o grande movimento adventista.pdf

401

Upload: vanderlei-ricken

Post on 15-Sep-2015

250 views

Category:

Documents


9 download

TRANSCRIPT

  • Ttulo do original em ingls:The Great Second Advent Movement: Its Rise and Progress

    Publicado em 1905 por: Review and Herald Publishing AssociationRepublicado em 1992 por: Adventist Pioneer Library

    2014 Adventist Pioneer LibrAryLight Bearers Ministry37457 Jasper Lowell RdJasper, Oregon, 97438, USA+1 (877) 585-1111www.LightBearers.orgwww.APLib.orgwww.EditoraDosPioneiros.com.br

    Apoio: Centro de PesquisAs eLLen G. White brAsiL

    Traduo: vrios tradutoresReviso e editorao: Uriel Vidal e Neumar de Lima

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Terceira edio: 3.000 exemplaresOutubro de 2014

    ISBN: 978-1-61455-020-4

  • John norton LouGhborouGh26 de janeiro de 1832 7 de abril de 1924

  • ndicePrefcio Edio Brasileira 7Prefcio 9Captulo 1 Introduo 11Captulo 2 O Plano da Salvao Desdobrado 25Captulo 3 A Vinda da Semente Prometida 41Captulo 4 O Tempo do Fim 57Captulo 5 A Mensagem do Segundo Advento 71Captulo 6 A Mensagem e os Mensageiros 83Captulo 7 O Rpido Avano da Mensagem 97Captulo 8 A Ceia das Bodas do Cordeiro 105Captulo 9 O Tempo de Tardana 117Captulo 10 O Clamor da Meia-Noite 127Captulo 11 A Mensagem do Segundo Anjo 137Captulo 12 O Desapontamento e o Livrinho Amargo 149Captulo 13 Sinais da Direo de Deus 161Captulo 14 A Porta Fechada 175Captulo 15 Maior Luz e Maiores Maravilhas 195Captulo 16 A Mensagem do Terceiro Anjo 207Captulo 17 A Verdade Avana em Meio a Dificuldades 223Captulo 18 Providncia de Deus na Obra de Publicaes 237Captulo 19 Pelos Seus Frutos os Conhecereis 253Captulo 20 Sacrifcios dos Primeiros Esforos 263Captulo 21 A Mo-Guia na Obra 273Captulo 22 Organizao 291Captulo 23 Instituies de Sade 303Captulo 24 Outras Previses Cumpridas 319Captulo 25 Instituies Educacionais 331Captulo 26 Nossas Misses Estrangeiras 341Captulo 27 Outros Testemunhos Confirmados 373Captulo 28 Uma Porta que Ningum Pode Fechar 389

  • 6 | O Grande Movimento Adventista

  • Prefcio edio Brasileira

    Considerando que esta obra foi originalmente publicada pela Review and Herald em 1905, muitos poderiam indagar: Qual a necessidade de mais um livro sobre a histria do adventismo? William G. Johnsson demonstrou a importncia de se conhecer as razes de qualquer movimen-to como algo fundamental para sua real compreenso, identidade e razo de existncia. Escrevendo em 1983 sobre a histria do adventismo no editorial da edio extra da Adventist Review, ele declarou: Unicamente ao entendermos quem somos de onde viemos, e por que somos o que somos que poderemos encontrar paz e plenitude. Alm disso, Ellen White, uma das pioneiras do movimento adventista, declarou que muitas vezes lhe foi mostrado que a experincia passada do povo de Deus no para ser contada como fatos mortos. E disse ainda: No devemos tratar os fatos das experincias passadas como um almanaque do ano anterior [desatualizado e irrelevante]. Os mesmos devem ser guardados na mente, pois a histria se repete (Ellen G. White ao Presidente da Associao Geral A. G. Daniells, 1 de Novembro de 1903 [Carta 238, 1903, em Manuscript Releases, vol. 5, p. 455]).

    Ao nos aprofundarmos no conhecimento de nossa histria, temos confirmada a certeza de que a mo de Deus, que dirigiu essa igreja no passado, tambm a sustm no presente. Aquilo que a apologtica inca-paz de realizar, principalmente diante da incredulidade do contexto ps moderno, alcana-se pela simples narrao da histria de um povo e sua descoberta das verdades bblicas. No livro O Grande Movimento Adven-tista, o pastor J. N. Loughborough, testemunha ocular de diversos fatos descritos, apresenta de maneira simples e atrativa, no somente a histria do adventismo, mas uma viso bblica do surgimento desse movimento no contexto do grande conflito.

    Ellen G. White solicitou a ampla circulao deste livro como algo que deveramos disseminar ao povo. No livro Conselhos aos Escritores e Editores, ela declara:

    O registro da experincia vivida pelo povo de Deus no incio da hist-ria de nosso trabalho deve ser publicado. Muitos dos que desde ento aceitaram a verdade no conhecem a maneira como o Senhor atuou. A experincia de Guilherme Miller e seus companheiros, do capito

  • 8 | O Grande Movimento Adventista

    Jos Bates e dos pioneiros da mensagem adventista precisam ser man-tidas diante de nosso povo. O livro do pastor Loughborough deve receber ateno. Nossos lderes tm de verificar o que pode ser feito para a circulao desse livro (Ellen G. White, Carta 105, 1903, grifo nosso).

    Embora J. N. Loughborough tenha abraado a terceira mensagem anglica em 1852, ocasio em que se uniu aos adventistas do stimo dia, ele bem conhecia os fatos to amplamente divulgados nos Estados Uni-dos acerca do grande movimento da segunda vinda de Cristo. Por diver-sas vezes ele acompanhou a Tiago e Ellen White nas viagens que faziam. Consequentemente, obteve precioso conhecimento ao testemunhar ocor-rncias descomunais no estabelecimento do movimento.

    Esteve presente em pelo menos 50 ocasies em que Ellen White recebeu vises e relata os fascinantes fenmenos que acompanhavam o momento. Na parte final de sua vida, quando muitos estavam negando que Deus havia dirigido o movimento adventista, a voz do irmo Loughbo-rough devia ser ouvida declarando o que havia visto e ouvido. Ellen White fez claros chamados a esse respeito. Em 1890 ela fez a seguinte declarao:

    Eu digo: Deixem o irmo Loughborough desempenhar uma obra da qual as igrejas necessitam. Deus quer que a voz dele seja ouvida como a de Joo, declarando as coisas que viu e ouviu, as quais ele mesmo vivenciou no surgimento e progresso da mensagem do terceiro anjo. [] Permitam que o irmo Loughborough permanea em seu devido lugar, como um Calebe, vindo frente e apresentando um decidido testemunho em face da incredulidade, dvidas e ceticismo. Certamen-te podemos subir e possuir a boa terra. Deus declarou acerca dele: Meu servo Calebe [] perseverou em seguir-Me; Eu o farei en-trar na terra. Calebes so extremamente necessrios nas igrejas hoje. [] No amarrem o irmo Loughborough em canto algum; no o prendam a qualquer Associao em especial (The Ellen G. White 1888 Materials, p. 716-717).

    Estamos confiantes de que o leitor ir se surpreender com a narra-tiva de fatos que parecem ter sido grandemente esquecidos e sua relao com as profecias bblicas.

    Jean Zukowski Professor de histria do adventismo

    Faculdade Adventista de Teologia, UNASP-EC

  • Prefcio

    Existem muitos livros teis nas mos do povo, e a razo que apresento para acrescentar outro lista que, nestas pginas, eu informo mui-tos eventos a respeito dos adventistas, especialmente dos adventistas do stimo dia, at o momento no apresentados ao povo desta forma. Alm disso, muitos dos que abraaram a causa em anos recentes, sem terem testemunhado os fatos aqui mencionados, solicitaram encarecidamente uma narrao desses fatos e experincias daqueles anos iniciais. Visto que estive familiarizado com o movimento adventista em 1843 e 1844, e, a partir de 2 de janeiro de 1849, passei a proclamar a doutrina, inicialmente como adventista, e, desde 1852, como adventista do stimo dia, considero um prazer falar daquilo que vi e ouvi.

    Apresentei um relato sobre o movimento adventista que se espalhou a cada nao civilizada do globo de 1831 a 1844.

    Desde 1845, houve outros grupos de adventistas que proclamaram, e ainda proclamam, a iminente vinda de Cristo. Em vez de fazer referncia a todos estes grupos, foi meu propsito descrever, com certa profundi-dade , a ascenso e progresso dos adventistas do stimo dia. Dei especial ateno aos pontos que, na providncia de Deus, auxiliaram no desenvol-vimento de um povo que, mesmo partindo da pobreza e de um humilde comeo, e embora numere apenas cem mil pessoas, alguns de seus opo-nentes tm afirmado: Considerando a energia e zelo com qu e trabalham, poderamos imaginar que seu nmero seja de dois milhes .

    Mesmo os que pouco conhecem da histria dos adventistas do s-timo dia sabem que, desde 1845, Ellen G. White tem estado de forma significativa associada ao movimento como palestrante e escritora. Tam-bm sabem que, em ligao com sua obra, houve manifestaes singulares ou dons. Foi meu privilgio estar presente e testemunhar a manifestao desse dom por cerca de 50 vezes. Nas pginas que se seguem, chamo a ateno para cerca de 26 predies especficas feitas por Ellen White que se cumpriram de modo extremamente preciso.

    Alm de minhas prprias observaes, tambm apresento o relato de outras testemunhas oculares a respeito de suas experincias. Tais fatos de-veriam ter maior relevncia para o leitor sincero do que declaraes alea-trias feitas por pessoas que nunca estiveram presentes nessas ocasies.

  • 10 | O Grande Movimento Adventista

    Dedico esta obra aos leitores, na esperana de que, com a bno de Deus, a leitura destas pginas possa ser um meio de promover a causa de Cristo em muitos coraes, confiante de que todos, ao lerem, mante-ro em mente as palavras de Paulo aos Tessalonicenses: Examinai tudo. Retende o bem.

    J. N. Loughborough.Mountain View, Califrnia, 1 de maio de 1905.

  • Captulo 1

    introduo

    Quando falamos sobre o segundo advento de Cristo, estamos abor-dando um tema que tem sido a esperana do povo de Deus desde que nossos primeiros pais foram expulsos do jardim do den. Nas pala-vras proferidas serpente de que a semente da mulher feriria sua cabea, havia uma garantia de que, finalmente, um restaurador viria, anularia os enganos de Satans e cumpriria o propsito de Deus na terra. Supe-se que Ado e Eva imaginaram que esta obra seria prontamente realizada, e que um de seus descentes imediatos seria o Libertador. Contudo, no pla-no de Deus, a promessa de um Salvador que traria livramento da aparente runa abarcava tudo o que, desde ento, tem se desenvolvido na realizao de Sua prpria determinao e graa que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos (2 Timteo 1:9).

    Se Ado e Eva houvessem, de uma s vez, tido noo da misria e desgraa que sobreviriam ao mundo durante os longos sculos entre a ru-na e a restaurao, seu sofrimento teria sido insuportvel. O Deus do Cu, em Sua terna misericrdia e compaixo, escondeu deles essa realidade, permitindo que acariciassem a doce esperana de logo receber a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Alimentando a esperana de que a redeno estava prxima, eles seriam naturalmente incentivados a preparar-se para tal evento com maior empenho.

    O mesmo tem acontecido com o povo de Deus em todas as geraes desde os dias de Ado. Tinham certeza de que um evento significativo estava para ocorrer no futuro que Cristo finalmente viria e estabelece-ria Seu reino. Assim como Ado e Eva, eles tambm acreditavam que o evento estava s portas, sem saber o que ainda estava para ocorrer entre a sua poca e o esperado evento; do contrrio, poderiam ter se desanimado de prosseguir em direo ao prmio.

    Isso pode ser ilustrado nos acontecimentos ocorridos antes de gran-des descobertas. As pessoas que as fizeram estavam, sem saber, cumprin-

  • 12 | O Grande Movimento Adventista

    do o propsito de Deus; mas foram motivadas por ideias que nem sempre estavam em harmonia com as prprias teorias que as levaram ao.

    Efeitos de longo alcance das descobertas de ColomboMontgomery, em seu livro Histria Americana,1 comentando a res-

    peito da teoria que levou Colombo a iniciar sua viagem e a executar seu plano de alcanar as ndias navegando para o oeste, relata:

    Colombo pensou que poderia aprimorar o projeto do Rei de Portu-gal. Ele tinha certeza de que havia um caminho melhor e mais curto, para se chegar s ndias, do que aquele traado por Diaz. O plano do marinheiro genovs [Colombo] era to ousado quanto original. Em vez de navegar para o leste, ou para o sul e depois para o leste, ele props que navegassem direto para o oeste. Acreditava possuir trs boas e convincentes razes para um empreendimento dessa natureza: primeiro, de acordo com a melhor geografia de sua poca, Colombo estava convencido de que a Terra no era plana, como a maioria su-punha, mas redonda. Em segundo lugar, supunha ser o globo terrestre muito menor do que realmente , sendo constitudo, em sua maior parte, por terra, em vez de gua. Em terceiro lugar, como no sabia ou sequer suspeitava da existncia do continente americano ou do Ocea-no Pacfico, imaginou que a costa da sia ou as ndias eram direta-mente opostas Espanha e costa ocidental da Europa. Estimou que a distncia total at Cipango, ou o Japo, provavelmente no excederia os 6.400 quilmetros.Seu plano era o seguinte: comearia pela Europa; apontaria o navio para o oeste, na direo do Japo, e seguiria a curvatura do globo ter-restre at chegar ao destino almejado. Para ele, o plano parecia to seguro e simples quanto para uma mosca andar ao redor de uma ma.Se fosse bem sucedido na expedio, teria uma imensa vantagem: en-traria nas ndias diretamente pela porta de entrada, em vez de rodear por uma entrada lateral, como faziam os portugueses.Vemos que esse homem, que conhecia matemtica prtica, geografia e navegao to bem quanto qualquer outro de sua poca, estava certo quanto ao primeiro ponto o formato da Terra mas completamente errado quanto aos outros dois pontos.

    Um feliz equvocoSurpreendentemente, seus erros, de certa forma, o ajudaram. O equ-voco com relao distncia foi o mais sortudo. Se Colombo tivesse calculado corretamente o tamanho da terra e a verdadeira durao da viagem, provavelmente no a empreenderia, pois logo veria que a rota proposta pelos portugueses era muito mais curta e econmica.

    1 David Henry Montgomery, The Leading Facts of American History, edio de 1902, p. 8 e 9.

  • Introduo | 13

    Alm disso, se imaginasse ou, de algum modo, previsse a existncia do continente americano em seu trajeto, tal fato possivelmente o de-sanimaria quanto a iniciar uma viagem de descobrimento, j que seu objetivo no era encontrar um novo pas, mas um novo caminho a um pas j conhecido.

    A grande esperana dos sculosDe modo semelhante, o povo de Deus tem mantido perante si, ao

    longo dos sculos, a esperana da vinda de Cristo como ncora da alma, segura e firme (Hebreus 6:19). Apesar de muitas vezes clamarem angus-tiados, em meio a tristezas e aflies, dizendo: Quanto tempo haver, Senhor, at que venha o livramento?, todavia, continuam avanando, e, como Paulo, declaram: Pois quem a nossa esperana, ou alegria, ou co-roa em que exultamos, na presena de nosso Senhor Jesus em Sua vinda? No sois vs? (1 Tessalonicenses 2:19).

    Paulo foi confortado pela esperanaNesse contexto, ser suficiente apresentarmos algumas ilustraes

    do conforto que essa esperana capaz de proporcionar. Quando Paulo compareceu perante Flix, recebendo permisso para falar por si mesmo, afirmou:

    Porm confesso-te que, segundo o Caminho, a que chamam seita, as-sim eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com a lei e nos escritos dos profetas, tendo esperana em Deus, como tambm estes a tm, de que haver ressur-reio, tanto de justos como de injustos (Atos 24:14 e 15).

    Em seu hbil apelo, quando trazido perante Agripa, Paulo declarou:E, agora, estou sendo julgado por causa da esperana da promessa que por Deus foi feita a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente de noite e de dia, almejam alcanar; no tocante a esta esperana, rei, que eu sou acusado pelos judeus. Por que se julga incrvel entre vs que Deus ressuscite os mortos? (Atos 26:6-8).

    Quando finalmente em Roma, para comparecer perante Csar, ele disse aos judeus: Porque pela esperana de Israel que estou preso com esta cadeia (Atos 28:20).

    Ele falou abertamente dessa esperana em sua carta a Tito:Porque a graa salvadora de Deus se h manifestado a todos os homens, Ensinando-nos que, renunciando impiedade e s concupiscncias mundanas, vivamos neste presente sculo sbria, e justa, e piamente,

  • 14 | O Grande Movimento Adventista

    Aguardando a bem-aventurada esperana e o aparecimento da glria do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tito 2:11-13, ACF).

    Pedro se alegrou na esperanaPedro menciona a mesma esperana nas seguintes palavras:

    Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a Sua muita misericrdia, nos regenerou para uma viva esperana, me-diante a ressurreio de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma he-rana incorruptvel, sem mcula, imarcescvel, reservada nos cus para vs outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a f, para a salvao preparada para revelar-se no ltimo tempo. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessrio, sejais contris-tados por vrias provaes, para que, uma vez confirmado o valor da vossa f, muito mais preciosa do que o ouro perecvel, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glria e honra na revelao de Jesus Cris-to (1 Pedro 1:3-7).

    O propsito de Deus na criaoAs Escrituras revelam o propsito de Deus ao criar o mundo. Me-

    diante a palavra proftica, aprendemos sobre Seus planos quanto ao futuro:Porque assim diz o Senhor, que criou os cus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que no a criou para ser um caos, mas para ser habitada (Isaas 45:18).

    Deus criou a Terra e em seguida a entregou ao homem. Diz o sal-mista: Os cus so os cus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens (Salmos 115:16). Mas no momento em que Deus entregou o planeta ao homem, este era fiel, conforme expressa o sbio Salomo: Eis o que to-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astcias (Eclesiastes 7:29).

    Quanto ao modo de Deus lidar com a raa humana, lemos assim: Quando o Altssimo distribua as heranas s naes, quando separava os filhos dos homens uns dos outros, fixou os limites dos povos, segundo o nmero dos filhos de Israel, ou seja, de acordo com o nmero do verdadei-ro Israel que ser finalmente ajuntado na terra, como sditos de Seu reino futuro. Paulo expressa o mesmo pensamento com as seguintes palavras:

    Deus [] de um s fez toda a raa humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitao; para buscarem a Deus se, porventura, tatean-do, O possam achar, bem que no est longe de cada um de ns; pois nEle vivemos, e nos movemos, e existimos (Atos 17:26-28).

  • Introduo | 15

    Quando esse propsito original em relao Terra for cumprido, todos os do Teu povo sero justos (Isaas 60:21). Novamente se afirma a respeito dos que estaro naquela condio: Nenhum morador de Jerusa-lm dir: Estou doente; porque ao povo que habita nela, perdoar-se-lhe- a sua iniquidade (Isaas 33:24). Aquele ser o tempo em que os mansos herdaro a terra e se deleitaro na abundncia de paz (Salmos 37:11).

    A segunda vinda de Cristo no uma fbulaNa segunda epstola de Pedro, lemos o seguinte:

    Porque no vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fbulas engenhosamente inventadas, mas ns mesmos fomos testemunhas oculares da Sua majestade, pois Ele rece-beu, da parte de Deus Pai, honra e glria, quando pela Glria Excelsa Lhe foi enviada a seguinte voz: Este o Meu Filho amado, em quem Me comprazo. Ora, esta voz, vinda do cu, ns a ouvimos quando est-vamos com Ele no monte santo. Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra proftica, e fazeis bem em atend-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, at que o dia clareie e a estrela da alva nasa em vosso corao (2 Pedro 1:16-19).

    Nessa passagem, o apstolo se refere transfigurao no monte como prova da segunda vinda de Cristo. Antes daquela cena, nosso Salva-dor informou a seus apstolos: Em verdade vos digo que alguns h, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passaro pela morte at que vejam vir o Filho do Homem no Seu reino (Mateus 16:28); e, con-forme registrado por Lucas: Verdadeiramente, vos digo: alguns h dos que aqui se encontram que, de maneira nenhuma, passaro pela morte at que vejam o reino de Deus (Lucas 9:27).

    Essa promessa foi cumprida literalmente no prprio evento da transfigurao. Nessa viso no monte, viram a Jesus glorificado, da for-ma como Ele aparecer quando vier em Seu Reino. Viram Elias, que foi levado ao Cu sem experimentar a morte, representando aqueles que sero trasladados sendo transformados de mortais em imortais num momento, num abrir e fechar de olhos, por ocasio da vinda do Senhor (1 Corntios 15:52). Tambm viram Moiss, que havia passado pela mor-te, mas agora representava os que sero ressuscitados dentre os mortos para o encontro com o Senhor. Portanto, nessa viso os discpulos tive-ram um vislumbre de Cristo vindo em Seu reino, conforme Sua promessa.

  • 16 | O Grande Movimento Adventista

    Profecias: a palavra confirmada

    Embora os apstolos tivessem presenciado essa gloriosa cena no monte da transfigurao, e ouvido a voz de aprovao de Deus, o apstolo Pedro afirma: Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra proftica (2 Pedro 1:19). Com esta afirmao, ele no est desconsiderando o que tinham visto e ouvido naquela memorvel ocasio da transfigurao. Ali, tinham ouvido a voz de Deus uma vez; mas nas grandes profecias, que se estendem at a segunda vinda de Cristo, a voz de Deus repetida. De fato, toda clara predio proftica cumprida, ou registrada na histria, representa a voz de Deus falando a ns. nesse sentido que a palavra da profecia mais segura [King James Version]. A Verso Revisada2 tra-duz como confirmada. A profecia confirmada por cada especificao cumprida. Cada evento predito, ao cumprir-se, uma garantia de que os eventos restantes certamente ocorrero.

    Caractersticas da profeciaOs seguintes testemunhos com relao s caractersticas da profecia,

    apresentados por notveis estudiosos da Bblia, so bem convincentes. Thomas Newton declara:

    Profecia histria antecipada e resumida; histria profecia cumprida e expandida. Tem havido orculos mentirosos no mundo, mas toda a perspiccia e malcia de homens e demnios no podem produzir profecias como as que encontramos nas Sagradas Escrituras.

    Isaac Newton testificou que dar ouvidos aos profetas uma carac-terstica fundamental da igreja verdadeira.

    O Dr. A. Keith afirma:Profecia equivalente a qualquer milagre, e em si mesma miracu-losa. [] Somente a voz da Onipotncia poderia chamar do tmulo os mortos, somente a voz da Oniscincia poderia contar o que est escondido num obscuro futuro, que para o homem to impenetrvel quanto as manses dos mortos ambos os casos constituem a voz de Deus.

    Matthew Henry comenta:No tempo de Deus, que o melhor tempo, e maneira de Deus, que a melhor maneira, a profecia certamente se cumprir. Cada palavra de Cristo completamente pura e, portanto, totalmente confivel.

    2 A Revised Version, publicada em 1885, a verso revisada da Bblia King James Version em ingls.

  • Introduo | 17

    O objetivo da profeciaNas palavras de Cristo a Seus apstolos, podemos descobrir um dos

    objetivos de Deus em conceder as profecias. Falando profeticamente do que aconteceria a Judas, disse Jesus: Desde j vos digo, antes que aconte-a, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU ( Joo 13:19).

    O Senhor tambm declara mediante o profeta Isaas:[] Eu sou Deus, e no h outro; Eu sou Deus, e no h outro seme-lhante a Mim; que desde o princpio anuncio o que h de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda no sucederam; que digo: o Meu conselho permanecer de p, farei toda a Minha vontade (Isaas 46:9 e 10).

    E ainda:As primeiras coisas, desde a antiguidade, as anunciei; sim, pronunciou--as a Minha boca, e Eu as fiz ouvir; de repente agi, e elas se cumpri-ram. [] Por isso to anunciei desde aquele tempo e to dei a conhecer antes que acontecesse, para que no dissesses: O meu dolo fez estas coisas; ou: A minha imagem de escultura e a fundio as ordenaram. J o tens ouvido; olha para tudo isto; porventura, no o admites? Desde agora te fao ouvir coisas novas e ocultas, que no conhecias. Aparece-ram agora e no h muito, e antes deste dia delas no ouviste, para que no digas: Eis que j o sabia (Isaas 48:3, 5-7).

    Nessas palavras, a fora do cumprimento proftico apresentada como prova da origem divina das profecias, pois demonstra que o poder do Senhor maior que todos os deuses pagos. Esses versos tambm mostram que a profecia ocupa um lugar muito importante na Palavra da verdade. Sendo assim, realmente estranho que to pouca ateno seja dada ao estudo das pores profticas das Escrituras Sagradas.

    A profecia no est seladaOs incultos dizem que so ignorantes e que, portanto, no podem

    entender as profecias. Por outro lado, muitos dentre os instrudos, e mes-mo alguns dentre os ministros, afirmam: As profecias esto seladas e no podem ser compreendidas. Todos sabemos que o livro do Apocalipse um livro selado.

    No Apocalipse, o amado Joo recebeu uma ordem especial para no selar o livro (Apocalipse 22:10). Nesse mesmo livro, tambm pronun-ciada uma beno sobre aqueles que leem e aqueles que ouvem as pala-vras da profecia e guardam as coisas nela escritas (Apocalipse 1:3, grifo nosso). Como poderia o contedo de um livro selado ser guardado [ou

  • 18 | O Grande Movimento Adventista

    observado] se no pudesse sequer ser compreendido? O Senhor, por in-termdio de Moiss, declarou:

    As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porm as re-veladas nos pertencem, a ns e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei (Deuteronmio 29:29).

    Nas palavras de Cristo aos discpulos, fica evidente que o Senhor planejou que as profecias de Daniel fossem compreendidas. Est escrito assim: Quando, pois, virdes o abominvel da desolao de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem l entenda) (Mateus 24:15). Isso significa literalmente: Entendam as profecias de Daniel.

    O Senhor expe a falcia dos que afirmam que as profecias no po-dem ser entendidas nas seguintes palavras:

    Toda viso j se vos tornou como as palavras de um livro selado, que se d ao que sabe ler, dizendo: L isto, peo-te; e ele responde: No posso, porque est selado; e d-se o livro ao que no sabe ler, dizendo: L isto, peo-te; e ele responde: No sei ler. O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de Mim e com a sua boca e com os seus lbios Me honra, mas o seu corao est longe de Mim, e o seu temor para comigo consiste s em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu, continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sbios perecer, e a prudncia dos seus prudentes se esconder (Isaas 29:11-14).

    Tivesse o povo, a quem o profeta se refere, seguido as seguras pala-vras da profecia, no precisaria ter se afastado da lei de Deus, substituin-do-a por preceitos e mandamentos de homens.

    A profecia no de interpretao pessoalNo pelo fato de a profecia possuir significados profundos, ocultos

    e misteriosos que tantos falham em compreend-la. A esse respeito, o apstolo Pedro declarou:

    Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura de particular interpretao. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Esprito Santo (2 Pedro 1:20 e 21, ACF).

    Desse verso, claramente se percebe que o item essencial para a com-preenso da profecia receber o Esprito que falou por meio dos profetas. Sobre esse Esprito, prometido a todos os que O buscam, est escrito: Ele vos guiar a toda a verdade ( Joo 16:13).

  • Introduo | 19

    O cumprimento profticoAo estudarmos as profecias, precisamos manter em mente certos fatos:

    Deus, o Ser infalvel, o autor da profecia. Quando chegar o tempo para o cumprimento de uma predio, esse evento vai ocorrer. Em outras palavras, quando o Senhor determina o tempo em que algo ir acontecer, visto ter Ele o poder de prever tudo o que o homem faz, quando esse tempo che-gar, o verdadeiro cumprimento da profecia acontece. Sendo assim, um falso cumprimento da profecia no tempo determinado para o verdadeiro cum-primento uma impossibilidade. Em harmonia com essa suposio bsica, podemos dizer que, quando chega o tempo de Deus para ser transmitida ao mundo a mensagem da verdade, tal mensagem sempre se propaga.

    Certa ocasio, aps um sermo que preguei sobre o cumprimento das profecias, um senhor incrdulo, presente na plateia, veio frente e disse: Preciso parabenizar vocs, intrpretes das profecias, como pessoas realmente sortudas. Em seu estudo da histria, vocs parecem facilmente encontrar algo que se encaixe perfeitamente com a profecia. Sim, foi nossa resposta, encaixa porque foi feito para encaixar. Se voc fosse a uma loja de luvas para comprar um par, voc esperaria encontrar alguma que se encaixasse em suas mos?. Ele respondeu claro que eu espe-raria, porque elas foram feitas para encaixar. Ento, disse eu, Deus, sabendo exatamente o que os homens fariam, fez predies a seu respeito, e quando esses homens entraram em cena, fazendo as coisas preditas, os verdadeiros historiadores registraram suas aes, que se encaixam perfei-tamente com as predies feitas.

    Profecia: uma luz na escuridoO apstolo Pedro diz que deveramos dar ouvidos profecia como

    a uma luz brilhando em um lugar escuro. Sem a lmpada da profecia, o futuro seria totalmente obscuro. O propsito da luz dissipar as trevas quando se passa por lugares escuros, e revelar claramente o caminho para que o viajante possa, passo a passo, avistar o trajeto e ser capaz de escolher o caminho a seguir. Declara o salmista: Lmpada para os meus ps a Tua palavra e, luz para os meus caminhos (Salmos 119:105). O sbio diz: Mas a vereda dos justos como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais at ser dia perfeito (Provrbios 4:18). Assim, ao avanarmos no tem-po, vemos que a Palavra de Deus, especialmente em seus cumprimentos profticos, se abrir mais e mais, deixando cada vez mais claro, ao estu-dioso da Bblia, que ele est no caminho que conduz luz e ao dia eterno.

  • 20 | O Grande Movimento Adventista

    Trs eventos marcantes desde o den at o fim

    Se considerarmos, luz das Escrituras, o caminho trilhado pelo povo de Deus desde o den at o fim, veremos trs eventos que se desta-cam de modo especial. O primeiro deles a primeira vinda de Cristo a encarnao, a vinda de Emanuel, Deus manifesto na carne. O segundo evento a grande Reforma Protestante, ocorrida aps a Idade das Trevas tambm conhecida como Idade Mdia, um perodo de 1.260 anos de opresso em que o povo quase no teve acesso Palavra de Deus. Com a reforma, a igreja saiu de sua fase no deserto e a Bblia se tornou acessvel, o que permitiu que todos a lessem e conhecessem a vontade de Deus. O terceiro evento a segunda vinda de Cristo, para introduzir a restaurao de todas as coisas, da qual falaram Seus santos profetas desde o princpio do mundo. Este ltimo evento encerrar o conflito dos sculos, conflito entre o pecado e a justia, e dar incio era de glria para a qual todas as outras eras apontavam.

    A profecia demarca o caminho para o fim

    Ao darmos ouvidos palavra proftica, que revela o caminho certo como uma luz a guiar nossos passos em meio escurido, encontraremos claramente traado em suas linhas o percurso que vem desde o princpio at a segunda vinda de Cristo. Assim, aqueles que seguem de perto a luz proftica no apenas identificaro os sinais e smbolos que revelam que o grande dia est prximo, mas tambm reconhecero a obra de Deus, que avana firmemente com verdades destinadas a preparar um povo para encontr-Lo em paz em Sua vinda.

    Ao mesmo tempo em que as Escrituras declaram que o dia do Se-nhor vir sobre as multides como um ladro noite (1 Tessalonicenses 5:2; 2 Pedro 3:10), elas tambm falam a respeito dos que permanecem no conselho do Senhor: Mas vs, irmos, no estais em trevas, para que esse Dia como ladro vos apanhe de surpresa; porquanto vs todos sois filhos da luz e filhos do dia (1 Tessalonicenses 5:4 e 5)

    Lembrar da direo do SenhorAo lembrarmos de como Deus dirigiu o movimento adventista,

    importante notarmos que sempre foi Seu desgnio que o povo se lembras-se das manifestaes de Sua providncia e de Seu poder em favor deles. Descrevendo as razes da apostasia de Israel, o salmista declara:

  • Introduo | 21

    Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas por-tentosas, maravilhas na terra de Cam, tremendos feitos no mar Ver-melho (Salmos 106:21 e 22).

    Se era essencial que o povo de Israel lembrasse de como Deus os di-rigiu, no seria tambm para ns? Com grande nimo o salmista afirmou novamente: Bendize, minha alma, ao Senhor, e no te esqueas de nem um s de Seus benefcios (Salmos 103:2).

    Em todas as pocas, o Senhor, por Sua graa, tem enviado im-portantes verdades, planejadas para libertar um povo da escravido do pecado, e prepar-lo para entrar na Cana celestial. Ser muito pro-veitoso considerar o procedimento de Deus para com aqueles que tm proclamado essas verdades.

    Grandes resultados decorrentes de pequenos instrumentos O testemunho de DAubign

    DAubign, em seu livro Histria da Reforma, escreve:Deus, que prepara Sua obra ao longo das eras, em Seu prprio tempo a executa mediante os mais frgeis instrumentos. Alcanar grandes resultados por meio de pequenos instrumentos, esta a lei de Deus. Essa lei, que prevalece em toda a natureza, tambm encontrada na histria (Histria da Reforma, livro 2, cap. 1, paragrafo 1).

    Em tempos antigos, Deus comeou a separar um povo especial a fim de estabelec-lo como nao peculiar para Si mesmo, ao chamar um ho-mem Abrao que habitava entre os pagos, em Ur dos Caldeus. Dele nasceu uma numerosa descendncia. Quando esta foi exaltada posio de nao, Deus declarou a seu respeito:

    No vos teve o Senhor afeio, nem vos escolheu porque fsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois reis o menor de todos os povos (Deuteronmio 7:7).

    Posteriormente, ao livrar Seu povo da escravido do Egito, Deus escolheu como lder algum que, em sua infncia, fora escondido por trs meses na casa de sua me, colocado em seguida num cesto rstico e hu-milde, feito de junco e coberto com piche, o qual foi entregue aos cui-dados do Rio Nilo. Porm, este mesmo Moiss, chegando maturidade, escolheu sofrer humildemente com o povo de Deus em vez de por um pouco de tempo ter o gozo do pecado (Hebreus 11:25, ACF).

  • 22 | O Grande Movimento Adventista

    A vitria de GideoMais tarde, visando livrar Israel dos midianitas e amalequitas, que,

    como gafanhotos ( Juzes 6:5), destruam os frutos da terra e no dei-xavam em Israel sustento algum, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos ( Juzes 6:4), o Senhor enviou um anjo a Gideo. Esse filho de Jos em-pobreceu a tal ponto de debulhar um pouquinho de trigo e escond-lo de seus inimigos. Quando o anjo o avisou de que deveria livrar Israel, Gideo perguntou espantado: Ai, Senhor meu, com que livrarei Israel? Eis que a minha famlia a mais pobre em Manasss, e eu, o menor na casa de meu pai ( Juzes 6:15). Esse mesmo homem, pobre e humilde, saiu com trezentos homens, com meros jarros e tochas o que pareceria tolice aos olhos humanos , e fazendo de Deus a sua fora, alcanou grande vitria. Antes do livramento, possvel que Gideo tenha se la-mentado como o profeta Ams, que questionou: Como subsistir Jac? Pois ele pequeno (Ams 7:2).

    O Beb na manjedouraNo tempo determinado por Deus, nasceu o Salvador da humanida-

    de. Os pastores O encontraram deitado em uma manjedoura. Sua famlia terrestre tinha ocupaes humildes, porm honestas. O Salvador disse o seguinte a respeito de Sua pobreza aqui na Terra: As raposas tm seus covis, e as aves do cu, ninhos, mas o Filho do homem no tem onde re-clinar a cabea (Mateus 8:20). Ele escolheu Seus apstolos dentre uma classe social inferior, que no era a mais pobre, mas no chegava ao nvel da classe mdia. Assim foi para que se manifestasse ao mundo que o tra-balho no era de homens, mas de Deus.

    No foram chamados muitos sbiosFalando da obra nos dias da igreja primitiva, Paulo declara:

    Porque a loucura de Deus mais sbia do que os homens; e a fraque-za de Deus mais forte do que os homens. Irmos, reparai, pois, na vossa vocao; visto que no foram chamados muitos sbios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento. Pelo contrrio, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sbios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as despre-zadas, e aquelas que no so, para reduzir a nada as que so; a fim de que ningum se vanglorie na presena de Deus (1 Corntios 1:25-29).

  • Introduo | 23

    Homens humildes na Reforma protestanteEncontramos esse mesmo princpio exemplificado na vida dos gran-

    des reformadores do sculo 16. Diz o historiador:O reformador Zunglio emergiu de uma choupana de pastores nos Alpes; Melanchton, o telogo da Reforma, de uma loja de armeiro; e Lutero, da cabana de um pobre mineiro.

    Lutero disse a respeito de si mesmo:Meus pais eram muito pobres. Meu pai era um pobre lenhador (depois se tornou mineiro) e minha me frequentemente carregava madeira nas costas a fim de conseguir meios para criar os filhos. Eles suporta-ram os mais rduos trabalhos em nosso favor.

    Escrevendo sobre o chamado para servir ao Senhor, o apstolo Tia-go declarou:

    Ouvi, meus amados irmos: No escolheu Deus os que para o mundo so pobres, para serem ricos em f e herdeiros do reino que Ele pro-meteu aos que O amam? (Tiago 2:5).

    Os primeiros MetodistasAo examinarmos o avano da obra dos reformadores at chegar aos

    primeiros dias do metodismo, tempo em que a doutrina da livre graa era assiduamente pregada, percebemos que esta foi acompanhada pelo poder de Deus. Ao ser ela fielmente exposta ao povo, com a ternura e o amor de Cristo, e acolhida por viva f, os crentes no somente encontravam remisso de pecados passados, mas um poder santificador para viver uma vida santa. O metodismo teve comeo humilde e foi abenoado segundo a f e sincera confiana tanto de ministros como de leigos.

    Ao recordar os incidentes e experincias ligadas ao movimento do advento, como se d em toda obra do Senhor em que o homem agente, descobrimos que esse movimento se originou entre os pobres e desconhe-cidos; no entanto, que ningum se decida contra ele por esse motivo, sem examinar cuidadosamente as evidncias que sustentaram essa grande obra, a no ser que queira ser encontrado entre aqueles a quem o Senhor pergun-tar: Pois quem despreza o dia dos humildes comeos? (Zacarias 4:10).

    A rplica de Eck a LuteroPara beneficiar os que decidem se um ponto doutrinrio correto

    ou incorreto com base no nmero de pessoas que o aceitam, citamos, em

  • 24 | O Grande Movimento Adventista

    parte, a controvrsia entre Lutero e Eck. Ao Lutero se posicionar a favor das Escrituras, ousando questionar o direito de as pessoas valorizarem as prprias opinies acima da Palavra de Deus, Eck retrucou com ironia:

    Estou surpreso com a humildade e modstia com as quais o respeitvel Doutor se encarrega de se opor, sozinho, a tantos pais ilustres, e pre-tende saber mais que os soberanos pontfices, os conclios, os doutores e as universidades! [] Seria surpreendente, sem dvida, que Deus ti-vesse escondido a verdade de tantos santos e mrtires at que chegasse o reverendo Padre.

    Essa rplica poderia muito bem ser confrontada com a resposta apre-sentada por Zunglio a John Faber, em Zurique. Aps Faber expressar seu

    espanto diante da situao a que as coisas chegaram, quando costumes antigos, que duraram por 12 sculos, foram esquecidos, deduzindo-se claramente que a cristandade havia estado em erro por 14 sculos,

    Zunglio rapidamente respondeu queo erro no era menos erro devido ao fato de nele se crer por 14 sculos; e que, na adorao a Deus, a antiguidade dos costumes no repre-sentava nada, a no ser que pudesse ser encontrado fundamento ou autorizao para eles nas Escrituras Sagradas.3

    Palavra de Deus X sabedoria humanaO perigo de apoiar-se em opinies de homens, em vez de determi-

    nar O que a verdade? pela Palavra de Deus, claramente descrito pelo profeta Osias com as seguintes palavras: Arastes a malcia, colhestes a perversidade; comestes o fruto da mentira, porque confiastes nos vossos carros e na multido dos vossos valentes (Osias 10:13). A tendncia do corao humano sempre foi confiar no homem. Contudo, ao nos aproxi-marmos do tempo em que o Senhor ir se levantar para espantar a terra, o profeta Isaas exorta: Afastai-vos, pois, do homem cujo flego est no seu nariz. Pois em que ele estimado? (Isaas 2:21 e 22).

    Sendo assim advertidos nas Escrituras com relao ao risco que cor-remos, que ningum condene precipitadamente o movimento do advento, como se fosse indigno de considerao devido a seu humilde comeo, ou porque os chamados grandes aos olhos do mundo no abraaram essa causa. Pelo contrrio, que todos pesem cuidadosamente suas declaraes. A verdade possui valor inestimvel. Comparadas a ela, meras opinies humanas no passam de palha, destitudas de qualquer valor.3 James Wylie, Histria do Protestantismo, cap. 12, par. 16, 17; Edio Cassel, p. 458.

  • Captulo 2

    o Plano da salvao desdoBradoA esperana que se adia faz adoecer o corao, mas o desejo cumprido rvore de vida (Provrbios 13:12).

    Pois assim diz o Senhor dos Exrcitos: Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o cu, a terra, o mar e a terra seca; farei abalar todas as naes, e as coisas preciosas de todas as naes viro, e encherei de glria esta casa, diz o Senhor dos Exrcitos (Ageu 2:6, 7).

    Desde o tempo em que Ado foi banido do jardim do den e da rvore da vida, as palavras dirigidas a Satans a respeito da semente da mu-lher Este te ferir a cabea (Gnesis 3:15) tm alimentado a esperana de que o mal finalmente ser derrotado e seus astutos projetos destrudos, e de que seremos restaurados rvore da vida. Foi assim que o Esperado a Semente prometida Se tornou o Desejado de todas as naes.

    Na citao de Ageu, mencionada acima, parece que a vinda desse Desejado est ligada com o tempo em que o Senhor abalar os cus e a Terra. Paulo, escrevendo aos Hebreus, coloca esse acontecimento no futuro ao afirmar:

    Ainda uma vez por todas, farei abalar no s a terra, mas tambm o cu. Ora, esta palavra: ainda uma vez por todas significa a remo-o dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que no so abaladas permaneam. Por isso, recebendo ns um reino inabalvel, retenhamos a graa, pela qual sirvamos a Deus de modo agradvel, com reverncia e santo temor (Hebreus 12:26-28).

    Essa linguagem, referente ao abalo ainda por vir, parece coloc-lo em ntima ligao com o estabelecimento final do reino de Deus por meio de Cristo a Semente prometida, o Desejado de todas as naes.

    A restaurao que ser realizada por Cristo pode ser claramente co-nhecida, nestes ltimos dias, por todos os que tm a totalidade da Bblia

  • 26 | O Grande Movimento Adventista

    aberta diante de si. No era assim com os antigos. A palavra do Senhor veio a eles preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali (Isaas 28:13). Na-quela poca, a revelao do plano da salvao era semelhante vereda dos justos, comparada com a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais at ser dia perfeito (Provrbios 4:18). de grande interesse, portanto, que estudemos brevemente o desdobramento gradual desse plano de Deus ao Seu antigo povo.

    A princpio, a demora no foi reveladaO Senhor no lhes posps a esperana de imediato, revelando-lhes

    que se passariam centenas de anos at a vinda da Semente prometida; isso lhes entristeceria o corao. Podemos deduzir a partir do relato que lhes foi permitido pensar que a primeira criana nascida seria a Semente, e que, de alguma maneira, o den seria logo restaurado e novamente teriam acesso rvore da vida. Quando Caim nasceu, Eva exclamou: Adquiri um varo com o auxlio do Senhor. Alguns eruditos da lngua hebraica defendem que, traduzido de forma fiel, o texto diria: Adquiri um varo: o Senhor. Ou seja, aqui est a Semente que realizar o tremendo feito de derrotar Satans. No h registro de que Eva tenha pronunciado algo parecido por ocasio do nascimento de Abel. Ela naturalmente poderia e deveria supor que seria no primognito que a promessa se cumpriria. Suas esperanas devem ter diminudo, ou mesmo morrido, ao ser-lhe revela-do o carter de Caim e ao testemunhar a conduta perversa que o levou a matar o irmo. Seguramente, antes de Abel ser assassinado, a famlia deve ter recebido luz e conhecimento a respeito do sacrifcio futuro a ser feito em seu favor. Foi por essa razo que Abel, divinamente instrudo, trouxe como oferta um cordeiro do seu rebanho, ao passo que Caim, que recebera as mesmas instrues que o irmo, trouxe uma oferta dos frutos da terra e a misturou com o esprito de ira e cimes. A oferta de Abel foi mais aceitvel que a de Caim, pois foi feita pela f. Comentando sobre a influncia positiva da f de Abel, Paulo escreve: mesmo depois de morto, [ele] ainda fala (Hebreus 11:4).

    Seria Sete a Semente prometida?Aps a morte de Abel, Sete nasceu, revivendo ento a esperana. Eva

    declarou: Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou (Gnesis 4:25). Mais tarde, Sete foi includo na linhagem dos descendentes de Ado (ver Gnesis 5:3), ao passo que Caim, o verda-

  • O Plano da Salvao Desdobrado | 27

    deiro primognito, no entrou na genealogia. Eva muito provavelmente sups que Sete era agora a Semente prometida. O registro bblico relata que, depois do nascimento de Sete, os homens passaram a chamar-se pelo nome do Senhor.4 Talvez agiram assim supondo que Sete seria o gover-nante final o Senhor que derrotaria o domnio usurpado por Satans.

    Esperana centralizada em NoNo breve registro de eventos entre a poca de Ado e o nascimento

    de No, pouco alm da genealogia da raa humana est registrado. Com o nascimento de No (o justo), a esperana brotou novamente. As pes-soas exclamaram: Este nos consolar dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mos, nesta terra que o Senhor amaldioou (Gnesis 5:29). A Bblia no declara o modo pelo qual esperavam receber esse conforto; mas entretinham a esperana de que a maldio da terra seria, de alguma forma, atenuada. No lhes foi revelada ento a grande maldade que existiria nos dias de No, nem que as pessoas encheriam a Terra de tanto pecado e vio-lncia que a raa seria varrida do planeta por um dilvio, com apenas No e sua famlia escapando da destruio. Tampouco lhes foi revelado o fato de que, por 120 anos, ele iria advertir o mundo de sua iminente destruio.

    Babel construdaAps o dilvio, No instruiu o povo a repovoar a Terra. Mas ao come-

    arem a se multiplicar, rejeitaram o plano do Senhor de govern-los. Nin-rode estabeleceu o reino de Babel posteriormente chamado de Babilnia, o primeiro dos governos terrestres (Gnesis 9:1; 10:9, 10). Pouco tempo depois, comearam a edificar a torre de Babel, tendo em vista construir para si mesmos um nome e impedir que fossem espalhados pela face da terra justamente o oposto daquilo que o Senhor lhes havia ordenado por intermdio de No. Ao invs de esperarem pacientemente pelo cumpri-mento dos propsitos de Deus, tomaram o assunto em suas prprias mos. A consequncia foi que Deus lhes confundiu a linguagem e os espalhou.

    Abrao: o herdeiro do mundoAcompanhando o registro, at chegar ao dcimo descendente de

    No, nos deparamos com o chamado de Abrao. Deus lhe disse:Porque toda essa terra que vs, Eu ta darei, a ti e tua descendncia, para sempre. Farei a tua descendncia como o p da terra; de maneira

    4 Ver texto alternativo na margem da KJV sobre Gnesis 4:26.

  • 28 | O Grande Movimento Adventista

    que, se algum puder contar o p da terra, ento se contar tambm a tua descendncia. Levanta-te, percorre essa terra no seu comprimento e na sua largura; porque Eu ta darei (Gnesis 13:15-17).

    Apesar de Abrao receber a promessa de que possuiria a terra, foi--lhe assegurado que ele morreria. Paulo declara que Abrao saiu a fim de ir para um lugar que devia receber por herana (Hebreus 11:8). O cum-primento da promessa da Semente foi, sem dvida, esclarecido a Abrao em viso proveniente de Deus, pois ele aguardava a cidade que tem fun-damentos, da qual Deus o arquiteto e edificador (Hebreus 11:10). Em Romanos 4:13, declara-se que a promessa era que ele seria herdeiro do mundo, no no estado em que este se encontrava, mas em algum mo-mento aps sua ressurreio.

    Do ponto de vista humano, Abrao no podia compreender de que forma a Semente prometida poderia surgir de sua prpria descendncia. Portanto, sugeriu que Elizer, seu mordomo, fosse escolhido como a Se-mente. Deus lhe disse, porm: No ser assim, mas aquele que ser gera-do de ti ser o teu herdeiro (Gnesis 15:4). O Senhor agora passa a lhe revelar que a obra final da Semente no se completaria de forma imediata. Disse ento a Abrao:

    Sabe, com certeza, que a tua posteridade ser peregrina em terra alheia, e ser reduzida escravido, e ser afligida por quatrocentos anos. [] E tu irs para os teus pais em paz; sers sepultado em ditosa velhice (Gnesis 15:13-15).

    A prpria esposa de Abrao props um plano precipitado para apressar o cumprimento da promessa. Contudo, aps o nascimento de Isaque, o verdadeiro filho de Abrao com Sara, sua legtima esposa, o Senhor falou a respeito de Ismael e sua me Agar: rejeita essa escrava e seu filho (Gnesis 21:10).

    No teste de f a que foi submetido, o de oferecer Isaque sobre o altar, Abrao aprendeu uma lio acerca da ressurreio dos mortos. Dele se diz:

    Considerou que Deus era poderoso at para ressuscit-lo [a Isaque] dentre os mortos, de onde tambm, figuradamente, o recobrou (He-breus 11:19).

    A verdadeira SementeCerta vez, Abrao foi instrudo de que a Semente verdadeira, por

    meio da qual todas as naes seriam abenoadas, embora fosse seu des-cendente segundo a carne, seria, em realidade, o Cristo de Deus, pois o

  • O Plano da Salvao Desdobrado | 29

    Senhor no lhe disse: descendentes, como se falando de muitos, porm como de um s: E ao teu descendente, que Cristo (Glatas 3:16). A esse respeito, o apstolo Paulo declarou: Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela f os gentios, preanunciou o evangelho a Abrao: Em ti, sero abenoados todos os povos (Glatas 3:8). A promessa a Abrao foi renovada a Isaque e a sua descendncia (Gnesis 28:13), e, posteriormente, a Jac.

    Como Jac teve doze filhos, a pergunta naturalmente poderia ser feita: por qual deles seria traada a linhagem da Semente verdadeira? No testemunho inspirado, proferido por Jac a respeito de seus filhos, encon-tramos a resposta: O cetro no se arredar de Jud, nem o basto de entre seus ps, at que venha Sil; e a ele obedecero os povos (Gnesis 49:10). Em cumprimento dessa profecia, importante ressaltar que os Israelitas tiveram a permisso de possuir seu Sindrio, mesmo quando subjugados por outras naes. Assim, Jud a tribo dos judeus tinha voz em seu governo at Sil (Cristo) chegar de fato.

    O tempo havia sido encobertoOs patriarcas possuam algum conhecimento sobre a restaurao e

    vinda da Semente prometida. No lhes foi revelado, contudo, precisamen-te quando ou quanto tempo passaria at Sua vinda. Quando a posteridade de Jac comeou a se multiplicar no Egito, e o Fara-Assrio (Isaas 52:4) que no conhecia a Jos (xodo 1:8; Atos 7:18) passou a oprimi-los, suas mentes naturalmente se voltaram promessa feita a Abrao de que sofreriam aflies e permaneceriam temporariamente como estrangeiros durante 400 anos (efetivamente 430), esperando que sua libertao intro-duziria a herana prometida.

    Aps o nascimento de Moiss, seus pais perceberam que a criana era formosa (Hebreus 11:23). Provavelmente, foi-lhes revelado que, pelo poder de Deus, ele de alguma forma libertaria Israel da cruel servido. Esse conhecimento foi sem dvida comunicado a Moiss, pois, aos 40 anos de idade, este decidiu permanecer ao lado dos oprimidos israelitas e sofrer suas aflies, em vez de ser chamado filho da filha de Fara e herdeiro do trono egpcio.5 Quando ele comeou a pleitear a causa de seu povo, a ponto de matar um egpcio, surpreendeu-se de que no reco-nhecessem sua misso, j que cuidava que seus irmos entenderiam que Deus os queria salvar por intermdio dele (Atos 7:25).5 Ver Antiguidades dos Judeus, escrito por Flvio Josefo, Livro 2, cap. 9, par. 7; Ellen G. White, Spiritual Gifts, Vol. 1, p. 162-164.

  • 30 | O Grande Movimento Adventista

    Ao chegar o tempo determinado por Deus para que os israelitas sassem do Egito, eles partiram, e isso no dia exato (xodo 12:40, 41). Moiss no poderia ser considerado como o ltimo governador, nem como a Semente a quem se fizera a promessa, pois ele era da tribo de Levi. Alm disso, no havia sido dito por Jac, em sua predio inspirada, que Jud lhes governaria at que viesse Sil?

    Eu O verei, mas no agoraQuando os israelitas estavam a caminho de Cana, Balaque, rei de

    Moabe (descendente de L), pediu que Balao amaldioasse Israel. Deus, porm, transformou sua maldio em beno. Tal bno trouxe luz adi-cional, pois mostrou que o livramento final da usurpao de Satans no ocorreria imediatamente aps entrarem em Cana. Sobre esse assunto, o relato das Escrituras informa que Balao, em viso de Deus, declarou:

    V-Lo-ei, mas no agora, contempl-Lo-ei, mas no de perto; uma estrela proceder de Jac, de Israel subir um cetro, que ferir as tm-poras de Moabe, e destruir todos os filhos de Sete (Nmeros 24:17).

    Esta numerosa semente, nascida de Abrao, mencionada por Paulo no seguinte contexto:

    Por isso, tambm de um, alis j amortecido, saiu uma posteridade to numerosa como as estrelas do cu e inumervel como a areia que est na praia do mar. Todos estes morreram na f, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porm, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra (Hebreus 11:12, 13).

    O corao do povo de Israel no precisava desfalecer diante da pre-dio de Balao de que a consumao de sua esperana ocorreria no agora, nem perto, pois o Senhor, no muito antes dessa profecia, havia jurado por Sua prpria vida que ela viria. Por meio de Moiss, Ele decla-rou: Porm, to certo como Eu vivo, toda a terra se encher da glria do Senhor (Nmeros 14:21, KJV). Nos dias do profeta Habacuque, cerca de 863 anos depois, a mesma verdade foi reafirmada. Esta, porm, foi citada como um evento ainda futuro: Pois a terra se encher do conhecimento da glria do Senhor, como as guas cobrem o mar (Habacuque 2:14).

    Ritual do santurio: um tipo do verdadeiroQuando o Senhor tirou Israel do Egito, proclamou Sua lei moral

    aos ouvidos de todo o acampamento e deu-lhes uma cpia escrita em pedra por Seu prprio dedo, de modo que pudessem ser continuamente

  • O Plano da Salvao Desdobrado | 31

    direcionados quele Salvador que Se sacrificaria em favor deles. Ora, a fim de serem purificados de seus pecados mediante Seu precioso sangue, ordenou-lhes que construssem um santurio no deserto. Moiss foi exor-tado a constru-lo exatamente conforme o padro mostrado pelo Senhor no monte (xodo 25:40; 26:30; 27:8; Atos 7:44). O ritual desse santu-rio era uma sombra do verdadeiro ritual de Cristo no santurio celestial (Hebreus 8:3-5; 9:8-12). Enquanto o propsito de Deus, com as ofertas e sacrifcios do santurio, era apresentar aos homens uma sombra dos bens futuros (Hebreus 10:1), o esforo de Satans era o de levar as pessoas a se concentrar na oferta em si, o tipo, em vez de enxergarem nela Cristo e Seu efetivo sacrifcio, o anttipo. Assim, Satans procurou fazer que con-fiassem em suas prprias obras para a salvao.

    Era o propsito do Senhor dirigir Seu povo os israelitas , em suas batalhas ao eles subjugarem as naes. Deus tinha Seu prprio mtodo de governo, evidenciado no seguinte texto:

    E destruindo a sete naes na terra de Cana, por sorte lhes repartiu sua terra. E depois disto, quase quatrocentos e cinquenta anos lhes deu Juzes at o profeta Samuel (Atos 13:19, 20, Almeida antiga).

    Israel clama por um reiOs israelitas, evidentemente, no se agradaram do modo como o

    Senhor os governava. Contudo, o propsito e a vontade de Deus era que fossem um povo peculiar, distinto de todos os outros povos ao redor. Se houvessem seguido estritamente as instrues divinas, as naes fala-riam acerca deles:

    Este grande povo gente sbia e inteligente. Pois que grande nao h que tenha deuses to chegados a si como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? (Deuteronmio 4:6, 7).

    Em sua insatisfao, pediram que Samuel institusse sobre eles um rei. O Senhor disse ento a Samuel: [O povo] no te rejeitou a ti, mas a Mim, para Eu no reinar sobre ele (1 Samuel 8:7). Novamente, disseram a Samuel num tom mais imperativo: Constitui-nos, pois, agora, um rei sobre ns, para que nos governe, como o tm todas as naes (1 Samuel 8:5). Diante disso, Samuel cuidadosamente lhes informou sobre a opres-so que um rei lhes traria. O povo, porm,

    no atendeu voz de Samuel e disse: No! Mas teremos um rei so-bre ns. Para que sejamos tambm como todas as naes; o nosso rei

  • 32 | O Grande Movimento Adventista

    poder governar-nos, sair adiante de ns e fazer as nossas guerras (1 Samuel 8:19, 20).

    Israel teve reis por cerca de 500 anos. No incio, havia apenas um reino, sob o governo de Saul, Davi e Salomo. Aps esse perodo, o rei-no se dividiu em dois, Israel e Jud. Poucos reis foram bons e justos. A maior parte deles era constituda de reis mpios que levavam o povo idolatria e a terrveis iniquidades. Dessa forma, o povo se tornou como as outras naes, no s no fato de ter um rei, mas tambm na perversidade, esquecendo-se do Deus de seus pais e adorando dolos e as hostes do cu.

    A respeito dessa forma de governo, o Senhor declarou pelo profeta Osias:

    A tua runa, Israel, vem de ti, e s de Mim, o teu socorro. Onde est, agora, o teu rei, para que te salve em todas as tuas cidades? E os teus juzes, dos quais disseste, D-me rei e prncipes? Dei-te um rei na Minha ira e to tirei no Meu furor (Osias 13:9-11).

    A runa do reinoO governo por meio de reis continuou at que os Caldeus incendia-

    ram Jerusalm, tomaram os utenslios do templo e levaram Jud cativo para Babilnia, onde permaneceu por 70 anos, como havia sido predito. Ao final desse perodo monrquico, o Senhor, por meio do profeta Eze-quiel, disse a Zedequias, o ltimo rei:

    E tu, profano e perverso, prncipe de Israel, cujo dia vir no tempo do seu castigo final; assim diz o Senhor Deus: Tira o diadema e re-move a coroa; o que j no ser o mesmo; ser exaltado o humilde [o rei de Babilnia] e abatido o soberbo [este to autoexaltado rei da tribo de Jud]. Derribarei, derribarei, derribarei; e j no ser, at que venha Aquele a quem ela pertence de direito; a Ele a darei (Ezequiel 21:25-27, ARA adaptado).

    Este legtimo governante, a verdadeira Semente, Cristo. Miquias escreveu o seguinte a respeito dEle:

    A ti, torre do rebanho, monte da filha de Sio, a ti vir; sim, vir o primeiro domnio [domnio sobre a Terra, restaurado em Cristo], o reino da filha de Jerusalm (Miquias 4:8).

    Quando Israel perdeu o cetro, este passou s mos do rei de Babil-nia. Ao passarem sucessivamente sob o domnio da Media-Prsia, Grcia e Roma, o reino foi por trs vezes derrubado. No reinado de Csar Au-gusto, imperador de Roma, Cristo nasceu, o legtimo herdeiro do trono

  • O Plano da Salvao Desdobrado | 33

    de Davi a verdadeira Semente da mulher, de Abrao e de Davi da forma como havia sido predito.

    Para que o povo soubesse que seu legtimo Governador, a verdadeira Semente, era mais do que um homem mortal comum detentor de reino vitalcio apenas temporrio, o Senhor inspirou o salmista a escrever:

    F-lo-ei, por isso, Meu primognito, o mais elevado entre os reis da terra. Conservar-Lhe-ei para sempre a Minha graa e, firme com Ele, a Minha aliana. Farei durar para sempre a Sua descendncia; e, o Seu trono, como os dias do cu. A Sua posteridade durar para sempre, e o Seu trono, como o sol perante Mim. Ele ser estabele-cido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espao (Salmos 89:27-29, 36, 37).

    Isaas profetiza a respeito da vinda desse Soberano:Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo est so-bre os Seus ombros; e o Seu nome ser: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Prncipe da Paz; para que se aumente o Seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juzo e a justia, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exrcitos far isto (Isaas 9:6, 7).

    A trasladao de Enoque e EliasExistem registros de pessoas da antiguidade que foram trasladadas

    para o Cu sem experimentar a morte. A respeito de Enoque, o stimo depois de Ado, a Bblia declara:

    Andou Enoque com Deus e j no era, porque Deus o tomou para Si (Gnesis 5:24).Pela f, Enoque foi trasladado para no ver a morte; no foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladao, obteve teste-munho de haver agradado a Deus (Hebreus 11:5).

    Novamente, enquanto Elias e Eliseu caminhavam juntos,indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao cu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros! E nunca mais o viu (2 Reis 2:11, 12).

    Enoque profetizou a respeito da vinda de Cristo como o juiz de toda a Terra nas seguintes palavras:

    Eis que veio o Senhor entre Suas santas mirades, para exercer juzo contra todos e para fazer convictos todos os mpios, acerca de to-das as obras mpias que impiamente praticaram e acerca de todas

  • 34 | O Grande Movimento Adventista

    as palavras insolentes que mpios pecadores proferiram contra Ele ( Judas 1:14, 15).

    J ensinou a respeito da vinda do SenhorJ, aparentemente contemporneo de Moiss, tinha certo conheci-

    mento a respeito da vinda de Cristo e da ressurreio, pois declarou:Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras! Quem me dera fossem gravadas em livro! Que, com pena de ferro e com chum-bo, para sempre fossem esculpidas na rocha! Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim Se levantar sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. V-Lo-ei por mim mesmo, os meus olhos O vero, e no outros ( J 19:23-27).

    Trono de Davi: trono do SenhorO trono de Davi foi chamado de trono do Senhor. Salomo assen-

    tou-se no trono do Senhor, rei, em lugar de Davi, seu pai (1 Crnicas 29:23). O Senhor havia jurado a Davi

    que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para O assentar sobre o seu trono. Nesta previso, disse da ressurreio de Cristo, que a Sua alma no foi deixada no Hades, nem a Sua carne viu a corrupo (Atos 2:30, 31, ARC).

    Posteriormente, dito que Cristo, em Seu reino futuro, Se assentaria sobre o trono de Davi (ver Isaas 9:7). Lemos ainda:

    Os reis da terra se levantam, e os prncipes conspiram contra o Senhor e contra o Seu ungido. [] Eu, porm, constitu o Meu Rei sobre o Meu santo monte Sio. Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me dis-se: Tu s Meu Filho, Eu, hoje, Te gerei (Salmos 2:2, 6, 7).

    Outra vez: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-Te Minha direita, at que Eu ponha os Teus inimigos debaixo dos Teus ps (Salmos 110:1).

    Os judeus ficaram perplexos

    Esses textos deixaram os judeus perplexos. Havia neles um problema que no podiam resolver: Se Davi O chamou de Senhor, como ento seria Ele seu filho? Como poderia ser Ele uma criana nascida da semente de Davi, e ainda assim ser Emanuel Deus conosco? Todavia, Isaas, o pr-prio profeta deles, havia declarado: Eis que a virgem conceber e dar luz um filho e lhe chamar Emanuel (Isaas 7:14).

  • O Plano da Salvao Desdobrado | 35

    Cristo sabia como silenciar a capciosa objeo dos fariseus, e por isso lhes perguntou:

    Que pensais vs do Cristo? De quem filho? Responderam-lhe eles: De Davi. Replicou-lhes Jesus: Como, pois, Davi, pelo Esprito, chama-lhe Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: As-senta-te minha direita, at que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus ps? Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como ele seu filho? (Mateus 22:42-45).

    Davi refere-se ao mesmo assunto no Salmo 45:6 e 7:O Teu trono, Deus, para todo o sempre; cetro de equidade o cetro do Teu reino. Amas a justia e odeias a iniquidade; por isso, Deus, o Teu Deus, Te ungiu com o leo de alegria, como a nenhum dos Teus companheiros.

    Com esses textos em mente, o povo judeu tinha elevadas expectati-vas quanto ao carter do futuro Soberano e Restaurador. E no poderia ser diferente.

    O Descendente de origem divinaDescries minuciosas haviam sido dadas sobre Cristo e Seu nas-

    cimento. O Senhor, por meio do profeta Miquias, revelou Sua origem divina e at mesmo o pequeno vilarejo onde nasceria:

    E tu, Belm Efrata, pequena demais para figurar como grupo de mi-lhares de Jud, de ti me sair o que h de reinar em Israel, e cujas origens so desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Miquias 5:2).

    A presena de Deus manifesta no Shekinah e na nuvemMais adiante na histria dos israelitas, quando Salomo terminou a

    construo do templo considerado por ele extremamente magnfico , o Shekinah da glria de Deus se manifestou entre os querubins sobre o propiciatrio. O relato diz que, por ocasio da dedicao do templo, ao sarem os sacerdotes do lugar santo,

    uma nuvem encheu a casa do Senhor, de tal sorte que os sacerdotes no puderam permanecer ali, para ministrar, por causa da nuvem, por-que a glria do Senhor enchera a Casa do Senhor (1 Reis 8:10, 11).

    A presena do Senhor no templo foi manifestada perante os olhos do povo na nuvem de glria. Na ocasio, o Senhor respondeu orao de

  • 36 | O Grande Movimento Adventista

    Salomo e disse-lhe: Ouvi a tua orao e escolhi para Mim este lugar para casa do sacrifcio (2 Crnicas 7:12).

    O povo pecou, entregando-se idolatria, e, consequentemente, sua cidade e seu santurio ficaram em runas por 70 anos. Aps o cativeiro, o templo foi reconstrudo sob a mo de Zorobabel. Embora o segundo templo fosse inferior em esplendor quele construdo por Salomo, o Se-nhor, atravs de Seu profeta, declarou acerca dele: A glria desta ltima casa ser maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exrcitos (Ageu 2:9). Esta casa foi embelezada por Herodes e nela o Salvador ensinou. Na casa anterior, uma nuvem de glria representava o Senhor; mas a segunda casa recebeu o prprio Salvador, o Criador de todas as coisas.

    O glorioso reino da raiz de JessNos dias de Isaas, suas vises profticas a respeito dos gloriosos

    eventos ligados redeno final certamente fortaleceram e encorajaram os que os aguardavam com ansiedade. Essas profecias traavam a linha-gem do aguardado Libertador da seguinte maneira:

    Do tronco de Jess sair um rebento, e das suas razes, um renovo. Repousar sobre Ele o Esprito do Senhor, o Esprito de sabedoria e de entendimento, o Esprito de conselho e de fortaleza, o Esprito de conhecimento e de temor do Senhor. Deleitar-Se- no temor do Senhor; no julgar segundo a vista dos Seus olhos, nem repreender segundo o ouvir dos Seus ouvidos; mas julgar com justia os pobres e decidir com equidade a favor dos mansos da terra; ferir a terra com a vara de Sua boca e com o sopro dos Seus lbios matar o perverso (Isaas 11:1-4).

    Os profetas ensinaram acerca da ressurreioO profeta Isaas tambm ensinou a doutrina da ressurreio dos

    mortos por meio das seguintes palavras de conforto:O Senhor dos Exrcitos dar neste monte a todos os povos um ban-quete de coisas gordurosas, uma festa com vinhos velhos, pratos gor-durosos com tutanos e vinhos velhos bem clarificados. Destruir neste monte a coberta que envolve todos os povos e o vu que est posto sobre todas as naes. Tragar a morte para sempre, e, assim, enxugar o Senhor Deus as lgrimas de todos os rostos, e tirar de toda a terra o oprbrio do Seu povo, porque o Senhor falou. Naquele dia, se dir: Eis que este o nosso Deus, em quem espervamos, e Ele nos salvar; este o Senhor, a quem aguardvamos; na Sua salvao exultaremos e nos alegraremos (Isaas 25:6-9).

  • O Plano da Salvao Desdobrado | 37

    O reino na Terra renovadaO mesmo profeta declara que haver uma Terra renovada, na qual o

    reino final dever ser estabelecido:Pois eis que Eu crio novos cus [cus atmosfricos] e nova terra; e no haver lembrana das coisas passadas, jamais haver memria delas. [no Hebraico, nem chegaro ao corao, isto , no sero desejadas novamente]. Mas vs folgareis e exultareis perpetuamente no que Eu crio; porque eis que crio para Jerusalm alegria e para o seu povo, regozijo. E exultarei por causa de Jerusalm e Me alegrarei no Meu povo, e nunca mais se ouvir nela nem voz de choro nem de clamor. No haver mais nela [depois da criao da nova Terra] criana para viver poucos dias [criana que tenha vivido pouco], nem velho que no cumpra os seus [velhice prematura]; porque morrer aos cem anos morrer ainda jovem [nos dias em que os homens atingiam os nove-centos anos, crianas poderiam ter cem anos], e quem pecar s aos cem anos [em anos posteriores em que a vida total era de cem anos] ser amaldioado. [Os que morrem quando a nova terra estabelecida so aqueles que morrem na perdio dos homens mpios (2 Pedro 3:7)]. Eles edificaro casas e nelas habitaro; plantaro vinhas e comero o seu fruto. No edificaro para que outros habitem; no plantaro para que outros comam; porque a longevidade do Meu povo ser como a da rvore, e os Meus eleitos desfrutaro de todo as obras das suas prprias mos (Isaas 65:17-22).

    Ezequiel observa o panorama do tempo at futura ressurreio dos mortos. O Senhor diz por meio dele: Eis que abrirei a vossa se-pultura, e vos farei sair dela, povo Meu, e vos trarei terra de Israel (Ezequiel 37:12).

    Ele carregou as nossas enfermidadesA provao, os sofrimentos e a morte do Salvador em favor dos ho-

    mens foram revelados mais claramente a Isaas, o profeta do evangelho. Diz o profeta:

    Quem creu em nossa pregao? E a quem foi revelado o brao do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante Ele e como raiz de uma terra seca; no tinha aparncia nem formosura; olhamo-Lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais re-jeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dEle no fizemos caso. Certamente, Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; e ns O reputvamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi traspassado pelas

  • 38 | O Grande Movimento Adventista

    nossas transgresses e modo pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados (Isaas 53:1-5).

    Tanto o povo como o profeta devem ter se perguntado: Ser que esses eventos to maravilhosos iro acontecer em nossos dias? A resposta teria sido: No acontecero agora; ainda no chegado o tempo para a vinda do grande Libertador. Mas o profeta declara: Os teus olhos vero o rei na Sua formosura, vero a terra que se estende at longe (Isaas 33:17).

    As profecias de Daniel revelam o futuroFoi, contudo, por meio do profeta Daniel que o Senhor comeou

    a revelar a Seu povo a sequncia dos reinos que se levantariam e do-minariam at o estabelecimento de Seu reino eterno. Revelou tambm um perodo especial de tempo, um evento ainda por ocorrer, isto , o aparecimento efetivo do Messias e Sua morte. A interpretao do sonho de Nabucodonosor revelou que os quatro reinos que deveriam governar o mundo enfraqueceriam de forma equivalente proporo do valor do ouro, prata, bronze e ferro, e que, finalmente, a desunio dos reinos di-vididos seria comparada fragilidade do ferro misturado com o barro lamacento. Ento viria o reino dos Cus, que seria introduzido aps a destruio desses reinos. Estes, por sua vez, se tornariam como palha da eira do vero, de modo que no se acharia mais o lugar deles. O reino de Deus, porm, encheria toda a Terra.

    Na viso do captulo 7, sob o smbolo de quatro grandes animais, o mesmo assunto abordado novamente, e outras caractersticas so acres-centadas. Nesse captulo, traado o avano e a obra do poder do chifre pequeno, que se levantaria, aps a diviso do quarto reino em dez partes, derrubando e dominando trs deles para estabelecer a si mesmo como go-vernante espiritual sobre todos eles. Esse poder papal deveria prosseguir, na situao fragilizada e dividida do quarto reino, por 1.260 anos. Assim, foram revelados eventos que abrangem o tempo em que Cristo receber o reino de Seu Pai, e o dar aos santos do Altssimo; um reino que dever, finalmente, governar toda a Terra e permanecer para sempre.

    Os 2.300 diasNo captulo 8 de Daniel, na viso sobre o cordeiro, o bode e o chifre

    pequeno que se tornou muito forte (Daniel 8:9), o profeta novamente levado ao fim dos tempos. Nos versos 13 e 14, sua ateno direcionada a

  • O Plano da Salvao Desdobrado | 39

    um perodo de tempo de 2.300 dias que se estendem at o juzo. Seria um longo perodo de tempo, e foi assim que o profeta entendeu, pois o anjo lhe informou que a viso era ainda para muitos dias. Como, na ocasio, a data de seu incio no havia sido revelada, Daniel encerra o captulo dizendo: Espantei-me acerca da viso, e no havia quem a entendesse (Daniel 8:27).

    As 70 semanas at o MessiasO captulo 9 relata que um anjo veio at Daniel, em resposta a sua

    petio, para lhe dar capacidade e entendimento. O anjo lhe informou sobre um perodo de 70 semanas (cada dia da semana representando um ano). Sessenta e nove dessas semanas de anos [conforme os estudiosos, este o significado da palavra shevooim, semanas, ou seja, semanas de anos] se estenderiam at o Messias. O ponto de incio desse perodo a ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalm (Daniel 9:25) ainda no havia sido declarado. Surge ento a pergunta: como poderia Daniel saber quando terminariam as 69 semanas? No captulo 12, a questo do tempo novamente considerada. Quando Daniel pergunta: Qual ser o fim destas coisas? (Daniel 12:8), -lhe dito que siga seu caminho, pois as palavras estariam fechadas e seladas at ao tempo do fim, momento em que os sbios entendero (Daniel 12:10).

    Sem dvida alguma, esta questo do tempo uma das coisas a que Pedro se refere quando diz:

    Foi a respeito desta salvao que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graa a vs outros destinada, investi-gando, atentamente, qual a ocasio ou quais as circunstncias opor-tunas, indicadas pelo Esprito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemo testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glrias que os seguiriam (1 Pedro 1:10, 11).

    O destino dos mpiosMalaquias, o ltimo dos profetas do Antigo Testamento, deixa uma

    impressionante descrio da destruio final dos mpios: Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que come-tem perversidade sero como o restolho; o dia que vem os abrasar, diz o Senhor dos Exrcitos, de sorte que no lhes deixar nem raiz nem ramo. Mas para vs outros que temeis o Meu nome nascer o Sol da justia, trazendo salvao nas Suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria. Pisareis os perversos, porque se faro cinzas debaixo das plan-

  • 40 | O Grande Movimento Adventista

    tas de vossos ps, naquele dia que preparei, diz o Senhor dos Exrcitos (Malaquias 4:1-3).

    Visto que os Israelitas possuam o registro de todos esses aconteci-mentos preditos no Antigo Testamento, que lhes revelava tantas carac-tersticas do plano da salvao, quo grande deve ter sido o interesse dos aplicados estudiosos das Escrituras, ao perceberem que o momento da chegada da Semente prometida se aproximava. Ao passo que as multi-des, e mesmo os que liam as Escrituras nas sinagogas todos os sbados, deixaram de compreend-las (Atos 13:27), os devotos e estudiosos, que fielmente examinavam as Escrituras sob a direo do Esprito, oravam intensamente, semelhana do apstolo Joo em sua despedida: Vem, Senhor Jesus, e vem depressa!

  • Captulo 3

    a vinda da semente PrometidaVindo, porm, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, [] nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebssemos a adoo de filhos (Glatas 4:4, 5).

    Ora, quele que poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregao de Jesus Cristo, conforme a revelao do mistrio guardado em silncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras profticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obedincia por f, entre todas as naes, ao Deus nico e sbio seja dada glria, por meio de Jesus Cristo, pelos sculos dos sculos (Romanos 16:25-27).

    Pois, segundo uma revelao, me foi dado conhecer o mistrio, conforme escrevi h pouco [] o qual, em outras geraes, no foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apstolos e profetas, no Esprito. [] A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graa de pregar aos gentios o evangelho das insondveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensao do mistrio, desde os sculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas (Efsios 3:3-9).

    Tem-se afirmado que no Antigo Testamento o evangelho est escon-dido, e no Novo Testamento ele revelado. Conforme expresso por outro autor:

    medida que se afastaram de Deus, os judeus, em grande medida, perderam de vista os ensinamentos do servio do santurio. Esse ser-vio tinha sido institudo pelo prprio Cristo. Era cheio de vitalidade e beleza espiritual, e em cada detalhe simbolizava a Ele. Mas os judeus perderam a vida espiritual de suas cerimnias, e agarraram-se a formas

  • 42 | O Grande Movimento Adventista

    mortas. Confiavam nos prprios sacrifcios e ordenanas, em vez de descansar nAquele a quem eles apontavam. []

    Buscavam um governador temporalEmbora os judeus desejassem a vinda do Messias, no tinham qualquer noo de Sua misso. No buscavam redeno do pecado, mas libertao dos romanos. Esperavam que o Messias viesse como um conquistador, para quebrar o poder do opressor, e exaltar Israel ao domnio universal. Assim, estava preparado o caminho para rejeitarem o Salvador. []O povo, em trevas e opresso, e os governantes, sedentos de poder, ansiavam pela vinda de algum que vencesse seus inimigos e restau-rasse o reino de Israel. Haviam estudado as profecias, mas sem dis-cernimento espiritual. Desse modo, negligenciaram as escrituras que apontavam para a humilhao do primeiro advento de Cristo, e apli-caram erroneamente as que falavam da glria de Sua segunda vinda. O orgulho obscureceu-lhes a viso; interpretaram a profecia de acordo com seus desejos egostas. (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, p. 16-17).Por mais de mil anos, o povo judeu tinha esperado a vinda do Salvador. Depositaram suas mais ardentes esperanas nesse evento. Na msica e na profecia, no ritual do templo e nas oraes domsticas, tinham en-tesourado Seu nome. Mesmo assim, no O conheceram na Sua vinda. O amado do Cu era para eles como raiz de uma terra seca; Ele no tinha aparncia nem formosura; olhamo-Lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse (Isaas 53:2). Veio para o que era Seu, e os Seus no O receberam ( Joo 1:11) (Ibid., p. 15).

    Da linhagem de Davi medida que o tempo previsto por Daniel se aproximava, quando

    o Messias, o Prncipe o Ungido apareceria, o povo judeu poderia ter argumentado e de fato o fez da seguinte maneira: O Messias, segundo a carne, para vir da casa e da linhagem de Davi. Portanto, seu nascimento deve ser dessa linhagem, e, de acordo com os regulamentos e costumes da lei judaica, ele deve ser ungido para o servio pblico com a idade de trinta anos. Se ele deve surgir como o ungido nessa idade, ento o seu nascimento deve acontecer trinta anos antes do trmino das 69 se-manas de anos, que se estenderiam at vinda do Messias.

    Predies de Simeo e AnaNessa poca, todo o Israel estava em expectativa. Os sinceros e dedi-

    cados estudantes das Escrituras estavam procurando pelo nascimento da-quele que seria seu Soberano e Governador. Ao idoso e piedoso Simeo,

  • A Vinda da Semente Prometida | 43

    revelara-lhe o Esprito Santo que no passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor.

    Quando o beb Salvador foi levado ao templo, Simeo soube que essa criana era Aquele cujo nome seria o Cristo.

    Simeo O tomou nos braos e louvou a Deus, dizendo: Agora, Senhor, podes despedir em paz o Teu servo, segundo a Tua palavra; porque os meus olhos j viram a Tua salvao, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelao aos gentios, e para glria do Teu povo de Israel (Lucas 2:28-32).Simeo os abenoou [ Jos e Maria] e disse a Maria, me do menino: Eis que este menino est destinado tanto para runa como para levan-tamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradio (tambm uma espada traspassar a tua prpria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos coraes (Lucas 2:34-35).Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. [] E, chegando naquela hora, dava graas a Deus e falava a res-peito do menino a todos os que esperavam a redeno em Jerusalm (Lucas 2:36-38).

    Anjos visitam os pastoresAntes disso, anjos haviam anunciado as boas novas do nascimento

    do Salvador aos pastores nas plancies de Belm. Aos ouvidos atentos dos pastores, os anjos cantaram esses acordes melodiosos:

    Glria a Deus nas maiores alturas, e Paz na terra entre os homens, a quem Ele quer bem (Lucas 2:14).

    Os sbios do oriente visitam BelmDepois disso, vieram os sbios do Oriente, que viram o surgir da

    estrela, como previsto por Balao. Seguindo-a em seu curso, chegaram a Jerusalm, e ali indagaram a respeito do recm-nascido monarca. Sen-do instrudos de que Belm seria a cidade natal do Desejado, puseram--se a caminho. Guiados ento pela estrela que havia reaparecido, foram levados ao bero do humilde Salvador. L adoraram esse divino beb, presenteando-O com ouro, incenso e mirra. Em seguida, retomaram a longa viagem de retorno.

    O Salvador, aos doze anos de idadeAt os doze anos de idade, pouco relatado sobre Cristo, o Salvador,

    exceto Seu crescimento em sabedoria, estatura e Sua respeitosa submisso aos pais. Mas com a idade de doze anos, tendo acompanhado Jos e Ma-

  • 44 | O Grande Movimento Adventista

    ria a Jerusalm para assistir festa anual, surpreendeu os sacerdotes com o conhecimento revelado por suas perguntas, bem como pelas respostas aos complicados problemas que eles Lhe apresentavam. Desde ento, at o incio de seu ministrio pblico, honrou a humilde ocupao de carpin-teiro, e a exerceu junto a Jos, marido de Maria.

    A misso de Joo BatistaSeis meses antes de seu ministrio pblico, a misso de Cristo foi

    anunciada por Joo Batista. Grandes multides vinham ouvir Joo, sendo por ele batizadas.

    Estando o povo na expectativa [esperando a vinda do Messias], e discorrendo [racionalizando, ou debatendo] todos no seu ntimo a respeito de Joo, se no seria ele, porventura, o prprio Cristo; Joo respondeu a todos eles dizendo: Eu, na verdade, vos batizo com gua, mas vem o que mais poderoso do que eu, do qual no sou digno de desatar-Lhe as correias das sandlias; Ele vos batizar com o Esprito Santo e com fogo. A Sua p, Ele a tem na mo, para limpar completa-mente a Sua eira e recolher o trigo no Seu celeiro; porm queimar a palha em fogo inextinguvel (Lucas 3: 15-17).

    Jesus batizadoEnquanto batizava, Joo assim se expressou ao ver Jesus vindo para

    ser batizado:Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. [] E Joo testemunhou, dizendo: Vi o Esprito descer do cu como pomba e pousar sobre Ele. Eu no O conhecia; Aquele, porm, que me enviou a batizar com gua me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Esprito, Esse o que batiza com o Esprito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que Ele o Filho de Deus ( Joo 1:29-34).

    A voz vinda do CuA divindade de Cristo foi confirmada, no apenas pela descida vi-

    svel do Esprito Santo em forma de pomba, mas tambm por uma voz vinda do cu. No evangelho de Mateus, lemos assim:

    Batizado Jesus, saiu logo da gua, e eis que se Lhe abriram os cus, e viu o Esprito de Deus descendo como pomba, vindo sobre Ele. E eis uma voz dos cus, que dizia: Este o meu Filho amado, em quem Me comprazo (Mateus 3:16, 17).

  • A Vinda da Semente Prometida | 45

    Apesar de Joo no ter realizado nenhum sinal, o povo, quando viu o enorme poder que caracterizava o ministrio de Cristo, foi constrangido a dizer: tudo quanto [ Joo] disse a respeito deste era verdade ( Joo 10:41).

    Cristo foi ungido de acordo com a LeiLigado ao relato de Lucas quanto ao batismo e uno do Esprito

    Santo sob a forma de pomba, lemos: Tinha Jesus cerca de trinta anos (Lucas 3:23).

    Lemos o seguinte a respeito de Cristo aps o longo jejum de 40 dias a que Se submeteu, e aps as terrveis tentaes do demnio no deserto aps Seu batismo:

    Indo [ Jesus] para Nazar, onde fora criado, entrou, num sbado, na sinagoga, segundo o Seu costume, e levantou-Se para ler. [] O Es-prito do Senhor est sobre Mim, pelo que Me ungiu para evangelizar os pobres. [] Ento, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir (Lucas 4:16-21).

    O tempo est cumpridoMarcos, ao registrar o mesmo evento, disse: O tempo est cumpri-

    do, e o reino de Deus est prximo; arrependei-vos e crede no evangelho (Marcos 1:15). O tempo previsto para o aparecimento do Ungido havia chegado. Ele havia recebido a uno do Esprito Santo em Seu batismo, iniciando Seu ministrio exatamente no tempo e da forma predita pelos santos profetas de outrora.

    Prova visvel do ministrio de Cristo como MessiasO ministrio de Cristo foi acompanhado de uma constante realiza-

    o de milagres. Para o povo, apesar de falharem em compreender com-pletamente Suas parbolas e palavras, esse fato era prova visvel de que Ele era Emanuel, e que Deus estava com Ele (Atos 10:38; Joo 3:2). Atravs desses milagres, Cristo demonstrava possuir o poder de Deus, e revelava Sua bondade e Seu carter. Aps Filipe passar trs anos com Cristo e testemunhar Seus poderosos milagres, pediu: Senhor, mostra--nos o Pai, e isso nos basta. Jesus lhe respondeu ento:

    Filipe, h tanto tempo estou convosco, e no Me tendes conhecido? Quem Me v a Mim v o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? [] Crede-Me que estou no Pai, e o Pai, em Mim; crede-Me ao menos por causa das mesmas obras ( Joo 14:8-11).

  • 46 | O Grande Movimento Adventista

    Joo fica perplexo

    Joo testemunhou a descida visvel do Esprito Santo sobre Cristo e ouviu a voz do cu que O declarava Filho de Deus. Ele mesmo declarou que Cristo era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. No entanto, os eventos foram se desenrolando de forma to oposta s suas expectativas que, em sua priso sombria, ficou conturbado e confuso. As-sim escreve uma autora:

    Como os discpulos do Salvador, Joo Batista no compreendia a natu-reza do reino de Cristo. Esperava que Jesus tomasse o trono de Davi; e, ao passar o tempo, e o Salvador no reclamar nenhuma autoridade real, Joo ficou perplexo e turbado (O Desejado de Todas as Naes, p. 144).E Joo, chamando dois [de seus discpulos], enviou-os ao Senhor para perguntar: s Tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? [] Naquela mesma hora, curou Jesus muitos de molstias, e de flagelos, e de espritos malignos; e deu vista a muitos cegos. Ento, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a Joo o que vistes e ouvistes (Lu-cas 7:19-22; Mateus 11:4).

    Foi com dificuldade que o povo judeu, ou mesmo os discpulos, conse-guiram entender claramente muitas das verdades que o Salvador anuncia-va, pois todos estavam firmemente estabelecidos na crena de que, quando o Messias viesse, Este quebraria o jugo romano que tanto os incomodava e restauraria imediatamente o reino de Davi, governando como rei temporal.

    Jesus comeou sua pregao dizendo: Arrependei-vos, porque est prximo o reino dos Cus (Mateus 4:17). Quando Seus apstolos foram enviados, levaram a mesma mensagem: Est prximo o reino dos Cus (Mateus 10:7). Mais tarde em Seu ministrio, ao enviar Ele os setenta, instruiu-os a dizer as mesmas palavras: A vs outros est prximo o reino de Deus (Lucas 10:9).

    O povo se maravilhou com a obra de CristoAs maravilhosas palavras e ensinamentos de Cristo levaram o povo a

    exclamar: Jamais algum falou como este homem ( Joo 7:46). Quando Ele curou um homem cego e mudo, Toda a multido se admirava e dizia: este, porventura, o Filho de Davi? (Mateus 12:23). Em outras palavras: No esta a semente de Davi, o Salvador prometido?

    E, chegando Sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se maravilhavam e diziam: Donde Lhe vm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? No este o filh