala electra) avançam deso-rientados em direcção à praia, encober-tos pela escuridão da madrugada, arro-jam-se um a seguir ao outro e morremem agonia na areia.

Foram todos enterrados, não se fize-ram necrópsias nem recolheram amos-tras de nenhum dos animais arrojados.

Nos dias seguintes ocorreram outrosarrojamentos, em menor número, e tam-bém não há registo de recolha de amos-tras nem necrópsia de nenhum dos ani-mais.

Os golfinhos cabeça-de-melão sãocetáceos que se alimentam de lulas e paraisso descem a grandes profundidades(“deep divers”), e se forem “bombarde-ados” pelos sonares utilizados pelos mi-litares, que são muito potentes compara-dos com os sons da natureza, desorien-tam as suas capacidades de ecolocaliza-

ção ( procuram as presa por ecolocali-zação nas profundezas) e em pânico pro-curam a superfície rapidamente, sofren-do por isso um síndrome igual ao dosmergulhadores que emergem antes dotempo de descompressão, causando li-bertação de azoto nos tecidos, com con-sequente embolia gasosa e gorda e inú-meras hemorragias pelos órgãos inter-nos, nomeadamente no cérebro e ouvi-dos.

A utilização de sonares em manobrasmilitares já coincidiu várias vezes comarrojamentos massivos de cetáceos quemergulham em profundidade, em queapresentaram lesões semelhantes às en-contradas na “doença do mergulhador”.Alguns Exemplos:

- Grécia 1996- Bahamas, 2000- Fuertventura, Ilhas Canárias, 2002- Açores, 2003- Florida Keys, 2005- Baia de Hanaley, Hawai, 2004

É difícil avaliarmos o real impacto dossonares na vida marinha, porque ultra-passa grandemente o número de animaisque arrojam nas praias. Muitos morremnas profundezas e nunca chegam a ne-nhuma costa. Além disso, os que sobre-vivem apresentam alterações comporta-mentais que poderão pôr em causa a pró-pria sobrevivência da espécie, visto quesão espécies que utilizam o som comomeio de comunicação e em todas as ac-tividades da sua existência, desde a pro-

cura de comida à corte e reprodução, eforam observados cetáceos que altera-ram os sons que produziam após teremsido submetidos à violência de sonaresmilitares.

É muito importante que consigamosconvencer os militares a introduziremrestrições na utilização de sonares decurta e média frequência, porque estãoa destruir e a causar sofrimento em es-pécies que fazem parte da maravilhosariqueza da biodiversidade que povoa onosso planeta.

Penso que poderemos chegar a umconsenso em proveito da Natureza.

Cabo Verde tem de ser compensadopor esta catástrofe ecológica causadapelo mau planeamento militar e a com-pensação deverá ser, a meu ver, em apoioao estudo da Natureza, para que estastristezas nunca mais habitem as nossaságuas.

Não tenho dúvidas, porque os factossão muito coincidentes. O USS Annapo-lis deveria sair do seu silêncio para es-clarecer os factos, nomeadamente co-municando a sua rota nesse dia e a utili-zação de sonares.

E, já agora, deveria ser investigado,junto dos russos e dos americanos, se em2003, na altura dos arrojamentos em San-ta Luzia e no Maio, se nenhum submari-no “amigo” estaria em voltas aqui donosso querido arquipélago.

PS: Oiçam o testemunho de PierceBrosnan em http://www.nrdc.org/media/docs/051019.mp3.

Pela Natureza!Por Cabo Verde!

Impressionante imagem de alguns dos golfinhos que há poucos dias morreramem praias de Cabo Verde

Campanha apoiada pelo jornal

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11DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 REPORTAGEM

José Soares

[email protected]

Cinco estrelas sobre o mar

Um grupo de jornalistas de Coimbra,a convite do director-geral das ViagensMondego, João Cunha, teve a oportuni-dade de visitar um dos maiores barcosde cruzeiro do mundo - “Voyager of TheSeans”, durante as poucas horas de pa-ragem que fez no Cais de Alcântara, emLisboa.

São muitas as alternativas que os cer-ca de 3.100 passageiros têm para, du-rante cerca de uma semana, usufruíremnum autêntico hotel de cinco estrelas flu-tuante. Lojas das mais conhecidas mar-cas da ourivesaria, relojoaria e roupas domundo, podem ser visitadas numa ave-nida existente a meio do barco, que émaior que um campo de futebol. Nestefabuloso barco, de 138 mil toneladas e311 metros de comprimento, existe o

maior casino flutuante do mundo, muitassalas de estar, discotecas, restaurantes,ginásios, piscinas com hidromassagem,

bares, salas de reuniões e de congressose um fabuloso auditório com capacidadepara 1.600 pessoas. Também é possívelusufruir dum campo de basquetebol efutebol de cinco, um campo de golfe, rin-gue de patinagem no gelo, biblioteca eum espaço dedicado só aos mais jovens.

Francisco Teixeira, representanteem Portugal da Royal Caribbean, foio guia dos jornalistas de Coimbra nestefabuloso barco de cruzeiro, para oqual aconselhou que se façam reser-vas entre seis meses a um ano, antesdo início da viagem.

Durante de alguns anos em baixa, oturismo de cruzeiros está agora em alta,pelo que a Royal Caribbean irá adquirirnovos barcos para a sua frota. Os clien-tes portugueses já rondam anualmenteos cerca de 30 mil.

Nesta breve crónica, o espaço é pe-queno para descrever tudo o que existea bordo do Voyager of The Seas.

No entanto, e a terminar, refiro ain-da a luxuosa sala de jantar, com trêspisos e onde numa noite o glamour é apalavra de ordem, e é possível conhe-cer o comandante deste luxuoso barcode cruzeiro.

Francisco Teixeira (director da Melair)e João Cunha (director-geraldas Viagens Mondego)

“Voyager of The Seas”: um dos maiores barcos de cruzeiro do Mundo

Fabulosa sala de jantar, distribuída por três pisos

Imponente sala de espectáculos, com capacidade para 1.600 pessoas

Algumas das piscinas existentes ao ar livre

O acesso aos diversos pisos do barcopode ser feito por beloselevadores panorâmicos

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12 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007CONÍMBRIGA

Rotários visitaram as Ruínas de ConímbrigaUm grupo de membros dos três clubes rotários de Coimbra deslocou-se há dias

às Ruínas Romanas de Conímbriga para uma jornada cultural e de convívio.Depois de um aperitivo servido no aprazível Pátio Porticado, os visitantes percor-

reram o magnífico Museu, antes do almoço no acolhedor Restaurante, recentemen-te reaberto, e onde se podem saborear, a preços módicos, originais ementas dagastronomia romana e das Terras de Sicó, tendo em fundo as deslumbrantes paisa-gens que se avistam da sala panorâmica e da varanda sobre as Ruínas.

No final do almoço, no confortável auditório do Museu, o respectivo Director, Dr.Virgílio Correia, fez uma apresentação das grandes transformações recentementelevadas a cabo nas ruínas da importante cidade romana, que depois foram detalha-

Um aspecto das ruínas, cuja área de visita duplicou há cerca de um anoJosé Ribeiro Ferreira, Professor da Faculdade de Letras de Coimbra, declamoualguns poemas clássicos na Palestra de Conímbriga, recentemente reconstruída

Os visitantes numa das casas muito bem conservadas da antiga cidade romana

O aperitivo foi servido no aprazível Pátio Porticado

damente percorridas, em visita guiada pelo Presidente da Liga dos Amigos de Co-nímbriga, Prof. António Queirós.

No final, era unânime a satisfação dos visitantes e a promessa de voltar a umlocal tão apetecível, que fica a pouco mais de 10 minutos de Coimbra.

Imagens do almoço no Restaurante do Museu: uma acolhedora sala com deslum-brante vista, onde se saboreia a deliciosa e original gastronomia romana

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Page 14: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

14 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007

* Professor e Dirigente do SPRC/FENPROF

João Louceiro *

EDUCAÇÃO/ENSINO

Estar de um ladoou estar do outro

A Greve Geral da Administração Públi-ca paralisou milhares de serviços na pas-sada sexta-feira. Apesar de convocada portoda as estruturas sindicais ligadas à CGTP,à UGT e outras, no entendimento de queaos trabalhadores não restava outra hipó-tese de expressar a sua justa indignaçãopelo que o Governo continua a impor, oporta-voz do PS, Vitalino Canas, sustentounas suas vésperas que a greve não tinharazão de ser… Estamos em crer que, nasua óptica, as únicas greves com razão deser seriam as que tivessem o beneplácitodo partido que apoia o Governo.

Por sua vez, o prof. Marcelo, reco-nheceu vagamente, mas sem os identifi-car, os motivos que levavam os traba-lhadores à greve. No entanto, fiel à suarelutância em relação à luta dos traba-lhadores quando ela assume contornosde massas, lançou o veneno da sua tri-buna na RTP1: ia ser uma forma de esti-car um fim-de-semana prolongado…Ainda estamos para perceber qual.

Neste domingo, o professor garantiuque a greve foi um “flop” mas que atétinha estado quase, quase, mas mesmoquase! para a fazer, embora, afinal… anão fizesse… Talvez por isto o “flop”.Tendo tido a expressão que assumiu emnúmero de trabalhadores em greve e deserviços encerrados, percebe-se que gre-ve a sério seria, talvez, apenas a que con-tasse com a adesão da mediática figura.Improvável possibilidade, esta.

A Greve foi um importante momento deluta mas também um acto de dignidade as-sumido por milhares e milhares de trabalha-dores das áreas da educação, da saúde, da

administração local, da justiça, dos servi-ços e repartições de diferentes ministéri-os. Um acto de dignidade que exigiu sacri-fícios, facto que os detractores das lutasdos trabalhadores sempre omitem, substi-tuindo-o por alegadas propensões oportu-nistas ou pendores compulsivos para a pre-

guiça. Um acto que, implicando estes sa-crifícios e tendo lugar sob múltiplas pres-sões, incluindo as dos “opinadores” ofici-ais, só pode ter lugar no quadro de umarevolta profunda que, diga-se em abono daverdade, é mais que compreensível.

Muitos dos que aderiram à greve, levan-do ao encerramento de serviços, são traba-lhadores com baixos vencimentos mas que,com verticalidade, não declinaram a respon-sabilidade de intervir pela luta num proces-so em que o Governo os tem castigado emarginalizado obsessivamente. Muitos ou-tros o fizeram, saturados de medidas que

destroem o funcionamento dos seus servi-ços, que degradam as condições de traba-lho e que lhes roubam legítimas expectati-vas de futuro profissional e pessoal.

Mas houve também quem, alegandomotivos, não tenha ainda participado nestedia de luta, perdendo aqui uma oportunida-de de mostrar ao poder a sua oposição aorumo insano que também os atinge. É pre-ciso que se compreenda de uma vez portodas que, na leitura dos resultados, o Go-verno e os seus seguidores forçam a conta-bilização destes como apoiantes das suasopções políticas. É esta a leitura que reme-tem para a opinião pública. Sabemos, atépelos contactos na preparação da greve, quese trata de uma manipulação grosseira darealidade. Mas o que é facto é que em diascomo o da Greve da Administração Públicanão há comportamentos neutros: ou se estádo lado dos que se opõem à linha políticacontestada, ou se acaba, inevitavelmente,inscrito nas forças que, não a contestando,estariam do lado do Governo.

Enfim! Face à gravidade das medidas quetêm sido tomadas e às opções políticas queas sustentam, face à atitude arrogante, so-branceira e muito pouco democrática da-queles que hoje governam, todos percebemque a luta vai prosseguir. Mesmo os queagora descobriram álibis para não estar comquem, dignamente, assumiu o sacrifício dagreve, poderão mudar a atitude. Quanto aosque deram dimensão à maior greve da Ad-ministração Pública que o governo de Só-crates enfrentou, há que saudar, em cadaum, a dignidade evidenciada numa luta queé de todos.

(...) Muitos dos queaderiram à greve, le-vando ao encerramen-to de serviços, são tra-balhadores com bai-xos vencimentos masque, com verticalida-de, não declinaram aresponsabilidade deintervir pela luta (...)

O ensaísta Eduardo Lourenço foi dis-tinguido ontem (terça-feira) pela Univer-sidade Bolonha com o título de doutor“honoris causa” em Literaturas e Filolo-gias Europeias e apadrinhará um novacátedra sobre História da Cultura Por-tuguesa.

A Cátedra Eduardo Lourenço de His-tória da Cultura Portuguesa, apoiada peloInstituto Camões, funcionará a partirdeste ano lectivo na Faculdade de Lín-guas e Literaturas Estrangeiras daquelauniversidade italiana.

A catedrática Margarida CalafateRibeiro, da Universidade de Coimbra,será a responsável por esta nova cáte-dra cujo protocolo será assinado hoje(quarta-feira) pelo Instituto Camões e aUniversidade de Bolonha, a mais antigada Europa.

DOUTORADO HONORIS CAUSA E COM NOME EM NOVA CÁTEDRA

Universidade de Bolonhadistingue Eduardo Lourenço

saudades e destinos: reconfigurando acultura portuguesa”.

Além de Margarida Calafate Ribeiroparticipam no colóquio Roberto Mulinac-ci, Vincenzo Russo e Roberto Vecchi, daUniversidade italiana, fundada em 1088.

Esta distinção ao ensaísta português,autor de dezenas de livros, entre eles “Olabirinto da saudade”, é a mais alta con-cedida pela Universidade de Bolonha, efoi aprovada por unanimidade em 2006.

Em Agosto deste ano, o ministro doEnsino Superior italiano, Fabio Mussi,aprovou a distinção do ensaísta, profes-sor universitário, e filósofo, distinguido em1996 com o Prémioa Camões.

Em 1989, por ocasião do IX centená-rio da fundação daquela Universidade, omesmo título foi outorgado a Mário Soa-res, então Presidente da República.

Hoje Eduardo Lourenço (que tem 84anos), proferirá a lição inaugural, seguin-do-se um colóquio intitulado “Labirintos,

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15DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 SAÚDE

MAIS UMA INICIATIVA PIONEIRA NO ÂMBITO DA TELEMEDICINA

Telecurso de Cardiologia Pediátricaliga Coimbra a Luanda

Especialistas portugueses em cardi-ologia pediátrica vão participar, nos pró-ximos dias 10 e 11, em Coimbra, numcongresso dirigido a médicos de An-gola, que irão visionar as apresentaçõescientíficas através de um sistema detelemedicina.

Em Coimbra estarão palestrantes doscentros portugueses de cardiologia pe-diátrica, desta cidade e ainda do Portoe Lisboa, e a assistência estará no au-ditório do Hospital Pediátrico de Luan-da. No início desta semana, ascendia jáa seis dezenas o número de médicosinscritos para assistir aos trabalhos nacapital angolana.

Este projecto de formação surge nasequência de uma consulta pioneira detelemedicina entre o Serviço de Cardio-logia do Hospital Pediátrico de Coimbra(HPC) e o Hospital Pediátrico de Luan-da, Angola, inaugurada no dia 1 de No-vembro (como “Centro” referiu desen-volvidamente em anterior edição).

Eduardo Castela, dinamizador da con-sulta da telemedicina, que transferiu paraum país de língua portuguesa uma expe-riência pioneira em curso há alguns anosna Região Centro, disse à agência Lusaque este congresso inaugura a formaçãoà distância de pediatras angolanos.

Posteriormente, e pontualmente, serãorealizadas acções de formação à distân-cia de curta duração sobre temas maisespecíficos da especialidade de cardio-logia, acrescentou.

“Temos de nos adaptar aos tempos.Esta é uma iniciativa inédita e importan-tíssima”, observou o médico, director doServiço de Cardiologia Pediátrica doHPC, acrescentando que a telemedicinapermite “poupar dinheiro e partilhar co-nhecimentos e afectos”.

O Telecurso de Cardiologia Pediátri-co Coimbra-Luanda, a decorrer nos dias10 e 11 próximos entre os dois países,tem como destinatários cardiologistas, pe-diatras, clínicos gerais e obstretas. Du-rante esses dois dias vão apresentar co-municações 22 especialistas.

Segundo Eduardo Castela, neste pri-meiro telecurso será feita uma aborda-gem aos principais temas da especiali-dade, como o diagnóstico pré-natal, ana-tomia e fisiologia cardíacas, a semiolo-gia das cardiopatias, os exames comple-mentares de diagnóstico, a hipertensãopulmonar e arterial, as miocardias e ascorrecções cirúrgicas, entre outros.

O cirurgião Manuel Antunes e os es-pecialistas Rosa Gomes, Gabriela Za-galo, Eduardo Castela, Rui Providên-cia, Paula Martins, Manuela Mota Pin-to, e Paula Martins contam-se entre ospalestrantes.

A sessão de boas-vindas aos partici-pantes no congresso decorrerá às 11:30(hora portuguesa) do dia 10, e nela par-ticiparão o director do Hospital Pediátri-co de Luanda, Luís Bernardino, e aindaEduardo Castela, Rui Pato e Rui Batis-ta, estes dois últimos administrador doCentro Hospitalar de Coimbra e Direc-tor Clínico do HPC, respectivamente.

Ao formar à distância cardiologistasangolanos, o Hospital Pediátrico de Co-imbra contribui também para a prepara-ção da segunda parte do projecto de te-lemedicina em Angola.

Numa primeira fase, a teleconsulta de-corre todas as quartas-feiras, e tem ser-vido para diagnosticar entre 4 e 8 casosclínicos de crianças do Hospital Pediá-trico de Luanda. Numa segunda fase, atelemedicina ampliar-se-á a outros hos-pitais do país. Nesse período o Hospitalde Pediátrico de Luanda funcionarácomo “hospital de referência” e os ca-sos apresentados ao de Coimbra serãoos mais graves e mais complexos.

A consulta de telemedicina com An-

gola resulta do alargamento de um pro-jecto pioneiro dinamizado na Região Cen-tro por Eduardo Castela, e que já repre-

sentou para o seu serviço a conquista dedois prémios “Hospital do Futuro”, peloseu pioneirismo, acessibilidade aos ser-viços e inovação

Foi em Outubro de 1998 que EduardoCastela - através de uma parceria coma Portugal Telecom e o Hospital de San-to André, de Leiria - deu início à tele-consulta de cardiologia pediátrica e fetalentre as duas unidades.

Gradualmente o projecto foi-sealargando a todos os hospitais da Re-gião Centro de Portugal. De 1998 atéao fim do ano de 2006 foi efectuadoum total de 4.741 teleconsultas deCardiologia Pediátrico e de Cardiolo-gia Fetal a partir do HPC.

Desde Julho de 2006 um protocolosubscrito pelos integrantes da rede per-mite ao Serviço de Cardiologia Pediátri-ca do HPC disponibilizar teleconsultas deurgência 24 horas por dia, além das con-sultas de rotina com uma periodicidadesemanal.

Eduardo Castela apercebera-se dasvirtualidades da telemedicina durante umestágio na especialidade de cardiologiado feto que realizou em 1995 na MayoClinic do Minnesota, nos Estados Uni-dos da América. De regresso propôs acriação da consulta de telemedicina comhospitais distritais da Região Centro, oque se veio a tornar realidade com a aju-da dos desenvolvimentos tecnológicos daPortugal Telecom.

Neste projecto de telemedicina comAngola, além das unidades hospitalares,são parceiros activos a PT Inovação evárias outras empresas de telecomunica-ções de Portugal e Angola, interessadasna aplicação das tecnologias e no desen-volvimento de novas áreas de negócio.

Eduardo Castela foi distinguido recentemente pelo seu contributopioneiro para a área da telemedicina

SIDA: a causa principaldepois dos 55 anos

A não utilização de preservativo emrelações heterossexuais é a principal causade transmissão do VIH entre maiores de55 anos, casos que representam 7,5 porcento das notificações e “tendem a au-mentar”, sobretudo entre mulheres.

São os jovens com cerca de 15 anos eas mulheres com idade mais avançada os“protagonistas” da taxa de incidência por-tuguesa do HIV (referente a novos ca-sos), uma das mais elevadas da Europa,segundo dados divulgados ontem em Cas-cais durante o congresso “A infecção peloVIH/Sida depois dos 55 anos”.

Teresa Paixão, virulogista/epidemiolo-gista do Instituto Ricardo Jorge, garantiu

que não existe sequer a noção se o nú-mero de diagnósticos reais está próximoou não do número de notificações, masadiantou que, entre aqueles que estão re-gistados junto do Ministério da Saúde, 7,5por cento corresponde a portadores deVIH com mais de 55 anos.

“Entre esta população, há 1.764 casosnotificados e predomina a transmissãosexual entre heterossexuais - aquela queterá maior expansão epidémica, muitoassociada a comportamentos de risco”,explicou a especialista, sublinhando que atransmissão do vírus através de relaçõesheterossexuais representa 62 por centodo total de casos notificados.

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16 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007SAÚDE

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CARTÓRIO NOTARIAL DEANA MARGARIDA JACOB MOREIRA

Cont. 193 231 085

EXTRACTO PARA PUBLICAÇÃO

Certifico narrativamente que no dia 30 de Novembro de 2007, a folhas 46 do livro de notas paraescrituras diversas número 80-A deste Cartório foi outorgada uma escritura de justificação do teorseguinte:

Alberto Poço Mata, N.I.F. 129318671, e mulher Olinda da Conceição Correia Mata, N.I.F.146245679, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais ele da freguesia e concelho dePinhel e ela da freguesia de Coimbra (Sé Nova), concelho de Coimbra, residentes na Rua Gil Vicente n.º41, Fala, Coimbra, que, com exclusão de outrém, são donos e legítimos possuidores do Prédio rústico,composto terra de semeadura, pinhal e mato, com a área de mil e cinquenta metros quadrados, sito emMalpique, a confrontar do norte com Alberto Poço Mata, do Sul com Abel Lourenço de Carvalho, daNascente com Estrada e do Poente com Caminho, na freguesia de São Martinho do Bispo, concelho deCoimbra, inscrito na matriz em nome dele, justificante marido sob o artigo 4769, com o valorpatrimonial de três euros e trinta e quatro cêntimos, valor que lhe atribuem, omisso na competenteConservatória do Registo Predial de Coimbra.

Que o referido bem foi adquirido por compra por volta do ano de mil novecentos e setenta e nove,em dia que não podem precisar, sempre há mais de vinte anos, a Irene dos Anjos Neves, solteira, maior,residente que foi no Bairro da Relvinha, Coimbra, actualmente já falecida, nunca tendo sido reduzido aescritura pública aquele contrato.

Que, desde a referida “compra”, até hoje, sempre praticaram sobre o mencionado prédio, todos osactos de posse de que o mesmo era susceptível, tais como, cortando e roçando matos, amanhando-os,colhendo os seus frutos, e pagando as respectivas contribuições, tudo na convicção de estarem a exercerum direito próprio, sem interrupção, à vista de toda a gente e sem oposição de quem quer que fosse,sendo por isso uma posse pública, pacífica, contínua e de boa fé, pelo que adquiriram o citado prédio, porusucapião, que invocam, na impossibilidade de comprovar os referidos domínio e posse pelos meiosextrajudiciais normais.

ESTÁ DE CONFORMIDADE COM O ORIGINALCARTÓRIO NOTARIAL DE AZAMBUJA DE ANA MARGARIDA JACOB MOREIRA, TRINTA

DE NOVEMBRO DE DOIS MIL E SETE.

A Notária

(ANA MARGARIDA JACOB MOREIRA)

(“CENTRO”, N.º 39 de 05.12.2007)

“Pois, pois”!

Há dias, numa consulta de rotina de me-dicina do trabalho, tive a oportunidade deobservar um trabalhador, obeso, de 45 anosde idade, que referenciou um historial dequatro enfartes.

– Quatro enfartes? É obra! – exclamei.A sua resposta, acompanhada de um sor-

riso tipo “pois, pois”, foi a seguinte:– Os médicos dizem que eu tenho um

coração muito forte para aguentar quatroenfartes!

O exame continuou e perguntei-lhe se ti-nha sido fumador. Olhou-me, relançandonovamente o sorriso “pois, pois”, e, abanan-do a cabeça, disse que continuava a fumar.Fiquei perplexo e sem palavras.

– Mas assim corre riscos muito graves!– Oh senhor doutor, já tentei tudo, fui a

consultas de desabituação mas não consi-go. Da última vez que tive enfarte foi a pró-pria médica que disse que não valia a penadeixar de fumar, porque senão entrava emstress e era pior.

– !?!Calei-me. No entanto, a reacção do tra-

balhador à minha conduta foi interessante.– O senhor doutor parece que ficou pre-

ocupado!– Oh homem, estou mesmo perturbado,

se quer que lhe diga.E ao dizer isto perpassou-me a visão de

uma velha baixa, cabelo descuidado, talvezmeio demenciada e viciada no jogo que en-contrei um dia no casino da Madeira. No

decorrer de uma reunião cientifica, algunscolegas desafiaram-me para ir com eles.Não sou jogador e fujo do jogo como o dia-bo da cruz, porque o meu avô assim meensinou. Não quer dizer que não possa tro-car, de vez em quando, uma nota de dezeuros em fichas para não ficar penduradono meio de amigos.

Gosto de ver o comportamento de mui-tos jogadores, alguns perfeitamente aluci-nados, a puxarem as alavancas ou a car-regarem no botão electrónico. Como seriade esperar, sorte ao jogo não é comigo,porque nem uma ficha caiu a fazer “tlim”.A velhota ao lado chamou-me a atençãopela forma frenética com que jogava. Uti-lizava um recipiente gigante para pipocasonde tinha ainda algumas fichas De repen-te, comecei a ouvir “tlim, tlim, tlim” quenunca mais parava. Encheu o pacote comas fichas, mas como continuavam a cair,colocou-me nas mãos, pedindo para o guar-dar enquanto ia buscar outro. Fiquei espe-cado à sua espera. Quando voltou, encheuo novo pacote e eu dei-lhe o primeiro. Foientão que lhe disse:

– A senhora já ganhou bastante, porqueé que não vai para casa? Já é tão tarde!

Respondeu-me, ao mesmo tempo quesegurava os dois pacotes cheios de fi-chas colados ao peito, com um enigmáti-co sorriso:

– Pois, pois!Fiquei convencido de que ia mesmo,

mas, mais tarde, encontrei-a agarrada aoutras máquinas. Afinal ainda lá andava.Devia ser a última a sair.

A outra recordação tem a ver com o

Betinho, cauteleiro da minha terra, que jámorreu. Recordo-me dele desde pequeno.Baixo, emanando um sorriso suave, quenunca largou, adejando as cautelas com amão esquerda, boné de pala ligeiramenteinclinado e um cigarro “permanentemente”colocado entre o indicador e o médio da mãodireita. “Deu” por várias vezes a taluda emuitos outros prémios chorudos. Quando mevia, tentava impingir-me um cautela. Dizia-lhe que não tinha sorte ao jogo, que não va-lia a pena, mas com aquele sorriso acabavapor convencer-me. Após o pagamento, osdois dedos, que estrangulavam o cigarro, al-çavam a pala do boné que logo tombavanum sinal de agradecimento.

A primeira vez que o vi sem um cigarro

foi quando me consultou. Queixava-se deum quadro de grave défice de circulaçãoarterial dos membros inferiores, devido adécadas de consumo de tabaco. Expliquei-lhe a gravidade da situação e o que iria acon-tecer se não deixasse de fumar. O risco deamputação era uma realidade dramática.Mas também lhe contei que naqueles casosa dependência do tabaco era de tal ordemque, inexplicavelmente, muitos doentes pre-feriam ficar sem as pernas do que abdicardo hábito! E era verdade, porque já os tinhaobservado no hospital.

– Sabe Betinho, o senhor nunca me deua sorte grande, mas eu podia dar-lhe ataluda. Gostava que um dia, quando fosseenterrado, levasse, também, consigo assuas pernas.

Passadas umas semanas, apareceu-mea dizer que se sentia muito melhor, não tinhadores e conseguia caminhar normalmente.

– Isso quer dizer que já não fuma.– É verdade senhor doutor, o último ci-

garro fumei-o à porta do seu consultórioda última vez.

De tempos a tempos via-o com as cau-telas na mão esquerda, emanando um sor-riso suave e com os dedos indicador emédio da mão direita a estrangularem umcigarro imaginário, ao mesmo tempo queempurravam a pala do boné, que logo deimediato descaía, o seu típico sinal de sau-dação. Viveu muito anos e foi enterradocom as pernas.

O sorriso suave do Betinho contrasta como sorriso “pois, pois” quer da velha do casi-no, quer do “tetraenfartado” a quem nãoconsegui dar a taluda. Bem gostava...

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17DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 SAÚDE

O Grupótico está a promoveruma meritória campanha, aprovei-tando o célebre rali até Dakar, eintitulada: “Dê uma segunda vidaaos seus óculos!”.

Assim, até 31 de Dezembro podeentregar os seus óculos usados numadas 41 ópticas Grupótico mais pertode si e deixe-os embarcar na aven-tura do Dakar! Até ao dia da parti-

UMA ORIGINAL FORMADE PARTICIPAÇÃO NO “DAKAR”

Dê uma segunda vidaaos seus óculos velhos

da os profissionais Grupótico irãoreciclar e catalogar – por adulto ecriança e por graduação das lentes– todos os óculos recolhidos, queterão como destino populações narota do Dakar. E o Grupótico apela:

“Seja solidário! Participe nestaMissão Dakar com os seus óculosantigos! Dê-lhes uma segunda vida!A primeira num outro olhar!”.

Comemora-se hoje, 5 de Dezembro,o “Dia Internacional do Voluntaria-do”. A Associação “Saúde em Portu-guês” assinala esta data, promovendovárias iniciativas em Coimbra, que pre-tendem distinguir a importância do vo-luntariado na sociedade.

Assim, realiza-se um jantar-convívio,pelas 19 horas, no Restaurante Serena-ta, aberto aos voluntários e amigos soli-dários, com inscrições prévias para asede de Saúde em Português (telefones239702723 e 960092989) [email protected]

O programa prossegue no Café San-ta Cruz, onde está marcado, para as 21horas, o lançamento do novo livro edi-ção da Associação Saúde em Português“Ser solidário – estórias de amor epaz”, de vários autores que contam his-tórias da cooperação portuguesa, histó-rias reais de pungente humanismo, co-mentado por João Fernando Ramos (jor-nalista da RTP).

POR INICIATIVA DA ASSOCIAÇÃO“SAÚDE EM PORTUGUÊS”

“Dia Internacional do Voluntariado”comemora-se hoje em Coimbra

Na ocasião decorrerá um colóquiocom os testemunhos de voluntários per-tencentes às organizações AssociaçãoPortuguesa de Apoio à Vítima (APAV),Liga dos Amigos dos Hospitais da Uni-versidade de Coimbra (LAHUC), Cári-tas Diocesana (Projecto REDUZ) e Saú-de em Português.

Para acolher os participantes, a músi-ca tem, também, um lugar de destaque.Irá actuar ao vivo a violinista Joana Reise um grupo de cantares caboverdianos.No espaço do Café Santa Cruz decorre-rá, ainda, uma exposição fotográficaalusiva à causa do voluntariado.

A noite continua na discoteca Via La-tina, com um convívio ao som de ritmosafricanos. Também no espaço da disco-teca se encontra uma exposição foto-gráfica sobre o mesmo tema.

Aqui deixamos o apeloa da “Saúde emPortuguês”:

“Participe, compareça, intervenha. Sersolidário é ser voluntário.”

Havia de chegar a sua vez. Nãopregava olho desde a hora em que oseu médico obstetra lhe propôs ir auma consulta mais especializada.

Agora estava ali sentada na sala deespera, ao lado de tantas outras grá-vidas como ela, com o ouvido atentoà chamada da senhora que as levaria,na sua vez, ao gabinete da consulta.Percebia-se que todas estavam muitotensas e pouco faladoras. Uma delas,já resignada com a doença do seu fu-turo filho, ia repetir o exame ecográ-fico para saber se tudo tinha estacio-nado, o que seria já muito bom. Erauma doença cardíaca no feto, mas omédico especialista garantia-lhe o su-cesso com cirurgia cardíaca, após onascimento. De qualquer maneira, te-ria sido melhor que não fosse precisonada e todo ele fosse normal.

Enquanto esperava a sua vez ten-tava distrair-se com as costumeirasrevistas dos consultórios médicos enão pensar que aquela sua primeiragravidez poderia não correr bem.Tudo dependeria daquele exame queestava prestes a fazer. Foi folheando,sem dar conta, a revista espanhola deacontecimentos cor-de-rosa e famíli-as lustrosas, com casas cheias de coi-

Quando o nomeainda só era ansiedade...Eduardo

Castela

sas douradas que só servem à foto-grafia.

Até que ouve o seu nome dito pelaenfermeira eficiente, logo se aprontan-do à resposta de presente.

De ar simpático e descontraído, omédico especialista pediu à Helenapara se deitar na marquesa em frenteao aparelho de ecografia, enquanto sesentava à secretária para preencher ohabitual inquérito prévio para aquelassituações. Aconselhou-a a estar calmae fez-lhe as perguntas da praxe, a queela foi respondendo debaixo de um ner-vosismo enorme, querendo que tudoaquilo passasse depressa e bem.

O médico veio então sentar-se nacadeira em frente à grávida. Enquan-to punha um gel na sonda do ecógra-fo perguntava á Helena banalidadesda vida. Mas nada a fazia descontrairou sorrir. Mantinha-se tensa, de bra-ços esticados e de mãos muito fecha-das, como quem não quer deixar sairnada de dentro delas. Só as pálpebrasde quando em quando se fechavam,para voltar a abrir e ver na parede àsua frente o écrã do exame que omédico se aprestava para começar.

Sentiu então a sonda encostar-se àsua barriga cheia daquele menino quea trazia presa á dúvida de não estar

perfeito. Ela que o imaginou o mais lin-do, o seu prolongamento, poderia sertudo ao contrário depois do resultadodaquele exame que agora começara.

O médico observava, calado, aqui-lo que via projectado da barriga noecrã do ecógrafo, que ao mesmo tem-po aparecia no televisor em frente daHelena. Esta suava de ansiedade, en-quanto esperava pelo veredicto domédico examinador. Este perguntava-lhe frequentemente se ela estava mui-to nervosa, mas não obtinha resposta.O coração do futuro bebé batia des-mesuradamente rápido, mas rítmico,parecendo querer dizer ao médico daansiedade da mãe.

A Helena mantinha-se muito cala-da, hirta na sua cama de observação,com o vinco das unhas marcado napalma das mãos suadas e que se man-tinham fechadas.

O coração do futuro bébé continu-ava a pulsar a grande velocidade, de-nunciando o nervosismo que aquelamãe tentava esconder. Parecia estara pedir ao médico que acalmasse, sepossível, aquela Helena que estavaprestes a rebentar de ansiedade.

Então o médico começou a perce-ber que aquele coração que batia mui-to depressa era aparentemente nor-

mal. “Olhe, Dª Helena”, disse o mé-dico, “o coração do seu bebé parecenormal. Não vejo nenhuma anomaliae não precisa de voltar a fazer esteexame”.

Então a Helena abriu lentamente asmãos e esticou os dedos, enquantoque, misturadas com o suor, lhe apa-reciam umas pequeninas gotas deágua no canto dos olhos.

Entretanto, o médico continuava aecocardiografia. E aquele coração pe-quenino que batia tão rápido, estavaagora progressivamente a abrandar ea assumir uma velocidade normal. Obebé, ainda lá dentro, estava a ajudare a pedir socorro pela mãe aflita, masque disfarçava. A denúncia do seu ner-vosismo veio de dentro de si, do seufuturo filho.

Helena pediu então ao médico paradeixar entrar o marido, o pai do bebé.Queria dizer-lhe que agora sim, já po-deriam escolher-lhe o nome…

Nota da Redacção: Este texto iné-dito é um dos que integram o livro decontos que em breve vai ser editado,da autoria de Eduardo Castela, car-diologista do Hospital Pediátrico deCoimbra e pioneiro da tele-medicinaem Portugal.

Page 18: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

18 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007A PÁGINA DO MÁ[email protected]

Mário Martins

DERROTA EM POMBAL

A minha equipa perdeu esta tarde em Pom-bal por 2-0 com o Sporting local.

Num jogo disputado a 53 km de Coimbra edebaixo de chuva constante, os locais chega-ram à vantagem ainda na primeira parte (go-los aos 4 e 28 minutos).

O Vigor dominou totalmente na 2.ª parte,mas não conseguiu concretizar nenhuma dasoportunidades que criou.

(publicado em 1/12)

Esta foi uma semana complicada.Muito trabalho (felizmente!); jornadas de 10 e 12 diárias, quase ininterrup-

tas.Consegui, finalmente, colocar no blogue os “recortes de jornais” do último

fim-de-semana.Estão aqui.

(publicado em 30/11)

RECORTES DO FIM-DE-SEMANA

BCP... SEM PALAVRASMartim Avilez, director do “Diário

Económico”, entrevistado na SIC Notí-cias, acaba de classificar de «circo» e«fantochada» a situação no BCP.

«Estamos quase sem palavras paraclassificar o vai acontecendo noBCP», disse o jornalista, apelando a que«a Justiça funcione, pelo menos nes-te caso».

Uma intervenção que deveria ser re-petida de hora a hora.

PS - Foram feitas alusões a obrasem casa de administradores pagas pelo

banco, casamentos, controlo do valordas acções em Bolsa!!! Será possível

isto ter acontecido???(publicado em 3/12)

EUROPEU

Já há bola.Falta comprar os bilhetes.

(publicado em 3/12)

GREVE(S)O Governo diz que 20% fez greve e

80% foi trabalhar.Os sindicatos dizem que 80% fez gre-

ve e 20% foi trabalhar.Em qualquer dos casos, a soma é de

100%.Ou seja: as contas estão certas.

(publicado em 30/11)

VALE A PENA LERHá textos que nos deixam sem palavras:

não há nada a acrescentar, não há nada aapagar; está lá tudo o que pensamos.

É o caso desta crónica de António

Barreto, de que aqui transcrevo apenaso início.

«ELES ESTÃO DOIDOS – A meiadúzia de lavradores que comercializamdirectamente os seus produtos e que so-breviveram aos centros comerciais ou àsgrandes superfícies vai agora ser eli-minada sumariamente. Os proprietári-os de restaurantes caseiros que sobram,e vivem no mesmo prédio em que traba-lham, preparam-se, depois da chegadada “fast food”, para fechar portas emudar de vida. Os cozinheiros que fa-ziam a domicílio pratos e “petiscos”, afim de os vender no café ao lado e queresistiram a toneladas de batatas fritase de gordura reciclada, podem rezar asúltimas orações. Todos os que cozinha-vam em casa e forneciam diariamente,aos cafés e restaurantes do bairro, so-pas, doces, compotas, rissóis e croque-tes, podem sonhar com outros negóci-os. Os artesãos que comercializam pro-dutos confeccionados à sua maneiravão ser liquidados».

(publicado em 29/11)

HORA DE SAÍDAScolari não gostou das perguntas e

abandonou a conferência de Imprensa,no Estádio do Dragão.

Está na hora de encontrar o substitu-to do treinador brasileiro.

(publicado em 21/11)

PAÍS REAL«Portugueses mais pobres – Por-

tugal é já o sexto país mais pobre entreos 30 da Organização para a Coo-peração e Desenvolvimento Económi-co (OCDE), depois de ter sido ultra-passado pela República Checa.

Segundo um estudo hoje divulgadopela organização sedeada em Paris,o PIB per capita nacional passou de72% para 69% da média da OCDE,revelando um empobrecimento rela-tivo dos portugueses, mas o consumoefectivo apenas recuou de 74% para73%.» (in “Jornal de Negócios”)

COMENTÁRIO - O primeiro-minis-tro tem cada vez mais razões para sorrir.

(publicado em 21/11)

SELECÇÃOLá vamos nós a caminho do “Euro-

peu”.Ao pé coxinho.

(publicado em 21/11)

Page 19: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

19DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 OPINIÃO

Varela Pècurto

Desde criança que gosto de comer emgrupo.

Tudo começou na escola primária, queficava a 50 metros da casa onde habitava.Minha mãe nunca consentiu que eu almo-çasse na cantina, onde cada refeição custa-va cinco tostões, a quem podia pagar.

Cresci e fui para um liceu onde nãohavia refeitório.

Bem!, pensei, agora só quando for mi-litar.

Tinha bom físico, fazia muita ginástica,o que somado à aptidão natural que tinhapara o salto à vara, dava muito jeito e fezde mim um campeão local. O meu orien-tador era o professor de educação físicano liceu que, até ao domingo me obrigavaem casa a mais ginástica.

Mas aconteceu-me uma tragédia: umaestúpida brincadeira de um colega – fortepancada nas costelas do lado direito – tevecomo resultado o fim da minha breve car-reira desportiva e a perda de uma das ditas.

Ainda em fase de tratamento, com recu-peração a levar um ano, surgiram as ins-pecções militares. Com o “buraco” posto adescoberto, o médico despachou-me comum “estás livre”. Gorava-se assim, maisuma vez, a possibilidade de comer em can-tina e, um mal menor, continuo a não saber

dar tiros. Se houver por aí uma revolu-ção caseira, com balas de borracha emvez de cravos, nem posso adivinhar quelugar me caberá nela...

De tiros, só nas feiras e mesmo des-tes, escolho atirar às pastilhas brancas.Nunca apontei ao canhão porque no casode acertar – improvável, é certo – o es-trondo ser-me-ia insuportável.

Estive mutas vezes em quarteis quandofilmei para a RTP e o máximo que me acon-teceu foi ter a honra de tomar uma bicaservida pelo general comandante da Re-

Oh tempo, volta para trás!gião Militar.

Ainda em Évora também estive envol-vido “militarmente”, passe o termo, quan-do um patrício me bateu à porta, vindo daaldeia, para cumprir o serviço militar.

Vinha recomendado por um amigo co-mum e cedo percebi porquê. Era analfa-beto e logo me pediu que lhe lêsse as car-tas da namorada e escrevesse as respos-tas que me ditava.

O novo recruta recusou ser “impedido”de um oficial. Vinha de um meio pobre masnunca fizera serviço doméstico. Era homemde trabalhar a terra.

Comer no refeitório do quartel, para eleequivalia a estar num restaurante. Faziafrente ao rancho, feijão, grão, massa e ou-tros pratos fortes que eram servidos emquantidade. E adorava beber o banacao aopequeno almoço num púcaro de metal, sem-pre limpo mas muito amolgado.

Involuntaramente participei da sua vidaprivada. O que me ditava eu melhorava eescrevia. A confiança cresceu entre nós enuma das suas cartas aludiu à grande sau-dade que tinha dos encontros com a namo-rada nas searas ainda verdes mas suficien-temente altas para os encobrir.

Chegada a primeira licença lá foi mataras tais saudades, conforme me explicou noregresso. O pão já estava maduro mas ain-da por ceifar.

Os meses passaram. Chegada a épocapara lançar de novo as sementes à terra, omeu amigo estava a atingir a fase de “pron-

to”. Fez contas: semear, crescer, mondar,crescer mais, até à altura ideal para ele, co-incidia com o final da era militar. Prometeuentão a si próprio não estragar mais espi-gas, partindo os caules para fazer “camas”.Regressou a casa, e logo de seguda casou.O casal estava feliz e o bebé, com menosde um mês de vida, escapou por pouco denascer no dia do casamento...

P.S.: Olha que grande hstória! dirão.Fazem-se agora casamentos em que

filhos dele, já crescidos tal como os dela,assistem à cerimónia e nem são irmãos...

Page 20: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

20 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007ASTROLOGIA

* Jurista

Jorge Côrte Real *

ASTROLOGIA, COMO FUNCIONA

As Casas

(continua na próxima edição)

(I)

(continuação da edição anterior)

De criação relativamente recente, osistema de Casas nada tem relacionadocom os signos. Efectivamente, quandona Grécia antiga a astrologia deixou deser uma ciência do país ou da nação para

se dirigir para uma astrologia de carizindividual, ou psicológica e pessoal, sen-tiu-se de imediato a necessidade de cri-ar um sistema que permitisse individua-lizar as áreas para as quais as pergun-tas eram dirigidas. Foi então o Zodíacodividido em 12 casas ou sectores de ac-tividades que o ser humano pode influen-ciar e ser influenciado.

Foi então o Zodíaco dividido em 12sectores, sendo o primeiro encontrado noprimeiro signo que desponta no horizon-te a nascente do local de nascimento.Depende da hora e local de nascimentoe os restantes encontrados segundo umatabela própria designada por tabela decasas.

As casas são marcadas no horósco-po, e dividido o Zodíaco em doze partes.

Relativamente à divisão das casasastrológicas, existem vários sistemas –de que, a título meramente demonstrati-vo, vou citar apenas os principais:

Regiomontanus, assim designado emhomenagem ao astrónomo Johann Mue-ller conhecido por “rei das montanhas”.Sistema Campanus, em homenagem aoastrónomo Campano. De Porphiry, deMorinus; o sistema de Zenith, único em

que as casas são todas iguais, com30ºcada; e, finalmente, o sistema de Plá-cidus, em homenagem ao astrónomo domesmo nome, Plácido de Titi.

Sem entrar em pormenores, diremosque os resultados pouco divergem e queo sistema mais conhecido e difundido éo de Plácidus.

INTERPRETAÇÃO:

Casa 1, ascendente ou primeiracasa. Esta casa tem, frequentementemais importância que o signo onde seencontra o Sol. Define o corpo e bele-za física. O temperamento radical oude raiz, não adquirida. Como inicia assuas acções. Como o indivíduo preten-de que os outros o vejam. Como olhapara a vida. Como se propõe resolveros problemas. Como lida como traba-lho e com as crises. Afinidade naturalcom o signo Carneiro.

Casa 2, como adquirimos dinheiro pelonosso esforço pessoal. Os valores quepossuímos, como ganhamos dinheiro,como gerimos os bens adquiridos peloesforço pessoal. Afinidade com o signode Touro.

Casa 3, as viagens curtas, a comuni-cação com parentes, irmãos e vizinhos,correspondência e estudos, habilidadesmentais. A inteligência. Afinidade comGémeos.

Casa 4, a vida privada, a casa de fa-mília, o lar e a família, os pais, proprieda-des e economias. O passado. O Fundo

do Céu. Afinidade com Câncer.Casa 5, os filhos, as crianças, os di-

vertimentos, o romance, o prazer, o sexocomo divertimento. O líder, o mestre, oinventor, jogos de azar e especulações.O desporto individual. Afinidade com o5º signo, Leão.

Casa 6, a saúde e o serviço por contade outrem. As doenças agudas contraí-das, hábitos de higiene, as tarefas roti-neiras, relacionamento com subordina-dos.

Casa 7, os contratos, de casamento,de negócios, os inimigos declarados e a

forma de lidar com o público. Descen-dente, afinidade com o 7º signo, Balan-ça. As pessoas por quem somos atraí-dos, o segundo filho.

Casa 8, os dinheiros ou valores quenos chegam sem ser pelo esforço pes-soal. As heranças e legados. A morte eassuntos relacionados. O sexo e atitu-de sexual. As doenças crónicas. Astransformações. Afinidade com o signoEscorpião.

Casa 9, as grandes viagens, o estran-geiro, assuntos jurídicos e judiciais, a reli-gião, a filosofia, intuição, desporto em equi-pa, os estudos superiores. Afinidade como signo de Sagitário.

Casa 10, ou meio do céu, o estatuto e aimagem social, a profissão independente,relações com superiores, o que desejamosou aspiramos realizar, herança psicológi-ca dos progenitores, oposta á 4ª, o passa-do. A carreira profissional. Honras e re-compensas. Afinidade com Capricórnio.

Casa 11, esperanças, desejos, círculosocial de amigos, as ONGs. Invenções edescobertas. O alargamento da dimen-são espiritual. Afinidade com Aquário.

Casa 12, os sacrifícios, as prisões, asolidão, os nossos segredos nas emo-ções e desejos, a ruína, trabalho ao ser-viço de outros, o resgate cármico. Omisticismo. O que nos comove, os ini-migos ocultos, as privações de convíviosocial, conventos, prisões, hospitais, la-res etc. Afinidade com o signo de Pei-xes, o 12º do Zodíaco.

As casas 1 a 6 são nocturnas, porque

nestas o Sol está abaixo do horizonte nãoestá visível. Constituem a individualida-de pessoal.

As casas 7 a 12 são as diurnas, o Solestá acima do horizonte ou dos contac-tos sociais e do trabalho.

As casas astrológicas não coincidemcom os signos. Estão sobrepostos a es-tes mas independentes e com excepçãodo sistema de casas iguais, cada casanão tem graus previamente limitados emgraus.

No sistema de casas de Plácidus, omais difundido, cada casa ocupa no ho-róscopo os graus definidos pelas tábuasde casas, que definem o grau exacto da1ª casa e também para as restantes. Ascasas representam os vários domíniosdas nossas vidas.

Na próxima edição iremos referircomo se devem interpretar as Casas.

O sistema de Placidus

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21DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 OPINIÃO

Renato Ávila

João PauloSimões

FILATELICAMENTE

Joséd’Encarnação

POIS...POIS...POIS...POIS...POIS...

A pouco e pouco, um ensurdecedorsilêncio tem ido entorpecendo as men-tes, desmobilizando as vontades, ge-lando os afectos, transformanmdo opaís numa espécie de autómato de pi-lhas gastas, vegetando em conforma-do fatalismo, em doentio torpor.

Aqueles que se dispuseram, que pro-meteram reanimá-lo, revitalizá-lo, maisnão fizeram do que manietá-lo, mas-sacrá-lo com maquiavélicas políticas,as quais, em nome da justiça, fomen-taram a injustiça; perseguindo a ver-dade, têm semeado a mentira e a des-crença; endeusando o progresso, vêmtrazendo a penúria e a desilusão.

Nos últimos dias, três vozes rom-peram o silêncio do status, do “eta-blissement”, meticulosamente cons-truído dum displicente nada de novo,da pútrida paz oficial duma nação or-deira e servil, alertando as consciên-cias para os problemas engenhosa ecinicamente camuflados.

O PGR pôs a nu a perversa tentati-va do poder político, despoticamenteassumido pela actual maioria, no sen-tido de subalternizar, de controlar opoder judicial.

O Inspector da Segurança Interna

Ao romper do silênciodenunciou a violência e a arrogânciana intervenção das forças policiais ea desprotecção a que os cidadãos fi-cam sujeitos perante os frequentesactos de ostensiva afronta à lei e àconvivência democrática.

O bispo castrense, D. Januário Tor-gal, desassombradamente, como é seuapanágio, apontou o dedo ao preocupan-te sentimento de impunidade e de gri-tante injustiça que se foi instalando nasociedade portuguesa, com a lentidão ea aparente apatia do aparelho judicial.

O panorama, de facto, não é bri-lhante e, muito menos, propiciador deconfiança .

A paz fictícia que respiramos nãose compagina com a realidade da di-fícil situação em que vive grande par-te dos portugueses.

Por um lado, uma maioria autista eautocrática que, arrogando-se da ver-dade absoluta, interpreta como che-que em branco o voto dos cidadãospara poder fazer tudo o que lhe apr-ouver, exibir inqualificáveis prepotên-cias, implementar políticas gravosas einjustas, sem qualquer intenção cons-trutiva relativamente ao contributo dasoposições política e cívica e do movi-mento sindical.

Por outro, um poder judicial exces-

sivamente corporativizado, encatedra-do, entronizado, em preocupante me-dição de forças com o poder político– executivo e legislativo, atolado emmontanhas de processos, sem chama,sem meios para exercer com a neces-sária eficácia a justiça por que cla-mam os cidadãos, especialmente osmais indefesos.

Pairando sobre tudo isto, o PR aapoiar o Governo nas relações inter-nacionais e no famigerado controle dodéfice, o qual, conquanto limitado nassuas competências, progressiva e re-petidamente se vem manifestando pre-ocupado com a situação interna e coma gravidade dos problemas que afec-tam as classes mais desfavorecidas emais vulneráveis.

Este romper do silêncio, ainda queepisódico e restrito por mais ruidosadesvalorização e desmentidos que te-nham sido tecidos, é significativo e,possivelmente, terá aberto brechasnas muralhas da muda fortaleza e lan-çado mais areias na engrenagem dapaz virtual.

O desemprego em subida; os assal-tos dum fisco cada vez mais insaciá-vel; a lentidão, os custos e as dificul-dades de acesso à justiça; a mórbidamediatização da crescente inseguran-

ça e da incapacidade das forças daordem para a enfrentar; a corrupçãoaliada ao enriquecimento súbito e du-vidoso de muita gente próxima do po-der e dos negócios menos claros... co-meçam a pesar na consciência do dia-a-dia do cidadão comum.

No seu canto de loas ao controlodo défice, o Senhor Primeiro Ministroparece esquecer-se do silêncio dosque vivem na penúria por terem sidodespedidos e por não conseguirem tra-balho; dos que saíram das universida-des e se sentem frustrados por nin-guém lhes abrir as portas e não vis-lumbrarem qualquer futuro; dos queviram os bancos penhorar e vender assuas casas porque as falências frau-dulentas, a fuga impune das empre-sas e outros azares da vida os lança-ram no desemprego; do quinto dosportugueses que vivem na penúria; dosilêncio dos cidadãos, de nós todos, domuito que tivemos de pagar ou vimosretirar, tão friamente, dos nossos ven-cimentos e pensões.

Este silêncio está a tornar-se de-masiado plúmbeo!

Para muitos, já não será em nomeda esperança. Quiçá, da revolta.

Seja por isso, talvez, que ele come-ça a romper-se.

António organizou uma reu-nião científica. Foram amigosseus de várias partes do mundo.Fora deixado livre o sábado, paravisitas de estudo. O regresso doManuel, do Joaquim e do Alber-to fora marcado para domingo,por conveniência de preço napassagem aérea e António fica-ra ciente de que era a 1ª vez quevinham à sua cidade.

– Almoças connosco no sába-do, claro!

– Não, não posso. Combineicom minha mulher e meus filhos:vamos às compras.

Manuel, Joaquim e Albertopegaram no mapa da cidade eprocuraram descobri-la sozinhos.

Como foi mencionado no artigo ante-rior, Portugal, após a instauração da Re-pública, não tinha selos ou emissões daRepública. Por isso, havia que escoar asemissões existentes ainda do tempo daMonarquia, mas com a sobrecarga “RE-PÚBLICA”.

Aconteceu primeiro – como foi ditono artigo anterior –, com a emissão de

Outras Sériescom sobrecarga “REPÚBLICA”

to do Caminho Marítimo para a Índia,aqui já tratado, mas que de 1 de Outubrode 1911 a 30 de Março de 1913, circula-ram com a sobrecarga “REPÚBLICA”bem como a emissão da Madeira.

O mesmo aconteceu com os selos deporteado do Continente, dos quais nãopossuo nenhum na minha colecção, nãopodendo mostrar aqui.

Fica assim completa a esta parte im-portante da História da Filatelia, que de-vido às conturbações políticas no nossopaís, teve um grande impacto no modode emitir os selos.

D. Manuel II e as que existiam ainda,como o 4º Centenário do Descobrimen-

Um selo de 100 mil réis de 1853, ava-liado em 770 mil euros, foi uma das prin-cipais atracções da Iberex - XV Expo-sição Filatélica Luso-Espanhola, que es-teve patente em Boticas até ao passa-do domingo.

O coleccionador Óscar Marinho co-meçou a juntar selos aos 15 anos e hoje,com 70 anos, mostra com orgulho a suacolecção de selos clássicos portugue-ses, onde se insere o de 100 réis da épo-ca de D. Maria II.

“A minha colecção não tem preço. É

Selo avaliado em 770 mil euros exposto em Boticasimpagável” afirmou à Lusa o filatelistade Melgaço.

Dos muitos selos que guarda num lu-gar que recusa revelar, Óscar Marinhogosta de expor a colecção de selos pri-mitivos, feitos entre 1853 a 1870, os quediz terem sido os primeiros selos portu-gueses.

Diz ter adquirido selos em leilões, tro-cas com colegas e até em feiras no es-trangeiro e é também lá fora, em paísescomo França, Itália ou Espanha, quegosta de mostrar as suas “relíquias”.

Paulo Sá Machado, presidente da di-recção da União de Colectividades Fi-latélicas do Norte de Portugal (UFI-NOR), referiu que as colecções de se-los em exposição em Boticas foramavaliadas em cerca de 10 milhões deeuros.

O certame contou com a represen-tação de 28 filatelistas espanhóis e 30portugueses.

A Iberex é uma das maiores realiza-ções filatélicas que se realiza em Por-tugal e Espanha de dois em dois anos.

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22 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007MÚSICA

Distorções

José Miguel [email protected]

É já no próximo sábado e domingo, acomemoração dos 20 anos da ediçãodaquele que é, consensualmente, um dosdiscos mais importantes da música por-tuguesa, “Circo de Feras” dos Xutos &Pontapés. Para assinalar a data terá lu-gar no Campo Pequeno, em Lisboa, umainiciativa inédita que junta a banda de Time Zé Pedro com uma série de activida-des circenses.

Outra iniciativa inédita é o regres-so dos Led Zeppelin de Robert Plante Jimmy Page, já na próxima segun-da-feira, dia 10 de Dezembro, na O2Arena de Londres. Neste espectácu-lo, há muito esgotado, a atribuição dosbilhetes resultou de um rateio entre osmilhares de fãs registados no site ofi-cial da banda que, mesmo assim, tive-

ram de abrir os cordões à bolsa paraobter um dos 20 mil ingressos. Emaberto fica, ainda, a hipótese de a ban-da entrar em digressão. Aproveitan-do a reunião da banda de “Whole Lot-ta Love”, a editora lançou mais um“best of...”, o terceiro da sua carrei-ra, intitulado “Mothership”, que reú-ne num duplo cd os seus temas maisimportantes, como sejam: “BlackDog”, “Kashmir”, ou o fenomenal“Stairway To Heaven” e, também, um

dvd com imagens inéditas da banda aovivo.

Muitas vezes as primeiras partes deconcertos mostram-nos bandas que àprimeira vista não nos despertariam mui-to interesse, como foi o caso dos Blon-de Redhead, que aqueceram o públicona passagem dos Interpol por Portugal,no passado dia 7 de Novembro. “23”, omais recente trabalho de originais des-ta banda, que reúne os irmãos Pace (Si-

mone e Amadeo) e a japonesa KazuMakino, serviu de mote à sua actuaçãono Coliseu dos Recreios, que não dei-xou ninguém indiferente.

Para o fim, fica a sugestão da ban-da sonora de “Control”, a primeira lon-ga metragem de Anton Corbijn, quetransporta para a tela a história de uma

das mais importantes bandas do rockmundial, os Joy Division.

PARA SABER MAIS:

www.musicanocoracao.ptwww.xutos.ptwww.ledzeppelin.comwww.blonde-redhead.comwww.momentum.control.substance001.com/

Xutos & Pontapés “Circo de Feras”(Universal)Led Zeppelin “Mothership – The VeryBest Of…” (Atlantic Records)Blonde Redhead “23” (4AD)“Control O.S.T” (Warner)

Amanhã (quinta-feira), pelas 22 ho-ras, haverá um concerto pelos “Corvos”,na FNAC Coimbra, para apresentaçãodo seu mais recente trabalho, “The Jinx”.

“Corvos” são uma banda incomumno panorama da música portuguesa. Éconstituída por quatro elementos comformação musical clássica mas que to-cam temas essencialmente de matrizrock. Trata-se de um quarteto de cor-das, constituído por Pedro Teixeira daSilva, Tiago Flores (violinos), Nuno Flo-res (viola d’arco), Cláudio Nunes (vio-loncelo), que alia o virtuosismo instrumen-tal dos seus elementos e a excelência dascomposições,arranjos e interpretaçõesintemporais, ao gosto musical eclético,passando pelas suas origens clássicas econtinuando pelo rock, música popularcontemporânea e variadíssimos outros

AMANHÃ (QUINTA-FEIRA) NA FNAC

“Corvos” ao vivoem Coimbra

estilos musicais. O espectáculo ao vivo,com um baterista convidado, é o localcerto para poder sentir e ouvir o que elestêm para oferecer.

“Corvos” têm vindo a concentraratenções no meio musical português pelaoriginalidade das suas propostas, trans-pondo e recriando temas pertencentes aouniverso do rock para instrumentos clás-sicos de cordas.

Se Corvos Visitam Xutos, o seu tra-balho de estreia, veio revelar as potenci-alidades da banda, com Post Scriptum,o quarteto prestou uma assumida home-nagem a Kurt Cobain e Jim Morrison (eXutos de novo incluídos). Antes de TheJinx, o grupo apresentou Corvos – 3. econfirmou-se definitivamente como umadas propostas mais interessantes da ac-tual música portuguesa.

O Coro Alma de Coimbra , dirigido pelo maestro Augusto Mesquita, vai dar umespectáculo amanhã (quinta-feira), pelas 21.30 horas, no Auditório do Conselho Dis-trital de Coimbra da Ordem dos Advogados (Quinta de D. João).

Este concerto integra-se no Festival de Música de Coimbra.

AMANHÃ, NA ORDEM DOS ADVOGADOS

Coro “alma de Coimbra”actua no âmbitodo Festival de Música

O Governo Civil de Coimbra promoveu,no passado sábado, na Sé Nova, um Con-certo de Natal, em parceria com a Orques-tra Clássica do Centro e com a participa-ção do Coro dos Antigos Orfeonistas da Uni-versidade de Coimbra.

Tratou-se de mais uma iniciativa integra-da no ciclo “Conc(s)ertos à Indiferença”,no âmbito do Ano Europeu da Igualdade deOportunidades para Todos, e que teve comoum dos pontos de interesse a actuação deSofia Silva e Sousa, uma jovem e promisso-ra executante de viola d’arco.

Segundo o Governo Civil, esta iniciativa,no início da quadra natalícia, visou “trans-

Governo Civil de Coimbrapromoveu Concerto de Natal

mitir uma mensagem de paz e harmonia,aliando também o combate à indiferença eà exclusão social, através da música, assi-nalando o Ano Europeu da Igualdade deOportunidades para Todos”.

O maestro Virgílio Caseiro com SofiaSilva e Sousa durante um ensaio

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23DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007 INTERNET

IDEIAS DIGITAIS

Inês AmaralDocente do Instituto Superior Miguel Torga

GRIPENET

PEGADA ECOLÓGICA

POSTO DE ESCUTAPASSA A PALAVRA

PELO DESMATAMENTO ZERO

PAPÉIS POR TODO O LADO

O Posto de Escuta é um weblog que é com grandefrequência recomendado. Está na blogosfera desde 2003mas tem-se reinventado sistematicamente e é um pon-to de paragem (e de partida, na realidade) obrigatório.

São pistas na web e impressões do autor, escritasnum estilo verdadeiramente hipertextual e digital. OPosto de Escuta, ao contrário da esmagadora maio-ria da blogosfera lusa, já chegou ao século XXI. Naprática, desde o dia em que foi criado. As temáticassão variadas. Como resume o autor: “O Posto de Es-cuta é um álbum de recortes e impressões sobre de-sign, fotografia, Lisboa, jornalismo e tudo aquiloque despertar o meu interesse”. É indispensável eestá há muito no agregador de conteúdos.

POSTO DE ESCUTAendereço: http://postodeescuta.blogs.sapo.pt/categoria: weblogs

O site Gripenet foi criado pelo Instituto Gulbenkianda Ciência e consiste em analisar as tendências da gri-pe, do ponto de vista epidemiológico, em Portugal. Dis-ponibiliza informações úteis sobre os sintomas do vírusda gripe, número de casos registados nos vários pontosdo país, com o pormenor de ser em tempo real.

A iniciativa começou na Holanda, em 2003. Depoisfoi alargada à Bélgica e a Portugal e resume um estu-do online com vista a vigiar a doença. A informaçãosurge através dos utilizadores que se registam no site eque, semanalmente, respondem a um questionário so-bre a gripe. As respostas são posteriormente tratadase permitem traçar um panorama regional (encaradocomo uma amostra, evidentemente) de casos de gripe.Actualmente o site tem mais de 53 mil utilizadores, dosquais cerca de 2800 são portugueses.

GRIPENETendereço: http://www.gripenet.pt/categoria: sociedade

O quiz Pegada Ecológica faz parte do site Earth-Day Network, este último é orientado para questãoassociadas aos problemas ambientais e com metas tra-çadas para cumprir até ao próximo Dia Mundial daTerra – 22 de Abril de 2008. Entre várias secções deinformação e colaborativas, indicações pedagógicaspara professores e relatórios, há um tópico que nosajuda a perceber o nosso impacto ambiental.

“A expressão Pegada Ecológica é uma traduçãodo Inglês ecological footprint e refere-se, em ter-mos de divulgação ecológica, à quantidade de ter-

ra e água que seria necessária para sustentar asgerações actuais, tendo em conta todos os recursosmateriais e energéticos gastos por uma determina-da população”, pode ler-se na Wikipedia. No Earth-Day é possível ficarmos a saber quanto é que o nossoestilo de vida prejudica o ambiente.

PEGADA ECOLÓGICAendereço: http://www.earthday.net/Footprint/index.aspcategoria: ambiente

O site Passa a Palavra aborda a temática do can-cro do colo do útero e do papiloma virús humano. Apágina fornece toda a informação necessária sobre oassunto, numa altura em que a vacina para a preven-ção do cancro do colo do útero chegou a Portugal.

Passa a Palavra é um espaço de prevenção ondeos utilizadores podem recolher informação sobre estadoença, que é a “segunda causa de morte por can-cro na Europa em mulheres entre os 15 e 44 anos”.Há questionários, informações úteis, links recomenda-dos, uma lista de verdades e mitos, respostas a pergun-tas mais frequentes e uma secção muito interessanteeste tipo de cancro, o que o provoca e o que se podefazer para o prevenir.

PASSA A PALAVRAendereço: http://www.passaapalavra.com/categoria: saúde

A Greenpeace está a promover uma campanha paraevitar a destruição da Amazónia. A ideia é conseguirum número recorde de assinaturas e entregar um abai-xo-assinado ao presidente brasileiro, Lula da Silva, nosentido de alertar a classe política para a destruição dopulmão do mundo.

A campanha pretende fazer chegar ao governo bra-sileiro ideias para adoptar medidas que permitar termi-nar com o “desmatamento” da floresta até 2015. Aomesmo tempo, estas propostas têm como propósito re-tirar o Brasil do 4º lugar na lista dos países mais polui-dores do mundo. Para além do abaixo-assinado (que

solicita dados de identificação de cidadãos brasileiros),o site tem informação muito importante sobre este as-sunto que, afinal, influencia o mundo inteiro.

CORRENTEPELO DESMATAMENTO ZEROendereço:http://www.greenpeace.org.br/desmatamentozero/categoria: ambiente

Ana Ventura é uma blogger já veterana, que escreveno Papéis por todo o lado sobre “o que acontecefrequentemente cá em casa”. O sub-título resume, li-teralmente, os posts de Ana. Crafts, coisas e loisas dodia-a-dia, estórias da criança da casa. Textos hipertex-tuais e fotografias compõem este espaço.

A blogger é ilustradora e dá conta de todo o seu tra-balho neste interessante espaço. Há links detalhados(por produtos) para a sua loja online, para o seu photo-blog no Flickr e para sites/blogs que a autora recomen-da. Vale a pena a visita pela diversidade e simplicidadedos conteúdos.

PAPÉIS POR TODO O LADOendereço: http://papeisportodolado.blogspot.com/categoria: weblogs, crafts

Page 24: O Centro - n.º 39 – 05.12.2007

24 DE 5 A 18 DE DEZEMBRO DE 2007TELEVISÃO

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco [email protected]

A TELENOVELA DA RTP

Está em pleno lançamento a nova no-vela da RTP. Não se trata de mais umaprodução audiovisual, mas é, por certo, umacriação caseira.

Posso explicar um pouco melhor, em-bora, como em todas as novelas, e em es-pecial nas telenovelas, por vezes possahaver mudanças súbitas no enredo paratentar captar mais audiência. Quero comisto dizer que entre o momento em queescrevo e o momento em que vou ser lido,muitas cenas podem ter acontecido e odesfecho substancialmente alterado.

Já aqui falei da saída de Almerindo Mar-ques, até há pouco o presidente da Admi-nistração da Rádio e Televisão de Portu-gal. No seguimento desta saída, foi nome-ado Guilherme Costa. Este novo presiden-te, já olhado com desconfiança como “ges-tor pouco experiente”, se comparado comAlmerindo Marques, vem de oito mesescom o cargo de membro independente daComissão Executiva de Auditoria da Im-presa, único ponto de contacto, até agora,com a comunicação social.

Diz-se que não foi a primeira escolha eque o primeiro-ministro se envolveu pes-soalmente nesta decisão. Guilherme Costafoi nomeado por Daniel Bessa, ministroda Economia do então Governo de Antó-nio Guterres, para reestruturar o ICEP,entre 1996 e 2000.

Acontece que se esperava que a restan-te equipa de Almerindo Marques se manti-vesse. Mas tal não aconteceu. Ponce Leão,o vice em exercício até final do ano, apre-sentou condições a Guilherme Costa e estenão as aceitou. Consequência: sai PonceLeão e os outros dois administradores, LuísMarques (área de conteúdos) e ArmandoCosta e Silva (antenas).

Fica assim tudo em aberto e com umaenorme interrogação pela frente. A ges-tão da RTP não pode ser entendida comouma gestão qualquer. Tem que haver umaideia clara de missão de serviço público ede cidadania.

Perante esta interrogação já se desenhamos mais inesperados cenários para as subs-tituições a fazer. Fala-se em José Marqui-tos, actual administrador do semanário “Sol”e que também já esteve na TV Cabo. Ele jádesmentiu... mas... Há ainda o eterno can-didato a um lugar na RTP, depois de porlá ter passado sem glória e de ter vistoserem-lhe fechadas as portas da SIC eda TVI. Refiro-me a Emídio Rangel. Seesta hipótese tiver alguma consistência, eterá pouca por ser considerado “incontro-lável”, Nuno Santos, actual director deprogramas da RTP que manterá uma in-compatibilidade com Rangel desde os úl-timos tempos deste na SIC, poderá ter quesair, ou, pretenderá mesmo sair. Qual odestino? A própria SIC. Francisco Penim

não está a conseguir resultados nas au-diências e Nuno Santos tentará dar umaajuda ao antigo patrão Balsemão.

E assim se faz uma novela, uma teleno-vela. Tudo porque não se considera verda-deiramente o interesse público da RTP. Coma saída de um presidente que colocou algu-ma ordem na casa, parece correr-se o riscoda empresa (pública!) se desfazer como umbaralho de cartas. Atrás da Administraçãovirão os directores de Programas e de In-formação, e até não se sabe onde mais.

Como dizia uma velha canção: “E as-sim se faz Portugal... uns vão bem, ou-tros vão mal”.

CONTA-ME COMO FOI

Nas noites de domingo, a RTP faz “ser-viço público”. Não me refiro à presença doconhecido Professor Marcelo que, a par deoutras intervenções de comentadores natelevisão portuguesa, perpetua um hábito deabrir antena a quem tem interesses no quecomenta, embora fazendo um esforço paratentar não deixar passar tal ideia.

Refiro-me à série “Conta-me como foi”que surge depois dos já mais que aclama-dos “Gatos Fedorentos”. Se quanto a es-tes se mantém a interrogação de até quan-do vão ser tolerados, no caso da série só épena ela situar-se historicamente tão avan-çada nos anos 60 do século passado. Como passar do tempo, o formato pode esgo-tar-se e tudo acabar por ficar concentradona chamada “Primavera Marcelista” (a dooutro, a do padrinho).

“Conta-me como foi” é uma série de fic-ção inspirada na série espanhola “Cuénta-me como passó”. E até nisto tivemos quecomprar um formato estrangeiro. Tal comoa série original, a série portuguesa tem comogrande objectivo retractar de forma bem-humorada o ambiente sócio-económico doPortugal no final dos anos 60.

É óbvio que a História que se contanesta série não pode nunca ser compara-da àquela que se aprende em livros daespecialidade: as referências são exactasmas “arquitectadas” de uma forma quenunca perde de vista que se trata de umasérie de ficção e não de um documentá-rio. Na série alude-se constantemente aos

grandes temas que preocupavam a popu-lação, tratando-os no entanto de formaromanceada e vistos sempre sob o olharparticular de uma única família.

A família é a “família Lopes”. Uma tí-pica família de classe média baixa no Por-tugal de então. O filho mais novo vai con-tando a história, muitas vezes em “off”,(re)descobrindo um mundo que começa-va lentamente o seu movimento para amudança de 1974.

Mas o que entusiasma nesta série é oabsoluto rigor com que tudo é reconstituí-do. As roupas, os cabelos, os automóveis,as cabinas telefónicas, os refrigerantes, o

tabaco, os jornais, ... e as atitudes. Os no-vos (há um filho que chega à Universidadepara estudar Direito) e a sua nova manei-ra de ver um mundo que mudava “lá fora”.Os mais velhos e o seu cansaço em rela-ção ao “estado da Nação”, mas mantendoos receios em relação às mudanças e,sobretudo, à política.

Por “Conta-me como foi” tem passadotudo o que fez, também, a pequena e a gran-de história de Portugal do final dos anos60. O Festival da Canção, as “conversasem família” de Marcelo Caetano, os pe-quenos cafés de bairro, as lutas estudantis,a guerra em África ao fundo, os padresprogressistas, o fascínio dos jovens pelo “es-trangeiro”, a emigração, mas sobretudo eainda “o medo”.

“Conta-me como foi” chega a reconsti-tuir a noite do célebre tremor de terra deFevereiro de 1969. Integrado na acção, masmesmo assim um marco para quem passoupela experiência.

Pode correr-se o risco de alguma nostal-gia por um passado pouco recomendável (aRTP teve que retomar a série em Setembrodepois dos protestos dos espectadores pe-rante a sua ausência). Mas, para quem qui-ser ver com olhos atentos, está lá muita coi-sa que nunca foi explicada às crianças por-tuguesas nascidas depois de 1970.

Um grande aplauso para a RTP por este“serviço público” e de “interesse público”.

Imagem da série “Conta-me como foi”, em exibição na RTP

O local idealpara almoços

e jantares natalícios(condições especiais para grupos)