o eq 2eq Ângulo diedro c 1 -o-ch 2 / º

1
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 E / kcal mol -1 Ângulo diedro (C 1 -C 2 -O-H) / o Mínimos de energia Ax1 Ax2 Ax3 Interações estereoeletrônicas e seus efeitos na preferência conformacional de 3-hidroxi e 3-metoxi-tetraidropiranos Daniela Coelho Solha, Cláudio Francisco Tormena Instituto de química, UNICAMP Caixa Postal 6154 CEP-13084-862. [email protected] Introdução Conclusão Referências Objetivos Tem sido observado por nós 1 e por outros grupos 2 de pesquisa, que a conformação adquirida por uma determinada molécula é função direta dos efeitos estéreo-eletrônicos repulsivos e atrativos presentes nas moléculas em questão. 3-hidroxi-tetraidropiranos substituídos são importantes intermediários para a indústria farmacêutica na preparação de inibidores de quimiocina, bem como para insetos (Lepidoptera: Pyralidae) como feromônio sexual. 3 Tabela 1. Valores de energia e momento de dipolo para as estruturas do 3-hidroxi- tetraidropirano em nível MP2/aug-cc-pVDZ. Avaliar a estabilidade conformacional do 3-hidroxi e 3-metoxi- tetraidropirano através de RMN e no IV. Apoiados em cálculos teóricos, os quais foram efetuados com nível de teoria DFT/B3LYP e teoria ab initio com o método MP2, empregando as funções de base do tipo aug-cc-pVTZ disponível no Gaussian09, para determinação das energias e geometrias dos confôrmeros mais estáveis. Incluindo a análise de NBO e QTAIM para verificar interações estereoeletrônicas responsáveis pela estabilidade conformacional. Resultados e discussões 1) D.S. Ribeiro, R. Rittner, J. Org. Chem. 68, 6780 (2003). 2) F. Cortes-Gusman, J. Hernandez-Trujillo, G. Cuevas, J. Phys. Chem. A 107, 9253 (2003). 3) Y. Sasaerila, R. Gries, G. Gries, G. Khaskin, S. King, S. Takács, Chemoecology, 13, 89 (2003). 4) R.T. Conley, Infrared Spectroscopy, 2 th edition, pg 129-131, (1972). Aspectos Computacionais Confôrmero a Energia b ΔE c (Debye) Ax1 -178,7 -346,205 2,13 3,2 Ax2 -38,71 -346,208 0 2,4 Ax3 -38,71 -346,208 0 2,4 Eq1 -67,62 -346,207 0,78 0,4 Eq2 70,38 -346,207 1,04 2,5 Eq3 178,61 -346,207 0,9 2,6 a) ângulo diedro C 2 -C 3 -O-H; b) hartrees; c) kcal mol -1 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 E / kcal mol -1 Ângulo diedro (C 1 -C 2 -O-H) / º Mínimos de energia Eq1 Eq2 Eq3 As interações estereoeletrônicas atrativas e repulsivas foram analisadas pelo QTAIM, mas não foi observado nenhum BCP que caracterizasse a presença de ligação de hidrogênio na estrutura axial para o 3-hidroxi. O cálculo de NBO apresentou uma interação hiperconjugativa LP2O * O-H da ordem de 0,68 kcal mol -1 . A carga natural do átomo de oxigênio do anel é -0,55437 enquanto que a do hidrogênio do grupo OH é de +0,46055 e a distância entre esses átomos na estrutura de equilíbrio é de 2,331 Å, a qual é menor do que a soma dos raios de van der Waals destes átomos (2,75 Å). A presença de uma interação eletrostática atrativa entre o oxigênio do anel e o grupo OH é o principal contribuinte para a estabilização da conformação axial na fase isolada e em solventes apolares. Contudo, não foi possível comprovar teoricamente a existência da ligação de hidrogênio intramolecular. Aspectos experimentais CDCl 3 C 2 D 2 Cl 4 CD 3 CN Acetona-D 6 DMSO 3 J H2H3 = 5,88 Hz 3 J H2H3 = 6,24 Hz 3 J H2H3 = 7,80 Hz 3 J H2H3 = 8,28 Hz 3 J H2H3 = 8,52 Hz 3.45 ppm 3.44 3.46 3.48 ppm 3.14 3.16 ppm 3.08 3.10 ppm 3.00 02 ppm Tabela 2. Sinal correspondente ao H 2ax e suas constantes de acoplamento 3 J H2H3 em diversos solventes. Figura 2. Equilíbrio das estruturas possíveis para 3-hidroxi e 3-metoxi-tetraidropirano. Para o 3-hidroxi, o deslocamento do equilíbrio para a conformação equatorial em solventes mais polares é observada pelos 3 J H2axH3 , valor próximo ao de um acoplamento vicinal diaxial. Como ambas as conformações apresentam momentos de dipolo similares, a preferência pela forma eq pode ser atribuída a um aumento da energia da conformação axial. Para o 3-metoxi, não houve variação pronunciada de 3 J H2axH3 com a mudança de polaridade do solvente. 3700 3600 3500 3400 3300 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Absorbância Número de onda (cm -1 ) 3700 3600 3500 3400 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 Número de onda(cm -1 ) 3600 3500 3400 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 Número de onda (cm -1 ) A B C Figura 3. Espectro no Infravermelho do 3-hidroxi-tetraidropirano em CCl 4 mostrando as bandas de estiramento da hidroxila, nas concentrações de 0,04 (A), 0,02 (B) e 0,01 mol L -1 (C). A banda de estiramento OH livre, 3640-3610 cm -1 é deslocada para menores números de onda quando o H apresenta-se ligado a um átomo rico em elétrons. Assim, observa-se dois tipos de ligação de hidrogênio (LH), intra e intermolecular, em 3600-3200 cm -1 . A intermolecular é caracterizada pela dependência com a concentração. Consequentemente ocorre a diminuição da intensidade da banda de menor número de onda com a redução da concentração. 4 Para o 3-hidroxi, as estruturas Ax2 e Ax3 se interconverteram devido à ausência de um poço potencial significativo para Ax3. Além disso, a estrutura Ax2 é considerada a de mais baixa energia. Já para o 3-metoxi, a estrutura de mais baixa energia seria aquela na conformação equatorial, Eq3. Benzeno-D 6 CDCl 3 Acetona-D 6 CD 3 CN DMSO 3 J H2H3 =7,82 Hz 3 J H2H3 = 7,66 Hz 3 J H2H3 =7,53 Hz 3 J H2H3 =7,36 Hz 3 J H2H3 =7,24Hz Tabela 2.Sinal correspondente ao H 2ax e suas constantes de acoplamento 3 J H2H3 em diversos solventes para 3-metoxi-tetraidropirano. Tabela 3. Sinal correspondente ao H 2ax e suas constantes de acoplamento 3 J H2H3 em diversos solventes. 3.28 3.30 ppm 3.50 3.55 pp 3.06 3.08 3.10 ppm 3.24 3.26 ppm 3.08 3.10 ppm 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 Mínimos de energia Ax3 Ax2 E / kcal mol -1 Ângulo diedro C 2 -C 3 -O-CH 3 / º Ax1 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Mínimos de energia Eq3 Eq2 E/kcal mol -1 Ângulo diedro C 2 -C 3 -O-CH 3 / º Eq1 Figura 1. Gráfico da energia total obtida para os respectivos ângulos diedros do 3-hidroxi e 3- metoxi tetraidropirano com OR em axial e equatorial (R=OH,OCH 3 ). Através dos valores das constantes de acoplamento, observou-se a mudança na preferência conformacional para o 3-hidroxi, sendo que em solventes polares o 3 J H2axH3 tem um valor próximo ao vicinal diaxial, caracterizando a preferência pela forma equatorial. Para a molécula 3-metoxi, pelos valores de 3 J H2H3 , observou-se que estes não variam com a mudança da polaridade do solvente, evidenciando a preferência da estrutura com o grupo metila na posição equatorial, caracterizada por um acoplamento J HH diaxial. O OH O O H H 3 H 2ax H 2eq H 3 H 2eq H 2ax O OCH 3 O OCH 3 H 3 H 2ax H 2eq H 3 H 2eq H 2ax

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Page 1: O eq 2eq Ângulo diedro C 1 -O-CH 2 / º

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360

-0,5

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E

/ k

cal m

ol-1

Ângulo diedro (C1-C

2-O-H) /

o

Mínimos de energia

Ax1

Ax2

Ax3

Interações estereoeletrônicas e seus efeitos na preferência conformacional de

3-hidroxi e 3-metoxi-tetraidropiranos

Daniela Coelho Solha, Cláudio Francisco Tormena

Instituto de química, UNICAMP – Caixa Postal 6154 CEP-13084-862. [email protected]

Introdução

Conclusão

Referências

Objetivos

Tem sido observado por nós1 e por outros grupos2 de pesquisa, que a

conformação adquirida por uma determinada molécula é função direta dos

efeitos estéreo-eletrônicos repulsivos e atrativos presentes nas moléculas em

questão. 3-hidroxi-tetraidropiranos substituídos são importantes intermediários

para a indústria farmacêutica na preparação de inibidores de quimiocina, bem

como para insetos (Lepidoptera: Pyralidae) como feromônio sexual. 3

Tabela 1. Valores de energia e momento de dipolo para as estruturas do 3-hidroxi-tetraidropirano em nível MP2/aug-cc-pVDZ.

Avaliar a estabilidade conformacional do 3-hidroxi e 3-metoxi-

tetraidropirano através de RMN e no IV. Apoiados em cálculos teóricos, os

quais foram efetuados com nível de teoria DFT/B3LYP e teoria ab initio com o

método MP2, empregando as funções de base do tipo aug-cc-pVTZ disponível

no Gaussian09, para determinação das energias e geometrias dos

confôrmeros mais estáveis. Incluindo a análise de NBO e QTAIM para verificar

interações estereoeletrônicas responsáveis pela estabilidade conformacional.

Resultados e discussões

1) D.S. Ribeiro, R. Rittner, J. Org. Chem. 68, 6780 (2003). 2) F. Cortes-Gusman, J. Hernandez-Trujillo, G. Cuevas, J. Phys. Chem. A 107, 9253 (2003). 3) Y. Sasaerila, R. Gries, G. Gries, G. Khaskin, S. King, S. Takács, Chemoecology, 13, 89 (2003). 4) R.T. Conley, Infrared Spectroscopy, 2th edition, pg 129-131, (1972).

•Aspectos Computacionais

Confôrmero a Energiab ΔEc (Debye)

Ax1 -178,7 -346,205 2,13 3,2

Ax2 -38,71 -346,208 0 2,4

Ax3 -38,71 -346,208 0 2,4

Eq1 -67,62 -346,207 0,78 0,4

Eq2 70,38 -346,207 1,04 2,5

Eq3 178,61 -346,207 0,9 2,6

a)ângulo diedro C2-C3-O-H; b)hartrees; c)kcal mol-1

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

E

/ k

ca

l m

ol

-1

Ângulo diedro (C1-C

2-O-H) / º

Mínimos de energia

Eq1 Eq2

Eq3

As interações estereoeletrônicas atrativas e repulsivas foram analisadas

pelo QTAIM, mas não foi observado nenhum BCP que caracterizasse a presença

de ligação de hidrogênio na estrutura axial para o 3-hidroxi. O cálculo de NBO

apresentou uma interação hiperconjugativa LP2O *O-H da ordem de 0,68 kcal

mol-1. A carga natural do átomo de oxigênio do anel é -0,55437 enquanto que a

do hidrogênio do grupo OH é de +0,46055 e a distância entre esses átomos na

estrutura de equilíbrio é de 2,331 Å, a qual é menor do que a soma dos raios de

van der Waals destes átomos (2,75 Å). A presença de uma interação eletrostática

atrativa entre o oxigênio do anel e o grupo OH é o principal contribuinte para a

estabilização da conformação axial na fase isolada e em solventes apolares.

Contudo, não foi possível comprovar teoricamente a existência da ligação de

hidrogênio intramolecular.

•Aspectos experimentais

CDCl3 C2D2Cl4 CD3CN Acetona-D6 DMSO

3JH2H3= 5,88 Hz 3JH2H3= 6,24 Hz 3JH2H3= 7,80 Hz 3JH2H3= 8,28 Hz 3JH2H3= 8,52 Hz 3.45 ppm

2049.881

2056.122

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3.443.463.48 ppm

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2084.450

3.143.16 ppm

1877.452

1885.314

1888.435

1896.237

3.083.103.12 ppm

1844.743

1853.025

1855.606

1863.888

3.003.02 ppm

1788.207

1796.729

1798.950

1807.472

Tabela 2. Sinal correspondente ao H2ax e suas constantes de acoplamento 3JH2H3 em diversos solventes.

Figura 2. Equilíbrio das estruturas possíveis para 3-hidroxi e 3-metoxi-tetraidropirano.

Para o 3-hidroxi, o deslocamento do equilíbrio para a conformação equatorial em

solventes mais polares é observada pelos 3JH2axH3, valor próximo ao de um

acoplamento vicinal diaxial. Como ambas as conformações apresentam momentos de

dipolo similares, a preferência pela forma eq pode ser atribuída a um aumento da

energia da conformação axial. Para o 3-metoxi, não houve variação pronunciada de 3JH2axH3 com a mudança de polaridade do solvente.

3700 3600 3500 3400 3300

0,0

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Abso

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Número de onda (cm-1)

3700 3600 3500 3400

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0,4

Número de onda(cm-1)

3600 3500 3400

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

Número de onda (cm-1)

A B C Figura 3. Espectro no Infravermelho do 3-hidroxi-tetraidropirano em CCl4 mostrando as bandas de

estiramento da hidroxila, nas concentrações de 0,04 (A), 0,02 (B) e 0,01 mol L-1 (C).

A banda de estiramento OH livre, 3640-3610 cm-1 é deslocada para menores

números de onda quando o H apresenta-se ligado a um átomo rico em elétrons.

Assim, observa-se dois tipos de ligação de hidrogênio (LH), intra e intermolecular,

em 3600-3200 cm-1. A intermolecular é caracterizada pela dependência com a

concentração. Consequentemente ocorre a diminuição da intensidade da banda de

menor número de onda com a redução da concentração.4

Para o 3-hidroxi, as estruturas Ax2 e Ax3 se interconverteram devido à

ausência de um poço potencial significativo para Ax3. Além disso, a estrutura Ax2

é considerada a de mais baixa energia. Já para o 3-metoxi, a estrutura de mais

baixa energia seria aquela na conformação equatorial, Eq3.

Benzeno-D6 CDCl3 Acetona-D6 CD3CN DMSO

3JH2H3=7,82 Hz 3JH2H3= 7,66 Hz 3JH2H3=7,53 Hz 3JH2H3=7,36 Hz 3JH2H3=7,24Hz

Tabela 2.Sinal correspondente ao H2ax e suas constantes de acoplamento 3JH2H3 em diversos solventes para 3-metoxi-tetraidropirano.

Tabela 3. Sinal correspondente ao H2ax e suas constantes de acoplamento 3JH2H3 em diversos solventes.

3.283.30 ppm

1632.076

1639.924

1643.173

1651.021

3.503.55 ppm

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1756.693

1760.192

1767.840

3.063.083.10 ppm

1528.253

1535.801

1539.450

1546.998

3.243.26 ppm

1608.832

1615.930

1619.679

1626.977

3.083.10 ppm

1530.50

1537.75

1541.65

1548.90

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

Mínimos de energia

Ax3

Ax2

E

/ k

ca

l m

ol-1

Ângulo diedro C2-C3-O-CH3 / º

Ax1

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Mínimos de energia

Eq3Eq2

E

/kca

l m

ol-1

Ângulo diedro C2-C3-O-CH3/ º

Eq1

Figura 1. Gráfico da energia total obtida para os respectivos ângulos diedros do 3-hidroxi e 3-metoxi tetraidropirano com OR em axial e equatorial (R=OH,OCH3).

Através dos valores das constantes de acoplamento, observou-se a mudança

na preferência conformacional para o 3-hidroxi, sendo que em solventes polares o 3JH2axH3 tem um valor próximo ao vicinal diaxial, caracterizando a preferência pela forma equatorial. Para a molécula 3-metoxi, pelos valores de 3JH2H3, observou-se

que estes não variam com a mudança da polaridade do solvente, evidenciando a

preferência da estrutura com o grupo metila na posição equatorial, caracterizada

por um acoplamento JHH diaxial.

OOH

OO

H

H3

H2ax

H2eq

H3

H2eq

H2ax

OOCH3

OOCH3

H3

H2ax

H2eq

H3

H2eq

H2ax