o ensino de ciências: história e tendências · período marcante e crucial na história do...
TRANSCRIPT
13/04/2015
1
O Ensino de Ciências:
história e tendências
Profª Tathiane Milaré
Como era a escola antigamente?
Como é a escola hoje?
13/04/2015
2
Década de 60
Período marcante e crucial na história do Ensino de Ciências
Guerra Fria
Interesse dos EUA em vencerem a batalha espacial
projetos de 1ª geração:
Física (Physical Science Study Commitee – PSSC)
Biologia (Biological Science Curriculum Study – BSCS)
Química (Chemical Bond Approach – CBA)
Matemática (Science Mathematics Study Group –SMSG)
Incentivo na formação de cientistas
Concepção de Ciência
Atividade neutra
Pesquisadores isentos de julgamento de
valores sobre o que estavam fazendo.
13/04/2015
3
Década de 60
Processo ensino-aprendizagem
influenciado pelas idéias de educadores
comportamentalistas
Objetivos do ensino:
◦ Comportamentos observáveis
◦ Indicadores mínimos de desempenho aceitável
◦ Escalas de comportamento
Laboratório: décadas 50-70
Sequências baseadas no método científico:
identificação de problemas, elaboração de
hipóteses e verificação experimental
dessas hipóteses
Aluno: chega às conclusões e elabora
novas questões
13/04/2015
4
13/04/2015
5
Final de 60
Jean Piaget
Construtivismo
Valorização das concepções alternativas
13/04/2015
6
A partir da década de 60
Entre 1960 e 1980, as crises ambientais, o
aumento da poluição, a crise energética e
a efervescência social manifestada em
movimentos como a revolta estudantil e
as lutas anti-segregação racial
determinaram profundas transformações
nas propostas das disciplinas científicas
em todos os níveis do ensino.
Formação do
Cientista
Formação do
Cidadão
Abordagem temática
Projetos
Relações C-T-S
Conteúdos científicos com importância na vida
Interdisciplinaridade
Ciência para todos
Alfabetização Científica
13/04/2015
7
Década de 60 - Brasil
A Lei 4.024 – Diretrizes e Bases da Educação, de 21 de dezembro de 1961
Ampliação das ciências no currículo escolar para desde o 1º ano do curso ginasial.
Aumento da carga horária de Física, Química e Biologia no curso colegial
Função das disciplinas: desenvolver o espírito crítico com o exercício do método científico; preparar o cidadão para pensar lógica e criticamente e ser capaz de tomar decisões com base em informações e dados.
Objetivo cumprido?
Décadas de 60-70 - Brasil
Ditadura Militar (1964)
Escola:
enfatizar a cidadania formação do trabalhador
Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692,
1971
disciplinas científicas: passaram a ter caráter
profissionalizante
13/04/2015
8
Anos 90 - Brasil
Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº
9.394/96
a educação escolar deverá vincular-se ao
mundo do trabalho e à prática social.
“os currículos do ensino fundamental e
médio devem ter uma base nacional comum,
a ser complementada pelos demais
conteúdos curriculares especificados nesta Lei
e em cada sistema de ensino”.
Ensino Fundamental
domínio da leitura, da escrita e do cálculo
a compreensão do ambiente material e
social, do sistema político, da tecnologia,
das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade Preparar para o
Ensino Médio???
13/04/2015
9
Ensino Médio
consolidação dos conhecimentos
preparação para o trabalho e a cidadania
para continuar aprendendo.
Vestibular???
Situação Mundial
Guerra Fria Guerra Tecnológica Globalização
Tendências no
Ensino de Ciências 1950 1970 1990 2000
Objetivo do Ensino Formar Elite Formar Cidadão-
trabalhador Formar Cidadão-
trabalhador-estudante
Programas Rígidos Propostas Curriculares
Estaduais Parâmetros
Curriculares Federais
Concepção de
Ciência
Atividade Neutra Evolução Histórica
Pensamento Lógico-
crítico
Atividade com
Implicações Sociais
Instituições
Promotoras de
Reforma
Projetos Curriculares
Associações
Profissionais
Centros de Ciências,
Universidades Universidades e
Associações
Profissionais
Modalidades
Didáticas
Recomendadas
Aulas Práticas Projetos e Discussões Jogos: Exercícios no
Computador
13/04/2015
10
Na pesquisa em ensino...
Em termos históricos, o crescente interesse em pesquisas
sobre educação em ciências – e, dentro desta grande
área, sobre educação química – foi o resultado direto do
movimento de reforma curricular que ocorreu,
principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra, com o
desenvolvimento dos projetos CBA (Sistemas Químicos), e
CHEMS (Química: uma ciência experimental) e do Nuffield
de Química, na década de 60.
Os cursos tradicionais de química até então existentes,
que se caracterizavam por serem muito extensos,
descritivos, enfatizando o acúmulo de informações e o uso
de demonstrações experimentais que visavam confirmar o
já ensinado na teoria.
SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de
pesquisas para o Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.
13/04/2015
11
As pesquisas em ensino na época eram fortemente apoiadas em
contribuições da psicologia comportamental, em uma visão
epistemológica empirista de ciência, e eram desenvolvidas segundo
modelos de investigação que privilegiavam uma abordagem
quantitativa e estatística de resultados advindos de comparações
entre grupos (controle e experimental).
Nesses primórdios das pesquisas na área, podemos entender que
tais ênfases visassem, erroneamente, conferir uma maior
‘cientificidade’ aos resultados, à semelhança das pesquisas nas
áreas científicas. No entanto, os resultados pouco promissores da
avaliação dos referidos projetos em termos da aprendizagem dos
alunos e as críticas de mitificarem o método científico, de fazerem
dos alunos pequenos cientistas e de enfatizarem o indutivismo e a
aprendizagem por descoberta, levaram a comunidade de
educadores em ciências, no final dos anos 70, a repensar as
abordagens e os objetivos das investigações na área.
SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de
pesquisas para o Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.
Principais críticas feitas aos projetos naquela época:
A ênfase na aprendizagem por descoberta.
O aluno era visto como “tábula rasa”.
A mitificação do método científico como um método todo poderoso que leva à descoberta das verdades científicas a partir de observações objetivas e neutras. Tal método, decomposto em suas várias etapas de i) observação cuidadosa e coleta sistemática de dados experimentais; ii) busca de regularidades; iii) elaboração de generalizações, e iv) comunicação de ‘verdades’ era usualmente apresentado nas primeiras páginas dos livros ou era descrito, pelo professor, nas primeiras aulas de química.
SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de
pesquisas para o Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.
13/04/2015
12
“os educadores em ciências, que anteriormente
imaginavam saber a melhor forma de ensinar, são
levados, ao final dos anos 70, a buscar os
porquês e os ‘como’ do processo de ensino-
aprendizagem”
Como os alunos
aprendem os conceitos
científicos?
“Assim, de uma tradição centrada na transmissão
de conhecimentos científicos prontos e verdadeiros
para alunos considerados ‘tábulas rasas’, o
processo de ensino-aprendizagem de ciências e
química, no caso, passa a ser concebido, a partir
dos anos 80, sob orientações construtivistas, cuja
tônica passa a residir na construção e
reconstrução ativa do conhecimento por parte do
sujeito humano.”
SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R.M.R. Importância, sentido e contribuições de
pesquisas para o Ensino de Química. Química Nova na Escola. n.1, maio, p.27-31, 1995.
13/04/2015
13
Linha do tempo do ensino de Ciências no Brasil
1879 É fundada a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro.
Professores seguem o pressuposto de que o aluno descobre as
relações entre os fenômenos naturais com observação e
raciocínio.
1930 A Escola Nova propõe que o ensino seja amparado nos
conhecimentos da Sociologia, Psicologia e Pedagogia modernas.
A influência desses pensamentos não modifica a maneira
tradicional de ensinar.
1950 Os livros didáticos são traduções ou versões desatualizadas
de produções europeias, e quem leciona a disciplina são
profissionais liberais. Vigora a metodologia tradicional, baseada
em exposições orais.
1955 Cientistas norte-americanos e ingleses fazem reformas
curriculares do Ensino Básico para incorporar o conhecimento
técnico e científico ao currículo. Algumas escolas brasileiras
começam a seguir a tendência.
Linha do tempo do ensino de Ciências no Brasil
1960 A metodologia tecnicista chega ao país, defendendo a
reprodução de sequências padronizadas e de experimentos,
que devem ser realizados tal como os cientistas os fizeram.
1961 Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), passou a ser obrigatório o ensino de Ciências para
todas as séries do Ginásio (hoje do 6º ao 9º ano).
1970 A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
critica a formação do professor em áreas específicas, como
Biologia, Física e Química, e pede a criação da figura do
professor de Ciências. Sem sucesso.
1971 A LDB torna obrigatório o ensino de Ciências para
todas as séries do 1º Grau (hoje Ensino Fundamental). O
Ministério da Educação (MEC) elabora um currículo único e
estimula a abertura de cursos de formação.
13/04/2015
14
Linha do tempo do ensino de Ciências no Brasil 1972 O MEC cria o Projeto de Melhoria do Ensino de Ciências para desenvolver materiais didáticos e aprimorar a capacitação de professores do 2º grau (hoje Ensino Médio). 1980 As Ciências são vistas como uma construção humana e não como uma verdade natural. São incluídos nas aulas temas como tecnologia, meio ambiente e saúde. 1982 Surge o modelo de mudança conceitual, que teve vida curta. Ele se baseia no princípio de que basta ensinar de maneira lógica e com demonstrações para que o aprendiz modifique ideias anteriores sobre os conteúdos. 2001 Convênio entre as Academias de Ciências do Brasil e da França implementa o programa ABC na Educação Científica - Mão na Massa para formar professores na metodologia investigativa.
http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/curiosidade-pesquisador-
425977.shtml?page=4
E hoje?
Há uma crise no
Ensino de
Ciências?
13/04/2015
15
Bibliografia
FRACALANZA, H. et al. O ensino de
Ciências no 1°grau. São Paulo: Atual,1986.
KRASILCHIK, M. Reformas e Realidade: o
caso do ensino de Ciências. São Paulo em
Perspectiva, v. 14, n. 1, 2000, p. 85-93.
SCHNETZLER, R. P. A pesquisa em Ensino
de Química no Brasil: conquistas e
perspectivas. Química Nova. v.25, supl.1,
p.14-24, 2002.