o cultivo do milho verde

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O CULTIVO DO MILHO VERDE

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Page 1: O Cultivo Do Milho Verde

O CULTIVO DOMILHO VERDE

Page 2: O Cultivo Do Milho Verde

República Federativa do BrasilFernando Henrique Cardoso

PresidenteMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Marcus Vinícius Pratini de MoraesMinistro

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaConselho de Administração

Márcio Fontes de AlmeidaPresidente

Alberto Duque PortugalVice-Presidente

Dietrich Gerhard QuastJosé Honório Accarini

Sérgio FaustoUrbano Campos Rieiral

MembrosDiretoria Executiva da Embrapa

Alberto Duque PortugalDiretor-PresidenteBonifácio Nakasu

José Roberto Rodrigues PeresDante Daniel Giacomelli Scolari

DiretoresEmbrapa Milho e Sorgo

Antônio Fernandino de Castro Bahia FilhoChefe GeralIvan Cruz

Chefe Adjunto de Pesquisa e DesenvolvimentoJoão Carlos Garcia

Chefe Adjunto de AdministraçãoJosé Hamilton Ramalho

Chefe Adjunto de Comunicação e Negócios

Page 3: O Cultivo Do Milho Verde

O CULTIVO DO MILHO VERDE

Israel Alexandre Pereira Filho(Editor Técnico)

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Milho e Sorgo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Embrapa Milho e SorgoSete Lagoas, MG

2002

Page 4: O Cultivo Do Milho Verde

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:Embrapa Milho e SorgoRodovia MG 424 Km 45Caixa Postal 151CEP 35701-970 Sete Lagoas, MGTelefone: (31) 3779 1000Fax: (31) 3779 1088Home page: www.cnpms.embrapa.brE-mail: [email protected]ê de Publicações da Embrapa Milho e SorgoPresidente: Ivan CruzSecretário-Executivo: Frederico O. M. DurãesMembros: Antônio Carlos de Oliveira, Arnaldo Ferreira da Silva,Carlos Roberto Casela, Fernando Tavares Fernandes e Paulo AfonsoVianaRevisão: Dilermando Lúcio de OliveiraEditoração eletrônica: Tânia Mara Assunção BarbosaNormalização bibliográfica: Maria Tereza Rocha FerreiraCapa: Tânia Mara Assunção BarbosaFoto da Capa: Israel Alexandre Pereira Filho1ª edição1ª impressão (2002): 2.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei Nº 9.160).CIP. Brasil. Catalogação-na-publicação.

Embrapa Milho e Sorgo

© Embrapa 2002

O cultivo do milho verde / editor técnico Israel Alexandre Pereira Filho. – Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2002. 217 p.ISBN 85-85802-06-5 1.Milho verde – Espaçamento – Densidade. 2. Milhoverde – Plantio – Época. 3. Milho verde – Colheita. 4. Milhoverde – Produção – Custo. 5. Milho doce Espaçamento –Densidade. 6. Milho doce – Plantio – Época. 7. Milho doce –Colheita. 8. Milho doce – Produção – Custo. I. Pereira Filho,I.A. (Ed.).

CDD- 633.15

Page 5: O Cultivo Do Milho Verde

APRESENTAÇÃOO milho verde pode ser consumido nas mais diversasformas, in natura ou como ingrediente para a fabricaçãode bolos, sorvetes, pamonhas e uma série de outrosalimentos, industrializados ou não. Seu cultivo é umaatividade que vem crescendo muito, em função dalucratividade e da diversificação de seu uso. A áreacultivada em todo o país, segundo o ultimo censoagropecuário, foi de 102.325 hectares, com a produçãode 292.138 toneladas de espigas. A produção seconcentra nos estados de Minas Gerais, com 21,12% daprodução nacional, São Paulo, com 20,09% e Goiás, com18,69%. As produtividades médias nos três estadosforam, respectivamente, 4.812 kg.ha-¹, 5.277 kg.ha-¹ e5.364 kg.ha-¹. Cerca de 68,40% da produção colhida nopaís foi vendida, sendo que 25,92% dessa parcela foidestinada à indústria.Dentro da designação milho verde se inclui também omilho doce, cuja produção é quase toda destinada àindústria de conservas alimentícias.Com o crescimento do mercado e das exigênciascomerciais, as empresas produtoras de sementes passarama desenvolver cultivares apropriadas para o mercado demilho verde, cuja exploração se tornou uma excelentealternativa econômica para o produtor, em função do bompreço de mercado e da demanda pelo produto in natura epela indústria de conservas alimentícias, além dos valoresagregados, como utilização de mão-de-obra familiar,incremento do comércio, do transporte, da indústriacaseira e de outras atividades ligadas à agriculturafamiliar. O mercado tem se tornado tão promissor que

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produtores tradicionais de milho para grãos, feijão e café,entre outras culturas, estão se transferindo para aexploração de milho verde ou diversificando suasatividades, de modo a incluí-lo entre seus cultivos.Com o crescimento da atividade e para atender a ummercado cada vez mais exigente, torna-se necessárioutilizar tecnologias de cultivo apropriadas. Nesse sentido,este livro, fruto da integração de pesquisadores daEmbrapa Milho e Sorgo, Embrapa Hortaliças e Instituto deEconomia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura eAbastecimento do Estado de São Paulo, reúne valiosasinformações tecnológicas sobre o cultivo e acomercialização do milho verde comum e doce, visandoproporcionar aos produtores a obtenção de maioresrendimentos e melhor qualidade do produto a seroferecido aos consumidores.

Antônio Fernandino de Castro Bahia FilhoChefe Geral da Embrapa Milho e Sorgo

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SUMÁRIOIntrodução .................................................................................. 13Capítulo 1. Cultivares de Milho para o Consumo Verde .................. 171.1. Milho comum ....................................................................... 171.2. Milho doce ........................................................................... 241.3. Literatura citada ................................................................... 27Capítulo 2. Manejo e Tratos Culturais para o Cultivo do Milho Verde ............................................................... 312.1. Introdução ........................................................................... 312.2. Época de Plantio ................................................................... 322.3. Escalonamento ..................................................................... 362.4. Densidade de Plantio ............................................................. 372.5. Espaçamento........................................................................ 412.6. Quantidade de sementes ....................................................... 422.7. Aproveitamento da palhada de milho após a colheita das espigas ................................................................................ 432.8. Literatura citada ................................................................... 46Capítulo 3. Aspectos Fisiológicos do Milho para o Consumo Verde .. 513.1. Germinação e Emergência ..................................................... 513.2. Estádio V3 (Três folhas desenvolvidas) ................................... 533.3. Estádio V6 (Seis folhas desenvolvidas) ................................... 563.4. Estádio V9 ........................................................................... 583.5. Estádio V12 ......................................................................... 593.6. Estádio V15 ......................................................................... 603.7. Estádio V18 ......................................................................... 613.8. Pendoamento, Vt .................................................................. 623.9. Estádio R1, Embonecamento e Polinização ............................. 633.10. Estádio R2, grão bolha d’água .............................................. 663.11. Estádio R3, Grão Leitoso ..................................................... 673.12. Literatura citada ................................................................. 69Capítulo 4. Adubação para o Cultivo do Milho Verde ...................... 714.1. Introdução ........................................................................... 714.2. Conceitos de nutrição mineral para milho verde ...................... 724.2.1. Análise do solo .................................................................. 72

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4.2.2. Elementos químicos essenciais à planta ............................... 734.2.3. Adubação com Nitrogênio .................................................. 744.2.4. Adubação com Fósforo ...................................................... 764.2.5. Adubação com Potássio ..................................................... 774.3. Literatura citada ................................................................... 79Capítulo 5. Controle de Plantas Daninhas no Cultivo do Milho Verde 835.1. Introdução ........................................................................... 835.2. Métodos de Controle ............................................................ 845.2.1. Preventivo ........................................................................ 845.2.2. Cultural ............................................................................. 845.2.3. Mecânico .......................................................................... 855.2.3.1. Capina Manual ............................................................... 855.2.3.2. Capina Mecânica ............................................................ 855.2.4. Químico ............................................................................ 865.3. Literatura citada ................................................................... 90Capítulo 6. Irrigação para o Cultivo do Milho Verde ....................... 936.1. Introdução ........................................................................... 936.2. Requerimento de água pela cultura do milho ........................... 946.2.1. Evapotranspiração da cultura ............................................. 956.2.2. Evapotranspiração de referência ......................................... 956.2.3. Coeficiente de cultura para o milho verde ........................... 966.3. Água disponível no solo ......................................................... 986.3.1. Água total disponível ......................................................... 986.3.2. Água facilmente disponível ............................................... 1006.3.3. Profundidade efetiva do sistema radicular ......................... 1026.3.4. Lâmina de água armazenada no solo e turnode irrigação .... 1026.4. Manejo da irrigação ............................................................ 1036.4.1. Critério baseado no uso das características físico-hídricas do solo e na estimativa da evapotranspiração da cultura ..... 1046.4.2. Critério baseado em sensores para monitoramento do potencial ou da umidade do solo ....................................... 1076.4.3. Irrigação do dia do plantio e dos dias próximos subseqüentes .................................................................. 1106.4.4. Lâmina bruta de irrigação ................................................. 1126.5. Consumo total de água pela cultura do milho verde ............... 1136.6. Literatura citada ................................................................. 114

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Capítulo 7. Doenças e seu Controle no Cultivo do Milho Verde ..... 1177.1. Mancha por Exserohilum (Mancha por Helminthosporium) ..................................... 1177.2. Ferrugem comum .............................................................. 1197.3. Ferrugem polissora ............................................................. 1207.4. Ferrugem branca ou tropical ................................................ 1227.5. Mancha por Phaeosphaeria ................................................. 1237.6. Míldio do sorgo em milho ..................................................... 1247.7. Mancha por Cercospora ...................................................... 1267.8. Enfezamentos ..................................................................... 1287.9. Virose do rayado fino .......................................................... 1317.10. Virose do mosaico comum................................................. 1327.11. Doenças foliares causadas por bactérias ............................ 1337.12. Podridões do colmo........................................................... 1347.13. Literatura citada ............................................................... 135Capítulo 8. Controle de Pragas no Cultivo do Milho Verde ............ 1378.1. Introdução ......................................................................... 1378.2. Descrição, Danos e Controle das Pragas do Milho Verde ....... 1398.2.1. Pragas Subterrâneas........................................................ 1398.2.1.1. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) ..................... 1398.2.1.2. Larva da vaquinha (Diabrotica speciosa e D. viridula) ...... 1418.2.1.3. Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) ....................................... 1448.2.1.4. Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea) ................... 1458.2.1.5. Bicho-bolo, coró ou pão de galinha (Eutheola humilis, Dyscinetus dubius, Stenocrates sp, Liogenys sp.) ............ 1468.2.1.6. Larva-arame (Conoderus spp, Melanotus spp) ................ 1468.2.2. Pragas da Parte Aérea ..................................................... 1478.2.2.1. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) .................. 1478.2.2.2. Broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) ............. 1498.2.2.3. Cigarrinha-do-milho (Daubulus maidis) ............................ 1498.2.2.4. Curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes) ......................... 1508.2.2.5. Cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta) .................... 1518.2.2.6. Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maydis) ........................ 1528.2.2.7. Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) ............................... 1528.2.2.8. Mosca-da-espiga (Euxesta eluta) .................................... 1538.2.3. Pragas de ocorrência secundária ...................................... 154

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8.2.3.1. Ácaros (Tetranychus urticae e Catarhinus tricholaenae) ............................................... 1548.2.3.2. Tripes .......................................................................... 1548.2.3.3. Percevejos (Dichelops spp., Nezara viridula) ................... 1558.3. Literatura citada ................................................................. 155Capítulo 9. Controle Biológico de Pragas no Cultivo do Milho Verde ............................................................. 1579.1. Introdução ......................................................................... 1579.2. Controle biológico ............................................................... 1589.2.1. Controle biológico clássico ............................................... 1589.2.2. Aumento da população de inimigos naturais ...................... 1599.2.3. Conservação de inimigos naturais ..................................... 1609.3. Inimigos naturais associados às principais pragas de milho ..... 1609.3.1. Doru luteipes (Tesourinha) ................................................ 1649.3.2. Trichogramma spp. .......................................................... 1659.3.3. Telenomus remus ............................................................ 1679.3.4. Chelonus spp. .................................................................. 1689.3.5. Campoletis flavicincta ..................................................... 1709.4. Uso de inimigos naturais no cultura de milho ......................... 1729.5. Controle microbiano (doenças) ............................................. 1739.5.1. Baculovirus ..................................................................... 1739.6. Literatura citada ................................................................. 175Capítulo 10. Aspectos Econômicos da Comercialização e Custo de Produção do Milho Verde .................................... 17910.1. Introdução ....................................................................... 17910.2. Análise por Estado ............................................................ 18010.2.1. Comercialização em Minas Gerais .................................. 18110.2.2. Comercialização em São Paulo ....................................... 18510.2.3. Custo de produção ......................................................... 18810.3. Literatura citada ............................................................... 191Capítulo 11. Colheita, Transporte e Comercialização do Milho Verde .................................................................... 19311.1. Milho Verde comum.......................................................... 19311.2. Pós-colheita do milho verde comum ................................... 19511.3. Milho doce ....................................................................... 197

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11.4. Transporte ....................................................................... 19811.5. Comercialização ............................................................... 20011.6. Literatura citada ............................................................... 204Capítulo 12. Manuseio Pós-Colheita de Milho Doce ...................... 20712.1. Introdução ....................................................................... 20712.2. Colheita ........................................................................... 20712.3. Seleção e classificação ..................................................... 20712.4. Embalagem ...................................................................... 20812.5. Resfriamento rápido .......................................................... 20812.6. Teste de resfriamento rápido de milho doce com água gelada .............................................................................. 21012.7. Armazenamento ............................................................... 21212.8. Carregamento e transporte ............................................... 21212.9. Problemas Fitossanitários .................................................. 21312.10. Literatura citada ............................................................. 216

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INTRODUÇÃO

Israel Alexandre Pereira Filho1

O milho (Zea mays L.) é utilizado na alimentação humanasob diversas formas de grãos secos e verdes. No caso degrãos verdes para consumo in natura, é chamadopopularmente de milho verde, que pode ser consumidocozido ou assado, processado para fazer curau, pamonhae suco e, ainda, como ingrediente para fabricação debolos, biscoitos, sorvetes e uma série de outros tipos dealimentos. O cultivo do milho verde é uma atividade quaseque exclusiva de pequenos e médios agricultores,responsáveis pela colocação do produto no mercado. Háalgum tempo, utilizavam-se para a produção de milhoverde as mesmas cultivares indicadas para a produção degrãos, mas, com a crescente demanda e comconsumidores cada vez mais exigentes quanto àscaracterísticas comerciais das espigas, diversas empresasprodutoras de sementes, resolveram desenvolver cultivaresque atendessem às exigências do mercado consumidorquanto a algumas características, tais como: espigaslongas e cilíndricas, bem empalhadas, de sabugos claros,grãos uniformes, do tipo dentado, de cor amarela e depericarpo macio e, ainda, que permaneça mais tempo nocampo, no ponto de milho verde, ou seja, com umidadeao redor de 70 a 80%. É importante que as cultivaresindicadas para milho verde sejam tolerantes às doenças epragas que atacam as espigas, causando danos às mesmase prejudicando a comercialização.

1Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal 151. Sete Lagoas,MG. E-mail : [email protected]

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Dentro do contexto milho verde, inserem-se também omilho doce e o superdoce, que somente são consumidosna forma de milho verde in natura ou industrializados.Muitas receitas em que se utiliza o milho verde comum senão aplicam a esse tipo milho, devido ao elevado teor deaçúcar e à baixa quantidade de amido. Essa espécietambém não é utilizada na forma de grãos secos, a nãoser para sementes.A produção de milho para o consumo no estádio verde,“comum” ou “doce e super doce” exige atenção paraalguns fatores, como: escolha da cultivar, espaçamentoentre linhas, densidade de semeadura, adubação, uso deherbicidas, tipo de consumo, momento e hora de colheitae a distância do mercado consumidor. Maiores detalhesserão fornecidos nos capítulos específicos sobre cadaassunto. O milho verde pode ser considerado umahortaliça, devido à grande agilidade que se deve ter nacolheita (ao redor de 90 dias no verão e 120 no inverno) ena entrega, pois o produto pode perder suascaracterísticas comerciais em poucas horas, dependendoda condição climática. Por isso, a produção deve se situaro mais próximo dos centros consumidores.O cultivo do milho verde se realiza durante todo ano, coma finalidade de atender ao mercado consumidor. Por isso,na época da seca, necessita ser irrigado. Entretanto, emalgumas regiões onde se cultiva milho safrinha devido àatratividade do mercado de milho grão, parte da produçãotem sido comercializada como “milho verde”, com boasperspectivas comerciais e econômicas, pois, naentressafra, o produto alcança bom preço.A cultura do milho verde se tornou uma alternativa degrande valor econômico para o produtor, devido ao bompreço de mercado, à demanda pelo produto in natura epela indústria de conservas alimentícias, além dos valores,agregados como mão-de-obra familiar, movimentação do

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comércio, transporte, industria caseira e de outrasatividades ligadas à agricultura familiar. O mercado tem setornado tão promissor que produtores tradicionais demilho grão, feijão, café, entre outros, estão setransferindo ou diversificando para a atividade milhoverde.

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Capítulo 1. Cultivares de Milho para o  Consumo Verde

Israel Alexandre Pereira Filho¹José Carlos Cruz¹

Elto Eugenio Gomes e Gama1

1.1. Milho comumO consumo de milho verde é uma tradição no Brasil,comercializado para consumo “in natura” ou processadoparar fazer pamonha, curau, suco, bolo, sorvete, dentreoutros produtos tradicionais, durante o ano todo, nosprincipais centros consumidores.A crescente demanda por milho verde de qualidadeobrigou as empresas produtoras de sementes de milhopara grãos a desenvolver cultivares que atendam asexigências do mercado consumidor quanto às seguintescaracterísticas: grãos dentados amarelos, espigas grandese cilíndricas, sabugo claro e fino, pericarpo delicado ebem empalhadas (Figuras 1.1a e 1.1b), com longevidadede colheita. Devem apresentar também boa resistência àlagarta-da-espiga (Heliothis zea) (Ishimura et al., 1986;Wann & Hills, 1975 e Fornasieri Filho, 1987).Entretanto, tem-se observado no mercado de milho verde,comercializado com e sem casca, muita desuniformidade,mostrando que o produtor de milho verde ainda necessitade muitas informações a respeito de cultivares apropriadaspara esse seguimento de mercado cada vez mais promissore mais exigente. Ainda é grande o número de agricultoresque vêm utilizando para esse fim os mesmos milhos¹Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. e-mail: [email protected];[email protected]; [email protected]

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destinados à produção de grãos. Entretanto, esse tipo demilho não satisfaz as exigências do mercado compradorde milho verde em casca e nem do comercializado embandeja protegida com filme de PVC transparente.Também é comum a utilização de cultivares de milhousados para a produção de silagem, que apresentamcaracterísticas de grãos e espigas bem próximas dasexigidas pelos consumidores de milho verde “in natura”.Atualmente, há centenas de cultivares de milhodisponíveis no mercado de sementes no Brasil, massomente 15 destas são recomendadas pelas firmasprodutoras de semente como sendo apropriadas paramilho verde (Tabela 1.1). Verifica-se uma grande variaçãonos tipos de sementes existentes no mercado devariedades, com menor potencial produtivo e de menorcusto, até híbridos simples de maior potencial produtivo emaior custo de sementes. Também se verificamalternativas em termos de ciclo e características do grão,como cor e textura (Cruz et al., 2000).Na obtenção de cultivares para a produção de milhoverde, levam-se em conta, além dos aspectos comerciaisda espiga, outros fatores, como espigas que permaneçamno ponto de colheita por um período mais longo. Há

A B

Figura 1.1. a) Espiga de milho verde comercial mostrando grãos profundos decor amarelo-clara e sabugo também claro; b) espigas de milho verdeempalhadas. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG. 2001.

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inúmeras indicações de que endospermas mais duros, dotipo flint, passam mais rapidamente do ponto de milhoverde (estádio leitoso), enquanto que os endospermasmais moles, tipo dente e amiláceo, duram mais temponesse estádio (Ikuta e Paterniani, 1970).Tabela 1.1. Caracterização de algumas cultivares de milho recomendadas pelasfirmas produtoras de semente para a produção de milho verde. Sete Lagoas MG,2001.

Considerando que as características quantitativascomerciais para milho verde são o comprimento da espigacom palha, quando se destina às feiras livres e quitandase o peso de espigas sem palha, quando se destina aossupermercados, Oliveira et al. (1987) estudaram asrelações existentes entre essas características com outroscaracteres da espiga. O comprimento da espiga com palhafoi influenciado pelos caracteres comprimento da espiga

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sem palha, peso de espiga com e sem palha e o diâmetroda espiga, sendo que as maiores correlações foramobtidos com o comprimento da espiga sem palha e o pesoda espiga com palha. Por outro lado, o peso da espigasem palha foi influenciado pelos caracteres peso de espigacom palha, comprimento da espiga com e sem palha e odiâmetro da espiga, sendo que ss maiores correlaçõesforam obtidos com o peso de espiga com palha e odiâmetro da espiga. Baseado nesses critérios, os autoressepararam, dentre as cultivares avaliadas, aquelas maispromissoras para milho verde que se destina às feiras equitandas daquelas mais promissoras para o milho verdeque se destina aos supermercados.Sem levar em conta o fator de “tempo de permanência noponto de colheita”, os genótipos já conhecidos quanto àboa capacidade produtiva foram também os melhores paraa produção de milho verde, bem como quanto àproporção de espigas ótimas e boas do ponto de vistacomercial. Chamaram a atenção para a variedadeCentralmex, para a produção de milho verde ou comomaterial de seleção, pois sua produção foi satisfatória e,além disso, é de tipo mole (dentado), tem grãos bemgrandes e as espigas, em geral, são de bom aspecto (Ikutae Paterniani 1970). A variedade Centralmex já foiintensamente utilizada no Nordeste, tanto para aprodução de grãos como para a produção de milho verde,sendo utilizada como testemunha em vários trabalhos depesquisa.Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram avaliadasnove cultivares de milho, quanto aos rendimentos degrãos verdes e secos, observando-se que elas nãodiferiram quanto ao número de espigas verde. Entretantosobressaíram quanto à produtividade de espigas

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empalhadas comerciáveis de milho verde, as cultivares Ag5201 e Ag 303. A cultivar Cargill 505 foi a mais produtivaquanto ao peso de espigas despalhadas comerciáveis demilho verde (Silva e Silva, 1989; Silva e Silva, 1991; Silvae Freitas, 1996 e Silva et al., 1997).Existem, na literatura nacional, poucos trabalhoscomparando cultivares de milho para a produção de milhoverde. A comparação de híbrido simples (Cargill 742) comum híbrido intervarietal (IAC Phoenyx 1817) e um híbridoduplo braquítico (Ag 351 B) mostrou que o híbridosimples apresentou maior índice de espigas e maior pesode espigas com palha. Também apresentou maior peso deespigas despalhadas em relação ao peso de espigas compalhas e maior peso médio de espiga despalhada. Nãohouve diferenças entre cultivares para o comprimento e odiâmetro de espigas despalhadas. O híbrido simplestambém mostrou maior uniformidade, maior peso enúmero de espigas comerciáveis. Nesse trabalho, oshíbridos intervarietais e as variedades apresentarammenores rendimentos de espigas comerciáveis. O híbridosimples também mostrou-se o mais adequado paraexploração durante todo o ano, cultivado sob irrigação(Ishimura et al.,1984; Ishimura et al.,1986; Oliveira etal.,1990).Trabalhos com híbridos e variedades associados a épocasde semeadura evidenciam que a única cultivar que nãosofreu influência da época da plantio foi o híbrido Cargill742, com maior produtividade de espigas comerciais. Ascultivares BR 402, de endosperma doce, e Cargill 605tiveram boas produtividade, porém sofreram com asépocas de semeadura (Fornasieri et al., 1988).

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Na escolha da cultivar para o produção de milho verde, oprodutor deve levar em conta os seguintes aspectos:planta de porte médio, resistente ao acamamento equebramento, espiga bem empalhada, pedúnculo firme,sabugo fino, claro e cilíndrico, grãos amarelo-claros,grandes e uniformes, com equilíbrio entre os teores deaçúcar e amido, para a confecção de alimentos à base demilho verde, permanência das espigas por mais tempo noponto de colheita. Atendendo à quase totalidade dessesrequisitos, o híbrido triplo DINA 170 chegou a ocuparcerca de 90% das áreas plantadas nas regiões produtoras.As cultivares Ag 951, Pioneer 3230 e G500 tiveram menorexpressão no mercado (Bottini et al.,1995).Na região de Mossoró, RN, trabalhos de avaliações decultivares evidenciaram que a Centralmex e a FO-01apresentaram os maiores pesos de matéria fresca da parteaérea. Entretanto, as cultivares C3m-8440, RC3-8398 eCO 34 foram as mais produtivas quanto ao peso total deespigas. Em Pernambuco, as cultivares BR 473, BR 106,CMS 50, BR 453, BR 5037, CMS 52 E e o híbrido triploBR 3123 podem ser recomendados para a produção demilho verde, na Zona da Mata, Norte do Estado ( Silva,2000; Tabosa et al., 2000).Considerando que o comprimento e o peso de espigascom palha são importantes quando o milho verde sedestina às feiras livres e que o comprimento e o peso deespigas sem palha são importantes quando o milho verdese destina aos supermercados, as cultivares Agx 1791, Ag4051 e Agx 4595 foram promissoras para acomercialização tanto em feiras livres como emsupermercados (Valentini & Shimoya, 1998).As variedades IAC Pariquera, IAC Mococa, BRS 4157 e BR4158, por apresentarem menor incidência de Heliothis

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zeae, melhor padrão de espigas, superiores a 17centímetros de comprimento, melhor rendimento e maiorpeso das espigas sem palha, podem ser indicadas parasistema de produção orgânico (Araújo et al., 2000).Na região Sul de Minas foram avaliados 13 híbridos para aprodução de milho verde, destacando-se os Cargill 553,653 e 956, que apresentaram maior produtividade deespigas totais e comerciais, com valores superiores a 21 tha-¹. Os híbridos DINA 170 e Ag 4051 apresentaram maiorpercentagem de espigas comerciais, com valores de 94 e93%, respectivamente. Com relação ao comprimento deespigas comerciais, os híbridos CO 9621 e Ag 4051 foraminferiores em relação aos demais (Paiva Junior, 1998). Oshíbridos Cargill 654, Cargill 956 e AGRO 2012apresentaram menor porcentagem de pericarpo em relaçãoao grão, quando comparados com os demais. O tempo debanca variou de dois a cinco dias, sendo que os híbridosCO 9560, Cargill 956, CO 9621 e Z 8501 apresentarammenor tempo, ao passo que o híbrido Agx 1791apresentou o maior tempo (Tabela 1.2).Trabalho conduzido por Pereira Filho et al. (1998),verificou-se que, exceto a variedade Metro RN, umacultivar utilizada no Nordeste, entre as demais cultivarespraticamente não houve diferenças quanto à produçãototal de espigas. Em relação ao rendimento de espigascomerciais, a cultivar Ag 4051 superou as demais, sendoque a Ag 1051, DINA 170, PL 6880 e HS 205 tiveramrendimentos semelhantes, o que também ocorreu entre asduas variedades (Metro RN e BR 106). O rendimentomédio de peso de espigas comerciais dos híbridos (8.187kg/ha) foi cerca de 28% superior ao rendimento médio dasvariedades (5.894 kg/ha). Essa superioridade dos híbridosé também observada na percentagem de espigas

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comerciais, embora não tenha havido diferenças entre ohíbrido HS 205 e a variedade Metro RN (Tabela 1.3).

1.2. Milho doceAs características exigidas pelo mercado consumidor demilho doce e superdoce diferenciam-se do milho verdenormal, especialmente quanto ao teor de açúcar. Para aindústria, maior teor de açúcar e menor teor de amido têmsido a preferência, o que também é desejado para oconsumo “in natura”. A característica maior teor de açúcarinviabiliza o processamento de alguns pratos, como ocural e a pamonha, devido ao baixo teor de amido. Omilho normal tem em torno de 3% de açúcar e entre 60 e70% de amido, enquanto o milho doce tem de 9 a 14%de açúcar e de 30 a 35% e o superdoce tem em torno de25% de açúcar e de 15 a 25% de amido (Silva, 1994).

Tabela 1.2. Valores médios de peso de espigas total (PET), peso de espigascomerciais (PEC), porcentagem de espigas comercializáveis (EC), diâmetro deespiga comercial (DEC), comprimento de espiga comercial (CEC), porcentagemde massa, de pericarpo e tempo de banca de 13 híbridos de milho. Lavras, MG,1998.

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Quanto a esse tipo de milho, o produtor deve procuraruma cultivar que seja mais resistente à transformação dosaçúcares em amido e ao murchamento. Para a indústria,alguns atributos a mais deverão ser observados, como:rendimento acima de 30%, ou seja, para cada 100 kg deespigas empalhadas, o rendimento deverá ser de 30 kg degrãos enlatados; espigas acima de 20 cm, cilíndricas e degrãos profundos; longevidade de colheita (entre cinco eseis dias, com umidade em torno de 69 a 75%); espigascom mais de 16 fileiras de grãos, o que permite maiorrendimento industrial; equilíbrio entre o número de palhase a perfeita proteção da espiga, ou seja, camadas depalhas acima de 14 prejudicam o rendimento industrial eabaixo de sete camadas não protegem o suficiente,facilitando o ataque de pragas e doenças, comconseqüência na qualidade; grãos de coloração amarelo–alaranjada e de pericarpo fino, o ideal é que seja ao redorde 45 a 50 micras, o que confere maior maciez ao grão, ecom Brix em torno de 30%. Além das característicasexigidas pela indústria, devem também ser resistentes àsprincipais pragas e doenças que atacam a cultura. No

Tabela 1.3. Peso total de espigas (PTE), peso de espigas comerciais (PEC),percentagem de espigas comerciais (ESC), comprimento de espigas comerciais(CEC) e diâmetro de espigas comerciais (DEC) obtidos de diferentes cultivaresde milho destinadas ao consumo verde. Sete Lagoas, MG, 1998.

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mercado, existem poucas opções desse tipo de milho,talvez devido ao fato de o brasileiro não ter o hábito decomer milho verde do tipo doce. As poucas opções demilho doce existentes no mercado estão apresentadas naTabela 1.4.

aceitação:• Possibilidade de plantio durante o ano todo.• Produtividade em campo acima de 12 t ha-¹• Tolerância às principais doenças: mancha de

Phaeosphaeria, ferrugem, helmintosporiose eenfezamento.

• Tolerância às principais pragas: lagarta-da-espiga elagarta-do-cartucho.

• Ciclo variando entre 90 e 110 dias.

Tabela 1.4. Cultivares comerciais de milho doce e superdoce e algumascaracterísticas de importância para o produtor de milho verde. Embrapa Milho eSorgo. Sete Lagoas, MG, 2001.

O manejo do milho doce em relação a densidade,espaçamento, controle de pragas, doenças e plantasdaninhas, adubação de plantio e cobertura eescalonamento de plantio e colheita segue o mesmoproposto para o milho verde comum.A colheita pode ser mecanizada ou manual, sendo que acolheitadeira colhe ao redor de 100 t/12 horas de serviçoe a manual necessita de 8 a 10 homens/dia/ha.Para que se possa atender tanto aos interesses daindústria de envasamento quanto a produção para o uso“in natura” e ao próprio produtor, o milho “comum edoce”, deverá contemplar alguns atributos, para ter boa

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• Uniformidade de maturação das espigas.• Longevidade no período de colheita, com espigas

apresentando teor de umidade entre 68 e 75%,adequado para o envasamento e para o consumo “innatura”.

• Índice de espiga igual a 1 e que tenha comprimento emtorno de 20 cm, formato cilíndrico e número de fileirasmaior ou igual a 14.

• Espigas cilíndricas e grandes.• Resistência ao acamamento e quebramento de plantas.• Plantas de porte médio.• Bom empalhamento, sempre cobrindo a ponta sem

ultrapassar o total de 12 camadas de palha. Valor acimapoderá correlacionar-se negativamente com orendimento comercial.

• Grãos com equilíbrio entre teores de açúcar e amido paramilho comum.

• Pedúnculo firme.• Grãos profundos e de coloração amarelo intenso ou

alaranjado.• Brix acima de 30, exigido pelo mercado consumidor mais

selecionado para o milho doce.• Espessura do pericarpo acima de 45 micras.• Rendimento industrial igual ou maior que 30%.

1.3. Literatura citadaARAÚJO, P.C. de; PERIN, A.; MACHADO, A.T. de;ALMEIDA, D.L. de.Avaliação de diferentes variedades demilho para o estádio de “verde” em sistemas orgânicos deprodução In: CONGRESSO NASCIONAL DE MILHO ESORGO, 23.,2000, Uberlândia. [Resumos expandidos]...Sete Lagoas: ABMS/Embrapa Milho e Sorgo/UniversidadeFederal de Uberlândia, 2000. CD ROM.

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.BOTTINI, P.R.; TSUNECHIRO,A.; COSTA, F. A.G. da.Viabilidade da produção de milho verde na “safrinha”.Informações Econômicas, São Paulo, v.25, n. 3, p. 49 -53, 1995.COUTO,L.; COSTA, E. F. da; VIANNA,R.T.; SILVA, M. A.da. Produção de milho verde, sob irrigação. Sete Lagoas:EMBRAPA-CNPMS, 1984. 4 p. (EMBRAPA-CNPMS.Pesquisa em Andamento, 3).CRUZ, J.C ; PEREIRA FILHO, I.A .; GAMA, E.E.G.;PEREIRA , F.T.F.; CORREA, L.A Cultivares de milhodisponíveis no mercado de sementes do Brasil no ano2000.Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2000. 33 p.(Embrapa Milho e Sorgo. Documentos, 4 ).FORNASIERE FILHO, D. Milho: aptidão climática.Jaboticabal: FCAV/UNESP, 1987. 26 p. Mimeografado.FORNASIERE FILHO, D.; CASTELLANE, P. D. e CIPOLLI,J.R. Efeito de cultivares e épocas de semeadura naprodução de milho verde. Horticultura Brasileira, Brasilia,v. 6, n.1,p. 22 - 24, 1988.IKUTA, H.; PATERNIANI, E. Programa de milho verde.Relatório Científico da Escola Superior de Agricultura“Luiz de Queiroz”, Piracicaba, v. 4, p. 58 - 61, 1970.ISHIMURA, I.; SAWAZAKI, E.; IGUE, T.; NODA, M.Práticas culturais na produtividade de milho-verde.Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v.19, n. 2, p.201 - 206, 1984.ISHIMURA, I.; YANAI, K.; SAWAZAKI, E.; NODA, M.Avaliação de cultivares de milho verde em Pariquera-Açu.Bragantia, Campinas, v. 45, n.1,p. 95 –105, 1986OLIVEIRA, L.A.A. DE; GROSZMAN,A.; COSTA, R.A. da.Caracteres da espiga de cultivares de milho no estádioverde. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v. 22, n.6, p. 587 - 592,1987.

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Capítulo 2. Manejo e Tratos Culturais para o Cultivo do Milho Verde

José Carlos Cruz1Israel Alexandre Pereira Filho1

2.1. IntroduçãoO cultivo do milho tem sido bastante estudado no Brasil,em todos os aspectos, envolvendo tanto a obtenção e arecomendação de cultivares de alto potencial produtivoquanto o manejo cultural e o efeito de característicasedafoclimáticas necessárias para explorar o máximopotencial genético da semente. Segundo Duvick (1992), opotencial produtivo do milho é o somatório da melhoriagenética (47,75%) e da melhoria das condiçõesambientais (52,25%), que nada mais é que a utilização detécnicas de manejo cultural mais adequadas à planta, emcada ambiente de cultivo. No caso específico daexploração de milho verde para o consumo “in natura”,existem poucas informações, especialmente no dizrespeito ao manejo da lavoura. Nesse tipo de exploração,deve ser levado em conta que as espigas de milho verdeserão colhidas antes que os grãos atinjam a maturidadefisiológica e que o agricultor deverá estar atento a umasérie de características peculiares do produto, para quetenha sucesso em sua atividade.Um aspecto relevante no manejo cultural para a produçãode milho verde é que essa exploração geralmente éconduzida em pequena escala, em médias lavouras, e acolheita é manual, necessitando cerca de dez pessoas paraa lotação de um caminhão (com capacidade de 500 a 600¹Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo. Caixa postal 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. e-mail : [email protected];[email protected]

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sacos) para transporte (Bottini et al.,1995). A embalagemutilizada para a comercialização do milho verde é o sacode malha de polietileno ou polipropileno IV, de 0,80 m x0,50 m, cuja capacidade é de 25 kg, correspondente aoconteúdo de 50 a 55 espigas (Bottini et al.,1995).Segundo esses autores, a produtividade esperada complantio em outubro-dezembro é de 400 a 500 sacos de 25kg de espigas por hectare, enquanto que na “safrinha”(plantio de janeiro a março, sem irrigação) a produtividadeesperada é de 250 a 350 sacos. Um levantamentorealizado em duas microrregiões do estado do Rio deJaneiro confirmam que a cultura é explorada em pequenasáreas, sendo que 93% das propriedades cultivam de um acinco hectares (Oliveira,1989).

2.2. Época de PlantioO plantio de milho na época correta, embora não tenhanenhum efeito no custo de produção, seguramenteafetará o rendimento e, conseqüentemente, o lucro doagricultor.Hoje, com os avanços nos trabalhos na área declimatologia, o Brasil já tem um zoneamento agrícola(Zoneamento Agrícola, 2000) que fornece informaçõessobre as épocas de plantio de milho, com menores riscos.Cultivar milho verde fora da época normal proporcionabons preços e mantém o mercado abastecido durante oano todo.Em levantamento realizado nas regiões das baixadaslitorâneas e metropolitana do Estado do Rio de Janeiro,verificou-se que o plantio do milho verde é realizado,predominantemente, três a quatro vezes ao ano,concentrando-se nos meses de março, agosto, setembro eoutubro (Oliveira,1989).

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Tsunechiro et al.(1990) verificaram que a produção demilho verde no Estado de São Paulo apresenta um padrãosazonal bem definido, com período de safra ocorrendo nosemestre dezembro-maio (com concentração da produçãoem janeiro-abril), quando as quantidades comercializadasno mercado atacadista paulistano são as maiores do ano.O padrão sazonal apresenta tendência de queda daquantidade negociada no período de janeiro a setembro,com reversão de maio a junho, devido ao aumento noconsumo por ocasião das festas juninas.Em Minas Gerais, Coelho & Parentoni (1988), avaliando osíndices de variação estacional dos preços de milho verderecebido pelos produtores na CEASA-MG, no período de1981 a 1986, e os respectivos limites de confiança,verificaram que os preços mais altos são obtidos de junhoa setembro, com um máximo no bimestre julho-agosto, eos menores preços são os de janeiro a abril, com ummínimo em março, sendo que esses valores acompanhama curva de oferta. Verificaram, ainda, que o mês de julho,além de proporcionar preços mais remuneradores, tambémmostrou menor diferencial de preços entre os anos. Poroutro lado, os meses de setembro e fevereiroapresentaram uma maior variação, mostrando haver,nesses períodos, uma maior oscilação no abastecimentode ano para ano.O milho verde pode ser cultivado em diferentes épocas deplantio, mostrando ser possível mesmo no inverno,quando a disponibilidade hídrica é menor (Couto et al.,1984; Ishimura et al., 1986; Silva, 2000; Pereira Filho etal., 1998 e Firbasieri Filho et al., 1988).O ciclo da cultura varia consideravelmente com a épocade plantio, ocorrendo uma dilatação do ciclo nos períodoscorrespondentes aos meses de menor temperatura mínima

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média (Couto et al., 1984). Como conseqüência, onúmero de dias do plantio à colheita de espigas de milhoverde foi também bastante variável, sendo que o menorperíodo do plantio à colheita (91 dias) ocorreu no plantiode novembro e o maior (141 dias) no plantio de maio(Tabela 2.1). Essas diferenças no ciclo da cultura do milhosão motivadas pelo fato da planta de milho sertermossensível. Dessa forma, dependendo da região e daépoca de semeadura, as plantas ficarão expostas adiferentes temperaturas, provocando um encurtamento ouprolongamento do ciclo da cultura, pelo acúmulo deunidades de calor. Normalmente, nas condições doCentro-Sul do país, em plantios nos meses de janeiro-fevereiro, quando a cultura fica exposta a altastemperaturas durante a fase vegetativa, resultando emmaior acúmulo de unidades calóricas, ocorre uma reduçãodo ciclo e do potencial produtivo da cultura. No BrasilCentral, dependendo da cultivar, atraso do plantio a partirda época mais adequada (geralmente em outubro) poderesultar em redução no rendimento de grãos em até 30 kgde milho por hectare (Cruz,1999).O conhecimento dessa variação no ciclo da cultura emfunção das condições de temperatura é muito importantena planejamento do escalonamento de plantio e colheitado milho verde. Além disso, a época de semeadura podeinfluenciar no peso total de espigas, peso de espigascomerciais, porcentagem de espigas comerciais ecomprimento de espigas (Pereira Filho et al.1998) (Tabela2.2).

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A época de plantio do milho sem irrigação é limitadaprincipalmente pela disponibilidade hídrica, temperatura epela radiação solar. Quanto mais tarde for o plantio,menor será o potencial produtivo e maior o risco deperdas por seca e/ou geada (Alfonsi e Camargo, 1998;Oliveira et al., 1998; Quiessi et al., 1999; Brunini et al.,1998 e Duarte et al., 2000).As épocas limites para a semeadura do milho na safrinha,são baseados em trabalhos de vários autores sintetizadospor Duarte & Cruz (2001) . A “safrinha” é definida comoplantio de milho de sequeiro, cultivado,extemporaneamente, de janeiro a abril, quase sempre apósa soja precoce, na região Centro-Sul brasileira, envolvendo

Tabela 2.1. Peso total de espigas de milho verde irrigado, em kg ha-¹, ciclo, emdias do plantio à colheita. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, 1983.

Tabela 2.2. Peso total de espigas (PTE), peso de espigas comerciais(PEC),percentagem de espigas comerciais (ESC), comprimento de espigas comerciais(CEC) e diâmetro de espigas comerciais (DEC) em função da época de plantio(média de seis cultivares). Sete Lagoas, MG, 1998.

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basicamente os estados do Paraná, São Paulo, Goiás,Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, mais recentemente,Minas Gerais. A produção do milho verde é muito maisrentável que a de milho para grãos, no período da‘safrinha”. Entretanto, os plantios realizados além daépoca recomendada, tem os riscos da cultura em funçãode adversidades climáticas (deficiência hídrica do solo e/ou geadas) aumentado substancialmente, podendofrustrar-se totalmente a produção esperada (Botini et al.(1995).Nas regiões onde não ocorre geada, o cultivo do milhoverde, irrigado pode ser realizado o ano todo.

2.3. EscalonamentoPelas características dessa exploração, é comum o plantioescalonado durante o ano todo, ou parte do ano,observando, dessa forma, épocas que propiciam melhorescondições climáticas para o desenvolvimento da culturaou melhores preços. Normalmente, o escalonamento éfeito em função da demanda do mercado consumidor demilho verde “in natura” ou da indústria de conservasalimentícias, para o envasamento do produto, que podeser tanto milho verde comum como milho verde do tipodoce. O período de colheita do milho verde varia de cincoa oito dias, dependendo da cultivar e da época do ano emque é cultivado (Bottini et al., 1995). Diante das variáveisperíodo de colheita, tempo de comercialização e tempo deprocessamento na indústria, se estabelece qual é o melhorintervalo de plantio entre uma lavoura e outra, tanto paraconsumo “in natura” como para indústria de conservas.

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2.4. Densidade de PlantioO rendimento de grãos de uma lavoura de milho se elevacom o aumento da densidade de plantio, até atingir umadensidade ótima, que é determinada pela cultivar e porcondições externas resultantes de condiçõesedafoclimáticas do local e do manejo da lavoura. A partirda densidade ótima, quando o rendimento é máximo, umaumento na densidade resultará em decréscimoprogressivo na produtividade da lavoura. A densidadeótima é, portanto, variável para cada situação, sendobasicamente dependente dos fatores: cultivar,disponibilidade hídrica e nutricional. Quaisquer alteraçõesnesses fatores, direta ou indiretamente, afetarão adensidade ótima de plantio.Em termos genéricos, verifica-se que cultivares precoces(ciclo mais curto) exigem maior densidade de plantio emrelação a materiais tardios (ciclo mais longo), paraexpressarem seu máximo rendimento de grãos.Obviamente, quanto maior for a disponibilidade deumidade e de nutrientes, maior deverá ser a densidade deplantio, para se alcançar um rendimento máximo.O aumento da densidade de plantio também afeta ascaracterísticas da planta, tais como: redução no número(índice de espigas) e tamanho da espiga por planta, queafetará diretamente a produção de milho verde comercial.Três espaçamentos: 80, 100 e 120 cm entre linhas,correspondendo, respectivamente, às densidades desemeadura de 41.667, 50.000 e 62.500 plantas porhectare, foram testados por Ishimura et al. (1984), naprodução de espigas de milho verde, em solo orgânico, noestado de São Paulo, onde verificaram redução doespaçamento entre linhas, que resultou no aumento dadensidade de plantas, proporcionando aumento

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significativo do número de espigas colhidas e daprodução, sem alterar o peso médio de espigasdespalhadas.Paiva Júnior et al.(1998) compararam duas densidades deplantio e verificaram que, na densidade de 35 mil plantas/ha, houve maior diâmetro e comprimento de espigascomerciais, associado a uma redução no porte da planta.A maior produtividade, entretanto, foi verificada nadensidade de 55 mil plantas/ha, porém não houvediferença entre as densidades para a porcentagem deespigas comerciais.Estudos realizados por Pereira Filho et al. (1998)mostraram que a densidade de plantio afetou orendimento médio de espigas totais, comerciais (Figura2.1), percentagem de espigas comerciais (Figura 2.2),comprimento de espiga (Figura 2.3) e o diâmetro de

Figura 2.1. Produção média de espigas comerciais em de diferentes densidadesde plantio. Sete Lagoas, MG, 1998.

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espigas comerciais (Figura 2.4).

Figura 2.2. Comprimento médio de espigas em diferentes densidades de plantio.Sete Lagoas, MG, 1998.

Figura 2.3. Porcentagem média de espigas comerciais diferentes densidades deplantio. Sete Lagoas, MG, 1998.

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O peso total máximo de espigas foi obtido com adensidade de plantio de 58.800 plantas/ha, enquanto queo rendimento máximo de espigas comerciais foi obtidocom a densidade de plantio de 47.000 plantas/ha. Apercentagem máxima de espigas comerciais foi obtidacom 25.500 plantas/ha, enquanto que o comprimento e odiâmetro de espigas comerciais decresceram linearmentecom o aumento da densidade de plantio.Densidades de plantio de 30 e 50 mil plantas/haresultaram em qualidade de grãos verdes superiores, commaior teor de proteína, quando comparado com adensidade de 70 mil plantas/ha (Silva,1986). Paraprodução de milho verde na “safrinha”, no estado de SãoPaulo, o uso de 30 a 35 mil plantas/ha e sugerido porBottini et al.(1995). Vários produtores de milho verde noestado de São Paulo, chegaram à conclusão de que a

Figura 2.4. Diâmetro médio de espigas comerciais em diferentes densidades deplantio. Sete Lagoas, MG, 1998.

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densidade mais adequada para obter uma boaprodutividade de espigas comerciais está em torno de 48mil plantas/ha. (Silva,1994).Baseado nessas considerações, verifica-se que a densidadede plantio para a produção de milho verde deve variarentre 35 mil e 55 mil plantas/ha, portanto, menor do quea densidade normalmente utilizada para a produção degrãos.

2.5. EspaçamentoAssociado à densidade de plantio está o espaçamentoentre fileiras que no Brasil varia de 70 a 100 cm oumenos, em algumas situações. Verifica-se uma tendênciade se utilizar cada vez mais os espaçamentos reduzidos,pelas seguintes razões: aumento no rendimento de grãos,por propiciar uma distribuição maior de plantas na área,aumentando a eficiência na utilização de luz solar, água, enutrientes; melhor controle de plantas daninhas, emfunção do mais rápido fechamento dos espaçosdisponíveis; redução da erosão, pela cobertura antecipadada superfície do solo. Essa tendência de redução noespaçamento, entretanto, não se aplica à produção demilho verde, em que a colheita é sempre manual, o querequer espaço para movimentação. Segundo Bottini et al.(1995), no estado de São Paulo, é comum a utilização doespaçamento de 90 a 100 cm.Comparando os espaçamentos de 80 e 100 cm entrefileiras, Pereira Filho et al. (1998) verificaram que oespaçamento de um metro entre fileiras foi melhor,apresentando maior produtividade de espiga total e deespigas comerciais.

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42 O Cultivo do Milho Verde

2.6. Quantidade de sementesO número de sementes utilizadas em uma área édeterminado pela população final desejada. A Tabela 2.3mostra o número de sementes necessárias por dez metrosde sulco, em função da densidade e do espaçamentoentre linhas. No cálculo de sementes, são incluídos 20%a mais, para compensar perdas relacionadas àpercentagem de emergência, ao ataque de pragas edoenças, bem como a danos mecânicos e déficit hídrico.Tabela 2.3. Número de sementes recomendado para dez metros de sulco, emrelação ao estande e ao espaçamento entre linhas.

Para uniformizar e facilitar a semeadura, as sementes demilho são classificadas, quanto à forma, em redondas echatas, as quais são separadas em diversos tamanhos ecomprimentos. Muitos agricultores acreditam quesementes menores ou com formas arredondadas nãogerminam bem e resultam em menores rendimentos.Entretanto, Andrade, Andreoli e Neto (1998) citamtrabalhos de vários autores e também nos seus que otamanho e a forma das sementes não afetam orendimento das lavouras de milho (Tabela 2.4). Segundoesses autores, a utilização de sementes menores podeacarretar uma economia na quantidade de sementes noplantio de até 44%, em relação a sementes maiores. Essaeconomia pode ser bastante relevante na produção demilho verde, em que algumas cultivares maisespecializadas apresentam um alto preço por kg de

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sementes. Hoje, grande parte das firmas produtoras jávende o saco de sementes com um determinado número(geralmente 60.000 sementes).Tabela 2.4. Efeito do tamanho de sementes sobre a produtividade de milho parauma densidade de 50.000 plantas por hectare. Embrapa Milho e Sorgo. SeteLagoas MG, 1998.

2.7. Aproveitamento da palhada de milho após a colheita das espigasNa colheita de milho verde, nem todas as espigas sãocomercializáveis, havendo uma produção de palhada eespigas não comercializáveis que poderão ser utilizadascomo forragem ou como adubação orgânica.Variações na produção de matéria fresca da parte aéreada planta sem espiga, de 14,77 a 44,50 t ha-1 foiencontrada por Couto et al. (1984) , em dez épocas deplantio durante o ano e em três cultivares de milho. Emestudo semelhante, Oliveira et al.(1990), trabalhando comdez épocas de plantio durante o ano e quatro cultivaresde milho, relatam valores de 14,0 a 35,6 t ha-1, de pesoda massa verde da planta sem espigas.A produção de matéria seca da palhada de duasvariedades de milho (BR 105 e BR 126) foram avaliadaspor Ramalho et al. (1985) durante dois anos e em seteépocas de plantio, onde verificaram que a produção dematéria seca foi de 7,5 t ha-1, correspondendo a uma

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produção de matéria verde estimada em 29 t ha-1

considerando que o teor de umidade desse material varioupouco entre as épocas, ficando em torno de 74,3%.Segundo esses autores, os valores médios parapercentagem de proteína bruta na palhada e espigas-refugo foram de 5,17 e 6,99%, respectivamente.Considerando que a contribuição das espigas-refugo namassa seca total foi de 14,5%, pode-se estimar umaprodução média de 407 kg ha-1 de proteína brutaproveniente dos restos culturais de milho verde.No Nordeste, Tabosa et al. (2000), avaliando 12 cultivaresde milho, encontraram um rendimento de peso da matériaseca do restolho variando de 2,76 a 4,57 t ha-1.Os dados citados confirmam a idéia de que, além dasespigas comercializáveis, (Silva, 1994) cultivar milhoverde rende, ainda, em média, 25 toneladas por hectarede matéria fresca, que pode ser utilizada diretamente naalimentação animal. Nesse caso, é recomendável o usoaté cerca de três semanas após a colheita do milho verde,pois, durante esse período, a planta de milho onde foicolhida a espiga continua realizando fotossíntese eacumulando carboidrato no colmo. A partir dessa fase(equivalente aos grãos no estádio farináceo–duro), ocolmo passa a perder qualidade rapidamente, devido aoespessamento e lignificação da parede celular.O milho verde é colhido quando os grãos estão no estadoleitoso, com 70 a 80% de umidade; portanto, a palhadaremanescente e as espigas não comerciaizáveis restantesainda não se encontram no momento ideal para seremensiladas, quando as plantas devem apresentarem de 33 a37% de matéria seca, o que deve ocorrer quando os grãosestiverem no estádio farináceo-duro (Nussio, 1991). Dessaforma, se optar por ensilar a palhada juntamente com as

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45O Cultivo do Milho Verde

espigas não comerciais, o agricultor deverá esperar umpouco (duas a três semanas) antes de ensilar o material,pelas razões expostas anteriormente e por que, segundoEvangelista (1986), teor de matéria seca inferior a 25%propicia ambiente favorável à proliferação e aodesenvolvimento de bactérias produtoras de ácidobutírico e também a perdas de princípios nutritivos, porlixiviação, e intensa degradação de proteínas.A Tabela 2.5 mostra um exemplo de resultados de análisebromatológica de plantas de milho sem espigas, colhidasno ponto ideal para silagem (grãos no estádio farináceo-duro). Deve-se levar em consideração que, no caso domilho verde, existem plantas com espigas nãocomercializáveis e, no caso da colheita da palhada cercade duas e três semanas após a colheita de milho verde,pode-se imaginar que essa palhada seja mais nutritiva, umvez que maior quantidade de carboidratos pode ter sidoacumulada no colmo, após a colheita do milho verde.

Tabela 2.5. Resultados médios da análise bromatológica de plantas sem espigade diferentes cultivares de milho, colhidas no estádio farináceo-duro. EmbrapaMilho e Sorgo. Sete Lagoas, MG, 2001.

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46 O Cultivo do Milho Verde

2.8. Literatura citadaALFONSI, R. R. ; CAMARGO, M. B. P. de. Estimativa deperdas de produção para a cultura do milho no estado deSão Paulo, através de parâmetros climáticos. In:CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 22., 1998,Recife. Globalização e segurança alimentar – resumosexpandidos. Recife: ABMS, 1998. CD ROMANDRADE, R. V. DE; ANDREOLI, C. ; NETTO, D. A. M.Efeito do tamanho e da forma da semente naprodutividade do milho. Sete Lagoas : EMBRAPA-CNPMS, 1998. 19 p. (EMBRAPA-CNPMS. Boletim de Pesquisa, 3)BOTTINI, P.R.; TSUNECHIRO, A.;COSTA, F.A.G. da.Viabilidade da produção de milho verde na “safrinha”.Informações Econômicas, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 49 -53, 1995.BRUNINI, O.; BORTOLETTO, N.; MARTINS, A.L.M.;PAULO, E. M.; DUARTE, A P.; KANTHACK, R.A.;CASTRO, J. L. de; GALO, P. B.; PEREIRA,J. C. V. N. A.;LANDEL, M.; DE SORGI, G.; SAWAZAKI, E.; BOLOGNESI,D.; NICOLLELA, A. C.; VILELA, O.; FUJIWARA, M.;ARRUDA, F. B.; MEREGE, W. H. Interação: época deplantio, duração do ciclo e produção para a cultura domilho no Estado de São Paulo. In: CONGRESSONACIONAL DE MILHO E SORGO, 22., 1998, Recife, PE.Globalização e segurança alimentar – resumos expandidos.Recife: ABMS, 1998. CD ROMCOELHO, A.M.; PARENTONI, S.N. Milho verde. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v.13, n. 152, p. 49 - 53,1988.COUTO,L.; COSTA, E. F. da; VIANNA,R.T.; SILVA, M. A.da. Produção de milho verde, sob irrigação. Sete Lagoas:EMBRAPA-CNPMS, 1984. 4p. (EMBRAPA-CNPMS.Pesquisa em Andamento, 3).CRUZ, J.C. Para começar a safra com o pé direito. AGranja, Porto Alegre, v.55, n. 609, p.12 - 22, set. 1999.

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48 O Cultivo do Milho Verde

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49O Cultivo do Milho Verde

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Capítulo 3. Aspectos Fisiológicos do Milho para o Consumo Verde

Paulo César Magalhães1

Frederico Ozanan Machado Durães1

3.1. Germinação e EmergênciaEm condições normais de campo, as sementes plantadasabsorvem água, incham e começam a crescer. A radícula éa primeira a se alongar, seguida pelo coleóptilo, complúmula incluída. Esse estádio, conhecido como VE, éatingido pela rápida elongação do mesocótilo, o qualempurra o coleóptilo em crescimento para a superfície dosolo. Em condições de temperatura e umidade adequadas,a planta emerge dentro de 4 a 5 dias, porém, emcondições de baixa temperatura e pouca umidade, agerminação pode demorar até duas semanas ou mais.Assim que a emergência ocorre e a planta expõe aextremidade do coleóptilo, o mesocótilo pára de crescer.O sistema radicular seminal, que são as raízes oriundasdiretamente da semente, tem o seu crescimento nessafase e a profundidade onde elas se encontram depende daprofundidade do plantio. O crescimento dessas raízes,também conhecido como sistema radicular temporário,diminui após o estádio VE e praticamente não existe noestádio V3 (três folhas desenvolvidas).O ponto de crescimento da planta de milho, nesseestádio, está localizado cerca de 2,5 a 4,0 cm abaixo dasuperfície do solo e se encontra logo acima do

¹Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, Caixa Postal 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. E-mail: [email protected];[email protected]

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mesocótilo. Essa profundidade onde se acha o ponto decrescimento é também a profundidade onde vai se originaro sistema radicular definitivo do milho, conhecido comoraízes nodais ou fasciculada. A profundidade do sistemaradicular definitivo independe da profundidade deplantio, uma vez que a emergência da planta vai dependerdo potencial máximo de alongamento de mesocótilo,conforme pode ser visto na Figura 3.1 (Ritchie & Hanway,1989).

Figura 3.1. Três profundidades de plantio, mostrando detalhe do alongamento domesocótilo.O sistema radicular nodal se inicia, portanto, no estádioVE e o alongamento das primeiras raízes se inicia noestádio V1, indo até o R3, após o qual muito poucocrescimento ocorre (Magalhães et al., 1994).No milho, não é constatada a presença de fatoresinibitórios ao processo de germinação, visto que, sobcondições ótimas de umidade, os grãos podem germinarimediatamente após a maturidade fisiológica, mesmoainda estando presos a espiga.

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53O Cultivo do Milho Verde

Em síntese, na germinação ocorre a embebição dasemente, com a conseqüente digestão das substâncias dereserva, síntese de enzimas e divisão celular.Baixa temperatura no plantio geralmente restringeabsorção de nutrientes do solo e causa lentidão nocrescimento. Esse fato pode ser parcialmente superadopor uma aplicação de pequena quantidade de fertilizanteno sulco de plantio, ao lado ou abaixo da semente(Aldrich et al., 1982).A lentidão na germinação predispõe a semente e aplântula a uma menor resistência a condições ambientaisadversas, bom como ao ataque de patógenos,principalmente fungos do gênero Fusarium, Rhizoctonia,Phytium e Macrophomina. Para uma germinação eemergência mais rápidas, em plantio mais cedo, deve-seoptar por uma profundidade de plantio mais rasa, onde atemperatura do solo é mais favorável. Em plantios tardios,as temperaturas do solo são geralmente adequadas emqualquer profundidade e a umidade do solo, nesse caso, éo fator limitante para rápido crescimento (Ritchie &Hanway, 1989; Aldrich et al., 1982).Se a irrigação está disponível ou uma chuva recenteaconteceu, não há com o que se preocupar. No entanto,na falta dessas situações, as camadas mais profundas dosolo possuem maior teor de umidade nos plantios tardios.

3.2. Estádio V3 (Três folhas desenvolvidas, Figura 3.2)O estádio de três folhas completamente desenvolvidasocorre com aproximadamente duas semanas após oplantio. Nesse estádio, o ponto de crescimento ainda seencontra abaixo da superfície do solo e a planta possuipouco caule formado (Figura 3.3). Pêlos radiculares dosistema radicular nodal estão agora em crescimento e o

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desenvolvimento das raízes seminais é paralisado(Magalhães et al., 1994).

Figura 3.2. Estádio de três folhas completamente desenvolvidas.

Todas as folhas e espigas que a planta eventualmente iráproduzir estão sendo formadas no V3. Pode-se dizer,portanto, que o estabelecimento do número máximo degrãos ou a definição da produção potencial estão sendodefinidos nesse estádio. No estádio V5 (cinco folhascompletamente desenvolvidas), tanto a iniciação dasfolhas como das espigas vai estar completa e a iniciaçãodo pendão já pode ser vista microscopicamente naextremidade de formação do caule, logo abaixo dasuperfície do solo (Magalhães et al., 1994).O ponto de crescimento, que se encontra abaixo dasuperfície do solo, é bastante afetado pela temperatura dosolo nesses estádios iniciais do crescimento vegetativo.

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55O Cultivo do Milho Verde

Assim, temperaturas baixas podem aumentar o tempodecorrente entre um estádio e outro, alongando o ciclo dacultura, podendo aumentar o número total de folhas,atrasar a formação do pendão e diminuir a disponibilidadede nutrientes para a planta. Uma chuva de granizo ouvento nesse estádio vai ter muito pouco ou nenhum efeitona produção final de grãos. Disponibilidade de água nesseestádio é fundamental; por outro lado, o excesso deumidade ou encharcamento, quando o ponto decrescimento ainda se encontra abaixo da superfície dosolo, pode matar a planta em poucos dias (Ritchie &Hanway, 1989, Aldrich et al., 1982).Controle de plantas daninhas nessa fase é fundamentalpara reduzir competição por luz, água e nutrientes. Comoo sistema radicular está em pleno desenvolvimento,mostrando considerável porcentagem de pêlosabsorventes e ramificações diferenciadas, operaçõesinadequadas de cultivo (profundas ou próximas à planta)

Figura 3.3. Planta no estádio V3, mostrando o ponto de crescimento abaixo dasuperfície do solo.

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56 O Cultivo do Milho Verde

poderão afetar a densidade e a distribuição de raízes, comconseqüente redução na produtividade. Portanto, érecomendada cautela no cultivo.

Figura 3.4. Estádio de seis folhas completamente desenvolvidas.

3.3. Estádio V6 (Seis folhas desenvolvidas, Figura 3.4)

Nesse estádio, o ponto de crescimento e o pendão estãoacima do nível do solo (Figura 3.5) e o colmo estáiniciando um período de alongação acelerada. O sistemaradicular nodal (fasciculado) está em pleno funcionamentoe em crescimento.Nesse estádio pode ocorrer o aparecimento de eventuaisperfilhos, os quais encontram-se diretamente ligados àbase genética da cultivar, ao estado nutricional da planta,ao espaçamento adotado, ao ataque de pragas e àsalterações bruscas de temperatura (baixa ou alta). Noentanto, existem poucas evidências experimentais que

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57O Cultivo do Milho Verde

demonstram a sua influência negativa na produção(Magalhães et al., 1995).

Figura 3.5. Planta no estádio V6, mostrando o ponto de crescimento acima dasuperfície do solo.

No estádio V8, inicia-se a queda das primeiras folhas e onúmero de fileiras de grãos é definido. Durante esseestádio, constata-se a máxima tolerância ao excesso dechuvas. No entanto, encharcamento por períodos detempo maior que cinco dias poderão acarretar prejuízosconsideráveis e irreversíveis.Estresse hídrico nessa fase pode afetar o comprimento deinternódios, provavelmente pela inibição da alongação dascélulas em desenvolvimento, concorrendo, desse modo,para a diminuição da capacidade de armazenagem deaçúcares no colmo. O déficit de água também vai resultarem colmos mais finos, plantas de menor porte e menorárea foliar (Magalhães et al., 1998).

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58 O Cultivo do Milho Verde

Evidências experimentais demonstram que a distribuiçãototal das folhas expostas nesse período, medianteocorrência de granizo, geada, ataque severo de pragas edoenças, além de outros agentes, acarretará quedas naprodução da ordem de 10 a 25% (Fancelli & DouradoNeto, 2000).Períodos secos, aliados à conformação da planta,característica dessa fase (conhecida como fase do“cartucho”), conferem à cultura do milho elevadasuscetibilidade ao ataque da lagarta do cartucho(Spodoptera frugiperda), exigindo constante vigilância.De V6 até o estádio V8, deverá ser aplicada a adubaçãonitogenada em cobertura (Ritchie & Hanway, 1989;Aldrich et al., 1982).

3.4. Estádio V9Nesse estádio, muitas espigas são facilmente visíveis sefor feita uma dissecação da planta (Figura 3.6.). Todo nóda planta tem potencial para produzir uma espiga, excetoos últimos seis a oito nós abaixo do pendão. Assim, umaplanta de milho teria potencial para produzir váriasespigas, porém, apenas uma ou duas (caráter prolífico)conseguem completar o crescimento.Nesse estádio, ocorre alta taxa de desenvolvimento deórgãos florais. O pendão inicia um rápido desenvolvimentoe o caule continua alongando. A elongação do cauleocorre através dos entrenós. Após o estádio V10, o tempode aparição entre um estádio foliar e outro vai encurtar,geralmente ocorrendo a cada dois ou três dias (Ritchie &Hanway, 1989; Magalhães et al., 1994).Próximo ao estádio V10, a planta de milho inicia umrápido e contínuo crescimento, com acumulação denutrientes e peso seco, os quais continuarão até os

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59O Cultivo do Milho Verde

estádios reprodutivos. Há uma grande demanda nosuprimento de água e nutrientes, para satisfazer asnecessidades da planta (Magalhães & Jones,1990a).

Figura 3.6. Estádio V9, mostrando detalhes de várias potenciais espigas.

3.5. Estádio V12O número de óvulos (grãos em potencial) em cada espiga,assim como o tamanho da espiga, são definidos em V12,quando ocorre perda de duas a quatro folhas basais.Pode-se considerar, que nessa fase, inicia-se o períodomais crítico para a produção, o qual estende-se até apolinização.O número de fileiras de grãos na espiga já foiestabelecido; no entanto, o número de grãos/fileira sóserá determinado cerca de uma semana antes doflorescimento, em torno do estádio V17 (Magalhães et al.,1994).

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60 O Cultivo do Milho Verde

Em V12, a planta atinge cerca de 85% a 90% da áreafoliar, e se observa o início de desenvolvimento das raízesadventícias (“esporões”).Devido ao número de óvulos e ao tamanho da espigaserem definidos nessa fase, a deficiência de umidade ounutrientes pode reduzir seriamente o número potencial desementes, assim como o tamanho das espigas a seremcolhidas. O potencial desses dois fatores de produção estátambém relacionado com o período de tempo disponívelpara o estabelecimento deles, o qual corresponde aoperíodo de V10 a V17. Assim, genótipos precocesgeralmente, nesses estádios, possuem um período maiscurto de tempo e usualmente têm espigas menores que asdos genótipos tardios. Uma maneira de compensar essadesvantagem dos precoces seria aumentar a densidade deplantio (Ritchie & Hanway, 1989).

3.6. Estádio V15Esse estádio representa a continuação do período maisimportante e crucial para o desenvolvimento da planta,em termos de fixação do rendimento. Desse ponto emdiante, um novo estádio foliar ocorre a cada um ou doisdias. Estilos-estigmas iniciam o crescimento nas espigas.Em torno do estádio V17, as espigas atingem umcrescimento tal que suas extremidades já são visíveis nocaule, assim como a extremidade do pendão já podetambém ser observada (Magalhães et al., 1994).Estresse de água ocorrendo no período de duas semanasantes até duas semanas após o florescimento vai causargrande redução na produção de grãos. Porém, a maiorredução na produção poderá ocorrer com déficit hídricona emissão dos estilos-estigmas (início de R1). Isso éverdadeiro também para outros tipos de estresse, como

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61O Cultivo do Milho Verde

deficiência de nutrientes, alta temperatura ou granizo. Operíodo de quatro semanas em torno do florescimento é omais importante para a irrigação (Magalhães et al., 1995).

3.7. Estádio V18É possível observar que os “cabelos” ou estilos-estigmasdos óvulos basais alongam-se primeiro em relação aos“cabelos” dos óvulos da extremidade da espiga. Raízesaéreas, oriundas dos nós acima do solo, estão emcrescimento nesse estádio. Essas raízes contribuem naabsorção de água e nutrientes.Em V18, a planta do milho se encontra a uma semana doflorescimento e o desenvolvimento da espiga continua emritmo acelerado.Estresse hídrico nesse período pode afetar mais odesenvolvimento do óvulo e espiga que odesenvolvimento do pendão. Com esse atraso nodesenvolvimento da espiga, pode haver problemas nasincronia entre emissão de pólen e recepção pela espiga.Caso o estresse seja severo, ele pode atrasar a emissão do“cabelo” até a liberação do pólen terminar, ou seja, osóvulos que porventura emitirem o “cabelo” após a emissãodo pólen não serão fertilizados e, por conseguinte, nãocontribuirão para o rendimento (Magalhães et al. 1994;Magalhães et al., 1995; Magalhães et al., 1999).Híbridos não prolíficos produzirão cada vez menos grãoscom o aumento da exposição ao estresse, porém, tendema render mais que os prolíficos em condições nãoestressantes. Os prolíficos, por sua vez, tendem aapresentar rendimentos mais estáveis em condiçõesvariáveis de estresse, uma vez que o desenvolvimento daespiga é menos inibido pelo estresse (Aldrich et al., 1982;Ritchie & Hanway, 1989).

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62 O Cultivo do Milho Verde

3.8. Pendoamento, Vt (Figura 3.7)

Figura 3.7. Estádio de pendoamento da planta.

Esse estádio inicia-se quando o último ramo do pendãoestá completamente visível e os “cabelos” não tenhamainda emergido. A emissão da inflorescência masculinaantecede de dois a quatro dias a exposição dos estilo-estigmas; no entanto, 75% das espigas devem apresentarseus estilo-estígmas expostos, após o período de 10-12dias posterior ao aparecimento do pendão. O tempodecorrente entre VT e R1 pode variar consideravelmente,dependendo do híbrido e das condições ambientais. Aperda de sincronismo entre a emissão dos grãos de pólene a receptividade dos estilos-estigmas da espiga concorrepara o aumento da porcentagem de espigas sem grãos nasextremidades. Em condições de campo, a liberação do

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pólen geralmente ocorre nos finais das manhãs e no iníciodas noites. Nesse estádio, a planta atinge o máximodesenvolvimento e crescimento. Estresse hídrico etemperaturas elevadas (acima de 35o C) podem reduzirdrasticamente a produção. Um pendão de tamanho médiochega a ter 2,5 milhões de grãos de pólen, o que equivaledizer que a espiga em condições normais dificilmentedeixará de ser polinizada pela falta de pólen, uma vez queo número de óvulos está em torno de 750 a 1.000(Magalhães et al., 1994; Magalhães et al., 1999; Fancelli& Dourado Neto, 2000).A planta apresenta alta sensibilidade ao encharcamentonessa fase e o excesso de água pode contribuir, inclusive,com a inviabilidade dos grãos de pólen.A falta de água nesse período, além de afetar osincronismo pendão-espiga, pode reduzir a chance deaparecimento de uma segunda espiga em materiaisprolíficos.Nos estádios de VT a R1, a planta de milho é maisvulnerável às intempéries da natureza que em qualqueroutro período, devido ao pendão e todas as folhasestarem completamente expostas. Remoção de folhanesse estádio por certo resultará em perdas na colheita(Magalhães et al., 1999; Fancelli & Dourado Neto, 2000).O período de liberação do pólen se estende por uma aduas semanas. Durante esse tempo, cada “cabelo”individual deve emergir e ser polinizado para resultar numgrão.

3.9. Estádio R1, Embonecamento e PolinizaçãoEsse estádio é iniciado quando os estilos-estigmas estãovisíveis, para fora das espigas. A polinização ocorre

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quando o grão de pólen liberado é capturado por um dosestilos-estígmas (Figura 3.8). O grão de pólen, uma vez emcontato com o “cabelo”, demora cerca de 24 horas parapercorrer o tubo polínico e fertilizar o óvulo; geralmente,o período requerido para todos os estilos-estigmas emuma espiga serem polinizados é de dois a três dias. Os“cabelos” da espiga crescem cerca de 2,5 a 4,0 cm por diae continuam a se alongar até serem fertilizados (Ritchie &Hanway, 1989; Magalhães et al., 1994).

Figura 3.8. Estádio R1, estilos-estigmas captando grãos de pólen.

O número de óvulos que será fertilizado é determinadonesse estádio. Óvulos não fertilizados evidentemente nãoproduzirão grãos.Estresse ambiental nessa fase, especialmente o hídrico,causa baixa polinização e baixa granação da espiga, umavez que, sob seca, tanto os “cabelos” como os grãos depólen tendem à dessecação. Não se deve descuidar deinsetos como a lagarta-da-espiga, que se alimentam dos

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“cabelos”. Deve-se combater essas pragas, caso hajanecessidade. A absorção de potássio nessa fase estácompleta, enquanto nitrogênio e fósforo continuam sendoabsorvidos.A liberação do grão de pólen pode se iniciar aoamanhecer, estendendo-se até o meio-dia. No entanto,esse processo raramente exige mais de quatro horas para asua complementação. Ainda sob condições favoráveis, ogrão de pólen pode permanecer viável por até 24 horas.Sua longevidade, entretanto, pode ser reduzida quandosubmetido a baixa umidade e altas temperaturas(Magalhães et al., 1994).O estabelecimento do contato direto entre o grão depólen e os pêlos viscosos do estigma estimula agerminação do primeiro, dando origem a uma estruturadenominada de tubo polínico, que é responsável pelafecundação do óvulo inserido na espiga. A fertilizaçãoocorre de 12 a 36 horas após a polinização, período essevariável, em função de alguns fatores envolvidos noprocesso, tais como teor de água, temperatura, ponto decontato e comprimento do estilo–estigma (Ritchie &Hanway, 1989; Magalhães et al., 1994; Fancelli &Dourado Neto, 2000).Assim, o número de óvulos fertilizados apresenta estreitacorrelação com o estado nutricional da planta, com atemperatura, bem como com a condição de umidadecontida no solo e no ar.Evidencia-se, portanto, a decisiva influência do ambientenessa etapa de desenvolvimento, recomendando-secriterioso planejamento da cultura, com referênciaprincipal à época de semeadura e à escolha do cultivar, deforma a garantir as condições climáticas favoráveisexigidas pela planta nesse estádio.

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A escolha do genótipo para uma determinada região,assim como a época de semeadura, deve serfundamentada em fatores como finalidade da produção,disponibilidade de calor e água, ocorrência de veranicosdurante o ciclo, bem como no nível tecnológico a seradotado, entre outros (Fancelli & Dourado Neto, 2000).

3.10. Estádio R2, grão bolha d’águaOs grãos aqui se apresentam brancos na aparência externae com aspectos de uma bolha d’água (Figura 3.9). Oendosperma, portanto, está com uma coloração clara,assim como o seu conteúdo, que é basicamente um fluidocuja composição são açúcares. Embora o embrião estejaainda se desenvolvendo vagarosamente nesse estádio, aradícula, o coleóptilo e a primeira folha embrionária jáestão formados. Assim, dentro do embrião emdesenvolvimento já se encontra uma planta de milho emminiatura. A espiga está próxima de atingir seu tamanhomáximo. Os estilos-estigmas, tendo completado suafunção no florescimento, estão agora escurecidos ecomeçando a secar (Richie & Hanway 1989; Magalhães etal., 1994).

Figura 3.9. Grãos no eatádio R2, conhecidos como bolha d’água.

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A acumulação de amido se inicia nesse estádio, com osgrãos experimentando um período de rápida acumulaçãode matéria seca, N e P continuam sendo absorvidos e arealocação desses nutrientes das partes vegetativas para aespiga tem início nesse estádio. A umidade é de 85%nos grãos (Magalhães & Jones, 1990 a,b ; Magalhães etal., 1994).

3.11. Estádio R3, Grão LeitosoEssa fase é iniciada normalmente 12 a 15 dias após apolinização. O grão se apresenta com uma aparênciaamarela e, no seu interior, um fluido de cor leitosa, o qualrepresenta o início da transformação dos açúcares emamido. Esses açúcares são oriundos da translocação dosfotoassimilados presentes nas folhas e no colmo para aespiga e grãos em formação. A eficiência dessatranslocação, além de ser importante para a produção, éextremamente dependente de água (Magalhães & Jones,1990b; Magalhães et al., 1998). Embora, nesse estádio, ocrescimento do embrião ainda seja considerado lento, elejá pode ser visto caso haja uma dissecação. Esse estádio éconhecido como aquele em que ocorre a definição dadensidade dos grãos (Magalhães et al., 1994; Fancelli &Dourado Neto, 2000).Os grãos, nessa fase, apresentam rápida acumulação dematéria seca e cerca de 80% de umidade, sendo que asdivisões celulares dentro do endosperma apresentam-seessencialmente completas. O crescimento a partir daí édevido à expansão e ao enchimento das células doendosperma com amido.Um estresse hídrico nessa fase, embora menos crítico quena fase anterior, pode afetar a produção. Embora, nesseperíodo, a planta deva apresentar considerável teor de

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sólidos solúveis prontamente disponíveis, objetivando aevolução do processo de formação de grãos, afotossíntese mostra-se imprescindível. Em termos gerais,considera-se como importante caráter condicionador deprodução a extensão da área foliar que permanecefisiologicamente ativa após a emergência da espiga(Magalhães et al., 1995; Magalhães et al., 1998; Fancelli& Dourado Neto, 2000).Essa fase é crítica para o consumo do milho verde, poisrepresenta a época de colheita. O descarregamento etransporte de açucares para os grãos em desenvolvimentose dá via floema; a sacarose, penetrando no apoplasto, édividida em frutose e glicose pela enzima invertase ácida(Shannon, 1982).Na verdade, os estádios de desenvolvimento da planta demilho para o consumo verde, em “R3” ou “grão leitoso”(Figura 3.10) não se diferenciam do desenvolvimento daplanta para consumo de grãos secos. Entretanto, épreciso ficar atento para as características exigidas pelomercado consumidor dessa modalidade de milho,principalmente quanto à cultivar a ser utilizada, uma vez,que dependendo do ciclo, o momento de colheita (R3) évariável, assim como o tempo de permanência no campona fase de grão leitoso apto para a colheita.

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3.12. Literatura citada

Figura 3.10. Milho verde no estádio R3 ou grão leitoso, com umidade em tornode 80%. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG, 2001.

ALDRICH, S.R.; SCOTT, W.O.; LENG, E.R. Modern cornproduction. 2.ed. Champaign: A & L Publication, 1982.371 p.DELVIN, R.M. Water relations. In: DELVIN, P.M. Plantphysiology. 3.ed. New York: D.van Mostrand, 1975. p. 43- 86.FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Ecofisiologia efenologia. In: FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D.Produção de milho. Guaiba: Agropecuária, 2000. p. 21 -54.KLAR, S.R. Transpiração. In: KLAR, S.R. A água nosistema solo-planta-atmosfera. São Paulo: Nobel, 1984. p.347 - 385.

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70 O Cultivo do Milho Verde

MAGALHÃES, P.C.; JONES, R. Aumento defotoassimilados sobre os teores de carboidratos enitrogênio em milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v.25, n.12, p.1755 -1761, 1990a.MAGALHÃES, P.C.; JONES, R. Aumento defotoassimilados na taxa de crescimento e peso final dosgrãos de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,v.25, n.12, p.1747 -1754, 1990b.MAGALHÃES, P.C.; RESENDE, M.; OLIVEIRA, A. C. de;DURÃES, F.O.M.; SANS, L. M. A. Caracterizaçãomorfológica de milho de diferentes ciclos. In:CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 20., 1994,Goiânia. Centro-Oeste; cinturao do milho e do sorgo noBrasil: resumos. Goiânia: ABMS, 1994. p.190.MAGALHÃES, P.C.; DURÃES, F.O.M.; OLIVEIRA, A. C.de. Efeitos do quebramento do colmo no rendimento degrãos de milho. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 22,n. 3, p. 279 - 289. jul/set. 1998.MAGALHÃES, P.C.; DURÃES, F.O.M.; OLIVEIRA, A. C.de.; GAMA, E. E. G. Efeitos de diferentes técnicas dedespendoamento na produção de milho. Scientia Agrícola,Piracicaba, v.56, n.1, p.77-82 jan/mar. 1999.MAGALHÃES, P.C.; DURÃES, F.O.M.; PAIVA, E.Fisiologia da planta de milho. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1995. 27 p. (EMBRAPA-CNPMS. CircularTécnica, 20).RITCHIE, S.; HANWAY, J.J. How a corn plant develops.Ames: Iowa State University of Science and Technology/Cooperative Extension Service, 1989. (Special Report,48).SALISBURY, F.B.; ROSS, C.W. The Photosynthesis-transpiration compromisse. In: CAREY, J.C. (Ed.) Plantphysiology, 2 ed. Belmont: Wadsworth Publishing, 1982.p. 32-46.SHANNON J. C. A search for rate limiting enzymes thatcontrol crop production. Iowa State Journal Research,Ames, v. 56, p. 307 - 322, Feb. 1982.

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Capítulo 4. Adubação para o Cultivo do Milho Verde

Carlos Alberto Vasconcellos1Israel Alexandre Pereira Filho1

José Carlos Cruz1

4.1. IntroduçãoQuando se cultiva milho verde, normalmente duassituações distintas ocorrem: a) colhem-se as espigas e oresto da planta permanece na área, para posteriorincorporação ou como cobertura do solo para plantiodireto; b) colhem-se as espigas e o restante da planta éutilizado para outra finalidade, como, por exemplo,alimentação animal.Dentre a multiplicidade de fatores que devem ser levadosem consideração no estudo nutricional e adubação dasplantas, destacam-se os fatores relativos à cultura:remoção de nutrientes em função do tempo e dodesenvolvimento; quantidade e forma de absorção dessesnutrientes; produtividade, etc. Existem os fatoresrelativos ao solo: elementos “disponíveis” e suasinterações com características químicas, físicas ebiológicas; interações com as exigências nutricionais dacultura, etc. e os fatores relativos aos fertilizantes:aspecto econômico; características químicas e físicas;época e forma de aplicação; mobilidade no solo, etc.Aliado a esses fatores diretamente relacionados àfertilidade do solo e à nutrição mineral, estão os fatoresclimáticos (temperatura, luminosidade, umidade, etc), osmanejos culturais e as metodologias de análise que devemser observadas para o entendimento e interpretação do¹Pesquisadores Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. e-mail : [email protected];[email protected]; [email protected]

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processo produtivo sustentável, principalmente quando secultiva o milho verde. Grandes quantidades de nutrientessão exportadas pelas plantas, pois há a exportação detoda a espiga e as plantas normalmente são usadas naalimentação animal, ocorrendo, portanto, oaproveitamento total da planta.As recomendações de adubação e calagem devem serfeitas com base na análise do solo, através da qualprocura-se determinar as prováveis limitações que asplantas poderão sofrer durante o seu ciclo vegetativo e,com isso, identificar os insumos a serem aplicados demaneira mais econômica ao sistema solo-planta.

4.2. Conceitos de nutrição mineral para o cultivo do milho verde4.2.1. Análise do soloExiste uma série de recomendações práticas sobre aamostragem do solo, como: separar a área em glebashomogêneas de 10 ha, quanto à vegetação, relevo, solo(cor, textura), histórico agrícola, drenagem etc. De modogeral, recomenda-se retirar 20 amostras simples por gleba,em ziguezague, obedecendo-se à profundidade da camadaarável (0-20 cm). Dessas amostras simples, faz-se aamostra composta, retirando ± 400 g para o envio aolaboratório, devidamente embaladas e identificadas.Quanto maior o número de amostras simples por amostracomposta menor é a variabilidade média e mais confiávelé o resultado analítico. Quando o solo não recebeuadubação alguma, as especificações para a amostragemminimizam o uso de variação natural dos elementos. Apósas adubações convencionais no sulco de plantio, háaumento da heterogeneidade do terreno. Nesse caso, a

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quantidade de amostras simples retiradas nas entrelinhas enos sulcos de plantio irá determinar a fertilidade do soloamostrado. Sugere-se, portanto, principalmente para acultura do milho, que as amostras sejam tomadas após aaração e a gradeação do terreno ou, antes dessasoperações, nas entrelinhas de plantio.4.2.2. Elementos químicos essenciais à plantaAs plantas necessitam de 16 elementos consideradosessenciais. Pode-se começar pela necessidade de água edos diferentes compostos orgânicos para a suasobrevivência. Nesses compostos, encontram-se o H, C eo O2, que são incorporados aos tecidos vegetais a partirda absorção da H2O pelas raízes e da incorporação doCO2, através dos processos fotossintéticos. Normalmente,o tecido vegetal possui 42% de C, 44% de O2 e 6% de H.Além desses três elementos, outros seis, como o N, P, S,K, Ca e Mg, chamados macronutrientes, são absorvidosem quantidades percentuais elevadas.Os nutrientes exigidos em menores quantidades (mg/kg) :Fe, Mn, Zn, Cu, B, Mo e Cl, são denominadosmicronutrientes.Essa separação entre macro e micro nutrientes é didática,pois, em alguns casos, alguns desses micronutrientes (Cl eFe, por exemplo) podem ser absorvidos em quantidadeselevadas, sem acarretar problemas de toxicidade.Alguns nutrientes são considerados benéficos quandopresentes em níveis adequados no solo, estimulando ocrescimento de plantas, sem, contudo, conseguir-seprovar a sua essencialidade. Eles podem favorecer aabsorção de um elemento essencial e/ou aumentar aresistência de pragas e doenças. São consideradosbenéficos o Al, Co, Ni, Se, Si, Na e V.

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A Tabela 4.1 indica a extração média de nutrientes pelacultura do milho destinada à produção de grãos e desilagem. Esses dados demonstram que o esgotamento dosolo é menor quando o milho é cultivado apenas paragrãos, pois há o retorno da palhada residual para o solo.Os problemas de fertilidade do solo deverão ser maisevidentes, portanto, quando o milho for cultivado paramilho verde, com exportação total de toda a massavegetal, tanto para a alimentação humana como paraanimal.É necessário, portanto, para manter a fertilidade do solo,que se procure efetuar a restituição dos elementosextraídos pelas culturas, bem como dos nutrienteslixiviados e perdidos pelos processos de erosão.Este é o princípio da “restituição” e foi discutido pelaprimeira vez por Voisin (1973). A adubação de“restituição” deve repor ao solo as quantidades denutrientes que as plantas retiram. Ela deve ser,preferencialmente, adotada para cobrir as quantidades demacro e micronutrientes retiradas pelas colheitas. Essaprática evita que o solo se esgote ou que se tornedeficiente. Deve-se, ao adotar esse critério, terconhecimento da análise completa dos fertilizantes ecorretivos empregados, sendo possível efetuar um balançoentre a quantidade aplicada e a extraída.4.2.3. Adubação com NitrogênioA decomposição da matéria orgânica no solo e oacompanhamento da mineralização e imobilização donitrogênio (N) inorgânico são fundamentais para oentendimento da relação solo-planta e a sustentabilidadedo processo produtivo. A biomassa do solo, a parte vivada matéria orgânica, além da dependência do manejo do

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solo, é a responsável pela decomposição da matériaorgânica, pela mineralização e imobilização do nitrogênio.Não existe um método de análise do nitrogênio, emrotina, para medir sua disponibilidade em solos. Adificuldade na obtenção desse método está, em grandeparte, ligada às transformações de N no solo, que sãobastante influenciadas pelas condições ambientais. Asrecomendações são baseadas, exclusivamente, na curvade resposta de produção a doses de nitrogênio aplicada.De modo geral, o nitrogênio tem sido determinado atravésda matéria orgânica, sendo o teor de N calculadodividindo-se o teor da matéria orgânica por 20. Dessetotal, considera-se viável que 2% será fornecido, por ano,para as culturas pelo processo da mineralizaçãoAssim, um solo que possua 2% de Matéria Orgânica(M.O.) terá 0,10% de N (2 t ha-1 de N) e, pelamineralização, haveria um fornecimento de 40 kg ha-1 denitrogênio.Tabela 4.1. Extração de nutrientes pela cultura do milho destinada à produçãogrãos e de silagem: Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG. 1975.

Em Raij (1981), pode-se verificar a pouca viabilidade desseraciocínio. Tanto para milho como para algodão, nãohouve correlação com o aumento da produção em relaçãoà adubação nitrogenada e o teor da M.O. no solo.Todavia, com certeza, a adição de esterco às áreas deprodução trará benefícios na estabilidade de produção,

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não somente pela reposição do N, mas também dosdemais nutrientes. Estima-se que 85% dos mineraisretornam através da urina e das fezes.As recomendações para a adubação nitrogenada (Tabela4.2) seguem o manejo adotado com ou sem a retirada dasplantas para a alimentação animal.

Em função das quantidades aplicadas, deve-se observar ocusto da fonte a ser aplicada. É conveniente empregar-sepelo menos 30 a 50 kg de N na forma de sulfato deamônio, principalmente quando se usam fontesconcentradas que não possuem enxofre na suacomposição. O restante do N pode ser aplicado via uréia.Quando o fertilizante nitrogenado for a uréia, incorporá-laà profundidade de 5 a 10cm ou aplicá-la via água deirrigação. No caso de ter-se usado o gesso agrícola, pode-se usar apenas a uréia, porque esse elemento contémfonte de enxofre.A adubação nitrogenada pode ser parcelada em duasaplicações, se necessário, com as plantas no estádio deseis e dez folhas.4.2.4. Adubação com FósforoPara ser absorvido pela planta, o fósforo tem que sair dafase sólida e ir para a fase líquida. A planta absorve o

Tabela 4.2. Recomendações de doses de nitrogênio para o cultivo do milhoverde, plantio e cobertura, em função das disponibilidade de fósforo e patássio,no solo.

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fósforo e o solo o repõe em quantidade e em velocidadesuficiente para atender a demanda nutricional da mesma.Se tudo isto ocorrer em equilíbrio, o solo estará com suafertilidade alta; caso contrário, deverá corrigir odesequilíbrio para manter o potencial produtivo.Os extratores químicos irão definir o elemento“disponível”, ou seja, uma indicação parcial da quantidadedo que a planta poderá absorver e, portanto, deveapresentar uma estreita relação com a produção vegetal.A análise de solo, portanto, apesar de ser uma ferramentaútil, não considera essas relações de dinamismo entre osolo (fornecedor do nutriente) e a planta. Isto demonstra anecessidade do acompanhamento técnico das áreas emprodução, sugerindo aumentos ou reduções nasrecomendações da adubação.Para melhorar essa interpretação do elemento“disponível”, principalmente quando do uso do extratorMehlich 1, é necessária a inclusão de algum parâmetroque possa ajudar nessa interpretação. Isso pode ser feitotanto pelo lado técnico quanto pelo lado prático, como,por exemplo, o histórico de uso do solo.Como implicação prática desses fatos, há a necessidadeda interpretação técnica da análise de solo e também dese manter um histórico de uso das áreas cultivadas.A Tabela 4.3 indica as quantidades de P2O5recomendadas em função da faixa de produtividadedentro da fertilidade específica.4.2.5. Adubação com PotássioNas análises de rotina, determina-se o potássio (K)“disponível” para as plantas através de um extratorquímico que retira uma determinada quantidade de K, semespecificar a forma. Normalmente, esse extrator deve

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retirar, predominantemente, as formas de K-trocável e o K-na solução do solo. Para a uniformização dos resultados,utiliza-se o mesmo extrator usado para o Fósforo Mehlich1.Tabela 4.3. Recomendações para a adubação fosfatada no cultivo do milhoverde, em função dos teores de fósforo no solo.

No solo, o potássio possui pouca mobilidade; portanto,adubações de cobertura devem ser observadas comcuidado, principalmente em solos argilosos. Algumasvezes, para repor o K extraído, recomenda-se suaaplicação em cobertura; entretanto, essa adubação serámais efetiva para as safras seguintes. É importante adotarpráticas conservacionistas para preservar a fertilidade dosolo.Diversos trabalhos, em diferentes regiões e culturas (Braga& Brasil Sobrinho, 1973, Raij, 1973, Ritchey et al., 1979),têm demonstrando que o nível crítico para K disponível,determinado pelo método Mehlich 1, está situado entre50 e 60 mg kg-1 e a interpretação da análise de solo podeser avaliada pela Tabela 4.4.Devido às altas quantidades de K a serem aplicadas,sugere-se o parcelamento entre as adubações de plantio ede cobertura. Neste caso, observar o custo das fórmulas20-0-20 e 20-5-20.

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A aplicação de todo o K em cobertura deve ser feitajuntamente com a adubação nitrogenada de cobertura, nomáximo 25 dias após a emergência das plantas.

Tabela 4.4. Recomendações do uso do potássio para o cultivo do milho verde,em função dos teores de K no solo. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG.

Deve-se salientar que o Zinco é um microelemento muitoimportante para o milho, em solos com deficiência domesmo, deve-se aplicar 7,5 kg ha-1 de sulfato de zinco porano, ou utilizar fórmulas que contenham zinco.4.3. Literatura citada

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Capítulo 5. Controle de Plantas Daninhas no Cultivo do Milho Verde

Décio Karam1

5.1. IntroduçãoDefinidas inicialmente, em 1912, como plantas fora dolugar (Harlan e Wet, 1965), as plantas daninhasapresentam substancial importância para a produçãoagrícola, devido ao alto grau de interferência (açãoconjunta da competição e da alelopatia) imposta àsculturas. Perdas na produção ocasionadas pelainterferência de plantas daninhas podem variar de 10%(Marcon et al, 2000) a 85% (Silva e Pires, 1990).Levando-se em consideração as perdas mundiais deprodução da cultura do milho devido à interferência deplantas daninhas, estimadas por Walker (1975) , emborade 25 anos atrás, pode-se prever em aproximadamentecinco milhões de toneladas as perdas de produção domilho devido aos efeitos diretos das plantas daninhas.O manejo de plantas daninhas na cultura do milho verdedeve enfatizar a utilização das diferentes estratégias decontrole, considerando a infra-estrutura e mão-de-obradisponíveis na propriedade. Os principais métodos decontrole são: preventivo, cultural, mecânico e químico.

1Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal, 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. E-mail: [email protected]

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5.2. Métodos de Controle5.2.1. PreventivoA importância do método de controle preventivo está napremissa de evitar a introdução, o estabelecimento e adisseminação de novas espécies de plantas daninhas. Aintrodução de novas espécies geralmente ocorre atravésdo uso de sementes contaminadas, máquinas agrícolas eanimais. Gazziero et al. (1989) sugerem a utilização desementes de boa procedência, livres de sementes deplantas daninhas, limpeza de máquinas e implementosantes de movimentá-los de um campo para outro econtrolar o desenvolvimento das invasoras, impedindo aprodução de sementes e/ou estruturas de reprodução, emcercas, estradas, terraços, pátios, canais de irrigação ouem qualquer lugar da propriedade, para evitar adisseminação de plantas daninhas.5.2.2. CulturalO método de controle cultural normalmente é utilizadopelos agricultores, sem os mesmos terem a noção deestarem utilizando mais uma técnica de manejo de plantasdaninhas. Esse método consiste na utilização dascaracterísticas da cultura e do meio ambiente queaumentem a capacidade competitiva das plantas de milhoverde, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento.Dentre as medidas culturais adotadas podemos citar: ouso de variedades adaptadas às regiões, espaçamentosreduzidos, densidade de semeadura, época de plantio, usode cobertura morta, rotação de culturas, adubaçõesadequadas e irrigação.

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5.2.3. Mecânico5.2.3.1. Capina ManualA capina manual é um método amplamente utilizado empequenas propriedades. Geralmente, os produtoresutilizam duas a três capinas com enxada durante osprimeiros 40 a 50 dias da lavoura. A partir daí, ocrescimento do milho contribuirá para a redução dascondições favoráveis à germinação e ao desenvolvimentodas plantas daninhas. A capina deve ser realizada evitandosolos úmidos, preferencialmente em dias quentes e secos.Cuidados devem ser tomados para evitar danos às plantasdo milho verde. Esse método de controle demanda grandequantidade de mão-de-obra, visto que a produtividadedessa operação é de aproximadamente 8 dias/ homem porhectare (Silva et al., 1987).5.2.3.2. Capina MecânicaA capina mecânica usando o cultivador, tracionado poranimais ou tratores, ainda é considerada o sistema maisutilizado no Brasil. As capinas mecânicas, assim como asmanuais, devem ser realizadas nos primeiros 40 a 50 diasapós a emergência da cultura. Nesse período, os danosocasionados à cultura são minimizados, comparados comos possíveis danos (quebra e arrancamento de plantas)devido a capinas realizadas tardiamente. O cultivo deveser realizado superficialmente, de preferência em diasquentes e secos, com solo seco, aprofundando-se asenxadas o suficiente para o arranquio ou corte das plantasdaninhas. As capinas mecânicas são geralmente realizadasutilizando enxadas tipo asa-de-andorinha ou picão (Figura5.1). A produtividade desse método é deaproximadamente 0,5 a 1 dia-homem/hectare (traçãoanimal) e 1,5 a 2,0 horas por hectare (tratorizada) (Silva etal., 1987).

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5.2.4. QuímicoO método de controle químico de plantas daninhasconsiste na utilização de produtos herbicidas registradosno Ministério da Agricultura e Secretarias de Agricultura.De acordo com Kissmann (2000), a área de milho tratadacom herbicidas, no Brasil, corresponde a apenas 28%,contra 98% e 65% das áreas plantadas na Argentina eUruguai, respectivamente.A seleção de um herbicida deve ser baseada nas espéciesde plantas presentes na área a ser tratada, bem como nascaracterísticas físico-químicas dos produtos. Asalternativas de herbicidas para o controle de plantasdaninhas na cultura do milho verde estão apresentadosnas Tabelas 5.1 e 5.2 (Silva e Pires, 1990; Rodrigues eAlmeida, 1988; ANDEF, 2002, Brasil, 2002). Na aplicação,deve-se verificar as condições climáticas (temperatura doar, umidade relativa do ar, vento, possibilidade de chuva),bem como as condições do solo ou das plantas. Para aaplicação de herbicidas pré-emergentes, verificar as

Figura 5.1. Tipo de enxada asa-de-andorinha (A) e picão (B) utilizadas nosistema mecânico de controle de plantas daninhas.

A

B

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condições de umidade do solo. Nas aplicações em pós-emergência, verificar as condições em que se encontramas plantas daninhas, evitando aplicar os herbicidas emcondições de estresse das plantas. Verificar persistênciamédia no solo dos herbicidas selecionados nas culturasantecessoras, uma vez que os mesmos podem tornar-sefitotóxicos para a cultura do milho verde em sucessão(Figura 5.2). Levar em consideração, na escolha de umherbicida para o controle de plantas daninhas, o intervalode segurança, que é o intervalo mínimo entre a aplicaçãoe a colheita do milho verde.

Figura 5.2. Efeito de resíduo de herbicidas aplicados em culturas antecessoras àcultura do milho verde. (A) clomazone, (B) trifluralin, (C) fomesafen.

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Tabela 5.1. Alternativas de herbicidas pré-emergentes para o controle deplantas daninhas no cultivo do milho verde.

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Tabela 5.2. Alternativas de herbicidas pós-emergentes para o controle deplantas daninhas no cultivo do milho verde.

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5.3. Literatura citadaASSOCIACAO NACIONAL DE DEFESA SANITARIA.Produtos fitossanitários comercializados no Brasil.Disponível em: <http://www.andef.com.br> Acesso em:10 maio 2002.BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária eAbastecimento. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br. > Acesso em: 20 jun. 2002.GAZZIERO, D.L.P.; GUIMARÃES, S.C.; PEREIRA, F.A.R.Plantas daninhas: cuidado com a disseminação. Londrina:EMBRAPA-CNPSo, 1989. Folder.HARLAN, J. R.; WET, J. M. de. Some thoughts aboutweeds. Economic Botany, New York, v. 19, p. 16 - 24,1965.KISSMANN, K. G. 2000. Uso de herbicidas no contextodo Mercosul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIADAS PLANTAS DANINHAS, 22., 2000, Foz do Iguaçu.Palestras... Londrina: SBCPD, 2000. p. 91 -116.MARCON, V. M.; ALVES, P. L. C. A.; MATTOS, E. D.;SOUZA, J. C. Determinação do período anterior dainterferência das plantas daninhas na cultura do Milho“safrinha” sob sistemas de plantio direto e convencional.In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIENCIA DAS PLANTASDANINHAS, 22., 2000, Foz do Iguacu. Resumos...Londrina: SBCPDaninhas, 2000. p. 30.RODRIGUES. B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de herbicidas.4.ed. Londrina: IAPAR, 1998. 648 p.SILVA, J. B.; CRUZ, J. C.; SILVA, A. F. Controle deplantas daninhas. In: EMBRAPA. Centro Nacional dePesquisa de Milho e Sorgo. Recomendações técnicas parao cultivo do milho. Sete Lagoas, 1987. p. 31-41(EMBRAPA-CNPMS.Circular Técnica, 4).

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Capítulo 6. Irrigação para o Cultivo do Milho Verde

Paulo Emílio Pereira de Albuquerque¹

6.1. IntroduçãoO milho é considerado uma cultura que demanda muitaágua, mas também é uma das mais eficientes no seu uso,isto é, produz um grande acúmulo de matéria seca porunidade de água absorvida. O milho de ciclo médio,cultivado em seu ciclo completo, para a produção degrãos secos, consome de 500 a 700 mm de água,dependendo das condições climáticas. O período demáxima exigência é na fase do embonecamento ou umpouco depois dele; por isso, déficits de água que ocorremnesse período são os que provocam maiores reduções deprodutividade. Déficit anterior ao embonecamento reduz aprodutividade em 20 a 30%; no embonecamento, em 40 a50% e após, em 10 a 20%. A extensão do período dedéficit também é importante (Reichardt, 1987).A irrigação para a cultura do milho pode ser viáveleconomicamente quando o fator limitante é a água e/ou opreço de venda do produto é favorável, o que possibilita aminimização de risco e a estabilidade no rendimento(Fancelli e Dourado Neto, 2000).No caso de o fator limitante ser a água, deve-se levar emconsideração a evapotranspiração da cultura (ETc), chuva(altura, intensidade, distribuição e probabilidade deocorrência), rendimento esperado (agricultura irrigada oude sequeiro) e água total disponível (ATD) no solo por

¹Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal, 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. E-mail: [email protected]

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unidade de profundidade efetiva do sistema radicular (Z).Além da água, há outros fatores que podem serconsiderados limitantes no estudo de viabilidadeeconômica da adoção do sistema de produção do milhoverde irrigado, conforme devem ser vistos em outroscapítulos.

6.2. Requerimento de água pela cultura do milhoA quantidade de água consumida durante o ciclocompleto de uma cultura é denominada uso consuntivo,que incorpora a água constituinte dos tecidos vegetais e aágua transpirada (T) pela cultura, que participa dosprocessos metabólicos, incluindo aí a fotossíntese.Entretanto, no processo de adicionar água à cultura, háperdas inevitáveis, que são a evaporação (E) da água dasuperfície do solo e a água transpirada pelas plantasdaninhas. A parcela da água constituinte dos tecidosvegetais é insignificante em relação à água transpirada (T)pela cultura e, geralmente, a água transpirada pelasplantas daninhas presentes na área de cultivo éconsiderada como parte da evaporação (E) da água dosolo.A combinação dos dois processos (E + T) é denominadaevapotranspiração (ET). Evaporação e transpiraçãoocorrem simultaneamente e não é fácil estabelecer adistinção entre os dois processos. A evaporação de umsolo cultivado é principalmente originada da fração daradiação solar que atinge a sua superfície. Essa fraçãodiminui ao longo do período de desenvolvimento dacultura, até que ela cubra toda a superfície do solo.Quando a cultura está no início, com poucodesenvolvimento vegetativo, a água é predominantementeperdida pela evaporação do solo, mas, a partir do

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momento em que a cultura cobre completamente asuperfície do solo, a transpiração torna-se o processo maisimportante (Allen et al., 1998).6.2.1. Evapotranspiração da culturaA água necessária a uma cultura é equivalente à suaevapotranspiração (ETc), desde que essa se encontre nummeio livre de doenças e se desenvolvendo em condiçõesótimas de solo e clima. A condição ótima de solo consisteem nível de fertilidade e umidade adequadas para acultura alcançar a sua produção potencial. Por isso, anecessidade hídrica de uma cultura é baseada em suaevapotranspiração máxima (ETc) e é expressa,normalmente, em milímetros por dia (mm/dia).Em situação prática, a ETc é relacionada àevapotranspiração de uma cultura de referência (ETo), queé, em nossas condições, a grama batatais, de modo asimplificar o processo de estimar a ETc. Então, a ETc pode

(1)ser obtida pela equação:em que:ETc = evapotranspiração da cultura do milho (mm/dia);kc = coeficiente da cultura do milho (adimensional);ETo = evapotranspiração da cultura de referência (mm/dia).6.2.2. Evapotranspiração de referênciaA evapotranspiração da cultura de referência, ousimplesmente evapotranspiração de referência (ETo), édefinida como a evapotranspiração de uma superfícieconsiderável de grama verde a uma altura uniforme (entre

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8 e 15 cm), sob desenvolvimento ativo, que recobrecompletamente o solo, sem limitação hídrica.Com base nos dados meteorológicos disponíveis,seleciona-se um método para o cálculo da ETo. É evidenteque, quanto maior for a disponibilidade de dados evariáveis, também deverá ser maior a acurácia naestimativa da ETo.Na literatura especializada, encontra-se a descrição dealguns métodos para estimar a Eto; mais recentemente,tem sido recomendada pela FAO a equação de Penman-Monteith (Allen et al., 1998). Também muito utilizado é otanque de evaporação Classe A (Doorenbos e Pruitt,1977; Allen et al., 1998).6.2.3. Coeficiente de cultura para o milho verdeOs valores do coeficiente de cultura (kc) para o milho sãoinfluenciados pelas características da variedade ou cultivarempregada, época de semeadura, estádio dedesenvolvimento da cultura e condições gerais de clima.O milho, por ser uma cultura de ciclo curto ou anual, podeter o seu estádio de desenvolvimento dividido em quatrofases, para efeito do estudo da evolução dos valores de kcao longo do tempo. Entretanto, considerando que acultura será colhida no estádio de milho verde ou de grãoleitoso ou pastoso, portanto, sem completarintegralmente o seu ciclo fenológico, pode-sedesconsiderar parte da 3ª fase e totalmente a 4ª e últimafase.A evolução dos valores de kc do milho verde com o tempopode ser visualizada na Figura 6.1.Segundo dados adaptados de Doorenbos e Pruitt (1977),para diversas regiões do mundo, a duração do ciclo

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fenológico do milho, para a sua colheita como grãossecos, varia de 125 a 180 dias, cujas fases 1, 2, 3 e 4correspondem a 17%, 28%, 33% e 22%,respectivamente, do ciclo total. No entanto, observa-se,na Figura 6.1, que a fase 4 é inexistente, quando se utilizao milho comum para colhê-lo como milho verde e que afase 3 é reduzida de 33% para 27%. Dessa forma, acolheita do milho verde corresponde a 72% do ciclocompleto do milho comum (da semeadura até amaturação fisiológica).

Figura 6.1. Evolução do coeficiente de cultura (kc) do milho verde com a fasedo seu ciclo vegetativo, de acordo com as condições climáticas (umidaderelativa do ar, UR, e velocidade média do vento, v) e freqüência de irrigação nafase inicial. Observar que a fase 4 é inexistente para a colheita do milho comumcomo milho verde.

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Os valores de kc variam conforme a faixa apresentada naTabela 6.1, para as fases 1 a 3 do seu ciclo dedesenvolvimento, em função das condições de umidaderelativa do ar (UR), velocidade média do vento (v) e turnode irrigação adotado na fase 1. Considera-se que o valorou os valores assumidos para a fase 2 variam linearmenteentre os valores da fase 1 e 3, como está apresentado naFigura 6.1.Tabela 6.1. Valores do coeficiente de cultura das fases 1 a 3 do ciclofenológico do milho verde, de acordo com a umidade relativa do ar (UR),velocidade média diária do vento (v) e turno de irrigação adotado na fase 1(Doorenbos e Pruitt, 1977).

6.3. Água disponível no solo6.3.1. Água total disponívelAlém de outras importantes funções que o solodesempenha no sistema agrícola, é também o“reservatório” de água para as plantas.A água total disponível (ATD) no solo que pode serabsorvida pela planta é definida como a água contida nosolo que está entre a umidade da capacidade de campo(CC - ou limite superior da água disponível) e a umidadedo ponto de murcha permanente (PMP – ou limite inferiorda água disponível). Verificou-se que, na maioria dos

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solos e na maioria das situações, o solo se encontra naCC quando o potencial matricial da água (Ym) contida neleoscilar na faixa entre –1/10 (solos arenosos) e –1/3 atm(solos argilosos) (de –10 a -30 kPa, respectivamente).Também foi verificado que o valor desse potencial para oPMP é de –15 atm (-1500 kPa). Em laboratório, tanto CCquanto PMP podem ser determinados com o mesmoequipamento utilizado para determinar a curva deretenção.Maiores detalhes sobre o conceito desses limites da águadisponível no solo e descrição de metodologias paradeterminações podem ser verificados em Reichardt (1996).A água total disponível (ATD) pode ser representada pelaequação:

em que:ATD = água total disponível no solo (mm de água/cm de solo);CC = umidade do solo na capacidade de campo (% peso);PMP = umidade do solo no ponto de murcha permanente (%peso);d = densidade (global) do solo (g/cm3);10 = constante necessária para conversão de unidades.O ideal é obter a curva de retenção do solo em laboratório(Reichardt, 1996) para se conhecer a ATD, mas, namaioria das situações, devido à dificuldade de obtençãodessa curva, pode-se estimá-la, de modo menos exato, pormeio dos valores constantes na Tabela 6.2, desde que seconheça ou se tenha noção da textura do solo.

(2)

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6.3.2. Água facilmente disponívelA água total disponível (ATD), como já foi visto, dependeda textura e da estrutura do solo; portanto, é variável como tipo de solo. Apesar de o conceito de ATD definir quetoda a água em sua faixa está disponível para a planta, narealidade a água é mais facilmente disponível quando estápróxima da capacidade de campo (CC).Devido a esse maior grau de dificuldade de extração deágua pelas plantas em potenciais menores é que sedefiniu o termo Água Facilmente Disponível (AFD). A AFDé usada no lugar da ATD porque não se deve deixar que oconteúdo de água no solo atinja o PMP. Por isso, emfunção da cultura, das condições de clima e solo, éestabelecido o coeficiente de disponibilidade ou dedepleção (f), tendo em vista o maior ou menor grau dedificuldade na extração de água do solo pela planta.Então, a AFD é definida como:

(3)em que:AFD = água facilmente disponível (mm/cm de solo);f = coeficiente de depleção da água no solo (adimensional, 0 < f < 1 – Tabela 6.3);ATD = água total disponível (mm/cm de solo).O coeficiente f estabelece o ponto da água no solo emque não haverá perda de rendimento da culturaproveniente da demanda evaporativa. Assim, maiordemanda evaporativa normalmente exigirá menoresvalores de f e vice-versa.A Tabela 6.3 fornece valores de f de acordo com aevapotranspiração máxima da cultura do milho.

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Tabela 6.2. Valores aproximados para algumas características físico-hídricas dossolos, segundo a sua classe textural (Vermeiren e Jobling, 1997).

Tabela 6.3. Coeficiente de depleção (f) da água no solo para a cultura do milho,segundo a evapotranspiração máxima - ETm (Doorenbos e Kassam, 1979).

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É importante manter, no final da fase 3, ocasião em quese inicia a colheita das primeiras espigas, o solo commaior conteúdo de água, independente da demandaevaporativa nesse período, para que as plantaspermaneçam sempre túrgidas, favorecendo oprolongamento do espaço de tempo de plantas quetenham espigas com grãos leitosos/pastosos. Por isso,deve-se deixar, logo no início da colheita, o valor de f emtorno de 0,30, até que se termine a colheita de todas asespigas.6.3.3. Profundidade efetiva do sistema radicularA profundidade efetiva do sistema radicular (Z) para omilho pode variar entre 40 e 50 cm; entretanto,dependendo das circunstâncias, impedimentos no solo deordem física e/ou química podem alterar esses valores, demodo que é preferível que se realize teste em campo, paraque se possa encontrar o valor mais compatível com arealidade local.É claro que, na fase inicial, o sistema radicular vai-sedesenvolvendo a partir da profundidade de semeadura atéatingir o seu pleno desenvolvimento, que deve ocorrer notérmino da fase 2. Pode ser considerado que o seudesenvolvimento é linear a partir da profundidade desemeadura, até atingir a fase 3, como está representadona Figura 6.2.6.3.4. Lâmina de água armazenada no solo e turno de irrigaçãoA lâmina de água que fica armazenada no solo (Arm) eque pode se tornar disponível à planta é a água facilmentedisponível (AFD) limitada à profundidade efetiva dosistema radicular da planta, cuja equação pode ser assimrepresentada:

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em que:Arm = lâmina de água armazenada no solo que será usada como suprimento para a cultura (mm);AFD = água facilmente disponível no solo (mm de água/ cm de solo);Z = profundidade efetiva do sistema radicular (cm – para o milho, Zo £ Z £ 40 a 50 cm, sendo Zo a profundidade de semeadura, conforme a Figura 6.2).Conhecendo-se a necessidade de água para qualquerperíodo do ciclo da cultura, que pode ser obtida daequação 1, e o armazenamento de água no solo (equação4), facilmente pode-se obter o turno de irrigação (intervaloentre irrigações) para o período considerado, a partir darelação:

(4)

(5)em que:TI = turno de irrigação (dias);Arm = lâmina de água armazenada no solo que fica disponível à cultura (mm);ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia).

6.4. Manejo da irrigaçãoO manejo da irrigação da cultura do milho nada mais é doque estabelecer o momento correto de aplicar água e asua respectiva lâmina (quando e quanto aplicar). Várioscritérios podem ser adotados para o manejo da irrigação.Aqui serão discutidos os mais comuns e que são de maioruso prático nas condições atuais.

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6.4.1. Critério baseado no uso das características físico-hídricas do solo e na estimativa da evapotranspiração da culturaO turno de irrigação (TI) é normalmente variável de acordocom a variabilidade temporal da evapotranspiração dacultura (ETc). Entretanto, um critério de manejo deirrigação com o TI variável, apesar de ser o ideal, muitasvezes torna-se de difícil operacionalidade em condiçãoprática.Na adoção de um TI fixo, parte-se do pressuposto de quea ETc diária possui um valor constante, que pode ser

Figura 6.2. Estimativa do desenvolvimento do sistema radicular da cultura domilho verde em função das fases do seu ciclo de desenvolvimento (Zo é aprofundidade de semeadura e Zmax é a profundidade efetiva do sistema radicularem seu desenvolvimento máximo).

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obtido pela média diária prevista para todo o período dedesenvolvimento da cultura ou pelo valor críticoestabelecido no dimensionamento do sistema de irrigação,mas são valores que não retratam o dia-a-dia da ETc dacultura no campo. O que se recomenda pelo menos é quese adote o TI fixo para cada uma das três fases relatadasno item referente à seleção do coeficiente de cultura (kc),de modo que tornar-se-á necessário que se considere aETc média diária reinante em cada uma dessas fases. Essecritério normalmente é empregado quando se trabalhacom dados históricos (de no mínimo 15 anos) daevapotranspiração de referência (ETo) para o local docultivo. Atualmente, o método de Penman-Monteith éum dos que têm sido mais recomendados para predizervalores de ETo (Allen et al., 1998), além do método dotanque Classe A, conforme já visto no item 6.2.2. Dessaforma, o turno de irrigação (TI) e a lâmina líquida (LL) aserem determinados, para cada uma das três fases dociclo do milho verde, são dados por:

(6)

(7)em que:i = índice correspondente à fase (Figura 6.1) do ciclo da cultura do milho verde (i = 1, 2 ou 3);TIi = turno de irrigação na fase i, em dias;fi = coeficiente de depleção da água no solo para a fase i (Tabela 6.3);ATD = água total disponível no solo (equação 2 ou Tabela 6.2), em mm de água/cm de solo;Zi = profundidade efetiva do sistema radicular na fase i (item 6.3.3 e Figura 6.2), em cm;

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ETo i = evapotranspiração de referência média na fase i (item 6.2.2), em mm/dia;kci = coeficiente de cultura na fase i (item 6.2.3, Figura 6.1 e Tabela 6.1);LLi = lâmina líquida de irrigação na fase i, em mm.Geralmente, no cálculo do TI pela equação 6, é muitocomum a não obtenção de número inteiro, ou seja, o TIcom fração de dias. O que se faz comumente é oarredondamento para o próximo valor inteiro inferior, demodo que o coeficiente de depleção (f) fique ajustadopara um valor menor ao originalmente adotado. Isso se fazpor medida de segurança, para não submeter a cultura aalgum tipo de estresse hídrico. Entretanto, quando o seuvalor na casa decimal for superior a oito décimos (> 0,8),não é problema o seu arredondamento para o próximosuperior, desde que se analise o que ocorre com o valor def. Desse modo, haverá a necessidade de corrigir a LLobtida pela equação 7, em função do TI corrigido, com aconseqüente correção do valor de f também:

em que:LLi(cor.) = lâmina líquida de irrigação, para a fase i, corrigida em função do turno de irrigação, arredondado para um valor inteiro, em mm;TIi(cor.) = turno de irrigação, para a fase i, corrigido para um valor aproximado inteiro, em dias;fi(cor.) = coeficiente de depleção corrigido em função da lâmina líquida corrigida;ETo i, kci, ATD e Zi = são definidos como estão para as equações 6 e 7.

(8)(9)

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Quando se trabalha com dados reais de ETo ou de ETc,como, por exemplo, os estimados diariamente a partir daevaporação da água de um tanque Classe A (ECA), émuito provável que o TI ficará variável, em função damaior ou menor amplitude dos valores diários da ETc.Também quando se adotam como critério de manejosensores que monitoram o potencial matricial (tensão) daágua ou diretamente a umidade do solo, é possível que oTI seja variável, dependendo das circunstâncias. Como asmedições (de dados de solo ou de clima) são tomadasdiretamente do local ou de imediações da área cultivada,isso também refletirá num manejo mais realista, emcomparação com o critério do TI fixo.6.4.2. Critério baseado em sensores para monitoramento do potencial ou da umidade do soloOs equipamentos que possuem sensores que monitoram opotencial matricial (tensiômetros e blocos de resistênciaelétrica) e o conteúdo de água no solo (TDR e sonda denêutrons) podem ser empregados também para se fazer omanejo de irrigação. Maiores detalhes sobre ascaracterísticas desses equipamentos podem ser vistos emReichardt (1987), Reichardt (1996) e Gomide (1998).Como o tensiômetro e o bloco de resistência têm sido osinstrumentos mais comuns e práticos a essa finalidade,será mostrado aqui como se faz o manejo utilizando taisequipamentos.O tensiômetro funciona adequadamente na faixa depotencial de 0 a –80 kPa (0 a –0,8 atm), mas que nãorepresenta grande problema, porque a maior parte da águafacilmente disponível dos solos usados em agricultura estáretida dentro dessa faixa de potencial. Quando hánecessidade de se extrapolar essa faixa (potenciais < -80kPa), podem-se empregar os blocos de resistência elétrica,

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mas há necessidade da calibração desses para cada tipode solo. Em ambos os casos, haverá a necessidadetambém da obtenção da curva de retenção do solo, oupelo menos das umidades da capacidade de campo (CC),do ponto de murcha permanente (PMP) e do potencial dereferência para se fazer a irrigação (Yir).Para o caso do milho, o potencial de referência para seefetuar a irrigação (Yir) é variável de acordo com o climalocal e a época de plantio. Porém, de modo geral, para agarantia de plantas sem estresse hídrico, pode-seconsiderar o Yir variando de –50 a –70 kPa (de –0,5 a-0,7atm). É claro que cada caso deve ser estudado em suascondições peculiares.As medições do potencial ou da umidade devem ser feitasem pelo menos três a quatro pontos representativos daárea e, no mínimo, a duas profundidades, uma zona demáxima atividade radicular (ponto A - que correspondeaproximadamente à região mediana da profundidadeefetiva do sistema radicular, para a cultura em seumáximo desenvolvimento) e outra nas proximidades daparte inferior da zona radicular (ponto B). No caso domilho, o que pode ser considerado, quando só se dispuserde equipamento para monitorar o potencial ou a umidadedo solo, é que se realizem irrigações freqüentes (1 ou 2dias) até os 15 dias após a semeadura (DAS) e de 15 a 30DAS se instalem os sensores a 10 cm (ponto A) e 20 cmde profundidade (ponto B). Após os 30 DAS, os sensoresnos pontos são aprofundados para 20 cm (ponto A) e 40cm (ponto B). As medições no ponto A são as que devemser utilizadas para o critério do momento da irrigação e asno ponto B servem como complementares, para que setenha um controle sobre o movimento da água no solodurante a extração de água pela cultura e mesmo durante

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os processos de irrigação (infiltração) e redistribuição daágua no perfil.Controlando-se a irrigação através desses sensoresinstalados no solo, o momento de irrigar ficacompletamente independente do estabelecimento préviode turnos de irrigação. Contudo, deve-se acompanhar odesenvolvimento do sistema radicular, para determinar azona ativa das raízes (Zi) e considerar a leitura dopotencial ou da umidade feita no ponto médio dessaprofundidade como a indicadora de quando irrigar.Usando-se esse método como manejo de irrigação, alâmina líquida de irrigação por fase da cultura (LLi) é dadapor:

em que:LLi = lâmina líquida de irrigação na fase i, em mm;CC = umidade do solo na capacidade de campo, em % de peso;Uir = umidade do solo no ponto A, correspondente ao potencial referente ao momento de se efetuar a irrigação (Yir = -50 a –70kPa), em % de peso;d = densidade do solo, em g/cm3;Zi = profundidade efetiva do sistema radicular na fase i, em cm.10 = constante necessária para conversão de unidades.Observa-se que o coeficiente de depleção (f) não apareceexplícito na equação 10, porque esse fator está implícitoao se estabelecer um limite mínimo de umidade de solopara reinício da irrigação (Uir). No entanto, quando seutilizam instrumentos que medem apenas o potencialmatricial (como o tensiômetro), é necessário converter ovalor de Yir em Uir através da curva de retenção do solo.

(10)

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6.4.3. Irrigação do dia do plantio e dos dias próximos subseqüentesÉ recomendável que a irrigação do dia do plantio ou dasemeadura se faça de modo a umedecer umaprofundidade de solo preestabelecida até a capacidade decampo. Essa camada de solo a considerar deverá ser de nomínimo a profundidade máxima efetiva do sistemaradicular anteriormente discutida.Assim, a equação para calcular a lâmina líquida de plantioé semelhante à equação 10 e é escrita da seguinte forma:em que:

(11)

LL = lâmina líquida de irrigação a ser aplicada no dia do plantio, em mm;CC = umidade do solo na capacidade de campo, em % de peso;Uin = umidade inicial do solo, ou seja, no dia do plantio, em % de peso;d = densidade do solo, em g/cm3;Prof = profundidade do solo que se deseja umedecer até a capacidade de campo (CC), em cm. Recomenda- se que Prof ³ profundidade efetiva máxima do sistema radicular (Z);10 = constante necessária para conversão de unidades.A umidade inicial (Uin) pode ser determinada pelo métodogravimétrico através de amostra retirada do local até aprofundidade Prof. Dependendo da condição climática,como, por exemplo, após um período de seca prolongado,o seu valor poderá até ser menor do que o ponto demurcha permanente (PMP).

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Logo após o plantio, a semente necessitará de umidadeno solo para iniciar o processo de germinação ou dedesenvolvimento. A reserva de água no solo necessária àgerminação se limita à profundidade de semeadura (Zo) eum pouco além dela. Portanto, é de fundamentalimportância manter o solo sempre úmido nesse período depré-emergência. A grande perda de água pelo solo nesseperíodo é devido à evaporação pela sua superfície.Nos cálculos da lâmina líquida para os primórdios da fase1 (LL1) do ciclo da cultura normalmente fixa-se o turno deirrigação (TI1). Porém, pode ocorrer que o TI1 fixado nãoseja o adequado para o desenvolvimento da plântula.Como saber se o TI1 fixado arbitrariamente é o maisadequado? Vamos, através de um exemplo hipotético,analisar essa questão.Consideremos um solo com Água Total Disponível (ATD)de 1,0 mm/cm de solo, coeficiente de depleção (f) de0,50 e profundidade de semeadura (Zo) de 5 cm. Se aevapotranspiração da cultura (ETc) nessa fase for de 4mm/dia e se fixarmos o turno de irrigação (TI1) em doisdias, pode-se calcular a LL1 através da equação 7, ou seja:

Agora, usando a equação 6 combinada com a equação 7para analisarmos o que pode ocorrer com o f1 ao usarmosLL1 de 8 mm, então fica:

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Com efeito, o coeficiente f1 não pode ser maior do que 1,o que pressupõe que haverá retirada de água do soloabaixo do ponto de murcha permanente (PMP), o quecausará estresse hídrico à plântula ou prejudicará oprocesso de germinação.Analisando de outra forma, se o solo foi irrigado no dia doplantio, estando em sua capacidade máxima de águadisponível, a lâmina disponível em 5 cm de profundidadeé de 1,0 (mm/cm) x 5 cm = 5 mm. Não há como haverretirada de 8 mm por evaporação ou pela plântula se acapacidade do solo é de apenas 5 mm.Portanto, haverá necessidade de se reduzir o TI1 para umdia, fazendo, assim, a LL1 = ETc1 = 4 mm. E o f1 ficaráigual a 4/5 = 0,8. Ainda não é o ideal, mas não haveráredução de umidade no solo aquém do PMP. Nesteexemplo, para manter o f1 igual a 0,5, haveria necessidadede TI1 < 1 dia (em horas) o que, às vezes, é inviável paraum manejo prático.6.4.4. Lâmina bruta de irrigaçãoA lâmina bruta de irrigação (LB) é baseada na lâminalíquida de irrigação (LL), eficiências do sistema e nanecessidade de lâminas extras de lixiviação, para o casode controle de salinização em áreas propícias.Desse modo, a LB é dada por:

em que:LB = lâmina bruta de irrigação, em mm;LL = lâmina líquida de irrigação, em mm;Lr = lâmina complementar necessária para lavagem do solo, em situação propícia à salinização do solo, em mm;Ef = eficiência de irrigação, em decimal.

(12)

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A eficiência (Ef) representa a porcentagem da água totalaplicada à cultura que foi beneficamente utilizada para ouso consuntivo da cultura. Ef é basicamente uma funçãoda uniformidade de aplicação, mas também depende deperdas menores (escoamento superficial, vazamentos,fluxos na rede e drenagem), perdas inevitáveis (percolaçãoprofunda, devido ao padrão de molhamento no solo echuva fora de época) e perdas evitáveis (resultantes deprogramação inadequada).Em regiões úmidas, que possuem um período de chuvasregulares, que promovem a lavagem do solo, édesnecessário o uso da Lr. Entretanto, em regiões dechuvas escassas, como em locais áridos e semi-áridos, hánecessidade de considerar esse termo no cálculo da LB.Os valores da eficiência são obtidos em função dauniformidade de aplicação que o sistema de irrigaçãoempregado pode fornecer. Por isso, há a importância derealizar testes de uniformidade de aplicação de água nosdiversos sistemas de irrigação existentes.

6.5. Consumo total de água pela cultura do milho verdeO consumo total de água pela cultura do milho verde variaem função das condições climáticas e da cultivarutilizada. Para a ocorrência de uma condição ideal deevapotranspiração máxima, ou seja, as plantas sem sofrerestresse hídrico, os valores aproximados do consumo deágua pela cultura por fase do ciclo fenológico (conforme aFigura 6.1) estão apresentados na Tabela 6.4, em funçãode demandas evaporativas alta, média e baixa.

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Tabela 6.4. Valores aproximados do consumo de água pela cultura do milhoverde, por fase do ciclo fenológico e total, em função da demanda evaporativa.

6.6. Literatura citada

ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Cropevapotranspiration: guidelines for computing crop waterrequirements. Rome: FAO, 1998. 300p. (FAO. Irrigationand Drainage Paper, 56).DOORENBOS, J.; KASSAM, A.H. Efectos del agua en elrendimento de los cultivos. Roma: FAO, 1979. 212p.(Estudio FAO Riego y Drenage, 33).DOORENBOS, J.; PRUITT, W. O. Crop water requirements.Rome: FAO, 1977. 144p. (Irrigation and Drainage Paper,24).FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho.Guaíba: Agropecuária, 2000. 360p.

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115O Cultivo do Milho Verde

GOMIDE, R. L. Monitoramento para manejo de irrigação:instrumentação, automação e métodos. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 27, 1998,Poços de Caldas. Manejo de irrigação. Lavras: UFLA,1998. cap.2, p.133-238. Editado por M.A. de Faria, E.L.da Silva, L.A.A. Vilela, A.M. da Silva.REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. São Paulo:Manole, 1987. 188p.REICHARDT, K. Dinâmica da matéria e da energia emecossistemas. 2.ed. Piracicaba: USP/ESALQ, 1996. 513p.VERMEIREN, L.; JOBLING, G.A. Irrigação localizada.Tradução de H.R. Gheyi, F.A.V. Damasceno, L.G.A. SilvaJr.; J.F. de Medeiros, Campina Grande, UFPB, 1997.184p. (Estudos FAO: Irrigação e Drenagem, 36).

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Capítulo 7. Doenças e seu Controle no Cultivo do Milho Verde

Fernando Tavares Fernandes1

Elizabeth de Oliveira1

No cultivo do “milho verde”, as doenças mais importantessão aquelas que ocorrem até o ponto de colheita,podendo, por isso, afetar a qualidade do produto final.As doenças foliares causadas por fungos e bactériasprovocam necroses que reduzem a área foliar e, emconseqüência, a produção de fotoassimilados e aqualidade do milho verde. Fungos apodrecedores deespigas podem infectar os grãos do estádio deflorescimento. As podridões do colmo, que ocorrem antesdo florescimento, podem acarretar o tombamento dasplantas, reduzindo a produção. Doenças sistêmicas domilho, como viroses, enfezamentos e míldio, interferemnos processos fisiológicos, prejudicando odesenvolvimento normal e a produção das plantas.As principais doenças que ocorrem na cultura do milhodestinado à produção de milho verde são descritas aseguir.7.1. Mancha por Exserohilum (Mancha por Helminthosporium)Os sintomas dessa doença são mais severos após opendoamento e se iniciam pelas folhas baixeiras.Caracterizam-se pela formação de lesões foliaresnecróticas, de coloração palha e bordas bem definidas,alongadas, grandes e largas (Figura 7.1). O centro daslesões pode se tornar escuro, devido à frutificação do1Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo.Caixa Postal 151. 35701-970.Sete Lagoas, MG. E-mail: [email protected];[email protected]

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fungo. As lesões podem coalescer, acarretando morteprematura das plantas.

Figura 7.1. Mancha por Exserohilum.

A mancha por Exserohilum é causada pelo fungoExserohilum turcicum K.J. Leonard & E.G. Suggs. (Syn.Helminthosporium turcicum Pass.). Esse patógenosobrevive nos restos de cultura. Assim, em áreas ondeesses restos não são incorporados ao solo, pode ocorrerum aumento na concentração do inóculo e,conseqüentemente, na severidade da doença no plantiosubseqüente. Essa doença é favorecida por temperaturasentre 18o e 27 oC, com o ótimo em 20 oC, e pela presençade orvalho na superfície das folhas. Os conídios sãodisseminados, a longas distâncias, pelo vento, nãohavendo evidências da transmissão do pátogeno pelassementes.A principal medida de controle é a utilização de cultivaresresistentes. Práticas como a rotação de cultura e aração egradagem, por reduzirem a concentração de inóculo no

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solo, podem reduzir a severidade da mancha porExserohilum. Essa doença pode ser controlada tambémpela aplicação do fungicida Tebuconazole, registrado noMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento paraessa finalidade. As aplicações devem começar tão logoapareçam os primeiros sintomas.7.2. Ferrugem comumA ferrugem comum caracteriza-se pela formação, emambas as superfícies das folhas, de pústulas tipicamentealongadas, de cor marrom-clara, cuja epiderme se rompelongitudinalmente em forma de fenda (Figura 7.2).

Figura 7.2. Ferrugem comum (Puccinia sorghi).

Essas pústulas podem também ser observadas na bainha,colmo e palhas das espigas. O agente causal da ferrugemcomum é o fungo Puccinia sorghi Schw.Por ser um parasita obrigatório, a fonte primária deinóculo são os uredosporos, de cor marrom, tipicamentearredondados, formados no próprio milho, ou osaeciosporos produzidos no hospedeiro alternativo Oxalis

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sp. (trevo) e cuja disseminação se dá principalmente pelovento. Em cultivares susceptíveis e sob condiçõesambientais favoráveis à doença, como alta umidaderelativa e temperaturas entre 16o e 23 oC, pode ocorrer amorte prematura das plantas e redução acentuada notamanho das espigas e dos grãos.As principais medidas de controle são a utilização decultivares resistentes, a eliminação das plantashospedeiras infectadas (milho e o trevo) e evitar,principalmente em plantios escalonados, novos plantiospróximos a culturas infectadas. Essa doença pode sercontrolada também pela aplicação do fungicidaTebuconazole, registrado no Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento para essa finalidade. Asaplicações devem começar tão logo apareçam os primeirossintomas.

7.3. Ferrugem polissoraA ferrugem polissora pode ser observada por ocasião doflorescimento das plantas de milho, inicialmente nasfolhas baixeiras, na forma de pústulas,predominantemente circulares, de cor marrom-clara (Figura7.3). As pústulas tornam-se marrom-escuras à medida emque a planta se aproxima da fase de maturação. Essaspústulas, de aspecto pulverulento, encontram-se maisdensamente distribuídas na face superior das folhas e sedesenvolvem mais lentamente na face inferior, sendo maiscomum encontrar esporulação apenas na face superiorPodem também ser observadas na bainha, colmo e palhasdas espigas.O agente causal dessa ferrugem é o fungo Pucciniapolysora Underw, considerado um parasita obrigatório.Por apresentar como único hospedeiro o milho, a fonte

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primária de inóculo para as novas culturas são osuredosporos, de cor amarelada, tipicamente ovais airregulares, formados no próprio milho, cuja disseminaçãose dá principalmente pelo vento. A severidade daferrugem polissora é favorecida por umidade relativa altae temperaturas em torno de 27 oC. Ocorre com maisintensidade em altitudes abaixo de 700 m. Nessascondições, em cultivares susceptíveis, pode ocorrer amorte prematura das plantas e redução acentuada notamanho das espigas e dos grãos.

Figura 7.3. Ferrugem polissora (Puccinia polysora).As principais medidas de controle são a utilização decultivares resistentes e evitar, principalmente em plantiosescalonados, novos plantios próximos a culturasinfectadas. Essa doença pode ser controlada também pelaaplicação do fungicida Tebuconazole, registrado noMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento paraessa finalidade. As aplicações devem começar tão logoapareçam os primeiros sintomas.

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7.4. Ferrugem branca ou tropicalA ferrugem branca pode ser facilmente identificada, emcondições de campo, pela coloração creme de suaspústulas (Figura 7.4), que ocorrem tipicamente em grupos,na superfície superior das folhas. Com o desenvolvimentoda doença, os grupos de pústulas tornam-se circundadospor um halo escuro, freqüentemente avermelhado. Sobcondições favoráveis, pode causar morte prematura dasplantas e redução acentuada no tamanho das espigas egrãos.

Figura 7.4. Ferrugem branca ou tropical (Physopella zeae).O agente causal da Ferrugem branca ou tropical é o fungoPhysopella zeae (Mains) Cummins & Ramachar,considerado um parasita obrigatório. Até o momento, nãosão conhecidos hospedeiros alternativos para essepatógeno. Apresenta, como único hospedeiro, o milho,sendo essa a fonte primária de inóculo para as novasculturas de milho. Os uredosporos são hialinos e suadisseminação se dá principalmente pelo vento.Por ser uma doença observada nos mesmos locais daferrugem polissora, com intensidade e severidade

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semelhantes à mesma, é provável que ambas sejamfavorecidas pelas mesmas condições climáticas.O método mais eficiente de controle da ferrugem branca éa utilização de cultivares resistentes.

7.5. Mancha por PhaeosphaeriaOs sintomas dessa doença se caracterizam pela presença,nas folhas, de lesões necróticas, de cor palha, em númerovariável, circulares a elípticas, com diâmetro variandoaproximadamente de 0,3 a 1,0 cm. Peritécios e picnídiospodem ser observados nessas lesões, na superfíciesuperior das folhas. No início, essas lesões são aquosas,do tipo anasarca, de cor verde-clara (Figura 7.5).

Figura 7.5. Mancha por Phaeosphaeria (Phaeosphaeria maydis).Em geral, os sintomas da mancha por Phaeosphaeriaaparecem primeiro nas folhas inferiores, progredindo paraas folhas superiores, sob condições favoráveis. Ossintomas são mais severos após o pendoamento. Podecausar a seca prematura das folhas e redução no ciclo daplanta. O tamanho e o peso dos grãos podem serdrasticamente reduzidos, acarretando queda na produçãode até 60%.

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A mancha por Phaeosphaeria é causada pelo fungoPhaeosphaeria maydis (P. Henn.) Rane, Payak & Renfro, f.imperfeita Phyllosticta sp.A severidade dessa doença é favorecida essencialmentepela umidade relativa acima de 60% e por temperaturasnoturnas em torno de 14 oC.Além do milho, não são conhecidos outros hospedeiros dePhaeosphaeria maydis. Esse patógeno sobrevive nosrestos de cultura e, em áreas em que esses restos não sãoincorporados ao solo, pode ocorrer um aumento naconcentração de inóculo e, conseqüentemente, naseveridade da doença. Após ocorrência severa da doença,recomenda-se a rotação de cultura ou a incorporação dosrestos de cultura ao solo.O método mais eficiente de controle da mancha porPhaeosphaeria é a utilização de cultivares resistentes.Uma prática cultural que tem-se mostrado efetiva, emalgumas regiões, é a realização dos plantios de milho maiscedo, geralmente nos meses de setembro e outubro,evitando, assim, os plantios tardios, nos quais a doençaincide com maior severidade.

7.6. Míldio do sorgo em milhoO agente etiológico dessa doença é o fungoPeronosclerospora sorghi, (Weston e Uppal) C.G.Shaw (=Sclerospora sorghi Weston e Uppal).Essa doença causa a esterilidade das plantas de milho,quando a infecção ocorre nos primeiros estádios de seudesenvolvimento. O pendão de plantas infectadas poresse patógeno pode apresentar deformações em que asestruturas florais se transformam em pequenas folhas(pendão louco ou “crazy top”) (Figura 7.6). Algumas

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vezes, em plantas infectadas, não há formação do pendãoe essas apresentam folhas estreitas e eretas.

Figura 7.6. Míldio do sorgo (Peronosclerospora sorghi) - pendão louco

A disseminação do patógeno se dá pelo vento, na formade oosporos e, principalmente, de esporangiosporos, essesúltimos formados na superfície inferior das folhas, napresença de orvalho e temperaturas entre 21 e 23 oC.Através das sementes, a disseminação pode ocorrer naforma de oosporos aderidos à superfície ou, internamente,na forma de micélio. Essas condições de umidade etemperatura também favorecem a infecção das plantaspor Peronosclerospora sorghi, porém a doença progride eatinge níveis epidêmicos apenas se, após a infecção, atemperatura ambiente se mantiver abaixo de 22 oC.O fungo sobrevive no solo, por vários anos, na forma deoosporos e, nos restos de cultura, na forma de oosporos ede micélio. Plantas de sorgo infectadas por essepatógeno, particularmente as espécies perenes de

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Sorghum halepense e Sorghum verticilliflorum, tambémgarantem sua sobrevivência e constituem a principal fontede inóculo para a cultura do milho.Para o controle dessa doença, recomenda-se a utilizaçãode cultivares resistentes. A eliminação de plantas de sorgoinfectadas pelo patógeno também é uma medida efetivade controle. Práticas culturais como aração, gradagem erotação de cultura contribuem para a redução naquantidade de inóculo presente no solo. A realização deplantios em determinadas épocas, evitando-se a exposiçãoda cultura a condições climáticas favoráveis à doença,particularmente nos primeiros estádios dedesenvolvimento das plantas, permite escapar da mesma.Embora o fungicida Metalaxil, utilizado para tratamentode sementes, seja efetivo no controle desse patógeno,não está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento para esse fim.

7.7. Mancha por CercosporaA Mancha por Cercospora em milho é uma doença quecausa perdas consideráveis na produção de sementes egrãos. Plantas com sintomas severos da doença tornam-sesusceptíves às podridões do colmo, podendo essaschegarem a níveis de incidência de 100%. No Brasil, essadoença tem se destacado entre as principais na cultura domilho, devido ao aumento significativo em sua severidade.Tem sido observada em alta severidade no Sudoeste deGoiás (Montividiu, Rio Verde, Mineiros, Jataí), onde temcausado redução na produção superior a 80%. Essadoença já foi detectada também na região da AltaMogiana, em São Paulo, em Paracatu, MG, em Dourados,Itaporã e Maracaju, MS e Pedra Preta, MT.

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A mancha por Cercospora é causada pelo fungoCercospora zeae-maydis Tehon & Daniels. A severidadedessa doença é favorecida por temperaturas entre 24o e35 oC, pela ocorrência de vários dias nublados, com altaumidade relativa, e pela cerração. Sob condiçõesdesfavoráveis, a doença paralisa seu desenvolvimento edesenvolve-se rapidamente tão logo as condições voltema ser favoráveis. A disseminação desse patógeno emlongas distâncias se dá principalmente pelo vento, naforma de conídios e de fragmentos de restos de culturainfectados deixados na superfície do solo, podendoocorrer também por respingos de chuva.Nas folhas, os sintomas de susceptibilidade sãocaracterizados por lesões inicialmente amareladas,retangulares, tipicamente limitadas pelas nervurassecundárias, passando a necróticas, de coloração cinza,com extremidades tipicamente retangulares (Figura 7.7).

Figura 7.7. Mancha por Cercospora (Cercospora zeae-maydis) - (Foto cedidapelo Dr.Carlos de Leon).

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128 O Cultivo do Milho Verde

Esses sintomas são mais visíveis próximo aoflorescimento, nas folhas inferiores e, sob condiçõesfavoráveis, podem atingir as folhas superiores em cerca deuma semana. Podem ocorrer também no colmo e bainhase eventualmente na palha, após infecção severa dasfolhas.A medida de controle mais eficiente para essa doença é autilização de cultivares resistentes. O enterrio dos restosde cultura infectados e, quando se utiliza o sistema deplantio direto, a rotação de cultura, são medidas quecontribuem muito para reduzir a severidade dessa doença.Contudo, essas medidas não serão suficientes paracontrolar a doença se houver, na vizinhança, por ocasiãodo próximo plantio, lavouras severamente infectadas, jáque a disseminação do patógeno em longas distâncias sedá principalmente pelo vento. Nessas condições, essasmedidas devem ser complementadas com o plantio decultivares resistentes. Evitar altas densidades de plantio,que podem proporcionar microclima favorável aodesenvolvimento desse patógeno, também pode reduzir aseveridade da doença.

7.8. EnfezamentosOs enfezamentos são doenças sistêmicas associadas àpresença, no floema das plantas, de microorganismosprocariontes, pertencentes à classe Mollicutes(espiroplasma e fitoplasma).Embora as plantas de milho sejam infectadas nos estádiosiniciais de desenvolvimento, os sintomas dosenfezamentos manifestam-se tipicamente na época doenchimento de grãos.

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129O Cultivo do Milho Verde

É sintoma típico do enfezamento pálido, causado porespiroplasma, a presença de estrias esbranquiçadas nasfolhas, que iniciam-se próximo à inserção da mesma nocaule da planta (Figura 7.8a). As plantas com essa doençamorrem precocemente. O enfezamento vermelho, causadopor fitoplasma, caracteriza-se, principalmente, pelointenso avermelhamento das plantas (Figura 7.8b).

Figura 7.8b. Enfezamento vermelho(Fitoplasma)

Figura 7.8a. Enfezamento pálido(Espiroplasma)

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Freqüentemente, as plantas e produzem pequenas espigasem proliferação. As plantas com enfezamento vermelhogeralmente morrem precocemente.Os enfezamentos reduzem significativamente aquantidade absorvida de nutrientes pelas plantas demilho, com conseqüente redução na produção, sendo esseefeito influenciado pela susceptibilidade da cultivar,época de infecção das plantas e temperatura ambiente.O espiroplasma e o fitoplasma são transmitidos de formapersistente propagativa pela cigarrinha do milho, Dalbulusmaidis Delong & Wolcott. Esse inseto vetor, assim comoos patógenos que transmite, multiplica-se apenas emmilho (Zea mays L. ) e em espécies relacionadas, que sãoraras no Brasil. A presença contínua de plantas de milhono campo, oriundas da germinação de sementes de milhoremanescentes da cultura anterior ou por plantiossucessivos dessa cultura, pode permitir a sobrevivênciados patógenos e da cigarrinha.Experimentos sob condições controladas mostram quetemperaturas de 31oC durante o dia e 25oC durante anoite favorecem a multiplicação desses patógenos,acelerando o aparecimento de sintomas nas plantas. Essascondições de alta temperatura também reduzem o períodolatente dos patógenos em Dalbulus maidis.As medidas de controle dos enfezamentos sãoessencialmente preventivas e incluem a utilização decultivares resistentes, a eliminação das plantas de milhoinfectadas, germinadas de sementes remanescentes dacultura anterior, para evitar a perpetuação do inóculo e dacigarrinha. A interrupção de plantios escalonados, e arealização de plantios na época normal, evitando-seplantios tardios, são alternativas que podem contribuirpara reduzir a incidência dessas doenças. A diversificação

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das cultivares para plantio pode contribuir para minimizarem incidência de prejuízos que possam ser causados pelosenfezamentos. Não há resultados conclusivos mostrandocontrole efetivo dos enfezamentos através do controlequímico da cigarrinha.

7.9. Virose do rayado finoEssa virose é transmitida pela cigarrinha Dalbulus maidise, assim como os enfezamentos, ocorre comumente emplantios tardios de milho, podendo causar perdas de até30% no tamanho e no peso de grãos. Pode seridentificada pela presença, nas folhas, de pequenospontos cloróticos paralelos às nervuras secundárias, queassumem aspecto de riscas e podem ser melhorvisualizados quando a folha é observada contra a luz(Figura 7.9). Contudo essa virose não tem sido observadaocorrendo em níveis de incidência tão altos como osenfezamentos.

Figura 7.9. Rayado fino

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7.10. Virose do mosaico comumEssa virose, causada por potyvírus, pode ser identificadapor seus sintomas típicos de mosaico formado pormanchas de cor verde-clara, que contrastam com atonalidade de verde normal das folhas (Figura 7.10). Essesvírus são transmitidos de forma não persistente porpulgões, principalmente pelo pulgão do milho,Ropalosiphum maidis Fitch., e infectam muitas espéciesgramíneas. No Brasil, foram estimadas reduções da ordemde 50% no tamanho e no peso de grãos causadas pelomosaico comum.

Figura 7.10. Mosaico comum do milho.

A medida de controle mais efetiva para essa virose, alémdo uso de cultivares resistentes, é a eliminação de fontesde inóculo proporcionado por gramíneas infectadas (queapresentam sintomas muito semelhantes aos do milho) naárea de plantio. Vários estudos mostram que o controlequímico do pulgão não resulta em controle eficiente dadoença.

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7.11. Doenças foliares causadas por bactériasAs bacterioses geralmente ocorrem em plantas isoladasdentro da cultura.Distinguem-se entre essas doenças a queima porPseudomonas alboprecipitans Rosen e a podridão docartucho, por Erwinia chrysanthemi.A queima por Pseudomonas alboprecipitans causa, nasfolhas, lesões de coloração palha, que algumas vezescoalescem, formando grandes áreas necróticas. Apodridão do cartucho, causada por Erwinia chrysanthemi,inicia-se na sua base, por uma podridão do tipo aquoso.As folhas do cartucho desprendem-se facilmente e exalamum odor desagradável típico. Pode ocorrer oapodrecimento dos entrenós inferiores e murcha da planta(Figura 7.11).

Figura 7.11. Podridão do cartucho por Erwinia chrysanthemi.

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Essas doenças são muito favorecidas pelo excesso dechuvas ou pelo excesso de água de irrigação etemperaturas elevadas. Podem ser controladas, emplantios irrigados, através do manejo adequado da águade irrigação.

7.12. Podridões do colmoDentre as podridões do colmo que podem ocorrer nacultura do milho destinado à produção de milho verdedistinguem-se, em importância, as podridões causadas porPythium aphanidermatum (Eds.) Fitz. e por bactérias, porocorrerem nas plantas antes do florescimento.A podridão do colmo causada por Pythiumaphanidermatum é do tipo aquosa e restringe-setipicamente ao primeiro entrenó acima do solo. Aspodridões causadas por bactérias também são do tipoaquoso, podendo, contudo, atingir vários entrenós acimado solo (Figura 7.12). Essas podridões causamtombamento das plantas, prejudicando a colheita e,quando ocorrem nos primeiros estádios dedesenvolvimento das plantas, ao matar a gema apical,estimulam o perfilhamento da planta. Em geral, sãofavorecidas pelo excesso de água no solo e portemperaturas elevadas. Podem ser eficientementecontroladas, em plantios irrigados, através do manejoadequado da água de irrigação.

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7.13. Literatura citada

Figura 7.12. Podridão do colmo por Pythium.

A COMPENDIUM of corn diseases. St. Paul: AmericanPhytopathological Society, 1986. 64 p.ALMEIDA, A.C.L.; OLIVEIRA, E.; RESENDE, R.O.E.Detecção de vírus por RT-PCR, hibridização “dot-blot”edot-ELISA em milho. Fitopatologia Brasileira, Brasilia, v.25, n. 2, p.168 -174, 2000.LEON, C. de. Enfermedades del maíz, una guía para suidentificación en el campo. México: CIMMYT, 1984. 114p.FERNANDES, F.T.; OLIVEIRA, E. de. Principais doenças nacultura do milho. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 2000.80 p. (EMBRAPA-CNPMS.Circular Técnica, 26).

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FREDERIKSEN, R. Sorghum downy mildew: a disease ofmaize and sorghum. Texas AM University, 1972. 69 p.LEACH, C.M.; FULLERTON, R.A.; YOUNG Y. Nothern leafblight on maize in New Zeland. Relationship of Drechsleraturcica, airspora to factors influencing sporulation,conidium development and clamidospores formation.Phytopathology, St. Paul, v. 67, p. 629 - 636, 1977.LATTERELL, F.M.; ROSSI, A.E. Gray leaf spot of corn: adisease on the move. Plant Disease, St. Paul, v. 67, n. 8,p. 842 - 847, 1983.NAULT, L.R. Maize bush stunt and corn stunt: acomparison of disease symptom, pathogen host ranges,and vectors. Phytopathology, St. Paul, v. 70, n. 7., p. 659-662, 1980.RANE, M.S.; PAYAK, M.M.; RENFRO, B.L.A.Phaeosphaeria leaf spot of maize. In: SIMPOSIA ONDISEASES OF RICE, MAIZE, SORGHUM AND MILETS,1966, Chanchigarh. Proceedings... New Delhi: The IndianPhytopthological Society, 1966. p. 8 -10.OLIVEIRA, E.; WAQUIL, J.M.; FERNANDES, F.T.; PAIVA,E.; RESENDE, R.O.; KITAJIMA, W.E. Enfezamento pálidoe enfezamento vermelho na cultura do milho no BrasilCentral. Fitopatologia Brasileirla, Brasilia, v. 23., n. 1., p.45-47, 1998.

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Capítulo 8. Controle de Pragas no Cultivo do Milho Verde

Paulo Afonso Viana1Ivan Cruz1

José Magid Waquil1

8.1. IntroduçãoO cultivo do milho para ser consumido na forma de “milhoverde” é conduzido até o estádio de espiga leitosa, comteor de umidade variando entre 70 e 80%, ponto no qualse realiza a colheita. Durante a fase vegetativa e início dareprodutiva, o milho para o consumo verde sofre o ataquedas mesmas pragas que uma cultura conduzida para aprodução de grãos. Para o manejo das pragas, deve-seutilizar métodos integrados de controle, o que permitirábuscar a máxima produção de espigas comercializáveis.Dentre as pragas que atacam a cultura do milho,destacam-se, pela sua distribuição cosmopolita e danoseconômicos, a lagarta-do-cartucho, Spodopterafrugiperda, e a lagarta elasmo, Elasmopalpus lignosellus.Além dessas pragas, a larva de Diabrotica sp., Helicoverpazea, Diatraea saccharalis, Agrotis ipsilon, o vetor dedoenças Dalbulus maidis, dentre outras, dependendo daregião, podem assumir o status de pragas primárias.As pragas que atacam a cultura do milho podem serdivididas entre as de hábito subterrâneo, que danificamsementes, raízes e colo das plantas, e as de hábito aéreo,que atacam folhas, colmo, pendão e espiga.As informações sobre o complexo das pragas subterrâneas

1Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal, 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. E-mail: [email protected];[email protected]; [email protected]

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são restritas. A maioria dessas pragas é polífaga e suasinterações com o ambiente são pouco entendidas,dificultando o controle. O conhecimento sobre acapacidade de emigração das pragas, plantas hospedeiras,biologia, influência do habitat sobre a população,inimigos naturais, entre outros, facilita a seleção demedidas para o manejo dessas pragas. Embora seja maioro nível de conhecimento gerado para as pragas da parteaérea das plantas, aspectos relacionados com omonitoramento e interação planta, praga e ambiente sãopouco entendidos.Para realizar o manejo adequado de pragas do milho quese destinam a conserva, é necessário o bom conhecimentode vários fatores. Primeiramente, é preciso identificarcorretamente a espécie que está causando o dano àcultura. É importante conhecer a fase da planta maissensível ao ataque da praga, fatores que afetam abiologia, e principalmente, realizar uma amostragemcorreta no campo, procurando avaliar a extensão do danocausado pela praga. É importante ter em mente, para umaboa amostragem, que a distribuição espacial das pragasraramente é uniforme, e geralmente ocorre de maneiraagregada ou em reboleira. Isso indica que o técnico ouagricultor deve percorrer grande parte da gleba, realizandoa amostragem em diversos pontos, para a tomada dedecisão de controle da praga.

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8.2. Descrição, Danos e Controle das Pragas do Milho Verde8.2.1. Pragas Subterrâneas8.2.1.1. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)O ataque da lagarta ocorre no interior do colmo, fazendogalerias que provocam a morte ou o perfilhamento dasplantas. O dano causado pode ser de dois tipos: peladestruição da região de crescimento, quando esse seencontra abaixo do nível do solo, ou pela destruição totalou parcial dos tecidos meristemáticos responsáveis pelacondução de água e nutrientes. A planta de milhosomente é atacada pela lagarta até atingir uma alturamédia de 35 cm. Normalmente, o agricultor percebe oataque da praga através das inúmeras falhas na lavoura. Oataque é caracterizado pelo murchamento e seca dasfolhas centrais, que se destacam com facilidade ao serempuxadas, e em seguida ocorre a morte da planta (Viana,2000).A coloração das lagartas é esverdeada, com anéis e listrasvermelho-escuras; medem cerca de 16 mm. O períodolarval é, em média, de 14 a 20 dias, dependendo dascondições ambientais. A lagarta recém-eclodida alimenta-se das folhas próximas ou em contacto com o solo. Àmedida que cresce, ela penetra no colmo das plantas(logo abaixo do nível do solo), alimentando-se no seuinterior.Os fatores que favorecem o aumento populacional dalagarta-elasmo estão associados a temperaturas maiselevadas (27-30oC), solos arenosos e de fácil drenagem eperíodos de seca. Práticas culturais também afetam amaior ou menor ocorrência da praga.

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A alta umidade do solo é o principal fator no manejo daelasmo. Atua negativamente em qualquer estágio do seuciclo biológico (Viana & Costa, 1995), porém, a suaimportância é maior no início da fase larval, causando altamortalidade. Para que a umidade do solo por si sómantenha os danos causados pela praga em níveis abaixoda perda considerada econômica, é necessário que alavoura esteja no período de suscetibilidade, com aumidade ao redor da capacidade de campo.Práticas culturais como a queima da palhada antes doplantio ou na colheita também afetam a população dessapraga. Onde se pratica a queimada, ocorrem maiorinfestação e danos por elasmo. Essa prática tambémcontribui para a destruição de inimigos naturais. Ométodo de cultivo também afeta o manejo dessa praga. Ainfestação chega a duas vezes mais em cultivoconvencional em relação ao plantio direto.Embora os inimigos naturais sejam um importantecomponente regulatório de população de insetos, o seuimpacto sobre a lagarta elasmo é considerado baixo. Issose explica devido ao habitat protegido da lagarta quandose alimenta no interior do colmo ou quando se encontrana câmara localizada no solo. Embora a resistênciagenética seja um método potencial para o emprego nomanejo dessa praga, ainda não se selecionaram cultivaresde “milho” com essa característica. O método de controlede elasmo mais comumente utilizado tem sido o químico(Tabela 8.1). O tratamento de sementes, pela suapraticidade, custo e eficiência é o mais empregado. Osinseticidas são largamente utilizados em áreas comhistórico de ataque dessa praga. Em área onde não foiutilizado o tratamento de sementes, tem-se como opçãode controle a aplicação de inseticida pulverizado com jato

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dirigido para o colo da planta (Tabela 8.1), necessitandoque o ataque seja identificado logo no início. Nessacondição, o controle da lagarta evita que a mesma emigrede plantas atacadas para plantas sadias, aumentando odano inicial. Outra opção de controle químico é através daaplicação de inseticida via irrigação por aspersão,utilizando-se lâmina de 10 mm de água.É importante ressaltar que a conjugação de diferentesmétodos de controle é recomendada para o manejo dessapraga, visando reduzir o seu potencial de danos, que, emcondições favoráveis, pode trazer expressiva redução noestande da lavoura e, conseqüentemente, naprodutividade.8.2.1.2. Larva da vaquinha (Diabrotica speciosa e D. viridula)No Brasil, a espécie predominante é a D. speciosa, cujaslarvas atacam principalmente as raízes do milho etubérculos de batata. O dano causado nas raízes do milhopela larva interfere na absorção de nutrientes e água ereduz a estabilidade das plantas, ocasionandoacamamento em situações de ventos fortes e de altaprecipitação pluviométrica. A distribuição das larvasocorre em “reboleira” e o número de larvas varia de 0 a100 por planta. As larvas atingem 10 mm decomprimento, são brancas, de cabeça marrom e têm umaplaca quitinizada escura no último segmento abdominal.Os adultos medem cerca de 6 mm, de coloração verde,cabeça marrom, élitros lisos, com seis manchas amarelas etíbias pretas e não causam danos significativos para omilho.

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Tabela 8.1. Inseticidas indicados para o controle das principais pragas do milho.Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG. 2003.

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Para essa praga, existe carência de informações básicassobre a sua capacidade de emigração, plantashospedeiras, biologia, influência do habitat (solo) e domanejo de culturas sobre a população, ocorrência deinimigos naturais e estratégia de controle (inseticidas emétodos de aplicação). O método de amostragemutilizado para larva de D. speciosa é através da coleta deamostra de solo, que é peneirada sobre um plástico preto,onde as larvas são localizadas visualmente. Resultadospreliminares obtidos por Viana (1999, não publicado)indicam que 3,5 a 5 larvas/planta são suficientes paracausar danos ao sistema radicular do milho. No Brasil, ocontrole da larva de D. speciosa é pouco realizado nacultura do milho e tem-se baseado quase queexclusivamente no emprego de inseticidas químicos. Osmelhores inseticidas para o controle da larva sãomostrados na Tabela 8.1. Embora, em outros países, setenha referência de cultivares de milho com resistência aoutras espécies de Diabrotica. Trabalhos visandoresistência genética a essa praga são incipientes no Brasil.A ocorrência do controle biológico da praga tem sidorelatada através dos inimigos naturais Celatoria bosqi eCentistes gasseni e dos fungos Beauveria bassiana eMetarhizium anisopliae.Resultados preliminares indicam que umidade do solo éum dos fatores a serem considerados no manejo dessapraga. Em áreas experimentais, observou-se maiorocorrência de larvas em solos com maior umidade e menorocorrência em solos com baixa umidade. O método depreparo de solo também tem mostrado influência sobre adinâmica populacional desse inseto. Maior ocorrência delarvas tem sido encontrada em área preparada com aradode aiveca do que em área de plantio direto.

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8.2.1.3. Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)A lagarta tem hábito noturno e secciona a planta logoacima do nível do solo. As plantas susceptíveis ao ataqueda praga são aquelas inferiores a 35 cm de altura. Osníveis de controle para a lagarta-rosca baseiam-se na fasedo desenvolvimento da lagarta e no estádio dedesenvolvimento da planta. Deve-se ressaltar que, se oataque ocorre no estágio em que a região de crescimentoda planta se encontra abaixo do nível do solo, ocorre asua recuperação em condições climáticas favoráveis.A lagarta-rosca possui o hábito de enrolar-se quandotocada. Atinge o comprimento de 40 mm, tem formatocilíndrico e coloração variável, predominando a cinza-escura com listras laterais e dorsais. Possui sutura emformato de “V” invertido na cabeça e suas mandíbulaspossuem saliências levementes arredondadas. A lagarta-rosca é um inseto de maior ocorrência em solos maisúmidos, principalmente nos solos aluviais de baixada. Emáreas irrigadas, onde a cultura anterior é hospedeira dapraga, podem ocorrer populações que reduzemdrasticamente o estande, se medidas de controle nãoforem adotadas.O revolvimento do solo através de aração e gradagemexpõe as lagartas e pupas aos raios solares, que sãoprejudiciais ao inseto, reduzindo sua população. Váriasplantas daninhas, principalmente corda-de-viola,guanxuma e unha-de-vaca são hospedeiras e maispreferidas pela praga do que o milho. Portanto, amanutenção das áreas a serem cultivadas livres dessasplantas ajuda a diminuir a infestação na cultura.O controle biológico dessa praga não tem sido eficiente,principalmente pelo fato de a praga ficar escondida sob aterra, protegida contra os inimigos naturais (Cruz, 1992).

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O controle químico pode ser feito com pulverização deinseticidas (Tabela 8.1), dirigindo o jato para o colo daplanta. Quando se utiliza controle para elasmo, esteproporciona um controle razoável da lagarta-rosca.8.2.1.4. Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)Essas espécies atacam o milho, acarretando sériosprejuízos em algumas regiões. As ninfas e os adultosalimentam-se das raízes e sugam a seiva. O ataque severocausa o definhamento e a morte da planta. O insetoapresenta corpo de coloração castanha e as pernasanteriores escavatórias. O tamanho varia de 6 a 8 mm decomprimento.A praga prefere o solo úmido para viver e causa maiordano nessa condição. Em solo seco, o inseto aprofunda-seà procura de umidade.A presença do inseto no solo pode ser constatada duranteo preparo do solo, através do cheiro característico dospercevejos. A aração e a gradagem expõem os insetos apredadores e causam sua morte por esmagamento dasninfas e adultos. A aração com aiveca apresenta maioreficiência no controle do percevejo castanho (Amaral etal., 1999). O fungo Metarhizium anisopliae é um agentede controle biológico da praga e a sua eficiência estárelacionada com a época de revoada do percevejo, hora depulverização e umidade do solo. Devido ao hábitosubterrâneo, o controle do percevejo é difícil de serrealizado e a recomendação de uso de inseticidas tem sidopreventivamente. Inseticidas pulverizados ou granuladosaplicados no sulco de plantio (Tabela 8.1), têm mostradoexperimentalmente alta eficiência no controle de adultos eninfas do percevejo atacando o milho (Nakano & Florim,1999; Raga & Siloto, 1999).

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8.2.1.5. Bicho-bolo, coró ou pão de galinha (Eutheola humilis, Dyscinetus dubius, Stenocrates sp, Liogenys, sp.)Existem várias espécies de bicho-bolo atacando o milho.As larvas danificam as sementes após o plantio,prejudicando sua germinação. Também alimentam-se dasraízes, provocando o definhamento e a morte das plantas.A larva apresenta três pares de pernas e são de colaraçãobranco-leitosa e formato de “U”, medindo de 20 a 30 mmde comprimento. O período larval é variável para asespécies e chega a atingir 20 meses e a população doinseto é invariavelmente grande em áreas cultivadas ondeanteriormente havia pastagem (gramíneas). A incidênciada praga tem sido maior em lavouras de safrinha,instaladas em semeadura direta sobre a resteva da soja.Agentes de controle biológico natural de larvas do bicho-bolo são nematóides, bactérias, fungos, principalmenteMetarhizium e Beauveria sp e parasitóides da ordemDiptera. Ávila & Rumiato (1997) sugerem o preparo desolo com implementos de disco como uma alternativa decontrole cultural da larva. Com essa prática, ocorre oefeito mecânico do implemento sobre as larvas quepossuem corpo mole e são expostas a radiação solar e aosinimigos naturais, especialmente pássaros. Inseticidasutilizados para outras pragas subterrâneas têmapresentado baixa eficiência para o controle da larva dobicho-bolo.8.2.1.6. Larva-arame (Conoderus spp., Melanotus spp)A larva é quitinizada, de colaração marrom, e varia de 20 a40 mm de comprimento. Constrói galerias, danificando osistema radicular. Os ovos do inseto são depositados nosolo, entre as raízes das plantas. Os danos provocadospela larva-arame são geralmente mais severos em plantiode milho após pastagem, onde não ocorre o preparo anual

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do solo, criando-se uma condição propícia para odesenvolvimento da larva. O ataque da larva ocorre após aemergência das plantas e pode causar redução acentuadano estande, necessitando muitas vezes de replantio. Emáreas com a presença da larva, recomenda-se a utilizaçãode inseticidas no plantio (Tabela 8.1).A umidade do solo é um fator importante no manejodessa praga. Em sistemas irrigados, a suspensão dairrigação e a conseqüente drenagem da camadaagricultável do solo força a larva aprofundar-se, reduzindoo dano no sistema radicular.8.2.2. Pragas da Parte Aérea8.2.2.1. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)É a principal praga do milho. O ataque ocorre desde a fasede plântula até o pendoamento e espigamento. No iníciodo ataque, as lagartinhas raspam as folhas, deixandoáreas transparentes. Com o seu desenvolvimento, alagarta localiza-se no cartucho da planta, destruindo-o. Alagarta também danifica a espiga, inviabilizando a suacolheita para consumo verde. A lagarta desenvolvidamede cerca de 40 mm, apresenta coloração variável depardo-escura, verde até quase preta e com um Y invertidona parte frontal da cabeça.Vários inimigos naturais atacam a lagarta-do-cartucho.Cruz (1995) cita o predador Doru luteipes e osparasitóides Trichogramma spp., Telenomus sp., Chelonusinsularis e Campoletis flavicincta, e salienta a suaimportância, por atuarem sobre ovos e/ou larvas de atécerca de 1,5 cm, eliminando a praga antes que ocorramdanos significativos à lavoura. Várias doenças de S.frugiperda têm sido relatadas, como os fungos Nomuraearileyii, Botrytis rileyi, Beauveria globulifera; vírus

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Baculovirus; bactérias Bacillus thuringiensis e outrosagentes etiológicos de menor importância, comonematóides e protozoários. Avaliações de camporealizadas na Embrapa Milho e Sorgo têm mostrado que aeficiência do Baculovírus no controle da praga écomparável à dos inseticidas químicos convencionais,atingindo 86% de eficiência e, além disso, possui avantagem de ser altamente seletivo e não prejudicar omeio ambiente e o ser humano. Embora odesenvolvimento de cultivares de milho visando aprodução de grãos com resistência genética a essa pragaesteja avançado, não há ainda cultivares para o consumoverde com essa característica. Entretanto, as cultivaresbem empalhadas geralmente são mais resistente ao danoda lagarta quando o ataque ocorre na espiga.O estádio da planta de milho mais sensível ao ataque dapraga é o de 8 a 10 folhas (Cruz & Turpin, 1982 e 1983).O controle da praga nas folhas utilizando inseticidas é ométodo mais utilizado no Brasil. Recomenda-se que ocontrole seja realizado quando 17% das plantas estiveremcom o sintoma de folhas raspadas, indicando, nesseponto, que as lagartas ainda não causaram danos àcultura. Existem vários inseticidas recomendados para ocontrole da praga, porém é muito importante, na tomadade decisão, escolher inseticidas seletivos aos inimigosnaturais, ou seja, que controlem eficientemente a praga etenham baixo impacto sobre parasitas e predadores.Atualmente, vários inseticidas considerados de últimageração estão disponíveis no mercado, como osfisiológicos, que atuam no crescimento do inseto, e os deorigem biológica, que possuem baixa toxicidade paraorganismos benéficos, homem e animais. Finalmente,existem os inseticidas tradicionais, principalmente dosgrupos de piretróides, organofosforados e carbamatos,

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que diferem de acordo com a molécula e formulação, emeficiência, seletividade e toxicidade (Tabela 8.1).Normalmente, a aplicação desses inseticidas é realizadaatravés de pulverizador costal ou tratorizado.Recentemente, tem-se desenvolvido a aplicação deinseticidas via água de irrigação por aspersão. Viana &Costa (1998) relataram uma lista de inseticidas avaliadospara essa finalidade, com sua respectiva eficiência decontrole.8.2.2.2. Broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis)Essa praga tem constituído um problema sério para omilho-grão, no Brasil Central. Tradicionalmente, emambientes estáveis da cultura canavieira, o controle dessapraga tem sido realizado com sucesso através do controlebiológico. Como a colheita do milho para o consumoverde ocorre mais cedo, o dano causado pela praga nãochega a ser representativo. Entretanto, quando o ataque éintenso, a planta pode secar precocemente e não formarespigas. As lagartas apresentam a cabeça marrom e ocorpo embranquiçado, com inúmeros pontos escuros.Inicialmente, a lagarta alimenta-se das folhas do milho,para, posteriormente, penetrar no colmo, dificultando oseu controle com inseticidas. A aplicação de inseticidaspara controlar eficientemente esse tipo de praga só éviável quando visa lagartas de primeiro e segundoínstares, que ainda não penetraram no interior do colmo.Resultados experimentais têm mostrado eficiência nocontrole da broca, como alguns aplicados quando alagarta ainda se encontra alimentando-se nas folhas(Tabela 8.1).8.2.2.3. Cigarrinha-do-milho (Daubulus maidis)Nos últimos anos, a cigarrinha tornou-se uma praga degrande importância para a cultura do milho. A cigarrinha é

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o vetor da doença denominada “enfezamento”, causadapor dois molicutes, espiroplasma e (enfezamento pálido) efitoplasma (enfezamento vermelho) e também vetoradovírus do raiado fino. Segundo Waquil (2000), as perdas nalavoura de milho são acentuadas, dependendo dasusceptibilidade das cultivares, do patógeno envolvido edas condições ambientais. Geralmente, os sintomas dasplantas infectadas aparecem depois de 4 a 7 semanas. Osdanos diretos causados pela cigarrinha às plantasdecorrem da sucção de seiva, ocasionando, em altapopulação da praga, murcha e seca das plantas.Geralmente, os danos são mais acentuados em plantiosrealizados tardiamente e em cultivos da safrinha. O adultoda cigarrinha possui coloração palha e mede cerca de 3mm de comprimento. Na cabeça, apresenta duas manchasescuras e no último par de pernas tem duas fileiras deespinhos bem visíveis. Tanto o adulto como as ninfaslocalizam-se na região do cartucho das plantas e sãomuito ágeis, deslocando-se lateralmente ou voandoquando molestadas.Cultivares resistentes apresentam uma boa perspectivapara o controle dessa praga. Medidas culturais, como aeliminação das plantas voluntárias provenientes desementes da colheita anterior, plantio mais cedo, rotaçãode culturas evitar plantios sucessivos e contínuos, onde épossível cultivar mais de uma safra por ano, reduzem apopulação da praga. A opção do tratamento químico(Tabela 8.1) foi avaliada experimentalmente e foi eficienteno controle do adulto da cigarrinha, reduzindosignificativamente a incidência de virose (Waquil & Viana,1996).8.2.2.4. Curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes)A lagarta locomove-se como “mede palmo” e se alimentadas folhas do milho, deixando somente a nervura central.

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As infestações geralmente desenvolvem-se em gramíneasao redor da cultura e, quando ocorre competição poralimento, as lagartas emigram para a lavoura de milho. Alagarta ocorre em grande número na planta e possuicoloração verde-escura, com estrias longitudinaiscastanho-escuras, limitadas por estrias amarelas e atingecerca de 50 mm de comprimento. Para evitar danosdevido ao ataque dessa lagarta, são necessárias vistoriasfreqüentes na cultura, principalmente em áreas vizinhas àspastagens. Para o controle da lagarta, nem sempre énecessário aplicar o inseticida em toda a área da lavoura.Geralmente, a infestação inicia-se pelas bordas laterais e apulverização localizada sobre a área infestada é eficientepara o controle da lagarta. Apesar do tamanho da lagarta,ela é bastante sensível à ação da maioria dos inseticidasrecomendados para o controle de outras lagartas.8.2.2.5. Cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta)Essa praga ataca principalmente pastagens e a cultura doarroz. O milho também é hospedeiro da cigarrinha, equando a população da praga aumenta em áreas depastagem vizinha da lavoura de milho, o inseto emigra epode causar danos em plantas novas. O adulto suga aplanta de milho e injeta uma toxina que bloqueia eimpede a circulação da seiva. Os sintomas de ataque sãocaracterizados por cloroses foliares e, posteriormente,secamento e morte da planta. A cigarrinha mede cerca de10 mm de comprimento, apresenta coloração preta, comtrês faixas amareladas nas asas. Quatro cigarrinhas porplanta podem causar sua morte. Plantas após 17 dias deidade geralmente resistem bem ao ataque da praga,podendo apresentar sintomas devido ao ataque,recuperando-se na emissão de novas folhas se ainfestação for cessada.

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Visando o manejo dessa praga utilizando-se o método decontrole cultural, recomenda-se evitar o plantio de milhoem áreas adjacentes às pastagens. O controle químico épouco utilizado para essa praga.8.2.2.6. Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maydis)É um inseto sugador de seiva, vetor de virose,principalmente mosaico. A praga vive em colônias eelimina dejeções líquidas, onde se desenvolve um fungonegro (fumagina). As colônias do pulgão são geralmenteencontradas no interior do cartucho e no pendão dasplantas. O inseto apresenta coloração verde-azulada anegra, medindo cerca de 1,5 mm de comprimento.Vários inimigos naturais parasitam e predam o pulgão domilho, mantendo sua população sob controle. Fatoresclimáticos como vento e chuvas freqüentes sãodesfavoráveis ao inseto. O controle químico somente éjustificável em altas populações, principalmente quandocoincide com o pré-florescimento, podendo, nesse caso,acarretar perda econômica na lavoura, devido ao ataqueda praga.8.2.2.7. Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea)É a praga mais importante na exploração do milho verdepara consumo “in natura” ou para o seu uso pela indústriade enlatados. O ataque do inseto causa danos ao grão etambém depreciação visual, proporcionado pela presençada lagarta na espiga. Além de perdas diretas, o insetofavorece a ocorrência de microorganismos indesejáveis naespiga.A lagarta recém-eclodida alimenta-se inicialmente do“cabelo” da espiga do milho e, à medida que sedesenvolve, danifica os grãos. A lagarta chega a medircerca de 35 mm de comprimento e possui coloração

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variável de verde-claro, creme a quase preta, com partesmais claras sobre o corpo.Um fator importante no manejo dessa praga é o bomempalhamento de espigas. Cultivares bem empalhadas sãomenos danificadas pela lagarta da espiga. Outro métodoutilizado para o controle da lagarta é através do uso deinseticidas, principalmente na exploração de milho verde(Tabela 8.1). O maior problema encontrado no controle dapraga é a época para aplicação do inseticida e oequipamento a ser utilizado. O período em que a lagarta émais vulnerável ao controle é logo após a sua eclosão.Depois que a lagarta penetra na espiga, o seu controletorna-se difícil. Portanto, é necessário colocar o inseticidano “cabelo” da espiga na época adequada. Na literatura,há referência ao controle da lagarta da espiga através deinseticidas aplicados via água de irrigação; entretanto, osresultados obtidos até o momento empregando estatécnica não foram satisfatórios. Novos inseticidas, doses eépocas de aplicação estão sendo avaliados, visando amelhoria na eficiência de controle utilizando-se essemétodo.8.2.2.8. Mosca-da-espiga (Euxesta eluta)O adulto é uma mosca de aproximadamente 5 mm decomprimento, de coloração escura e asas incolores rajadasde preto. A mosca deposita seus ovos nos estilos-estigmas da espiga do milho. Após a eclosão das larvas,que são ápodas, essas se alimentam do “cabelo”, dosabugo e danificam ligeiramente os grãos da espiga emformação. A larva é de coloração esbranquiçada, possuicorpo afilado na parte anterior e atinge cerca de 8 mm decomprimento.O principal problema causado pela larva ao milho para oconsumo verde é o apodrecimento da espiga e dos grãos,

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ocasionando forte mau cheiro, tornando-se a espigaimprópria para o consumo.As cultivares bem empalhadas geralmente sofrem menosdanos causados pela larva. A ocorrência dessa praga estáassociada à presença da lagarta-da-espiga. O controlequímico não tem sido utilizado e, experimentalmente, aeficiência tem sido baixa, devido principalmente ao fatode a larva ficar protegida pela palha da espiga.8.2.3. Pragas de ocorrência secundáriaEsse grupo de praga tem ocorrência localizada emalgumas regiões. Dependendo da infestação, podemcausar danos e acarretar perdas na lavoura. As pragasmais freqüentes são:8.2.3.1. Ácaros (Tetranychus urticae e Catarhinus tricholaenae)Os ácaros geralmente ocorrem na fase inicial dedesenvolvimento da lavoura, atacam as folhas na parteventral, causando descoloração, amarelecimento e secadas folhas. A aparência da praga é de uma minúsculaaranha de coloração esverdeada-translúcida, medindocerca de 0,5 mm de comprimento. Formam grandescolônias recobertas com teias na parte ventral da folha. Apraga pode evoluir rapidamente para um carácterendêmico, devido ao desequilíbrio biológico causado pelouso incorreto de inseticidas.8.2.3.2. TripesOs insetos, na sua alimentação, raspam e sugam as folhase podem causar danos às plântulas de milho. O ataquemostra uma aparência esbranquiçada na folha, que evoluipara o dessecamento. Em milho recém-germinado, devidoà ausência de raízes secundárias e com pouca umidadedisponível, podem-se agravar os danos causados pelo

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inseto. Em condições normais de umidade, geralmente aplanta recupera-se dos danos. Plantas desenvolvidaspraticamente não são prejudicadas pelo ataque desseinseto.8.2.3.3. Percevejos (Dichelops spp., Nezara viridula)Tem-se observado o ataque do percevejo-marrom(Dichelops) e percevejo-verde (Nezara) no início dodesenvolvimento do milho. São insetos que atacam a basedo colmo, causando estrias brancas nas folhas localizadasno interior do cartucho e, posteriormente, pode ocorrer operfilhamento das plantas. Esses insetos são pragasimportantes na cultura da soja e recentemente têmatacado também o milho.

8.3. Literatura citadaASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL. Produ-tos fitossanitários comerciais ligados no Brasil. São Paulo,2000. Disponível em: <http://www.andef.com.br/>.Acesso em: 20 out 2002.FANCELI, A.L.; DOURADO NETO, N. Produção de milho.Guaiba: Agropecuária, 2000. 360 p.GAZZIERO, D.L.P.; GUIMARÃES, S.C.; PEREIRA, F.A.R.Plantas daninhas: cuidado com a disseminação. Londrina:EMBRAPA-CNPSo, 1989. Folder.HARLAN, J. R.; WET, J.M. de. Some thoughts aboutweeds. Economic Botany, New York, v. 19, p. 16 - 24,1965.KING, J. J. Weeds of the world: biology and control. NewYork: Interscience, 1966. 48 p.KISSMANN, K. G. Uso de herbicidas no contexto doMercosul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTASDANINHAS, 122., 2000, Foz do Iguaçu. Palestra... Londrina:SBCPD, 2000. p. 91-116.

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Capítulo 9. Controle Biológico de Pragas no Cultivo do Milho Verde

Ivan Cruz1

9.1. IntroduçãoA cultura de milho, quando destinada à produção demilho verde, apresenta, no tocante à presença de insetos-pragas no produto final, três limitações importantes à suacomercialização: a primeira é a depreciação qualitativa doproduto, pela presença de formas vivas de insetos,particularmente lagartas confinadas na ponta da espiga,mesmo que os danos sejam pequenos; a segundalimitação é quando a praga causa dano em toda aextensão da espiga ou mesmo quando se localiza na parteintermediária da mesma. Finalmente, a terceira limitaçãodiz respeito à possibilidade da presença de resíduostóxicos dos produtos químicos utilizados no combate àspragas. Quando ocorre a primeira situação, é possívelanular o dano, eliminando-se a região onde ele estáconfinado. Tal eliminação pode ser tanto manual comomecânica. Quando ocorre o ataque em toda a extensão daespiga ou na área mediana, o dano pode ser total. Oprejuízo financeiro será proporcional à incidência daspragas. Quando ocorre a contaminação por resíduostóxicos no limite acima do permitido por lei, os prejuízossão totais, ou seja, não há como aproveitar a produçãopara o consumo humano ou para o consumo de animaisdomésticos. Portanto, alternativas ao uso de produtos

1Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Caixa Postal 151. 35701-970Sete Lagoas, MG. E-mail: [email protected]

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químicos é uma demanda para o controle de pragas nacultura de milho visando sua comercialização “in natura”,especialmente quando o ataque se verifica no produto aser comercializado, ou seja, a espiga verde. Uma dasalternativas para substituir ou reduzir o uso de produtosquímicos é através do controle biológico e do controlemicrobiano.

9.2. Controle biológicoO maior avanço nas pesquisas com controle biológico nacultura de milho diz respeito aos insetos-pragas da ordemLepidoptera, notadamente a lagarta-do-cartucho,Spodoptera frugiperda (Smith) e a lagarta-da-espiga,Helicoverpa zea (Boddie). O controle biológico pode serdefinido como a ação de determinados organismosconhecidos como parasitóides, predadores e patógenos namanutenção da densidade de outros organismos numamédia bem abaixo daquela que ocorreria na ausênciadestes (DeBach, 1964). De maneira geral, o controlebiológico tem sido efetivado pelo uso de trêsaproximações: controle biológico clássico, conservação e/ou aumento dos agentes de controle biológico jáexistentes em determinada área (Cruz, 2002).9.2.1. Controle biológico clássicoO controle biológico clássico é baseado na importação,liberação e estabelecimento definitivo de inimigos naturaisexóticos (parasitóides, predadores ou patógenos). Demaneira geral, esse método clássico é uma estratégia quepropicia um controle duradouro da praga-alvo.O sucesso alcançado com a utilização desse método temsido bem evidenciado, especialmente em paísesdesenvolvidos, seja no controle de insetos pragas ou nocontrole de plantas daninhas (Laing & Hamai, 1976;

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Clausen, 1978). De maneira geral, uma vez que o sucessoé alcançado em um local, os mesmos inimigos naturaispodem ser utilizados para controlar as mesmas pragas emoutras regiões de clima semelhante. Entre os anos de1964 e 1976, foram documentados, em várias regiões domundo, cerca de 170 casos de sucesso pela introdução deinimigos naturais num segundo local, após a comprovaçãode sucesso no primeiro local (Luck et al.,1988). Issosignifica que a importação de inimigos naturais é aindauma tática importante e eficaz no manejo de pragas,particularmente no manejo de pragas exóticas. Insetos eácaros introduzidos de outros países são consideradosresponsáveis pela maior parte de todas as perdasocasionadas às culturas (Hoy, 1988).9.2.2. Aumento da população de inimigos naturaisA tática de aumento de inimigos naturais numa áreaenvolve os esforços para aumentar a população ou osefeitos benéficos dos inimigos naturais tanto de pragasnativas como de pragas exóticas (Rabb et al., 1976,Ridgway & Vinson, 1977), seja através de liberaçõesperiódicas dos agentes de controle biológico e/oumanipulação do ambiente em que eles habitam. Asliberações periódicas podem ser do tipo inundativa ouinoculativa, dependendo do número de inimigos naturaisliberados e do intervalo durante o qual se espera que elespropiciem o controle. Manipulação ambiental pode incluiro fornecimento de hospedeiros ou presas alternativas, usode semioquímicos para melhorar o desempenho do inimigonatural, fornecimento de requisitos ambientais comoalimento para os adultos, ou condições adequadas pararefúgios, etc., ou até mesmo alguma modificação naspráticas culturais para favorecer os inimigos naturais.

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9.2.3. Conservação de inimigos naturaisEssa tática envolve a proteção e a manutenção dapopulação de determinado inimigo natural. A conservaçãoé crucial nos casos em que se quer manter nosecossistemas agrícolas tanto os inimigos naturais nativosquantos os introduzidos (Hoy, 1998). De maneira geral, oprocedimento mais utilizado na conservação de inimigosnaturais envolve a modificação nas práticas de aplicaçãode inimigos naturais. Tal aplicação só é efetivada quandoa população da praga ultrapassa determinado nívelpopulacional. Em alguns casos, a conservação dosagentes biológicos pode ser obtida pela substituição deingredientes ativos, doses, formulação, época e local deaplicação (Hull & Beers, 1985). De acordo com Tauber etal. (1985), é provável que o maior incremento nautilização eficiente de controle biológico nos programasde manejo integrado seja pela conjugação com o usoseletivos de produtos químicos. O conhecimento de comoconservar os inimigos naturais no agroecossistema é umeficiente modo de aumentar o uso do controle biológicona agricultura (Hull & Beers, 1985).

9.3. Inimigos naturais associados às principais pragas de milhoAs principais pragas de milho, especialmente as espéciespertencentes à ordem Lepidoptera, são de alguma maneiraafetadas pela ação dos inimigos naturais. Em curto prazo,melhor desempenho geralmente é esperado pela atuaçãodos inimigos naturais que atuam nas fases iniciais dedesenvolvimento das pragas, ou seja, ovos e primeirosínstares. No entanto, não se pode negligenciar o impactodos inimigos naturais que atuam em fases maisdesenvolvidas das pragas, ou seja, últimos ínstares, pupase adultos. Como inimigos naturais importantes na

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supressão das principais pragas de milho, pertencentes àordem Lepidoptera, pode-se considerar aqueles listadosnas Tabelas 9.1, 9.2 e 9.3. Embora seja relacionado umgrande número de predadores e parasitóides, tanto de S.frugiperda como de H. zea, poucos são os que realmentetêm sido pesquisados no Brasil, visando o controlebiológico dessas pragas na cultura de milho. Atualmente,a Embrapa Milho e Sorgo tem enfatizado os seguintes: ospredadores Doru luteipes, Orius insidiosus e Chrysoperlaexterna, os parasitóides Trichogramma spp., Telenomussp., Chelonus insularis e Campoletis flavicincta.Tabela 9.1. Principais predadores de Spodoptera frugiperda Smith (adaptado deCruz, 1995ab).

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Tabela 9.2. Principais parasitóides de Spodoptera frugiperda Smith (adaptado deCruz, 1995).

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9.3.1. Doru luteipes (Tesourinha)Esse inseto (Figura 9.1) é muito conhecido pelosprodutores de milho. Ele passa por metamorfoseincompleta, ou seja, apresenta as fase evolutivasde ovo, ninfa (quatro ínstares) e adulto. Tanto as ninfasquanto os adultos são predadores de ovos e de lagartasde primeiros ínstares de S. frugiperda e de H. zea, sendoatualmente o inimigo natural mais importante dessas duaspragas, na cultura de milho. Sua biologia já foi bemestudada em laboratório, utilizando ovos e lagartas daspragas mencionadas.A média de ovos por postura é em torno de 25. Após operíodo de incubação, ao redor de sete dias, eclodem asninfas, que começam a se alimentar de ovos e lagartaspequenas dos insetos. O período ninfal varia em torno de35 a 40 dias. A vida dos adultos é muito longa, sendo quealguns indivíduos chegam a viver cerca de um ano,embora a média do ciclo total, em laboratório, seja emtorno de 135 dias. O consumo médio, em condições delaboratório, chega a 12,5 e 21 de ovos e/ou pequenaslarvas de S. frugiperda, nas fases ninfal e adulta,respectivamente. No campo, o inseto é encontrado quasesempre relacionado com a planta de milho e sua postura éencontrada no interior do cartucho, ou nas primeirascamadas de palhas, na espiga. Nesses locais, normalmentea umidade é alta e essa condição é fundamental para aincubação. Em locais onde os cultivos de milho sesucedem o ano inteiro, o inseto tem presença constante.Em certas ocasiões, o número de plantas com pelo menosum indivíduo chega a mais de 70%. Os estudos de campocom esse inseto mostram sua presença durante o anotodo, o que é um ponto bastante positivo no caso daexploração de milho verde, onde o plantio é escalonado.

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Informações adicionais sobre esse inseto podem serencontradas nos trabalhos de Cruz et al. (1995) e Cruz &Oliveira (1997).

Figura 9.1. Doru luteipes: A. ovos; B. Adultos; C. Ninfa.

9.3.2. Trichogramma spp.As espécies do gênero Trichogramma (Figura 9.2) são asmais utilizadas no mundo para o controle biológico dediferentes espécies de pragas agrícolas. A fêmea adultacoloca seus ovos no interior dos ovos do hospedeiro(praga). Todo o desenvolvimento do parasitóide se passadentro do ovo da praga. O parasitismo pode ser verificadocerca de quatro dias após a postura, pois os ovosparasitados tornam-se enegrecidos. O ciclo de vida doparasitóide é, em média, de dez dias. O número de ovosparasitados por fêmea depende da espécie do parasitóide,do tipo de hospedeiro e da longevidade do adulto. Afecundidade do hospedeiro é função do suprimentoalimentar, da disponibilidade do hospedeiro, datemperatura e da atividade da fêmea, variando de 20 a120 ovos por fêmea. A liberação do Trichogramma nocampo deve ser sincronizada com o aparecimento dosprimeiros ovos e/ou adultos da praga a manejar. Asliberações devem ser repetidas com uma freqüênciasemanal ou menor intervalo, dependendo do grau deinfestação dos ovos da praga. A época correta de seiniciar as liberações, a freqüência em mantê-las e a

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quantidade empregada são fatores fundamentais paragarantir a eficácia do controle biológico com oTrichogramma. Para liberar o parasitóide, existem váriosmétodos, mas o mais recomendado é através da liberaçãodas vespinhas, ou seja, liberação do adulto. Esses adultossão obtidos no laboratório, em grande escala, geralmenteem ovos de um hospedeiro alternativo, mais fácil eeconômico de produzir, como a traça-das-farinhas,Anagasta kuehniella (Lepidoptera: Pyralidae). Os ovosdessa traça são colados em cartelas de papel cartolina,quando recebem os adultos de Trichogramma para seremparasitados. Para isso, utilizam-se recipientes de plásticoou de vidro, de 1,6 a 2 litros de capacidade, onde sãocolocadas as cartolinas com os ovos da traça (3 cartelasde 150 cm²). Os recipientes devem ser protegidos com umpano preto, preso por um elástico ou goma. Algumashoras após a emergência dos adultos, os recipientes sãolevados a campo, onde são intermitentemente abertos efechados, à medida que se percorre o local de liberação,calibrando o passo de tal maneira a cobrir uniformementeo campo. No dia seguinte, devem novamente ser levadosos recipientes ao local, para distribuição do materialrestante que emergiu, depositando, cuidadosamente, nofinal, as cartelas sobre as plantas. Essa segunda liberaçãodeve ser realizada em sentido contrário ao do primeiro dia.É necessário que o operário aproxime o máximo a boca dorecipiente da planta, para facilitar o encontro dos adultoscom as folhas da mesma. Se usar a técnica de levar orecipiente aberto todo o tempo, ele deve estar na posiçãohorizontal, com a boca em direção contrária à direção docaminhamento, deixando que as vespinhas saltem,aproximando o máximo na altura da planta. Já existe noBrasil disponibilidade comercial desse inimigo natural parauso na agricultura. Maiores informações podem ser

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encontradas em Cruz et al. (1999).

Figura 9.2. Trichogramma. A. Ciclo de vida; B. Fêmea parasitando C. Ovoparasitado.

9.3.3. Telenomus remusEsse parasitóide (Figura 9.3) também é exclusivo de ovos,completando todo o seu ciclo biológico dentro do ovo dohospedeiro. Portanto, elimina a praga em seu primeiroestádio de desenvolvimento, impedindo qualquer tipo dedanos à planta hospedeira. É um parasitóide específico deovos de S. frugiperda. Completa o seu ciclo em cerca deonze dias, nas condições de temperatura verificadas noverão. Nessas mesmas condições, parasitam cerca de 250ovos de S. frugiperda durante seu período de vida. Afêmea coloca seus ovos em praticamente todos os ovosde uma postura da praga, que ficam enegrecidos cerca dequatro dias após o parasitismo, permanecendo com essacoloração mesmo após a saída do adulto. Aparentemente,

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o parasitóide tem a capacidade de penetrar mesmo emdiferentes camadas da postura.Estudos de liberação no campo têm sido realizados comouma possibilidade de controlar S. frugiperda em regiõesonde não exista a tesourinha, D. luteipes. Mesmo noslocais onde exista, é interessante fazer as liberaçõesartificiais um pouco antes do seu aparecimento ouquando ela está em densidade populacional baixa, paraque haja uma ação complementar entre os dois inimigosnaturais. O esquema de liberações é o mesmo adotadopara o Trichogramma. Apesar de ser pesquisado já háalguns anos, no Brasil, esse parasitóide ainda não écomercializado.

Figura 9.3. Telenomus remus. A. Fêmea parasitando ovos de S. frugiperda; B.Ovos de S. frugiperda parasitados.

9.3.4. Chelonus spp.Várias são as espécies de Chelonus (Figura 9.4) relatadascomo parasitóides de lepidópteros, pragas de diferentesculturas de importância econômica. Chelonus insularis,por exemplo, foi mencionado como parasitóide de S.frugiperda, S. exigua, H. zea e Elasmopalpus lignosellus,todos insetos-pragas do milho. Essa gama de hospedeiros,inclusive, aumenta as chances de sobrevivência doparasitóide no campo durante o ciclo da cultura.

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O parasitóide C. insularis é muito comum em váriasregiões do Brasil, onde exerce papel importante comoagente de controle biológico da lagarta-do-cartucho. Afêmea coloca os seus ovos no interior dos ovos da praga,permitindo a eclosão das larvas do hospedeiro, queapresentam desenvolvimento aparentemente normal. Apóso completo desenvolvimento, a larva do parasitóide mataa larva do hospedeiro, ao perfurar o seu abdômen para setransformar em pupa no ambiente externo. A lagartaparasitada tem a sua biologia e o seu comportamentoalterados. O período larval varia de 17 a 23 dias,apresentando média geral de 20,4 dias e o período pupalmédio de 6,2 dias. A duração média do ciclo total é 28,6dias. A longevidade média de fêmeas acasaladas é, emmédia, 11,6 dias, com o máximo de 18 e o mínimo decinco dias. O número de ovos parasitados e a longevidadevariaram muito de fêmea para fêmea, sendo que acapacidade de parasitar foi reduzida consideravelmentepróximo à morte. A maior taxa de parasitismo ocorrequando as fêmeas estão com três dias de idade, com omáximo de 92,2 e o mínimo de 48,2 ovos parasitadosnaquele dia. No intervalo entre o 3º e o 6º dias, asfêmeas apresentaram um percentual de 72 a 80% deparasitismo, coincidindo com a fase jovem mais ativa dasmesmas. Lagartas parasitadas diminuem sensivelmente oconsumo foliar. O consumo foliar total de lagartasparasitadas foi de 12,21 cm², e terminou quando aslagartas estavam com 13 dias de idade. O consumo foliardas lagartas não parasitadas foi de 178,84 cm², obtido no17° dia de alimentação. A menor alimentação das lagartasparasitadas significa, na prática, menor dano às plantas.De maneira geral, as lagartas parasitadas tiveramcomprimento do corpo semelhante ao das nãoparasitadas, no primeiro e segundo instares, e menor em

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todos os outros. Em valores percentuais, o comprimentomédio total das lagartas parasitadas foi de apenas 45,4 %do comprimento das não parasitadas.

Figura 9.4. Chelonus insularis: A. Fêmea parasitando ovos de S. frugiperda; B.Larva de C. insularis saindo da lagarta-do-cartucho.

9.3.5. Campoletis flavicinctaCampoletis flavicincta (Figura 9.5) é uma vespa com cercade 15 mm de envergadura. A fêmea coloca seus ovos nointerior de lagartas de primeiro e segundo instares de S.frugiperda e a larva completa todo o seu cicloalimentando-se do conteúdo interno do hospedeiro. Maispróximo da fase de pupa, a larva do parasitóide sai docorpo da lagarta, matando-a, para construir seu casulo noambiente externo. Ao se aproximar a época de saída dalarva do parasitóide, a lagarta parasitada muda seucomportamento, deixando o cartucho, indo em direção àsfolhas mais altas, permanecendo nesse local até a morte.A larva do parasitóide perfura o abdômen ou o tórax dohospedeiro, matando-o. No ambiente externo, tece empoucas horas um casulo, dentro do qual se transforma empupa. O que resta da larva de S. frugiperda fica agregadoao casulo do parasitóide, tornando facilmenteidentificável a ocorrência do inimigo natural.

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O número de lagartas parasitadas varia em função daidade (instar) do hospedeiro. Estudos realizados emlaboratório mostraram efeito altamente significativo comrelação ao número de lagartas parasitadas. O númeromédio de lagartas parasitadas para cada fêmea foi de232, quando o parasitóide tinha como hospedeiro lagartasde três dias de idade; este valor só não diferiu daqueleobtido para lagartas de dois dias de idade, cuja média porfêmea foi de 182,5 indivíduos parasitados. Em lagartas dequatro e cinco dias, embora sendo parasitadas, o númeromédio de parasitismo foi bem menor, respectivamente,80,7 e 71 indivíduos parasitados por fêmea; já comrelação ao ciclo de vida do parasitóide, não houve grandesdiferenças em função da idade do hospedeiro. No campo,normalmente lagartas pequenas da praga são encontradasalimentando-se das folhas externas, próximo ao local ondefoi colocada a postura. Desta maneira, o inseto fica muitomais vulnerável ao ataque do parasitóide. Lagartasmaiores normalmente encontram-se dentro do cartucho domilho, ficando mais protegidas contra os inimigosnaturais.O ciclo total do parasitóide é, em média, de 21,9 dias,sendo de 14,5 dias o período de ovo a pupa e de 7,3 diaso período pupal. As lagartas parasitadas vivem cerca deuma semana menos do que as lagartas sadias. Enquantolagartas sadias, durante todo o seu período de vida,consomem, em média, 209,3 cm² de área foliar, aslagartas parasitadas consomem apenas 14,5 cm², ou seja,6,9% do consumo normal; este menor consumo dealimento é confirmado pela quantidade de fezesproduzida: a média das lagartas sadias foi de 0,172 mg,comparada com uma média de 0,007 mg produzida pelaslagartas parasitadas, ou seja, apenas 4,1% da produção

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normal. Portanto, por parasitar especificamente lagartaspequenas e em grande quantidade, além de ser eficientepor provocar a morte das lagartas, o parasitóide reduzdrasticamente o consumo foliar das lagartas,evidentemente reduzindo os danos no campo. Por serparasitóide de lagartas, é um inseto perfeitamentecompatível com os inimigos naturais que são exclusivosde ovos dos hospedeiros, como Trichogramma spp. eTelenomus sp.

Figura 9.5. Campoletis flavicincta: A. Casulo e adulto macho; B. Larva saindodo corpo do hospedeiro.

9.4. Uso de inimigos naturais no cultura de milhoUma das limitações ainda existentes no uso de inimigosnaturais para o controle biológico das pragas de milho dizrespeito à disponibilidade comercial. Com exceção dasespécies de Trichogramma, os demais ainda não estãodisponíveis comercialmente, embora a pesquisa já tenhadominado a técnica de criação (Cruz, 2000). Dessamaneira, ainda seria necessária a mobilização dosprodutores para a multiplicação de tais agentes decontrole, mesmo em pequena escala. Independente dadisponibilidade para liberações em grande escala, deve-seconsiderar como aspecto fundamental a manutenção dosinimigos naturais presentes no ecossistema,principalmente pela utilização dos princípios básicos do

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manejo integrado. Nesse aspecto em particular, seráfundamental a utilização do conceito de seletividade. Uminseticida químico só deverá ser utilizado em casos emque os inimigos naturais não sejam suficientes para evitaros prejuízos. Mesmo assim, é primordial a escolha deprodutos baseados em algumas características, tais comoeficiência, custo, baixa toxicidade ao ser humano eseletivo em relação aos principais inimigos naturais,conforme descrito em Cruz (1997).

9.5. Controle microbiano (doenças)Apesar de várias doenças tanto de S. frugiperda como deH. zea serem relatadas na literatura, os fungos Nomuraearileyii e Beauveria bassiana e a virose Baculovirus são osmais importantes no controle microbiano dessas duasespécies de insetos, por causarem altas taxas demortalidade em larvas. Bactérias, especialmente a Bacillusthuringiensis (Bt) também têm sido testadas para ocontrole biológico, havendo, inclusive, produtoscomerciais disponíveis, porém os resultados de eficiêncianão estão nos mesmos patamares daqueles obtidos comos outros produtos biológicos, especialmente em relação aS. frugiperda. No entanto, atualmente, com a seleção demelhores raças de Bt e/ou introdução de genes em plantas(milho transgênico), pode-se esperar uma melhoriasignificativa no controle de pragas com bactérias. Nomomento, o maior avanço na pesquisa com o controlemicrobiano de pragas de milho no Brasil tem sidoverificado com o Vírus de Poliedrose Nuclear de S.frugiperda.9.5.1. BaculovirusA taxa de mortalidade de lagartas, verificada emlaboratório, chega a 100 %. O vírus pode ser utilizado

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somente pelo macerado feito de lagartas mortas ouatravés do produto formulado em pó. Essa formulação empó molhável é mais estável que o vírus preparado apenaspor maceração da lagarta. O Baculovirus (Figura 6), por sisó, tem apresentado, em condições de campo, eficiênciacomparável à dos produtos químicos convencionais (istoé, acima de 80%). Além de não contaminar o meioambiente e nem oferecer riscos para o ser humano, oproduto é altamente seletivo. Para se ter sucesso no usodo Baculovirus no controle da lagarta-do-cartucho, deve-se seguir as seguintes recomendações:

1. Dependendo do nível de infestação, o controledeve ser feito mais cedo. O agricultor devetomar medidas de controle quando observar osintoma de folhas raspadas;

2. Quanto mais novas forem as lagartas, maioreficiência pode ser esperada do vírus. Por isso, érecomendada a aplicação do Baculovirus emlagartas de, no máximo, 1,5 cm;

3. Os mesmos equipamentos convencionaisutilizados para a aplicação dos produtosquímicos servem também para aplicar o vírus.Particularmente para a lagarta-do-cartucho,recomenda-se usar o bico tipo leque 8004 ou6504; É fundamental a regulagem doequipamento;

4. O vírus também pode ser aplicado via água deirrigação, sendo que um maior volume de águapor unidade de área tem dado melhoresresultados;

5. Considerando que o vírus é sensível aos raiosultravioletas, a pulverização deve ser feita àtarde ou no início da noite. Informações maisdetalhadas sobre esse patógeno podem serencontradas em Cruz (2000).

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9.6. Literatura citada

Figura 9.6. Baculovirus. A. Lagartas de S. frugiperda mortas pelo vírus; B.Embalagem comercial contendo 2,5 x 1011 poliedros de vírus, suficiente paraaplicação em um hectare de milho.

ABLES, J.R.; VINSON, S.B.; ELLIS, J.S. Hostdiscrimination by Chelonus insularis, Telenomus heliothisand Trichogramma pretiosum. Entomophaga, Paris, v.26, p.149 -155, 1981.BALASUBRAMANI, V.; SWAMIAPPAN, M. Developmentand feeding potential of the green lacewing Chrysoperlacarnea Steph. (Neur. Chrysopidae) on different insectpests of cotton. Anzeiger fuer Schaedlingskunde, Berlin,v. 67, p. 165 -167,1994.BLUMBERG, D.; NAVON, A.; KEREN, S.; GOLDENBERG,S.; FERKOVICH, S.M. Interactions among Helicoverpaarmigera (Lepidoptera: Noctuidae), its larvalendoparasitoid Microplitis croceipes (Hymenoptera:Braonidae), and Bacillus thuringiensis. Journal ofEconomic Entomology, College Park, v. 90, n. 5, p. 1181– 1186, 1997.CARPENTER, J.E. Ichneumon promossorius (Erichson)Hymenoptera: Ichneumonidae): factors affectingfecundity, oviposition, and longevity. Journal ofEntomological Science, Griffin, v. 30, p. 279 - 286, 1995.CLAUSEN, C.P. Introduced parasites and predators ofarthropod pests and weeds: a world Review. Washington:USDA, 1978. 545 p. (Agricultural Handbook, 480)

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Capítulo 10. Aspectos Econômicos da Comercialização e Custo de Produção do Milho Verde

Alfredo Tsunechiro1

Jason de Oliveira Duarte2 Marcos Joaquim Mattoso2

10.1. IntroduçãoO milho verde é um tipo especial de milho, como o milhodoce, milho pipoca, milho ceroso, milho branco,minimilho, etc., e como tal, não tendo sido incluído noslevantamentos sistemáticos de safras agrícolas doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 1998).As estatísticas oficiais se referem ao milho em grão, seco,destinado à alimentação animal e humana e apenas emcensos agropecuários, realizados a cada cinco anos, sãofeitos levantamentos de produção vegetal de diversasespécies de produtos hortícolas, como o milho verde (emespigas).Nesse sentido e de acordo com os últimos dadosdisponíveis, do Censo de 1995/96, o valor da produçãobrasileira de milho verde, no ano agrícola de 1995/96, foiestimado pelo IBGE em R$ 42,947 milhões, obtido com aprodução de 292.138 toneladas de espigas. A áreacolhida, em todo o país, foi de 102.325 hectares e aprodutividade média, de 2.855 kg/ha de espigas verdes.

1Pesquisador Científico do Instituto de Economia Agrícola (IEA), daSecretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Av.Miguel Stéfano, 3.900 – 04301-903 – São Paulo, SP. [email protected] da Embrapa Milho e Sorgo. Cx. Postal 151 35701-970Sete Lagoas, MG. E-mail. [email protected] ,[email protected]

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Os estados maiores produtores foram Minas Gerais, com61.721 toneladas (21,12% do total nacional), São Paulo,com 58.699 toneladas (20,09%), Goiás, com 54.596toneladas (18,69%), Paraná, com 20.608 toneladas(7,05%), Rio Grande do Sul, com 20.236 toneladas(6,93%) e Bahia, com 17.455 toneladas (5,97%),representando, em conjunto, 79,85% da produçãobrasileira de milho verde em 1995/96. Em termos de áreacolhida, o Censo Agropecuário registrou 13.108 hectaresna Paraíba, com produção de apenas 6.658 toneladas.As produtividades médias nos três estados maioresprodutores (Minas Gerais, São Paulo e Goiás) foram de,respectivamente, 4.812 kg/ha, 5.277 kg/ha e 5.364 kg/ha.De acordo ainda com o IBGE, cerca de 68,40% daprodução colhida no país foi vendida pelos produtores,sendo que 25,92% dessa parcela (51.698 toneladas)foram destinados à indústria, o que parece indicar queseja de milho doce para conserva, cujos dados estariamincluídos nos levantamentos de milho verde.

10.2. Análise por EstadoComo observado anteriormente, os dois maioresprodutores de milho verde no país são os estados deMinas Gerais e São Paulo, primeiro e segundo produtores,respectivamente; por essa razão, é importante analisar oque acontece dentro desses estados com respeito à ofertae demanda desse produto. Nesta parte iremos mostrar ocomportamento do mercado de milho verde em MinasGerais e São Paulo, com base em dados fornecidos pelaCEASA, em Minas Gerais, e CEAGESP, em São Paulo.

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10.2.1. Comercialização em Minas GeraisSendo o maior produtor de milho verde, Minas Gerais,também se posiciona entre os maiores consumidoresdesse tipo de milho, com comercialização constante desseproduto ao longo do ano, através das CEASAS localizadasno estado. A Figura 10.1 mostra a evolução dasquantidades comercializadas em Minas Gerais no períodode 1986 até 2000. Observa-se que, nesse período, acomercialização de milho verde cresceu de menos de 5 miltoneladas, em 1986, para mais de 20 mil toneladas, noano 2000. Mesmo levando em conta as oscilações nessacomercialização, há de se considerar que o aumento de300,00% em 15 anos foi relevante, quando se comparacom a evolução de produção e comercialização de outrosprodutos agrícolas em Minas Gerais, principalmente comcaracterística de pequena produção voltada à agriculturafamiliar, como é o caso de milho verde. Ainda na Figura10.1, pode-se observar que a importação de milho verdedo estado de São Paulo tem uma tendência levementecrescente ao longo do período, enquanto que aimportação do milho originário de Goiás foi mais oumenos constante.Observa-se, na Figura 10.2, que o milho verdecomercializado em Minas Gerais é originárioprincipalmente do próprio estado e de dois estadosvizinhos, São Paulo e Goiás, com mais de 99,00% dototal comercializado no mercado mineiro. Tem origem emGoiás cerca de 6,90%, em São Paulo cerca de 18,97% eem Minas Gerais 73,90%, em média. O restante éfornecido por vários outros estados, que têm participaçãomarginal na comercialização em Minas Gerais. Por outrolado, mais de 90,00% da comercialização do milho verdeno estado é feita através das CEASAS de Belo Horizonte e

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Uberlândia, sendo o abastecimento da primeira feitoprincipalmente por produtores mineiros e, dado a posiçãoestratégica no Triângulo Mineiro, o abastecimento dasegunda sofrendo grande influência dos produtos paulistae goiano.

Figura 10.1. Evolução da comercialização de milho verde em Minas Gerais.

Figura 10.2. Participação dos estados no fornecimento de milho verde paraMinas Gerais.

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O comportamento da evolução dos preços reais, médiamensal, e das quantidades comercializadas mensalmenteno mercado de milho verde nas CEASAS de Minas Geraisrefletem uma curva de demanda do tipo Cobb-Douglas,conforme pode-se ver na Figura 10.3, onde são plotadosos preços reais mensais versus as quantidades. Essa curvaindica que a demanda por milho verde em Minas Geraistem comportamento elástico, sinalizando para umcoeficiente de elasticidade preço da demanda superior àunidade. As maiores quantidades comercializadas estãosempre associados aos menores preços. Essa situaçãoreflete a sazonalidade da oferta de milho verde nomercado, tanto mineiro quanto paulista, como veremosposteriormente. Pela Figura 10.4, observa-se que aquantidade comercializada aumenta nos meses de invernoe diminui no verão. Comportamento inverso é observadonos preços, mas com alguns agravantes.

Figura 10.3. Dispersão preço real x vendas mensais em Minas Gerais no períodode 1986 a 2000.

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A Figura 10.5 retrata bem três períodos distintos dospreços de milho verde em Minas Gerais. O primeiroperíodo corresponde de 1986 até meados de 1990,quando os preços sofrem grandes variações causadas pelasazonalidade da produção. O segundo períodocompreende de 1990 até 1997, quando os efeitos dasazonalidade ainda podem ser facilmente detectados, mascom variações menos acentuadas, causadas pelo aumentoda oferta nesses anos e pela possível profissionalização daoferta por produtores especializados, e, finalmente, operíodo posterior a 1997, quando os efeitos dasazonalidade são quase imperceptíveis. Nesse últimoperíodo, a quantidade comercializada cresce de formaacentuada, com oscilações bem acentuadas. No entanto,enquanto a quantidade comercializada cresce à taxageométrica de 14,02% ao ano, os preços diminuem à taxageométrica de 5,37% ao ano, indicando que, em termosde preço, o mercado mineiro está mais estável, dada aestabilidade da oferta desse produto no mercado e oaspecto elástico da demanda.

Figura 10.4. Evolução mensal da quantidade de milho verde comercializada emMinas Gerais.

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10.2.2. Comercialização em São PauloEnquanto Minas Gerais é responsável pelo maiorquantidade produzida de milho verde, o Estado de SãoPaulo é responsável pelo maior volume comercializado,através da CEAGESP. No período de 1992 a 1999, essevolume foi cerca de 62.000 toneladas, em média. Emboraa produção estadual de milho verde, em São Paulo, em1996 fosse de 58.699 toneladas, segundo o IBGE (1996),e o estado tenha exportado 3.899 toneladas somente parao estado de Minas Gerais, em 1996, foramcomercializados no mercado atacadista paulistano 62.026toneladas, isto é, cerca de 13,18% acima dadisponibilidade interna do estado. No entanto, os dadosda CEAGESP indicam que a quantidade comercializadatem uma tendência de decrescimento com taxageométrica de decréscimo de –2.25% ao ano, enquantoque os preços têm crescido com taxa geométrica de3,69% ao ano.

Figura 10.5. Evolução mensal do preço real de milho verde em Minas Gerais(R$/kg).

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O milho verde é comercializado em sacos de polipropilenode 24 kg, contendo 50 a 55 espigas. O preço médiorecebido pelo produtor do Estado de São Paulo, em 2000,deduzido a partir de preços médios correntes de venda nomercado atacadista da Companhia de Entrepostos eArmazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), foi de R$2,82por sc.24kg (Tabela 10.1 apresenta o preço médio real). Avariação sazonal ou estacional de preços de milho verdeno Estado de São Paulo, no mercado atacadista de SãoPaulo, elaborado com dados do período de 1995 a 2000,indica os menores preços ocorrendo de dezembro a março,dada a concentração da oferta nesse período. Há doisperíodos de preços máximos: em junho e em setembro-outubro, coincidindo com os meses de menor oferta doproduto no mercado (Figura 10.6). Houve uma acentuadadiminuição da amplitude de variação sazonal de preçosnos últimos dez anos, em razão da maior uniformidade deentradas de produto no mercado, propiciada poraumentos da produção na entressafra, com a expansão decultivos irrigados, como ocorrera no estado de MinasGerais.

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Figura 10.6. Variação sazonal de preços de milho verde no mercado atacadista.São Paulo, SP, 1995-2000.

Tabela 10.1. Preços médios mensais reais de milho verde recebidos pelosprodutores. Estado de São Paulo, 1995-2000(em R$/sc.24 kg) (1) Deflator:IPCA.

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10.2.3. Custo de produçãoUma informação importante que, obrigatoriamente, estápresente em toda decisão de plantio é a estimativa docusto de produção. Para a elaboração das planilhas decustos, foram considerados os custos fixos, variáveis etotais para os sistemas plantio direto e convencional,ambos irrigados. Os custos de irrigação referem-se aosistema pivô central. O padrão tecnológico adotado éconsiderado alto e a estimativa de produção, de 10 t/ha,levou em conta apenas a quantidade de espiga que, apósseleção, foi destinada à comercialização.As Tabelas 10.2 e 10.3, mostram os custos operacionaisde produção de um hectare de milho verde em plantiosdireto e convencional. As Tabelas 10.4 e 10.5 mostram oresultado operacional, receitas, ponto de equilíbrio etaxas de retorno para as duas situações analisadas.O custos de produção estimados foram de R$.1.198,10/haem plantio direto e R$.1.140,82/ha no plantioconvencional. Desses totais, o item que teve maior pesofoi o relativo aos insumos, representando 50,71% e47,58% dos custos totais para os sistemas plantio diretoe convencional, respectivamente. O segundo maior pesorecaiu sobre o item irrigação, 27,15% e 28,51%,respectivamente, para plantio direto e convencionalA taxa de retorno sobre o custo total foi de 100% para oplantio direto e 110% para o convencional.Vale lembrar que as estimativas apresentadas servemapenas como referência, uma vez que devem serparticularizadas para cada caso analisado, pois oscomponentes do custo variam para cada unidade deprodução, limitando, portanto, as possibilidades deextrapolação. Além disso, uma planilha de custo deprodução reflete tão somente uma orientação para seprojetar o futuro, com base em dados médios do passado,e faz referência a um ciclo de cultivo.

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189O Cultivo do Milho VerdeTabela 10.2. Custo de produçäo de 1ha de milho verde irrigado-Plantio Direto.Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG. 2001.

Tabela 10.3. Custo de produçäo de 1ha de milho verde irrigado - PlantioConvencional. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG, 2001.

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Tabela 10.4. Resultado operacional, receitas, ponto de equilíbrio e taxas deretorno do milho verde irrigado - Plantio Direto. Embrapa Milho e Sorgo. SeteLagoas, MG, 2001.

Tabela 10.5. Resultado operacional, receitas, ponto de equilíbrio e taxas deretorno do milho verde irrigado - Plantio Convencional. Embrapa Milho e Sorgo.Sete Lagoas, MG, 2001.

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191O Cultivo do Milho Verde

10.3. Literatura citadaBOTTINI, P.R.; TSUNECHIRO, A.; COSTA, F.A.G. da.Viabilidade da produção de milho verde na “safrinha”.Informações Econômicas, São Paulo, v. 25, n.3, p. 49 –53, mar. 1995.CAMARGO FILHO, W. P. de; MAZZEI, A.R.Estacionalidade de alcachofra, cogumelo, milho verde ehortaliças condimentares. Informações Econômicas, SãoPaulo, v. 31, n.1, p. 63 – 69 jan. 2001.COELHO, A.M.; PARENTONI, S.N. Milho verde. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v.13, n.152, p. 49 - 53,1988.IBGE (Rio de Janeiro, R.J.) Censo agropecuário 1995-1996– Brasil. Rio de Janeiro, 1998.SILVA, P.S.L.; PATERNIANI, E. Produtividade de “milhoverde” e de grãos de cultivares de Zea mays L. Ciência eCultura, São Paulo, v. 38, n. 4, p.707 - 712, abr. 1985.TSUNECHIRO, A.; UENO, L.H.; SILVA, J.R. Locais deprodução e sazonalidade de preços e quantidades demilho verde no atacado da Cidade de São Paulo.Informações Econômicas, São Paulo, v. 20, n. 9, p. 9 –16,set. 1990.

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Capítulo 11. Colheita, Transporte e Comercialização do Milho Verde

Israel Alexandre Pereira Filho1José Carlos Cruz 1

11.1. Milho Verde comumO milho verde deve ser colhido com os grãos no estadoleitoso, apresentando de 70 a 80% de umidade. Esseponto de colheita é muito variável, em função dascondições climáticas resultantes de diferentes épocas desemeadura ou da região onde a lavoura foi instalada. Demodo geral, verifica-se que, nos plantios de verão, quandoa lavoura se desenvolve em condições de temperaturasmais elevadas, a colheita poderá ser realizada entre 70 a90 dias após o plantio ou entre 18 a 25 dias após afloração, enquanto que nos plantios realizados nos mesesmais frios o ciclo pode se prolongar, com colheitachegando até 120 dias. (Silva e Paterniani, 1986)Uma indicação mais objetiva da época ou ponto decolheita é feita pela contagem do número de dias após apolinização (DAP), sendo o intervalo ótimo de 19 a 23DAP para as cultivares de “milho normal” e entre os 18 e25 DAP para “milho doce”. Por se tratar de um produtobastante perecível, o processo de colheita precisa ser ágil,reduzindo ao máximo o tempo entre a colheita e oconsumo do produto (Sawazaki et al.,1979).

¹Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal 151.35701-970 Sete Lagoas, MG. e-mail: [email protected];[email protected]

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Normalmente, o período de colheita varia de cinco a oitodias, dependendo da cultivar e das condições climáticas.Cada colheita é realizada mais de três vezes por cerca demais de 42% dos produtores. No geral, colhemaproximadamente 104 sacos por colheita, o que equivalea cerca de 200 sacos (Silva e Paterniani, 1986 e Bottini etal.,1995).Deve-se realizar plantios consecutivos, utilizandocultivares de milhos de ciclos diferentes para se tercolheitas de espigas verdes por períodos mais longos(escalonamento), de forma a atender às constantesdemandas dos mercados consumidores. Em trabalhos depesquisa, as variedades de milho BR 105 e BR 126,proporcionaram colheitas de espigas verdes ainda noponto de comercialização por um período de 20 dias(Coelho & Parentoni, 1988 e Ramalho et al., 1985).A colheita é manual, e normalmente é iniciada demadrugada, com as palhas bem frescas e quando atemperatura é mais amena, para que o produto chegueaos pontos de venda o mais rápido possível (Silva,1994 eBottini et al., 1995). Um trabalhador bem treinado colhepelo menos três toneladas por dia, apanhando as espigasuma a uma (Tomazela,1998). Para se carregar um caminhão com capacidade de 500 a600 sacos de espigas de milho verde (pesando 25 kg cadaou 55 a 60 espigas), são necessárias dez pessoas. Asoperações de colheita e carregamento são realizadas porconta do comprador de milho verde, que já dispõe deequipes de colheitas, embalagens e carregadores (Bottiniet al., 1995).A cultura do milho verde é altamente perecível; portanto édesejável que sua produção fique perto dos grandes

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centros consumidores, que as cultivares utilizadas sejamadequadas e que a colheita seja realizada de forma aaumentar o período de comercialização.A época de colheita pode afetar bastante o preço final doproduto e a rentabilidade do produtor. Estudos desazonalidade de preços e oferta de milho verde noatacado da cidade de São Paulo mostram que as menorescotações acontecem sempre em janeiro - abril (no inícioda safra de verão para milho-grão) e as maiores cotaçõesem agosto - novembro (entressafra de milho-grão)(Tsunechiro et al., 1990). Verificaram ainda que o preçomédio de outubro (pico da entressafra) correspondia aodobro, do valor constante, de abril (auge da safra).Pela especificidade de mercado, o produtor de milho verdedeve previamente contatar compradores potenciais do seuproduto. No caso de o comprador ser a indústria, oprodutor não precisa dispor de mão-de-obra para acolheita de milho verde, cuja operação é totalmenteassumida pelo adquirente.

11.2. Pós-colheita do milho verde comumA demanda pelo milho verde “in natura” descascado eembalado em bandejas corbertas com filme de PVCesticável vem crescendo dia a dia. Nessa forma, o produtoé comercializado nos balcões refrigerados dossupermercados. Entretanto, as características adequadaspara comercialização do produto com alta qualidade, pós-colheita, tem sido pouco observada.Para se obter sucesso na tecnologia de pós-colheita, énecessário ter conhecimento do processo fisiológico domilho verde, bem como sua composição química, quepode variar em função do genótipo, do tipo de solo ondefoi cultivado, dos fertilizantes utilizados, das condições

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Figura 11.1. Espigas de milho verde acondicionadas em bandejas cobertas compapel filme de PVC. Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG, 2001.

climáticas e do estádio de maturação. Dependendo dafase de desenvolvimento do milho normal, entre o 8° e o20° dia após a polinização, há variações nos teores deaçúcares redutores e carboidratos (Marcos et al., 1999;Tsaí et al., 1970).O metabolismo da espiga continua ativo mesmo depois dacolheita, o qual pode ser alterado em função dascondições dos locais de armazenamento. Marcos et al.(1999) confirmam essas expectativas, mostrando que, emtemperatura mais baixa, há menor atividade metabólicadas espigas, o que contribui para prolongar a vida útil doproduto. Além da temperatura, a embalagem tambémexerce papel fundamental na preservação do produto,para comercializá-lo por um período mais longo. Nomercado, encontram-se alguns papéis em filme de PVC oufilme de plástico, para proteger as espigas acondicionadasem bandejas, com capacidade para quatro a cincoespigas, como mostra a Figura 11.1.

A embalagem influi no processo metabólico das espigas,no que se refere à entrada de oxigênio, importante para arespiração aeróbia do produto, permitindo, assim, trocasgasosas. Nesse sentido, Marcos et al. (1999), em estudosrealizados com embalagens de filme de PVC esticável e

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filme plástico PD- 941, usadas para melhor conservaçãodo milho verde pós-colheita, mostraram que o filmeplástico PD-941 possibilitou menores perdas de teores deamido quando em condições de refrigeração e,conseqüentemente, melhor conservação do produto paracomercialização em supermercados.

11.3. Milho doceA colheita do milho doce deve ser realizada quando asespigas estiverem com 70 a 75% de umidade e depreferência nas primeiras horas da manhã, quando aumidade do ar ainda é alta e a temperatura é menor emrelação às outras horas do dia. Após a colheita, o materialdeve ser rapidamente retirado da exposição ao sol elevado para uma área coberta e fresca, onde serámanuseado. Outro ponto importante é que a colheita feitanas primeiras horas da manhã dispensa o uso das câmarasfrias, o que ajuda na economia de energia É importanteque se faça uma toalete nas espigas, retirando as folhasbandeiras ou pedúnculos longos demais, com o objetivode diminuir a taxa de respiração, evitando a perda deumidade e proporcionando maior número de espigasapropriadas à indústria.A uniformidade em relação ao teor de umidade é defundamental importância, uma vez que o milho docecolhido mais duro, abaixo da umidade ideal, propicia umaqueda na qualidade, devido à inversão de açúcares. Umalavoura desuniforme na maturação leva a uma antecipaçãoda colheita, sendo que, nesse caso, os grãos apresentamelevado teor de umidade, com conseqüente queda norendimento industrial, devido ao elevado número deespigas no estádio “cristal”, ou “bolha d´água” o quesomente é permitido até 8%, pela indústria de conservas.

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Na colheita, preferir sempre as espigas mais cilíndricas,uma vez que as de formato cônico geralmente conduzema um menor aproveitamento (ineficiência na desgrana) dosgrãos localizados na parte de menor diâmetro.11.4. TransporteO meio de transporte é muito importante para qualquertipo de milho (comum ou doce), com o objetivo semprede preservar melhor a qualidade das espigas até o destinofinal, seja qual for. O transporte, dependendo do tamanhoda lavoura, pode ser feito via animal ou em caminhõesbaús frigoríficos, principalmente se a lavoura situar-semuito longe do centro consumidor, ou também emcondições de temperaturas elevadas, com o objetivo depreservar o máximo a qualidade e a quantidade de espigascomerciais. Por lado, quando o transporte é feitoinadequadamente, e nas horas mais quentes do dia, podeprovocar uma perda significativa de água, em virtude daalta taxa de respiração, especialmente no “milho doce”,que é cerca de oito vezes maior quando comparado comas das frutas e vegetais, mesmo com temperatura baixa,em condições de campo (Boyette, 1998).O acondicionamento das espigas para transportenormalmente é feito em sacos de polietileno (Figura 11.2)com capacidade para 50 a 55 espigas (25kg), muito usadopara comercialização nas Ceasas, sacolões e quitandas.Para as feiras livres, o transporte é feito em carrinhos demão ou em caminhões (Figuras 11.3a e11.3b). Nas feiraslivres, a comercialização quase sempre é a granel parafacilitar a escolha pelo comprador, uma vez que, emmuitos casos, não é feita a seleção prévia das espigas deacordo com as características comerciais. Nesse caso, asespigas são colocadas em um espaço livre, sem nenhumaproteção do sol, o que acelera o processo dedesidratação, tornado as mesmas depreciadas e sem valorcomercial.

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Figura 11.2. Espigas de milho verde embaladas para transporte, (Ceasa MG) emsacos de fitas plásticas trançadas, com capacidade para 50 a 55 espigas e pesoao redor de 25 kg.

Figura 11.3. a) Milho verde transportado em carrinho de mão; b) emcaminhão, no interior da Ceasa MG, para abastecimento de armazéns e depontos de distribuição para sacolões, quitandas e barraquinhas de milho cozido ecural.

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Figura 11.4. Milho verde cozido no vapor ao natural, embalado a vácuo, emsaco de plástico eterilizado.

11.5. ComercializaçãoA comercialização do milho verde, no Brasil se realiza devárias formas, desde a venda a granel, na própria lavoura,até o processo mais sofisticado de milho cozido a vapor,embalado a vácuo, em embalagem de plásticoesterilizada.(Figura 11.4 ).

O processo a granel na própria lavoura normalmente se dáàs margens de rodovias, onde o consumidor ou ocomerciante de milho cozido, pamonha, cural e outrasiguarias adquire o produto na quantidade desejada agranel, em sacos abertos, como pode ser visto na Figura11.5. Nessas condições, o milho suporta, no máximo, doisdias nas bancas de quitandas ou feiras livres sem perder aqualidade e as características exigidas pelo mercadoconsumidor (Fernandes e Oliveira, 1985).

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Nos mercados municipais, feiras livres, sacolões equitandas, a comercialização se dá na forma de atilhocomposto por seis espigas, ou ainda na forma livre dequantas espigas o consumidor desejar. Em supermercados,a comercialização é feita em bandejas de materialbiodegradável, onde se acondicionam de quatro a cincoespigas semidespalhadas envoltas por um filme de PVCtransparente, para conservação em balcões frigoríficos àtemperatura de 10 graus centígrados (Figura 11.6).Existe, ainda, a opção mais recente, que é o milho verdeem espigas, cozido a vapor e embalado à vácuo, emembalagem de plástico esterilizada. As embalagens de500g são acondicionadas em caixa com capacidade de 24unidades (Vapza, 2000).A comercialização pelos atacadistas, nas Ceasas,normalmente é feita em embalagens de sacos de PVCtrançado, com capacidade para 50 espigas (especiais) ou55 espigas (extras) empalhadas, pesando 25 kg (Figura11.7) (Bottini et al., 1995 e Silva, 1994).

Figura 11.5. Comercialização de milho verde, na própria lavoura, a granel ouem sacos abertos.

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Figura 11.6. Espigas de milho verde acondicionadas em bandeja envolta porpapel filme de PVC, forma comercializada em balcões frigoríficos desupermercados.

Figura 11.7. Espigas de milho verde, embaladas em sacos de PVC, prontas paraserem comercializadas.

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A comercialização em nível industrial, se dá na próprialavoura, onde o milho verde é colhido manualmente,gastando cerca de dez homens para carregar umcaminhão, que vai diretamente para a fábrica, onde, apóso processamento, é envasado em latas com capacidadepara 200g do peso líquido do produto.Outra forma muito comum de comercialização é o milhoverde cozido, na forma de pamonha, curau (Figura 11.8a e11.8b) e suco. Essas modalidades de comércio sãoencontradas em barraquinhas nos centros de cidades eprincipalmente nas praias do litoral brasileiro.

Figura 11.8. a) Milho verde comercializado na forma de pamonha; b) na formade curau.

Os processos de comercialização descritos são, de ordemgeral, para o milho comum, e milho doce, em que aprodução é quase toda dirigida às fábricas de conservasalimentícias.Quando for comprar o milho verde, o consumidor tem queatentar para a escolha das espigas com folhas de corverde bem vivo e de cabelo marro-escuro. As espigas decor amarelada e com casca seca já estão fora do padrãocomercial.

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11.6. Literatura citadaBOTTINI, P.R.; ISUNECHIRO, A.; COSTA, F. A. G. da.Potencialidade da “Safrinha” para produção de milhoverde. In: SEMINÁRIO SOBRE A CULTURA DO MILHO“SAFRINHA”, 3, 1995, Assis. Resumos... Campinas:Instituto Agronômico, 1995. p. 99 – 103.BOTTINI, P.R.; TSUNECHIRO, A.; COSTA, F.A.G. da.Viabilidade da produção de milho verde na “safrinha”.Informações Econômicas, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 49-53, 1995.CEASA. MG. Disponível em: <http://www.ceasa.mg.gov.br> Acesso em: 5 maio 2003.COELHO,A.M.; PARENTONI,S.N. Milho verde. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v.13, n.152, p. 49 - 53,1988.FERNANDES, J.C; OLIVEIRA de. L.A.A. Aspectos domercado atacadista do milho verde na CEASA-RJ. Niterói:PESAGRO. RIO, 1985, 4 p. (PESAGRO-RIO. ComunicadoTécnico).MARCOS, S.K.; HONORIO, S.L.; JORGES, J.T; AVELAR,J.A . Influência do resfriamento do ambiente dearmazenamento e da embalagem sobre o comportamentopós-colheita do milho verde. Revista Brasileira deEngenharia Agrícola e Ambiental, Campinas Grande, v. 3,n. 1, p. 41 - 44, 1999.RAMALHO, M.A.P.; COELHO, A.M.; TEIXEIRA, A.L.S.Consorciação milho verde e feijão em diferentes épocasde plantio na entressafra. Pesquisa AgropecuáriaBrasileira, Brasília, v. 20, n. 7, p.799 - 806, 1985.SAWAZAKI,E.; POMMER, C.V.; ISHIMURA,I. Avaliação decultivares de milho para utilização no estádio de verde.Ciência e Cultura, São Paulo, v. 31, n.11, p.1297 -1302,1979.SILVA, G. Milho verde: corrida até a freguesia. GloboRural, São Paulo, v. 9, n. 104, p. 57 - 62, 1994.SILVA, G. Milho verde: corrida até a freguesia. Globo

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Rural, São Paulo, v. 9, n.104, p. 57 - 62, jun.1994.SILVA, P.S.L.; PATERNIANI, E. Produtividade de “milhoverde” e de grãos de cultivares de Zea mays L. Ciência eCultura, São Paulo, v. 38, n. 4, p. ,707 - 712, 1986.TOMAZELA, J.M. Milho verde atrai produtores do interior.O Estado de São Paulo, São Paulo, 29 abr. 1998.Agrícola. Disponível em:< http://www.estado.estadao.com.br/suplem/agr/98/04/29/agr980429.htm > Acessoem: 5 maio 2003TSUNECHIRO, A.; UENO, L.H.; SILVA, J.R. Locais deprodução e sazonalidade de preços e quantidades demilho verde no atacado da cidade de São Paulo.Informações Econômicas, São Paulo, v. 20, n. 9, p. 9 -16,1990.VAPZA alimentos. Canjica com leite Vapza. Disponívelem: <http://www.vapza.com.br/vapza20.htm> Acessoem: 5 maio 2003.

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Capítulo 12. Manuseio Pós-Colheita de Milho Doce

Celso Luiz Moretti1Gilmar Paulo Henz1

12.1. IntroduçãoO milho doce é uma hortaliça altamente perecível, devidoà sua elevada atividade metabólica no período pós-colheita. O conteúdo de açúcares, notadamente asacarose, é o principal determinante da qualidade doproduto. Em função dessa característica particular, oarmazenamento por períodos curtos pode ser danoso àqualidade final do produto, caso as condições demanuseio não sejam adequadas.São abordadas a seguir as principais etapas do manuseiopós-colheita de milho doce.

12.2. ColheitaA colheita do milho doce deve ser realizada nas primeirashoras da manhã, a fim de evitar-se o acúmulo de calor noproduto durante o dia. Após a colheita, o material deveser rapidamente retirado da exposição ao sol e levado parauma área coberta e fria, onde será manuseado.

12.3 Seleção e classificaçãoApós a colheita, o milho doce passa por um processo deseleção, em que são descartadas as espigas queapresentem danos externos aparentes (brocas,machucaduras, podridões), classificando-as de acordocom o tamanho de espiga preferido pelos consumidores.1Pesquisadores da Embrapa Hortaliças. Caixa postal 219. Brasília, DF.E-mail : [email protected]; [email protected]

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12.4 EmbalagemO produto é embalado em caixas de madeira, tomando-seo cuidado de arranjar as espigas num único sentido,visando otimizar o espaço disponível na caixa.Dependendo do mercado de destino, o produto poderá serembalado em caixas de papelão ondulado, construídas detal forma que permitam a troca de calor com o meiorefrigerante empregado na etapa de resfriamento rápido.

12.5 Resfriamento rápidoUma etapa importante no manuseio pós-colheita do milhodoce é a remoção do calor de campo do produto. Quantomais rápido o produto for esfriado após a colheita, maiorserá a sua vida útil. A remoção do calor de campo dá-sepela técnica do resfriamento rápido, que consiste emutilizar um meio refrigerante para trocar calor com oproduto. As técnicas mais empregadas para resfriamentorápido de milho doce são vácuo (Figura 12.1a) e o hidro-resfriamento (Figura 12.1b), muito usadas nos EstadosUnidos.

Figura 12.1. Técnicas de remoção de calor das espigas ao chegar do campo: a)técnica de resfriamento rápido a vácuo; b) técnica de hidro-resfriamento.

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No resfriamento rápido a vácuo, um lote do produto écolocado numa câmara hermética onde vácuo é aplicado.O abaixamento da pressão atmosférica faz com que aágua presente na superfície do produto evapore atemperaturas menores, o que retira calor do produto ereduz a temperatura. Ainda no resfriamento rápido avácuo, o milho doce embalado em caixas de madeira podeser resfriado de 30 para 5°C em apenas 30 minutos. Oinconveniente dessa técnica é a elevada perda de água doproduto. Recomenda-se, portanto, a umidificação antes edurante o processo de resfriamento rápido a vácuo. Outroinconveniente é o elevado custo inicial para a instalaçãodo sistema.O resfriamento rápido com água gelada ou hidro-resfriamento é a modalidade mais empregada para milho.Nesse caso, caixas do produto são imersas ou sofrem umbanho com água sob temperatura próxima a 0°C. Comcusto inicial de instalação mais baixo do que a técnica avácuo, o hidro-resfriamento é também um método efetivo,embora leve mais tempo para se diminuir a temperatura doproduto. Em testes realizados em diversos locais,observou-se que milho doce embalado pode levar mais deuma hora para ir de 30 a 5°C utilizando-se o hidro-resfriamento. O inconveniente maior dessa técnica é que aágua utilizada para o resfriamento necessita serperiodicamente reciclada, a fim de evitar acúmulo depatógenos (fungos, bactérias). Recomenda-se, ainda, queseja adicionado hipoclorito de sódio na dose de 100 a 150mg.kg-1 à água de resfriamento, para redução dos riscosde contaminação microbiana.Para o hidro-resfriamento, preconiza-se a utilização de 1kg de gelo para cada 3 kg de material a ser resfriado. Afim de reduzir o tempo de resfriamento, recomenda-se a

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instalação de um sistema de circulação da água através doproduto, para otimizar a troca de calor, reduzindo demaneira mais rápida a temperatura do produto. Umapequena hélice ou um compressor de ar podem serinstalados no tanque de resfriamento para executarem otrabalho recomendado.

12.6. Teste de resfriamento rápido de milho doce com água geladaO teste de hidro-resfriamento com milho doce foiconduzido no laboratório de pós-colheita da EmbrapaHortaliças, para um cliente que tinha o objetivo de enviaruma carreta refrigerada do produto do Estado de Goiáspara Buenos Aires, Argentina. Foi montado um sistema,em escala laboratorial, para avaliar o tempo médionecessário para o resfriamento das espigas.O ensaio foi montado empregando-se quatro caixas deisopor de 80 litros cada, contendo 12 espigas de milho,14 kg de gelo picado e 50 litros de água (Figura 12.2).Foram monitoradas a temperatura no miolo da espiga(parte mediana e apical), superfície da água, água nofundo da caixa e superfície da espiga (Figura 12.3).Observou-se que as espigas de milho doce demoraram, emmédia, uma hora e quinze minutos para reduzir atemperatura inicial de 22,7°C para 2,2°C (temperaturamédia entre o meio e a extremidade da espiga). Do pontode vista técnico, acredita-se que a redução da temperaturado produto na fase de resfriamento rápido para valorespróximos a 3°C é suficiente para assegurar umaconservação satisfatória do produto durante o transporte,considerando-se que o produto será transportado emtemperaturas próximas a 0°C.

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Figura 12.2. Milho doce acondicionado em caixa de isopor, com detalhe dotermopar para monitoramento da temperatura das espigas.

Figura 12.3. Detalhe da colocação do termopar na porção mediana da espiga demilho doce, em meio a gelo triturado.

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12.7. ArmazenamentoRecomenda-se que o milho doce seja armazenado emtemperaturas próximas a 0°C, mas nunca menores do que- 0,6°C, sob risco de congelamento da espiga. Nessascondições, o produto tem, em média, uma vida deprateleira variando entre cinco e oito dias. À medida quese eleva a temperatura de armazenamento, diminui-se avida útil do produto. Assim, espigas armazenadas a 5 e10°C têm conservação diminuída de três a cinco para doisdias.A temperatura de armazenamento também afeta avelocidade de degradação da sacarose. O milho doceperde aproximadamente 20% do teor inicial de sacarosequando armazenado a 0°C por um período de quatro dias.A velocidade de degradação aumenta com a elevação detemperatura, sendo que espigas de milho docearmazenadas a 10 e 20°C perderam 60 e 80% do teor desacarose inicial, respectivamente.

12.8. Carregamento e transporteApós o resfriamento rápido e quando se fizer necessário oarmazenamento, o produto deve ser rapidamente colocadoem câmara fria sob temperatura próxima a 0°C. É práticacomum a colocação de gelo triturado nas embalagens,durante o transporte, com o intuito de contribuir para amanutenção da baixa temperatura (Figura 12.3).

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Sugere-se que seja utilizada temperatura ao redor de 1°C,pois reduz-se consideravelmente o risco de congelamentodo produto. O principal problema dos sistemas derefrigeração empregados em unidades frigoríficas resideno fato de que, em muitos casos, para manter atemperatura uniforme de 0°C, os sistemas liberam ar frioem temperaturas variando entre - 3 e - 8°C, o que causacongelamento localizado do produto. Dessa forma,aconselha-se que o termostato do sistema de refrigeraçãoseja ajustado para 1°C.No carregamento das caixas de milho doce, deve-se ter ocuidado de deixar espaço suficiente nas laterais, embaixoe no teto da câmara fria, para que o ar possa fluir atravésda carga, trocando calor com o produto. Recomenda-seque as caixas fiquem afastadas pelo menos 10 cm emcada lateral da parede da câmara e também do assoalho.Nesse último caso, pode-se utilizar um estrado demadeira, para evitar que a carga bloqueie a passagem doar frio.

12.9. Problemas FitossanitáriosAlgumas pragas que atacam as espigas do milho sãocausadoras de perdas significativas durante o cultivo e empós-colheita. Entre as principais estão a lagarta-da-espiga(Helicoverpa zea), a Euxesta sp. (mosca) e a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). A lagarta-da-espiga éuma das pragas mais importantes do milho, porque faz aovoposição nos “cabelos” (estigmas) e as larvasalimentam-se dos estilos-estigmas, impedindo afertilização e causando falhas nas espigas. Tambémalimentam-se diretamente dos grãos leitosos, destruindo-os, além de deixarem detritos nas espigas que depreciamcomercialmente o produto (Figura 12.4).

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Seu ataque favorece a infestação por pragas secundárias,como o caruncho (Sitophilus zeamais) e a traça (Sitotrogacerealella), bem como a penetração de microorganismos ede umidade, que causam o apodrecimento dos grãos. Ocontrole químico dessa lagarta é difícil, sendo indicado oplantio de cultivares resistentes como a medida maiseficiente. Euxesta sp. também pode causar danossemelhantes ou maiores que Helicoverpa sp., podendoocorrer associada ou isoladamente. O controle cominseticidas tem baixa eficiência. Outra praga que ocorrenas espigas é a lagarta-do-cartucho (Spodopterafrugiperda).As espigas de milho podem ser infectadas por váriospatógenos ainda no estádio de grão leitoso, inclusive poraqueles causadores de podridões das espigas expressasapós a maturação fisiológica dos grãos, principalmente emregiões em que predomina clima úmido e chuvoso naépoca que precede a colheita. A incidência de doenças

Figura 12.4. Lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea, alimentando-se da espiga demilho doce.

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nas espigas aumenta quando são atacadas por pássaros eprincipalmente por lagartas. Em cultivares em que aespiga fica bem coberta pela palha, os grãos dificilmentesofrem ataque direto de fungos, que, em sua maioria, sãofracamente patogênicos. Vários fungos atacam os grãose/ou as espigas, como Diplodia sp., Fusarium spp.,Gibberella zeae, Nigrospora oryzae, Botryosphaeria zeae,Botryodiplodia sp., Aspergillus spp., Penicillium spp.,Cladosporium sp., Rhizopus sp., e Trichoderma sp. Asinfecções podem ser mistas, e alguns desses fungostambém podem crescer entre ou sobre os grãos (Figura12.5).

Figura 12.5. Espigas de milho doce infectadas por causadores de putrefação dosgrãos.A infecção por alguns desses patógenos é muito sériaporque produzem micotoxinas, como Aspergillus,Penicillium e Giberella. O controle desses fungos é difícil,principalmente porque podem desenvolver-seinternamente nas espigas, a partir de uma porta de

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entrada. A escolha de cultivares com espigas bempalhadas e o controle de lagartas são as principaismedidas preventivas. Durante o armazenamento pós-colheita das espigas, deve-se evitar a condensação deágua na sua superfície, em geral causadas por mudançasna temperatura da câmara frigorífica ou quando o produtoé colocado em temperaturas mais altas. Dependendo doperíodo de armazenamento, alguns fungos podem crescersobre a palha externamente, afetando sua aparência.

12.10. Literatura citadaCASSINI, R.; COTTI, T. Parasitic diseases of maize. In:HAFLIGER, E. (Ed.). Maize. Basle: Ciba-GeigyAgrochemicals, 1979. p.72 - 81.DEÁK, T.; HEATON, E.K.; HUNG, Y.C.; BEUCHAT, L.R.Extending the shelf life of fresh sweet corn Yb shrink-wrapping, refrigeration and irradiation. Journal of FoodScience, Chicago, v. 52, n. 6, p.1625 -1631, 1987.CORTEZ, L.A.B.; HONORIO, S.L.; MORETTI, C.L. (Ed.).Resfriamento de frutas e hortaliças. Brasília: EmbrapaInformacao Tecnologica, 2002. 428 p.HANNAH, L.C.; CANTLIFFE, D.J. Levels of variouscarbohydrates constituents and percentage germination offour everlasting heritage sweet corns. Proceedings of theFlorida State Horticultural Society, Tallahassee, v. 89,p.80 - 82, 1976.HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. Thecommercial storage of fuits, vegetables, and florist andnursery stocks. Washington: USDA, 1986. 130 p.KADER, A.A. Postharvest biology and technology: anoverview. In: KADER, A.A. (Ed.). Postharvest technologyof horticultural crops. 2.ed. Oakland: University ofCalifornia, 1992. p.15 - 20.

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217O Cultivo do Milho Verde

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