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O DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO DAS CAATINGAS: POTENCIALIDADES NATURAIS E FRAGILIDADES AMBIENTAIS – CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS
SERTÕES DO MÉDIO JAGUARIBE, CEARÁ
MARIA DANIELY FREIRE GUERRA (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ/ [email protected])
MARCOS JOSÉ NOGUEIRA DE SOUZA (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ/ [email protected])
JACQUELINE PIRES GONÇALVES LUSTOSA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINHA GRANDE campus CAJAZEIRAS-PB/ [email protected])
Resumo
Este ensaio versa sobre a problemática da desertificação, enquanto problema ambiental recorrente no interior do Domínio Morfoclimático das Caatingas. Tem-se como objetivo, apresentar o contexto natural do referido Domínio, dando ênfase a sua gênese e evolução, segundo as concepções de Ab’Saber e Fernandes. Neste tocante, incluem-se as noções de potencialidades e limitações naturais, bem como as questões relativas à relação sociedade-natureza repercutidas em forma de fragilidades ambientais, oriundas das tensões sociais sobre os ambientes, sobretudo sertanejos. Para tanto, contou-se com o subsídio da análise integrada, seguindo a Teoria Geossistêmica, buscando a interação entre os componentes naturais e sociais. Nesse viés, adotaram-se os Sertões do Médio Vale do rio Jaguaribe, enquanto core
representativo da problemática ambiental no Domínio supracitado. A referida área da sub-bacia do Médio Jaguaribe é caracterizada pela conformação de extensas depressões sertanejas embutidas entre cristas e maciços residuais, entrecortada por uma estreita faixa de planície fluvial do rio Jaguaribe e seus afluentes. Impera sobre esta área a rusticidade do clima semi-árido, com grande variabilidade e imprevisibilidade. Segundo Brasil (2004), este fato é responsável pelo enquadramento nas áreas suscetíveis à desertificação, pois se encontra entre o índice de aridez de 0,05 e 0,65. Contudo, o processo efetivo de desertificação, somente se desenvolverá em decorrência das práticas sociais sem vias de conservação e preservação, rompendo, desta feita, o potencial de resiliência do ambiente naturalmente suscetível à desertificação. Neste contexto, destaca-se o município de Jaguaribe como sendo a área de maior representatividade de ocorrência deste processo dentro dos Sertões do Médio Jaguaribe. O município referendado, diante das análises realizadas, possui 37,76km dos 1.876,79km de sua área total. Este cenário ratificado nos Sertões do Médio Jaguaribe constitui-se como um protótipo do cenário ambiental evidenciado no Domínio Morfoclimático das Caatingas.
Palavras-chave: Domínio Morfoclimático das Caatingas – Sertões do Médio
Jaguaribe – Desertificação.
Abstract
This essay deals with the problematic of desertification, while environmental problem general in the area of morphoclimatic Caatingas Domain. It has as objective to present the natural context of the area, emphasizing its genesis and evolution, according to the conceptions of Ab'Saber and Fernandes. In this regard, including the notions of natural potential and limitations as well as the issues of society-nature relationship reflected in
the form of environmental fragility, arising of social tensions over the environmental systems of the interior lands of the nordwest of Brazil, known as Sertões. Thus, we had used the integrated analysis, acording the General System Theory looking for the interaction between natural and social components. In that way, was adopted the Sertões of the Middle Valley of Jaguaribe River, while a representative place of the environmental issue in the field above. The area of sub-basin of the Middle Jaguaribe is characterized by the conformation of large depressions built between crests and massive waste, hacking by a narrow strip of flod plain of the Jaguaribe river and its tributaries. Prevails in this area the inhospitable of the semi-arid climatic conditions, with great variability and unpredictability. In accordance with Brazil (2004), this fact is responsible for the inclusion in areas susceptible to desertification, it is among the aridity index of 0.05 and 0.65. However, the effective process of desertification, only will developed with the effective of social practices without due process of conservation and preservation, breaking, this time, the capacity to support if the environment naturally susceptible to desertification. In this context, we highlight the area of the Jaguaribe city. as more representative of occurrence of this process within the Middle Sertões Jaguaribe. The city sanctioned, given the analysis carried out, has 37.76 kilometers of 1876.79 km of its total area. This scenario ratified in the Middle Jaguaribe Sertões is like a prototype of the environmental scenario shown in Caatinga Morphoclimatic area.
Key-words: Area of morphoclimatic Caatingas - Sertões Middle Jaguaribe -
Desertification
1. Introdução
O Domínio Morfoclimático das Caatingas, soma-se aos demais cinco domínios
inscritos no território brasileiro, sendo estes, uma herança de processos fisiográficos e
biológicos e patrimônio coletivo dos povos que historicamente os herdam (AB’SABER,
2003), originados a partir de eventos remotos, posteriormente modificados ou remodelados
por eventos de atuação recente.
No tocante ao Domínio das Caatingas semi-áridas, é notável a participação da
ocorrência de compartimentos de relevo e a configuração ambiental imbricada nestes. Tem
como características morfológicas, preponderantemente as superfícies pediplanadas, por vezes
interrompidas por ocorrência de maciços e cristas residuais, planaltos e chapadas
sedimentares, bem como, bordejadas pela fímbria litorânea à retaguarda do Oceano Atlântico.
No conjunto, somam-se múltiplos compartimentos de relevo (superfícies
aplainadas, maciços e cristas residuais, campos de inselbergs, planaltos e chapadas
sedimentares, planícies fluviais, faixas de praia, campos de dunas, falésias, etc.) que
exprimem em sua configuração atual potencialidades e limitações naturais, sendo ainda
condicionados a cenários de fragilidades ambientais, quando submetidas às tensões
mobilizadas pela sociedade.
Neste viés, destaca-se a sub-bacia hidrográfica do médio vale do rio Jaguaribe,
localizada a sudeste do Estado do Ceará (figura 1), numa das áreas mais representativas do
“core” semi-árido, portanto do Domínio das Caatingas, configurando-se como uma área de
grandes potencialidades naturais dentro deste domínio. Apresenta, porém, na atualidade,
cenários de degradação ambiental/desertificação, em decorrência de rupturas ambientais,
derivados de tensões socioeconômicas, pautadas sob a forma de exploração da natureza,
gerando, os cenários de fragilidade ambiental.
Por desertificação compreende-se como sendo a “degradação da terra nas zonas
áridas, semi-áridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, incluindo as variações
climáticas e as atividades humanas” (BRASIL, 2004, p. 15).
A despeito do entendimento das potencialidades e limitações naturais do Domínio
das Caatingas nordestinas, fizeram-se ilações introdutórias ao estudo consagrado dos
Domínios Morfoclimáticos, agregando ao estudo fitogeográfico brasileiro de Fernandes
(2006). Adicionou-se a isto, a Teoria Geossistêmica através da análise integrada dos
componentes naturais e sociais como forma de analisar os cenários evidenciados.
Obteve-se como resultado da análise do Médio Jaguaribe, a configuração de uma
das áreas mais degradadas do Estado do Ceará, onde a porção mais afetada corresponde ao
município de Jaguaribe com 37,76% dos 1.876,79km de sua extensão. Este contexto, por sua
vez, se expande por pontos distintos dentro do Domínio em análise, sendo os sertões do
Médio Jaguaribe, apenas um protótipo de uma problemática recorrente na área do bioma
Caatinga.
2. Material e Método
A luz da Teoria Geossistêmica de Bertrand (1972), pode-se contemplar de
maneira integrada os fatores naturais, bem como aludindo aos aspectos sociais, num conjunto
indissociável, interagindo de forma dialética, constituindo a relação sociedade-natureza.
Para tanto, traçou-se a análise dos sistemas ambientais, que indicam, dente outros
fatores, os agrupamentos de áreas particulares quanto às relações mútuas do potencial
ecológico e da exploração biológica, sobretudo, na identificação de áreas susceptíveis à
desertificação na sub-bacia do Médio Jaguaribe.
Contatou-se, por meio destes, a existência de ambientes favoráveis aos efeitos
degradacionais, impulsionados por uma herança natural, no entanto, a ocorrência da
degradação/desertificação advém da participação da sociedade sobre esses espaços, aqui
denominados de sistemas ambientais.
É importante remeter-se ao tempo geológico, considerando os eventos que
condicionaram indistintamente os ambientes sertanejos às condições limitantes atuais. Desta
feita, o semiárido regional resultou em extensas áreas aplainadas embutidas entre maciços e
planaltos sedimentares, obedecendo intensamente ao controle estrutural, uma vez que a base
geológica, aliada ao clima, limita as condições ambientais.
Assim, tem-se uma pedogênese incipiente que não dá suporte a estratos arbóreos.
Em contrapartida, esses estratos não oferecem proteção aos solos, pois a cobertura
vegetacional não os resguarda das agressões climáticas. Deste modo, prevalece o
intemperismo físico, deixando os solos sujeitos às ações pluviais de alto potencial de erosão.
No conjunto, a sub-bacia do médio Jaguaribe apresenta um quadro ambiental
fortemente alterado, como foi averiguado em imagens orbitais, onde se observou a maior
macha de degradação dentro dos limites políticos do município de Jaguaribe.
Nesse viés, seguindo as orientações espectrais, mapeou-se a
degradação/desertificação no município de Jaguaribe por meio de análises dos níveis de cinza
de imagens de satélites ao longo de 20 anos.
Por meio da classificação não supervisionada por pixel. Utilizou-se imagens
orbitais do LANDSAT dos anos de 1988/89, 1997 e 2008, referente às orbitas/pontos 216/64
e 217/64, disponibilizadas pelo INPE. Posteriormente, fez-se o comparativo entre as respostas
dos mapeamentos de cada ano. Foram feitas classificações com base nos níveis de verde das
imagens orbitais, com a utilização imagens LANDSAT, nas bandas 2, 3 e 4 (BRG – Blue, Red
e Green).Tendo como ferramenta de processo o Software Spring 4.3.3, fez-se a análise da
imagem com emprego da técnica de classificação pixel a pixel.
Inicialmente, realizou-se o treinamento, ou seja, procedeu-se à recolha de
amostras de classes para subsidiar a classificação. Na classificação foi utilizado o algoritmo
K-médias, onde foram construídos quatro temas e quatro interações. Posteriormente,
averiguou-se o grau de certeza da resposta dada, mas a aproximação da verdade terrestre só
foi realizada em trabalhos de campo. Com esta classificação, calculou-se o estado de
degradação em km², confrontando as tipologias de uso do solo e o percentual de solos
desnudos (%). Posteriormente, utilizou-se o software ArcGis 9.2 para a produção das cartas.
Os componentes naturais colaboram para a formação de ambientes naturalmente
susceptíveis à desertificação, mas é a sociedade que tem intensos encargos, sobretudo no
desencadeamento dos processos de desertificação.
3. Resultados e Discussões
3.1. Ilações sobre os espaços semi-áridos da América do Sul, com ênfase para o
Nordeste brasileiro.
Segundo Ab’Saber (1974), ocorre na América do Sul, três núcleos de regiões
semi-áridas distintas e bastante separadas entre si. Tais espaços correspondem a Diagonal
Arreica do Cone Sul – que se estende desde as estepes desérticas frias da Patagônia,
arrebatando-se pelos desertos de piemont dos Andes argentinos, pelos altiplanos das punas
andinas no norte do Chile, no noroeste argentino e sudoeste boliviano, encerrando-se pelos
desertos costeiros hiper-áridos nas costas do Chile e do Peru (AB’SABER, 1974).
O Domínio Semi-árido Guajira – localizado na região do Falcon, na fachada
atlanto-caribiana no norte e noroeste da Venezuela, e o Domínio das Caatingas Semi-áridas
do Nordeste brasileiro – compreendendo toda a área do “polígono das secas”1, situada na
faixa equatorial e tropical quente da região semi-árida brasileira, normalmente sujeita a fortes
irregularidades pluviométricas, com distribuição irregular no tempo e no espaços,
apresentando freqüentemente, balanço hídrico com saldos negativos e duas estações bem
definidas, sendo uma chuvosa e uma de estiagem (AB’SABER, 1974).
1 Na realidade, não se pode generalizar a noção de um polígono das secas, isto é de uma área total homogênea de incidência de clima semi-árido. Deste modo, não se pode afirmar que ocorre no Nordeste brasileiro uma área climática homogênea, embora a preponderância do clima semi-árido impere sobre os espaços nordestinos. Existe, na verdade, espaços mais propícios à instalação de condições de secura climática. Mesmo assim, tais espaços são e estão entremeados por outros de características extremamente divergentes e desta forma, configuram uma miscelânea de quadros bioclimáticos, não coadunantes para a ocorrência de um polígono das secas. Como já dissera Ab’Saber (2003), existem vários espaços de ocorrência de clima semi-árido e não exclusivamente um polígono das secas. Deste modo, será tratado neste ensaio, como área nuclear das Caatingas ou Domínio das Caatingas do Nordeste brasileiro.
Estes núcleos apresentam certa similitude entre si, porém divergem desde as
condições térmicas, geológico-geomorfológica e até certos aspectos da vegetação.
Entrementes, é de se notar maior afinidade entre as regiões áridas e semi-áridas do Cone Sul
com o semi-árido do Nordeste brasileiro, como bem expõe Ab’Saber (1974, p.2),
Separada por um inter-espaço de, no mínimo, três mil quilômetros dessa faixa desértica meridional, ocorre uma compacta região semi-árida, de grande continuidade espacial e de indelével ‘ar de família’ morfoclimática, nas depressões interplanálticas, quentes e sêcas do Nordeste Brasileiro, que é também, o próprio nordeste do continente sulamericano.
Tais espaços tiveram evolução ligada às bruscas mudanças dos mosaicos
climáticos e ecológicos (AB’SABER, 1977).
Desta forma, no mesmo espaço global do continente americano do Sul, e através a atuação dinâmica dos mesmos ‘stocks’ globais de vegetação, sucederam-se clichês complexos de distribuição de coberturas vegetais diretamente associadas a condições ambientais úmidas e quentes nas fases interglaciais, e, mais secas e relativamente frias, nas fases glaciais (AB’SABER, 1977, p.2).
Trata-se de uma evolução eminentemente oriunda das condições estabelecidas no
Terciário Superior e re-estabelecidas ou remodeladas pelas variações climáticas quaternárias,
dando o favorecimento à expansão de novas coberturas vegetais e de novos tecidos
fisiográficos e ecológicos (AB’SABER, 1977).
Aos períodos de biostasia sucederam-se sempre durante o Quaternário períodos de resistasia, alternando-se portanto, sistemas morfoclimáticos de longa duração com sistemas de degradação rápida, por meio de períodos transicionais, morfogenéticamente muito ativos, ainda que de curta duração (AB’SABER, 1977, p. 3).
Resulta, portanto na configuração de compartimentos de mosaicos complexos,
jamais homogêneos, de aspectos paleoecológicos e biogeográficos particulares. Desse modo,
justificam-se as evidências análogas e contrárias entre espaços de alocação distinta,
resguardando sempre áreas nucleares de máxima expressão, sobretudo, bioclimáticas.
No tocante aos três núcleos de regiões semi-áridas em epígrafe, segundo
Fernandes (2006, p.133), “[...] tais núcleos tiveram origem diferentes”. E completa, “além das
idéias valiosas de Ab’Saber (1970), não cabe aceitar afinidades nesses relacionamentos”.
De tal modo, justifica-se ser o Nordeste brasileiro, um dos espaços semi-áridos da
América do Sul, possuidor de um padrão de organização natural de características
extremamente peculiares, como bem afirmara Fernandes (2006, p. 136).
Admitida, então, a originalidade da Província Nordestina, diretamente relacionada com a interação de um conjunto de influências: fatores paleoclimáticos, estrutura geológica e natureza litológica do substrato, podem ser entendidos os processos que
modelaram sua compartimentação territorial, capaz de acomodar uma vegetação peculiar com a respectiva caracterização florística.
Nesse viés, Fernandes (2006, p. 135) explica que,
Quando se analisa a natureza histórica do Nordeste, há fatos que comprovam a originalidade da Província Nordestina, tanto no que se relaciona com a evolução do ambiente físico, como no que se refere à vegetação e à flora. Processos degradacionais, referidos ao Terciário, atingindo o embasamento cristalino, modelaram a depressão intermontana ou o pediplano sertanejo nordestino, nos quais se instalou posteriormente a flora xérica generalizada, compondo a vegetação tropofílica nordestina. Assim, se bem considerado, o padrão paisagístico atual é de segunda ordem, e por ser muito distinto daquele do passado assume uma grandeza de outra condição, com uma caracterização particular ligada ao ambiente semi-árido e bem consolidado pelo clima, pelo relevo e pela vegetação e pela flora.
Desta feita, admite-se que o Nordeste semi-árido abriga um arranjo natural
traduzido como um domínio morfoclimático intertropical, de posição marcadamente azonal
(AB’SABER, 1974).
É, desta forma, um dos raros exemplos de domínios morfoclimáticos intertropicais, colocados em sua maior parte, em latitudes equatoriais. Não é, portanto, um mero segmento de um cinturão zonal de áreas semi-áridas (AB’SABER, 1974, p. 4).
A primazia dos compartimentos de relevo deste domínio é a participação das
superfícies aplainadas, que esta intimamente ligada à conformação das paisagens do Nordeste
semi-árido (AB’SABER, 1969).
As depressões semi-áridas ou depressões sertanejas do Nordeste, configuram-se
como uma paisagem monótona de largas depressões interplanálticas ou intermontanas do
interior (AB’SABER, 1969).
Vale salientar que em sua maioria, tais compartimentos estão sobre a inclemência
dos climas semi-áridos, muito quentes e possui revestimento sugestivo de Caatingas. Aliado a
isto, coexistem os “stocks” de solos mais ricos em massa, quanto para a acepção agropastoril
que as demais regiões semi-áridas conhecidas (AB’SABER, 1974).
Destarte, conforma-se o arranjo de componentes naturais, individualizado por
suas características morfoclimáticas e biogeográficas, com magna expressão para as paisagens
elaboradas pelas áreas deprimidas, embutidas entre residuais por vezes elevados, chapadas e
planaltos sedimentares, inselbergs e morros testemunhos, certas vezes alcançando quase a
fímbria litorânea, em geral revestidos pela flora das Caatingas.
3.2. O Domínio morfoclimático semi-árido das Caatingas: potencialidades e
limitações naturais e fragilidades ambientais2 - considerações acerca do
Médio Jaguaribe, Ceará
Conforme Ab’Saber (1974), o Nordeste semi-árido ocupa uma área equivalente a
aproximadamente 10% do território brasileiro, tendo aproximadamente 800.000km².
Trata-se de uma região seca, muito quente, de posição subequatorial, com drenagens extensivamente abertas para o mar, posto que dotadas de acentuada intermitência sasonal (sic). Por sua vez as terras sertanejas do Nordeste constituem um mosaico de solos peculiares de regiões semi-áridas quentes, não sujeitas a forte salinização ou concrecionamento cálcico (AB’SABER, 1974, p. 4).
Evidencia-se, deste modo, as particularidades expressas no Domínio das
Caatingas, dando ênfase as potencialidades naturais configuradas sob o rigor da semi-aridez
que assola essas áreas (vide mapa de áreas semi-áridas e suscetíveis à desertificação no Brasil
– figura 2). Tal acepção da semi-aridez, deve-se ao fato da relativa escassez de precipitações,
aliado aos altos níveis de temperatura, confluindo na sazonalidade climática de periodicidade
variável, com forte incidência de anos secos e de cheias (inundações). De modo específico,
pode-se contextualizar que,
O ‘universo’ fisiográfico e ecológico do Nordeste sertanejo é certamente semi-árido pelo fato de possuir uma estação chuvosa relativamente longa, pelo caráter intermitente sasonal de seus cursos d’agua autóctones, pela ausência de áreas de drenagem esporádica típica, pela biomassa global da vegetação das caatingas, e, pelas condições mínimas – posto que precárias – ofertadas por seus solos para atividades agrícolas interfluviais (AB’SABER, 1974, p. 4).
A bacia hidrográfica do Jaguaribe, por sua vez, é um das áreas mais
representativas no contexto do semiárido regional, pois abrange uma conjuntura típica do
semiárido nordestino, tanto do ponto de vista natural quanto econômico e cultural.
Trata-se, sobretudo, de uma superfície morfologicamente recente, que teve o
Pleistoceno como período-chave de sua evolução e o clima como elemento fundamental.
Como resultado, têm-se hoje os relevos pediplanados esculpidos como testemunho desta
evolução.
Em virtude desta evolução essencialmente transfiguradora, dotada de alto
potencial erosivo, as áreas compostas de rochas tenras foram sendo desagregadas e entulhadas
em depósitos a jusante, nas áreas mais rebaixadas da superfície.
2 Entende-se por natureza o conjunto representado pelos fatores do potencial ecológico (litologia, relevo e clima) e da exploração biológica (solo, vegetação e fauna). Enquanto ambiente é entendido pela relação sociedade-natureza.
Simultaneamente, vão sendo instaladas as redes hidrográficas, bastante
ramificadas com padrão dendrítico, nascendo nos altos dos maciços a barlavento e canalizadas
para o oceano Atlântico (SOUZA et. al., 1998b).
Como expressão desse contexto, há os solos predominantemente rasos e
pedregosos, com exceção para as áreas de planícies fluviais, de tabuleiros interiores e no topo
dos maciços residuais a barlavento. Há predominância de associações de Neossolos Litólicos,
Neossolos Flúvicos (Solos Aluviais), Luvissolos (Bruno não-Cálcicos), Planossolos
(Planossolos Solódicos + Solonetz Solodizado), Vertissolos (Solos Vérticos), Argissolos
Vermelho-Amarelos (Podzólico Vermelho-Amarelos) e afloramentos rochosos (SOUZA et.
al., 1998b).
É notório evidenciar a relação intrínseca entre os fatores do potencial ecológico e
da exploração biológica, tomadas como um todo, dando respostas ao contexto ambiental da
área em epígrafe e, sendo a vegetação a expressão máxima da configuração ambiental ou
como diz Souza (2000), é a resposta última do jogo de componentes naturais.
Registram-se, na sub-bacia do médio Jaguaribe, os seguintes compartimentos ou
sistemas ambientais: Planície fluvial e Glacís de acumulação Tércio-Quaternária, Chapada do
Apodi, Serras secas, Sertões do médio Jaguaribe, Cristas residuais e Serras baixas e serrotes
semiáridos, conforme o mapa de sistemas.
A cada compartimento registra-se uma dinâmica particular, impulsionada pela
herança morfogenética, aliada às contingências atuais do clima, da ação da sociedade,
influenciando diretamente sobre a vegetação e os solos, resultando na morfodinâmica atual e
na configuração dos cenários tendenciais.
Sobre as Caatingas, Fernandes (2006, p. 146), afirma que:
finalmente, as Caatingas devem ser consideradas como um tipo vegetacional xérico, com um quadro florístico estacional, ao lado de acentuado tropofitismo quase sempre acompanhado por estruturas morfológicas representadas por espinhos e acúleos. Pode haver a participação de Bromeliáceas e Cactáceas.
Desse modo, confere-se à Caatinga o caráter tropofílico, caracterizado pela
caducifolia, como forma de vitalidade ou sobrevivência das plantas na estação seca, que se
mantêm em virtude da água armazenada no seu sistema subterrâneo, como visto, formando as
raízes tuberosas (batatas) ou os xilopódios (FERNANDES, 2006).
Trata-se, evidentemente, de uma vegetação adaptada às condições de climas semi-
áridos, com expressão particular de uma formação xérica, como bem enfatiza Fernandes
(2006). Sua fisionomia é garranchenta, por vezes com plantas afilas, espinhosas e até
suculentas. “Todas as particularidades se consubstanciam no natural xerofilismo, expresso nos
regulares ajustamentos e na seletividade taxionômica correspondentes principalmente aos
componentes regionais”. (FERNANDES, 2006, p. 144).
A vegetação xerófila possui composição heterogênea quanto à sua fisionomia e
estrutura, embora apresente certa conformidade na sua composição, em virtude do expressivo
conjunto de plantas arbóreo/arbustivas. Para melhor entendimento, dada a fisionomia, torna-se
mais vantajoso e prático, em consenso com Fernandes (2006), considerar as Caatingas,
subdividindo-as em arbórea e arbustiva.
De modo específico, contatam-se, no interior das Caatingas, tipos de
representação florística não originários desta vegetação, mas que estão ali, por vezes, como
testemunho de uma evolução pretérita transfiguradora que conservou tal flora, ou, por outras
vezes, também como testemunho de que, em condições de ajustamento ecológico, é possível
que haja adaptação de espécies pioneiras, em outros tipos climáticos. Ainda, em faixas com
grandes potencialidades naturais, ante outras com maiores limitações, quer seja por ordem
topográfica ou pedológica, desenvolve-se uma flora peculiar, mostrando uma feição de
exceção. Um bom exemplo desse quadro de exceção é constituído pelas planícies fluviais, que
se destacam com flora verdejante em meio à flora das Caatingas.
No contexto dos Sertões do Médio Jaguaribe ou da sub-bacia hidrográfica do
Médio Jaguaribe, além das Caatingas, deve ser acrescida a ocorrência das matas ciliares, em
regra, com uma cobertura diferencial, em relação ao padrão geral, por sua origem procedem
das matas serranas vizinhas, tendo como exemplo as espécies Hymenaea velutina (Jatobá),
Erythrina velutina (Mulungu), Copernícia prunífera (Carnaúba) (FERNANDES –
comunicação oral).
Outro quadro específico é marcado pela vegetação mesófila (Mata Seca) que se
distingue das Caatingas pelas condições ecológicas e florísticas, embora seja enriquecida por
espécies da caatinga. Encontra-se recobrindo encostas subúmidas/secas ou serras isoladas com
níveis altimétricos entre 500-600m, fazendo-se presente no maciço do Pereiro, limítrofe ao
Município de Jaguaribe (FERNANDES, 2006, p.176).
Assim como as matas de tabuleiro, que são um complexo vegetacional de
significados pouco precisos dentro da terminologia fitogeográfica brasileira. “[...] É marcado
por um complexo florístico, pela co-participação de elementos da vegetação vizinha: mata,
caatinga e formação esclerofila – Cerrado e Cerradão”. (FERNANDES, 2006, p. 89). Este
conjunto vegetacional tem pouca expressão na sub-bacia do médio Jaguaribe, apenas nas
áreas limítrofes do médio para o baixo Jaguaribe.
Eis, portanto, o contexto vegetacional da sub-bacia do Médio Jaguaribe, mantido
por respostas de natureza comportamental e de expressão regional. Sendo esta, o reflexo mais
fiel da conformação dos cenários, quer seja com tendências ao equilíbrio ou desequilíbrio,
portanto faz-se um importante indicador de ocorrência do processo de desertificação, aqui
utilizado enquanto parâmetro para analisar tal processo.
Desta feita, para se compreender o cenário das Caatingas no Médio Jaguaribe e
mais específico no município de Jaguaribe, nos dias de hoje, devem-se ser feitas
considerações acerca da estrutura geológica, dos aspectos geomorfológicos, das condições de
umidade e, acima de tudo, o histórico de ocupação e uso, para se chegar às considerações dos
padrões vegetacionais.
As condições litoestatrigráficas do Município de Jaguaribe correspondem ao
Complexo Caicó/Nordestino, que possui como características dominantes a ocorrência de
rochas do embasamento cristalino, portanto, rígidas e com padrões de permeabilidade
mínima. Em suma, a estrutura geológica do Município de Jaguaribe não favorece o acúmulo
de água subterrânea, salvo em pontos da estrutura fraturados.
Relativamente aos aspectos geomorfológicos, tem-se marcadamente a expressão
das superfícies pediplanadas, onde o Município de Jaguaribe mostra a expressão fiel das
depressões sertanejas, embutidas ao leste no maciço do Pereiro e ao oeste nas cristas das
Serras do Orós e do Condado. Apresentam caimento topográfico ao nordeste no sentido do
fundo dos vales. Em suma, configuram-se superfícies de piso inferior, com níveis altimétricos
variando entre 150 e 500m, favorecendo a diminuta umidade provinda da semi-aridez
climática, referida anteriormente.
A ocupação, teve como expressão máxima o binômio gado-algodão, marcado por
uma conjuntura econômica que trouxe riqueza para os proprietários sertanejos e, em
contrapartida, pobreza para o cenário das Caatingas.
Como salienta Souza et. al. (1998, p. 146),
com o processo de colonização e de ocupação do território cearense, a partir do século XVII, iniciaram-se as principais transformações, com profundas modificações da vegetação original, através das atividades ligadas à exploração dos recursos naturais, principalmente agropecuário e madeireiro. Na atualidade, há poucas áreas conservadas que ainda podem representar as condições originais da cobertura vegetal.
No celeiro de atividades agropecuárias, pautado no binômio gado-algodão e
exploração de madeira, segundo Souza et. al. (1998, p. 154),
induziram graves processos de degradação da vegetação original da Caatinga. As queimadas destinadas a limpeza dos terrenos para os plantios ou para o brotamento das pastagens, implicam determinadas condições ao surgimento de processos de desertificação.
Assim, ocorreu paulatinamente a degradação das Caatingas. Apesar das
influências dos componentes naturais – litoestatigrafia, relevo e umidade climática – que
foram os principais condicionantes da vegetação magrém, contudo, os eventos
paleoclimáticos estabeleceram nessas áreas a acomodação de uma vegetação de porte arbóreo,
mesmo que decídua, como registra Fernandes, por meio de Souza et.al. (1998, p. 160):
a caatinga arbórea, Arboreto Climático Estacional Caducifólio Xerofílico, foi a unidade vegetacional original que dominou, em tempos passados, o interior semi-árido do Estado do Ceará. Com a ocupação dos sertões pela pecuária extensiva e os plantios de algodão, ao longo dos anos, praticamente toda a cobertura vegetal natural foi transformada, configurando-se atualmente como uma caatinga arbustiva.
A Caatinga, inicialmente, teve uma feição florestada, destacando-se Auxemma
glazioviana (Pau-banco-louro), Mimosa Caesalpiniifolia (Sabiá), Mimosa hostilis (Jurema-
preta), Myracrodruon urundeuba (Aroeira), Tabebuia impetiginosa (Pau-d’arco roxo),
Anadenanthera macrocarpa (Angico preto), Caesalpinia ferrea (Jucá), etc. (FERNANDES –
comunicação oral).
Desta feita, comprova-se a existência de uma vegetação de maior porte nesta área,
cuja devastação resulta na sucessão para uma vegetação de menor porte, que nos dias de hoje
se encontra destruída.
A Caatinga arbustiva representa o padrão mais generalizado, em conseqüência do
processo de exploração. São espécies comuns: Croton sonderianus (Marmeleiro), Jatropha
mollisima (Pau-ferro), Aspidosperma pyrifolium (Pereiro), Combretum leprsosum
(Mofumbo), Luetzelburgia auriculata (Pau-mocó), Cereus jamacarua (Mandacarú),
Pilosocereus gounellei (Xique-xique), Acacia glomerosa (Espinheiro) e muitas herbáceas:
Gomphrena lanata, Aristida adscencionais (Capim mimoso), Sida galheirensis (Malva-
branca), Sida glomerosa (Malva), Hyptis suaveolens (Baburral), Aristida setifolia (Capim
panasco) (FERNANDES – comunicação oral).
Para Souza et.al. (1998, p. 153),
em determinados estágios de degradação e posterior sucessão vegetação na caatinga arbustiva, então passa a ser constituída floristicamente por poucas espécies vegetais. Geralmente nestas áreas predominam o Croton sonderianus (Marmeleiro) e/ou a Piptadenia stipulacea (Jurema branca), que são arbustos de porte baixo, não superando a altura de 3 metros.
Atualmente, confere-se no Município de Jaguaribe a presença de uma flora pouco
exigente, normalmente com expressão homogênea, tais como: Croton sonderianus
(Marmeleiro), Combretum leprsosum (Mofumbo), Lantana camara (Camará), Piptadenia
stipulacea (Jurema branca), Mimosa hostilis (Jurema preta), Pilosocerus gounellei (Xique-
xique). Em pequenas proporções encontram-se resquícios de Myracrodruon urundeuba
(Aroeira), Anadenanthera macrocarpa (Angico), Aspidosperma pyrifolium (Pereiro),
Caesalpinia ferrea (Jucá), Caesalpinia bracteosa (Catingueira). Na estação seca, merece
destaque a presença da Mimosa hostilis (Jurema preta) e do Aristida setifolia (Capim
panasco).
3.3. O cenário do município de Jaguaribe
De acordo com as informações mapeadas e averiguadas em campo, pode-se
atestar que houve no Município de Jaguaribe, ao longo de 20 anos, a regressão da vegetação,
assim como, maior expansão de áreas plantadas e maior exposição de solos, segundo análises
de ima orbitais datadas de 1988, 1997 e 2008.
Em suma, ao longo destes 20 anos, observou-se a intensificação de áreas
agricultáveis, atualmente, exibindo sensível declínio, e a pecuária manifestando-se como
atividade primordial na ocupação dessas áreas, outrora agricultáveis
No tocante às áreas vegetacionadas, pode-se observar maior expressão nos
maciços e cristas residuais, talvez por se constituírem em áreas de acesso difícil. Logo, as
áreas de solo exposto ocorrem nos sertões e nas vertentes serranas, sobretudo nas áreas
recobertas por Neossolos Litólicos, Planossolos e Luvissolos Crômico. É importante ressaltar
que, nesta categoria, incluem-se os afloramentos rochosos, que se expressam como caos de
bloco e pavimentos detríticos (desérticos).
Vale salientar que aliado à regressão da cobertura vegetacional, ocorre a
freqüência de espécies pouco diversificadas. Este fato condiz com a variação entre os níveis
de degradação ambiental/desertificação (figuras 3 e 4).
Destarte, atesta-se um cenário de degradação ambiental com evidências de
desertificação expressas nos mapas construídos ao longo dos 20 anos referidos (1988 a 2008),
de modo que os aspectos evidenciados ratificam a ocorrência da desertificação, no Município
sob exame, sendo o ano de 2008 o mais problemático, indicando um total de 37,76% dos
1.876,79 km² da extensão municipal afetados pelo processo em análise (figura 5).
Quadro 1 Demonstração do avanço das áreas degradadas Classes mapeadas Ano de 1988 Ano de 1997 Ano de 2008
Km % Km % Km % Solo exposto 792,79 42,24 566,05 30,16 707,53 37,76 Vegetação 830,98 44,28 779,39 41,52 667,39 35,56 Agricultura/pasto 177,28 9,45 510,15 27,18 455,29 24,26
Fonte: GUERRA (2009)
Contudo, não significa dizer que o percentual de áreas não qualificadas, estejam
preservadas ou conservadas.
Figura 3 Aspecto fisiográfico do Município de Jaguaribe no período de estiagem. Fonte: GUERRA, M.D.F. (2009)
Figura 4 Aspecto do Município de Jaguaribe no período chuvoso. Fonte: GUERRA, M.D.F. (2008)
Figura 5 Análise espaciotemporal da degradação/desertificação no Município de Jaguaribe Fonte: GUERRA, M.D.F. (2009)
A bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, em sua magnitude, abrigou todo um
histórico econômico que viabilizou a formação territorial deste vale; afetou, porém, mesmo
que de maneira diferencial, áreas potenciais, tornando-as desertificadas, a exemplo do
município de Jaguaribe.
4. Conclusões
No que concerne ao Domínio Morfoclimático das Caatingas, em suma, pode-se
enfatizar as suas peculiaridades em relação aos demais espaços semi-áridos da América do
Sul e seu notável arranjo natural dando a conformação de ambientes naturalmente potenciais
em relação aos demais espaços semi-áridos.
Destaca-se, todavia as condições de semi-aridez enquanto limitação natural, fato
que corrobora para a ocorrência de solos pouco desenvolvidos, por vezes, pedregosos e que
não oferece condições de desenvolvimento a uma vegetação de porte florestal. Porém, estes
solos são em geral, mineralogicamente enriquecidos, o que os tornam férteis.
No tocante as Caatingas, igualmente visto, segundo a afirmativa de Fernandes
(2006), a vegetação e a flora do Nordeste são de segunda ordem, contudo, nas condições de
depauperamento configuradas hoje, se pode estimar que os resquícios de floras existentes
sejam, talvez de terceira ou quarta ordem.
A desertificação é um problema ambiental, que tem seus remanescentes nas
limitações ambientais, porém o fato da ocorrência do processo deve-se, sobretudo as
implicações geradas pelas tensões sociais sobre estes espaços naturalmente suscetíveis ao
processo.
De tal modo, o caso evidenciado nos Sertões do Médio Jaguaribe e mais
especificamente no Município de Jaguaribe, soma-se aos demais cenários de degradação
ambiental/desertificação evidenciados no Domínio das Caatingas, como os núcleos de
desertificação de Irauçuba (CE), Cabrobró (PB/PE), Seridó (RN), bem como tantas áreas
suscetíveis, conforme visto na figura 2, antes posta.
Malgrado, a discussão do Domínio das Caatingas e da problemática da
desertificação não se esgota neste ensaio.
5. Referências Bibliográficas
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