o estado verde - edição 22338 - 09 de setembro de 2014

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O documento foi divulgado na Assembleia Legislativa, e é resultado de um intenso processo de discussão que se desenrola desde 2012. ANO VI - EDIÇÃO N o 354 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 9 de setembro de 2014 PECÉM Divulgada agenda estratégica para o complexo Pág. 8 O segundo maior bioma do País possui uma área de aproximadamente 203 milhões de hectares, mas só restam 20% em estado absolutamente crítico. LIMPA BRASIL Prefeito vence o desafio Fortaleza arrecadou 42 toneladas. O material recolhido será entregue às cooperativas e associações de catadores da Cidade. Pág. 12 ALERTA O Cerrado está desprotegido e boa parte já desapareceu FOTO: BETH DREHER DIVULGAÇÃO Págs. 5, 6 e 7

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22338 - 09 de setembro de 2014

O documento foi divulgado na Assembleia Legislativa, e é resultado de um intenso processo de discussão que se desenrola desde 2012.

ANO VI - EDIÇÃO No 354FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 9 de setembro de 2014

PECÉM Divulgada agenda estratégica para o complexo

Pág. 8

O segundo maior bioma do País possui uma área de aproximadamente 203 milhões de hectares, mas só restam 20% em estado absolutamente crítico.

LIMPA BRASIL

Prefeito vence o desafioFortaleza arrecadou 42 toneladas. O material recolhido será entregue às cooperativas e associações de catadores da Cidade. Pág. 12

ALERTAO Cerrado está desprotegido e boa parte já desapareceu

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Págs. 5, 6 e 7

Page 2: O Estado Verde - Edição 22338 - 09 de setembro de 2014

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

ÁGUA A inclusão da água entre os direitos so-

ciais está em análise na Câmara dos De-putados. Duas propostas tramitam juntas: a PECs 39/07, do deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) e a mais re-cente, a 213/12, da deputada Janete Ro-cha Pietá (PT-SP). Já foram aprovadas na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e serão analisadas por uma comissão especial, alteram a Cons-tituição para incluir o acesso à água entre os demais direitos sociais.SER DO BEM

Bonito o Projeto Ser do Bem, da C. Rolim Engenharia e César Rêgo Imó-veis. Um belo exemplo de responsabili-dade social empresarial e uma bela fór-mula para engajar colaboradores com as questões intrinsicamente relaciona-das: a ambiental, a social e a qualidade de vida. “O Projeto promove oportuni-dades para mudança de atitudes em re-lação ao bem-estar e os cuidados com o mundo”, disse a empresária Ticiana Queiroz, dirigente do Grupo C. Rolim.

REDUÇÃO DA MAIORIDADEPesquisa Ibope revela que 83 por cen-

to dos brasileiros são a favor da redu-ção da maioridade penal de 18 para 16 anos. A questão é polêmica, a socieda-de precisa parar para discutir o assun-to. Principalmente, o uso de crianças e adolescentes por redes criminosas. AÇO

Recebi o Relatório de Sustentabilida-de do Grupo Aço Cearense. Documen-to elaborado de acordo com as diretri-zes do Global Reporting Initiative (GRI) relata e divulga o desempenho eco-nômico, ambiental, social e de gover-nança da organização cearense. Cada vez mais empresas querem tornar suas operações mais sustentáveis e estabe-lecer um processo de elaboração de relatório de sustentabilidade para medir desempenhos, estabelecer objetivos e monitorar mudanças operacionais.

Refl exão: “A mudança climática põe em risco a saúde humana”. Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde.

A mudança climática é um tema urgente para todas as nações do mundo e de grande interesse, principalmente, da Organização das Nações Unidas (ONU) ou talvez, o mais correto seria dizer, de grande preocupação da ONU. A próxima conferência mundial sobre o tema clima ou Conferência das Partes (COP20) sobre Mudança Climática será em Lima, de 3 a 14 de dezembro deste ano, e terá como objetivo “estabelecer um novo acordo climático sólido e vinculante para o mundo”.

Antes da reunião na capital peruana, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, receberá líderes políticos, sociedade civil, empresas e entes ligados às fi nanças, para juntos, mais uma vez, questionar e tentar encontrar soluções comuns para as questões climáticas. A Cúpula do Clima, promovida pela entidade, acontece no dia 23 de setembro na sede da ONU, em Nova York.

Espero que tanto nos EUA como no Peru, tenhamos algo conclusivo e que não seja mais uma frustrante conferência. O sucesso da reunião em Nova York tornará mais provável a aprovação de um acordo internacional que substitua o Protocolo de Kyoto. Trata-se da primeira ocasião, desde a conferência de Cope-nhague (2009), que tantos líderes mundiais se reúnem para discutir a questão. Os dirigentes dos dois países que mais emitem carbono, os presidentes Barack Obama (EUA) e Xi Jinping (China) estarão presentes.

Durante a Cúpula na Big Aplle, poderá acontecer uma marcha pelo clima, tal-vez, a maior já pensada e organizada em todo o mundo, e que reunirá dezenas de milhares de manifestantes globais, naquela cidade. Centenas de organiza-ções planejam atos e manifestações, mostra de documentários e outros encon-tros, para apresentar a evidência avassaladora das consequências da mudança do clima e as soluções viáveis para o problema.

CLIMA

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

VERDE

09 DE SETEMBRODIA DO VETERINÁRIO

• Hoje comemoramos o veterinário, profi ssional que dedica cinco anos de estudos, pelo menos, para cuidar da saúde de animais. As escolas de veteri-nária já existiam no Brasil, desde 1910, mas foi o Decreto nº 23.133, assina-do pelo então presidente Getúlio Vargas bo dia 9 de setembro de 1933 que normatizou a atuação do médico veterinário e o ensino dessa profi ssão. Em reconhecimento, a data passou a valer como o Dia do Veterinário.

11 DE SETEMBRODIA DO CERRADO

• Segundo maior bioma do Brasil, o Cerrado tem uma área de mais de dois milhões de km² distribuídos entre oito estados brasileiros, além do Distrito Federal. Junto com a Caatinga ocupa um terço do território nacional.

16 DE SETEMBRODIA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO

• A data surgiu com o “Protocolo de Montreal” assinado por 46 países em 16/09/1987 na cidade canadense que deu nome ao documento. As na-ções comprometeram-se a parar de produzir o gás clorofl uorcarbono (CFC), apontado como o maior responsável pela destruição da fi na camada de gás ozônio (O3), localizada na estratosfera que prote-ge a Terra dos raios ultravioleta. Diariamente a Nasa mede as alterações na camada e publica na página www.ozonewatch.gsfc.nasa.gov/

DIA INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES NATURAIS

• Observa-se no planeta, o aumento da vulne-rabilidade para desastres naturais e o aumento dos danos causados por eles. Segundo a ONU, devemos trabalhar para construir uma cultura de redução de riscos e impactos, por isso, é preciso, o mais cedo possível, sensibilizar e educar crian-ças e jovens de todo o mundo para enfrentar o problema. “É preciso construir infraestrutura, escolas, hospitais, sistemas de água e esgoto e governos resilientes”.

AGENDA VERDE

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Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mudanças climáticas e a saúde estão for-temente relacionadas. A dire-

tora geral da OMS, Margaret Chan, de-fende a necessidade de o setor da saúde promover estratégias inteligentes em termos climáticos. “As evidências são devastadoras: a mudança climática põe em risco a saúde humana. Existem solu-ções e precisamos agir de forma decisiva para mudar essa trajetória”, disse Chan, durante a solenidade de abertura da pri-meira Conferência Global sobre a Saúde e o Clima, dia 27 de agosto, na sede da ONU, em Genebra.

“A evidência é esmagadora: a mu-dança climática põe em risco a saúde humana. Soluções existem e precisa-mos agir de forma decisiva para mudar essa trajetória”, apelou a diretora-geral da OMS durante o encontro que contou com a participação de 300 profi ssionais dos setores da saúde e do meio ambien-te. Chan defendeu a necessidade de o setor da saúde “promover estratégias inteligentes em termos climáticos. Há uma abundância de benefícios para a saúde que podem ser obtidos a partir do combate às alterações climáticas,

além de reforçar e aumentar a resiliên-cia dos nossos sistemas”.

Também, a diretora geral adjunta da OMS para a saúde da família, mulher e criança, Flavia Bustreo, convocou os res-ponsáveis das áreas da saúde e ambiente de todo o mundo a encontrarem soluções inteligentes para fazer face aos efeitos das mudanças climáticas. “As popula-ções vulneráveis, os pobres, os desfavo-recidos e as crianças estão entre aqueles que sofrem a maior carga dos impactos relacionados com o clima e consequentes doenças, como a malária, diarreia e des-nutrição, que já mata milhões de pessoas por ano”, disse Flavia Bustreo.

POLUIÇÃO DO ARO cuidado com o tema pode garantir

uma adaptação mais suave de comuni-dades em todo o mundo, aos impactos do calor, da insegurança alimentar e dos eventos climáticos extremos, de acordo com agência da ONU. A OMS considera que a mudança de políticas de energia e de transportes pode sal-var milhões de vidas de doenças cau-sadas por altos níveis de poluição do ar, que defende uma atenção especial a setores fundamentais como a saúde, a energia e o transporte.

Em entrevista a TV ONU, o responsá-vel pela Saúde Ambiental da OMS, Diar-mid Campbell-Lendrum, afi rmou que “evidências recentes da OMS indicam que cerca de sete milhões de pessoas morrem a cada ano por causa da polui-ção do ar. As mesmas coisas que causam a poluição do ar, também, interferem nas mudanças climáticas, assim sendo, podemos atingir dois problemas de uma vez: salvar vidas e ajudar a reduzir os danos ao clima global”.

O fato de a mudança climática está afetando a saúde de forma muito sig-nifi cativa em nível global, como con-fi rmado pela OMS na Conferência em Genebra, as Nações Unidas, também se pronunciaram sobre o assunto. O

secretário-geral, Ban Ki-moon, pediu aos participantes para se prepararem e se adaptarem à mudança, enfatizando que as condições meteorológicas previs-tas estão ameaçando a vida das pessoas. “Muitas doenças perigosas são sensíveis às condições climáticas. E a poluição do ar aumenta bastante a carga global de morte e de doenças”, disse.

BEM PREPARADOSPara a secretária executiva da Con-

venção-Quadro sobre Mudanças Cli-máticas da ONU, Christiana Figueres: “À medida que o mundo torna-se mais quente e mais densamente povoado, e como a demanda por alimentos, água e energia cresce, esses impactos na saúde vai se espalhar exponencialmente, im-possibilitando a capacidade de resposta dos setores de saúde e de reconstrução de desastres”. Segundo os especialistas, medidas de adaptação às alterações cli-máticas podem salvar vidas em todo o mundo e garantir que as comunidades estejam mais bem preparadas para lidar com o impacto do calor, das condições meteorológicas extremas, das doenças infecciosas e da insegurança alimentar.

Com informações da ONU e UNIC.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

VERDE

A OMS defende a promoção de estratégias inteligentes em termos climáticos. A malária, a diarreia e a desnutrição matam milhões de pessoas por ano

A mudança climática põe em risco a saúde humana

ALERTA

DIVULGAÇÃO

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4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

VERDE

Com o aval da International Scientific Commitee (ISC), pela primeira vez, simpósio acontece no Brasil. A ex-pectativa é que mais de 1000 pesquisadores participem

O Brasil sediará pela primeira vez, o International Biotechno-logy Symposium and Exhibi-tion. A 16ª edição do Simpósio

Internacional de Biotecnologia (IBS, sigla em inglês), considerado o maior do mun-do no segmento, acontece de 14 a 19 de setembro, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, promovido pela Universi-dade Federal do Ceará (UFC) e pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC, na sigla em inglês), com o apoio da Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional da Agricultura (CNI), Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Centro Interna-cional de Negócios (CIN/CE) e Federação das Indústrias do estado do Ceará (Fiec), dentre outras entidades.

No centro das discussões: “Biotecno-logia para o Desenvolvimento da Econo-mia Verde”. De acordo com o chairman do evento, Osvaldo Carioca, professor, pesquisador da UFC, serão apresentados os mais avançados temas em biotecno-logia, química verde e assuntos relacio-nados, os quais serão discutidos por um seleto grupo internacional de oradores e ouvintes, com o aval do International Scientifi c Commitee (ISC). “A expectati-va é que mais de 1000 pesquisadores de 80 nacionalidades compareçam”.

Depois de ter passado por países como Canadá, Estados Unidos, França, Itália e China, pesquisadores e convidados, reuni-dos na Capital cearense, irão trocar experi-ências, conhecer mais sobre tendências de mercados e inovações em áreas como: Bio-logia Molecular e Bioinformática; Agrone-gócios (animal, agricultura e aquicultura);

Industrial e Biotecnologia Ambiental; Pro-dutos Farmacêuticos e Biotecnologia; Eco-nomia Verde: Bioprocessos e Bioprodutos – Biocombustíveis; Cooperação Interna-cional e Biodireito; e Projetos de Inovação e Empreendedorismo.

INTERCÂMBIO E NEGÓCIOSO intercâmbio de tecnologias e a

aproximação entre os diversos elos do bionegócio – pesquisa e indústria – serão destacados em programações paralelas à discussão científi ca. Para promover a cooperação internacional, o International Biotechnology Sympo-sium and Exhibition (IBS) irá fomentar a criação de uma Plataforma Interna-cional de Pesquisa. A ferramenta irá possibilitar um intercâmbio dos proje-tos de cooperação cientifi ca, que englo-bam trabalhos de pesquisadores e es-tudantes, entre Redes de Biotecnologia e os países membros da Federação Eu-ropeia de Biotecnologia, promovendo a transferência de novas tecnologias em temas estratégicos da Biotecnologia.

PELA PRIMEIRA VEZNa área de inovação e empreende-

dorismo, a programação do IBS 2014 trará pela primeira vez o Biobusiness Forum - Biobusiness Meeting and Star-tup Demo Day, dias 17 e 18 de setem-bro de 2014. O objetivo é promover o intercâmbio e a transferência de tecno-logias entre os ofertantes de soluções tecnológicas, empresas, startups incu-badas e investidores, para aumentar a competitividade dos setores produtivos impactados pela Biotecnologia.

Evento internacional acontece em Fortaleza

BIOTECNOLOGIA

JORNALISTA E ESCRITOR

LEI DA EXPLORAÇÃO MINERAL Lei nO 7.805 de 18/07/1989. Este

diploma legal regulamenta as ativi-dades garimpeiras, para as quais se torna obrigatória a licença ambiental prévia, que deve ser concedida pelo órgão ambiental competente. Os trabalhos de pesquisa ou lavra, que causarem danos ao meio ambiente são passíveis de suspensão, sendo o titular da autorização de explora-ção dos minérios responsável pelos danos ambientais. A atividade ga-rimpeira executada sem permissão ou licenciamento constitui crime.

LEI DA FAUNA SILVESTRE A lei no 5.197 de 03/01/1967, clas-

sifi ca como crime o uso, perseguição, apanha de animais silvestres, caça profi ssional, comércio de espécies da fauna silvestre e produtos derivados de sua caça, além de proibir a intro-dução de espécie exótica (importada) e a caça amadorística sem autoriza-ção do Ibama. Criminaliza também a exportação de peles e couros de anfí-bios e répteis em bruto.

LEI DAS FLORESTAS Trata-se do Novo Código Flores-

tal Brasileiro (Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012, oriunda do Projeto de Lei no 1.876/99). É a lei brasileira que dispõe sobre a proteção da vegeta-ção nativa, e que revogou o Código Florestal Brasileiro de 1965. Entre outras determinações, o Código em vigor estabelece a proteção da ve-

getação nativa de margens de rios, lagos e nascentes, tendo como pa-râmetro o nível regular da água. Vár-zeas, mangues, matas de encostas, topos dos morros e áreas com alti-tude superior a 1800 metros podem ser utilizadas para determinadas ati-vidades econômicas.

LEI DO GERENCIAMENTO COSTEIRO

A lei nO 7.661 de 16/05/1988, de-fi ne as diretrizes para criar o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, ou seja, defi ne o que é zona costeira como espaço geográfi co da interação do ar, do mar e da terra, incluindo os recursos naturais e abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. Permi-te aos Estados e Municípios costeiros instituírem seus próprios planos de gerenciamento costeiro, desde que prevaleçam as normas mais restriti-vas. Este gerenciamento costeiro deve obedecer as normas do Conselho Na-cional do Meio Ambiente (CONAMA).

CRIAÇÃO DO IBAMA A lei no 7.735 de 22/02/1989, criou

o Instituto Brasileiro de Meio Ambien-te e Recursos Renováveis (Ibama), incorporando a Secretaria Especial do Meio Ambiente e as agências fe-derais na área de pesca, desenvolvi-mento fl orestal e borracha. Ao IBAMA compete executar a política nacional do meio ambiente, atuando para con-servar, fi scalizar, controlar e fomentar o uso racional dos recursos naturais.

PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Como se disse na edição anterior, o patrimônio jurídico-institucional bra-sileiro que permite a tutela dos bens ambientais, até como direitos funda-mentais da pessoa humana, é de larga riqueza entre nós. Falece-nos, no entanto, a cultura da obediência aos ditames legais, o que gera uma série de constrangimentos à sociedade como um todo. Todavia, é constante o avanço na compreensão da importância de se consolidar um pensamento ecológico voltado para a preservação do nosso rico e imenso ecossistema. Continuamos a apresentação das principais leis ambientais que constam do ordenamento jurídico brasileiro, lista resultante de trabalho elaborado pelo professor Paulo Affonso Leme Machado.

Page 5: O Estado Verde - Edição 22338 - 09 de setembro de 2014

POR TARCILIA [email protected]

O Dia Nacional do Cerrado é comemorado nesta quinta--feira (11) e é lembrado com preocupação por especia-

lista. O segundo maior bioma do País, possui uma área de aproximadamen-te 203 milhões de hectares, segundo IBGE (2004), distribuídos entre oito estados brasileiros, além do Distri-to Federal. Junto com a Caatinga, ele ocupa um terço do território nacional e parte dele está em uma região alta, o Planalto Central, área onde a água se acumula para depois escoar, con-tribuindo para a formação de oito das doze bacias hidrográfi cas do País.

DESPROTEGIDOPara o professor Eleazar Volpa-

to, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília

(UNB), o Cerrado está desprotegido e boa parte dele já desapareceu. “Só res-tam 20% do Bioma, em estado absolu-tamente crítico”, disse o especialista, destacando a urgência da criação de Unidades de Conservação (UC’s), para barrar a tendência de aumento do des-matamento na região.

“O Estado deve priorizar a criação de UC’s. Mas falta vontade política para tornar indisponíveis as terras que ainda são do Estado. Um caminho é baixar um decreto para transformar as áreas restantes em unidades de conservação. Na Europa, por exemplo, 44% do território são mantidos como áreas verdes de florestas, o dobro do que temos no Cerrado”. Volpato des-taca como instrumento o § 5º, do arti-go 225 da Constituição que considera “indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à prote-ção dos ecossistemas naturais”.

ÁREAS PROTEGIDASSegundo informou o Ministério do Meio

Ambiente (MMA), o bioma conta com 192 UC’s. Destas, 56 são Áreas de Proteção Ambiental (Apa), categoria menos restri-tiva segundo o Snuc - Sistema Nacional de Unidades de Conservação. “Embora correspondam a 29% em número de uni-dades, as APA’s, devido ao fato de serem normalmente muito extensas em termos de área, representam 63% da área total protegida no bioma. Apenas 2,85% do total destas unidades, pertencem a cate-goria de proteção integral que são aquelas unidades que têm como objetivo básico preservar a natureza, livrando-a, o quanto possível da interferência humana.

CAATINGA E CERRADO: ALGO EM COMUM

O Cerrado é uma área prioritária para a conservação do planeta, por isso é considerado um dos hotspots da biodiversidade e detém as maiores

reservas subterrâneas de água doce do mundo: Aquíferos Guarani, Bambuí e Urucaia que abastecem as principais bacias hidrográfi cas do País. Apesar de todo o potencial biodiverso e hídrico, é uma das áreas mais ameaçadas do glo-bo, e como a Caatinga, que é o único bioma exclusivamente brasileiro, não é reconhecido como Patrimônio Nacio-nal pela Constituição Federal. É como se não existisse, ofi cialmente, um terço da biodiversidade brasileira.

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC115/95) tenta corrigir esta distor-ção, mas os legisladores, de forma re-corrente, não apreciam a matéria, que esse ano, completa 19 anos. A proposição altera o § 4o do art. 225 da Constituição, para incluir os dois biomas entre aqueles considerados patrimônio nacional. Em 2010 ao incluir a Caatinga e passou a ser denominada de PEC - 504/2010. A não aprovação da PEC coloca em perigo os territórios e a biodiversidade do Cerrado.

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

VERDE

Dia do Bioma que detém as maiores reservas subterrâneas

de água doce do mundo

CERRADO

A data é para comemorar, mas especialista alerta que o ecossistema está desprotegido e boa parte já desapareceu. Segundo o MMA, o território conta com 192 unidades de conservação

Page 6: O Estado Verde - Edição 22338 - 09 de setembro de 2014

6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

VERDE

FONTE DE DADOS: PMDBBS/ IBAMACENÁRIO INTERNACIONAL

Segundo o MMA, embora o Cerrado ainda não tenha sido alçado à condi-ção de patrimônio nacional, o Gover-no Federal, durante a 15a Conferência das Partes da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 15), realizada em 2009, em Copenhague, “colocou o Cerrado no cenário internacional, ao estabele-cer a meta de redução de 40% do des-matamento no Bioma com o objetivo de alcançar o compromisso nacional voluntário de redução dos gases de efeito estufa até 2020”.

“Após essa exposição internacional na COP 15, vários países se interessaram em investir na proteção e conservação do Cerrado, como o caso do Governo Alemão, do Reino Unido e fundos inter-nacionais, a exemplo do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, sigla em inglês) e do Programa de Investimento Florestal (FIP, sigla em inglês). Muitos conferencistas desconheciam que 25% do território brasileiro são compostos por formação savânica”.

PRESERVAR Além de ser considerada a nossa “cai-

xa d’água” por contribuir para a forma-ção de oito das doze bacias hidrográfi cas do Brasil, para especialistas a devasta-ção do Cerrado ameaça o fornecimento

de água doce ao País e pode contribuir para uma crise energética. O professor Volpato, afi rma que “corremos sim”, o risco de perder este recurso [Cerrado]. “Sob o ponto de vista ambiental, o bio-ma é extraordinário, com certas especi-fi cidades e com imensuráveis recursos biológicos e genéticos. Há muita poten-cialidade para ser aproveitada”, disse o professor da UNB, lembrando o quanto a preservação é necessária para a manu-tenção do clima e dá água.

DESMATAMENTODe acordo com Volpato, uma das fra-

gilidades do Cerrado, “além de estar situado em área plana e o solo rico que propicia a agricultura, a vegetação bai-xa”, facilita o desmatamento. No entan-to, dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasilei-ros por Satélites (PMDBBS), atualmente disponíveis, mostra que o desmatamento não avançou na região. Veja gráfi co.

O MMA informou que o próprio Mi-nistério, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-nováveis (Ibama), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Nacional de Pesquisas Espa-ciais (Inpe) e as universidades federias de Goiás e Minas Gerais, estão atuali-zando os dados do monitoramento do desmatamento no Cerrado até 2013.

CERRADO: FAUNA E FLORAO Cerrado detém 5% da biodiversidade do planeta, sendo considerado a savana mais rica do mundo. Compreende um mosaico de vários tipos de vegeta-ção, desde fi sionomias campestres, savânicas e até fl orestais, como as matas secas e as matas de galeria. Ribeiro & Walter (2008) descreveram 11 tipos fi tofi sio-nômicos entre as formações fl orestais, savânicas e campestres do bioma. A alta diversidade de ambientes se refl ete em uma elevada riqueza de espécies, com plantas herbáce-as, arbustivas, arbóreas e cipós, totalizando 12.356 espécies que ocorrem espontaneamente e uma fl ora vascular nativa (pteridófi tas e fanerógamas) somando 11.627 espécies (Mendonça et al. 2008), sendo aproxi-madamente 44% da fl ora endêmica (Klink & Machado 2005), tornando-o a savana tropical mais rica do mun-do. Do mesmo modo, a diversidade da fauna é eleva-da. Existem cerca de 320.000 espécies de animais na região, sendo apenas 0,6% formada por vertebrados. Entre esses, os insetos têm posição de destaque com cerca de 90.000 espécies, representando 28% de toda a biota do Cerrado (Aguiar et al. 2004).

Fonte: Ministério do Meio Ambiente.

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7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

VERDE

PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROSO Parque Nacional da Chapada dos Vea-

deiros, criado em 1961, protege uma área de 65.514 ha do Cerrado de altitude. São diversas formações vegetais; centenas de nascentes e cursos d água; rochas com mais de um bilhão de anos, além de paisagens de rara beleza, com feições que se alteram ao longo do ano.

O Parque também preserva áreas de antigos garimpos, como parte da história local e foi de-clarado Patrimônio Mundial Natural em 2001 pela UNESCO. Além da conservação, o Parque tem como objetivos a pesquisa científi ca, a edu-cação ambiental e a visitação pública.

A caminhada e banhos de cachoeira são as principais atividades no Parque nas imensas pai-sagens da Chapada numa viagem pelo Cerrado brasileiro em antigas rotas usadas por garimpei-ros, que hoje são utilizados pelos visitantes.

Fonte:http://www.icmbio.gov.br/parnachapadadosveadeiros/

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MUDANÇAS CLIMÁTICASQuando o assunto é Mudança

Climática no Cerrado, voltamos à questão das UC’s. Para Volpato, dentre as ações que devem ser empreendidas para fazer frente aos efeitos do fenô-meno, é a criação de mais áreas prote-gidas. “Seria um grande avanço, é um instrumento para balancear ou ser um contra ponto, para o enfrentamento desse processo que é potencializado em decorrência do avanço da fronteira agrícola e agropecuária sobre o já fra-gilizado ecossistema natural”. O en-genheiro florestal da UNB citou ainda a regularização fundiária.

Para o Governo Federal, de acordo com o MMA, dentre as ações de adapta-ção e combate aos efeitos das alterações do clima, foi estabelecida uma meta de redução de 40% do desmatamento no Cerrado até 2020 e o Brasil conta com um Plano Interministerial para Preven-ção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), ex-ecutado por 17 ministérios, coordenados pelo MMA e nele foram previstas ações de proteção e conservação do Cerrado.

“O referido Plano foi orçado em 334 milhões de reais, com avanço em cerca de 60% das ações previstas. A segunda fase do Plano foi fi nalizada recente-mente e será lançada no fi nal de outu-bro, cujos investimentos estão na ordem de 596 milhões, um aumento de 78% em relação aos recursos da primeira fase do PPCerrado”, explica o MMA, através da assessoria de imprensa.

Page 8: O Estado Verde - Edição 22338 - 09 de setembro de 2014

8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

VERDE

Documento visa orientar o desenvolvimento de ações nos níveis público e privado para o desenvolvimento sustentável do entorno do CIPP. O encontro foi na Assembleia Legislativa

Lançada Agenda Estratégica para o Complexo do Pecém

PECÉM SUSTENTÁVEL

Representantes de instituições públicas e privadas reuniram-se, na última quarta-feira (3), na Assembleia Legislativa,

para discutir o Pacto pelo Pecém, em seu II Encontro Estadual. Coordenado pelo Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. O objetivo do en-contro foi alinhar as posições dos par-ticipantes do pacto quanto à defi nição de ações nos níveis público e privado de acordo com o documento “Agenda Es-tratégica para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP)”, resultante do intenso processo de discussão que se desenrola desde 2012.

O documento conta com contribuições de mais de 100 instituições e entidades de diferentes segmentos e setores da sociedade. A agenda divulgada aponta um conjunto de diretrizes orientadoras para o enfrentamento dos sete desafi os já identifi cados. Na sequência para cada diretriz foram apresentadas as ações de curto, médio e longo prazo. Para cada ação são indicadas as instituições ou en-tidades responsáveis pela coordenação e execução e a estratégia para implemen-tação e monitoramento.

PLANO DE GESTÃO AMBIENTALOs desafi os em busca de consensos

para a implementação sustentável do CIPP passam, principalmente, pela dimensão socioambiental. Um dos de-safi os identifi cados é a necessidade de elaboração e implantação de um Plano de Gestão Ambiental Integrado e Par-ticipativo (PGAI), que promova a pro-teção do meio ambiente e o uso susten-tável dos recursos naturais, através de ações integradas e participativas en-volvendo órgãos públicos, privados e a sociedade civil organizada.

De acordo com Francisco Carlos Be-

zerra, membro do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa, o modelo de Gestão Ambiental (GA) concebido no âmbito do PGAI/CIPP deverá ser basea-do em ações compartilhadas de institu-ições a nível federal, estadual e munici-pal e terá como foco principal o controle e monitoramento das atividades com potencial degradador ou poluidor.

Nas consultas e debates que ocorre-ram na primeira etapa de elaboração do Cenário Atual do CIPP, as questões referentes aos aspectos ambientais en-volvidos no empreendimento estiveram presentes de forma enfática. O cresci-mento populacional, a ocupação urbana desordenada em áreas de proteção am-biental, os impactos ambientais causa-dos ao ecossistema costeiro, a desca-racterização das praias, a disposição inadequada de resíduos sólidos, urba-nos e industriais, são alguns dos prob-lemas identifi cados na região.

Frente a este contexto ambiental e a preocupação em relação ao agrava-

mento da situação, as instituições e entidades participantes do Pacto pelo Pecém identifi caram diretrizes para superar o desafi o de elaborar e imple-mentar um Plano de Gestão Ambiental (PGA) integrado e participativo.

Durante a apresentação a coordena-dora técnica do conselho de Altos Estu-dos, Rosana Garjulli, destacou algumas diretrizes do PGA, como a promoção e implementação dos instrumentos de GA, tais como fi scalização, monitora-mento, licenciamento e controle; cria-ção e implantação de novas unidades de proteção integral e regulamentar a gestão das existentes; elaboração e im-plementação de um programa de Edu-

cação Ambiental voltado para o CIPP e a integração e fortalecimento dos órgãos responsáveis pelas políticas ambientais nas três esferas de Governo.

PARCERIAS “Ao todo, foram 35 ações propostas,

que deverão ser postas em prática em curto e médio prazo. Caberá ao Con-selho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) o detalhamento metodológico e a negociação de recur-sos para o cumprimento destas tarefas”, comenta Rosana Garjulli. Ela destaca ainda que a participação da população em todo o processo é de extrema im-portância e contará com a participação de órgãos ambientais das três esferas públicas, instituições da academia, da sociedade civil organizada, sob a co-ordenação do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam).

Na lista de parceiros do PGAI do CIPP estão as seguintes entidades: Conpam, Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), Núcleo de Tecnolo-gia Industrial do Ceará (Nutec), As-sociação das Empresas do Distrito Industrial (Aedi), Serviço Social da Indústria (Sesi), IES, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Co-gerh), Instituto Federal do Ceará (IFCE), Serviço Nacional da Indús-tria (Senai), Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), Secretarias Munici-pais de Educação e Meio Ambiente de Caucaia, São Gonçalo e Paracuru.

ENTENDAO Pacto pelo Pecém teve início em

2011 e surgiu da iniciativa do Governo do Estado em envolver o parlamento cearense na refl exão de caminhos para que o Complexo Industrial e Portuário

do Pecém cumpra o seu papel de indu-tor do desenvolvimento do Estado, po-tencializando os efeitos benéfi cos espe-rados e minimizando ou superando as ameaças aos seus objetivos.

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POR JESSICA [email protected]

Criado em 1997, o Parque Bo-tânico do Ceará, localizado no município de Caucaia, é um dos principais símbolos

da preservação ambiental no Estado. Criado pelo Decreto no 24.216/1997, e inaugurado em junho de 1998, o local serve, de habitat para diversas espécies nativas da fl ora e da fauna da Região Nordeste. Apesar de ser um lugar ideal para quem gosta de passeios e estar em contato com a natureza - possui orqui-dário, meliponário, horto de plantas medicinais, trilhas e um lago artifi cial com quiosques - é pouco conhecido e visitado por turistas e também pelos cearenses, não por falta de atrações, mas pela falta de divulgação.

Idealizado pelo atual coordenador do Núcleo de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), o Parque Botânico possui uma área de 190 hec-tares e fi ca no caminho das praias de Iparana e Icaraí, a 15 km de Fortaleza. A principal função do equipamento é de educação e recreação, além de fomentar a cultura ecológica e propiciar à popula-ção de lazer e diversão, também propicia informações sobre a fi sionomia botânica do Ceará. A administração informou que está sendo feita uma grande reforma no local e em breve será amplamente divul-gado e aberto à visitação pública.

HISTÓRIASegundo o seu criador, Renato Aragão,

sempre que passava em frente àquela área, com destino às praias do litoral de Caucaia , sentia-se curioso em relação ao terreno que margeava a estrada. “Havia uma grande área cercada e com a vege-tação bem protegida.” Certa ocasião, re-solveu parar e viu que tinha um soldado da Marinha vigiando o local. Ele soube, então, que o terreno era da corporação

militar e se destinava à implantação de uma estação de rastreamento de navios.

Curioso, foi até a Capitania dos Por-tos. “Informaram que a área não seria mais utilizada, porque, com o surgimen-to do GPS (Sistema de Posicionamento Global, utilizado para determinação da posição na superfície da Terra ou em ór-bita), tornava-se sem sentido a estação”, explica. O espírito de ambientalista fez Aragão descobrir que o terreno tinha sido doado à Marinha pelo governador do Estado, César Cals Neto.

Na época, Renato fazia parte da Su-perintendência Estadual do Meio Am-biente (Semace) e foi convidado para elaborar as diretrizes da Política Flo-restal do Estado. Conseguiu colocar na Lei 12.488, de 1995, em seu artigo 48, a revogação da doação, e assim fez retor-nar para o Estado o terreno. Após isso, buscou parcerias com várias empresas privadas e deu início a construção do Parque Botânico do Ceará.

O parque fi cou, durante 12 anos, sen-do administrado pela Fiec, mediante convênio com a participação do Go-verno do Estado do Ceará por meio da Semace e indiretamente pelo Governo Municipal de Caucaia. Em 9 de julho de

2010, voltou a ser gerenciado pela Su-perintendência Estadual e atualmente é coordenado pelo Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam).

“Foram doze anos sendo administrados pela Fiec e depois foi devolvido para o Es-tado, mas tivemos uma grande decepção, no início da semana estivemos no Par-que e descobrimos que todas as placas de inauguração e das empresas parceiras que colaboraram com a construção do espaço, foram retiradas. Isso é apagar a memória

do Parque”, informou Aragão.Segundo a assessoria de comunicação

do Conpam, que administra o Parque, uma grande reforma está sendo con-cluída no local para melhor atender os visitantes. Por este motivo as placas de inauguração e as das empresas que aju-daram a construir o Parque foram tem-porariamente retiradas. Eles informam ainda que novas trilhas e quiosques estão sendo construídos para melhor atender quem visita o local.

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Onde fica e o que representa o Parque Botânico do Ceará

NATUREZA

Distante 15 km de Fortaleza, a Unidade de Conservação possui muitas belezas naturais e várias espécies nativas. O local ainda é pouco conhecido entre os turistas e cearenses

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 9 de setembro de 2014

Principais espécies vegetais existentes no Parque:BarbatimãoCarrapicho de CavaloCarnaúbaCatandubaCatingueiraCoaçuJucáJuazeiroLixeiraMangue VermelhoPau-TerraMuriciMangue Siriuba

Principais espécies da fauna local:AnumCamaleãoCassacoDorminhocoGarçaPebaPreáPica-Pau PedrêsRolinha da PraiaSabiá da MataSanhaço AzulTatu VerdadeiroTejoTetéu

O Parque Botânico possui uma área de 190 hectares e fica no caminho das praias de Iparana e Icaraí, a 15 km de Fortaleza

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CARACTERÍSTICASDe acordo com o “Levantamento Pre-

liminar da Vegetação, Flora e Avifauna do Parque Botânico do Ceará (1998)”, o local apresenta uma parte do tabuleiro litorâneo, mostrando uma vasta e den-sa vegetação. O biólogo, Carlos Henri-que, que trabalha no local, explica que considerando a fi sionomia da cobertura vegetacional, o Parque Botânico pode ser dividido em três setores distintos: setor do manguezal, setor da bacia alu-vial e setor do tabuleiro. O Parque pos-sui 185 espécies de fl ora e 110 espécies de animais silvestres, entre pássaros, mamíferos e répteis.

“O ambiente do tabuleiro é formado por quatro biomas específi cos, no caso serra, cerrado, caatinga e mangue e ain-da temos pequenos resquícios de mata atlântica. Podemos encontrar diversos tipos de vegetação relevantes para pes-quisadores, professores, estudantes e toda a população interessada no conhe-cimento pleno e preservação dos bens naturais do Ceará”, comenta.

PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAISDentre os principais problemas am-

bientais confi gurados destaca-se a pres-são demográfi ca na área que compreen-

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INSTALAÇÕES

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O lugar é ideal para quem gosta de passeios e estar em con-tato com a natureza, possui orquidário, meliponário, horto de plantas medicinais, trilhas e um lago artificial com quiosques

• Centro de visitantes• Auditório com 80 lugares• Salão de exposições• Auditório com 40 lugares• Residência do administrador• Instalações hidrosanitárias para visitantes• Cantina• Dois Quiosques para piqueniques junto ao espelho d’água• Orquidário• Horto de Plantas Medicinais, Meliponário

• 6 km de trilhas e revestidas de parale-lepípedos sendo duas secundárias com mata mais fechada e uma principal• Viveiro de Mudas• Dispõe de equipamentos que são utili-zados para demonstrar o aproveitamento de fontes alternativas de energia, como uma célula fotovoltaica (energia solar) e um catavento que serve como demons-tração de fonte de energia eólica.• Dessalinizador para retirar o excesso de sal da água do parque

de o entorno do Parque, confi gurando desequilíbrios no balanço sedimentoló-gico do litoral e aceleração nos processos erosivos, já muito ativos. Já com relação às problemáticas alusivas a ocupação humana o assunto foi objeto de várias reuniões com as comunidades na área de infl uência da Unidade de Conservação (UC), junto à Prefeitura de Caucaia.

Outra questão relevante são os impac-tos decorrentes da disposição dos resí-duos sólidos, a dos efl uentes, sobretudo as queimadas e depredações que muito contribuem para a supressão da vegeta-ção e impacta diretamente na infraes-trutura da UC.

VISITAÇÃOAlém da preservação, Carlos Henri-

que lembra que a área também serve para visitação turística e conta com 6 km de trilha ecológica. “Temos salas de treinamento, auditório, que podem servir para escolas ou faculdades que queiram dar palestras, workshopping e podem ser agendados com a coorde-nação do parque”.

No caminho das trilhas os guias falam um pouco sobre a UC, dando orienta-ções ecológicas. Além disso, os visi-tantes conhecem o viveiro de mudas, o banco de sementes, entre outras coisas. “Quando necessário também podemos passar informações mais técnicas sobre o parque, quando especialistas, ou estu-diosos solicitam”, explica o biólogo. A visita dura de uma a duas horas e por enquanto está acontecendo de segunda à sexta. A entrada é gratuita.

Segundo o biólogo, as pessoas preci-sam valorizar mais espaços como o do Parque Botânico, tanto para estar em contato com a natureza, quanto para obter mais conhecimento sobre Edu-cação Ambiental (EA). “O local oferece uma infraestrutura de lazer e é fonte de propagação de EA, oferecido a toda a sociedade. Existem profi ssionais pre-parados que são constantemente trei-nados para receber a sociedade, mas falta interesse das pessoas em valorizar estes espaços”, complementa.

SERVIÇOAs visitas ao parque podem ser feitas

em grupo ou individualmente, com a possibilidade de se contar com a asses-soria de técnicos especializados, bas-tando para isso entrar em contato com antecedência no Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), pelo telefone (Ascom): 3101-1235 (Eli-zabeth Rebouças/ Ester Oliveira).

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Comprometida com o setor elétrico do CE, RN e PE, a companhia está entre as 35 campeãs na gestão de pessoas. Um total de 205 empresas participou do estudo

Aprovada MP que aumenta os percentuais de biodiesel e etanol ao óleo diesel e à gasolina

POR TARCILIA [email protected]

A fi lial potiguar da empresa ce-arense, Companhia Eletro-mecânica e Gerenciamento de Dados S. A. (Ceneged), está

entre as melhores empresas na gestão de pessoas do País. Avaliação do jor-nal Valor Econômico e da consultoria Aon Hewitt em cima de critérios como graus de satisfação dos funcionários e engajamento da equipe, e consistência da cultura de alto desempenho, a fi lial Ceneged do Rio Grande do Norte (RN) é uma das campeãs da categoria 100 a 500 funcionários no estudo As Melho-res na Gestão de Pessoas. A cerimônia de premiação ocorrerá no dia 21 de ou-tubro em São Paulo.

Para o diretor presidente da Com-panhia, Renato Felipe, é motivo de or-gulho está entre as melhores pelo voto de quem conhece bem a empresa: os colaboradores. “O prêmio representa a opinião de quem faz, acredita e traba-lha com a gente. O time de profi ssionais Ceneged – RN atua com desempenho excepcional e comprometimento no setor elétrico daquele Estado, e deixa--nos orgulhosos”, disse Felipe. A matriz da empresa fi ca em Fortaleza e em Per-nambuco, a outra fi lial.

“O reconhecimento é um refl exo do grau de engajamento da equipe. A Ce-neged é fruto de uma experiência coo-perativista vivida entre colegas de tra-balho que compartilhavam os mesmos objetivos e valores. Dessa forma, foi criada uma S/A que tem por principal característica, a inclusão de gestores que vivenciaram as atividades que ora gerenciam”, explica o dirigente. O pre-sidente foi leiturista, o diretor adminis-trativo eletricista e o diretor de planeja-mento já foi técnico operacional.

Essa origem refl ete no tratamento com o colaborador, no clima organi-zacional e na qualidade dos serviços prestados, segundo o superintendente

comercial da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), Paulo Medeiros, para quem o reconhecimen-to não é surpresa. “De fato, é uma ótima empresa, comprometida com a quali-dade dos serviços e conta com um bom quadro de colaboradores. Parabenizo pela conquista!”, disse Medeiros. A Ce-neged presta serviços à Cosern na área de corte, religação, ligação nova, inspe-ção de fraudes, coleta e gerenciamento e entrega de dados.

Com estratégias e ações gerenciais consideradas modernas e sustentáveis, a Ceneged colocou em prática um plano para desenvolver talentos, formar líde-res e ter como meta, ser referência no

segmento em que atua. “O resultado do estudo Valor Econômico, com certeza, é a chancela dessa política e modelo de governança”, acrescenta Felipe. Segun-do o dirigente, a fi lial no RN, certamente ainda fez algo mais, “tanto é que a ma-triz não se classifi cou e a fi lial está entre as cinco melhores empresas do Brasil quanto à gestão de pessoas”, encerra.

ESTUDOO estudo é considerado uma referência

para ações gerenciais modernas e sus-tentáveis. O objetivo é reconhecer em-presas que destacam- se por implemen-tar e executar práticas que sustentam suas estratégias de negócios; desenvol-ver forte engajamento dos funcionários; ter um time de liderança genuinamente engajado e por criar e sustentar uma cul-tura voltada para a formação de equipes de alta desempenho. Em 2014, a pesqui-sa contou com 205 empresas inscritas, das quais 35 campeãs farão parte de um ranking empresarial.

SERVIÇO:Cerimônia de Premiação: As Melhores na Gestão de PessoasData: 21 de Outubro de 2014Horário: 19h30Local: Espaço Rosa Rosarum, em São Paulo

Filial de empresa cearense está entre as melhores do País

GESTÃO DE PESSOAS

BIODIESEL O Senado Federal aprovou, no último dia 2, a Medida Provisória que aumenta os percentuais de biodiesel e etanol mis-turados ao óleo diesel e à gasolina, vendi-dos em postos de combustível de todo o País. Antes da medida provisória, o per-centual obrigatório de mistura do biodie-sel ao óleo diesel era de 5%. No dia 1º de julho, a MP aumentou esse percentual para 6%. E a partir de 1º de novembro, o percentual passará para 7%.

O texto original permitia que o Con-selho Nacional de Política Energética determinasse o retorno ao percentu-

al de 5% por motivo justifi cado. Mas o projeto de conversão aprovado autoriza essa redução até o limite de 6%. A Agên-cia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, ANP, deverá fi xar os limites de variação.

O biodiesel adicionado ao óleo diesel deve vir, prioritariamente, da agricultura familiar. Já o percentual obrigatório de adição de álcool anidro à gasolina poderá subir para 27,5%, em vez dos atuais 25%, desde que constatada a viabilidade técni-ca. E o mínimo foi mantido em 18%. A expectativa é que a mudança vai ajudar

na recuperação da indústria do álcool e evitar aumento do preço da gasolina.

Existe uma expectativa de que a mu-dança vai ajudar na recuperação da in-dústria do álcool e evitar aumento, do preço da gasolina. Em entrevista a Radio Senado, o senador Walter Pinheiro (PT/Bahia) afi rmou que a matéria tem uma importância fundamental. “Nos dá a cer-teza de uma ação que possibilite a ma-nutenção do preço do combustível sem a sua elevação que sabemos tem uma incidência direta e imediata no custo de todos os outros produtos no Brasil”.

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POR TARCILIA [email protected]

No último sábado (06), a Pre-feitura de Fortaleza e o Mo-vimento Limpa Brasil rea-lizaram um grande mutirão

de recolhimento de material reciclável em escolas, parques e mercados públi-cos, totalizando 36 lugares da Cidade. O prefeito Roberto Cláudio participou da abertura do evento, que ocorreu no anfi teatro do Parque Cocó, na Avenida Padre Antônio Tomás. O movimento tem como objetivo incentivar a refl exão para a mudança de atitude do cidadão brasileiro em relação à destinação dos resíduos, em especial os recicláveis.

O Prefeito de Fortaleza destacou a im-portância da mobilização, especialmente quando o gerenciamento dos resíduos não é um problema só nosso [Fortaleza] e ainda , de difícil gerenciamento. “O lixo é um problema das grandes cidades do mundo e decorre de dois fenômenos: o adensamento urbano e o consumo exa-cerbado”, disse Roberto Cláudio.

“Cada vez mais as pessoas descartam materiais recicláveis induzidos pelo pa-drão de consumo. Isto não vai acabar enquanto não mudarmos o nosso atual padrão cultural de consumo, uma tarefa de longo prazo. Comportamentos só mu-dam à medida que outras gerações vão surgindo”, ressalta o executivo, que com-parou a situação de geração de lixo ao hábito de fumar e ao uso do cinto de se-gurança. Para ele, é uma questão de mu-dança de atitude a partir da informação. “Hoje, as pessoas fumam muito menos”.

De acordo com o Prefeito, o Limpa Bra-sil vem numa boa hora, pois complemen-ta as políticas públicas em andamento na

Cidade voltadas para o gerenciamento dos resíduos sólidos e para a educação ambiental. “Por isso a importância de trabalhar a questão nas escolas munici-pais”, disse Roberto Cláudio, destacando que a ação coincide com a elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos que atende exigên-cias da Lei 12.305/10 ou Política Nacio-nal de Resíduos Sólidos (PNRS).

Durante a coletiva de abertura do Dia D da campanha, o encontro, além de contar com a presença do Prefeito, secre-tários e gestores municipais, represen-tantes da sociedade civil organizada, pa-trocinadores locais e apoiadores, contou , também, com a presença de represen-tantes do Limpa Brasil como a diretora do projeto, Marta Rocha e o ex-catador de lixo, atualmente educador ambiental e coordenador do Movimento no âmbito nacional, Tião Santos.

DESAFIOSegundo o educador, a reciclagem ain-

da é um meio de sobrevivência em nos-so País, no entanto, considera o lixo um problema de todos. “Estou em Fortaleza por acreditar neste projeto, audacioso e ambicioso, que tem como objetivo sensi-bilizar, educar e mostrar que a coleta se-letiva é uma realidade e reciclar, é papel de todo cidadão”, disse Tião que desafi ou o prefeito Roberto Cláudio a superar a quantidade de recicláveis coletados no Recife. A imprensa pernambucana, noti-ciou dia 11 de maio, que a cidade coletou 34,5 toneladas de materiais recicláveis.

Sabe quem ganhou o desafio? Forta-leza! A Cidade atendeu ao chamado do Limpa Brasil e da Prefeitura Municipal e superou a Capital vizinha em quase 10 toneladas. Segundo informação da assessoria de imprensa da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seu-

ma), Fortaleza arrecadou 42 tonela-das. Todo o material recolhido será entregue às cooperativas e associações de catadores da Cidade.

A iniciativa incluiu uma gincana re-alizada nas escolas municipais, o mu-tirão de sábado (05) em 36 pontos da cidade, entre escolas, terminais de ônibus (Parangaba, Siqueira, Papicu e Messejana) e outros, e um show de encerramento, com o sanfoneiro Wal-donys, ao fi nal da tarde de sábado.

RECONHECIMENTOO prefeito de Fortaleza, apoiadores,

parceiros e facilitadores, receberam do Movimento Limpa Brasil uma placa de agradecimento pela participação e cola-boração prestada ao Movimento fazen-do com que a iniciativa fosse possível. Dentre os agraciados, está a empresária cearense, Ticiana Rolim Queiroz, que re-cebeu o convite para ser a embaixadora nacional do Limpa Brasil. Ela agradeceu a homenagem e com sensibilidade am-biental, disse: “Hoje sou uma catadora”.

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LIMPA BRASIL

Fortaleza atendeu o chamado e o Prefeito venceu o desafio

De acordo com o Prefeito, o Limpa Brasil vem numa boa hora, pois complementa as políticas públicas em andamento na Cidade

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