o espiritismo responde - oconsolador.com.br · que se havia perdido, com o auxílio de um...
TRANSCRIPT
-
O Espiritismo responde
576 lies publicadas de 18/4/2007 a 15/7/2018
na revista O Consolador
18-4-2007
Edio 1
No momento em que o Ministro da Sade de nosso pas prope abertamente a
liberao do aborto, algum nos pergunta: Como devemos encarar essa
prtica?
O aborto , segundo o Espiritismo, um doloroso crime. Arrancar uma criana ao
seio materno infanticdio confesso. Uma me ou quem quer que seja cometer crime sempre que tirar a vida a uma criana antes do seu
nascimento, porque impede ao reencarnante passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.
Podem-se destacar trs erros no procedimento dessas mes. Primeiro: Impedir que um Esprito reencarne e, por conseguinte, progrida.
Segundo: Recusar a chegada de um filho que talvez represente o instrumento que Deus tenha dado aos pais para ajud-los na jornada evolutiva, atravs dos
cuidados, das renncias, das preocupaes e trabalhos que teriam. Terceiro: Transgredir o mandamento divino No matars, sem dar vtima a
menor chance de defesa. O aborto delituoso , como se v, a negao do amor. Esmagar uma vida que
desponta, plena de esperana; impedir a alma de reingressar no mundo
corpreo; negar ao Esprito o ensejo do reajuste representa, em qualquer lugar, situao e tempo, uma prtica inominvel, de prolongadas e dolorosas
consequncias para o psiquismo humano. Em muitos pases, o aborto sem causa justa e por causa justa devemos
considerar to-somente o chamado aborto teraputico, que objetiva salvar a vida da gestante encontra amparo na lei, mas, de acordo com a Doutrina
Esprita, ele jamais encontrar justificativa perante Deus, a no ser em casos especialssimos, como o citado, em que o mdico honrado, sincero e consciente
entende que a continuao da gravidez pe em perigo a vida da gestante. Devido s suas inmeras implicaes, o aborto delituoso um dos grandes
fornecedores das molstias de etiologia obscura e das obsesses catalogveis na patologia da mente, que ocupam vastos departamentos de hospitais e
prises da Terra. Diz Joanna de ngelis que a mulher que o promove ou que venha a coonestar
semelhante delito constrangida, por leis irrevogveis, a sofrer alteraes
deprimentes no centro gensico de sua alma, predispondo-se a dolorosas enfermidades, como a metrite, o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino ou a
tumorao cancerosa, flagelos esses com os quais, muita vez, desencarna,
-
demandando o Alm para responder perante a Justia divina pelo crime praticado.
25-4-2007
Edio 2
Clodoaldo me pergunta se um casal tem o direito de limitar o nmero de filhos.
Penso que a resposta a essa questo, que bem atual e preocupa tanto o homem, j foi dada com clareza por Joanna de ngelis em seu livro Aps a
Tempestade, cap. 10, psicografado por Divaldo Franco. O homem afirma Joanna, em sua privilegiada posio de Esprito que v as
duas faces da existncia humana, a visvel e a invisvel pode e deve
programar a famlia que lhe convm ter, o nmero de filhos e o perodo propcio para a maternidade, mas jamais se eximir aos imperiosos resgates que deve
enfrentar, tendo em vista seu prprio passado. Os filhos no so realizaes fortuitas. Procedem de compromissos aceitos
antes da reencarnao pelos futuros pais, de modo a edificarem a famlia de que necessitam para a prpria evoluo.
, evidentemente, lcito aos casais adiar a recepo de Espritos que lhes so vinculados, impossibilitando mesmo que reencarnem por seu intermdio. Mas
as Soberanas Leis da Vida dispem de meios para fazer que aqueles rejeitados venham por outros processos porta dos seus devedores ou credores, em
circunstncias talvez mui dolorosas, complicadas pela irresponsabilidade desses cnjuges que ajam com leviandade, em flagrante desconsiderao aos cdigos
divinos. Entende o Dr. Jorge Andra (Encontro com a Cultura Esprita, pgs. 77, 105
e 106) que o planejamento familiar questo de foro ntimo do casal. Mas
pergunta: Ser prefervel um Esprito reencarnar num lar pobre com as habituais dificuldades de subsistncia, ou ficar aturdido e acoplado me que
lhe fechou os canais, criando, nessa simbiose, neuroses e psicoses de variados matizes? Respondendo a isso, ele prprio esclarece (Foras Sexuais da Alma,
cap. V, pgs. 124 a 126) que, na maioria das vezes, os Espritos, quando vm para a reencarnao, de h muito j esto em sintonia com o cadinho materno.
Se os canais destinados maternidade so neutralizados e fechados, claro que haver distrbios, principalmente no psiquismo de profundidade, isto , na
zona inconsciente ou espiritual, onde as energias emitidas por essas fontes no encontram correspondncia em seu ciclo.
Seria melhor, portanto, no opor obstculos volta dos Espritos a um corpo de carne, pois o esprita no ignora a seriedade da planificao reencarnatria.
razovel pensar, pois, que antes de retornarmos s experincias fsicas nos tenhamos comprometido a receber, como filhos, um nmero determinado de
Espritos. A prole estaria, assim, com sua quota previamente estabelecida
quando ainda nos achvamos nos planos espirituais. Rejeitar algum convidado para vir seria equivalente a romper um compromisso, um contrato, um acordo,
como fazem os que desertam das responsabilidades, o que no raro na sociedade em que vivemos.
2-5-2007
Edio 3
-
Uma leitora desta revista pergunta-nos como responder a algum que, valendo-
se dos textos bblicos, contesta a existncia dos fenmenos medinicos.
Diz Lon Denis que o profetismo em Israel, de Moiss a Jesus, foi um dos fenmenos transcendentais mais notveis da Histria. A origem do profetismo
ali foi assinalada por imponente manifestao relatada pelo Antigo Testamento. Moiss havia escolhido 70 ancios e, quando os colocou ao redor do
tabernculo, Jeov, um dos protetores espirituais do povo judeu e de Moiss em particular, revelou a sua presena em uma nuvem.
Moiss era, como ningum ignora, mdium vidente e auditivo, e foi graas a tais faculdades que ele pde ver e ouvir Jeov na sara do Horeb e no monte
Sinai. Os fenmenos medinicos em sua vida foram, por causa disso,
numerosos e expressivos. O condutor dos hebreus ouvia vozes quando se inclinava diante do propiciatrio da arca da aliana. Recebeu no Sinai, escritas
na lpide, as tbuas da lei. Magnetizador poderoso, fulminou com uma descarga fludica os hebreus revoltados no deserto. Mdium inspirado, entoou um
maravilhoso cntico logo aps a derrota de Fara. E apresentou ainda um gnero especial de mediunidade a transfigurao luminosa quando, ao
descer do Sinai, trazia na fronte uma aurola de luz. Samuel, outro profeta judeu, quando dormia no templo foi muitas vezes
despertado por vozes que o chamavam, falavam-lhe no silncio da noite e anunciavam-lhe as coisas futuras. Esdras reconstituiu integralmente a Bblia
que se havia perdido, com o auxlio de um Esprito. Todo o livro de J est repleto de elucidaes e inspiraes medinicas e sua prpria vida,
atormentada por Espritos infelizes, um assunto que merece estudos acurados.
A histria da mediunidade dos profetas judeus atingiu a sua culminncia com a
vinda de Jesus. A passagem do Mestre pela Terra revela, a cada hora, o seu intercmbio constante com o Plano Superior, seja em colquios com os
emissrios de alta estirpe, seja dirigindo-se aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsessos do caminho, como tambm na equipe de companheiros,
aos quais se apresentou em pessoa, depois da morte. E os prprios discpulos conviveriam com o fenmeno medinico, especialmente a partir dos
extraordinrios acontecimentos registrados no dia de Pentecostes que se comemorou imediatamente aps a Pscoa da ressurreio.
Diz EEmmmmaannuueell qquuee nnaaqquueellee ddiiaa,, ccoommoo iinnffoorrmmaa oo lliivvrroo ddee AAttooss ((ccaapp.. 22,, vveerrssccuullooss
11 aa 1133)),, ooss aappssttoollooss qquuee ssee mmaannttiivveerraamm lleeaaiiss aaoo SSeennhhoorr ccoonnvveerrtteerraamm--ssee eemm
mmddiiuunnss nnoottvveeiiss,, ooccaassiioo eemm qquuee,, aassssoocciiaaddaass aass ssuuaass ffoorraass,, ooss eemmiissssrriiooss
eessppiirriittuuaaiiss ddee JJeessuuss pprroodduuzziirraamm,, ppoorr mmeeiioo ddeelleess,, ffeennmmeennooss ffssiiccooss eemm ggrraannddee
qquuaannttiiddaaddee,, ccoommoo ssiinnaaiiss lluummiinnoossooss ee vvoozzeess ddiirreettaass,, aallmm ddee ffaattooss ddee ppssiiccooffoonniiaa
ee xxeennoogglloossssiiaa,, eemm qquuee ooss eennssiinnaammeennttooss ddoo EEvvaannggeellhhoo ffoorraamm ddiittaaddooss eemm vvrriiaass
llnngguuaass,, ssiimmuullttaanneeaammeennttee,, ppaarraa ooss iissrraaeelliittaass ddee pprroocceeddnncciiaass ddiivveerrssaass..
99--55--22000077
Edio 4
Vilma, que leitora desta revista, conquanto vinculada a outra crena religiosa,
pergunta-me se uma pessoa normal que no tenha nenhum conhecimento do Espiritismo pode ser mdium.
-
A resposta sim. A mediunidade no propriedade desta ou daquela religio e, portanto, pode haver mdiuns em qualquer meio e em qualquer povo.
Moiss foi um mdium poderoso, assim como Jeremias e mais tarde, na poca do Cristo, Joo, o evangelista.
Maom recebeu, em momentos de transe, as suratas que formam o Alcoro. Em todos esses casos o mundo no conhecia ainda a Doutrina Esprita, que nos
ensina que a faculdade medinica inerente ao homem e, por isso, no constitui privilgio de ningum em especial.
Segundo o Espiritismo, todo aquele que sente, num grau qualquer, a influncia dos Espritos , por esse fato, mdium, e raros so os indivduos que disso no
possuam alguns rudimentos. Essa a explicao por que certas pessoas que jamais viram ou ouviram
Espritos ao longo de uma existncia, quando chegadas a certa idade puderam
v-los e mesmo ouvi-los, fato que tambm se d nos casos de enfermidade prolongada que debilita o corpo fsico e, com isso, favorece o desprendimento
da alma. Esclarea-se, no entanto, que para fins didticos s chamamos de mdiuns
aqueles em que a faculdade medinica se mostra caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organizao mais
ou menos sensitiva.
16-5-2007
Edio 5
Paulo Henrique pergunta-me: "Que diz o Espiritismo a respeito do purgatrio e
do inferno?".
Contrariamente ao que muitos pensam, o Espiritismo no nega o purgatrio; antes, pelo contrrio, demonstra sua necessidade e justia, e vai mesmo alm:
ele o define. O purgatrio seria o prprio planeta, onde expiamos os erros do passado e nos depuramos, graas s existncias sucessivas que o Criador nos
concede. Quanto ao inferno, ensina o Espiritismo que ele no tem existncia real. O
inferno no um lugar, mas, sim, um estado de esprito, expresso utilizada h algum tempo pelo prprio papa Joo Paulo II.
Com efeito, o inferno foi descrito como uma imensa fornalha, mas ser assim tambm compreendido pela alta teologia? Evidentemente que no. Ela diz
muito bem que isto uma simples figura, que o fogo que ali se consome um fogo moral, smbolo das dores mais intensas e cruciantes.
Podemos dizer o mesmo com relao eternidade das penas. Se fosse possvel pr-se a votos tal questo, para se conhecer a opinio ntima de todos os
homens que raciocinam e se acham no caso de compreend-la, mesmo entre os
mais religiosos, ver-se-ia para que lado pende a maioria, porque a ideia de uma eternidade de suplcios a negao da infinita misericrdia de Deus e no tem
suporte nos ensinamentos do Cristo. Ensina a Doutrina Esprita a tal respeito:
A durao do castigo subordinada ao melhoramento do Esprito culpado. Nenhuma condenao por tempo determinado pronunciada contra ele. O que
Deus exige, para pr um fim aos sofrimentos, o arrependimento, a expiao e
-
a reparao; em uma palavra, um melhoramento srio e efetivo, uma volta sincera ao bem.
O Esprito , assim, o rbitro de sua prpria sorte; sua pertincia no mal prolonga-lhe os sofrimentos; seus esforos para fazer o bem os minoram ou
abreviam.
23-5-2007
Edio 6
Perguntam-me: Se riqueza e pobreza so provas, qual delas a mais difcil? No h dvida. Segundo o Espiritismo, riqueza e pobreza nada mais so que
provas pelas quais o Esprito necessita passar, tendo em vista um objetivo mais
alto, que o seu progresso. Deus concede, pois, a uns a prova da riqueza, e a outros a da pobreza, para experiment-los de modos diferentes. Alis, essas
provas so, com frequncia, escolhidas pelos prprios Espritos, que, no entanto, nelas geralmente sucumbem.
Tanto uma quanto outra so provas muito difceis, porque se na pobreza o Esprito pode ser tentado revolta e blasfmia contra o Criador, na riqueza
expe-se ele ao abuso dos bens que Deus lhe empresta, deturpando, com esse comportamento, seus augustos objetivos.
Espritos realmente evoludos, tanto quanto os que compreendem perfeitamente o significado da lei de causa e efeito, podem solicitar a prova da pobreza como
oportunidade para o acrisolamento de qualidades ou a realizao de certas tarefas que a riqueza certamente prejudicaria. Em muitas vezes, tambm, o
mau uso da fortuna em precedente existncia leva o Esprito a pedir reencarnar numa condio oposta, com o que espera reparar abusos cometidos e pr-se a
salvo de novas tentaes.
A pobreza , para os que a sofrem, a prova da pacincia e da resignao. A riqueza , para os que a usufruem, a prova da caridade e da abnegao.
preciso entendamos: a existncia corprea passageira e a morte do corpo priva o homem de todos os recursos materiais de que eventualmente disponha
no plano terrqueo. Pobres e ricos voltam, pois, vida espiritual em idnticas condies, o que mostra que a posio social do rico ou do pobre no passa de
expresso transitria. Compreendamos tambm que nenhuma das provas citadas constitui obstculo
chamada salvao. Se isso ocorresse, Deus, que as concede, teria dado a seus filhos um instrumento de perdio, ideia que repugna razo. No tocante
riqueza, fcil perceber que pelas tentaes que gera e pela fascinao que exerce constitui ela uma prova muito arriscada e mesmo mais perigosa que a
misria.
30-5-2007
Edio 7
Teresa me pergunta: Qual para os espritas o valor do arrependimento e em
que momento ele precisa ocorrer para ter validade? O arrependimento fundamental para a renovao do ser humano que se tenha
desviado do caminho do bem.
-
No existe um momento para que ele tenha maior ou menor validade. Assim, tanto faz que o indivduo se arrependa dos erros cometidos enquanto est
encarnado ou aps a sua desencarnao. Sabemos, com base em relatos feitos pelos prprios Espritos, que a desencarnao muitas vezes o aguilho que
leva a pessoa a arrepender-se, o que no difcil de compreender. Imaginemos uma pessoa que se enriqueceu custa do errio, que falsificou,
que fraudou, que enganou... Quando retorna ao plano espiritual, onde a riqueza e a posio social no tm valor algum, comum que essa pessoa tenha
remorsos e esses remorsos podero lev-la a arrepender-se sinceramente dos erros cometidos.
O Espiritismo ensina, porm, que o arrependimento embora importantssimo no basta por si mesmo. preciso acrescentar a ele a expiao e a
reparao, o que leva muitos Espritos a pedir a oportunidade de passarem
pelos mesmos sofrimentos que causaram a outrem (expiao), alm da necessria reparao com que devolvem s suas vtimas aquilo que porventura
lhes hajam tomado. Arrependimento, expiao e reparao constituem, portanto, os elementos
essenciais renovao integral da criatura humana, rumo meta que Deus assinalou para ns, que a perfeio, meta essa a que Jesus aludiu quando
disse as seguintes palavras: Vs sois deuses. Sede perfeitos como o Pai celestial perfeito. Tudo o que fao podereis fazer tambm e muito mais.
6-6-2007
Edio 8
Paulo indaga: Como o Espiritismo v o alcoolismo e suas causas?
No meio esprita, j faz muito tempo, conhecida a relao que existe entre o
vcio do alcoolismo e a obsesso. No captulo de abertura do livro Dilogo dos Vivos, publicado mais de 30 trinta
anos atrs, Herculano Pires escreveu que a obsesso mundial pelo lcool, no plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano
espiritual. O fato de fcil compreenso. A dependncia do lcool prossegue alm-tmulo
e, como o Esprito no pode obt-lo no plano extrafsico em que agora reside, ele s consegue satisfazer a sua compulso pela bebida associando-se a um
encarnado que beba, como Andr Luiz mostra em sua obra psicografada pelo mdium Francisco Cndido Xavier.
Cornlio Pires, o poeta caipira, valendo-se da mediunidade de Chico Xavier, disse certa vez a um amigo, que o consultou sobre o tema, que cachaa
recorda simples tomada que liga na obsesso. E, concluindo sua mensagem, vazada em trovas, afirmou: Eis no Alm o que se v, seja a pinga como for,
enfeitada ou caipira, lao de obsessor.
exatamente esse vampirismo espiritual que explica o motivo de ser o alcoolismo considerado uma doena progressiva e incurvel, segundo a
Organizao Mundial de Sade.
13-6-2007
Edio 9
-
Uma confreira do Centro Esprita Nosso Lar, de Londrina (PR), me pergunta: O que existe de errado na obra "Os Quatro Evangelhos", de J. B. Roustaing?
H na obra de Roustaing trs grandes problemas, que a tornam incompatvel com a Doutrina Esprita, ou seja, com as obras de Kardec, de Delanne, de
Andr Luiz e de Emmanuel. Excetuando esses problemas, o livro tem coisas interessantes e a edio da FEB primorosa. Em nenhum outro livro a FEB teve
o capricho que teve com essa obra. Os trs problemas fundamentais so: (1) A tese de que a "encarnao" no obrigatria, nem mesmo necessria, e
s se d em caso de queda do Esprito. A evoluo da criatura humana, quando ela chega fase da humanidade, ocorreria em cidades espirituais, como a
cidade "Nosso Lar". Se o Esprito apresentar nessa condio algum defeito a ser corrigido (vaidade, inveja etc.), ele a sim ter de "encarnar". A reencarnao
seria uma consequncia dessa primeira encarnao. A Doutrina Esprita diz-nos,
porm, que a encarnao necessria ao duplo progresso do Esprito e do mundo corporal em que ele se encarna. Sem a passagem pela encarnao, o
Esprito ficaria estagnado, no haveria progresso, nem dele nem dos planetas. (2) Ao encarnar, o Esprito enfrentar, segundo Roustaing, um "mundo
primitivo", encarnando-se a na condio de criptgamo carnudo. Um exemplo de criptgamo carnudo so as nossas "lesmas". Roustaing est dizendo,
portanto, que uma alma humana se encarnar numa forma animal que nem chegou ao nvel dos vertebrados, o que est aqum da prpria metempsicose,
porque, afinal de contas, nascer como tigre (um animal vertebrado) mais digno do que nascer como lesma (um animal invertebrado). Alm do ensino da
metempsicose, Roustaing est admitindo a retrogradao da alma, que chegou fase hominal e ento regride fase animal. A Doutrina Esprita repele a
metempsicose, assunto tratado em diversos momentos de sua obra por Allan Kardec.
(3) Jesus, segundo a obra publicada por Roustaing, no encarnou, no
possuiu um corpo carnal. Jesus teria sido um "agnere", um Esprito materializado. Assim se explicariam seu desaparecimento dos 12 aos 30
anos, perodo do qual ningum fala, e o sumio do corpo material nos dias seguintes crucificao. Kardec ensina-nos coisa inteiramente diferente,
como o leitor pode ver no livro A Gnese, publicado em 1868, quase dois anos depois da publicao da obra roustainguista.
20-6-2007
Edio 10
Ana enviou-me a seguinte pergunta: Ouvi certa vez algum falar sobre a
existncia de cidades espirituais ao redor da Terra. Elas realmente existem? H sobre o assunto informaes mais precisas?
Foi o evangelista Joo, no cap. 14, versculos 1 a 3, do seu Evangelho, quem
registrou estas conhecidas palavras de Jesus: H muitas moradas na casa de meu Pai; se assim no fosse, eu j vos teria dito, porquanto eu vou para
preparar o lugar para vs. A notcia acerca da existncia de cidades espirituais em torno da Crosta terrena
anterior ao prprio Allan Kardec. O vidente sueco Swedenborg, que viveu no sculo anterior ao advento do
Espiritismo, via com frequncia cenas do mundo espiritual e as pessoas desencarnadas que conhecera em vida, tendo sido o primeiro indivduo a
-
registrar em livro as chamadas cidades espirituais, em que viviam famlias e onde ele pde ver templos, auditrios e palcios.
Informaes mais precisas sobre o assunto podem ser encontradas nos livros Nosso Lar, de Andr Luiz, e Alvorada Nova, de Cairbar Schutel. Alis,
quando se encontrava encarnado entre ns, Cairbar escreveu e publicou pela Casa Editora O Clarim o extraordinrio livro A Vida no Outro Mundo, de
leitura obrigatria para quem deseja iniciar-se no tema suscitado pela pergunta. Nosso Lar, situada nas proximidades do Rio de Janeiro, bem conhecida dos
confrades espritas e tema de um dos estudos semanais publicados por esta revista.
Vizinha da colnia Nosso Lar, "Alvorada Nova" uma das mais importantes e foi ela que serviu de inspirao ideia da criao dos Ministrios em "Nosso
Lar". Alvorada Nova localiza-se em regio umbralina, no mesmo grau de
inclinao da cidade de Santos. seguramente uma das mais antigas cidades espirituais existentes no mundo, visto que antes mesmo do descobrimento do
Brasil ela j estava fixando seus primeiros alicerces.
27-6-2007
Edio 11
Rosngela Raddi Forestiero, da cidade de Astorga (PR), pede-nos uma orientao sobre as expresses almas gmeas e metades eternas. E
pergunta: Posso considerar que no se trata da mesma coisa? No tocante ao assunto suscitado por esta pergunta, existem controvrsias
mesmo entre os espiritistas. Do ponto de vista literrio, no h o que opor tese das almas gmeas.
Trazendo, porm, o tema para a discusso esprita, como devemos encar-lo?
Segundo Emmanuel, almas gmeas existem, sim. E parece-nos claro que diversos autores desencarnados respeitados, a exemplo de Jsus Gonalves,
Andr Luiz, Manoel P. de Miranda e Victor Hugo, o apoiam, porque todos eles se valeram dessa expresso em um e outro momento de suas obras.
Aceita a tese, a questo consiste em definir o que sejam almas gmeas. bom no esquecermos que, segundo a doutrina exposta em "O Livro dos Espritos",
no existem almas feitas aos pares, no existem almas idnticas a outras, e no se aplica aos Espritos o conceito usual pertinente ao vocbulo gmeos tal
como o utilizamos quando nos referimos a irmos que nascem decorrentes de uma mesma gestao.
As almas gmeas seriam pessoas que se buscam, que nutrem uma pela outra um carinho especial, e tal relao prossegue at que ambas atinjam o estgio
da perfeio. Essa afeio nasce certamente de uma espcie de afinidade especial decorrente, talvez, do fato de haverem iniciado juntas o processo
evolutivo. Esse , alis, o pensamento do confrade Hugo Gonalves, fundador e
diretor do jornal esprita O Imortal, que circula desde dezembro de 1953. Cabe, por fim, dizer que Emmanuel tem razo ao afirmar que a tese das almas
gmeas nada tem que ver com as questes 298 a 303 de "O Livro dos Espritos", porque almas gmeas no so o mesmo que metades eternas e
disso que Kardec tratou na referida obra.
4-7-2007
-
Edio 12
Cristina me pergunta se verdade que h Espritos que assistem ao prprio velrio. Em caso afirmativo, podem tambm assistir ao prprio nascimento?
No tocante ao velrio, sim, possvel aos Espritos assistir cerimnia que precede o sepultamento de seu prprio corpo. A literatura esprita relata vrios
casos que comprovam essa possibilidade. Quanto ao nascimento, no. No possvel ao Esprito presenciar tal fato
porque, a partir do momento em que colhido no lao fludico que o prende ao grmen, ele entra em estado de perturbao que aumenta medida que o lao
se aperta, perdendo, nos ltimos momentos, toda a conscincia de si prprio, de modo que jamais assistir ao seu nascimento.
O processo reencarnatrio tratado em todas as suas mincias por Andr Luiz
em duas de suas obras. No livro Entre a Terra e o Cu, focalizado o processo do retorno carne de Jlio. Em Missionrios da Luz, relatado o
Segismundo pelo qual possvel compreender quo complexo o trabalho realizado pelo Plano Espiritual sempre que retorna ao mundo corporal um
Esprito em resgate ou reajuste.
11-7-2007
Edio 13
Alguns meses atrs, um leitor declarou revista poca que algum, em nome da CEPA, afirmou que o Espiritismo no religio. Afinal, o Espiritismo ou no
religio? A CEPA - Confederao Esprita Pan-Americana dirigida h muito tempo por
confrades nossos, espritas como ns, que insistem em defender o chamado
Espiritismo laico, isto , sem carter religioso, apegando-se ao que Allan Kardec escreveu em suas primeiras obras, quando enfaticamente disse que o
Espiritismo no era uma religio, mas uma cincia. Eles ignoram deliberadamente o que o Codificador declarou em novembro de 1868 a respeito
do carter religioso do Espiritismo, oportunidade em que esclareceu por que havia dito anteriormente o contrrio. O assunto consta da Revista Esprita de
dezembro de 1868. evidente, no entanto, que a religio esprita no apresenta alguns aspectos e
aparatos que tradicionalmente associamos ao conceito de religio, como o sacerdcio organizado, os rituais, as vestimentas especiais, a relao de
dependncia entre igreja e fiis. O objetivo do Espiritismo exatamente possibilitar a libertao do indivduo de quaisquer peias, aproximando-o do
Criador graas ao aprimoramento de suas virtudes, e no por meio de artifcios e aparncias exteriores. O homem, ensina o Espiritismo, s se aproxima de
Deus evoluindo moralmente. Esse o objetivo primordial da religio esprita.
18-7-2007
Edio 14
Algum nos pergunta se nas comunicaes de Espritos por meio de
instrumento (TV, computador, gravador etc.) necessria a presena de mdium.
-
Com respeito ao assunto, tanto Divaldo Franco quanto Henrique Rodrigues, que era do ramo e respeitado no mundo todo, j se manifestaram dizendo que o
fenmeno s possvel quando na equipe de experimentadores existe mdium de efeitos fsicos.
O prof. Henrique disse-nos certa vez que, experimentando a gravao de vozes ao lado do famoso Raudive, houve um momento em que Raudive saiu do quarto
para atender o telefone. O grupo continuou a experimentar, mas bastou a ausncia de Raudive para que o fenmeno cessasse. Com a volta de Raudive ao
recinto, o fenmeno voltou a ocorrer normalmente. Henrique ento lhe disse: "Raudive, voc o mdium!"
Entendemos, pois, que prevalece ainda a orientao de Erasto em O Livro dos Mdiuns, item 98, segundo a qual o fluido vital, "apangio exclusivo do
encarnado", indispensvel produo de qualquer fenmeno medinico. Pode ser que no futuro, com o aprimoramento tcnico dos nossos instrumentos,
possam os desencarnados "atuar" diretamente sobre eles, sem necessidade de mdiuns. Trata-se, porm, de mera opinio. Dizemos: "pode ser", no que "vai
ser". 25/7/2007
Edio 15
H anjos guardies? Ensinada pela Igreja Catlica Romana, a doutrina dos anjos guardies no s
foi confirmada pelo Espiritismo como recebeu deste um destaque que poucos assuntos mereceram. Assim que a principal obra da Doutrina Esprita O
Livro dos Espritos dedica ao tema mais de quarenta questes relacionadas com a afeio que os Espritos dispensam s criaturas humanas e a influncia
que podem eles exercer sobre os encarnados. Os Espritos protetores, ensina o Espiritismo, realmente existem e, por bondade
de Deus, agem como um pai com relao aos filhos, guiando seu protegido pela senda do bem, auxiliando-o com seus conselhos, consolando-o nas suas aflies
e levantando-lhe o nimo nas provas da vida.
Na resposta anotada por Kardec pergunta no 495 do mencionado livro, So Lus e Santo Agostinho escreveram uma das pginas mais belas da obra
kardequiana, na qual afirmam que o conhecimento do trabalho realizado pelos protetores espirituais pode ajudar-nos muito nos momentos de crise e at
mesmo livrar-nos dos maus Espritos.
1/8/2007
Edio 16
Edgar me pergunta qual o significado da palavra mdium? Em seu magistral O Livro dos Mdiuns, Allan Kardec trata do assunto em dois
captulos. No cap. 14, ensina o Codificador do Espiritismo: Todo aquele que sente, num
grau qualquer, a influncia dos Espritos , por esse fato, mdium. No captulo
32, Kardec assim define: Mdium, do latim medium, meio, intermedirio a pessoa que pode servir de intermedirio entre os Espritos e os homens.
A faculdade medinica , portanto, inerente criatura humana. No constitui um privilgio exclusivo desse ou daquele indivduo. Por isso mesmo, raros so
os que dela no possuam alguns rudimentos. Podemos, pois, dizer que todos
-
so mais ou menos mdiuns, embora, usualmente, qualifiquemos como mdiuns aqueles em quem a faculdade medinica se mostra bem caracterizada
e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que ento depende de uma organizao mais ou menos sensitiva.
Importante tambm dizer que essa faculdade no se revela da mesma maneira em todos. Geralmente, os mdiuns tm uma aptido especial para os
fenmenos dessa ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades quantas so as espcies de manifestaes. No caso das crianas,
por exemplo, at os 7 anos tm elas facilidade enorme para a vidncia, faculdade que como que se apaga com o passar dos anos.
8/8/2007
Edio 17
dson pergunta: verdade que o Alcoro foi escrito mediunicamente?
SSiimm.. FFoorraamm ooss ddoonnss mmeeddiinniiccooss ddee MMaaoomm qquuee oo lleevvaarraamm a escrever o Alcoro.
Quando ele contava 40 anos, o anjo Gabriel lhe apareceu no monte Hira mostrando-lhe um livro que o aconselhou a ler. Trs vezes Maom resistiu a
essa ordem e s para escapar ao constrangimento sobre ele exercido que consentiu em o ler. Ele disse ento haver sentido que um livro tinha sido
escrito em seu corao. Profundamente perturbado com sua viso e de volta ao monte Hira, presa da
mais viva agitao, julgou-se ele possudo por Espritos malignos e ia precipitar-se do alto de um rochedo quando uma voz se fez ouvir: Maom! tu s
enviado de Deus; eu sou o anjo Gabriel! Levantando os olhos, ele viu ento o conhecido anjo sob forma humana, que
desapareceu pouco a pouco no horizonte. Essa viso aumentou-lhe a
perturbao, embora sua esposa se esforasse por acalm-lo. Varaka, primo dela, pessoa afamada por sua sabedoria, explicou-lhe: Se o que acabas de
dizer verdade, teu marido foi visitado pelo grande Nmous, que outrora visitou Moiss; ele ser profeta deste povo.
A misso de Maom no foi, pois, um clculo premeditado de sua parte, porque ele mesmo s se convenceu depois de nova apario do anjo. O Alcoro livro
sagrado dos muulmanos - no uma obra escrita por ele de cabea fria e de maneira continuada, mas o registro feito por seus amigos das palavras que
pronunciava quando inspirado, diramos melhor: mediunizado.
15/8/2007
Edio 18
Flvia me pergunta que devemos pensar do aborto em casos de anencefalia.
Exceto no caso do abortamento praticado para salvar a vida da gestante, a Doutrina Esprita considera o aborto um crime contra a vida, severamente
punido pelas Leis de Deus. Um equvoco no tocante anencefalia imaginar que a criana v nascer e
morrer em seguida. H casos em que o indivduo, embora sem o crebro inteiramente formado, vive por vrios anos, o que implica dizer que ningum
sabe exatamente inclusive os mdicos o que vai acontecer depois do parto. O que no oferece dvida o fato de que, durante a gestao, existe no ventre
-
da gestante um ser vivo, individual, com caractersticas prprias, e no um simples apndice do corpo da gestante.
Joanna de ngelis explica em seu livro Alerta, cap. 22, psicografado pelo mdium Divaldo Franco, que na maioria dos casos de aborto a expulso do
corpo em formao de forma nenhuma interrompe as ligaes Esprito-a-Esprito, entre a gestante e o filho rejeitado. Por isso, sem compreender a
ocorrncia, ou percebendo-a em desespero, o ser espiritual expulso agarra-se s matrizes orgnicas e termina por lesar a aparelhagem genital, dando gnese
a doenas de etiologia complicada, tanto quanto a variadas formas de obsesso.
Alegam as pessoas favorveis ao aborto que, ainda que viva alguns anos, a criana ter apenas vida vegetativa. Ora, muitos adultos vitimados por
acidentes automobilsticos e mesmo por derrames, passam tambm a ter
somente vida vegetativa. Iremos ento mat-los? Percebe-se, vista disso, que a admisso do aborto em casos assim um
passo largo em direo legalizao da eutansia, como j se deu, por exemplo, na Holanda.
Os mdicos no poderiam, em s conscincia, aliar-se a condutas desse nvel, porque sua misso salvar os doentes, no extermin-los.
22/8/2007
Edio 19
Pergunta Mrio Csar por que o Espiritismo no admite as penas eternas.
A resposta a essa pergunta por demais simples. A tese da eternidade das penas reservadas queles que infringem as leis do bem e do amor, tanto
quanto a existncia do inferno, no resistem a uma anlise objetiva. O
raciocnio lgico conduz-nos seguinte premissa: Se o Esprito sofre em funo do mal que praticou, sua infelicidade deve ser proporcional falta cometida.
Cumpre considerar tambm que a condenao perptua no se coaduna com a ideia crist da sublimidade da justia e da misericrdia divinas. Jesus deu
testemunho da bondade e do amor de Deus, ao afirmar que o Pai celeste no quer que perea um s de seus filhos.
A razo leva-nos admisso de que Deus , como ensina o Espiritismo, um ser infinito em suas perfeies, pois filosoficamente impossvel conceber o Criador
de outra maneira, visto que, se Ele no apresentasse infinita perfeio, poderamos conceber outro ser que lhe fosse superior. Sendo, portanto,
infinitamente sbio, justo e misericordioso, no podemos crer que tenha criado pessoas para serem eternamente desgraadas em virtude de uma falta ou de
um erro passageiro, derivado evidentemente de sua prpria imperfeio. A doutrina das penas eternas consubstanciada na teologia catlica surgiu das
ideias primitivas que conceberam a existncia de um Deus irado e vingativo, a
quem o homem atribuiu caractersticas puramente humanas. O fogo eterno uma figura de que se utilizou para materializar a ideia do inferno, com vistas a
ressaltar a crueldade da pena, no pressuposto de que o fogo o suplcio mais atroz e que produz o tormento mais efetivo.
Essas ideias serviram, em certo perodo da histria da Humanidade, para controlar as paixes de criaturas ainda imperfeitas, mas no servem ao homem
da atualidade, que nelas no consegue vislumbrar sentido lgico.
-
Jesus valeu-se das figuras do inferno e do fogo eterno para pr-se ao alcance da compreenso dos homens de sua poca. As imagens fortes que utilizou
eram, ento, necessrias para impressionar a imaginao de indivduos que pouco entendiam das coisas do Esprito e cuja realidade estava mais prxima da
matria e dos fenmenos que lhes impressionavam os sentidos fsicos. Mas tambm foi ele quem enfatizou a ideia de que Deus Pai misericordioso e bom
e afirmou que, das ovelhas que o Pai lhe confiou, nenhuma se perderia.
29/8/2007
Edio 20
Perguntam-me se a mediunidade em crianas deve ser estimulada pelos pais.
O Codificador do Espiritismo e autor d O Livro dos Mdiuns formulou aos Espritos que participaram da obra de codificao da Doutrina Esprita trs
questes relativamente mediunidade em crianas, assunto que pode ser encontrado no item 221, pargrafos 6 a 8, da obra citada.
Eis, em resumo, o que eles lhe disseram: 1o. muito perigoso desenvolver a mediunidade nas crianas, porque sua
organizao franzina e delicada ficaria abalada e sua imaginao superexcitada com a prtica medinica. Desse modo, os pais prudentes devem afast-las
dessas ideias ou, pelo menos, s tratar do assunto do ponto de vista de suas consequncias morais.
2o. Quando a faculdade medinica espontnea na criana, sinal de que se acha em sua natureza e que sua constituio a isso se presta. J o mesmo no
se d quando provocada e superexcitada. 3o. No existe uma idade precisa para que uma pessoa passe a ocupar-se da
mediunidade. Isso depende fundamentalmente do desenvolvimento fsico e,
mais ainda, do desenvolvimento moral. H crianas de 12 anos que so menos afetadas que certos adultos.
Quanto a esta ltima observao, lembremos que vrios mdiuns que trabalharam com Kardec como as irms Caroline e Julie Baudin, Ermance
Dufaux e Srta. Japhet - eram bastante jovens. Ermance Dufaux contava ento 14 anos de idade e j se havia tornado uma mdium respeitada. As clebres
irms Kate e Margareth Fox eram ainda adolescentes quando dos fenmenos de Hydesville, que, conforme sabemos, deram origem ao Espiritismo Moderno.
7/9/2007
Edio 21
Ivone me pergunta: Em que consiste o sono e qual a sua finalidade?
O sono o estado em que o corpo material repousa para refazimento das suas
energias fsicas. Esse repouso absolutamente indispensvel porque se a atividade do Esprito,
valendo-se do seu instrumento corpreo, fosse incessante, sem trgua alguma, o corpo seria levado exausto e, por consequncia, morte. Foi por isso que
Deus, em sua sabedoria, estabeleceu na existncia humana esse perodo de tempo, a que chamamos sono, no qual o corpo fsico repousa e pode, assim,
reparar suas energias.
-
O sono tem, porm, uma significao muito mais profunda e consequncias muito mais amplas no conjunto integral da vida humana. Enquanto o corpo
material jaz adormecido, o Esprito se emancipa, se liberta, se afasta do corpo fsico, reintegrando-se em suas faculdades perceptivas e ativas, com o que
pode agir a distncia. comum, logo que se desprendem do corpo material, irem os Espritos,
durante o sono, para junto de seres que lhes so afins e mesmo superiores, com os quais viajam, conversam e se instruem. Evidentemente, h muitos que,
enquanto o corpo repousa, vo a mundos inferiores Terra ou a regies espirituais do prprio planeta onde os chamam velhas afeies, em busca de
gozos muitas vezes mais baixos do que os conhecidos em nosso mundo e com os quais se deleitam.
, pois, graas ao sono corpreo que os Espritos encarnados mantm contato
quase permanente com o mundo dos Espritos, e essa uma das razes que fazem com que os Espritos superiores concordem, sem grande repugnncia,
em encarnar entre ns. Quis Deus que, tendo de entrar em contato com o vcio, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente no
falirem. O sono , portanto, a porta que Deus lhes concede para que possam ir ter com os seus amigos espirituais. uma espcie de recreio depois do
trabalho, enquanto aguardam a grande libertao que os restituir ao meio que lhes prprio.
14/9/2007
Edio 22
Um amigo me pergunta qual , na verdade, o significado da expresso mundo
de expiao e provas aplicada no Espiritismo ao planeta em que vivemos.
Os mundos, segundo a Doutrina Esprita, dividem-se em cinco categorias. H os mundos primitivos, os mundos de expiao e provas, os mundos de
regenerao, os mundos felizes ou ditosos e os mundos celestes. Nos chamados mundos de expiao e provas, que a atual condio da Terra, o
mal predomina e essa a razo por que neste planeta o homem vive a braos com tantas misrias.
Na Terra, informa o Esprito de Santo Agostinho, os Espritos em expiao so, se assim se pode dizer, seres estrangeiros, indivduos que j viveram em outros
mundos. Contudo, nem todos os Espritos que aqui encarnam vm para ele em expiao. As raas chamadas selvagens so formadas de Espritos que apenas
saram da infncia espiritual e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educao, para se desenvolverem pelo contato com Espritos mais
adiantados. Vm depois delas as raas semicivilizadas, constitudas desses mesmos
Espritos em via de progresso. Essas so, de certo modo, raas indgenas da
Terra, que aqui se elevaram pouco a pouco, em longos perodos seculares. Um dia, evidentemente, a Terra sair de sua atual condio de mundo de
expiao e provas e passar condio de mundo de regenerao, porquanto o globo est, como tudo na Natureza, submetido lei do progresso.
No entendimento de muitos estudiosos do Espiritismo, esse dia ainda est muito longe porque a mudana depende dos Espritos que aqui se encarnam.
Eis por que Jesus, aludindo a esse momento, afirmou que nem ele nem os anjos sabem quando o fato se dar; somente o Pai o sabe.
-
21/9/2007
Edio 23
Cristina me pergunta: Se, de fato, existem os anjos da guarda, que tipo de mal
que nos acomete mais os aflige? Os bons Espritos se preocupam com nossos males, do mesmo jeito que
compartilham nossas alegrias. Procurando fazer-nos todo o bem que lhes seja possvel, natural que se sintam ditosos com nossa felicidade e nossos
momentos de alegria. Sabendo ser transitria a existncia corporal e cientes de que as tribulaes a
ela inerentes constituem meios de alcanarmos uma situao melhor, os bons
Espritos se afligem mais com os males que tenham origem em causas de ordem moral do que com nossos sofrimentos fsicos, todos passageiros.
Assim, eles pouco se incomodam com as desgraas que atingem nossas ideias e preocupaes mundanas, do mesmo modo como, alis, agimos com relao s
mgoas pueris das crianas. Vendo nas amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, eles as consideram como uma crise ocasional de que resultar a
salvao do doente. Compadecem-se dos nossos sofrimentos, como nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo. Entretanto, enxergando as coisas
de um ponto de vista mais justo, apreciam-nos de um modo diverso do nosso. Em casos assim, os bons Espritos procuram levantar-nos o nimo no interesse
do nosso futuro, enquanto os Espritos inferiores, com o objetivo de comprometer-nos, nos impelem ao desespero.
vista dos ensinamentos espritas, podemos deduzir assim as seguintes concluses em torno do assunto examinado:
Os bons Espritos se afligem quando ns, diante de um mal qualquer, no
sabemos suport-lo com resignao; os inferiores, no entanto, se rejubilam com nossa postura negativa.
Os males morais que mais preocupam os Benfeitores Espirituais so o nosso egosmo e a dureza dos nossos coraes, do que, ensina o Espiritismo, decorre
tudo o mais. Nossos adversrios desencarnados e os maus Espritos, porm, adoram tal comportamento.
Os bons Espritos se riem de todos os males imaginrios que nascem do nosso orgulho e da nossa ambio. Os inferiores, contudo, valem-se deles para, se for
possvel, afundar-nos mais ainda no fosso da amargura.
28/9/2007
Edio 24
Eliane me pergunta: Por que existem as crianas?
A infncia uma fase de adaptao necessria ao Esprito que retorna existncia corprea. Existente nos diferentes mundos, ela , porm, menos
obtusa nos planetas mais adiantados. Recm-sado do mundo espiritual, onde gozava de maior liberdade e dispunha
de maiores recursos, o Esprito se v, durante essa fase, em dificuldades para exprimir plenamente seus pensamentos e manifestar suas sensaes.
-
Nesse perodo da vida, em que o Esprito se v limitado em sua liberdade, a infncia uma demonstrao da misericrdia de Deus, que lhe propicia uma
dupla vantagem: 1. O Esprito ganha o tempo indispensvel a fim de se preparar para as futuras
e difceis tarefas da nova existncia corprea. 2. Pela fase que atravessa, revestido da simplicidade e da inocncia comuns a
todas as crianas, desperta nos pais e no ncleo a que pertence muita simpatia, interesse e boa vontade, o que facilitar o desempenho de suas tarefas no
mundo. Sabemos que, ao desenvolver-se, a criana apresentar, nos anos que se
seguirem, as tendncias e defeitos morais inerentes ao seu real adiantamento espiritual, mas este poder, sem nenhuma dvida, ser sensivelmente
modificado pela influncia recebida, desde o bero, dos pais e das pessoas
incumbidas de educ-la. Reencarnando sob a forma inicial de uma criana, o Esprito mais acessvel,
durante esse perodo, s impresses que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir as pessoas investidas dessa tarefa,
cuja importncia enfatizada por Emmanuel no cap. CLI de seu livro Caminho, Verdade e Vida nos seguintes termos: A juventude pode ser comparada a
esperanosa sada de um barco para viagem importante. A infncia foi a preparao, a velhice ser a chegada ao porto. Todas as fases requisitam as
lies dos marinheiros experientes, aprendendo-se a organizar e a terminar a viagem com xito desejvel.
5/10/2007
Edio 25
Fbio me pergunta qual a principal causa da obsesso? A influncia dos Espritos nos acontecimentos da vida pode ser boa ou m; isso
depende apenas da natureza do agente. Os Espritos superiores s fazem o bem; disso fcil deduzir que sua influncia sempre benfica criatura
humana. Os Espritos levianos e zombeteiros se comprazem em causar aborrecimentos, o
que deve ser levado conta de provas para a nossa pacincia. Os Espritos impuros, como so incapazes de perdoar o mal que lhes tenham
feito, continuam aps a desencarnao a exercer a vingana que hajam iniciado ou concebido ainda durante a encarnao. Est a na vingana a causa da
maioria das obsesses, especialmente das mais graves, to conhecidas no meio esprita.
Aprendemos no Espiritismo que, embora a nossa disposio interior constitua fator relevante para a neutralizao da influncia negativa exercida por nossos
adversrios encarnados ou desencarnados, a intercesso dos Benfeitores
Espirituais indiscutvel, real e valiosssima no trabalho de anulao das foras perturbadoras que rondam e ameaam quantos se proponham a crescer
espiritualmente.
12/10/2007
Edio 26
-
Paulo Csar me pergunta: Se o homem viveu antes, por que no se lembra de suas existncias anteriores?
No temos durante a existncia corprea lembrana do que fomos e do que fizemos nas anteriores existncias, mas possumos disso a intuio, sendo as
nossas tendncias instintivas uma reminiscncia do passado. No fossem a nossa conscincia e a vontade que experimentamos de no
reincidir nas faltas j cometidas, seria difcil resistir a tais pendores. A aptido para essa ou aquela profisso, a maior ou menor facilidade nessa ou naquela
disciplina, as inclinaes interiores eis elementos que no teriam justificativa alguma se no existisse a reencarnao.
Com efeito, se a alma fosse realmente criada junto com o corpo da criana, as pessoas deveriam revelar igual talento e idnticas predilees, mas no isso
que vemos.
No esquecimento das existncias anteriores, sobretudo quando foram amarguradas, h algo de providencial e que atesta a bondade e a sabedoria do
Criador. Tal como se d com os sentenciados a longas penas, todos ns desejamos apagar da memria os delitos cometidos e felizes ficamos quando a
sociedade no os conhece ou os relega ao esquecimento. A razo desse desejo fcil de explicar.
D-se o mesmo com relao volta do Esprito a uma nova existncia corprea. Frequentemente ensina o Espiritismo renascemos no mesmo meio em que
j vivemos e estabelecemos de novo relaes com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenhamos feito. Se reconhecssemos nelas criaturas
a quem odiamos, talvez o dio despertasse outra vez em nosso ntimo, e, ainda que tal no ocorresse, sentir-nos-amos humilhados na presena daquelas a
quem houvssemos prejudicado ou ofendido. Evidentemente, o esquecimento do passado que constitui uma regra nos
processos reencarnatrios no se estende vida espiritual, em que
recobramos a memria das peripcias passadas de acordo com a necessidade de que isso se d, o que revela mais uma vez a bondade do Pai para com seus
filhos.
19/10/2007
Edio 27
Mrcia, da cidade de Arapongas, focaliza o tema mediunidade em crianas e pergunta que livro esprita trata do assunto.
A principal obra esprita que trata do tema mediunidade em crianas "O Livro dos Mdiuns", de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo. Allan
Kardec formulou aos Espritos que participaram da obra de codificao da Doutrina Esprita trs questes relativamente mediunidade em crianas, como
o leitor pode conferir lendo o item 221, pargrafos 6 a 8, da obra citada.
Em resumo, ensinam os Espritos Superiores:
1.o - No existe uma idade precisa para que uma pessoa passe a ocupar-se da
mediunidade. Isso depende fundamentalmente do desenvolvimento fsico e, mais ainda, do desenvolvimento moral. H crianas de 12 anos que so menos
afetadas que certos adultos.
-
2.o - Quando a faculdade medinica espontnea na criana, sinal de que se acha em sua natureza e que sua constituio a isso se presta. J o mesmo no
se d quando provocada e superexcitada.
3.o - muito perigoso desenvolver a mediunidade nas crianas, porque sua organizao franzina e delicada ficaria abalada e sua imaginao superexcitada
com a prtica medinica. Desse modo, os pais prudentes devem afast-las dessas ideias ou, pelo menos, s tratar do assunto do ponto de vista de suas
consequncias morais.
Os autores espritas, quando tratam do assunto, repetem essas observaes de Kardec, s quais bom adicionar uma explicao importante. Certas faculdades
medinicas, como a vidncia, so muito comuns durante a primeira infncia.
O prprio Codificador escreveu que a mediunidade de vidncia parece ser frequente, e mesmo geral, nas criancinhas. (Veja Revista Esprita de 1865, p.
262.) O fato decorre de que no existe ainda, at os 7 anos de idade, uma total
integrao entre a alma e o corpo da criana, o que favorece o desprendimento parcial da alma e, por causa disso, a possibilidade de certas percepes, como a
viso de pessoas falecidas ou Espritos. Essa fase, no entanto, passageira e pode ser que, ao tornar-se adulta, jamais a pessoa experimente situaes
semelhantes.
26/10/2007
Edio 28
Osvaldo me pergunta qual a importncia do culto do Evangelho no lar para
ns e nossos familiares. A importncia do culto cristo no lar fundamental e um tema bem conhecido
dos espritas. Diz Bezerra de Menezes que muitos dos que partem para a vida espiritual, finda a existncia corporal, costumam permanecer apresados trilha
corprea. Encontram-se desencarnados, mas no libertos; invisveis, mas no ausentes. A prece e a leitura de uma pgina do Evangelho podem, sem dvida,
ajud-los muito na necessria readaptao vida espiritual. A origem do culto cristo em famlia encontramos numa proposta de Jesus,
como Neio Lcio narra no cap. 1 de seu livro Jesus no Lar, psicografado por Francisco Cndido Xavier. No meio esprita, a ideia dessa prtica nasceu com
Allan Kardec, como o leitor pode ver na Revista Esprita de 1864, p. 234. Foi Joanna de ngelis, contudo, quem primeiro descreveu os benefcios do culto
cristo no lar, em linda pgina que compe o cap. 59 de sua primeira obra, Messe de Amor, psicografada por Divaldo Franco.
Eis o que a mentora espiritual do estimado confrade escreveu a respeito do
assunto: Dedica uma das sete noites da semana ao Culto Evanglico no Lar, a fim de
que Jesus possa pernoitar em tua casa. Prepara a mesa, coloca gua pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da f, enlaa a famlia e ora. Jesus vir em
visita. Quando o Lar se converte em santurio, o crime se recolhe ao museu. Quando
a famlia ora, Jesus se demora em casa. Quando os coraes se unem nos
-
liames da f, o equilbrio oferta bnos de consolo e a sade derrama vinho de paz para todos.
Jesus no Lar vida para o Lar. No aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invarivel.
Distende, da tua casa crist, a luz do Evangelho para o mundo atormentado. Quando uma famlia ora em casa, reunida nas blandcias do Evangelho, toda a
rua recebe o benefcio da comunho com o Alto. Se algum, num edifcio de apartamentos, ala aos Cus a prece da comunho em famlia, todo o edifcio se
beneficia, qual lmpada ignorada, acesa na ventania. No te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares.
Continua orando fiel, estudando com os teus filhos e com aqueles a quem amas as diretrizes do Mestre e, quanto possvel, debate os problemas que te
afligem luz clara da mensagem da Boa Nova e examina as dificuldades que te
perturbam ante a inspirao consoladora do Cristo. No demandes a rua, nessa noite, seno para os inevitveis deveres que no
possas adiar. Demora-te no Lar para que o Divino Hspede a tambm se possa demorar. E
quando as luzes se apagarem hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, possas,
em casa, uma vez por semana em sete noites, ter Jesus contigo.
2/11/2007
Edio 29
Um amigo me pergunta se conveniente a uma equipe medinica realizar estudos doutrinrios nos minutos que antecedem a sesso medinica.
Estudar a Doutrina Esprita prtica recomendada por inmeros autores, inclusive o Esprito de Verdade, de quem comum ouvirmos no meio esprita
esta conhecida recomendao: Espritas, amai-vos; este o primeiro ensinamento. Instru-vos, este o segundo.
O ideal, porm, que o estudo seja feito em outro horrio, e no como parte integrante da reunio. No horrio reservado sesso medinica, por motivos
bvios, a leitura deve observar o que Andr Luiz recomenda no livro Desobsesso, evitando-se a duas coisas: a leitura de obras tcnicas e
comentrios sobre a leitura feita. Os livros sugeridos por Andr so o Evangelho, o Livro dos Espritos e uma obra de comentrio dos ensinamentos
espritas, como os livros Po Nosso e Vinha de Luz, de Emmanuel, ou algo equivalente, fazendo-se a leitura pausadamente mas sem aditar-lhe nenhum
comentrio. Sobre a importncia do livro Desobsesso para o aprimoramento das reunies
medinicas espritas em nosso pas, basta ler seu prefcio, assinado por Emmanuel, ou a carta que Chico Xavier dirigiu ao presidente da FEB, inserta em
Testemunhos de Chico Xavier, p. 406 e seguintes, de Suely Caldas Schubert.
9/11/2007
Edio 30
Hugo me pergunta: Quando o homem reencarna? E por que reencarna?
-
O Esprito reencarna quando chega o momento de vivenciar novas provas e expiaes. O tempo entre uma encarnao e outra varia de alguns anos a
muitas dcadas, dependendo sempre do merecimento e da necessidade do Esprito.
Os homens reencarnam porque da Lei de Progresso que exista o aperfeioamento constante. Mas chega um dia em que no mais preciso
encarnar quando o Esprito atingiu o cume da evoluo, quando no precisa mais da matria para evoluir. Ele chegou ento condio de Esprito puro, ou
seja, depurado das imperfeies que nos caracterizam at atingirmos esse nvel evolutivo. Mas, at que se torne Esprito puro, a criatura humana precisa da
matria para aprender e adquirir os valores intelectuais e morais que se incorporaro ao ser imortal. A passagem pela experincia na matria constitui,
assim, uma necessidade para a evoluo o que explica o processo
reencarnatrio. Como o Esprito no consegue aprender tudo o que necessrio para tornar-se
um Esprito puro em uma nica encarnao, ele recebe ento de Deus a graa de continuar em outras vidas o que apenas comeou na primeira. Da serem
necessrias muitas e muitas encarnaes para terminar o aprendizado que o corpo carnal possibilita. A reencarnao uma bno de Deus, que no quer a
morte de pecador, mas sim que ele se converta e viva (Ezequiel, captulo 33, versculo 11).
16/11/2007
Edio 31
Pergunta-me uma jovem de nome Marina: Qual a diferena entre prova e
expiao?
Ensina o Espiritismo que os Espritos no ocupam perpetuamente a mesma categoria e que todos se melhoram passando pelos diferentes graus da
hierarquia esprita. Essa melhora se efetua por meio da encarnao. A vida material uma prova
que lhes cumpre sofrer repetidamente, at que hajam atingido a absoluta perfeio moral (LE, Introduo, item VI).
Provas so, assim, testes, oportunidades de aquisio de experincia, dificuldades que nada tm a ver com equvocos ou erros cometidos no passado.
Riqueza, beleza, vida fcil, tanto quanto pobreza, feiura, vida difcil so provas. Expiao decorre de faltas cometidas pelo Esprito. Segundo a questo 998 dO
Livro dos Espritos, a expiao se cumpre durante a existncia corporal mediante as provas a que o Esprito se acha submetido e, na vida espiritual,
pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Esprito. Assim que o mau rico, por expiao, poder vir a ter de pedir esmola e se
ver a braos com todas as privaes oriundas da misria; o orgulhoso, com
todas as humilhaes; o que abusa de sua autoridade e trata com desprezo e dureza seus subordinados se ver forado a obedecer a um superior mais
rspido do que ele o foi. Na questo 262, a, da obra citada, os imortais informam que Deus jamais
apressa a expiao e s a impe ao Esprito que, pela sua inferioridade ou m-vontade, no se mostra apto a compreender o que lhe seria mais til, e quando
tal existncia serve para sua purificao e progresso.
-
25/11/2007
Edio 32
Rodrigo me pergunta: Por que morrem crianas em tenra idade? A durao da existncia de uma criatura humana obedece geralmente a uma
programao reencarnatria. Vrios fatores podem determinar a morte de uma criana, mas, basicamente, a
curta durao de sua existncia pode representar o complemento de uma existncia precedentemente interrompida antes da hora.
Sua morte constitui, no raro, prova ou expiao para os pais. Pode haver, contudo, casos em que a morte de um filho em tenra idade tenha outro
objetivo, como, por exemplo, servir de aguilho para seus pais, como se deu
com um famoso mdium brasileiro, que se firmou na doutrina ao perder uma filha nessas condies.
2/12/2007
Edio 33
Patrcia indaga: Em que, na realidade, consiste o livre-arbtrio?
O livre-arbtrio pode ser definido como a faculdade que tem o indivduo de determinar sua prpria conduta, ou seja, a possibilidade que ele tem de, entre
duas ou mais opes, escolher uma delas e fazer que prevalea sobre as outras. Apangio da criatura humana, o livre-arbtrio se amplia com o aprimoramento
espiritual, quando o senso se responsabilidade mais claramente se acentua. Pensar que seja a vida guiada por um determinismo em que todos os
acontecimentos estejam fatalmente preestabelecidos raciocinar de maneira
ingnua, simplria, porque, se assim fosse, o homem no seria um ser pensante, capaz de tomar resolues e de interferir no progresso. Seria apenas
uma mquina robotizada, irresponsvel, merc dos acontecimentos. O livre-arbtrio, a livre vontade que tem o Esprito de agir, exerce-se
principalmente no momento em que ele se prepara para uma nova encarnao, quando pode escolher o gnero de existncia e a natureza das provas a serem
enfrentadas. Escolhendo tal famlia, certo meio social, o Esprito sabe de antemo quais so
as provas que o aguardam e compreende, igualmente, a necessidade dessas provas para desenvolver suas qualidades, curar seus defeitos, despir-se de seus
preconceitos e vcios.
9/12/2007
Edio 34
Fernando quer saber por que existem no planeta Terra tantas misrias.
Vimos em ocasio anterior que os mundos dividem-se em cinco categorias e que nos chamados mundos de expiao e provas, que a atual condio da
Terra, o mal predomina. Essa a razo por que neste planeta o homem vive a braos com tantas misrias.
Na Terra, diz o Esprito de Santo Agostinho, os Espritos em expiao so, se assim se pode dizer, seres estrangeiros, indivduos que j viveram em outros
-
mundos. Mas, informa ele, nem todos os Espritos que se encarnam neste globo vm para c em expiao. Os povos considerados selvagens so constitudos de
Espritos que apenas saram da infncia espiritual e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educao, para se desenvolverem pelo contato com
Espritos mais adiantados. Existem ainda no planeta grupos de indivduos semicivilizados, formados por
esses mesmos Espritos num estgio um grau acima de progresso. So eles, de certo modo, raas indgenas da Terra, que aqui se elevaram pouco a pouco em
longos perodos seculares. Estas informaes de Santo Agostinho, que compem o cap. 3 do livro O
Evangelho segundo o Espiritismo, de Kardec, obra surgida em abril de 1864, foram de certo modo confirmadas pelo autor do livro Voltei, psicografado
na dcada de 40 do sculo passado pelo mdium Francisco Cndido Xavier.
Segundo essa obra, mais de metade dos habitantes da Terra situam-se na condio de Espritos brbaros ou semicivilizados, o que explica a existncia de
tantas mazelas no mundo em que vivemos, fato que no teria nenhuma justificativa se exclussemos da anlise a tese das vidas sucessivas e a lei do
progresso, dois princpios fundamentais do Espiritismo.
16/12/2007
Edio 35
Meu amigo Lus me pergunta: De quem a frase: Fora da caridade no h salvao?
Divisa do Espiritismo, a frase Fora da caridade no h salvao aparece em trs obras de Allan Kardec (O que o Espiritismo, O Evangelho segundo o
Espiritismo e Obras Pstumas) e, a partir de 1862, em diversos nmeros da
Revista Esprita. O Esprito de Paulo de Tarso a ela fez referncia em uma comunicao dada em
1860 na cidade de Paris. Kardec a utilizara, porm, em O Que o Espiritismo, cuja primeira edio
saiu no ano anterior mensagem de Paulo, ou seja, em 1859. H, no entanto, quanto a isso uma dvida: Teria a frase constado da primeira
edio do livro, ocorrida em 1859, ou foi a ele incorporada mais tarde, na edio que deu origem traduo conhecida por ns brasileiros?
Seja como for, de autoria de Paulo de Tarso ou da lavra de Kardec, importante lembrar o depoimento dado pelo Codificador do Espiritismo em
1866, como podemos ler na Revista Esprita daquele ano, pp. 114 a 116, segundo o qual a bandeira Fora da caridade no h salvao, por ele posta no
frontispcio do Espiritismo, no surgiu por ato de sua autoridade, mas sim dos ensinos dos Espritos, que a colheram nas palavras do Cristo, em que ela se
encontra com todas as letras, como pedra angular do edifcio cristo.
bom explicar aqui que o conceito de caridade algo bem conhecido no meio esprita. Caridade significa benevolncia para com todos, indulgncia para com
as imperfeies alheias, perdo das ofensas. Muitas das coisas que denominamos caridade significam, em verdade,
beneficncia, filantropia. Um ato qualquer, para enquadrar-se no conceito de caridade, tem de estar revestido das qualidades que compem esse conceito.
23/12/2007
-
Edio 36
Algum me pergunta: Como definir uma vivncia crist legtima?
A vivncia crist implica um clima de convivncia social em regime de fraternidade, em que todos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e
problemas. Viver o Cristo conviver com o prximo, aceitando-o tal qual , com seus defeitos e imperfeies, sem a pretenso de corrigi-lo.
O verdadeiro cristo inspira seu semelhante com bondade para que ele mesmo desperte e mude de conduta de moto prprio.
Isolar-se a pretexto de crescer espiritualmente no passa, pois, de uma experincia em que o egosmo predomina, porque afasta o indivduo da luta que
forja heris e constri os santos da abnegao e da caridade. Segundo o
Espiritismo, tal procedimento s merece reprovao, visto que no pode agradar a Deus uma vida pela qual o homem deliberadamente se condena a
no ser til a ningum. claro que no me refiro aos que se afastam do bulcio citadino buscando no retiro a tranquilidade reclamada por certas ocupaes,
nem aos que se recolhem a determinadas instituies fechadas para se dedicarem, amorosamente, ao socorro dos desgraados. Apesar de afastados
da convivncia social, prestam eles, obviamente, excelentes servios sociedade e adquirem duplo mrito porque tm a seu favor, alm da renncia
s satisfaes mundanas, a prtica das leis do trabalho e da caridade crist. Lembra-nos Joanna de ngelis que, ao descer das Regies Felizes ao vale das
aflies, para nos ajudar, Jesus mostrou-nos como devem agir os que se dizem cristos. O Mestre no convocou a si os privilegiados, mas os infelizes, os
rebeldes, os rejeitados, suportando suas mazelas e amando-os. Evocando o exemplo do Cristo, a mentora de Divaldo P. Franco recomenda (Leis
Morais da Vida, cap. 31):
Atesta a tua confiana no Senhor e a excelncia da tua f mediante a convivncia com os irmos mais inditosos que tu mesmo.
S-lhes a lmpada acesa a clarificar-lhes a marcha. Nada esperes dos outros.
S tu quem ajuda, desculpa, compreende. Se eles te enganam ou te traem, se te censuram ou te exigem o que te no
do, ama-os mais, sofre-os mais, porquanto so mais carecentes de socorro e amor do que supes.
Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difceis e faz-los companheiros, ters logrado xito, porquanto Jesus em teu corao estar
sempre refletido no trato, no intercmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direo de Deus.
6/01/2008
Edio 37
Umberto me pergunta como explicar pela viso esprita as doenas e as condies miserveis de muitos seres humanos.
Na Terra estamos sujeitos a provas e expiaes. A lei de causa e efeito rege nossos destinos, como Jesus teve ocasio de explicar em mais de uma ocasio.
Muitas doenas e condies de vida miserveis no passam de provas solicitadas pelos prprios Espritos, quando fazem sua programao
-
reencarnatria, visto que sabem eles perfeitamente que riqueza e pobreza nada mais so do que provas importantes em nosso processo evolutivo.
evidente que essas condies podem tambm dar-se por expiao. Jesus no disse que todo aquele que se exaltar ser humilhado? Pois bem, quando os
talentos nos vm s mos e no nos tornamos dignos deles, pode ocorrer que numa outra existncia corprea eles nos faltem.
Assim que o fazendeiro desumano, duro, que no respeita seus servidores, vir a nascer em ambiente semelhante ao que ele imps aos subalternos.
A existncia difcil, diz o Espiritismo, mais profcua ao desenvolvimento espiritual. Eis por que muitos pedem a oportunidade de vivenci-la, olhando
mais do alto seus verdadeiros interesses. O materialista pensaria o contrrio, mas os cristos, tanto quanto os espritas, no so materialistas.
13/01/2008
Edio 38
Regina pergunta: Deus pune? Deus justo? Deus perdoa? Segundo os ensinamentos espritas, podemos afirmar com toda a segurana:
Deus no pune, Deus justo e, por isso, Deus perdoa as faltas que cometemos. Alis, no isso que Jesus fez constar na Orao Dominical: Pai, perdoa as
nossas faltas, assim como perdoamos aos nossos devedores? O Criador evidentemente estabeleceu leis que regem a vida em todo o
Universo. Se as infligimos, devemos sofrer-lhes a consequncia. Foi o que levou Jesus dizer a Pedro: Todo aquele que usa a espada para matar, morrer sob a
espada. Uma pessoa que reencarne apresentando um processo de retardamento mental
no uma vtima do castigo divino, porque em muitos casos ele j se
encontrava assim na ptria espiritual, muitas vezes por causa de um equvoco, de um ato insano, como um tiro desferido contra a prpria cabea. Nascer com
a deficincia no significa que ela esteja sendo punida. Digamos que ela esteja colhendo, tal como Jesus explicara ao dizer que a semeadura livre, mas a
colheita obrigatria. Deus justo e bom. Tais atributos, ensinados pela filosofia clssica, so
confirmados pelo Espiritismo. E por isso que perdoa, embora seu perdo no consista na anulao do que fizemos, mas sim na oportunidade que Ele nos
oferece de repararmos os erros cometidos. Da advm a necessidade das existncias sucessivas, ou reencarnao, que nos d os meios de fazermos aos
outros o que deveramos ter feito e no fizemos.
20/01/2008
Edio 39
dson me pergunta qual , segundo o Espiritismo, a primeira necessidade do
mdium, para que se torne um bom intrprete dos Espritos. Se do ponto de vista do mecanismo da comunicao a mediunidade, em si
mesma, no depende do fator moral, do ponto de vista da assistncia espiritual o fator moral torna-se relevante. Mdiuns moralizados contam com o amparo
de Espritos elevados. E por mdium moralizado queremos referir-nos ao mdium que pauta sua vida como um autntico homem de bem, procurando ser
-
uma pessoa humilde, sincera, paciente, perseverante, bondosa, estudiosa, trabalhadora e desinteressada.
A primeira necessidade do mdium, conforme inmeros estudiosos, evangelizar-se a si mesmo, antes de entregar-se s grandes tarefas
doutrinrias, pois de outro modo poder esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua misso.
O mdium eficiente aquele trabalhador que melhor se harmoniza com a vontade do Pai Celestial, cultivando as qualidades que atraem os bons Espritos
e destacando-se pelo cultivo sincero da humildade e da f, do devotamento e da confiana, da boa vontade e da compreenso.
Segundo o que Kardec escreveu em O Livro dos Mdiuns, as qualidades que atraem os bons Espritos so:
I. a bondade
II. a benevolncia III. a simplicidade do corao
IV. o amor ao prximo V. o desprendimento das coisas materiais.
Os defeitos opostos a essas qualidades, evidentemente, os afastam de ns.
27/01/2008
Edio 40
Fernando me pergunta: Como o Espiritismo explica a existncia dos meninos prodgios?
Para os que acreditam que os anjos j foram feitos assim inteligentes, virtuosos, inacessveis s doenas que atingem o homem no difcil pensar
como o matemtico francs Henri Poincar, que acreditava no talento
congnito. Matemticos nascem; eles no so feitos, disse Poincar. Sabemos, contudo, no que diz respeito a ns humanos, que nada na vida se
conquista de graa. Aprender uma disciplina e tornar-se nela um especialista respeitado exigem dedicao, estudo e, sobretudo, muito tempo.
Como explicar ento os talentos precoces, os meninos prodgios? Teriam essas criaturas sido criadas assim, recebendo de Deus um privilgio que no
concedido maioria de suas criaturas? Allan Kardec perguntou aos Espritos Superiores: Qual a origem das faculdades
extraordinrias dos indivduos que, sem estudo prvio, parecem ter a intuio de certos conhecimentos, o das lnguas, do clculo, etc.? Os Espritos
responderam: Lembrana do passado; progresso anterior da alma, mas de que ela no tem conscincia. Donde queres que venham tais conhecimentos? O
corpo muda, o Esprito, porm, no muda, embora troque de roupagem. Recentemente, a revista Veja focalizou o caso do jovem Carlos Matheus Silva
Santos, que aos 19 anos de idade formou-se doutor pelo Instituto Nacional de
Matemtica Pura e Aplicada, do Rio de Janeiro, repetindo assim os passos de Pascal, Leibnitz, Gauss e Evariste Galois, que se destacaram precocemente no
difcil campo da matemtica. A Doutrina Esprita categrica quanto a esse assunto. No existem privilgios
na obra da criao. Os meninos e os jovens prodgios nada mais so do que Espritos reencarnados que conseguem acessar com facilidade, por um
mecanismo que no facultado maioria das crianas e dos adolescentes, as
-
conquistas intelectuais que fizeram em vidas passadas com esforo, dedicao e muito estudo.
Os meninos prodgios, longe de representarem indcios de um privilgio inadmissvel por parte do Criador, so uma das provas mais evidentes da
reencarnao, doutrina ensinada por Pitgoras, Scrates, Plato, Jesus e revigorada, nos tempos modernos, pelo Espiritismo.
3/02/2008
Edio 41
Ana indaga: O que mediunidade e como desenvolv-la?
Allan Kardec deu-nos a respeito do vocbulo mdium dois significados:
Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influncia dos Espritos , por esse fato, mdium. Essa faculdade inerente ao homem; no constitui,
portanto, um privilgio exclusivo. Por isso mesmo, raras so as pessoas que dela no possuam alguns rudimentos. (O Livro dos Mdiuns, cap. 14, item
159.) Mdium: pessoa que pode servir de intermedirio entre os Espritos e os
homens. (Obra citada, cap. 32.) Diz Emmanuel que a mediunidade aquela luz que seria derramada sobre toda
carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra, e no deve ser fruto de precipitao nesse ou naquele setor
da atividade doutrinria, porque em tal assunto a espontaneidade indispensvel, considerando-se que as tarefas medinicas so dirigidas pelos
mentores do plano espiritual. (O Consolador, questes 382 e 384.) Ensina Lon Denis que o homem tem de se submeter a uma complexa
preparao e observar certas regras de conduta para desenvolver em si o
precioso dom da mediunidade. preciso para isso, simultaneamente, a cultura da inteligncia, a meditao, o recolhimento e o desprendimento das coisas
humanas. Divaldo Franco , no tocante ao assunto, categrico. Segundo ele, a educao
medinica exige, em primeiro plano, o conhecimento pelo estudo da mediunidade. A seguir, a educao moral e, como consequncia, o exerccio e a
vivncia da conduta crist. Atravs dos hbitos salutares do estudo e do exerccio do amor, o mdium se libera de quaisquer atavismos para fazer-se
ponte entre ele e o Criador, sob a inspirao dos Espritos Superiores. Para Yvonne A. Pereira, o melhor meio de desenvolver a mediunidade no se
preocupar com o seu desenvolvimento, mas preparar-se moral e mentalmente para poder assumir o compromisso de se tornar mdium desenvolvido. E esse
preparo no poder ser rpido. Se a mediunidade no se apresentar assim, espontaneamente, naturalmente, sinal de que ainda no est amadurecida o
bastante para explodir.
Chico Xavier tinha pensamento semelhante. O desenvolvimento da mediunidade, dizia ele, deve ser o burilamento da criatura em si, porque o
aperfeioamento do instrumento naturalmente permitir ao Esprito comunicante manifestar-se em melhores condies.
10/02/2008
Edio 42
-
ngelo me enviou a seguinte pergunta: Supondo-se que existem mundos
superiores Terra, e sendo Jesus o governador do nosso planeta, poderamos concluir que existem Espritos superiores a Jesus?
Antes de responder a essa interessante pergunta, importante relembrar o que Emmanuel escreveu em seu livro A Caminho da Luz, obra psicografada por
Francisco Cndido Xavier. Na Terra escreveu Emmanuel - passaram as geraes de todos os tempos
com suas inquietaes e angstias; guerras ensanguentaram o roteiro dos povos; caram tronos e esfacelaram-se coroas milenrias. E os prncipes do
mundo voltaram ao teatro terreno na indumentria humilde dos escravos. S Jesus no passou, na caminhada dolorosa das raas, porque ele a Luz do
Princpio, seu corao a fonte da vida para toda a Humanidade da Terra e nas
suas mos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Por qu? que na direo de todos os fenmenos de nosso sistema, existe uma
Comunidade de Espritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo. Essa Comunidade, da qual Jesus membro, apenas se reuniu nas proximidades
da Terra duas vezes: a 1a, quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar; a 2a, quando se decidiu a vinda de Jesus Terra.
Jesus, com suas legies de trabalhadores divinos, operou a escultura geolgica do orbe, estatuiu os regulamentos dos fenmenos fsicos da Terra, organizou o
cenrio da vida e fez a presso atmosfrica adequada ao homem. O Mestre, sempre sob as vistas de Deus, estabeleceu tambm os grandes
centros de fora da ionosfera e da estratosfera e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 km de altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares.
Respondendo, ento, pergunta formulada pelo ngelo, entendemos que existem muitos Espritos Puros da estatura de Jesus, ou seja, iguais mas no
superiores a ele, porque Espritos Puros so seres que j chegaram ao pice da
evoluo e, por esse motivo, se encontram no mesmo nvel evolutivo.
17/02/2008
Edio 43
Alberto me pergunta: Diante de tantas tragdias que vm ocorrendo em nosso mundo, tem-se a impresso de que a vida no possui sentido algum. Voc
concorda com esse pensamento?
PPeerrgguunnttaa ppaarreecciiddaa ccoomm eessttaa ffooii aapprreesseennttaaddaa aa uumm ccoonnhheecciiddoo ccrroonniissttaa bbrraassiilleeiirroo,,
eemm uumm ddeebbaattee ccoomm eessttuuddaanntteess,, qquuee llhhee iinnddaaggaarraamm oo qquuee eessttaarriiaa ffaallttaannddoo ppaarraa
qquuee oo hhoommeemm,, aa hhiissttrriiaa,, oo mmuunnddoo,, eennffiimm,, ttiivveesssseemm uumm sseennttiiddoo.. OO ccrroonniissttaa,, eemm
ssuuaa rreessppoossttaa aaooss jjoovveennss,, aaffiirrmmoouu eennttoo qquuee,, sseegguunnddoo sseeuu mmooddoo ddee vveerr aass
ccooiissaass,, ffaallttaa hhiissttrriiaa ee aaoo mmuunnddoo uummaa eeddiioo ffiinnaall aa mmeessmmaa eeddiioo qquuee
ffeeiittaa nnoo cciinneemmaa,, nnooss eessppeettccuullooss ee nnooss jjoorrnnaaiiss.. OO mmuunnddoo,, aa hhiissttrriiaa ee oo hhoommeemm
nnoo ppaassssaarriiaamm ddee uumm mmaakkiinngg ooff,, uummaa ssuucceessssoo aattaabbaallhhooaaddaa ddee cceennaass,, ffrraasseess,,
eemmooeess qquuee nneecceessssiittaamm ddee uummaa mmoonnttaaggeemm ppoosstteerriioorr.. CCoomm eeffeeiittoo,, oobbsseerrvvoouu oo
ccrroonniissttaa,, oo qquuee tteemmooss vviissttoo nnaa aattuuaalliiddaaddee ssoo gguueerrrraass ee mmaassssaaccrreess iiddiioottaass,,
cciiddaaddeess eerrgguuiiddaass ee ddeessttrruuddaass,, hhoommeennss mmaattaannddoo oouuttrrooss,, ccrriiaannaass mmoorrrreennddoo ddee
ffoommee,, ddooeennaass qquuee ssuurrggeemm ee ddooeenntteess qquuee ssee vvoo,, sseemm ffaallttaarr ddooss tteerrrreemmoottooss,,
ddaass tteemmppeessttaaddeess ee ddooss ffuurraacceess.. QQuuee sseennttiiddoo ppooddee tteerr ttuuddoo iissssoo?? QQuuaannddoo vviirr
uumm eeddiittoorr ffiinnaall ppaarraa ddaarr sseennttiiddoo aa ttuuddoo??
-
AA ppeerrgguunnttaa ffoorrmmuullaaddaa ,, ccoommoo ssee vv,, ddeessssaass qquueesstteess qquuee ttmm iinnttrriiggaaddoo ee
ccoonnttiinnuuaarroo aa iinnttrriiggaarr ggeerraaeess ddee ppeessssooaass.. EE nnoo eexxiissttee,, oobbvviiaammeennttee,, uummaa
rreessppoossttaa ffcciill ppaarraa eellaa,, ppoorrqquuee aass ffiilloossooffiiaass ee rreelliiggiieess ccoonnhheecciiddaass nnoo ttmm
ddiissccuuttiiddoo,, ccoommoo ddeevviiaamm,, oo pprroobblleemmaa..
AA TTeerrrraa,, jj oo ddiissssee cceerrttaa vveezz EEmmmmaannuueell,, qquuee ffooii mmeennttoorr eessppiirriittuuaall ddoo mmddiiuumm
CChhiiccoo XXaavviieerr,, uummaa ccaassaa eemm rreeffoorrmmaa.. OO mmuunnddoo eemm qquuee vviivveemmooss uumm ppllaanneettaa
aaiinnddaa bbaassttaannttee aattrraassaaddoo ee aass ppeessssooaass qquuee nneellee nnaasscceemm nneecceessssiittaamm,, ppoorr iissssoo,, ddee
ppaassssaarr ppoorr pprroovvaass,, eexxppiiaaeess ee rreeppaarraaeess,, nneessssaa ccaammiinnhhaaddaa qquuee lleevvaarr aa
ttooddooss,, ppaassssoo aa ppaassssoo,, ppeerrffeeiioo ppoossssvveell.. SSee rreeppuuddiiaarrmmooss aa iiddeeiiaa ddaa
rreeeennccaarrnnaaoo,, ccllaarroo qquuee aa vviissoo ddoo mmuunnddoo ee ddaa hhuummaanniiddaaddee sseerr ttoo ccaattiiccaa
qquuaannttoo aappaarreenntteemmeennttee oo oo eessttaaddoo ddee ccooiissaass ddeessccrriittoo ppeelloo ccrroonniissttaa.. AA TTeerrrraa
nnoo eesstt,, nnoo eennttaannttoo,, ccoommoo mmuuiittooss ppeennssaamm,, ddeerriivvaa.. AA TTeerrrraa uummaa nnaavvee
eexxttrraaoorrddiinnrriiaa qquuee tteemm nnoo sseeuu ccoommaannddoo uumm ccoonndduuttoorr pprreeppaarraaddoo,, oo sseerr mmaaiiss
eevvoolluuddoo qquuee oo ppllaanneettaa jj vviiuu ee qquuee ssee cchhaammaa JJeessuuss.. AA ttooddaa aaoo ccoorrrreessppoonnddee
uummaa rreeaaoo,, qquueemm mmaattaarr ppeellaa eessppaaddaa mmoorrrreerr ssoobb aa eessppaaddaa,, qquueemm ccoomm ffeerrrroo
ffeerree ccoomm ffeerrrroo sseerr ffeerriiddoo,, aa sseemmeeaadduurraa lliivvrree mmaass aa ccoollhheeiittaa oobbrriiggaattrriiaa,, aa
ccaaddaa uumm sseegguunnddoo aass ssuuaass oobbrraass.. EEssssaass rreeggrraass ttoo ccoonnhheecciiddaass,, eessttaattuuddaass ppoorr
DDeeuuss,, qquuee ddiirriiggeemm ccoomm ssaabbeeddoorriiaa oo rrootteeiirroo,, aass llooccaaeess,, aass aalltteerrnnaattiivvaass ddaa
vviiddaa,, qquuee ppaarreecceemm ttoo ccoonnffuussaass ee iimmpprroovviissaaddaass mmaass qquuee oobbeeddeecceemm aa uummaa
pprrooggrraammaaoo mmeettiiccuulloossaa ee aa uummaa oorrddeemm qquuee nnoo ppooddeemm sseerr ccoommpprreeeennddiiddaass
ppeellaass ddoouuttrriinnaass mmaatteerriiaalliissttaass ee ppoorr sseeuuss ppaarrttiiddrriiooss..
24/2/2008
Edio 44
Recebi de Ana a seguinte pergunta: Quando reencarnamos, voltamos sempre
ao mesmo grupo familiar, ou podemos renascer em outra famlia e mesmo em
outro pas? Nossas diferentes existncias tanto se passam na Terra como nos diferentes
mundos que povoam o Universo. Os vnculos espirituais fazem com que geralmente voltemos ao mesmo crculo de que participamos antes em
existncias passadas, mas pode perfeitamente ocorrer que sejamos enviados a grupos e locais diferentes, sem que se perca a ligao com aqueles que formam
o que chamamos famlia espiritual. Tudo depende da natureza da prova ou da misso que nos confiada.
A reencarnao ao contrrio do que muitos pensam no destri os laos de famlia, mas os distende. Como a parentela se baseia geralmente sobre as
afeies anteriores, os laos que unem os parentes so menos precrios, de modo que podemos perfeitamente encontrar, entre os vizinhos e entre os
servidores, Espritos que estiveram ligados a ns pelos laos consanguneos.
2/3/2008
Edio 45
Marlene me pergunta o que essencial no processo de transformao moral da
criatura humana. Tiago, em sua extraordinria epstola, veio ensinar-nos que a f sem obras
morta. O Espiritismo confirma esse ensinamento mostrando-nos o valor
-
extraordinrio das obras, do trabalho em favor dos semelhantes, do amor e da caridade.
preciso, porm, que ao trabalho em favor do prximo se aliem o estudo nobilitante e o exerccio constante dos sentimentos elevados, nicos remdios
para a alma que deseja a regenerao, que so fortalecidos pela orao e pela vigilncia, como nos props Jesus na clebre advertncia: Vigiai e orai para
no cairdes em tentao! Em Londrina h um grupo esprita que adota um sistema bem prtico para a
consecuo da chamada transformao moral, assunto tratado na edio de 13 de janeiro deste ano desta revista.
Eis os cinco os passos adotados pelos participantes do grupo, tal como o leitor pode ler na edio citada:
1o. Adotar, no incio de cada dia, a metodologia dos Alcolicos Annimos (A.A.),
prometendo formalmente a si mesmo observar seu voto dirio. Da mesma forma que o Alcolico Annimo diz que hoje no beberei cousa alguma que
contenha lcool, o membro do GERA prometer a si mesmo, ao iniciar cada dia, que far ou no far tal e tal coisa. Seu voto algo particular e de seu
exclusivo conhecimento, e se origina das necessidades que o processo de autoconhecimento lhe apontar.
2o. Alm de orar diariamente nos horrios habituais, manter severa vigilncia sobre os pensamentos, os sentimentos e os atos, subordinando-os ideia
central que motivou o voto dirio. 3o. Avaliar, antes de dormir, o desempenho individual no dia que se finda, tal
como ensinado pelo Esprito de Santo Agostinho na lio constante da questo 919 de O Livro dos Espritos, repassando os atos e acontecimentos do dia e
formulando o desejo de no reincidir nos erros porventura cometidos. 4o. Deitar-se, com objetivo de dormir, antes das 2 horas da madrugada, de
modo a assegurar sua participao, durante o sono corporal, nas atividades que
os componentes do GERA realizam no perodo das 2 s 5 horas da madrugada, semelhana do que narrado no livro Algum chorou por mim, de Fernando
do . 5o. Participar de pelo menos duas das quatro reunies que o grupo realiza em
cada ano. Essas reunies constam de um culto evanglico, seguido de depoimentos dos membros do grupo e da confraternizao final. Mas esta
uma obrigao acessria, cuja inobservncia no impede a permanncia da pessoa como membro do grupo.
A propsito da importncia da chamada reforma ntima, bom lembrar que, segundo Kardec, o verdadeiro esprita se reconhece por sua transformao
moral e pelos esforos que faz para domar suas inclinaes inferiores.
9/3/2008
Edio 46
Adelaide me perguntou: Jesus morreu, ressuscitou e seu esprito foi para Deus.
E a carne, para onde foi? Os evangelhos informam que Jesus morreu e, no terceiro dia, ressuscitou e
subiu ao Pai. O que teria sido feito de seu corpo, j que ele sumiu? Para responder a isso preciso lembrar o que nos ensina So Paulo em sua 1a
Epstola aos Corntios. A ressurreio, diz ele, no ressurreio da carne, mas ressurreio do esprito. E nos ensina que enterrando-se o corpo carnal
-
ressurge o corpo espiritual, ou seja, possumos um corpo de carne e um corpo espiritual, e este, o corpo espiritual, que ressurge, que ressuscita. Jesus,
portanto, ressurgiu em esprito, com seu corpo espiritual. O corpo espiritual, ou perisprito, tem a propriedade de se materializar e foi assim, materializado, que
Jesus no apenas apareceu como se deixou tocar pelos discpulos. Quanto ao corpo carnal do Mestre, acreditamos que ele tenha sido desagregado, por ao
dele mesmo ou dos Espritos que o assessoravam naquele momento. Edgard Armond relata no livro O Redentor, cap. 44, como se deu o fato do
desaparecimento do corpo de Jesus. Existem trs provas de que Jesus no ressurgiu com o corpo material: 1a. Maria
de Magdala no o reconheceu e no viu feridas no seu corpo. 2a. Pedro e os apstolos no viram nele nenhum ferimento. 3a. Ao aparecer para os apstolos,
estando Tom presente, Jesus imprimiu no seu corpo espiritual uma
modificao que fez com que as chagas ficassem visveis, o que uma propriedade do perisprito, que pode assumir a forma desejada, a critrio do
Esprito.
16/3/2008
Edio 47
Elza me pergunta se vale a pena ler o livro A vida de Jesus, de Ernesto Renan. O livro de Renan sobre a vida de Jesus foi comentado por Kardec. Renan foi,
como se s