o dever para com o refugiado na era da globalização
TRANSCRIPT
O Dever
para com
o Refugiado...na Era da Globalização
Cecília Tomás
Comemorações do dia Mundial da Filosofia
Pens@r Online | 19 de Novembro de 2015
“No livro “A Queda”, de Albert Camus, um advogado honesto vê uma rapariga na borda de
uma ponte à noite. Ele acha estranho, mas passa por ela sem dizer nada. Ouve depois o
som de um corpo a cair na água. Ele sabe o que aconteceu, ouve os gritos dela a
afastarem-se rio abaixo, mas nem se vira, em parte pelo medo de colocar a sua vida em
risco. Consegue inicialmente convencer-se de que não havia nada a fazer – e a culpa afinal
não era sua. Anos mais tarde, ao passar pela mesma ponte depois de um bom dia de
trabalho e de um bom serão com os amigos, invade-o uma sensação de profunda e
genuína satisfação, de que era a pessoa que queria ser. Mas estava a acender um cigarro
auto-congratulatório, quando ouve uma sonora gargalhada, quase de gozo. Claro que não
era a rapariga, devia ser alguém que estava a ter uma outra conversa, mas ele deixa então
de conseguir reconciliar a ideia que tinha de ele próprio como um homem de valores
e princípios com a ideia de que não tinha sequer tentado salvar a rapariga.”
Ary Ferreira da Cunha,
Para a Europa se salvar a si mesma terá de salvar os refugiados in
Público, 08/09/20152
3
4
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência,
devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
5
Todo indivíduo tem direito à vida,
à liberdade e à segurança pessoal.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo 3°
6
“Quando, de uma vez por todas, deixarmo-nos de alardear que somos “animais
racionais” e nos assumirmos como “animais dotados de dignidade” teremos dado
um grande contributo para a civilização! Então, sim, poderemos acreditar que
estamos a construir um futuro mais promissor.”
Nelson S. Lima,
Autor, Investigador e Professor Universitário
7
8
9
10
“Qual assunto? Os refugiados. (...) Rapidamente mandarão os refugiados sírios para o baú
onde estão os palestinianos mais o rais Arafat que vivia na mukata (...), as primaveras
árabes, o leão Cecil, os habitantes do Haiti, que continua devastado anos depois do
terramoto, mas isso agora não interessa a ninguém, e essas cleptocracias africanas que
ainda há alguns anos motivavam abaixo-assinados, cantos que se diziam livres, hinos e
posters, tudo sempre em nome da libertação. Dentro de pouco tempo os refugiados sírios
serão substituídos por outros protagonistas e depois bem podem permanecer acantonados
num qualquer canto da Hungria que ninguém se interessará pelo seu destino."
Helena Matos,
Crise dos Refugiados - Vamos lá trocar umas ideias sobre o assunto in
Observador, 6/9/2015
11
RESPEITO PELA
DIGNIDADE HUMANA
Resiliência
12
Acolhimento
Aceitação
Manter-se informado
Denunciar
Agir
(auxiliar / incitar à ação)
Não Esquecer
Respeitar a Privacidade
"Estou muito preocupado, não por mim, mas pelos meus netos. Escrevi-o há 30 anos:
o que se passa no mundo não é um fenómeno de imigração, mas de migração. A
migração produz a cor da Europa. Quem aceitar esta ideia, muito bem. Quem não a
aceitar, pode ir suicidar-se. A Europa irá mudar de cor, tal como os Estados Unidos. E
isto é um processo que demorará muito tempo e custará imenso sangue. A migração
dos alemães bárbaros para o Império Romano, que produziu os novos países da
Europa, levou vários séculos. Portanto, vai acontecer algo terrível antes de se
encontrar um novo equilíbrio. Há um ditado chinês que diz: 'Desejo-te que vivas numa
era interessante'. Nós estamos a viver numa era interessante.”
Umberto Eco,
“Acontecerá algo terrível antes de se encontrar um equilíbrio.”
Migração e refugiados in Expresso, 07/09/2015
13