o estilo televisivo e sua pertinência para a tv como prática cultural

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Revista FAMECOS mídia, cultura e tecnologia Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, setembro-dezembro 2014 Televisão O estilo televisivo e sua pertinência para a TV como prática cultural The television style and the relevance for the TV as a cultural practice SIMONE MARIA ROCHA Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, com pós-doutorado em comunicação pela UFMG. Professora do PPGOCOM/UFMG e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Mídia e Cultura. <[email protected]> RESUMO Este artigo tem dois objetivos. O primeiro é o de apresentar a abordagem de Miell que, através do modelo das seis facetas interdependentes, pretende tratar da complexidade da televisão, e o segundo é o de explorar uma destas facetas – a dimensão da televisão enquanto forma textual – e evidenciar, por meio da análise estilística, sua pertinência para a TV enquanto prática cultural. A conclusão é a de que investigar as propriedades do estilo televisivo pode resultar útil ao entendimento das profundas transformações pelas quais o dispositivo vem passando na atualidade. Palavras-chave: Cultura. Estilo televisivo. Televisão. ABSTRACT This paper has two goals. The first one is to present Miell’s approach which, through of six facets interdependent model, to intend to deal of complexity of television, and the second one is to explore one of these facets– the television’s dimension as textual form – and to evince, through of stylistics analysis, their relevance to the TV as a cultural practice. The conclusion is that investigate the properties of television style may prove useful to the understanding of the profound transformations which ones the device pass today. Keywords: Culture. Television style. Television.

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Este artigo tem dois objetivos. O primeiro é o de apresentara abordagem de Mittell que, através do modelo das seisfacetas interdependentes, pretende tratar da complexidadeda televisão, e o segundo é o de explorar uma destas facetas – adimensão da televisão enquanto forma textual – e evidenciar,por meio da análise estilística, sua pertinência para a TVenquanto prática cultural. A conclusão é a de que investigaras propriedades do estilo televisivo pode resultar útil aoentendimento das profundas transformações pelas quais odispositivo vem passando na atualidade.

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  • Revista

    FAMECOSmdia, cultura e tecnologia

    Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, setembro-dezembro 2014

    Televiso

    O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica culturalThe television style and the relevance for the TV as a cultural practice

    SIMONE MARIA ROCHADoutora em Comunicao e Cultura pela UFRJ, com ps-doutorado em comunicao pela UFMG. Professora do PPGOCOM/UFMG e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Comunicao, Mdia e Cultura.

    RESUMOEste artigo tem dois objetivos. O primeiro o de apresentar a abordagem de Mittell que, atravs do modelo das seis facetas interdependentes, pretende tratar da complexidade da televiso, e o segundo o de explorar uma destas facetas a dimenso da televiso enquanto forma textual e evidenciar, por meio da anlise estilstica, sua pertinncia para a TV enquanto prtica cultural. A concluso a de que investigar as propriedades do estilo televisivo pode resultar til ao entendimento das profundas transformaes pelas quais o dispositivo vem passando na atualidade. Palavras-chave: Cultura. Estilo televisivo. Televiso.

    ABSTRACTThis paper has two goals. The first one is to present Mittells approach which, through of six facets interdependent model, to intend to deal of complexity of television, and the second one is to explore one of these facets the televisions dimension as textual form and to evince, through of stylistics analysis, their relevance to the TV as a cultural practice. The conclusion is that investigate the properties of television style may prove useful to the understanding of the profound transformations which ones the device pass today.Keywords: Culture. Television style. Television.

    mailto:[email protected]

  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1083

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    Televiso, um meio complexo

    O valor e a importncia cultural da televiso nas sociedades contemporneas j conta com um repertrio consolidado e ocupa uma posio privilegiada nos estudos sobre o meio. Por outro lado, a negligncia de algumas das outras dimenses que o compem prejudica, em alguma medida, uma abordagem que contemple a TV na medida de sua complexidade.

    O que a televiso? primeira vista, a resposta pode ser bvia, especialmente para quem cresceu numa sociedade saturada pelo meio. Mas a questo mais traioeira do que pode parecer, pois a TV muito mais multifacetada do que tendemos a v-la. Mittell em Television and American Culture (2010, p. 2) alega que a televiso pode ser definida como o meio de comunicao massivo mais poderoso e predominante na Amrica (e no mundo). Contudo, na sua tentativa de ampliar e compreender a natureza e as caractersticas deste medium, o autor prope outra definio que, alm de ser mais complexa e especfica mostra como esse entendimento de lugar comum da televiso acaba por mascarar suas mltiplas estruturas. A partir disso, o autor prefere conceb-la a partir de seis facetas:

    A de indstria altamente rentvel, cuja arrecadao supera U$ 100 bilhes anualmente por meio de publicidade, pacotes de TV a cabo, vendas de DVD, e outras fontes de receita.

    A democrtica, pois a televiso informa os cidados e serve ao interesse pblico atravs dos noticirios e da cobertura eleitoral, alm de ser controlada por regulaes e decises de poltica pblica.

    A da forma criativa nica, com uma estrutura narrativa distinta e um conjunto de gneros que a diferencia de outros media.

    A de espelho do nosso mundo, pois a televiso oferece uma viso muitas vezes distorcida de identidade nacional, bem como define nossas percepes acerca de vrios grupos de pessoas.

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1084

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    A de parte integrante de nossas vidas, pois o ato de assistir e de falar sobre televiso assume papel central em nossas rotinas dirias.

    A tecnolgica, pois a televiso serve como tela central para uma srie de meios de entretenimento e informaes digitais que vo desde DVDs a jogos de vdeo.

    Mittell prope considerar essas seis facetas da televiso como pontos individuais de um modelo mais amplo de circuito da cultura1, em que todas as partes esto interligadas para compor a televiso americana, tal como esboado na Figura 1:

    Figura 1 As seis facetas da televiso. Fonte: Mittell, J. Television and American Culture, 2010, p. 9.

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1085

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    Para Mittell, todas essas dimenses so centrais s funes da televiso na cultura americana. Mas possvel pensar que elas so fundamentais televiso de muitas sociedades. Contudo, preciso ateno s reais possibilidades de se empreender uma investigao que aborde todas essas funes cruciais mesmo que concordemos que a televiso opera em todas elas, pois a compreenso dessa globalidade no tem sido tarefa fcil. Diferentes tradies acadmicas enfatizam diferentes facetas os economistas concentram-se em identificar como as indstrias geram lucros, os cientistas polticos preocupam-se com as instituies democrticas, enquanto que os antroplogos colocam a vida cotidiana em primeiro plano e os estudiosos de cinema analisam os textos miditicos. Todavia, mesmo abordagens interdisciplinares da televiso tm seus pontos fortes e fracos os pesquisadores dos meios de comunicao examinam as instituies, as polticas e os efeitos quantificveis sobre as audincias, enquanto estudiosos culturais geralmente focam sobre as representaes, textos e prticas da audincia.

    Sabemos que cada faceta da televiso vital a um entendimento mais amplo do meio, e que nenhuma funo sozinha teria a prioridade sobre as demais na explicao do complexo funcionamento da televiso na cultura americana. O exame das representaes da identidade nacional leva-nos a construo da indstria de audincias, que reagem e formam suas prprias prticas enquanto telespectadores. Da mesma forma, as regulaes da televiso ajudam a determinar os padres tecnolgicos, que por sua vez moldam as normas de produo e as formas textuais. Qualquer abordagem que exclui ou supervaloriza uma parte do circuito pode no dar conta da complexidade da televiso. Mas, sabemos, tambm, que, na prtica, esse exame multifacetado do funcionamento televisivo algo que requer o envolvimento de muitos estudiosos e uma teia de operaes ampla, duradoura e complexa.

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1086

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    Das dimenses que compem a televiso, a das formas textuais tem sido a mais negligenciada. Estudiosos do audiovisual apontam que, se por um lado, podemos afirmar que a pesquisa sobre a televiso tem se mostrado significativamente desenvolvida no que tange s dimenses da recepo, da circulao e da produo, por outro, a anlise audiovisual ainda o grande desafio a ser superado (Borges, Pucci Jr., Seligman, 2011, p. 7). Os autores partem da crtica de Thompson (2003) segundo a qual poderamos identificar um significativo atraso nas anlises de produtos tendo em vista certa prevalncia da noo de fluxo cunhada por Williams em Televison (1974). Para Borges, Pucci Jr. e Seligman (2011, p. 7) a programao da televiso seria constituda por um fluxo homogeneizador e hipnotizante (Williams), concepo que no abriria espao para o exame detalhado de produtos especficos. Conforme os autores preciso avanar:

    no estudo e o conhecimento de produtos especficos, ou grupos de produtos, assim como de proposies de carter terico e perspectivas que abarcam o sentido da produo televisiva, em suas respectivas conjunturas histrica, social e cultural."

    (Borges, Pucci Jr. e Seligman 2011, p. 8)

    Contudo, possvel afirmar que essa tem sido uma preocupao crescente entre os pesquisadores de televiso (Mittell, 2010; Butler, 2010, 2009). Mas a anlise se d atravs de uma articulao. Ao apontarem as convenes do estilo como um dos aspectos menos estudados do meio, os estudiosos procuram colocar em dilogo a teoria flmica e a teoria crtica para evidenciar a importncia do estilo na produo

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1087

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    televisiva no que tange a definio do tom, conformao dos sentidos, engajamento dos telespectadores, construo das narrativas, venda de produtos e apresentao de informaes.

    A dimenso formal da televisoMittell critica o fato de os estudiosos terem dado pouca ateno aos aspectos formais dos textos televisivos. Ao analisar um programa da TV americana, Dragnet, ele afirmou que:

    Ao olhar para Dragnet atravs de uma anlise potica histrica para examinar como os significados e premissas culturais foram codificados no programa, podemos ver como esses elementos textuais encaixam-se em categorias culturais e genricas mais amplas."

    (Mittell, 2004, p. 122) 2

    O estudo mais criterioso da dimenso formal justifica-se por vrias razes. Examinar as prticas formais da televiso permite que o estudioso pense como um criador, entendendo como os programas so produzidos da perspectiva dos produtores. Da perspectiva dos telespectadores esse conhecimento tambm til, pois estar consciente dos elementos formais permite um entendimento mais sofisticado da programao, alm de uma apreciao mais nuanada de textos que so mais ambiciosos do ponto de vista esttico. Conscincia formal tambm permite uma viso crtica sobre a produo de sentidos. Entender as estruturas formais que os textos usam

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1088

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    para comunicar com os telespectadores nos ajuda a desvendar os modos pelos quais um anncio nos persuade, um noticirio molda nossas perspectivas ou um drama retrata o mundo. Anlise formal uma ferramenta crucial para um telespectador alfabetizado em TV.

    A abordagem formal pelo vis da anlise estilsticaAo lidar com o texto televisivo, o argumento que defendo o de que podemos analisar a forma sem sermos formalistas estud-la no tem que ser um fim em si mesmo. Uma vez que as abordagens culturais dos estudos de televiso sugeriram que textos so um dos lugares importantes nos quais os sentidos so produzidos e os processos polticos so articulados, cabe a ns nos engajarmos detidamente nestas prticas para entender como os textos so codificados, tanto industrial como formalmente. Tal anlise pode e deve ser uma das ferramentas mais produtivas disponveis para examinar os processos que constituem nosso campo cultural de investigao. Ns podemos nos afastar da anlise formal enquanto um exerccio fechado sem abandonar os insights que tal exame pode nos oferecer.

    Um caminho promissor nesta direo diz respeito anlise histrica do estilo, herdada dos estudos de cinema e revisada pelos estudiosos de televiso, levando-se em conta caractersticas especficas desse dispositivo.

    Butler (2010) defende um entendimento de estilo como sendo qualquer padro tcnico de som-imagem que sirva uma funo dentro do texto televisivo. Essa definio tem uma importncia significativa para os estudos do estilo televisivo. Primeiro, porque ela rejeita concepes que consideram estilo como a marca da genialidade individual de um texto ou como um floreio decorativo de camadas acima da narrativa (embora alguns estilos sejam decorativos). Segundo, porque

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1089

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    a partir da possvel concluir que todos os textos televisivos contm estilo. Para Butler (2010), estilo a sua estrutura, a sua superfcie, a rede que mantm juntos seus significantes e atravs do qual os seus significados so comuni- cados.

    Os estudos sobre estilo televisivo chamam nossa ateno para o fato de que a percepo das caractersticas dos programas e das condies de sua criao ajuda-nos a avanar na compreenso de como eles funcionam. Tal processo permite-nos entender tanto o programa isoladamente quanto tecer especulaes sobre a cultura na qual ele est inserido. Esse processo leva-nos, assim, a examinar as atividades e as ferramentas dos realizadores.

    A iluminao de uma cena orienta nossa compreenso dos valores morais que um personagem carrega. Um corte que justape imagens de um carro descendo estrada abaixo e de uma jovem garota perseguindo um determinado produto gera uma metfora visual. Tomadas em cmera lenta de velocistas indicam, paradoxalmente, a potncia de sua velocidade aumentada. Atravs destas e de uma mirade de outras tcnicas, a televiso apoia-se no estilo cenrio, iluminao, videografia, edio e assim por diante para definir o tom/atmosfera, para atrair os telespectadores, para construir significados e narrativas. Examinar este processo significa compreender como o estilo significa e qual o seu significado em contextos televisivos especficos.

    Anlises recentes acerca desse tema vm sendo realizadas (Borges, Pucci Jr., Seligman, 2011; Mittell, 2010; Butler, 2009, 2010; Machado, 2000; Rocha, Alves e Oliveira, 2013) e enfraquecem argumentos segundo os quais programas televisivos, como as novelas, carecem de estilo. Alm disso, elas procuram compreender como o estilo televisivo pode ser excessivo e exibicionista ou, o que Caldwell (1995) chama de televisuality e qual seria a sua influncia na produo de sentido e no posicionamento

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1090

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    do telespectador. Estudar o estilo televisivo , tambm, estar atento aos impactos que elementos estilsticos de outros meios exercem sobre a televiso; analisar como as formas no ficcionais, fazem uso de convenes estilsticas determinadas e socialmente compartilhadas.

    A inspirao de Butler(ano) vem de Bordwell, um estudioso da histria do estilo no cinema, para quem,

    Estilo em cinema importa porque o que as pessoas chamam de contedo vm at ns atravs da utilizao padronizada de tcnicas do meio... Estilo a textura tangvel de um filme, a superfcie perceptual que ns encontramos enquanto vemos e ouvimos, e esta superfcie o nosso ponto de partida na movimentao da trama, do tema e do sentimento tudo o que importa para ns."

    (Bordwell, 2008, p. 32)

    Assim, temos que seria o estilo todo o conjunto de elementos denotativos, perceptveis do filme e que nos diro das escolhas do agente social cinematogrfico. Em sua trajetria de abordagem, Bordwell(2008) procura equilibrar o estilo em pelo menos trs elementos:

    1. Na condio de agente social do diretor: se por um lado, o cineasta relativamente livre para escolher a maneira como seu filme ganhar forma; por outro, ele o faz sob presses maiores e/ou da estrutura scio-poltica-ecnomica da qual o cinema, como produto cultural, no escapa.

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1091

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    Acontece de instituies culturais e sociais ditarem as normas da obra de arte: forma, funo e contedo. Um dado ambiente pode incentivar, e at mesmo exigir, um estilo particular, como o realismo socialista sob o regime sovitico. Tal situao de 'autoridade social' pode ser compreendida dentro do modelo que venho defendendo, fundado em fins/meios, problemas/solues e escolha. [...] A instituio define os fins ou as questes a serem tratadas e, algumas vezes, os meios, mas o artista pode realizar os fins de maneiras distintas."

    (Bordwell, 2008, p. 310 e 311)

    2. Na proposta do esquema problema/soluo: diz dos problemas enfrentados pelos agentes e das solues encontradas para sua superao. Muitas vezes essas solues j esto disponveis em virtude de determinado problema j ter sido enfrentado anteriormente por outro diretor. claro que inovaes podem acontecer, mas elas se destacam em meio a um contexto de prticas rotineiras. Segundo Bordwell, a maioria dos diretores aceita tranquilamente as normas que herda; outros apenas retocam-nas ligeiramente; raros so os que as reestruturam completamente (Bordwell, 2008, p. 324). Para o autor, sejam as normas obedecidas ou rejeitadas, repetidas ou reinventadas, elas so centrais ao oficio do diretor uma vez que o contexto do seu oficio social.

    3. Nas condies transculturais que jogam papel importante em qualquer fazer cinematogrfico: diante de caractersticas comuns da percepo visual, de coordenadas espaciais, o que Bordwell (2008, p. 331) chama de regularidades transculturais do sistema de percepo humano das dimenses da tela de

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1092

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    cinema e dos formatos de captao de imagens etc., possvel dizer que muitas so as convergncias entre as maneiras de as pessoas representarem o mundo, j que, mesmo considerando as diferentes tradies e referenciais culturais das produes, essas so limitadas, definidas e apreendidas pelos pblicos com base nos elementos transculturais e imutveis apresentados acima.

    Para Borwell (2008, p. 59) o estilo pode derivar em quatro funes. A primeira, seria a denotativa, que diz respeito a tudo que nos apresentado em cena, as pessoas posicionadas no quadro, os objetos que o compe, o tipo de plano utilizado, enfim, tudo que nos apresentado, a mise-en-scne. A segunda funo do estilo a expressiva, que nos diz das qualidades ligadas ao emocional da cena, para o que contribuem a trilha sonora, a iluminao ou certos movimentos da cmera. O estilo pode ainda desempenhar um papel simblico, que diz das evocaes que os elementos denotativos em cena podem ser operadas pelo espectador. Por fim, o estilo pode desempenhar uma funo meramente decorativa, o que seriam todos os maneirismos de cena, o estilo pelo estilo.

    Ao tratar da televiso, Butler (2010) acrescenta quatro funes que lhes parecem especficas deste meio. So elas: persuadir, chamar ou interpelar, diferenciar e significar ao vivo. O estilo televisivo pode cumprir vrias dessas funes ao mesmo tempo. Contudo, o autor sustenta que a funo do chamamento, a pretenso de despertar e manter a ateno do telespectador primordial em qualquer situao.

    Metodologicamente Butler (2010) prope quatro dimenses de anlise do estilo. A primeira a que o autor chama de descritiva, ou seja, seria o passo bsico o qual a anlise semitica mostra-se bastante til. A descrio abre o texto interpretao. A segunda dimenso a da funo/anlise do estilo. Aqui, Butler (2010), toma por base os estudos da teoria funcional do estilo no cinema de Carrol (2003), com vistas a detectar os propsitos do estilo e suas funes no texto a teoria funcional ensina que a forma flmica inclui apenas os elementos e relaes intencionados para servir

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1093

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    como o meio para o propsito do filme. A dimenso histrica oferece a possibilidade de um recuo nos programas de um gnero a fim de identificar padres/inovaes/mudanas. Por fim, a dimenso avaliativa/esttica vista como problemtica at mesmo para o autor, uma vez que a anlise de televiso ainda ressente de parmetros mais especficos para se julgar sua esttica3 (aqui Butler apenas deixa um caminho aberto, uma possibilidade).

    No desconheo que as anlises de cinema e televiso contam com tradies teri- cas distintas e at certo ponto divergentes. A crtica cinematogrfica um campo consolidado e ligado, de certa forma, crtica de arte, com a qual compartilha pressu- postos, objetivos e interesses. Os crticos buscam estabelecer juzos de valor relativos aos filmes, aos gneros e s estticas e descobrir autores e redescobrir aqueles que permitam revisar o cnone. Resulta impossvel falar de um campo equivalente no caso da televiso. Quando se buscou legitimar a programao televisiva ou algum gnero em particular (como o caso da telenovela na Amrica Latina) isso foi feito antes por seu interesse sociolgico como objeto da cultura popular do que por seu interesse esttico.

    Os estudos de televiso, por sua vez, tm sido desenvolvidos em um campo especfico de investigao em recepo onde so extensamente debatidas questes tericas e metodolgias acerca das audincias, ao passo que a investigao em recepo cinematogrfica no ocupa um papel igualmente significativo. Nesse sentido poderamos dizer que enquanto na investigao sobre televiso tem predominado a abordagem desde a sociologia ou a anlise do discurso, na investigao sobre cinema tem sobressado o discurso crtico frente ao sociolgico. Se bem que esta distino deveria ser matizada no s pelas abordagens do fnomeno flmico feitas a partir de uma visada sociolgica, semitica ou da histrica social como porque nas ltimas dcadas os avanos nos estudos acadmicos em ambos os campos mostram sem dvida um panorama mais complexo.

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1094

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    Conquanto haja diferenas, a TV no apenas adota diretamente as tcnicas estilsticas do cinema, como seus crticos usam conceitos desenvolvidos nos estudos flmicos para analisar os elementos do estilo televisivo. Assim, a viso geral das principais tcnicas desse estilo encenao, trabalho de cmera, edio, trilha, elementos grficos emprega o vocabulrio estabelecido pelos pesquisadores de cinema para analisar filmes, mas destaca os modos particulares atravs dos quais a televiso usa o estilo de uma maneira distinta do cinema.

    Por uma anlise da potica televisual Essa abordagem da potica histrica como desenvolvida por Bordwell, se mostra oportuna para o desenho de um panorama mais complexo dos estudos de televiso por algumas razes:

    Ao invs de um retrato em negativo no qual, por exemplo, ao se discutir as caractersticas da esttica televisiva isso redunde em crticas como baixa qualidade da imagem, pouca profundidade de campo, a aboragem histrica do estilo permite-nos uma leitura em positivo da televiso: ela promove um entendimento dos diferentes arranjos de imagem e som a partir das dimenses materiais e imateriais do dispositivo, como caractersticas tcnicas, condies de produo, condies de recepo, com vistas a uma funo dentro do texto.

    Isso significa, dentre outras coisas, compreender que no caso da TV falar em estilo (das funes exercidas) mostra-se muito mais pertinente, inclusive para entend-la como prtica cultural. Diante de pesquisas que revelam que as pessoas ficam em mdia de 5 horas/dia assitindo TV4 seria impossvel demandar delas uma ateno concentrada na visualidade como possvel faz-lo num dispositivo como o cinema, no qual a relao com a espectorialidade se d em outros termos e em outras condies.

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1095

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    A abordagem histrica do estilo permite que possamos desenvolver e compreender certa tolerncia para com as imagens produzidas, por exemplo, por cinegrafista amador e inseridas nas narrativas telejornalsticas, menos em termos de qualidade imagens turvas, escuras, granuladas e mais em termos da funo que elas desempenham no interior dessas narrativas, como credibilidade, veracidade, dentre outras.

    Ela permite, tambm, que possamos conhecer a diversidade das produes, o estilo dos diferentes produtos no interior dos diferentes gneros televisivos (a preponderncia do dilogo nas narrativas de fico seriada e a edio baseada na montagem clssica do plano/contraplano e os hbitos de assistncias conformados a partir disso).

    Um outro aspecto importante diz respeito s possibilidades de se identificar mudanas e inovaes no estilo televisivo e seus desdobramentos em termos de mudanas dos hbitos de assistncia TV, novas estratgias de comunicabilidade criadas pela produo levando-se em conta os novos fatores sociais e tecnolgicos que do subsdios a essas inovaes.

    No caso especfico das pesquisas desenvolvidas5, essa abordagem do estilo tem proporcionado alguns insights oportunos em relao aos vrios aspectos acima apontados. Como o objeto da pesquisa envolve primordialmente o novo formato do gnero telenovela produzido pela TV Globo, e que j se popularizou como novela das onze, tem sido possvel explorar tanto os aspectos formais quanto histricos de um formato que tenho acompanhado desde sua primeira produo6. Sendo assim, as condies contextuais e institucionais bem como os elementos culturais e estticos dessas produes j foram frutos de algumas reflexes (Rocha, 2013a; Rocha, 2013b; Rocha, 2012).

    A abordagem do estilo nos possibilita indagar pelas inflexes culturais e histricas significativas na composio das produes televisivas. Isto, porque, tal abordagem

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1096

    Rocha, S. M. O estilo televisivo e sua pertinncia para a TV como prtica cultural Televiso

    procura combinar anlise textual e contextual. Contudo, para uma boa compreenso da dimenso estilstica, preciso assumir a hiptese geral de que os textos contam com uma autonomia relativa em relao aos conceitos no sendo, portanto, sua mera traduo. Nesse sentido, o precurso que proponho, do meio para a cultura, procura, por um lado, no se limitar a uma mera anlise formal e tcnica dos produtos, e, por outro, no apontar produtos televisivo como meros exemplos de uma teoria da cultura dada de antemo. Esse trajeto parte do produto para da voltar s questes relativas cultura, pois a cultura marca e atravessa os indivduos, porm so eles, atravessados por esses mltiplos referentes culturais, os que de fato constroem seus discursos de mundo.

    Consideraes finaisA televiso enquanto meio de comunicao passa por muitas transformaes. Alguns autores apontam para um momento de crise (Miller, 2010; Carln, 2004; 2009). Porm, se vivemos numa poca de grandes transformaes na qual muitos prognsticos j foram feitos, nem todos foram confirmados. Conquanto, muitas mudanas estejam em marcha, uma distino entre elas faz-se necessria. Por um lado devemos reconhecer que os espectadores esto, sim, interessados nos produtos televisivos (de outro modo, como entender o grande sucesso das sries norte-americanas, por exemplo?); por outro, precisamos nos atentar para o quanto eles esto dispostos a ver essas produes na programao e no horrio determinado pelas grandes redes as exibem.

    O que se pretende dizer que os experimentos contemporneos dizem mais respeito evoluo das antigas formas de consumo e produo miditicas do que ao acaso das mdias massivas em funo das mdias digitais, uma vez que a televiso, alm de ocupar tempo significativo das pessoas, oferece informao e entretenimento com velocidade e facilidade (Miller, 2010). Portanto, o que possvel notar, cada vez com maior clareza, que, se podem, os espectadores assistem quando desejam e nas

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1097

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    condies que desejam. Para Carln, este fenmeno irreversvel e no vai mais mudar (2013, p. 82).

    Voltando questo dos produtos, face s mudanas, a TV tem investido em novas formas de programao, que tanto requerem quanto recompensam a ateno exclusiva e prolongada, incluindo a construo da prpria narrativa, seja pelo encurtamento, pelos novos gneros televisivos, buscando atrair a fidelidade do telespectador e no sua mera ateno casual. Do lado onde se d a criao, podemos identificar alguns programas que procuram basear-se nesses novos aspectos que redefinem o fazer televisivo. As produes atuais so muito diferentes s das dcadas anteriores (em alguns casos, a ponto de diminuir a brecha que durante anos existiu entre cinema massivo e televiso). Tais inovaes incluem uma complexidade formal, tcnica e narrativa, muitas vezes representada por uma maior qualidade tcnica nos processos de filmagem, arcos dra- mticos mais densos, porm mais breves, intensificao e acelerao de enigmas narra- tivos, mudana nas temporalidades e no horrio de exibio. E aqui que vejo a perti- nncia e a contribuio da anlise estilstica enquanto tentativa de contribuir para o en- tendimento da complexidade da TV conforme apontamos na sesso que abre este texto.

    Se vivemos num momento de mudana extraordinria, vivemos, tambm num momento nico para a anlise, a teoria e a histria da televiso. Identificar, no complexo cenrio de mudana miditica atual, as novas relaes entre cultura de massas, sujeitos e meios (novos e velhos), consiste em um desafio que implica cada vez mais, antes de tudo, desenvolver novos dispositivos analticos para uma nova complexidade. Muitas so as pesquisas que tem se dedicado questo da transmidiao, da convergncia de contedos, das novas modalidades de consumo7. A contribuio da anlise do estilo est situada em outro lugar, no texto, sem perder de vista as finas conexes que ele estabelece com o contexto e com o cenrio cultural no qual se produz e se consome televiso. l

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  • Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 1082-1099, set.-dez. 2014 1098

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    NOTAS1 O autor prope esse desenho com base na influente abordagem do circuito da cultura tal qual pensada por

    Paul duGay et al, Doing Cultural Studies: The Story of the Sony Walkman. London: Sage Publications, 1997.2 Do original By looking at Dragnet via a historical poetic analysis to exame how cultural meanings and

    assumptions were encoded in the program, we can see how these textual elements fit into larger cultural and generic categories.

    3 O autor alega que at hoje os estudiosos da esttica da televiso no tm definidas, de um modo sistemtico, as normas estticas de avaliao do meio. Em vez disso, essas normas tm sido compostas por termos problemticos e com alguma carga ideolgica tais como elegncia, complexidade, unidade orgnica, expressividade, singularidade, viso artstica etc.

    4 Dados disponveis em: e em . Acesso em: 10 fev. 2014.

    5 Ressalto que este texto faz parte do projeto. Nosso objeto preferencial este novo formato da novela das onze que vem sendo produzido pela TV Globo a partir de 2011.

    6 A primeira foi O Astro (2011); em 2012 foi a vez de Gabriela; a produo seguinte foi a de Saramandaia (2013) e para 2014 pretende-se produzir O Rebu.

    7 O III ENCONTRO OBITEL NACIONAL DOS PESQUISADORES DE FICO TELEVISIVA, realizado em So Paulo, em novembro de 2011, discutiu questes relativas a esses novos desafios ligados atividade de consumo como, por exemplo, o desenvolvimento de ricas plataformas na internet e de uma complexa e fecunda interveno nas redes sociais em relao s narrativas de fico seriada. Cf. Fico televisiva transmiditica no Brasil: plataformas, convergncia, comunidades virtuais. So Paulo: Editora Sulina, 2011 (Coleo Teledramaturgia, 2).

    Recebido em: 05 mar 2014 Aceito em: 06 ago. 2014

    Endereo da autora:Simone Maria Rocha PPGCOM - Universidade Federal de Minas GeraisAv. Presidente Antnio Carlos, 6627 Pampulha31270-901 Belo Horizonte, MG, Brasil

    http://www.usmediaconsulting.com/pt/rs-c/174/brasileiros-assistem-a-televisao-durante-cinco-horas-por-dia.html?src=pesquisas/meios-brasil/&src_t=categoryhttp://www.usmediaconsulting.com/pt/rs-c/174/brasileiros-assistem-a-televisao-durante-cinco-horas-por-dia.html?src=pesquisas/meios-brasil/&src_t=categoryhttp://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/audiencias/brasileiro-mais-pobre-passa-mais-de-um-quarto-do-dia-vendo-televisao-1840http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/audiencias/brasileiro-mais-pobre-passa-mais-de-um-quarto-do-dia-vendo-televisao-1840http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/audiencias/brasileiro-mais-pobre-passa-mais-de-um-quarto-do-dia-vendo-televisao-1840mailto:[email protected]