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FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE O ESTRESSE, A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SEUS IMPACTOS NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL. SÃO PAULO 2014

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FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

O ESTRESSE, A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SEUS IMPACTOS NO

AMBIENTE ORGANIZACIONAL.

SÃO PAULO

2014

1

JEFFERSON CAPIM ALVES

KEVIN LUCAS CAVALCANTE MENDONÇA

SUZANA ANGELA DA SILVA

O ESTRESSE, A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SEUS IMPACTOS NO

AMBIENTE ORGANIZACIONAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Graduação em Administração da Faculdade Carlos Drummond de Andrade como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração no 7º semestre. Orientadora Prof.ª Ms. Giuseppina Adele Rischioni.

SÃO PAULO

2014

2

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO, O ESTRESSE OCUPACIONAL E SEUS IMPACTOS NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção

do título de Bacharel em Administração no Programa de Graduação em

Administração da Faculdade Carlos Drummond Andrade.

São Paulo, de de 2014.

Banca Examinadora

................................................................. Prof.ª Ms. Giuseppina Adele Rischioni – Orientadora

................................................................. Professor Especialista Neivaldo Gonçalves da Costa – Orientador

................................................................. Professor (a)

.................................................................. Professor (a)

................................................................ Professor (a)

3

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, o criador de tudo e de todos, aos senhores

professores que nos orientaram para tornar nosso trabalho possível, apresentando

desafios e nos incentivando e acreditando em nossa capacidade de aprendizado e

realização e a todos os integrantes do grupo pela união e empenho no

desenvolvimento do trabalho e a união que foi o principal motivo para que tudo

desse certo.

4

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo abordar a importância do estudo do estresse ocupacional e da qualidade de vida no ambiente de trabalho, demonstrando a evolução da área de gestão de pessoas, seus fundamentos e origens, bem como os conceitos básicos de higiene e segurança do trabalho, desde o surgimento das primeiras leis trabalhistas até as legislações vigentes. Abordará, também, o progresso deste tema e suas implicações de forma significativa no clima organizacional, salientando a influência da motivação e da satisfação dos colaboradores dentro da organização e também, os fatores que contribuem para a redução do estresse, bem como a implicação das suas consequências no ambiente de trabalho, sejam elas negativas ou positivas, enfatizando a diferença do distresse e eustresse e seus efeitos na vida do colaborador e suas influências na organização. Serão demonstradas ainda, formas de avaliação e redução de estresse bem como modelos de implantação de programas de qualidade de vida visando uma melhora no ambiente organizacional, o que implica diretamente na influência da produtividade dos colaboradores e consequentemente no sucesso dos resultados objetivados pelas empresas. Apresentará diversas abordagens de estudiosos sobre o tema, cada uma com seus pontos positivos e pontos negativos, além de demonstrar na forma de estudo de caso, as vantagens que a qualidade de vida no trabalho proporciona para as empresas, citando uma das maiores empresas do mundo, que foi eleita a melhor empresa para se trabalhar no ano de 2013 no Brasil. Este trabalho abordará, acima de tudo, a importância do ser humano para o sucesso da organização. Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho. Motivação organizacional. Estresse ocupacional. Gestão de pessoas.

5

ABSTRACT

This work aims to address the importance of the study of occupational stress and quality of life in the workplace, demonstrating the evolution of the area of people management, its foundations and origins, as well as the basics of hygiene and safety, since the emergence of the first labor laws to the laws in force. Will also focus on the progress of this issue and its implications significantly in organizational climate, emphasizing the influence of motivation and satisfaction of employees within the organization and also the factors that contribute to stress reduction as well as the implication of their consequences in the workplace, whether negative or positive, emphasizing the difference in distress and eustress and its effects on the life of the employee and their influence in the organization. Will also be demonstrated, assessment methods and stress reduction as well as deployment models of quality of life programs for improvement in the organizational environment, which implies directly influence the productivity of employees and consequently the success of the companies targeted results. Present various approaches scholars on the subject, each with its strengths and weaknesses, as well as demonstrating a case study, the advantages that the quality of work life provides for companies, citing one of the world's largest companies , which was voted the best company to work for in 2013 in Brazil. This work will focus above all, the importance of the human being to the organization's success. Keywords: Quality of life in the workplace. Organizational motivation. Occupational stress. People management.

6

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ARH Administração de Recursos Humanos

CEPAA Council for Economic Priorities Accreditation Agency (Órgão de

Credenciamento do Conselho de Prioridades Econômicas)

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

DPI Departamento de Pesquisas Industriais

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

ISO International Organization for Standardization (Organização

Internacional de Normalização)

MASP Museus de Artes de São Paulo

MBA Master of Business Administration (Mestre em Administração de

Negócios)

MTE Ministro de Estado do Trabalho e Emprego

NR Normas Regulamentadoras

NRR Normas Regulamentadoras Rurais

OMS Organização Mundial de Saúde

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Services (Série de

Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho)

OSHA Occupational Safety and Health Act (Ato de Segurança e Saúde

Ocupacional)

PDCA Plan / Do / Check / Action (Planejar / Executar / Verificar / Agir)

PCMSO Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PPRA Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

RH Recursos Humanos

QVT Qualidade de Vida no Trabalho

SA Social Account Ability (Capacidade em Responsabilidade Social)

SAI Social Accountability International (Responsabilidade Social

Internacional)

7

SEBRAE Serviço de apoio às micro e pequenas empresas

SGA Sistema de Gestão Ambiental

TCA Teoria Clássica da Administração

TRH Teoria das Relações Humanas

8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Comparativo entre a Teoria Clássica da Administração e a Teoria das

Relações humanas .................................................................................................... 20

Quadro 2 - Percentual de comparação de estressores de homens e mulheres ........ 32

Quadro 3 - Rankings Invertidos ................................................................................. 34

Quadro 4 - Indicadores dependentes, que estão relacionados à satisfação dos

empregados. ............................................................................................................. 61

Quadro 5 - Evolução do Conceito de QVT de Nadler e Lawler ................................. 63

Quadro 6 – Modelo de QVT de Walton ..................................................................... 66

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pessoas como pessoas e pessoas como recursos .................................. 13

Figura 2 - Hierarquia das necessidades humanas segundo Maslow ........................ 22

Figura 3 - Pirâmide comparativa das teorias de Maslow e Herzberg ........................ 24

Figura 4 - Os três fatores da motivação para produzir .............................................. 26

Figura 5 - Os estressores na vida de cada pessoa ................................................... 31

Figura 6 - Modelo Holístico do Estresse .................................................................... 42

Figura 7 - Hexágono de Kertesz ................................................................................ 45

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

1 AS PESSOAS X AMBIENTE ORGANIZACIONAL .............................................. 13

1.1 Evolução da Teoria das Relações Humanas .............................................. 15

1.1.1 A Experiência de Hawthorne .......................................................................... 16

1.2 Teoria Clássica da Administração (TCA) X Teoria das Relações Humanas

(TRH). .............................................................................................................. .........19

1.3 Motivação Humana ....................................................................................... 21

1.3.1 Teoria das Necessidades de Abraham Maslow .............................................. 21

1.3.2 Teoria de Dois Fatores de Frederick Herzberg ............................................... 23

1.3.3 Teoria dos Motivos Humanos de David McClelland ....................................... 25

1.4 Frustração ..................................................................................................... 26

1.5 Clima Organizacional ................................................................................... 27

2 ESTRESSE OCUPACIONAL ............................................................................... 29

2.1 Psicologia Organizacional ........................................................................... 29

2.2 O Estresse Ocupacional e os Estressores ................................................. 30

2.2.1 Os Principais Estressores ............................................................................... 35

2.3 Personalidade do Tipo A .............................................................................. 38

2.4 Eustresse ....................................................................................................... 40

2.5 Sindrome de Burnout ................................................................................... 42

2.6 Métodos Para Redução e Avaliação do Estresse ...................................... 44

3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .......................................................... 47

3.1 A Saúde dos Trabalhadores ........................................................................ 48

3.2 Higiene e Segurança do Trabalho ............................................................... 48

3.2.1 ISO.................................................................................................................. 50

3.2.2 SA 8000 .......................................................................................................... 51

3.2.3 OHSAS 18001 ................................................................................................ 52

3.2.4 Higiene do Trabalho ....................................................................................... 53

3.2.5 Segurança do Trabalho .................................................................................. 54

11

3.2.6 Normas Regulamentadoras (NR) ................................................................... 55

3.3 Evolução do Conceito de QVT ..................................................................... 59

3.4 Modelos de QVT ............................................................................................ 62

3.4.1 Modelo de QVT de Nadler e Lawler ................................................................ 63

3.4.2 Modelo de QVT de Hackman e Oldhan .......................................................... 64

3.4.3 Modelo de QVT de Walton .............................................................................. 65

3.5 Desafios e Vantagens da Gestão e Implantação da QVT............................... 67

4 OS ASPECTOS DA QVT PRESENTES NAS EMPRESAS BRASILEIRAS ........ 72

4.1 Programas de Qualidade de Vida Votorantim Cimentos Brasil ................ 73

4.2 A Filosofia Bonsai da Tagawa Propaganda ................................................ 74

4.3 Google – A Melhor Empresa para se Trabalhar no Ano 2013 ................... 77

4.4 Características em Comum dos Programas de QVT ................................. 79

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 81

REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS ............................................................................. 84

12

INTRODUÇÃO

As organizações devem ficar atentas ao ambiente externo e interno, pois com

a globalização da economia e a crescente concorrência em todos os âmbitos do

mercado, os colaboradores acabam passando por situações que podem levá-los a

se sentirem pressionados, causando o estresse ocupacional. Uma empresa que

trata pessoas como pessoas sabe que deve balancear este conceito, precisa ficar

atenta a situações que apresentam estresse de seus colaboradores, além de

monitorar os resultados que podem implicar negativamente a saúde dos mesmos,

bem como nos resultados finais para a empresa. Isso pode ser dosado e prevenido

com programas de qualidade de vida no trabalho, fundamentais para proporcionar

aos colaboradores um ambiente organizacional saudável, agradável e bom para se

trabalhar.

A qualidade de vida sempre foi objeto de estudo e preocupação da raça

humana, por conta da necessidade de se sentir bem em diversos âmbitos da sua

vida familiar, social e também profissional, e sobre tudo manter-se saudável

psicológica e emocionalmente. A qualidade de vida no trabalho está ligada à

satisfação dos colaboradores e a baixa rotatividade do quadro funcional em uma

empresa. A satisfação do cliente está relacionada diretamente à satisfação do

colaborador, e este, diretamente ao desempenho e aos resultados financeiros da

organização. Mas como uma empresa moderna, a fim de alcançar suas metas e

objetivos com máxima eficiência e eficácia, deve lidar com o estresse ocupacional e

fundamentar e implantar um programa de qualidade de vida no trabalho?

O estudo dos impactos no ambiente organizacional que são causados pelo

estresse junto à implantação de programas de qualidade de vida é fundamental para

que a gestão de pessoas possa gerenciar de maneira competente e enfrentar os

imprevistos, bem como resolver os problemas de maneira eficiente e precisa, ao

fazer com que os colaboradores e a empresa trabalhem por um objetivo em comum

garantindo assim, o sucesso mútuo. Por fim com o estudo do tema, pretende-se

aprofundar em estresse ocupacional, analisar suas causas, consequências e suas

características. Compreender o propósito do plano de qualidade de vida no trabalho

podendo assim identificar como se deve fundamentar e implantá-lo corretamente

como uma das soluções do estresse ocupacional.

13

1 AS PESSOAS X AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Qualquer organização, independentemente do seu segmento ou área de

atuação necessita de pessoas qualificadas para organizar, dirigir, controlar, produzir

e entre outras funções, fazer com que a empresa execute suas tarefas com

eficiência e eficácia e assim, alcance seus objetivos. “Toda organização é

constituída de pessoas e dela depende para seu sucesso e continuidade”

CHIAVENATO (2002, p. 73).

Com as fortes mudanças ocasionadas pela Revolução Industrial no começo

do século XX, tornou-se necessário a criação de um órgão mediador que abordasse

as necessidades tanto da organização quanto da pessoa que trabalha no local, esse

órgão inicialmente era chamado de Relações Industriais, que visava encontrar e

controlar um ponto de equilíbrio entre empresa e funcionário que na época era

extremamente conflitante, segundo CHIAVENATO (2009) era como se as pessoas e

as organizações, embora estreitamente inter-relacionadas, tivessem

comportamentos diferentes, com fronteiras fechadas, trincheiras abertas requerendo

um interlocutor estranho a ambas para poderem entender ou, pelo menos reduzir

suas diferenças.

Com o passar do tempo após diversas mudanças, apenas na década de 70

surgiu o conceito de Recursos Humanos, ainda extremamente ligados à visão de

que uma pessoa é mera ferramenta para a empresa, por isso, o estudo de pessoas

é importante e dessa necessidade foi criada a administração de recursos humanos

(ARH), que é a unidade básica da área de gerir pessoas. A ARH surgiu com duas

diferentes vertentes para classificar as pessoas.

A primeira é considerando pessoas como pessoas e a segunda, pessoas

como recursos, conforme exemplificado na figura a seguir:

Figura 1 - Pessoas como pessoas e pessoas como recursos

Fonte: adaptado pelos autores de CHIAVENATO (2009, p. 46).

14

Chiavenato (2002) explica que há pouco tempo atrás, as pessoas eram

tratadas pelas organizações como objetos, como se fossem máquinas ou

simplesmente ferramentas de trabalho. Notou-se que esse meio era ultrapassado e

não ajudava a construir um ambiente organizacional satisfatório por parte de seus

colaboradores, causando conflitos trabalhistas, insatisfações, distanciamento e

alheamento das pessoas em relação às tarefas de trabalho, ocasionando assim,

problemas de produtividade e qualidade em seus produtos ou serviços. A moderna

ARH procura tratar as pessoas como pessoas, moldando assim, uma nova estrutura

organizacional que visa à qualidade e produtividade através da satisfação ao

trabalhar em um ambiente organizacional agradável no qual seus colaboradores

sintam-se confortáveis e motivados ao executarem suas tarefas.

As empresas modernas, para maximizar os resultados em seus objetivos,

sejam estes organizacionais, metas em vendas, produção, entre outros, devem

investir na qualidade de vida organizacional. Quando as pessoas estão felizes em

seu ambiente de trabalho e se sentindo motivadas, elas contribuirão melhor para a

empresa, sendo esta uma forma clara e benéfica para ambos os lados, tanto para os

funcionários, que por serem tratados como pessoas, ou seja, ao serem tratados em

seu lado humanitário sentem-se bem e satisfeitos em seu ambiente de trabalho,

como também para a empresa, pois se o funcionário está bem, ele irá trabalhar bem

e assim a empresa irá atingir suas metas, crescendo no mercado e alcançando seu

sucesso.

Com a globalização da economia e com todas as características do terceiro

milênio, a forte competitividade no mundo dos negócios e as mudanças constantes e

imprevisíveis do ambiente externo, as organizações evoluídas e modernas não

administram mais as pessoas, pois isso significa tratá-las como agentes passivos e

dependentes, sobretudo, elas administram pessoas junto às pessoas, isto é,

segundo (TORRES)1, corresponde a “tratá-las como agentes ativos e proativos

dotados de inteligência e criatividade, iniciativa e decisão, habilidade e competências

e não apenas de capacidades manuais, físicas ou artesanais”.

Assim, por entender que as pessoas participam da administração da empresa

como parceiros e colaboradores e não como meros recursos, o conceito de ARH

evoluiu para Administração de Pessoas ou Gestão de Pessoas que visa tratar as

1 Vide Webgrafia

15

pessoas não só como pessoas, mas como parte fundamental para o sucesso da

organização, pois, conforme elucidado por Chiavenato (2009) o comportamento das

pessoas dentro da organização é complexo e depende de diversos fatores

ambientais internos que dependem da capacidade física, emocional e intelectual de

cada um, relacionado à aprendizagem, motivação, entre outros, e de fatores

externos decorrentes do ambiente de tarefa, como recompensas, punições, política,

e fatores sociais.

Considerando, ainda, que cada pessoa é diferente uma da outra, tem

vontades e temperamentos diferentes, como fazer para agradar a todas? Tendo em

vista que uma organização é formada por diversas pessoas, descobre-se um

impasse em como agir frente a cada uma delas, para que todas fiquem satisfeitas e

colaborem harmoniosamente para a empresa atingir suas metas.

Apesar de todas essas diferenças, o processo que dinamiza o comportamento é mais ou menos semelhante para todas as pessoas. Em outras palavras, embora os padrões de comportamento variem, o processo do qual eles resultam é, basicamente, o mesmo para todas as pessoas. (CHIAVENATO, 2009, p. 51).

É a partir disso que a área de Gestão de Pessoas deve organizar-se e através

de um planejamento estratégico, criar várias ferramentas diferentes, analisando

personalidades e criando métodos para assegurar que a qualidade de vida abranja

um número grande de colaboradores e visando o bem estar de cada um na

organização.

1.1 Evolução da Teoria das Relações Humanas

Em relação à origem dos estudos da relação humana, é imprescindível citar

Elton Mayo (1880-1949), que segundo (ELAINA) 2, foi um psicólogo, sociólogo que

foi nomeado como o fundador das relações humanas por se opor a todas as teorias

organizacionais da época até então, indo contra a visão Taylorista de que com a

otimização do tempo poderia se melhorar a eficiência produtiva dos funcionários.

Segundo (FERREIRA, S)3 através de experiências conduzidas por Elton Mayo à

partir de 1927 na fabrica “Western Electric Company”, onde trabalhava, foi abordada

2 Vide Webgrafia

3 Vide Webgrafia

16

uma visão humanista até então inexistente no âmbito organizacional mundial da

época. Mayo acreditou que o comportamento da pessoa dentro da organização

assim como a sua motivação, era proveniente da tradição e condições de trabalho.

A experiência de Hawthorne questionou e derrubou alguns pontos que foram

abordados pela teoria clássica e administração científica entre eles a sobreposição

dos fatores fisiológicos sobre os fatores psicológicos.

1.1.1 A Experiência de Hawthorne

Realizada entre o período de 1927 a 1932, a experiência de Hawthorne leva

esse nome por ter sido feita na fábrica Western Electric Company localizada no

bairro de Hawthorne em Chicago. (FERREIRA, A)4 explica que o experimento com o

intuito inicial de relacionar a luminosidade do local de trabalho com base na

produção da equipe. A partir dos resultados iniciais estenderam-se os estudos a

fadiga, acidente de trabalho, rotação de pessoa e então a produtividade dos

operários de acordo com as condições de trabalho. O experimento se desenvolveu

em quatro frases, conforme sintetizadas a seguir.

1.1.1.1 Os Processos da Experiência

De acordo com Chiavenato (2003), no primeiro momento pretendia-se

verificar os efeitos sobre o rendimento dos funcionários. Separaram-se então dois

grupos em salas distintas fazendo o mesmo trabalho, sendo um grupo de

experimento e outro de referência, com condições idênticas, um dos grupos

trabalhava sobre luz constante enquanto o outro trabalhava com a iluminação

variável. E surpreendentemente não foi encontrada relações entre a iluminação e o

rendimento dos operários. Já, segundo (REBOUÇAS) 5 , outro fator interessante foi

notado durante essa fase, o fator psicológico que baseado em suposições pessoais

fez com que o grupo que trabalhava com a luz variável produzissem mais quando a

luz era intensificada no local. Pois os mesmos julgavam-se obrigados a produzir

mais naquela condição, assim também como faziam o mesmo no momento em que

diminuíam a luz. Essa fase abriu alas para o começo da teoria de que os fatores

psicológicos eram o que influenciavam os operários a produzir. O que levou aos

pesquisadores a trocarem as lâmpadas do ambiente por lâmpadas da mesma

4 Vide Webgrafia

5 Vide Webgrafia

17

potência que fazia com que os operários acreditassem que a iluminação variava de

acordo com a intensidade que os operários produziam.

A segunda parte constituiu em utilizar seis mulheres separadas do restante do

grupo formando o grupo experimental dividida apenas por uma divisória de madeira

do grupo de referência, que continuava trabalhando em condições normais. A

pesquisa foi dividida em 12 períodos e conforme Chiavenato (2003) consistia em

observar as variações de rendimento de acordo com inovações propostas com o

grupo de referência.

As moças que participaram da experiência eram informadas das inovações

sendo desde aumento salarial, variação no tempo de descanso e redução de carga

horária. No fim do período experimental os resultados adquiridos não foram

suficientemente satisfatórios, contudo, os resultados obtidos confirmaram mais uma

vez os resultados que haviam sido apresentados na experiência da iluminação e

chagaram a conclusão que:

O grupo trabalhou com maior liberdade e menos ansiedade;

Havia um ambiente amistoso e sem pressão;

Não havia temor ao supervisor;

Houve um entrosamento social no grupo experimental;

O grupo desenvolveu por si a liderança e traçaram objetivos em comum.

Com base nos resultados obtidos na fase anterior chegaram à terceira fase,

onde as moças submetidas ao experimento tinham atitudes diferentes a do grupo de

controle, os pesquisadores deixaram de trabalhar em cima das condições de

trabalho e alçaram seus estudos sobre as relações humanas. Segundo Chiavenato

(2003) iniciou-se em 1928 um programa de entrevistar primeiro em um setor

específico de entrevistas, depois no setor operacional e enfim nos demais setores da

empresa. Através desse sistema de entrevista a organização buscou coletar

informações sobre atitudes e sentimentos dos seus colaboradores e também

receber sugestões que poderiam ser aprovadas. Após boa aceitação do programa

foi criado o Departamento de Pesquisas Industriais (DPI) para dar continuidade e

utilizar os meios adquiridos através da pesquisa.

Mais da metade dos 40.000 funcionários da indústria foram entrevistados, e a

partir da aceitação dos funcionários, o DPI resolveu modificar as entrevistas,

18

passando a criar entrevistas onde os funcionários eram livres para dizer o que

pensassem, sem que fossem direcionados a uma pergunta ou questionamento

especifico, isso fez com que os funcionários externassem uma organização informal

deles mesmos com ressalvas ao que lhe poderiam ser classificados como ameaças

da administração ao bem estar dos mesmos.

Chiavenato (2003) explica que com as descobertas da terceira fase, o foco da

fase final do experimento foi analisar a organização informal dos operários. Para isso

outro grupo experimental foi formado com nove soldadores e dois inspetores. Sendo

eles observados todo tempo por um pesquisador, entrevistados por outro e seu

pagamento era feito de acordo com a produção. Os pesquisadores notaram que

após ser atingida uma quantidade produzida que eles julgavam serem suficiente,

eles reduziam o ritmo de trabalho. Os inspetores informavam sua produção a modo

de deixar um excesso de um dia para compensar a falta de outro, e no caso de

excesso de produção exigiam o pagamento do mesmo. Basicamente o que se foi

notado era a formação de uma sociedade grupal e organização informal do grupo.

1.1.1.2 Conclusões da Experiência

Após esses anos de experiência, algumas conclusões puderam ser

observadas pelos pesquisadores e então listadas conforme descrito abaixo por

Chiavenato (2003):

a. O nível de produção não é determinado pela capacidade física do

funcionário e sim pela integração social do indivíduo (todos agem como

parte de um grupo);

b. O comportamento do funcionário é definido pelas normas e padrões da

sociedade (buscam recompensas sociais);

c. A empresa passou a ser vista como uma sociedade informal ao contrario

dos valores agregados pelos líderes da organização, os empregados

visavam atitudes, crenças e outras motivações para continuar produzindo;

d. O aspecto de relações humanas formado pelos indivíduos a partir do

momento em que eles se socializavam entre si e percebiam que uns

indivíduos são e pensam diferentes dos outros;

e. Notou-se a importância dos cargos, a partir do momento em que a pessoa

exposta à mesma atividade repetitiva e diária fica cansada e se desmotiva

19

em relação ao dia a dia afetando negativamente o desempenho e

reduzindo a satisfação e eficácia.

f. A evidente atenção especial da teoria das relações humanas requerida a

itens emocionais não planejados e de ímpeto irracional do ser humano.

A partir desse ponto pode-se notar a influência do fator psicológico no

desempenho do colaborador dentro da organização, fator que modificou a forma de

estudo do comportamento organizacional de um indivíduo, abrindo um variado leque

de estudo que diz respeito ao comportamento do indivíduo dentro da empresa.

1.2 Teoria Clássica da Administração (TCA) X Teoria das Relações Humanas

(TRH)

A teoria clássica da administração subdivide as organizações por hierarquias

que são criados pelos gestores que supervisionam seus encarregados, que por sua

vez, supervisionam os funcionários. Segundo Chiavenato (2003) a teoria clássica

partia do todo organizacional e da estrutura em busca do aumento da eficiência em

todos os departamentos. Além disso, na visão da TCA as interações interpessoais

entre funcionários e até mesmo gerentes não são bem vistos. As regras devem ser

absolutas e as demissões e admissões deverão ser feitas a partir somente de suas

habilidades para com o cargo.

Fayol, um engenheiro francês, fundador da teoria clássica da administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa, igualando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor.

(CHIAVENATO, 2003, p.80).

Embora nos tempos atuais esta não seja a teoria mais utilizada até mesmo

pela quantidade de falhas, alguns procedimentos de sua base teórica dão foco nas

organizações de hoje como, por exemplo, a diferença entre os problemas pessoais e

profissionais dentro da empresa. Porém, no momento em que não é se levado em

consideração os problemas pessoais de um funcionário pode-se não se ter a melhor

produtividade do mesmo, podendo até levar a alta rotatividade de pessoas na

organização.

Já com base na teoria das relações humanas ou teoria da gestão

comportamental, centraliza-se no estudo do comportamento do indivíduo, ela

20

permite a comunicação entre os indivíduos na organização e assim, faz com que as

decisões na organização sejam tomadas com base nas opiniões e ponto de vista de

cada colaborador. Além de, expor os colaboradores a técnicas motivacionais para

que seja aumentada a produtividade. Chiavenato (2003) explica que ela surgiu como

consequência dos resultados das experiências feitas por Elton Mayo, porém a TRH

também tem os seus contras, afinal, um funcionário motivado pode ser facilmente

influenciado por emoções deixando de levar em considerações operações e

decisões em base concreta numérica. Apesar desses contras esse método de

trabalho tem o grande potencial de retenção de funcionários e grande aumento de

produtividade.

Então se vê totalmente viável a divisão de ambas as teorias, pois a

organização além de uma visão concreta e um modo de trabalhar sucinto e exato

necessita da sensibilidade de conhecimento do comportamento humano para

equilibrar as suas ações e motivá-los a produzir e dar o melhor desempenho pela

organização.

Para melhor demonstrar as diferenças entre a TCA e TRH segue quadro

abaixo:

Quadro 1 - Comparativo entre a Teoria Clássica da Administração e a Teoria das Relações humanas

TEORIA CLÁSSICA DA

ADMINISTRAÇÃO

TEORIA DAS RELAÇÕES

HUMANAS

A organização é uma máquina A organização são as pessoas

Autoridade centralizada Delegação de autoridades

Linhas claras de autoridade Autonomia aos empregados

Divisão total de trabalho Ênfase nas relações humanas

Visão de regras absolutas Preocupa-se com a integridade das

pessoas

Fonte: Adaptado pelos autores de OLIVER 6

6 Vide Webgrafia

21

1.3 Motivação Humana

MACEDO et al. (2007, p. 92) explica que “motivação significa o motivo para

ação”, já Chiavenato (2009, p. 50) descreve que “motivo é tudo aquilo que

impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá uma

origem a uma propensão a um comportamento específico”. Baseado nisso, existem

três premissas que explicam o comportamento humano:

O comportamento humano é causado por estímulos de fatores externos ou

internos;

O comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em todo

comportamento humano;

O comportamento é orientado para objetivos.

O ciclo motivacional inicia-se a partir de uma necessidade do indivíduo, a qual

irá fazer com que ele saia de seu estado de equilíbrio causando um estado de

tensão, insatisfação, desconforto, entre outros. Isso faz com que o indivíduo aja

para buscar formas de descarregar essa tensão, livrar-se desse desconforto ou

desequilíbrio e satisfazer essa necessidade.

1.3.1 Teoria das Necessidades de Abraham Maslow

Dentro de algumas das teorias comportamentais, pode-se citar a hierarquia

das necessidades segundo Maslow.

Maslow afirmava que existem cinco sistemas responsáveis por grande parte de nosso comportamento. Ele colocou esses sistemas em uma escala hierárquica, indo do mais primitivo e imaturo – em termos do comportamento que eles promovem – para o mais civilizado e maduro. (MONTANA E CHARNOV, 2000, p.205 apud

MACEDO et al. 2007, p. 93).

Para Maslow existem cinco níveis de necessidades: fisiológicas, segurança,

sociais, estima e autorrealização, conforme exemplificado na figura a seguir:

22

Figura 2 - Hierarquia das necessidades humanas segundo Maslow

Fonte: adaptado pelos autores de Chiavenato (2009, p. 53).

A teoria de Maslow contribui de forma importante ao distinguir as

necessidades em níveis hierárquicos em grandes grupos, estabelecendo as

prioridades e relevância do crescimento pessoal e da autorrealização em harmonia

com os objetivos organizacionais.

1.3.1.1 Necessidades Fisiológicas

Basicamente a base da pirâmide de Maslow é definida como necessidades

básicas do ser humano tais quais as necessidades de alimentar-se, de repouso,

necessidade de abrigo ou necessidade sexual. Segundo CHIAVENATO (2009)

desde o inicio da vida as pessoas lutam para suprir essas necessidades básicas e

inadiáveis. Elas monopolizam as ações dos recém-nascidos e predominam nos

adultos sobre as demais necessidades enquanto não for alcançada sua satisfação.

São relacionadas com a subsistência e existência do indivíduo.

1.3.1.2 Necessidades de Segurança

O segundo nível da pirâmide refere-se às necessidades referentes à busca de

segurança a ameaças, sejam elas reais ou irreais, pode ser basicamente definida

como a busca de proteção contra ameaças ou privações, CHIAVENATO (2009)

Auto

realização

Estima

Sociais

Segurança

Necessidades fisiológicas

23

define que elas surgem no comportamento humano quando as necessidades

fisiológicas estão relativamente satisfeitas.

1.3.1.3 Necessidades Sociais

São as necessidades que estão relacionadas com a vida pessoal das

pessoas com outros indivíduos. Também fazem parte às relações de aceitação em

outros grupos, e relacionamentos de amizade e afeto. Ainda segundo CHIAVENATO

(2009) quando essa necessidade não é satisfeita, a pessoa torna-se hostil e

resistente com relação a outras pessoas, tornando-o solitário e fazendo com que ele

não se adapte a sociedade e demais indivíduos.

1.3.1.4 Necessidades de Estima

Estas necessidades definem-se como a maneira em que o indivíduo vê a si

próprio, esse tipo de necessidade está relacionado à auto avaliação e envolve a

autoconfiança, necessidade de aprovação e reconhecimento social, prestígio e

reputação. CHIAVENATO (2009) define ainda que a satisfação dessas

necessidades leva o indivíduo a ter sentimentos de valor, autoconfiança, força,

poder, capacidade e utilidade. Assim como a frustração na ausência delas, levam o

indivíduo a ter sentimentos de inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo.

1.3.1.5 Necessidades de Autorrealização

O topo da pirâmide da teoria de Maslow são as necessidades mais elevadas

do ser humano e é definida como a necessidade de valorização da pessoa. Está

diretamente ligada à independência, autonomia e competência. Chiavenato (2009)

define como uma necessidade diferenciada, já que, todas as anteriores são

recompensadas externamente, ou seja, dinheiro, amizade, comida. Já a

autorrealização é uma realização interna onde a pessoa ao chegar ao seu objetivo

deseja ter sempre mais.

1.3.2 Teoria de Dois Fatores de Frederick Herzberg

Banov (2009) cita que Herzberg, através de sua pesquisa, identificou que os

fatores que levam a motivação e a insatisfação estão interligados em escalas

diferentes. E levou o nome de teoria dos dois fatores, pois trabalhou com conjuntos

24

distintos de necessidades que visavam o conforto e a satisfação que originou os

fatores higiênicos e os fatores motivacionais.

1.3.2.1 Fatores Higiênicos

Referem-se às condições do ambiente de tarefa do indivíduo, ou seja,

condições externas que estão sob controle da empresa tais como remuneração,

benefícios sociais, clima organizacional interno, entre outros. Segundo Banov (2009)

para Herzberg comparando com a pirâmide das necessidades de Maslow esses

fatores estão dentro dos três primeiros degraus da pirâmide ligados diretamente a

necessidades fisiológicas que quando controlados previnem o baixo desempenho.

1.3.2.2 Fatores Motivacionais

São fatores referentes ao conteúdo do cargo e do trabalho realizado e tem o

poder de realizar motivação ao apresentar estímulos como salários variáveis e

reconhecimento profissional. Ainda segundo Banov (2009) para Herzberg diferente

dos fatores de higiene, a ausência não causa desconforto, ou seja, são neutros, são

fatores que elevam o bem estar do indivíduo de forma motivacional.

Figura 3 - Pirâmide comparativa das teorias de Maslow e Herzberg

Fonte: adaptado pelos autores de Montana e Charnov (2000 apud Macedo et al. 2007, p.

95).

25

1.3.3 Teoria dos Motivos Humanos de David McClelland McClelland, segundo MACEDO et al. (2007), buscou destacar a importância

das necessidades básicas classificando três conjuntos que são adquiridos pelo

indivíduo a partir de suas experiências de vida, sendo eles:

Realização: que se trata das metas impostas pela pessoa para se alcançar

o sucesso, atingir metas e buscar a excelência.

Afiliação: são basicamente o interesse por afeto, carinho ou amizade de

terceiros, esse conjunto de necessidades demonstra o interesse no

estreitamento de laço do indivíduo com outras pessoas.

Poder: demostra a necessidade que o indivíduo cria de ter um status

perante outros indivíduos, é através dele que a pessoa aprende e

aprimora a capacidade de liderar, influenciar ou dominar os outros.

Assim, a grande contribuição de Herzberg foi elucidar, conforme descrito por

MACEDO et al. (2007, p. 95) “não basta criar boas políticas higiênicas ou de

manutenção se não houver reformulação nos cargos e valorização efetiva das

pessoas que os ocupam.” Então, ele propõe que as tarefas sejam constantemente

acompanhadas e moldadas ao processo evolutivo de cada colaborador, num

processo conhecido como enriquecimento das funções. Há também, a teoria da

expectativa de Vroom, segundo Robbins e Firley (1997, p. 355 apud MACEDO et al.

2007, p. 97) essa teoria “ajuda a explicar por que muitos trabalhadores não são

motivados em seus cargos e fazem apenas o mínimo necessário para não perdê-

los”. Chiavenato (2009, p. 56) explica que a teoria de motivação de Vroom “se

restringe exclusivamente à motivação para produzir, rejeita noções preconcebidas e

reconhece as diferenças individuais”. Vroom apresenta a existência de três relações:

Os objetivos individuais, relação entre a quantidade de esforço e o

resultado - expectativa;

Relação entre o desempenho e o alcance de seus objetivos pessoais;

Relação entre recompensa e satisfação de cumprimento de suas metas

pessoais.

26

Figura 4 - Os três fatores da motivação para produzir

Fonte: adaptado pelos autores de Chiavenato (2009, p. 57).

1.4 Frustração

A frustração é obtida a partir do momento em que a pessoa não atinge os

seus objetivos, pode ser considerada a contramão da motivação, então o indivíduo

acaba não se estimulando totalmente de acordo com a situação e além de não

atingir os resultados, a pessoa acaba criando vazios que podem ser preenchidos em

si mesmo com alguns mecanismos de defesa do corpo, ou conforme cita Piéron

(1966 apud Macedo et al. 2009, p. 99) são mecanismos inconscientes pelos quais o

ego se distorcia de impulsos ou afetos sentidos como perigosos para a integridade

do organismo.

Segundo Freud7, pode-se citar como mecanismos de defesa:

Racionalização – querer algo que não se pode ter;

Fantasia – trocar o que se tem pelo que se sonha;

Projeção – tirar de si a culpa de seus problemas atribuindo a outros;

Deslocamento – transferir emoções entre situações;

Sublimação – colocar emoções e reações em objetivos ou situações fora

da realidade;

Generalização – descontentar-se com todas as situações e pessoas;

Isolamento – afastar-se de outros indivíduos;

Apatia – Se tornar indiferente a qualquer situação.

Lembrando que tanto a questão de apatia ou motivação varia de pessoa a

pessoa, sendo esses fatores não aplicados de forma absoluta para cada indivíduo. É

7 Sigismund Schlomo Freud, mais conhecido, apenas, por Sigmund Freud (6 de maio de 1856 - 23 de

setembro de 1939), nascido na Áustria, foi neurologista e fundador da Psicanálise. Este grande nome da psicanálise foi o responsável pela revolução no estudo da mente humana. Vide Webgrafia.

27

papel do gestor de cada equipe conhecer aprimorar os pontos motivacionais de cada

pessoa da equipe a modo de usufruir das melhores qualidades de cada indivíduo em

prol dos resultados da empresa. Por isso segundo Vergara (2003 apud Macedo et al.

2007, p.100) “lidar com essas diferenças é a arte e a magia do gestor”.

1.5 Clima Organizacional

O clima organizacional refere-se ao ambiente de tarefa, e está diretamente

ligado ao nível de satisfação do indivíduo dentro da empresa. Tanto com os outros

indivíduos dentro do mesmo ambiente bem como em seu estado de espírito durante

o dia-a-dia. O seu conceito segundo Chiavenato (2009) é um ajustamento pessoal e

mental que não pode ser definido apenas como satisfazer suas necessidades

fisiológicas e de segurança, mas também a satisfação das necessidades de

pertencer a um grupo social de estima ou autorrealização.

Grande parte do clima organizacional tem haver com a situação da saúde

mental do ser humano, sendo assim possível através do seu estado psíquico/mental

propiciar um bom ou mau clima organizacional no ambiente de trabalho. Chiavenato

(2009) cita três características básicas para se definir indivíduos com boa saúde

mental, sendo elas:

a. Sentem-se bem consigo mesmas;

b. Sentem-se bem em relação a outras pessoas;

c. São capazes de enfrentar por si as demandas da vida.

Os programas de qualidade de vida implantados nas empresas brasileiras,

conforme explicado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE) 8 estão entre os mais completos do mundo, pois envolvem as principais

áreas da gestão de pessoas para tornar o ambiente organizacional mais saudável,

como ações psicossociais, de saúde física e mental, culturais, de cidadania e

ambientais, entre outros. Dentre algumas ações que asseguram o bem-estar dos

colaboradores, exemplificam-se:

8 Vide Webgrafia

28

Benefícios individualizados, no qual os colaboradores irão optar pelo

benefício que seja do seu interesse, como alguns benefícios de

desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional como cursos de

graduação, pós-graduação e especializações;

Visitas de familiares;

Programas de atividades físicas, como ginástica laboral e corridas;

Programas sociais;

Horários flexíveis.

Essas medidas e programas para melhorar o clima organizacional,

contribuem para reduzir o estresse ocupacional, melhorando o desempenho de seus

colaboradores e preservando um bom ambiente de trabalho. A empresa só tem a

ganhar ao implantar estes programas, pois além de maximizar seus lucros com a

motivação de seus colaboradores, também terá uma baixa rotatividade de

funcionários e maiores chances de manter seus talentos em seu quadro de pessoal.

29

2 ESTRESSE OCUPACIONAL

Conforme Limongi-França e Rodrigues (2007), o termo estresse vem da física

e tem o sentido do grau de deformidade que uma estrutura sofre quando é

submetida a um esforço. Segundo Spector (2010), na maioria das organizações

existem situações consideradas estressantes pelos funcionários, como ser

repreendido pelo supervisor, ter limite de tempo para executar uma tarefa, ou sentir

a possibilidade de demissão. Limongi-França e Rodrigues (2007) citam que hoje se

pode compreender melhor o fenômeno estresse, seu lado bom e ruim. Por conta

disto se torna cada vez mais importante estudar e analisar o aspecto do estresse

ocupacional, entender o seu processo, os estressores, os riscos e as

consequências, o lado positivo, para que o administrador tenha domínio sobre o

tema e saiba identificar e administrar a situação.

2.1 Psicologia Organizacional Antes de abordar o assunto estresse ocupacional, é importante ter uma

introdução à psicologia organizacional. Pois é através desta, que se dão os estudos

com relação aos problemas dos indivíduos na organização. “A psicologia

industrial/organizacional é definida como a aplicação da teoria e da metodologia

psicológicas aos problemas das organizações e aos problemas de grupos e de

indivíduos em ambientes organizacionais” (American Psychological Association9,

1981 apud Krumm, 2011, p. 4).

Ainda segundo Krumm (2011), no decorrer das últimas décadas a psicologia

industrial/organizacional incluiu muitos ambientes organizacionais além das

empresas tradicionais. E seus princípios aplicam-se a hospitais, escolas, instituições

militares, instituições beneficentes, fábricas e lojas. Com essa expansão para outros

ambientes, a psicologia organizacional trouxe informações e novas áreas de

conhecimento para todo o campo.

Spector (2010) cita que as principais divisões entre a psicologia

organizacional são justamente a psicologia industrial e a psicologia organizacional.

9 Associação Americana de Psicologia (traduzido livremente pelos autores). É a maior organização

científica e profissional representando psicologia nos Estados Unidos. APA é a maior associação de psicólogos do mundo, com mais de 134 mil pesquisadores, educadores, médicos, consultores e estudantes como seus membros. Sua missão é promover a criação, a comunicação e a aplicação do conhecimento psicológico para beneficiar a sociedade e melhorar a vida das pessoas. Vide Webgrafia.

30

Embora os dois conteúdos sejam parecidos e não possam ser facilmente separados,

tradicionalmente eles têm origens diferentes. A industrial é mais antiga, e tem seu

foco com questões de eficiência e uso apropriado do recurso humano, enquanto a

organizacional tem seu foco no comportamento individual e o aumento do bem-estar

dos funcionários.

A parte organizacional se desenvolveu a partir do movimento de relações humanas nas organizações. Seu foco no funcionário como indivíduo é maior do que o existente na parte industrial. Ela se preocupa em compreender o comportamento individual e aumentar o bem-estar dos funcionários no ambiente de trabalho. Os tópicos organizacionais abrangem as atitudes e o comportamento do funcionário, o stress no trabalho e praticas de supervisão. (Spector, 2010, p.8).

Desta forma, com a ramificação da psicologia organizacional, tendo seu foco

no indivíduo, muitos estudos são feitos com relação às doenças ocupacionais,

principalmente com relação ao estresse ocupacional, muito por conta da

popularização da palavra, a qual virou referência para representar qualquer tipo de

aflição ou cansaço do corpo e mente.

2.2 O Estresse Ocupacional e os Estressores

Segundo Baterman e Strasser (1983, apud ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2012)

torna-se cada vez mais preocupante o papel do estresse ocupacional na sociedade,

de forma que é reconhecido como um dos riscos mais sérios ao bem-estar

psicossocial do indivíduo.

O estresse coloca em risco a saúde do funcionário de qualquer empresa,

sabendo que de 50 a 80% das doenças relacionadas ao trabalho são

psicossomáticas ou estão relacionadas ao nível elevado de estresse conforme cita

Pelletier (1984, apud ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2012).

Segundo Chiavenato (2010), o estresse é um conjunto de reações físicas,

químicas e mentais de uma pessoa decorrente de estímulos ou estressores

existentes no ambiente. No entendimento de Wagner (2009) o estresse é um

sentimento negativo que pode demonstrar insegurança e dúvida da capacidade da

pessoa de acordo com as suas metas e objetivos. A pessoa pode sofrer reações

adversas de acordo com o grau de estresse, podendo sofrer desde reações físicas a

psicológicas.

31

É uma condição dinâmica que surge quando uma pessoa é confrontada com uma oportunidade, restrição ou demanda relacionada com o que ela deseja [...] estresse é a soma das perturbações orgânicas e psíquicas provocadas por diversos agentes agressores, como: traumas, emoções fortes, fadiga, exposição a situações conflitivas e problemáticas etc. O estresse provoca ansiedade e angústia. (CHIAVENATO, 2010, p.473).

Para se compreender melhor o estresse no trabalho, devem ser

compreendidas as diferentes concepções envolvidas no processo. Segundo Jex

(1990, apud Spector, 2010) um fator estressante do trabalho é uma condição ou

situação que exige a adaptação do funcionário.

Figura 5 - Os estressores na vida de cada pessoa

Fonte: adaptado pelos autores de Chiavenato (2010, p. 474).

Chiavenato (2010) demonstra em sua obra, os estressores na vida de cada

pessoa, através desta figura e cita que existem duas fontes principais de estresse no

32

trabalho, as causas ambientais, que envolvem grande variedade de fatores externos

e contextuais e que podem conduzir ao estresse no trabalho, e as causas pessoais,

que envolvem características individuais que predispõem ao estresse, como

exemplo as pessoas que são viciadas no trabalho, e que por conta disto geralmente

estão mais sujeitas ao estresse do que as outras.

Estabelecer uma diferença das influências dos estressores, entre homens e

mulheres, gera uma preocupação adicional. Holmes e Jorgensen (1971 apud

ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2012) fizeram um estudo tendo como principal

objetivo comparar e contrastar o estresse ocupacional que pode afetar o bem-estar

psicossocial de profissionais dos sexos masculino e feminino.

Uma amostra com 900 profissionais escolhidos aleatoriamente, divididos em

450 mulheres e 450 homens de diferentes organizações brasileiras passou por um

teste sobre o estresse. Foi distribuída uma ficha de questionário para cada pessoa,

no total foram devolvidas 586 fichas sendo 220 dos homens e 366 de mulheres.

Esse estudo visava demonstrar a diferença de estressores entre os gêneros e se

tratava de um formulário onde os participantes deveriam responder 18 questões

baseadas em situações estressantes no trabalho.

Com a análise de dados observou-se que há uma distinta diferença entre o

grau de estresse e os estressores de acordo com cada sexo, criando assim, um

quadro que possibilita a visualização rápida dos resultados conforme o gênero.

O quadro a seguir apresenta uma comparação dos percentuais de homens e

mulheres. Os resultados indicam que há algumas diferenças entre homens e

mulheres nos 18 estressores identificados.

Quadro 2 - Percentual de comparação de estressores de homens e mulheres

(continua)

RANKING ESTRESSOR HOMENS N= 220 MULHERES N=366

1 INCERTEZA 58,1% 54,6%

2 SOBRECARGA DE TRABALHO 46,3% 59,5%

3 FALTA DE CONTROLE 48,1% 54,6%

4 DEMANDAS DO TRABALHO 47,2% 52,4%

5 ESTRESSE INTERPESSOAL 48,1% 50,2%

6 INCAPACIDADE DE ADM SEU TEMPO 34,5% 45,3%

33

(continuação e conclusão)

RANKING ESTRESSOR HOMENS N= 220 MULHERES N=366

7 ESTRESSE TECNOLÓGICO 43,6% 38,7%

8 CONFLITO DE FUNÇÃO 38,1% 37,1%

9 AMBIGÜIDADE DE FUNÇÃO 30,0% 32,7%

10 TAREFAS ROTINEIRAS 24,5% 34,4%

11 RECURSOS INADEQUADOS 33,6% 24,5%

12 LIDAR COM PROBLEMAS EMOCIONAIS 18,1% 20,7%

13 CAPACITAÇÃO, TREINAMENTO 17,2% 15,3%

14 ASSÉDIO MORAL 13,6% 16,9%

15 FALTA DE FEEDBACK10

10,0% 16,9%

16 MUDANÇA NO EMPREGO 10,9% 15,3%

17 MUDANÇA NO AMBIENTE 4,5% 14,2%

18 FALTA DE PARTICIPAÇÃO 11,8% 6,0%

53,9% 59,0%

Fonte: adaptado pelos autores de ROSSI; PERREWÉ; SAUTER (2012, p. 13).

Observa-se que em geral, há algumas diferenças importantes entre os sexos

com relação ao que lhes causa estresse no emprego. Segundo Rossi, Perrewé e

Sauter (2012) a identificação da importância relativa das causas é fundamental para

que possa tomar medidas para amenizar as consequências negativas que podem

resultar do estresse.

O quadro a seguir, apresenta o percentual dos rankings invertidos recebidos

para os 18 estressores. Rossi, Perrewé e Sauter (2012) afirma que essas

pontuações são importantes porque, enquanto a tabela anterior identificou todos os

estressores com o mesmo valor, os rankings invertidos atribuem maior valor aos

considerados mais perigosos ao bem-estar psicossocial do empregado.

10

De acordo com o dicionário Houaiss Feedback é a informação que o emissor obtém da reação do receptor à sua mensagem, e que serve para avaliar os resultados da transmissão. É um processo de alimentação que ocorre através do fornecimento de informações críticas para o ajuste de desempenho e performance de uma pessoa. Vide Webgrafia

34

Quadro 3 - Rankings Invertidos

RANKING ESTRESSOR HOMENS N= 220 MULHERES N=366

1 SOBRECARGA DE TRABALHO 74,0% 94,3%

2 INCERTEZA 91,0% 83,1%

3 FALTA DE CONTROLE 75,1% 82,1%

4

INCAPACIDADE DE ADMINISTRAR SEU

TEMPO 72,8% 82,0%

5 ESTRESSE INTERPESSOAL 76,3% 77,8%

6 DEMANDAS DO TRABALHO 54,5% 69,7%

7 AMBIGUIDADE DA FUNÇÃO 64,2% 57,4%

8 ESTRESSE TECNOLÓGICO 58,1% 55,4%

9 CONFLITO DA FUNÇÃO 38,0% 49,7%

10 TAREFAS ROTINEIRAS 44,7% 45,7%

11 RECURSOS INADEQUADOS 51,8% 36,9%

12 LIDAR COM PROBLEMAS EMOCIONAIS 24,5% 29,6%

13 CAPACITAÇÃO, TREINAMENTO 19,0% 24,3%

14 FALTA DE FEEDBACK 23,0% 21,3%

15 ASSÉDIO MORAL 14,7% 23,9%

16 MUDANÇA NO EMPREGO 15,5% 21,8%

17 MUDANÇA NO AMBIENTE 6,8% 19,7%

18 FALTA DE PARTICIPAÇÃO 16,7% 9,0%

82,1% 88,4%

Fonte: adaptado pelos autores de ROSSI; PERREWÉ; SAUTER (2012, p. 14).

Os autores continuam abordando a importância do quadro dos rankings

invertidos, pois afirmam que através disto pode-se classificar cada estressor como

“elevado”, “moderadamente elevado”, “moderado” ou “baixo”.

Portanto, os cinco primeiros estressores constituem a categoria de estressor “elevado”, os três seguintes, a categoria “moderadamente elevado”, seguidos pelos três da categoria “moderado” e os últimos sete constituem a categoria “baixo” [...] Estas categorias podem permitir que os pesquisadores e profissionais que atuam na área de saúde e recursos humanos comecem a procurar os estressores que a maioria dos indivíduos considerou mais estressantes. (ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2012, p.15).

35

Pode-se observar que os dados dos quadros se diferem. O aspecto mais

notável, segundo os autores, são as trocas do primeiro e segundo e do quarto e

sexto estressores. Embora os números sejam próximos, fica claro que as mulheres

ficam mais estressadas com a carga de trabalho e que os homens se estressam

mais com a incerteza do emprego, porém ambos afetam a percepção que os

empregados têm da forma como administram seu tempo.

2.2.1 Os Principais Estressores

Através das pesquisas de Rossi, Perrewé e Sauter (2012) será demonstrado

a seguir mais profundamente alguns estressores que mais atingem homens e

mulheres, dentre eles: sobrecarga de trabalho, incerteza, ambiguidade da função,

estresse interpessoal e incapacidade de administrar o tempo.

2.2.1.1 Sobrecarga de trabalho

Segundo Krumm (2011) sobrecarga de trabalho, é uma expressão utilizada

para indicar que as demandas de trabalho referente à rapidez e/ou habilidade são

demasiadas para um empregado. A autora ainda cita que a sobrecarga pode ser

quantitativa ou qualitativa, sendo que a quantitativa significa que o empregado tem

muito trabalho a ser realizado e seu tempo é curto, e a qualitativa refere-se que o

trabalho a ser executado pelo empregado é muito difícil ou o mesmo não possui

todas as qualidades técnicas que o trabalho exige.

Conforme Kirmeyer e Dougherty (1990 apud Krumm, 2011, p. 281) “Em

termos temporários, a sobrecarga de trabalho pode ser irritante ou exaustiva; em

bases permanentes, é uma grande fonte de estresse, resultando em trabalho de

qualidade mais baixa e menor satisfação no cargo”.

Limongi-França e Rodrigues (2007) em sua obra dissertam referente à

sobrecarga de papeis, que embora seja diferente da sobrecarga de trabalho, sua

coexistência é frequente. Os autores definem que a sobrecarga de papéis ocorre

quando a pessoa possui um número muito grande de papeis dentro da organização,

exemplos comuns são pessoas que delegam pouco as tarefas, empresas que

passam por momento de transição e executivos que estão sendo promovidos.

36

2.2.1.2 Incerteza

A incerteza, ou o medo do desemprego é um aspecto que se tornou muito

comum do cotidiano, as organizações muitas vezes utilizam desse artifício como

forma de condicionar seus empregados a produzir, porém na maioria das vezes não

sabem dosar isto. Segundo Rossi, Perrewé e Sauter (2012) desde a época da

revolução industrial que os trabalhadores, de todos os níveis (operacional, tático e

estratégico), não vivenciavam níveis de insegurança tão grandes como atualmente.

Os autores citam em sua obra, uma pesquisa realizada na qual há uma

demonstração de queda na satisfação dos empregados em termos de segurança do

emprego em relação a qualquer um de seus concorrentes.

Krumm (2011) faz um paralelo do tecnoestresse, que é um estresse

resultante do temor de novas tecnologias, e da incerteza, pois com a evolução

tecnológica os trabalhadores sentem-se mais inseguros tendo como perspectiva

uma substituição da mão de obra humana, para a robotizada, ou até mesmo o

indivíduo cria o temor quanto à sua capacidade de acompanhar a permanente

mudança dos requisitos tecnológicos do local de trabalho.

2.2.1.3 Ambiguidade da Função

A ambiguidade da função ou também como é frequentemente citada,

ambiguidade de papéis, segundo Limongi-França; Rodrigues (2007) se dá quando a

pessoa do ambiente de trabalho não tem muita certeza quanto ao papel que deve

desempenhar.

Durante uma fusão de empresas, pode haver pessoas de cada empresa executando o mesmo trabalho. No entanto, elas não estão seguras quanto à maneira como seus cargos serão estruturados na nova organização. As três causas mais comuns de ambigüidade de papéis são a complexidade das organizações, a taxa de mudança nas organizações e uma filosofia empresarial que acredita em ocultar informações dos empregados. (KAHN et al. 1964 apud KRUMM, 2011, p. 282).

Conforme Limongi-França e Rodrigues (2007) é evidente que a ambiguidade

é um fato gerador de estresse, visto que à medida que a pessoa tem dificuldades de

situar nas tarefas que lhe cabem, seu desempenho poderá ser prejudicado. A

intensidade desse estresse se dará através das características pessoais e também

37

do ambiente em que esta pessoa está situada. Os autores ainda complementam o

pensamento de forma a ligar a ambiguidade com a incerteza, sendo que com a

ambiguidade geram-se também incertezas no modo de atuar, aos limites de

responsabilidades, as expectativas de terceiros quanto ao desempenho do indivíduo.

2.2.1.4 Estresse Interpessoal

Segundo Silva11, o relacionamento interpessoal é o relacionamento entre

duas pessoas, seja em qual ambiente for, escola, trabalho ou família. Da mesma

forma não se deve restringir o estresse interpessoal, apenas pelas reações

negativas que a pessoa tem no seu ambiente de trabalho.

Rossi, Perrewé e Sauter (2012) em sua obra citam exemplos do estresse

interpessoal visto da interface trabalho-família, onde o estresse gerado em casa é

levado para o trabalho, e da mesma forma o contrário, o estresse gerado no trabalho

é levado para casa. Esse tipo de situação gera conflitos psicológicos à pessoa, e ela

começa a ter a sensação de que o trabalho está invadindo sua vida particular ou que

a sua família está interferindo no seu sucesso profissional. Com relação a este

conflito, podem surgir problemas com relação ao humor, satisfação, prioridade para

atividades de trabalho ou familiares, habilidades ou comportamentos. Alguns

pesquisadores indicam que o estresse interpessoal e este conflito trabalho-família

podem ser tão fortes que o estresse causado no trabalho, pode ser transferido ao

cônjuge devido a uma série de processos como as exigências de um cônjuge que

geram novas exigências sobre o outro e dessa forma as exigências sobre um

cônjuge influenciam o humor do outro.

2.2.1.5 Incapacidade de Administrar o Tempo

A incapacidade de administrar o tempo é um problema comum de todos, e

caso a pessoa esteja com muitos problemas para administrar seu tempo, a

tendência de ficar estressada e ter conflitos em diversas áreas de sua vida é grande.

Vieira (2010) fez uma entrevista com Christian Barbosa para a revista Você

S/A, o qual é conhecido como o “senhor do tempo”. Ele é dono de uma consultoria

cuja especialidade é oferecer soluções para reduzir o estresse, melhorar a vida das

pessoas e aumentar a produtividade das organizações. Abriu sua primeira empresa

11

Vide webgrafia

38

aos 15 anos, e aos 19 coordenava uma equipe de quase 300 funcionários, começou

a ter uma rotina muito acelerada e por conta disto ele desenvolveu um tumor no tubo

digestivo, então mudar o estilo de vida tornou o seu desafio. Ele efetuou uma

pesquisa detalhada sobre a gestão do tempo e desenvolveu uma metodologia sobre

o tema.

Segundo Vieira (2010), Christian Barbosa cita que as pessoas têm um volume

muito grande de urgências, o que segundo ele reflete o comportamento de deixar as

coisas para fazer na última hora. As pessoas que não administram bem o tempo têm

o volume de urgências acima de 30% do tempo disponível e tem tarefas atrasadas

acima dos 20%, é o tipo de pessoa que é questionada a quantas horas trabalha por

dia, e a mesma não sabe a resposta. Os maiores ladrões de tempo dentro das

organizações são as urgências desnecessárias, as reuniões, as quais dados

revelam que somente um terço são necessárias, e o hábito de checar os e-mails à

todo instante.

2.3 Personalidade do Tipo A

Segundo Krumm (2011) a personalidade do Tipo A, refere-se a pessoas com

características de personalidade combinadas que são associadas a doenças

coronarianas, tais como agressividade, hostilidade, ansiedade e competitividade.

Rossi, Perrewé e Sauter (2012) citam que com relação à personalidade e a

características comportamentais Tipo A, o primeiro a observa-las foi Von Düsch, um

médico alemão do século XIX, que comparou o envolvimento excessivo no trabalho

e os ataques cardíacos.

Em 1959, Friedman e Rosenman (apud ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2012)

publicaram um artigo que relacionava características comportamentais específicas a

doenças cardiovasculares, embora os dois fossem cardiologistas e não tivessem

nenhum conhecimento de psicologia, isto pareceu favorável, visto que os dois não

tinham noções preconcebidas.

Anteriormente outros psiquiatras já haviam descrito certas características de

personalidade relacionadas a doenças cardíacas porém não conseguiram

comprovar nenhuma relação casual. O termo Tipo A não foi mencionado no primeiro

artigo de Friedman e Rosenman, mas surgiu no ano seguinte em outro artigo que

descrevia como um “comportamento A” poderia ser detectado.

39

Segundo Friedman e Rosenman (apud ROSSI; PERREWÉ; SAUTER, 2012)

os indivíduos exibiam certos padrões característicos de atividades incluindo:

a. Padrões auto impostos que são, comumente, inviáveis, ambiciosos e

perseguidos de forma inflexível. Junto a isto, há uma necessidade de

manter a produtividade para ser respeitado e uma sensação de culpa

quando está em férias ou relaxando. Há também uma necessidade de

reconhecimento e uma atitude competitiva que frequentemente cria

desafios mesmo quando estes não existem.

b. Certos estilos de pensamento e atividade caracterizados pela vigilância e

impulsividade, geralmente resultando na inclusão por várias linhas de

pensamento ou ação juntas.

c. Hiperatividade, frequentemente manifestada por uma tendência de

interromper ou terminar uma simples conversa, geralmente de forma

drástica, variando a fala, volume e/ou tom ou alternando rompantes

rápidos de palavras com longas pausas de hesitação, indicando

pensamento intenso. As pessoas do Tipo A frequentemente fazem gestos

com a cabeça ou murmuram para concordar com seu interlocutor, ou dão

risadinhas para indicar indiretamente ao interlocutor que o que está sendo

dito está sendo redundante e que ele pode seguir em frente.

d. Relacionamentos interpessoais insatisfatórios, pois os indivíduos do Tipo A

geralmente são egocêntricos, maus ouvintes, têm atitude exibicionista em

relação a sua própria superioridade e ficam com raiva com maior facilidade

se seus desejos não forem respeitados ou seus objetivos não forem

alcançados.

e. Atividade na forma de gestos, movimentos e atividades faciais como

caretas, ranger os dentes ou tencionar os músculos da mandíbula. Muita

vez, estes indivíduos cerram os punhos ou talvez os batam na mesa para

enfatizar algo. Mexem-se de forma irrequieta, batem o pé no chão ou

balançam as pernas. Estes são comportamentos comuns.

f. Padrões de respiração irregulares com suspiros frequentes, produzidos

pela inspiração de mais ar do que o necessário enquanto falam e liberação

do ar no meio ou no final de uma frase.

40

Limongi-França e Rodrigues (2007) fazem um paralelo da personalidade Tipo

A com os workaholics. Este termo em inglês que hoje é conhecido e utilizado

universalmente, é um silogismo que ocorre entre as palavras work (trabalho) e

alcohoolic (alcoólico) e refere-se às pessoas que são dependentes do trabalho. São

pessoas que não conseguem e não sabem fazer outra coisa a não ser trabalhar, e

até mesmo nas férias essas pessoas tem a dificuldade de conviver com a família,

lazer ou com outras pessoas.

Os workaholics são mutio valorizados no meio empresarial, pois são pessoas muito produtivas, competitivas, eficazes, vivem para a empresa e em busca de objetivos relacionados ao trabalho, com o alto nível de rendimento profissional. Muitas dessas pessoas apresentam o que é denominado padrão Tipo A de personalidade. É importante frisar que esse padrão de personalidade não é exclusivo dos workaholics, mas é frequentemente observado entre executivos. (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2007, p. 108)

Os autores descrevem que muitos estudos têm demonstrado correlações

importantes entre o padrão de personalidade Tipo A, como uma tendência a reagir

as situações estressantes e uma maior vulnerabilidade aos efeitos do mesmo.

2.4 Eustresse

Constantemente os efeitos do estresse são ligados ao distresse (reações

negativas a um fator estressante), com isso movimentos da psicologia e do

comportamento organizacional têm como objetivo estudar conceitos positivos da

vida no trabalho e consequentemente do estresse. Por conta disto, foi possível

separar o eustresse do distresse.

O distresse é definido como uma resposta psicológica negativa a um fator estressante, como é indicado pela presença de estados psicológicos negativos. O eustresse é definido como uma resposta psicológica positiva a um fator estressante, como é indicado pela presença de estados psicológicos positivos. O estresse positivo reflete até que ponto a avaliação cognitiva da situação é considerada benéfica ou aprimora o bem-estar de um indivíduo. (ROTHMANN; COOPER, 2009, p. 257).

Ainda segundo os autores quando se avalia o eustresse, seus indicadores

devem ser os estados psicológicos positivos, como atitudes ou emoções, fatores

41

estressantes estáveis não são indicadores aceitáveis do eustresse. Nelson e

Simmons (2003 apud ROTHMANN; COOPER, 2009, p. 259) definem que “as

atitudes no trabalho de afetividade positiva, significância e capacidade de ser

administrado podem ser bons indicadores do eustresse”. A afetividade positiva

demonstra um compromisso prazeroso e reflete o entusiasmo do indivíduo e o

quanto está ativo e alerta. A significância é o quanto o trabalho faz sentido

emocionalmente à pessoa e que mesmo com problemas e exigências, vale a pena o

investimento de energia, comprometimento e a adesão. Por sua vez, a capacidade

de ser gerenciado é o quanto alguém tem a percepção de que os recursos que estão

à disposição de uma pessoa são adequados para cumprir as exigências da situação

de trabalho.

Rossi, Perrewé e Sauter (2012) citam a metáfora da banheira como uma

maneira mais fácil de enxergar a abordagem sobre o estresse e também

demonstram um modelo para compreender melhor o eustresse.

Na metáfora da banheira, o exemplo dado é de que quando se quer tomar um

banho agradável, utiliza-se de duas torneiras de água fria e quente para controlar a

temperatura e o nível da água. O nível da água é controlado pela vazão das

torneiras que mandam água para dentro da banheira, e pela vazão da água que sai

pelo ralo. E a temperatura é controlada por sua vez, pela vazão simultânea da água

que sai das duas torneiras. Os autores citam que por muito tempo os estudos

relacionados ao estresse, foram estudos que só analisaram a água fria (distresse),

isto não foi ruim, pois muitos avanços foram desenvolvidos com relação a água fria

que sai pelo ralo, ou seja, como controlar a resposta do distresse e como lidar com

ele. Porém para um estudo mais completo do estresse, deve-se ter uma visão das

duas torneiras (distresse e eustresse), para que se possa ajustar de forma ideal o

nível e a temperatura da banheira.

Com relação ao modelo para uma melhor compreensão do eustresse, os

autores demonstram em sua obra um modelo holístico do estresse através da figura

a seguir.

42

Figura 6 - Modelo Holístico do Estresse

Fonte: adaptado pelos autores de ROSSI; PERREWÉ; SAUTER (2012, p. 129).

Neste modelo apresentado pelos autores os estressores são estímulos

neutros. O que vai determinar eustresse, distresse ou até mesmo uma combinação

dos dois será a avaliação de cada indivíduo, ou seja, as diferenças de cada pessoa

com relação à resposta que dá ou que sente da situação estressante. Os autores

defendem que as duas partes da resposta ao estresse podem ser modeladas

utilizando os estados positivos e negativos estabelecidos como indicadores.

Exemplo, a esperança que constitui indicador em potencial do eustresse, ou a raiva

que constitui um indicador em potencial do distresse.

2.5 Sindrome de Burnout

No caso do estresse ocupacional, ou seja, no ambiente de trabalho, quando o

indivíduo sente a falta de estímulo no dia-a-dia ou ausência de condições

adequadas de trabalho, a resposta aos resultados esperados é sempre negativa,

seja em baixo rendimento na produção e no cumprimento de metas, fazendo o

indivíduo alcançar o seu esgotamento físico total levando-o a síndrome de burnout12.

Segundo Ferrari13 a síndrome de burnout, acontece com o esgotamento físico total

do indivíduo no ambiente de trabalho, ou seja, a partir da pressão imposta ao

12

De acordo com a PSI - revista de psicologia social e institucional, burnout, no sentido literal significa “estar esgotado” ou “queimado”. Vide Webgrafia 13

Vide Webgrafia

43

colaborador e aos resultados não adquiridos pelo mesmo, junto à insegurança e a

cobrança por melhorias. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1974 nos

Estados Unidos pelo psicólogo clínico familiar Herbert Freudenberger, a partir de

estudos sobre a perda de motivação e comprometimento, acompanhados de

sintomatologias psíquicas e físicas, como a perda de energia e a presença de

fadiga, manifestados por voluntários de uma instituição para tratamento de

drogados. Apesar de ter sido Freudenberger a pessoa que deu origem ao conceito

de burnout, foi a pesquisadora Christina Maslach que no ano de 1982 definiu a

síndrome de uma forma contundente.

No entendimento de Rossi, Perrewé e Sauter (2012) burnout no trabalho é

uma síndrome psicológica proveniente de uma reação prolongada a alguns

estressores interpessoais crônicos, principalmente a exaustão extrema, sensações

de ceticismo e desligamento do trabalho, sensação de ineficácia e falta de

realização profissional/pessoal. Ainda segundo os autores, na dimensão da

exaustão, representa-se o componente básico individual do estresse no burnout,

refere-se a estar além dos limites físicos e emocionais. Uma queixa comum de

trabalhadores neste estado é: “Estou sobrecarregado e tenho trabalhado demais –

simplesmente é coisa demais.” As principais fontes desta exaustão são a sobrecarga

de trabalho e o conflito pessoal no trabalho.

No que se refere à dimensão do ceticismo representa o componente de

interpessoalidade no burnout. É a reação negativa, insensível ou excessivamente

desligada dos diversos aspectos do trabalho. Geralmente é resultado de uma

sobrecarga de exaustão emocional do indivíduo, se tornando um tipo de

amortecedor emocional de uma “preocupação desligada”, porém o risco é de que

esse desligamento resulte na perda de idealismo e na desumanização do próximo. À

medida que o ceticismo vai se desenvolvendo os trabalhadores começam a deixar

de fazer o melhor, para fazer somente o mínimo necessário. Trabalhadores nesta

dimensão podem ser resumidos da seguinte maneira: “Como consigo me safar, e

mesmo assim receber meu salário e cair fora?” Esses trabalhadores continuam

fazendo seu trabalho, porém fazendo sempre o mínimo necessário, o que fatalmente

reduz a qualidade e desempenho.

Os autores citam que a dimensão de ineficácia, representa o componente de

auto avaliação da síndrome, são sensações de incompetência, e falta de realização

e produtividade no trabalho. Essas sensações podem ser amplificadas pela falta de

44

recursos no trabalho ou uma falta de apoio social e de oportunidades. As pessoas

que vivenciam esta dimensão geralmente perguntam-se: “O que estou fazendo? Por

que estou aqui?” Essa sensação de ineficácia geralmente leva o indivíduo a não

gostar do tipo de profissional que se tornou, com isso passam a ter uma

consideração negativa de si mesmos e dos outros.

Ainda segundo Rossi, Perrewé e Sauter (2012) o impacto no ambiente de

trabalho se agrava a partir do momento em que a alta administração de uma

empresa deixa de prestar atenção em um funcionário esgotado ou estressado

acreditando ser um problema pessoal que deve ser deixado de fora no momento em

que o empregado está em seu expediente. Pesquisas mostram que a síndrome de

burnout deve ser analisada e ser considerada uma grande preocupação, por

envolver custos adicionais à empresa agregando ao funcionário um mau

desempenho, problemas de relacionamento familiar e até problemas de saúde.

2.6 Métodos Para Redução e Avaliação do Estresse

Chiavenato (2010) descreve em sua obra, métodos para a redução do

estresse, dos quais são:

Planejamento: o estresse da vida pessoal e da vida no trabalho pode ser

planejado. Deve-se ter tempo para planejar os objetivos pessoais e de carreira,

como desenvolver um bom cronograma de atividades, ou como relacionar os

objetivos com os da organização.

Exercício físico: exercícios regulares contribuem para a saúde física e ajudam

a reduzir o estresse, e como consequência ainda ajuda no condicionamento físico.

Dieta: um prolongamento do estresse pode reduzir o suprimento de vitaminas,

tornando-o mais suscetível a doenças. Uma boa dieta alimentar é essencial.

Relaxamento: técnicas terapêuticas, técnicas asiáticas de relaxamento e

ginásticas laborais são bons exemplos para a pessoa relaxar no trabalho gastando

pouco tempo e tendo um resultado satisfatório.

Psicoterapia e psicanálise: são técnicas interpessoais usadas para reduzir o

estresse do indivíduo com a ajuda de um psicoterapeuta. Este profissional tem como

finalidade analisar profundamente a personalidade do indivíduo para descobrir as

raízes do comportamento anormal.

Kertesz e Kerman (apud LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2007) mostram

de forma esquemática e simples, um modelo operatório para avaliação e manejo do

45

estresse. Chamam-no de Hexágono Vital, pois corresponde a analise de seis

aspectos que revelam o estilo de vida de uma pessoa:

Alimentação;

Atividade física regular;

Tempo de repouso adequado;

Espaço para lazer e diversão;

Trabalho que contenha a possibilidade de realização;

Inserção em um grupo social (de apoio)

Figura 7 - Hexágono de Kertesz

Fonte: adaptado pelos autores de LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES (2007, p. 164).

A avaliação pode ser feita por cada indivíduo periodicamente, analisando seu

nível de estresse e a qualidade de vida por meio do hexágono de Kertesz. Através

da Figura 7, ilustrada acima, pode-se verificar que os números presentes nos

vértices do hexágono representam aspectos relacionados ao estilo de vida: (1)

alimentação; (2) atividade física; (3) repouso e relaxamento; (4) lazer e diversão; (5)

relação com o trabalho; (6) amigos. Além disso, há outra pontuação que vai de 0 a 5,

sendo:

46

Ponto zero (centro do hexágono): carência total, descuido severo;

Ponto um: pouquíssima atenção;

Ponto dois: insuficiente;

Ponto três: aceitável;

Ponto quatro: satisfatório;

Ponto cinco: ótimo.

Segundo Limongi-França e Rodrigues, (2007) nos últimos anos, os

movimentos sociais e a escola francesa, tem trazido novas leituras sobre a condição

humana no trabalho pela análise da psicopatologia no trabalho. O que leva a

discussão de uma qualidade de vida no trabalho, que é uma compreensão

abrangente e comprometida das condições de vida no trabalho, “que inclui aspectos

de bem-estar, garantia da saúde física, mental e social e capacitação para realizar

tarefas com segurança e com uso da energia pessoal.” (LIMONGI-FRANÇA;

RODRIGUES, 2007, p.166).

A realidade gerencial no Brasil mostra que na prática, qualidade de vida no

trabalho, tem sido compreendida de forma parcial e incompleta, muitas vezes tendo

um referencial assistencialista. Por conta disto, será demonstrada a seguir a

qualidade de vida no trabalho abordando melhor o assunto e evidenciando sua

importância para as organizações modernas.

47

3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), segundo CHIAVENATO (2009, p. 334)

“implica criar, manter e melhorar o ambiente de trabalho seja em suas condições

físicas – higiene e segurança – seja em suas condições psicológicas e sociais”. Isto

quer dizer que, um ambiente de trabalho saudável, agradável e amigável ocasiona

em uma melhora na qualidade de vida das pessoas dentro de uma organização, e

como consequência disso irá melhorar, também, a qualidade de vida das pessoas

fora delas, ou seja, a qualidade de vida externa.

De outra forma, (Ferreira, M, 2011) explica que a QVT é acreditar no valor do

trabalho, na sua importância, ver sentido no que se faz além de ter orgulho de seu

trabalho e de suas funções. É ser reconhecido por seus superiores, pelos seus

colegas de trabalho, compartilhar momentos alegres, realizar suas funções com

profissionalismo, mas sem pressão e seriedade extrema, em um ambiente

descontraído, onde o indivíduo fique à vontade para realizar suas tarefas com

máxima presteza e, também, com deleite. É ter a sensação de pertencer à

organização, sentir-se parte dela. Não adianta implantar programas de QVT como

proposta de um ambiente organizacional saudável se o estresse faz parte das

rotinas de trabalho e a realidade de trabalho é enferma, assim não há a sensação

acolhedora de um ambiente saudável para fazer com que o indivíduo se sinta parte

da organização. Tem que haver uma ligação entre ambiente saudável, redução do

estresse ocupacional para que os programas de QVT obtenham resultados positivos

para os colaboradores e para a organização.

QVT pode ser visto como um indicador da qualidade da experiência humana no ambiente de trabalho. Trata-se de um conceito estreitamente relacionado à satisfação dos funcionários quanto à sua capacidade produtiva em um ambiente de trabalho seguro, de respeito mútuo, com oportunidades de treinamento e aprendizagem e com o equipamento e facilidades adequadas para o desempenho de suas funções. (GONÇALVES; GUTIERREZ; VILARTA, 2005, p. 89).

A QVT tem sido utilizada como um indicador das experiências humanas e o

grau de satisfação das pessoas no local de trabalho, Chiavenato (2010) descreve

que este conceito implica em um profundo respeito pelas pessoas, pois a fim de

alcançar altos níveis de qualidade e produtividade, as organizações precisam de

48

pessoas altamente motivadas e participativas no trabalho que executam. FARIAS

(2013, p. 36) explica, ainda, que “aspectos como ambiente físico de trabalho,

recursos para a saúde pessoal, envolvimento da empresa na comunidade e

ambiente psicossocial de trabalho afetam diretamente a saúde do colaborador”.

3.1 A Saúde dos Trabalhadores

A saúde, segundo Gonçalves, Gutierrez e Vilarta (2005), é um bem

inalienável para qualquer pessoa. Então, não é válido e aceitável que qualquer

colaborador se desfaça desse bem, mesmo que parcialmente, ao realizar sua função

na empresa. Com a globalização, as empresas modernas preocupam-se com a

qualidade total, ou seja, não só com a qualidade final do produto, mas também, com

a qualidade do ambiente organizacional, que levam à qualidade de vida no trabalho.

A preocupação ao se prevenir doenças e acidentes relacionadas ao trabalho, bem

como oferecer ambientes agradáveis tanto em questões psicológicas como também

socialmente tornaram-se fundamentais. As empresas devem proporcionar condições

de trabalho seguras e adequadas com higiene e segurança proporcionais ao

trabalho empreendido pelo colaborador.

Farias (2013) esclarece que os afastamentos por doenças e acidentes de

trabalho afetam diretamente e financeiramente a empresa, por isso as empresas

investem cada vez mais em práticas preventivas e gestão de saúde, através de

programas de QVT.

3.2 Higiene e Segurança do Trabalho

As pesquisas realizadas sobre a prática da aplicabilidade da higiene e

segurança do trabalho, contam com apoio de Pacheco Junior (apud ARAUJO;

GARCIA, 2009), que constata que os estudos sobre higiene e segurança do trabalho

tiveram seu início no século XVI em função de muitas perdas humanas e da

Revolução Industrial. “Tal evento resultou no surgimento de associações às quais

defendiam seus associados lutando por direitos, organizando e estruturando suas

atividades” ARAUJO; GARCIA (2009, p. 195).

A partir de então começam a surgir as primeiras leis trabalhistas, e

progressos são realizados com relação ao tema. Um grande progresso foi a

49

Occupational Safety and Health Act14 (OSHA), lei aprovada pelo congresso

americano em 1970, que tinha por objetivo básico assegurar todos os trabalhadores

no país, sob condições seguras e salutares e preservar o recurso humano.

Uma das responsabilidades da Occupational Safety and Health Act é desenvolver e fazer cumprir os padrões obrigatórios de segurança e saúde do trabalho. Os padrões da OSHA dividem-se em quatro categorias principais: indústria geral, marítima, construção e agricultura. Eles cobrem o local de trabalho, máquinas e equipamentos, material, fontes de energia, processamento, roupas de proteção, primeiros socorros e requisitos administrativos. É responsabilidade das empresas familiarizarem-se com os padrões aplicáveis aos seus estabelecimentos e assegurar que seus funcionários usem dispositivos e equipamentos de proteção quando exigidos por segurança (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p. 339).

Há uma ligação entre a implantação de programas de QVT e melhorias na

qualidade dos produtos, de tecnologias, de técnicas e no ambiente de trabalho.

Gonçalves, Gutierrez e Vilarta (2005) explicam que quando a empresa investe em

novas tecnologias, seja em novos maquinários, em segurança, ou novas técnicas de

produção, isso auxilia na redução de acidentes e preserva a saúde do colaborador,

bem como proporciona uma limpeza no local de trabalho, e qualidade do produto.

Os autores ressaltam, ainda, a importância da saúde ocupacional nas

organizações, pois a saúde do colaborador irá afetar diretamente os resultados,

sejam na qualidade do produto ou serviço e quando não aplicada, gera uma alta

rotatividade que é negativa em qualquer empresa.

Esta nova visão empresarial, explicado por Gonçalves, Gutierrez e Vilarta

(2005) mudou o conceito de higiene e segurança do trabalho e os avanços

tecnológicos foram significativos para que todo esse processo levasse a

preocupação com a responsabilidade social e à criação de selos para qualidade

para serviços, produtos e clientes, como a criação da International Organization for

Standardization (ISO), da Social Account Ability 8000 (SA 8000) e do Occupational

Health and Safety Assessment Services 18001 (OHSAS 18001), conforme

explicados a seguir.

14

Ato de segurança e saúde ocupacional, traduzido livremente pelos autores.

50

3.2.1 ISO De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

(INMETRO)15, ISO é a sigla de International Organization for Standardization e quer

dizer Organização Internacional de Normalização, esta sigla é uma referência à

palavra grega ISO, que quer dizer igualdade. Foi criada em 1946 e tem sua sede em

Genebra, na Suíça.

É definido por Gonçalves, Gutierrez e Vilarta (2005, p. 72), como sendo “selos

de qualidade dos produtos, serviços e dos meios de produção”.

A ISO tem como objetivo criar normas e padrões mundiais que facilitem o

comércio e promovam boas práticas de gestão e que traduzam o consenso dos mais

diversos países no mundo de forma a facilitar o comércio internacional, além de

disseminar conhecimentos. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o

representante brasileiro deste selo, que tem 130 países membros. Suas normas

mais conhecidas são a ISO 9000, para gestão da qualidade, e a ISO 14000, para

gestão do meio ambiente.

3.2.1.1 ISO 9000

A PGP Consultoria16, explica que a ISO 9000 é uma série de quatro normas

internacionais para Gestão de Qualidade e Garantia da Qualidade. Tem como

objetivo orientar a implantação de sistemas de qualidade nas organizações. Ela não

é destinada ao “produto” em si e nem para nenhuma indústria específica. A

empresa, se desejar, poderá certificar seus sistemas de gestão através dos

organismos de certificação, o que nos dias atuais, se tornou fundamental para

negociar produtos e serviços a nível mundial.

Ainda, de acordo com a PGP consultoria, o certificado tem validade de três

anos podendo ser renovado, sendo que o sistema na organização é auditado a cada

seis meses para verificação se ainda estão sendo cumpridos os requisitos da norma.

Os padrões e as regras da gestão da qualidade e garantia da qualidade são

complementares ao produto, sendo implantadas para melhorar a sua qualidade.

Sendo adotada no Brasil pela ABNT com o nome de NBR 9000. As seguintes

normas que compõem a ISO 9000 são:

15

Vide webgrafia 16

Vide webgrafia

51

ISO 9000: é formada pelos fundamentos e vocabulário, descreve os

fundamentos da gestão da qualidade.

ISO 9001: são os requisitos e os sistemas de gerenciamento da qualidade.

É implantada quando a empresa quer aumentar o grau de satisfação dos

clientes incluindo processos para melhoria contínua interna e garantia da

conformidade com os requisitos do cliente. É considerada uma importante

e poderosa ferramenta de gestão, pois congrega as melhores práticas em

gestão empresarial mundiais. A empresa certificada pela NBR ISO 9001,

de acordo com Inntelectus consultores associados17, possui competência

para gerir seus processos com base no ciclo Plan / Do / Check / Action18

(PDCA) isso irá garantir que a organização utilize métodos para

elaboração de atividades de forma padronizada em relação ao

planejamento estratégico, realização de ações, monitoramento de

indicadores que possam auxiliar na tomada de decisões através de ações

corretivas e preventivas.

ISO 9004: são os sistemas de gerenciamento da qualidade, sendo um

guia para melhoramento do desempenho, fornece diretrizes para

implantação destes sistemas, bem como processos para melhoria

contínua o que contribui para a satisfação dos clientes.

ISO 19011: é um guia para o gerenciamento e condução de auditorias

internas da qualidade e ambiental.

3.2.2 SA 8000

Foi criada em 1998 por um grupo internacional liderado pelo CEPAA (Council

for Economic Priorities Accreditation Agency – Órgão de Credenciamento do

Conselho de Prioridades Econômicas), hoje chamada de Social Accountability

International19 - (SAI) que é responsável pela sua supervisão e desenvolvimento.

Seu principal objetivo é garantir os direitos dos trabalhadores. Gonçalves, Gutierrez

e Vilarta (2005) explicam que esta é uma norma internacional de avaliação da

responsabilidade social que existe para empresas fornecedoras e vendedoras. Esta

norma traz toda metodologia e os requisitos de auditoria para uma correta avaliação

17

Vide webgrafia 18

Planejar / Executar / Verificar / Agir (traduzido do inglês livremente pelos autores) 19

Responsabilidade Social Internacional (traduzido do inglês livremente pelos autores)

52

das condições do local de trabalho que incluem trabalho infantil, trabalhos forçados,

saúde e segurança no trabalho, liberdade de associação, discriminação, práticas

disciplinares, carga horária, benefícios e as responsabilidades da gerência em

manter e melhorar as condições do trabalho. É a primeira certificação internacional

de responsabilidade social. De acordo com o Instituto ATKWHH20, as principais

áreas de objetivo da SA 8000 são:

Trabalho infantil: não poderá ocorrer;

Trabalho forçado: não poderá ocorrer;

Saúde e segurança: é um direito e devem ser asseguradas;

Liberdade de Associação e negociação coletiva: devem ser garantidas;

Discriminação: não é permitida;

Práticas Disciplinares: não são permitidas;

Horário de Trabalho: não deve ultrapassar 48 horas semanais, bem como

também não poderá ser além de 12 horas-extra semanais;

Remuneração: deve ser suficiente de acordo com o mercado e com os

requisitos do acordo;

Sistemas de gestão: deve garantir que todos os itens e requisitos sejam

cumpridos.

3.2.3 OHSAS 18001

OHSAS é a sigla de Occupational Health and Safety Assessment Services, de

origem britânica, e de acordo com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert

Einstein21, quer dizer Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional. A

Organização para Proteção Ambiental22 define OHSAS 18001 como um padrão

internacional que estabelece requisitos relacionados à gestão da segurança e saúde

ocupacional, no qual se torna possível aprimorar os conhecimentos acerca dos

riscos existentes na empresa, proporcionando um controle em suas ocorrências

sendo aplicado nos mais diversos setores por meio de planos de ação, indicadores,

metas e auditorias. É uma ferramenta que orienta as organizações sobre como

20

Vide webgrafia 21

Vide webgrafia 22

Vide Webgrafia

53

promover uma melhoria contínua do desempenho da saúde e segurança

ocupacional.

Alguns dos principais benefícios da OHSAS é que a legislação está cada vez

mais exigente no que diz respeito à segurança do trabalho nas organizações, e com

a implantação da OHSAS a empresa terá uma melhoria na cultura de segurança, na

eficiência e, principalmente na redução de acidentes, sendo um sistema de

melhorias contínuas o que trará muitos ganhos para a organização.

3.2.4 Higiene do Trabalho A higiene do trabalho tem relação com condições ambientais, e pode ser vista

e estudada em diversos subtemas existentes.

A Higiene do Trabalho refere-se ao conjunto de normas e procedimentos que visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas (CHIAVENATO, 2009, p. 334).

Um plano de higiene do trabalho, geralmente tem os seguintes componentes:

Plano organizado: envolvendo a prestação de serviços médicos

adequados, como também de enfermeiros e auxiliares, podendo variar de

tempo integral ou parcial dependendo do porte e da necessidade da

empresa.

Serviços médicos adequados: envolvendo primeiros socorros, exames

médicos de admissão, periódicos e de demissão, controle de áreas

insalubres focando sua eliminação, registros médicos, utilização de bons

hospitais, ações preventivas quanto a maus hábitos e supervisão quanto

à higiene e saúde.

Prevenção de riscos a saúde: dentre eles riscos químicos, físicos e

biológicos, buscando localização, diagnóstico e eliminação ou

minimização.

Serviços adicionais: são investimentos além destes componentes, tais

como, programas de saúde e extensão de benefícios da área de saúde.

54

A higiene do trabalho tem como foco a prevenção, pois objetiva a saúde e o

conforto do trabalhador, evitando assim que ele adoeça e/ou se ausente. Ela

também envolve o estudo e controle das condições de trabalho, que podem ser

divididas entre condições ambientais, de tempo e sociais, porém a higiene do

trabalho ocupa-se do primeiro grupo que são as condições ambientais de trabalho,

embora os outros grupos também sejam discutidos. Por sua vez, as condições

ambientais podem se dividir em mais três grupos: iluminação, ruído e condições

atmosféricas.

No que se refere à iluminação, Chiavenato (2009) explica que para um

sistema de iluminação adequado, a quantidade de luminosidade deve ser

suficiente, constante e uniformemente distribuída.

E ainda no tema de condições ambientais, o autor afirma que os ruídos

podem ter efeitos desagradáveis dependendo da intensidade, variação e

frequência, e que deve haver um controle dos ruídos visando à eliminação,

ou pelo menos, à redução dos mesmos.

Com relação a condições atmosféricas, pode-se dividir entre, temperatura

e umidade, condições as quais também deve haver controle focando

sempre a eliminação de condições insalubres.

3.2.5 Segurança do Trabalho

De acordo com Chiavenato (2009) segurança do trabalho pode ser definida

como um conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas

utilizadas para prevenir acidentes, sendo assim indispensável para o desempenho

satisfatório do trabalho.

Provavelmente, o papel mais importante de um programa de segurança seja motivar gerentes, supervisores e subordinados a ter ciência das considerações de segurança [...] se os gerentes e supervisores não demonstrarem consciência, dificilmente se poderá esperar isso de seus subordinados [...] tão importante quanto a motivação para a segurança é o conhecimento dela e saber onde empregar esforços para garanti-la. (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p. 343).

55

Segundo Chiavenato (2009), um plano de segurança envolve alguns

requisitos, os quais são:

Segurança em si, que é um dever de todos.

As condições de trabalho, localização da organização, tamanho e o

ramo de atividade que determinam os meios materiais preventivos.

A segurança deve abranger toda a organização.

O plano de segurança envolve a adaptação tanto da pessoa ao

trabalho quanto do trabalho à pessoa, e também o fator sócio

psicológico.

A segurança do trabalho envolve treinamento de todos os

colaboradores, e investimento por parte da empresa.

3.2.5.1 Prevenção de Acidentes

Acidente é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS apud

CHIAVENATO, 2009, p. 340) como “um fato não premeditado do qual resulta dano

considerável”. É algo inesperado, embora possa ser previsto e evitado na maioria

dos casos, que pode causar danos ao colaborador como sofrimento, invalidez e até

o óbito.

De acordo com Chiavenato (2010), no Brasil ocorrem cerca de 1.000 (mil)

acidentes por dia em média. A segurança em uma organização busca minimizar os

acidentes no trabalho, e por lei, as estatísticas desses acidentes englobam não só

os ocorridos dentro do local do trabalho, como também, os ocorridos no trajeto da

residência do colaborador ao local de trabalho e vice-versa.

Chiavenato (2009) explica que os acidentes de trabalho se classificam em

acidente sem afastamento, onde o funcionário continua a trabalhar após o ocorrido

e, acidente com afastamento, que é aquele que pode resultar em incapacidade

temporária, incapacidade permanente parcial ou incapacidade permanente total.

3.2.6 Normas Regulamentadoras (NR)

Assim como é bom existir um órgão de segurança e medicina do trabalho na

empresa, por imposição legal da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Oliveira

(2013) explica que foram criadas algumas Normas Regulamentadoras (NR) e

56

Normas Regulamentadoras Rurais (NRR), relativas ao capítulo V da CLT –

Segurança e Medicina no Trabalho, aprovadas no ano de 1978 que são de caráter

obrigatório nas empresas públicas, privadas e pelos órgãos públicos da

administração direta e indireta, bem como órgãos dos Poderes Legislativo e

Judiciário criando, então, uma nova visão e conceito da atuação, controle e

responsabilidade empresarial. As NR vigentes, de acordo com o Guia Trabalhista23,

estão listadas a seguir:

NR 01 – Disposições gerais;

NR 02 – Inspeção prévia;

NR 03 – Embargo ou interdição;

NR 04 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em

medicina do trabalho;

NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA);

NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI);

NR 07 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO);

NR 08 – Edificações;

NR 09 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA);

NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade;

NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de

materiais;

NR 12 – Máquinas e equipamentos;

NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão;

NR 14 – Fornos;

NR 15 – Atividades e operações insalubres;

NR 16 – Atividades e operações perigosas;

NR 17 – Ergonomia;

NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da

construção;

NR 19 – Explosivos;

NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis;

23

Vide Webgrafia

57

NR 21 – Trabalho a céu aberto;

NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração;

NR 23 – Proteção contra incêndios;

NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho;

NR 25 – Resíduos industriais;

NR 26 – Sinalização de segurança;

NR 27 – Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no

Ministério do Trabalho (revogado pela portaria GM nº 262/2008);

NR 28 – Fiscalização e penalidades;

NR 29 – Segurança e saúde no trabalho portuário;

NR 30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário;

NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária

silvicultura, exploração florestal, e aquicultura;

NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde;

NR 33 - Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados;

NR 34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da

construção e reparação naval;

NR 35 – Trabalho em altura;

NR 36 – Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e

processamento de carnes e derivados;

NRR 1 – Disposições gerais - revogada pela Portaria Ministro de Estado

do Trabalho e Emprego (MTE) 191/2008;

NRR 2 – Serviço especializado em prevenção de acidentes do trabalho

rural - revogada pela Portaria Ministro de Estado do Trabalho e Emprego

(MTE) 191/2008;

NRR 3 – Comissão interna de prevenção de acidentes do trabalho rural. -

revogada pela Portaria Ministro de Estado do Trabalho e Emprego (MTE)

191/2008;

NRR 4 – Equipamento de proteção individual – EPI - revogada pela

Portaria Ministro de Estado do Trabalho e Emprego (MTE) 191/2008;

NRR 5 – Produtos químicos - revogada pela Portaria Ministro de Estado

do Trabalho e Emprego (MTE) 191/2008.

58

As NRR foram revogadas no ano de 2008, e as aplicações das penalidades

constantes foram estendidas a aplicação da NR nº 28.

O Ministério do Trabalho emite alterações bem como emissões de novas

Normas Regulamentadoras, pois visa continuamente a melhoria nos processos

produtivos, equipamentos e nos procedimentos de prevenção de acidentes e

doenças profissionais. “Atualmente as leis estão cada vez mais rígidas na proteção

dos trabalhadores e, muitas vezes na procura dos responsáveis pelos infortúnios

ocorridos” OLIVEIRA (2013, p.87), então, pode acarretar à empresa a possibilidade

de ação civil para reparação dos danos, e ou aos empresários, ou gerente

responsável o levantamento de uma ação penal. Ao praticar ações que visam à

segurança e prevenção de acidentes, devidamente comprovadas, a empresa vai de

encontro a uma política de resguarda não somente dos interesses dos

colaboradores, como também, da empresa.

A seguir, uma descrição de algumas NR, conforme estabelecidas na CLT.

3.2.6.1 NR 05 - CIPA

Esta NR estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas que

tiverem funcionários regidos pela CLT, a organizarem e manterem em

funcionamento, por estabelecimento, uma comissão formada por funcionários que

irão fiscalizar o que já existe e apontar inconsistências para que sejam solucionadas,

em relação aos atos inseguros dos trabalhadores e as condições de insegurança,

explica CHIAVENATO (2009). O objetivo é eliminar possíveis causas de acidentes

do trabalho e doenças ocupacionais.

3.2.6.2 NR 06 – EPI

Estabelece e define os tipos de equipamentos de proteção individual que as

empresas são obrigadas a fornecer a seus empregados, quando as condições do

ambiente de tarefa exigir, a fim de resguardar a saúde e a integridade física dos

trabalhadores, de acordo com o artigo 166 da CLT.

3.2.6.3 NR 07 – PCMSO

Esta NR estabelece a obrigatoriedade, elaboração e implantação por parte da

empresa do programa de controle médico de saúde ocupacional, com o objetivo da

preservação e promoção da saúde de seus colaboradores. O PCMSO monitora

59

através de exames laboratoriais e por anamnese24 a saúde dos trabalhadores. De

acordo com o artigo 168 da CLT, é obrigatório exame médico, por conta do

empregador, na admissão, na demissão do colaborador bem como, periodicamente.

3.2.6.4 NR 09 – PPRA

Estabelece a obrigatoriedade o programa de prevenção de riscos ambientais,

que define parâmetros visando à preservação da integridade física e da saúde dos

colaboradores, através da antecipação, avaliação e controle de possíveis riscos

ambientais que existam ou que poderão existir no ambiente organizacional. De

acordo com os artigos 175 a 178 da CLT.

3.2.6.5 NR 17 - Ergonomia

Conforme artigos 198 e 199 da CLT visa estabelecer parâmetros que

permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicológicas e

fisiológicas dos colaboradores, de modo a proporcionar o máximo de conforto e

segurança, bem como desempenho eficiente, e estão relacionadas ao levantamento,

transporte de cargas, ao mobiliário e a própria organização do trabalho.

3.3 Evolução do Conceito de QVT

Segundo Rodrigues (1999), a QVT, sempre foi objeto de estudo e

preocupação da raça humana, tendo em vista que mesmo em outras situações ou

com outros títulos ela já causava mudanças na sociedade. Surgiu há muito tempo

visando o benefício dos colaboradores como, por exemplo, historicamente citando, a

Lei das Alavancas25, formulada em 287 a.C., de Arquimedes, que ajudou a reduzir o

esforço físico dos trabalhadores, ou ainda, os ensinamentos de Euclides, (300 a.C.)

de Alexandria, considerado o pai da geometria, que trouxe os princípios da

geometria que serviram como inspiração para a melhoria do método de trabalho dos

agricultores à margem do Nilo.

24

É o histórico dos antecedentes de uma doença (doenças anteriores, caracteres hereditários, condições de vida etc.), que é verificado após uma entrevista do médico com o colaborador, de acordo com o Dicionário Michaelis. 25

Arquimedes, matemático, físico e inventor grego, 212 a.C., percebeu, que, por maior que fosse o peso, seria sempre possível equilibrá-lo (ou deslocá-lo), utilizando uma barra rígida (alavanca) desde que de aumentasse convenientemente à distância. O entusiasmo que esta conclusão provocou em Arquimedes o teria levado a formula a célebre frase: “Se me derem uma alavanca e um ponto de apoio, deslocarei o mundo”! Vide Webgrafia

60

A expressão Qualidade de vida no trabalho foi introduzida, publicamente, no

início da década de 70, por Louis Davis, elucida Chiavenato (2010), ampliando

assim, seu estudo sobre o projeto de delineamento de cargos. QVT é conceituado

como o quesito que leva à preocupação com o bem-estar e saúde dos colabores em

uma organização.

Atualmente, o conceito de QVT envolve tanto os aspectos físicos e ambientais, como os aspectos psicológicos do local de trabalho. A QVT assimila duas posições antagônicas: de um lado, a reivindicação dos colaboradores quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho e, de outro, o interesse das organizações quanto aos seus efeitos potenciadores sobre a produtividade e a qualidade. (CHIAVENATO, 2010, p. 487).

A QVT funciona como indicador das experiências humana no ambiente de

trabalho e o grau de satisfação das pessoas que desempenham uma função. Para

França (1997, p. 80 apud VASCONCELOS, 2001, p. 3) 26:

Qualidade de vida no trabalho (QVT) é o conjunto das ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas durante o trabalho na empresa.

Tratando da gestão da QVT, Limongi-França e Zaima (2002, p. 408 apud

GONÇALVES; GUTIERREZ; VILARTA, 2005, p. 94) explicam, ainda, que “as

empresas que não tem preocupação com a qualidade entre os seus objetivos

organizacionais correm sério risco de desaparecer do mercado”. Por isso, que a

QVT é importante para as empresas modernas, pois a época atual é extremamente

competitiva e somente as empresas fortes permanecerão no jogo.

Com relação à competitividade organizacional, teóricos compreendem que

para atender bem ao cliente externo, a organização não deve se esquecer do cliente

interno, ou seja, para satisfazer o cliente externo, as organizações precisam antes

26

Vide webgrafia

61

manter a satisfação dos colaboradores, os quais são responsáveis pelos produtos

e/ou serviços prestados, ou seja, segundo CHIAVENATO (2010, p. 487) “a

organização que investe diretamente no colaborador está, na realidade, investindo

indiretamente no cliente”. A seguir, há o quadro explicativo com os indicadores

dependentes, que estão relacionados à satisfação dos empregados:

Quadro 4 - Indicadores dependentes, que estão relacionados à satisfação dos empregados.

Fator de satisfação

pessoal Descrição Indicador Quem utiliza

Organizacional Satisfação percebida com

relação à política

organizacional; o que a

empresa faz e se reflete

no funcionário.

- Imagem da empresa

- Valorização do produto

- Qualidade das

informações geradas para

comunicação interna

- Níveis:

Direção

Gerência

Operação

Social Satisfação percebida

quanto ao suporte social

de benefícios legais e

espontâneos

- Envolvimento da família

- Assistência à educação

formal

- Realização de esportes

Idem

Psicológica Satisfação percebida

quanto ao atendimento

das necessidades

individuais de

reconhecimento,

autoestima e

desenvolvimento.

- Critérios de recrutamento

/ seleção

- Avaliação de

desempenho / carreira

- Camaradagem

- Vida pessoal preservada

Idem

Biológica Satisfação percebida

quanto aos programas e

serviços que garantem

bem estar físico ou

recuperação de doenças

e promoção da saúde.

- Índices de acidentes de

trabalho

- Conscientização, saúde e

segurança

- Conforto físico /

insalubridade

- Alimentação

- Hábitos saudáveis

Idem

Fonte: adaptado pelos autores de Limongi-França; Zaima (2002, p. 410 apud GONÇALVES; GUTIERREZ; VILARTA, 2005, p. 96).

62

Compreende-se então que a QVT representa o grau em que os clientes

internos são capazes de satisfazer suas necessidades pessoais, por conta de seu

trabalho. Podem-se citar muitos fatores como componentes da QVT, Chiavenato

(2010) exemplifica alguns como:

Satisfação com trabalho executado.

Possibilidades de crescimento na organização.

Reconhecimento pelos resultados.

Salário.

Benefícios.

Relacionamento interno dos colaboradores.

Ambiente psicológico e físico de trabalho.

A liberdade de atuar.

Participação e engajamento nas atividades.

A QVT afeta atitudes pessoais e comportamentais que são de grande

relevância na questão da produtividade individual e de grupo. Entretanto a satisfação

no trabalho não pode estar isolada da vida do indivíduo como um todo. Os

colaboradores que possuem uma vida familiar insatisfatória tem no trabalho o maior

meio de satisfação de muitas necessidades, dentre elas, principalmente, as sociais,

explica RODRIGUES (1999).

3.4 Modelos de QVT

Diversos autores apresentam modelos de QVT, e para Chiavenato (2010) a

razão disso é de que a QVT não é determinada apenas por características

individuais ou situacionais, mas também por conta da atuação sistêmica dessas

características.

O clima organizacional e o bem estar organizacional irá gerar satisfação nos

colaboradores, e estes, por sua vez, se sentirão motivados a executar suas tarefas

com excelência. Quanto menor for a qualidade de vida no trabalho, pior serão os

resultados obtidos para as metas da empresa, afinal, se há um bom clima

organizacional haverá bons resultados, pois conforme explicado por Chiavenato

(2010), qualidade de vida no trabalho elevada ocasiona em uma confiança mútua,

63

no qual as pessoas irão aumentar suas contribuições para os resultados da

empresa, bem como as empresas tenderão a reduzir os mecanismos rígidos de

controle social.

Porém, por existirem culturas, pensamentos e gostos diferentes, fazendo com

que varie assim as importâncias das necessidades humanas, existem vários

modelos de QVT elaborados por diversos autores diferentes, no qual Chiavenato

(2010) cita três dos quais considera os mais importantes, que são os de Nadler e

Lawler, de Hackman e Oldhan e o de Walton.

3.4.1 Modelo de QVT de Nadler e Lawler

Neste modelo, Chiavenato (2010) explica que demonstra uma interessante e

abrangente visão da evolução do conceito de QVT, conforme quadro a seguir:

Quadro 5 - Evolução do Conceito de QVT de Nadler e Lawler (continua)

CONCEPÇÕES

EVOLUTIVAS DO

QVT

CARACTERÍSTICAS OU VISÃO

1. QVT como uma

variável (1959 a

1972)

Reação do indivíduo ao trabalho. Investigava-se como

melhorar a qualidade de vida no trabalho para o

indivíduo.

2. QVT como uma

abordagem (1969

a 1974)

O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional;

mas, ao mesmo tempo, buscava-se trazer melhorias

tanto ao empregado como à direção.

3. QVT como um

método (1972 a

1975)

Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para

melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais

produtivo e mais satisfatório. QVT era vista como

sinônimo de grupos autônomos de trabalho,

enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas

com integração social e técnica.

4. QVT como um

movimento (1975

a 1980)

Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as

relações dos trabalhadores com a organização. Os

termos “administração participativa” e “democracia

industrial” eram frequentemente ditos como ideais do

movimento de QVT.

64

(continuação e conclusão)

CONCEPÇÕES

EVOLUTIVAS DO

QVT

CARACTERÍSTICAS OU VISÃO

5. QVT como tudo

(1979 a 1982)

Como panaceia contra a competição estrangeira,

problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade,

problemas de queixas e outros problemas

organizacionais.

6. QVT como nada

(futuro)

No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no

futuro, não passará de um “modismo” passageiro.

Fonte: Adaptado pelos autores de Fernandes (1996, p. 42 apud VASCONCELOS, 2001, p.

24)27.

Chiavenato (2010) explica, ainda, que este modelo está fundamentado em

quatro aspectos os quais quando são utilizados e implantados na empresa há uma

melhora na QVT:

Participação dos colaboradores no processo decisório da empresa;

Reestruturação do trabalho através do enriquecimento de tarefas e

ações e de grupos autônomos de trabalho;

Influenciar o clima organizacional através da inovação de métodos de

benefícios e recompensas;

Melhoramento do ambiente organizacional pensando na flexibilidade do

horário de trabalho e nas condições físicas e psicológicas.

3.4.2 Modelo de QVT de Hackman e Oldhan

Eles apresentam um modelo de QVT no qual, Chiavenato (2010, p. 489)

explica que as “dimensões do cargo produzem estados psicológicos críticos que

conduzem a resultados pessoais e de trabalho que afetam a QVT”. Conforme

exemplificados a seguir:

Variedade de habilidades no cargo, o qual irá exigir várias habilidades,

conhecimentos, competências do colaborador;

27

Vide Webgrafia

65

Identidade do trabalho, que quer dizer que uma pessoa deve realizar

uma tarefa desde o seu início a sua conclusão para ver que seu resultado é

palpável, ver que teve sua identidade no que foi produzido;

Significado da tarefa, que quer dizer que uma pessoa deve ser

consciente da importância da realização das suas tarefas no trabalho de

outras pessoas;

Autonomia;

Retroação do próprio trabalho, que é uma auto avaliação do

desempenho, por isso, a pessoa precisa saber de informações sobre o

retorno de suas tarefas;

Inter-relacionamento que é o contato interpessoal do colaborador com

outras pessoas dentro e fora da empresa.

Chiavenato (2010) expõe ainda que os autores salientam que as dimensões

do cargo são de fundamental importância e determinantes da QVT, porque oferecem

motivação através da satisfação das recompensas do cargo.

3.4.3 Modelo de QVT de Walton

No modelo de QVT de Walton (CHIAVENATO, 2010), explica que existem oito

principais fatores que o compõe:

A compensação justa e adequada: o equilíbrio remunerativo, tanto

internamente como externamente.

Condições de segurança e saúde.

Utilização e desenvolvimento de capacidades: proporcionar

oportunidades de utilização de habilidades e conhecimento do colaborador.

Oportunidades de crescimento contínuo e segurança: oportunidades de

carreira dentro da organização e estabilidade na mesma.

Integração social na organização.

Constitucionalismo: referindo-se na questão de direitos e deveres do

trabalhador na organização, e criando um clima democrático.

Trabalho e espaço total de vida: no sentido do trabalho não interferir e

tomar outros aspectos da vida do colaborador, como vida familiar e particular.

66

Relevância social da vida no trabalho: a organização onde o

colaborador trabalha deve ser motivo de orgulho, a organização deve ter uma

imagem adequada perante a sociedade.

A seguir, um quadro demonstrativo com o modelo de QVT segundo a visão de

Walton:

Quadro 6 – Modelo de QVT de Walton (continua)

Fatores de QVT Dimensões

1. Compensação justa e

adequada

1. Renda (salário) adequada ao trabalho

2. Equidade interna (compatibilidade interna)

3. Equidade externa (compatibilidade externa)

2. Condições de segurança e

saúde no trabalho

4. Jornada de trabalho

5. Ambiente físico (seguro e saudável)

3. Utilização e desenvolvimento

de capacidades

6. Autonomia

7. Significado da tarefa

8. Identidade da tarefa

9. Variedade de habilidades

10. Retroação e retro informação

4. Oportunidade de

crescimento e segurança

11. Possibilidades de carreira

12. Crescimento profissional

13. Segurança do emprego

5. Integração social na

organização

14. Igualdade de oportunidades

15. Relacionamentos interpessoais e grupais

16. Senso comunitário

6. Garantias constitucionais 17. Respeito às leis e direitos trabalhistas

18. Privacidade pessoal

19. Liberdade de expressão

20. Normas e rotinas claras da organização

67

(continuação e conclusão)

Fatores de QVT Dimensões

7. Trabalho e espaço total de

vida

21. Papel balanceado do trabalho na vida

pessoal

8. Relevância social da vida no

trabalho

22. Imagem da empresa

23. Responsabilidade social pelos

produtos/serviços

24. Responsabilidade social pelos empregados

Fonte: adaptado pelos autores de CHIAVENATO (2010, p. 491).

Rodrigues (1999) e Gonçalves, Gutierrez e Vilarta (2005) descrevem que para

Walton, a expressão Qualidade de Vida é voltada para a humanização do trabalho e

responsabilidade social da empresa, usada muitas vezes para exemplificar valores

humanos e ambientais, negligenciados pelas sociedades industriais tendo em vista a

globalização e os rápidos avanços tecnológicos e crescimento econômico.

3.5 Desafios e Vantagens da Gestão e Implantação da QVT

As empresas só tendem a ganhar ao implantar programas de qualidade de

vida na empresa, de acordo com Farias (2013) uma empresa que segue a filosofia

da qualidade de vida mantém seus colaboradores satisfeitos e motivados a realizar

suas tarefas com eficácia, aumentando a produtividade. Diminuirá o absenteísmo e

a rotatividade na organização e desta forma a empresa terá uma maior chance de

reter os talentos em seu quadro funcional. O crescimento será mútuo.

Mas, não adianta a empresa dizer que proporciona qualidade de vida no

trabalho, de acordo com FARIAS (2013, p. 36) “é preciso que os gestores sigam um

planejamento bem elaborado, em que pesem todos os pontos necessários para que

a satisfação e o incentivo aumentem”.

A QVT é um instrumento gerencial e visa uma análise cuidadosa na

implantação destes programas, bem como acompanhamento minucioso do ambiento

de trabalho e da satisfação dos colaboradores para alcançar o seu sucesso na

organização.

68

Apesar de toda a badalação em cima das novas tecnologias de produção, ferramentas de Qualidade etc., é fato facilmente constatável que mais e mais os trabalhadores se queixam de uma rotina de trabalho, de uma subutilização de suas potencialidades e talentos, e de condições que geram um aumento do absenteísmo, uma diminuição do rendimento, uma rotatividade de mão-de-obra mais elevada, reclamações e greves mais numerosas, tendo um efeito marcante sobre a saúde mental e física dos trabalhadores, e, em decorrência na rentabilidade empresarial. (FERNANDES, 1996 p. 38-39 apud VASCONCELOS, 2001, p. 29)28.

A professora, palestrante e especialista em Jogos Corporativos e Dinâmica

dos Grupos, Andressa Pinheiro e a Master of Business Administration29 (MBA) em

Gestão Estratégica de Pessoas e de Negócios, Elaine Patta, ambas consultoras de

QVT, conforme explicado por Farias (2013), fundaram a Movimento Saúde

Corporativa há 15 anos para desenvolver projetos de qualidade de vida a serem

implantados nas organizações, seguindo a metodologia das setes saúdes, conforme

exemplificadas a seguir:

Saúde física, que envolve cuidados médicos e preventivos, atividades

físicas, alimentação e repouso adequado;

Saúde emocional está ligada ao reconhecimento das emoções

intrapessoais e interpessoais, autoconfiança, autoestima e esgotamento

emocional;

Saúde espiritual, que é a satisfação com a vida (felicidade);

Saúde social são os relacionamentos, família, ambiente (moradia) e ação

social;

Saúde intelectual que significam as habilidades, conhecimentos,

concentração e memória;

Saúde profissional são aspectos que envolvem clima e ambiente

organizacional, desemprenho e reconhecimento profissional;

Saúde financeira que são as necessidades e gerenciamento de dívidas.

Farias (2013) explica que a partir das sete saúdes, é delineada uma gestão

estratégica para a implantação da QVT na empresa, no qual as consultoras vão

28

Vide Webgrafia 29

Mestre em Admnistração de Negócios (traduzido livremente pelos autores)

69

delinear um processo que começa com alguns passos começando pela preparação

que envolve toda a organização, depois vem o diagnóstico, que é um processo que

procura entender o que realmente a empresa precisa, depois vem a etapa de

priorização que adequa o programa a estratégia e as necessidades da empresa

partindo para a implementação, que é onde são propostas soluções criativas e

estrategicamente elaboradas de acordo com o perfil da empresa. Após esta etapa,

segue para a avaliação que nada mais é que o acompanhamento constante dos

resultados, por meio das impressões dos colaboradores, moldando o que for

necessário para dar continuidade a efetividade das ações. E por ultimo, a etapa da

melhoria contínua que identifica os resultados e traça uma nova estratégia do

programa.

Atualmente, há de se reconhecer que as empresas estão se esforçando no

sentido de proporcionar um ambiente agradável e bem estar aos seus

colaboradores. Um exemplo disso é a divulgação anual das melhores empresas

para se trabalhar divulgadas em revistas de grande circulação como a Revista

Época e a Revista Você S/A EXAME, no qual de acordo com Chiavenato (2009) esta

última utiliza a metodologia de Robert Levering no qual, para se entrar na lista, as

empresas são analisadas sob dois aspectos: ambiente de trabalho e perfil da

empresa.

Ambiente de trabalho analisa pontos como:

Credibilidade que verifica a confiança que os funcionários depositam na

liderança. Ética nos negócios, comunicação interna e resolução de

problemas.

Respeito: Como as pessoas são tratadas, seus papeis nas decisões,

oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional. Pacotes de

benefícios e valorização profissional.

Imparcialidade: não ter diferenças nas avaliações por mérito

Orgulho de trabalhar na empresa

Camaradagem: Convivência com os colegas de trabalho, sem

concorrência desleal e trabalho em equipe.

Perfil da empresa analisa pontos como:

70

Benefícios: é quando a empresa visa as necessidades específicas do seu

pessoal que nem sempre são ligadas a investimentos financeiros.

Remuneração: analisa a satisfação dos funcionários em relação ao salário

que recebem de acordo com as funções realizadas na empresa. Nesse

item entra salário, bônus, participação nos resultados e todas as outras

formas de reconhecimento financeiro.

Ética e cidadania: a ética está relacionada a mecanismos oficiais como

ombudsman ou ouvidoria. Cidadania são programas sociais que a

empresa realiza na região onde está inserida.

Desenvolvimento profissional: São benefícios ligados ao aprimoramento

profissional como cursos especializados, apoio à educação continuada,

treinamentos e possibilidades reais de promoção.

Equilíbrio (trabalho e vida pessoal): quando os colaboradores harmonizam

a vida profissional com a vida pessoal a pontuação é máxima, bem como

empresas que proporcionam momentos de lazer nos intervalos, incentivo a

praticas de esportes, preocupação com a saúde são fundamentais.

Chiavenato (2009), explica, ainda, que cada item acima varia de 1 a 5

estrelas. E o que torna as melhores empresas para se trabalhar especiais são três

itens:

Elas creem que as pessoas são importantes para o sucesso da

organização;

Elas priorizam a comunicação, permitindo desta forma, que todos

participem nos processos de tomada de decisões.

Elas conhecem a sua cultura, por isso especializa seu método de

recrutamento e programas de recompensas que são desenhados para

satisfazer aquele público em especial.

O consultor e gerente-geral da Movimento Saúde Corporativa, com MBA em

Gestão e Marketing, João Luiz Zaggia, conforme elucidado por Farias (2013), afirma

que toda empresa pode ter um programa de QVT, seja ela micro, pequena, média

ou grande, desde que o veja como um fator estratégico e esteja empenhada em

71

implantá-lo. Mas para que isso dê certo, o programa precisa ser delineado de acordo

com as necessidades de cada organização e de seus colaboradores e ter um

acompanhamento minucioso desde o início da implantação deste programa. “(...) a

chave para o sucesso é conseguir comprovar os resultados e os impactos gerados

após a sua implantação”. ZAGGIA (apud FARIAS, 2013, p. 42).

72

4 OS ASPECTOS DA QVT PRESENTES NAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Conforme Limongi-França e Rodrigues (2007) vive-se a “era da qualidade”,

onde as empresas para garantir sua sobrevivência, diante da concorrência acirrada,

do marketing agressivo e dos consumidores mais exigentes, colocam o cliente

sempre em primeiro lugar. Diante disto, as pressões sobre a organização e os

funcionários são cada vez mais fortes, aumentando o estresse ocupacional. Mas

como as empresas brasileiras têm lidado com isto para evitar o estresse e ainda

conseguem cultivar a QVT, para manter assim seus funcionários motivados e felizes

no trabalho?

Um dos guias mais populares e de grande expressão no Brasil, “As melhores

empresas para você trabalhar” da revista VOCÊ S/A EXAME, publica todo ano as

150 melhores empresas para se trabalhar, que são eleitas através de pesquisa de

satisfação dos funcionários, avaliação da governança da empresa e avaliação dos

benefícios que proporciona.

Sendin (2013) enfatiza a importância dos benefícios para a satisfação dos

funcionários das 150 melhores empresas eleitas em 2013. Benefícios como

assistência médica e odontológica são quase que uma unanimidade entre as

empresas, previdência privada também é um beneficio muito presente visto que 67%

das empresas mantêm um plano para seus funcionários. A autora ainda cita que

“mais do que benefícios tangíveis ou de prateleira, as empresas listadas neste Guia

se destacam por oferecer práticas que vêm garantindo a seus funcionários um

trabalho com mais qualidade de vida.” (SENDIN, 2013, p.61). Dentre as práticas

estão o trabalho remoto, horários flexíveis, maior período de licença maternidade e

benefício de licença também para novos pais.

Outro aspecto salientado pela autora é a transparência da gestão, o que ela

chama de qualidade rara. Onde as empresas manipulam e escondem informações

de estratégias, resultados e salários dos funcionários. Dentre as melhores empresas

do guia, todas informam formalmente sua estratégia, e 7% delas abrem a tabela

salarial integralmente até mesmo para os funcionários operacionais. Prática também

das melhores empresas, é um programa formal de adoção de ideias advindas dos

empregados, independente da área ou nível hierárquico, dessa forma aperfeiçoando

seus instrumentos de gestão e aproximando mais os funcionários de seus negócios

tonando-se mais transparentes.

73

Sendin (2013) cita, ainda, que não basta as empresas terem boas práticas de

Recursos Humanos (RH), é necessário que os funcionários se beneficiem delas, e

que o passaporte das empresas para serem classificadas como melhores empresas

são a consistência e a coerência.

4.1 Programas de Qualidade de Vida Votorantim Cimentos Brasil

Kamanchek (2011), explica que a Votorantim Cimentos Brasil está presente

nos últimos 5 anos na edição de VOCÊ S/A EXAME – As melhores empresas para

se trabalhar. A empresa situada em Votorantim, interior de São Paulo, hoje se

destaca pela fidelização dos seus funcionários, isso porque a empresa aposta em

uma comunicação aberta entre todos os níveis hierárquicos da empresa. Trabalho

implantado pelo setor de RH desde o ano de 2005 fez com que os funcionários

compartilhassem valores entre si que serviu para estreitar os laços entre todo o seu

pessoal. Entre as ações de comunicação há divulgações de metas, ouvidorias

internas, reuniões periódicas e boletins informativos.

Um dos grandes diferenciais da Votorantim Cimentos – uma das dez maiores fabricantes de cimento do mundo e líder de setor no Brasil – é manter uma comunicação eficiente e aberta entre os 5.590 funcionários espalhados pelas mais de 50 unidades.

(KAMANCHEK, 2011, p. 152).

Kamanchek (2011) elucida, que além de tudo, a empresa destaca-se pelo fato

de transformar a área onde se instala expandindo a empresa além dos muros onde

está. A empresa investe na comunidade entorno da empresa e promove reuniões e

debates com os líderes da comunidade para estar por dentro da demanda local e

das necessidades da comunidade. Só em 2010 a empresa investiu 12 milhões em

educação e cultura, e quando se trata de seus funcionários ela oferece avaliações

físicas periódicas a todos, investe em convênios com teatro, cinemas e até subsídio

a academia. Sobre remuneração a empresa oferece participação nos lucros, e

investem em um programa de inovação aos funcionários com bonificações que

podem chegar a R$ 10.000 (dez mil reais) individuais e R$ 15.000 (quinze mil reais)

em grupos e também, atrativas folhas de pagamentos entre líderes e gestores que

cercam até 10,5 salários mínimos. Com todos os investimentos e iniciativas

proporcionadas pela empresa para a implantação de programas de QVT, o diretor

74

de RH, Guilherme Rhinow, visa um crescimento de produção de 40% nos próximos

anos.

4.2 A Filosofia Bonsai da Tagawa Propaganda

Tagawa Propaganda é uma agência de propaganda criada por Alexandre

Tagawa no ano de 1999 que, segundo Farias (2013), tinha problemas em incentivar

e delegar, o que prejudicava sua liderança fazendo-o acreditar que mandar resolvia

todas as questões. A alta rotatividade de pessoal e a grande dificuldade em

desenvolver seus colaboradores fez com que a empresa quase afundasse duas

vezes por não saber delegar as atividades do dia-a-dia.

Porém em 2007 o diretor Alexandre Tagawa fez um curso de liderança e

começou a ter noção do real papel do seu pessoal na empresa. Farias (2013)

explica que para Alexandre as pessoas tinham 5% de peso na estrutura total da

empresa, e ainda achava que se tinham sido contratados, deveriam fazer o que

mandassem sem discutir. Além de tudo, a grande rotatividade devia-se ao ambiente

não propício a uma carreira e nem uma missão clara e nem democrática entre os

funcionários.

Foi a partir de então que surgiu a necessidade de um plano de ação que

incentivasse e levasse mais qualidade de vida às pessoas que trabalham na

organização, surgindo então, a filosofia bonsai, que conforme Farias (2013) atua de

forma a inspirar por meio do profissional e espiritual, prosperando em qualidade de

vida, reconhecendo as conquistas das pessoas e gratificando-as da maneira que se

deve. Como objetivo, o projeto visava aumentar a produtividade, elevar a motivação,

influenciar no estilo de vida dos colaboradores, diminuir o turnover, que quer dizer

rotatividade de funcionários, e ressaltar a imagem da empresa chegando a 2014

com as 7 saúdes equilibradas, conforme citadas no capítulo anterior.

A primeira etapa para implantar a filosofia bonsai foi definir uma missão,

valores e visão futura da empresa, em seguida, escolher os três principais

funcionários para se tornarem sócios financeiros-administrativos, sócio de criação e

produção dividindo assim a liderança em 4 líderes. Apesar de ainda majoritário, o

empresário Alexandre Tagawa consulta e bota em pauta todas as decisões que são

definidas reuniões periódicas para o bom andamento da empresa.

Farias (2013) elucida que só este caminho foi possível, pois através de uma

empresa de consultoria foi instalado um programa de qualidade de vida na empresa.

75

Foi criada uma pesquisa entre os colaboradores que demonstrou que não havia

mudanças satisfatórias no ambiente de trabalho em relação à evolução de

processos e pessoal. A importância do comitê de pesquisa e consultoria começou a

progredir a partir do momento em que implantavam as ideias na empresa que eram

apresentadas pelos próprios funcionários. A saúde física foi considerada o primeiro

objetivo levando em consideração as pressões do dia-a-dia, a péssima alimentação,

a má qualidade do sono. Os colaboradores passaram a se preocupar com a prática

de exercícios físicos e com isso a empresa passou a fornecer salada a todos os

funcionários e começou a distribuir barras de cereal e frutas todos os dias.

Conforme citado por Farias (2013) as seguintes ações passaram a ser

implantadas na Tagawa Propaganda:

Reuniões periódicas juntamente com o comitê e a consultoria

semanalmente para discutir os resultados sobre as medidas tomadas diante

as ações propostas e aplicadas.

Plano de melhoria contínua com reavaliações e diagnósticos de qualidade

de vida;

Reembolsos imediatos de gastos com táxis, ajuda com vale alimentação e

reembolsos do plano de saúde;

Avaliação física de todos os funcionários a cada 6 meses;

Gincanas entre equipes que beneficiam financeiramente aqueles que

cumprirem metas referente à performance, perda de peso e flexibilidade;

Eventos esportivos e sociais mensais;

Ginástica laboral todas as terças-feiras;

Orientação nutricional e física;

Fornecimento de alimentos saudáveis;

Palestra financeira e coaching financeiro, que é uma consultoria individual,

para que cada colaborador apresente sua planilha e receba orientações sobre

aplicações;

Pesquisas de cargos e salários que faz com que a agência saiba da sua

situação em comparação a outras agências;

Esclarecimento sobre os benefícios cedidos pela empresa;

76

Coaching dos sócios: consultoria dos sócios, reunião entre os lideres para

alinharem toda evolução que a empresa teve no período;

Sweet break30, que é uma parada das atividades todas as segundas feiras:

trata-se de um momento de reflexão e meditação;

Day Off31: toda a equipe equilibra o banco de horas, caso alguém trabalhe 2

horas a mais em um dia, no outro ele entrará 2 horas mais tarde também.

Semanalmente todas as horas deverão ser equilibradas em um relatório;

Final de semana Off: No ramo publicitário, as agencias costumam trabalhar

no fim de semana, já na Tagawa não;

Encontro Tagawa que reúne todos os colaboradores para alinhar

periodicamente a visão futura de empresa, a evolução e praticar ferramentas

para o desenvolvimento;

Health Day32: Cada funcionário tem direito a um dia para fazer o Check-up e

saber como está a saúde;

Endomarketing e e-mail marketing com cada conquista e nova ação, que é

um meio de comunicação interna voltada para os colaboradores da empresa

que busca estratégias do marketing interno para que venha ser utilizado como

meio de abordagem no mercado e também no ambiente da empresa, que tem

como objetivo trazer motivação, qualidade de vida, informação e valorização

de seus colaboradores.

Farias (2013) cita, ainda, que segundo Tagawa, tudo o que um dia sonhou

estava se tornando realidade, graças à implantação do programa de QVT na

empresa:

Um ponto fundamental é como está o seu bonsai, ele precisa de cuidado, não pode ter excesso nem falta de água, e ter raízes profundas. Isso faz haver força para buscar água mesmo em situações difíceis e ser moldado pelas mãos, como a qualidade de vida, que é totalmente moldada. Cada profissional é identificado como bonsai e não um jardim de eucaliptos, pois tem sua personalidade e sua maneira de ser. Há empresas que acham que por inserir a ginastica laboral está fazendo qualidade de vida, mas será que está proporcionando algum benefício? Como está sendo

30

Doce pausa, traduzido livremente pelos autores em seu sentido literal. 31

Dia de folga ou dia livre, traduzido livremente pelos autores. 32

Dia Saudável. Traduzido livremente pelos autores.

77

feito o desenvolvimento? Só a ginastica laboral é necessária para atender as necessidades de qualidade de vida do colaborador? Quando se começa a ir fundo, as necessidades ficam contextualizadas. A nossa meta é aplicar as sete saúdes. Estamos no processo inicial e quando concluirmos esse ciclo, queremos ser a melhor agência para se trabalhar no mercado. (TAGAWA, 2013 apud FARIAS, 2013, p. 48).

Os colaboradores estão satisfeitos e definem a implantação deste programa

de QVT como uma forma positiva, Farias (2013) cita que antes da implantação do

programa eles estavam cansados, estressados fisicamente e intelectualmente,

agora eles afirmam que a empresa passou por uma transformação muito grande,

partindo dos líderes, desde a forma de lidar com as pessoas bem como a visão de

futuro. O ambiente de trabalho melhorou extremamente, proporcionando uma equipe

mais unida, uma qualidade de vida individual melhor, tanto física como mentalmente.

Com o incentivo da empresa, os colaboradores passaram a se cuidar melhor

partindo da alimentação até a prática de exercícios físicos, e a motivação que a

organização propicia aos colaboradores, fazem com que eles sintam vontade de

crescer na empresa e principalmente a gostarem de fazer parte dela.

4.3 Google – A Melhor Empresa para se Trabalhar no Ano 2013

Conforme publicado por Reschke (2013), a sede da Google em São Paulo

tem um ambiente de trabalho invejável por todas as organizações, isso por seu

peculiar ambiente que dificilmente é copiado em varias partes do mundo por

algumas empresas.

A Google ocupa três andares de um prédio empresarial da Faria Lima que a

cada lance de escadas surpreende os visitantes pela sua criativa decoração

baseada em pontos conhecidos pelos paulistanos, variando desde a Rua Oscar

Freire, até o Museus de Artes de São Paulo (MASP), o que mais chama a atenção

são as áreas de lazer e descanso que seguem um padrão de bem-estar que já é

mundialmente conhecido que contém salas de jogos, poltronas em alguns cantos,

pufes e redes os momentos de rápido cochilo e um estúdio que contém instrumentos

musicais para que seus funcionários possam usufruir nas horas vagas.

Ainda segundo Reschke (2013), os funcionários são conhecidos como

googlers e contam com um amplo refeitório onde são servidas as refeições

principais como café da manhã, almoço e janta com uma incrível vista do terraço,

78

onde ainda, existem áreas com decorações de feira livre, onde são servidos lanches

extremamente saudáveis como frutas, a qualquer hora do dia sem qualquer limite de

quantidade por pessoa.

Além dos benefícios alimentares, os googlers podem contar com um pacote

de benefícios idêntico em qualquer nível, ou seja, o plano de saúde do presidente é

o mesmo do estagiário novato. Reschke (2013) explica, ainda, que a Google

proporciona a cada colaborador uma cota anual de R$ 16.000,00 (dezesseis mil

reais) para estudar, onde 20% podem ser destinados a qualquer tipo de curso que o

colaborador deseje até mesmo cursos de instrumentos musicais, pois isso agrega ao

repertório cultural da pessoa estimulando a criatividade. A empresa convida

palestrantes de diversas partes do país para falar sobre assuntos que não são

ligados a negócios.

Por se tratar de uma empresa internacional, pedidos de expatriação são

facilmente atendidos, e o primeiro quesito que proporciona essa facilidade é a

natureza internacional da Google, sendo assim, não existem barreiras para o

crescimento da empresa. Outro fator predominante é a banco de vagas aberto a

todos os colaboradores na rede interna da empresa, deixando assim a vista de

qualquer um que se interesse em sair do país.

Segundo Reschke (2013) o processo seletivo da Google é totalmente

exigente, mas de uma forma “justa”. Os resultados são cobrados a partir da sua

qualidade, excluindo a obrigatoriedade de metas de horas cumpridas dentro do

escritório. Além disso, todo suporte é dado pela equipe de recursos humanos que

oferecem ferramentas essenciais para que o colaborador alavanque sua carreira,

podendo contar com treinamentos internos e externos, coaching e programas de

monitorado global que visam o desenvolvimento profissional de cada pessoa.

Embora a Google tenha se tornado uma empresa referência em buscas

globais e a principal página acessada na rede global de internet, o fato de se

trabalhar em uma empresa que é tão conhecida já à torna atraente. A empresa

também criou ações para que seus colaboradores contribuam com a cidadania e

sustentabilidade. Por exemplo, Reschke (2013) cita que a empresa tem

estacionamento disponível para seus funcionários, porém, aqueles que preferirem ir

pedalando até o escritório ganham pontos que no final de um período é revertido em

doações a instituições assistencialistas. Uma vez por ano todos os funcionários da

79

Google no mundo tiram o dia para a realização de trabalhos voluntários, e ainda

oferecem cinquenta dólares a cada cinco horas extras em trabalhos sociais.

Com todas essas ferramentas a Google se tornou uma empresa que todo

jovem sonhou um dia trabalhar, isso porque a empresa conseguiu com esse estilo

inovador ao modificar o modo de trabalho na sua rotina, implantando e priorizando a

qualidade de vida no trabalho, fazendo com que os funcionários incorporem o

espírito da empresa, aceitem seus desafios e adotem a gestão da empresa como

um verdadeiro estilo de vida.

4.4 Características em Comum dos Programas de QVT

Uma característica existente em todas as empresas que implantam

programas de QVT é o fato de elas compreenderem quais as reais necessidades de

cada funcionário. As necessidades e fatores motivacionais variam de pessoa para

pessoa, e se expandem além de benefícios materiais, assim como conhecer a

necessidade física, psicológica e pessoal de cada um torna-se ferramenta

fundamental para o sucesso de um programa de qualidade de vida. Conforme

explicado por Chiavenato (2004) nos dias de hoje o conceito de QVT envolve tanto

aspectos físicos e ambientais, como os aspectos psicológicos do local de trabalho.

Limongi-França (2009) elucida que o aumento da produtividade não se deve ao

resultado das máquinas, mas sim do esforço de trabalho físico e mental do

colaborador. Todos os fatores citados são trabalhados nos cases apresentados, e de

tal forma influenciaram na atitude, motivação e desempenho dos funcionários sendo

que os efeitos dos programas de QVT beneficiaram diretamente e de forma positiva

não somente os colaboradores, como também os resultados das empresas citadas.

80

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou mostrar os impactos que o estresse ocupacional e a

qualidade de vida causam em um ambiente de trabalho e em uma organização

como um todo, visto ser um tema que aborda uma grande gama de assuntos e

áreas de estudo.

As organizações modernas, em busca da qualidade total, voltam agora

olhares à qualidade de vida no trabalho, o que antes era considerado tema de

qualidade apenas no aspecto organizacional. Programas de higiene e segurança no

trabalho são fundamentais para um melhor desempenho dos colaboradores, bem

como o estudo de aspectos comportamentais e estresse ocupacional considerando

o ambiente mercadológico moderno e competitivo, já que o estresse ocupacional

existe paralelo ao sucesso das organizações, pois existe pressão e cumprimento de

metas causando esgotamento de seus colaboradores e quando não acompanhada e

gerenciada de perto, suas consequências podem impactar no clima organizacional e

influenciar negativamente os resultados da empresa.

Perante a isso, a qualidade de vida no trabalho tem grande importância no

sucesso de uma organização, ela é representada pelo grau de satisfação das

pessoas em relação à empresa e ao ambiente de trabalho, pois influi diretamente

nos resultados, sejam eles relacionados à produção ou qualidade dos produtos e

serviços, já que afeta atitudes pessoais e comportamentais importantes para a

produtividade individual e como consequência, ocasiona em melhores resultados

para a empresa.

81

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22 O que é ISO 18001 (OHSAS)? Disponível em:

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27 Idem 26

28 Idem 26