o maior mistério já revelado
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O Maior Mistério Já Revelado
Silvio Dutra
NOV/2015
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A474 Alves, Silvio Dutra O maior mistério já revelado/ Silvio Dutra Alves. - Rio de Janeiro, 2015. 186p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Eternidade. 4.Eleição I. Título.
CDD 230.227
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Sumário
Introdução........................................................................ 4
O mistério oculto até a manifestação de
Cristo....................................................................................
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Não há justos de si mesmos aos olhos de
Deus......................................................................................
8
As exigências da lei se cumprem em Cristo... 15
A lei é estabelecida pela fé........................................ 23
Justificados somente por fé..................................... 32
O fundamento, o modo e os efeitos da
justificação........................................................................
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Justificados para ser santificados......................... 54
A graça tudo vencerá................................................... 71
A união indissolúvel do crente com Cristo..... 90
A causa da justificação, da eleição e da
filiação.................................................................................
107
O modo de proclamação e recepção do
evangelho..........................................................................
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A conduta que convém aos salvos pelo
evangelho..........................................................................
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Conclusão.......................................................................... 136
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Introdução
Nenhum outro documento do Novo
Testamento e mesmo de toda a Bíblia contém tantas revelações sobre o que seja a justificação
pela graça, mediante a fé, do que a carta do apóstolo Paulo aos Romanos.
Certamente, foi se referindo a ela, entre outras
Escrituras do apóstolo Paulo, que Pedro disse haver nelas pontos difíceis de serem entendidos, que eram distorcidos pelos
indoutos e inconstantes, para a própria perdição deles.
São pontos difíceis de entender não por motivo de terem sido redigidos em linguagem de difícil compreensão, mas por haver neles verdades
espirituais que dependem de iluminação e instrução do mesmo Espírito Santo que as
inspirou, para serem devidamente interpretadas.
Muitos que têm ousado nadar nestas águas profundas têm se afogado, como sucedeu no
passado àqueles indoutos e inconstantes aos quais se referiu o apóstolo Pedro no final de sua
segunda epístola.
Mas, pela graça de Deus, temos alcançado, juntamente com outros mestres da Palavra, a
interpretação autêntica relativa à graça
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justificadora e santificadora que foi ensinada diretamente por nosso Senhor Jesus Cristo ao
apóstolo, quando Paulo recebeu dele o Evangelho, conforme afirma na epístola aos
Gálatas:
“Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.” (Gál
1.12).
Assim, nosso Senhor Jesus Cristo revelou o evangelho a Paulo, e este escreveu a revelação
especialmente na epístola aos Romanos, que nos esforçaremos agora para apresentar de
forma clara, concisa e direta, conforme sejamos ajudados pelo Espírito Santo.
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O mistério oculto até a manifestação de Cristo
Nas epístolas aos Efésios e Colossenses, Paulo
se refere ao mistério que esteve oculto em Deus,
dos séculos e das gerações e que que foi manifestado com a inauguração da dispensação
da graça ou do evangelho em e por nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 3.8-12; Col 1.24-27).
A revelação deste mistério que estivera oculto
em Deus se manifestaria especialmente aos gentios, os quais não eram abrangidos pela
Antiga Aliança, firmada exclusivamente com a nação de Israel (Col 1.27). Assim, aqueles que
não tinham antes esperança da glória de Deus, poderiam participar desta glória juntamente
com o remanescente judeu.
Isto porque aprouve a Deus que toda a plenitude residisse em Cristo, de forma a reunir em um só rebanho ovelhas de todas as nações da Terra. E
o meio de realização deste propósito divino é o evangelho que foi revelado por Cristo aos
apóstolos para ser pregado e ensinado, para a conversão e santificação dos pecadores.
A agência escolhida por Deus para esta
divulgação do evangelho é a Igreja, não propriamente a instituição assim chamada, mas
o corpo formado por todos aqueles que foram
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efetivamente lavados e justificados por meio do Sangue de Jesus Cristo (Ef 3.10).
Se como integrantes da Igreja fomos comissionados para tão alta, sagrada e
importante missão, então é nosso dever nos inteirarmos devidamente de qual seja de fato a
mensagem do evangelho revelado aos apóstolos, e do qual dão testemunho as
Escrituras, e a própria Lei e os Profetas.
Como dissemos anteriormente, esta explicação
relativa ao que seja o evangelho foi escrita por Paulo, especialmente na carta aos Romanos,
sobre a qual discorreremos deste ponto em diante.
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Não há justos de si mesmos aos olhos de Deus
(Romanos 1)
No primeiro capítulo de Romanos o apóstolo
destaca especialmente a condição de todas as pessoas diante de Deus. Ele quis enfatizar que a
justiça do próprio homem é imperfeita e incompleta para poder satisfazer a exigência da
santidade e justiça de Deus, que demanda absoluta perfeição moral e espiritual, sem
qualquer pecado cometido ao longo do curso de toda a nossa existência, condição esta que,
patentemente, ninguém possuiu ou possui neste mundo, senão apenas o próprio Senhor
Jesus, e por isso pôde se apresentar como oferta de sacrifício em nosso lugar, para que morrendo
a nossa morte, pudéssemos ter vida eterna juntamente com Ele diante de Deus, que é Deus
de vivos e não de mortos.
Esta epístola tem sido chamada por muitos de o evangelho segundo Paulo.
Ele fez uso da palavra evangelho por quatro
vezes somente neste primeiro capítulo, como se vê nos versículos 1, 9, 15 e 16, enfatizando que
havia sido chamado para apóstolo, tendo sido separado de um modo especial por Deus, para
ministrar o evangelho de Cristo.
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Esta repetição da Palavra “evangelho” logo no primeiro capítulo é muito importante para
descobrirmos o propósito com o qual Paulo foi inspirado pelo Espírito Santo, a saber, o de
ensinar aos cristãos de todos os tempos o que é o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, e a
importância dele para o cumprimento do propósito eterno de Deus de gerar pelo evangelho, muitos filhos semelhantes a Jesus
entre os pecadores.
O próprio apóstolo havia sido gerado pela palavra do evangelho e por isso declarou que servia a Deus em seu espírito, no evangelho de
seu Filho.
Que estava pronto para anunciar também o evangelho em Roma, porque não se envergonhava do evangelho, uma vez que é ele
o poder de Deus para a salvação de todo o que crê.
A grande necessidade da humanidade, de um evangelho de Deus que a salve, repousa no fato
de que Deus manifestou por várias vezes, especialmente no Velho Testamento, a sua ira
contra o pecado, para que soubéssemos que há uma grande condenação final pairando sobre as
cabeças de todas as pessoas, e é somente pelo evangelho que é possível escapar desta
condenação decorrente do pecado.
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Então, é somente pela justiça do evangelho, que é segundo a fé, que a ira de Deus contra o pecado
daqueles que se convertem a Ele pode ser afastada, pela satisfação da sua justiça em
relação à punição eterna que se exige em relação ao pecado, conforme o apóstolo vai
expor amplamente nesta epístola.
Paulo diz que a justiça de Deus é revelada no evangelho de fé em fé, como está escrito: Mas o
justo viverá da fé; porque esta justiça evangélica é a justiça de Deus; no sentido de que é a que Ele
está aprovando e aceitando.
E a justiça que está sendo oferecida para a remissão dos pecados é a do próprio Cristo.
É portanto, somente por causa da fé em Jesus, que os pecadores são justificados, porque é o próprio Cristo que é a nossa Justiça, por
estarmos unidos a Ele (I Cor 1.30).
Deus nos vê em Cristo e fica satisfeito, porque estamos nAquele que é justo e santo, e que foi justificado pelo Pai por ter carregado os nossos
pecados em sua morte, porque Ele não tinha qualquer pecado, de modo que isto foi
comprovado, de que era Justo aos olhos de Deus em sua ressurreição e recepção na glória do céu
em triunfo, depois de sua ascensão.
Assim, é pelo conhecimento pessoal e real que
temos deste que é perfeitamente Justo – Jesus –
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que somos justificados, conforme prometido desde os dias dos profetas do Velho Testamento
(Isaías 53.11).
Ser salvos pelo conhecimento de Jesus, conforme consta na profecia de Isaías 53.11 era de fato algo revolucionário para a mentalidade
daqueles que estavam sob o Antigo Pacto no Velho Testamento, porque lá se falava numa
justiça que seria decorrente das obras dos crentes, e não pelo conhecimento espiritual e
pessoal de Cristo, que é mediante a fé.
Esta coisa nova inerente à Nova Aliança instituída por Jesus em seu sangue, para
substituir a Antiga, consiste na boa nova (evangelho) que deve ser pregada a toda criatura
debaixo do céu, conforme ordenança de Jesus, e assim o apóstolo disse que estava pronto para
pregar o evangelho também em Roma, apesar de não ter sido o fundador da Igreja naquela
cidade.
Não é por mérito de raça, de capacidade humana ou de qualquer outra qualificação ou
capacitação que há salvação de pecadores, mas pela exclusiva graça que opera de fé em fé no
evangelho, como Paulo afirma no verso 17.
A ação do pecado no mundo é evidente de várias maneiras, e o apóstolo enumera algumas a
título de ilustração, até o versículo 32.
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Todas as pessoas são, portanto, indesculpáveis perante o justo juízo de Deus que exige perfeita
santidade de todos, sem exceção.
Ora, ainda que a nossa salvação seja efetuada exclusivamente segundo a misericórdia e graça
de Deus, mediante o nosso arrependimento e fé, está claro, que é por estes pecados relacionados
até o verso 32 que a ira de Deus permanece sobre aqueles que não se arrependem e não creem em
Cristo. Disto se infere que na vida cristã, há uma absoluta necessidade para a nossa santificação
para o uso por Deus; de um real abandono de todas as práticas pecaminosas ali relacionadas e
todas as demais que se refiram à nossa velha natureza decaída – o que faremos recorrendo ao
auxílio da graça e do poder de Deus, por meio da vigilância e da oração.
O pecado relativo a impureza sexual ou a
qualquer outra, por exemplo, deve ser devidamente mortificado e abandonado.
Enquanto os vícios nos dominarem não podemos ser instrumentos úteis e idôneos para
o Senhor, porque se requer de nós uma posição firme contra todo e qualquer tipo de pecado, para cuja prática ou pensamento de atração
estivermos naturalmente inclinados.
Sem esta atitude de vigilância e combate contra
os pensamentos e práticas pecaminosas não poderemos ser ajudados na hora da tentação,
porque Deus dará graça ao que se esforça para
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agradá-Lo, porque os seus olhos repousam sobre os justos para abençoá-los, mas Ele é
contra aqueles que praticam males.
Jesus morreu em nosso lugar para que não vivêssemos mais em pecado. Há nesses dias de
apostasia da Igreja uma visão muito errada e concessiva quanto a isto, por se julgar que por se
estar na graça não há mais necessidade de se preocupar com nossos pecados presentes ou
futuros, porque Deus não estaria levando em conta estes pecados por termos sido perdoados
por Cristo.
Todavia, não é este o ensino das Escrituras. É certo que toda a dívida de pecados foi paga para
o que crê em Cristo, por nosso Senhor na cruz, tanto de pecados passados, presentes ou
futuros, para efeito de nos livrar da condenação eterna, todavia, isto se refere à salvação, e não a
um viver santo e vitorioso no presente, que demanda uma verdadeira santificação.
Além disso, não podemos ter certeza da segurança da nossa salvação, a não ser pelo meio de confirmar a nossa real eleição, pela
frutificação espiritual progressiva que é vista em nossas vidas. E isto, tanto no que se refere ao
aspecto moral, quanto ao espiritual, uma vez que não basta ser virtuoso, é necessário também
ser paciente e grato a Deus em todas as tribulações e sofrimentos que experimentamos
neste mundo, por causa do nosso amor ao
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evangelho, uma vez que é assim que comprovamos que somos de fato eleitos de
Deus.
Mas, nada desta vida vitoriosa pode ser alcançado sem que haja comunhão com Jesus e recepção diária da sua própria vida e poder pelo
Espírito Santo, uma vez que tudo o que somos e seremos, tudo o que fazemos para Deus e
viermos a fazer, é sempre pela graça mediante a fé em Jesus.
Se não tivéssemos necessidade dele para este
viver em santificação, não haveria necessidade de ter morrido por nós e estar à direita do Pai intercedendo por nós dia e noite.
Então é somente pela graça e justiça do evangelho que está sendo oferecida gratuitamente na dispensação da graça divina,
que se pode escapar do Juízo condenatório em razão do pecado, e se obter um viver vitorioso
espiritual em nossa jornada terrena.
Todos necessitam de um Salvador eficaz, e este é somente Jesus Cristo, conforme o apóstolo Paulo argumenta em toda esta epístola aos
Romanos.
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As exigências da lei se cumprem em Cristo (Romanos 2)
O apóstolo se esforça para demonstrar neste
segundo capítulo de Romanos que as boas obras
exigidas pela Lei não podem ser praticadas de modo algum sem a assistência da graça que
recebemos de Jesus.
De modo que os judeus que se gloriavam na Lei não tinham realmente do que se gloriar, porque a Lei é norma, e a graça é poder, a norma não
transforma o coração do pecador, o que pode ser realizado somente pelo poder da graça de Jesus.
Como eles rejeitavam a Cristo, não podiam ter a sua graça, e por conseguinte, não podiam
agradar a Deus de modo algum.
Para que alguém seja justificado diante de Deus pela simples observância dos mandamentos da Lei, há necessidade que estes sejam cumpridos
integralmente sem qualquer transgressão durante o curso de toda a vida. E quem é
suficiente para isto?
De modo que todos, sem uma única exceção, se encontram debaixo da maldição e condenação
da Lei, do que podem ser resgatados somente por meio da fé em Cristo, e pela simples
operação da sua graça justificadora.
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O principal alvo do evangelho é o de nos remir do pecado, de nos transportar das trevas para a
luz, da potestade de Satanás para a de Deus, enfim, é a de nos apresentar santificados,
inculpáveis perante Deus, para sermos úteis ao seu serviço.
Então o apóstolo vai continuar descrevendo no
segundo capítulo de Romanos, a terrível condição de miséria a que está sujeita a natureza
humana em razão de se encontrar decaída no pecado. E nisto não há qualquer exceção, porque
todos são pecadores, por possuírem tal natureza pecaminosa.
Ele vai demonstrar o quão está o ser humano
afastado daquela condição santa exigida pela Lei de Deus. O quanto a sua vida é oposta à mesma.
E sem a graça do evangelho operando em sua vida o homem está irremediavelmente perdido
na citada condição.
A propósito, Jesus definiu como sendo seus amigos, somente aqueles que guardam os seus
mandamentos. E a Bíblia nos ensina que amando o mundo, os prazeres carnais, o
dinheiro e as riquezas terrenas, nos constituímos a nós mesmos inimigos de Deus.
Vemos, portanto, a quantas condições de
provocação da justiça, da santidade, da longanimidade e da comunhão com Deus estão
sujeitos até mesmo os cristãos que não vivem
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segundo a norma bíblica, por não mortificarem a carne e andarem em novidade de vida no
Espírito.
Já não são inimigos declarados por causa da cruz, mas vivem como se fossem inimigos da
verdade da Palavra que é o único meio pelo qual podem ser santificados pela operação do
Espírito Santo, quando deixam de amar ao Senhor guardando os seus mandamentos,
porque amam o mundo.
Se a condição de toda pessoa é a de estar naturalmente inclinada ao pecado, então,
qualquer um que julga o seu próximo e se compara a ele, pensando que está justificado pelo simples fato de ser religioso, é
indesculpável e condena a si mesmo, conforme o apóstolo afirma logo no início deste segundo
capítulo.
Deus requer conversão, porque sem esta, não é possível atender à demanda da sua justiça, que não faz distinção de pessoas, condição de
nascimento, ou religião.
É somente por um coração convertido,
circuncidado pelo despojamento da carne, que se pode estar habilitado a viver de modo que seja
condizente com a justiça de Deus, tanto no que se refere a uma sadia moralidade bíblica, como
também na expressão de culto, serviço e adoração a Deus, conforme lhe são devidos e
instituídos em sua Palavra.
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E sem Cristo na vida, habitando e operando em nosso coração, isto não é possível.
Daí Paulo ter afirmado nos versos 9 e 10:
“9 Tribulação e angústia sobre toda a alma do
homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;
10 Glória, porém, e honra e paz a qualquer que
pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego.”
Então ao se falar na graça, na fé, na justiça do evangelho que são recebidas de Cristo, e que estão em Cristo, fala-se ao mesmo tempo de
uma operação real na vida do cristão, convertendo-o das trevas para a luz, e da prática
do mal para a prática da justiça evangélica.
A pessoa que se converter realmente, será habilitada a amar a Palavra de Deus não
somente para ouvi-la mas para praticá-la. Ela terá o seu coração corrompido pelo pecado
transformado num coração sensível à vontade de Deus.
Ela será capacitada pela graça a amar a Deus e a
seus irmãos em Cristo, e a buscar viver em unidade espiritual com Deus e com seus irmãos
na fé, porque tem agora a habitação do Espírito Santo, conforme Deus prometeu que o daria a
todo que fosse feito discípulo de Cristo.
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Assim não é pela sua bondade e afeto naturais que o homem é livrado da condenação futura,
porque todos são pecadores destituídos da glória de Deus, e necessitam serem justificados
por Cristo, e serem regenerados e santificados pelo Espírito Santo, de maneira que não é a
própria justiça da pessoa que a salvará, mas a justiça de Cristo que ela encontrou no evangelho.
E todos os que forem transformados pela graça do evangelho, viverão eternamente, porque buscarão andar na prática da justiça que é
ensinada na Bíblia, especialmente no evangelho.
Por isso o apóstolo disse o seguinte nos versos 6 a 8:
“6 O qual recompensará cada um segundo as
suas obras; a saber:
7 A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e
incorrupção;
8 Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e
obedientes à iniquidade;”
A desobediência à verdade aqui referida, é sobretudo uma rebelião contra a verdade do
evangelho de Cristo.
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A resistência a Ele e a consequente rejeição ao evangelho é o que resulta em juízo divino,
porque sem isto, ninguém está capacitado a viver do modo que é exigido pela Lei, ou pelo
menos ser habilitado a caminhar por esta senda de obediência aos mandamentos do Senhor.
Jesus falou claramente sobre a necessidade de se nascer de novo para se entrar no reino dos céus.
Por isso foi logo ao ponto com Nicodemos lhe dizendo que não era o fato de ser um religioso sincero que lhe garantia o acesso ao reino de
Deus, mas sim, caso tivesse uma experiência real de novo nascimento do Espírito Santo.
Deus não faz distinção entre judeus e gentios, porque não faz acepção de pessoas.
Os judeus não tinham, portanto, nada do que se
gloriar em relação aos gentios, porque tanto estes que não estiveram debaixo da Lei de Moisés, quanto os judeus que estiveram debaixo
da Lei, caso vivessem no pecado, pereceriam igual e eternamente, se não fossem justificados
pela fé no evangelho de Cristo.
Assim, o judeu não se encontrava em vantagem
em relação aos gentios quanto à justiça do evangelho, e nem os gentios em vantagem em
relação aos judeus, porque tanto um quanto
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outro não são justificados por suas obras, mas por uma real união com Cristo.
Não tem nenhum valor a mera ortodoxia do judeu na defesa da Lei, porque não lhe ajudaria em nada quanto à salvação segundo o
evangelho, pois não é por se ter a Lei e se gloriar em Deus, e saber a vontade de Deus e aprovar o
que é prescrito na sua Palavra, ainda que seja um mestre da Lei, caso não se pratique aquilo
que se defende, como Paulo diz nos versos 17 a 24. E sabemos que é impossível ser espiritual
conforme Deus requer, sem a habitação do Espírito Santo, o qual é recebido somente por
causa da fé em Cristo.
Os que não conhecem a Lei escrita revelada por Deus também serão condenados caso não
tenham sido justificados pela graça, uma vez que há uma lei escrita em seus corações, em
suas consciências, ali colocada por Deus com o propósito de ensinar ao homem qual é o
caminho pelo qual deve andar. Além disso, todos os homens estão debaixo da Lei original
de Deus, do pacto de obras que fizera com toda a humanidade através de Adão, pois foi ordenado
ao homem que seja perfeito em todos os sentidos (justiça, santidade, etc) diante de Deus.
Esta é a Lei régia à qual se refere Tiago (2.8), resumindo-a no amor perfeito devido ao
próximo. É a Lei do Rei. Do criador do homem e Juiz do universo. De Deus que fez o homem para
amar e ser amado em perfeição de obediência
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aos seus mandamentos. Uma vez quebrada a Lei, o homem se torna culpado e condenável a um
juízo eterno.
Todos pecaram neste sentido. Todos quebraram a Lei régia de Deus e por isso serão condenados.
Condenação esta da qual podemos nos livrar somente por meio da expiação e redenção do
sangue de Jesus.
Então, para aqueles que são salvos da condenação não há outro caminho senão o de viver para a justiça de Deus, na prática do bem.
Assim, não é bastante conhecer o bem; falar bem, professar o bem; prometer o bem, porque
é necessário acima de tudo fazer o bem.
E segundo o apóstolo para praticar o bem conforme ele é definido por Cristo, é necessário
viver na fé do evangelho, porque é por este meio que podemos comprovar para nós mesmos que
fomos de fato salvos pela graça de Jesus.
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A lei é estabelecida pela fé (Romanos 3)
Tendo falado nos dois primeiros capítulos de
Romanos sobre a natureza pecaminosa universal de toda a humanidade, quer em todas
as épocas ou lugares, e do juízo de condenação eterna que há da parte de Deus sobre aqueles
que se encontram nesta condição, a saber, todas as pessoas sem exceção, Paulo passou a
discorrer nos capítulos 3, 4 e 5, sobre a solução provida por Deus para perdoar e restaurar o
homem caído, ao nos dar Jesus Cristo para ser tanto o nosso sacrifício expiatório, quanto o
nosso sumo sacerdote intercessor, o nosso guia, rei e senhor, bem como a nossa própria nova
vida espiritual e celestial.
Tiago havia falado sobre a Lei Régia que condena todo homem, porque esta Lei não foi revogada ou substituída pela Nova Aliança feita
no sangue de Jesus, senão apenas a Lei cerimonial e civil que foi dada através de Moisés
para vigorar para a nação de Israel no período do Antigo Testamento, que durou de Moisés (1.440
a.C.), até a morte de nosso Senhor Jesus Cristo na cruz.
Tiago falou também de uma Lei da Liberdade
sob a qual se encontram todos os que creem em Jesus. E por que ele se referiu a ela deste modo?
Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo
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Jesus que somos libertados da lei do pecado e da morte (Rom 8.2).
Veja que é afirmado ser ela uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da morte espiritual
eterna.
Não se trata, portanto, de uma simples lei de liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de toda forma de pecado que se possa nomear, mas
é sobretudo uma liberdade de uma condição de morte para a de vida eterna; de prisão em
ignorância e em trevas, para o verdadeiro conhecimento de Deus e de luz.
É liberdade da escravidão a Satanás e a todos os espíritos das trevas. É liberdade da condenação
da Lei.
É liberdade para ter poder e capacidade para viver de maneira santa e agradável a Deus e em comunhão com Ele por toda a eternidade.
Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade que estão em Jesus Cristo, e que nos foram
reveladas pelo seu evangelho.
O injusto pecador, estando sob o evangelho, será visto por Deus como sendo justo, porque além
de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá também a justiça de Cristo sendo implantada
nele progressivamente até a perfeição em
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glória, pela operação e instrução do Espírito Santo.
A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo evangelho para poder ser perdoado e justificado
por Deus.
Veja que esta justiça do evangelho não é em primeira instância uma justiça que seja
requerida de nós, mas é a justiça de Cristo que nos está sendo oferecida gratuitamente por meio do evangelho.
De modo que estando em Cristo somos participantes da sua justiça, pela qual nos tornamos aceitáveis a Deus.
Deus não mais condenará eternamente aquele que foi justificado pela fé em Jesus.
Ele não o fará porque prometeu isto desde os dias dos profetas do Velho Testamento (Jeremias 31.31-35).
Por isso nosso Senhor afirmava que não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo, pois
veio inaugurar uma nova dispensação – a da graça, a do Espírito Santo, a da longanimidade e
paciência de Deus, até que Ele volte para julgar os vivos e os mortos.
Esta é a razão para não serem vistos nesta
dispensação, tantos juízos imediatos de Deus
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contra os pecadores, como se via nos dias do Velho Testamento, pois desde que Jesus morreu
e ressuscitou, Ele tem dado a oportunidade para que todos os pecadores se arrependam e
alcancem a vida eterna.
E para que não houvesse qualquer dúvida em nós quanto ao que havia prometido acrescentou
um juramento por Si mesmo de que jamais anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17).
É por isso que vemos o caráter deste perdão e
justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas passagens dos evangelhos, especialmente nas
parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e da ovelha perdida.
Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui
todo o ensino que há nestas parábolas, mas podemos destacar pelo menos este aspecto da
busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver também nos que estão perdidos, uma busca de
Deus para que possam ser acolhidos por Ele.
Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve
da parte dela uma efusiva recepção. É bem provável que ela tenha tentado escapar de seus
braços imaculados, de tão suja que estava pelo pecado, envergonhada de sua condição, mas
ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus
ombros, para poder cuidar dela, lavando-a,
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alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no aprisco.
É por este motivo que é ordenado aos cristãos seguirem o exemplo do seu Pastor e Mestre, buscando também as ovelhas desviadas do
rebanho. Ainda que haja uma resistência natural nelas ao serem assim procuradas, mas
isto não deve ser motivo de deixarmos de orar por elas e de procurarmos abordá-las com
exortações amorosas de encorajamento para retornarem ao redil.
Ainda que algumas tenham sido tratadas com a disciplina da Aliança prescrita pelo próprio Senhor Jesus Cristo, não nos é dado desprezá-las
e deixar de amá-las e de interceder em favor delas para a sua futura restauração pela via do
arrependimento.
E por que tudo isto? Porque são filhos de Deus. Adotados por Deus como filhos em Jesus Cristo.
São amados de Deus. Reconciliados com Deus, ainda que estejam com sua comunhão presente
arruinada por uma vida carnal e pecaminosa, porque o preço exigido para a justificação deles
foi pago integralmente por Jesus, que nada deixou para que fosse pago por eles para
poderem ser reconciliados com Deus. A inimizade que havia foi desfeita, porque
“justificados pela graça mediante a fé temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus
Cristo”. A guerra de inimizade por causa do
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pecado acabou no momento em que nos rendemos por meio da fé em Jesus.
Vemos assim quão preciosa é a condição que alcançamos por meio da fé do evangelho.
Uma graça maravilhosa e poderosa nos está sendo oferecida para que possamos por meio
dela viver de modo agradável a Deus.
Somente por ela poderíamos ser livrados da condição de completa miséria em que nos
encontrávamos por causa do pecado, conforme o apóstolo descreve no terceiro capítulo de
Romanos.
Então, ainda que o fato de ser judeu tenha em si
alguma vantagem, porque foi aos israelitas que Deus revelou a sua Palavra, e por meio deste
povo que trouxe Cristo ao mundo e com Ele a sua salvação, no entanto, quanto ao que diz
respeito à condição de escravidão por causa do pecado original, os judeus se encontram nas mesmas condições em que se encontram os
gentios aos olhos de Deus.
Todos que são libertos, o são, portanto, somente
pelo modo descrito pelo apóstolo, sobretudo nos versos 9 a 18, das coisas que são condenadas pela
Lei, de maneira que toda boca se feche diante de Deus, quanto à tentativa de alegar diante dele
qualquer tipo de justiça ou mérito pessoal.
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Pela exposição dos versos 3 a 8 Paulo demonstrou que o fato de alguns judeus, na
verdade a maioria deles, não viver em conformidade com a vontade de Deus, por não
serem convertidos, não demonstrava que a fidelidade de Deus havia sido aniquilada, ao
contrário, comprovava que Ele é fiel em cumprir o que prometeu, porque apesar de toda a infidelidade deles quanto à antiga aliança, por
cerca de 14 séculos, deu-lhes ainda assim um Salvador.
Assim, a injustiça deles trouxe à luz a bondade e a misericórdia de Deus, na pessoa de Jesus.
Deus permitiu e tem permitido a longa
existência do pecado no mundo, para exibir o quanto é longânimo, perdoador,
misericordioso, justo e bondoso.
Todavia, aqueles que afirmam que é bom praticar o pecado porque a graça tudo perdoa,
demonstram com esta sua atitude que não conhecem de fato a Cristo, porque caso fossem
convertidos, saberiam que os que assim pensam encontram-se condenados por permanecerem
na prática deliberada do pecado, como Paulo afirma em Rom 3.8, pois os que têm sido de fato
convertidos pela graça detestam o pecado e amam a santidade que há em Jesus.
É importante lembrar que já a partir deste
capítulo o grande tema dominante desta
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epístola é o da justificação pela graça mediante a fé, sem o concurso das obras.
Paulo falou também de santificação a partir do sexto capítulo.
É muito importante ter sempre isto em vista ao estudar esta epístola para que não se faça uma
confusão entre justificação e santificação, porque a justificação e a regeneração são
instantâneas e acontecem no momento em que a pessoa se converte e passa a ter a habitação do
Espírito Santo. E isto ocorre de uma vez para sempre, sem ser anulado. São atos irrevogáveis
de Deus.
Já a santificação é um processo de negar-se a si mesmo e carregar a cruz seguindo a Jesus dia a
dia.
É o ato que dura toda a vida, e que consiste no
despojamento do velho homem e do crescimento na graça e no conhecimento de Jesus.
Então ao dizer que por obras da lei ninguém pode ser justificado, o apóstolo não estava
negando a importância da lei, mas mostrando que ela não tem nenhuma participação no
trabalho que é realizado para a nossa justificação e regeneração, senão somente
auxiliar o Espírito Santo no seu trabalho de nos
31
convencer que somos pecadores e que necessitamos, portanto, de um Salvador.
Deste modo, Paulo fechou este capítulo dizendo que a fé do evangelho não está destinada a remover a lei, mas confirmar a lei, isto é, tanto
sabemos pela fé o quanto a lei de Deus é perfeita em mostrar o seu caráter e a nossa miséria, e o
quanto podemos viver de modo que satisfaça as exigências da lei, somente quando somos
convertidos pelo evangelho da graça de Cristo.
Por isso Paulo afirma no verso 32: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes
estabelecemos a lei.”.
32
Justificados somente por fé
Paulo dedicou todo o quarto capítulo de
Romanos para explicar o significado da
justificação que é por meio da fé em Jesus.
É importante que seja destacado que aqui neste
capítulo, o apóstolo não está explicando o que é a santificação, mas somente a justificação, ou
seja, o ato judicial declarativo de Deus pelo qual somos considerados justos por Ele.
Paulo demonstrou como é que a nossa
justificação, que nos traz a salvação, é realizada somente pela graça, mediante a fé.
É importante observar como ele ordenou os argumentos nesta epístola aos Romanos, uma vez que primeiro apresentou a condição decaída
no pecado e sujeita à condenação (cap 1 e 2); depois a forma como se é livrado da condenação
pela justificação, que é o ato declarativo de Deus que nos torna seus filhos para sempre (cap 3 a 5);
depois o significado da expiação e a consequente consagração pelo processo da
nossa santificação (cap 6); depois apresentou a posição firme na qual todo crente se encontra
diante de Deus por causa da sua união com Jesus, a par da sua luta interior (cap 7), e das
provações externas (cap 8), e em tudo isto, sempre mostrando como somente é possível ser
vitorioso sobre a carne, o diabo e o mundo, por
33
causa da nossa união espiritual com Cristo, por meio da fé.
No capítulo 9º Paulo discorre sobre a predestinação e eleição que foram a causa desta justificação e santificação referidas nos
capítulos anteriores; no 10º sobre o dever e o modo de se proclamar o evangelho; no 11º sobre
a condição do povo de Israel perante Deus; do 12º ao 16º discorre principalmente sobre qual deve
ser a conduta dos que foram salvos pelo evangelho.
Lembremos, portanto, ao estudarmos agora o quarto capítulo de Romanos, que ele se refere
exclusivamente à justificação.
Na verdade, nem na justificação, nem na santificação, temos motivo para nos gloriar em nós mesmos, tal como Abraão não tinha motivos
para se gloriar, pois foi também justificado pela fé.
Não somente por causa do argumento de que esta justificação é por pura graça e misericórdia
de Deus, excluindo qualquer mérito do homem, como também pela verdade que toda a glória é
devida ao Senhor, porque somente Ele é o Criador e o Salvador.
Sem Ele nada existiria. Sem Ele não haveria nenhuma salvação, nenhuma eleição,
nenhuma justificação, nenhuma santificação,
34
nenhuma glorificação, nenhuma cura, nenhum livramento da condenação, nenhuma herança
para o cristão no céu.
Então, ao afirmar que se Abraão tivesse sido justificado por obras, teria motivo de se gloriar,
mas não diante de Deus, Paulo queria dizer que ele teria realmente motivo de se gloriar em si
mesmo, caso fosse possível alguém ser justificado por suas obras.
Mas, como isto é impossível, então ninguém deve se gloriar em si mesmo, senão somente no
próprio Deus, que tudo opera em todos, e por meio de quem são todas as coisas.
Deste modo, não está sendo enfocado por Paulo que haja alguma obrigação de Deus em dar a
salvação a qualquer pessoa como uma espécie de salário, de pagamento de uma dívida, por
alguma boa obra que tenha sido praticada por aquele a quem Ele salvou.
Como Deus sabia que não haveria no homem nenhum modo de salvar a si mesmo do pecado,
Ele deliberou, desde a eternidade, salvar pela graça mediante a fé.
Então se uma pessoa insiste em ser salva por obras, ela permanecerá sob a condenação de
Deus, porque está sendo desobediente à sua ordenação, de que aquele que for salvo, o será
pela sua graça, e mediante a fé. Tentar fazer
35
valer a própria justiça sempre nos deixará desprovidos daquela Justiça que nos vem da
parte de Deus pelo evangelho.
Por isso é necessário o trabalho de convencimento do nosso pecado, pelo Espírito
Santo, para que possamos nos arrepender e com isto ser justificados por depositarmos nossa
confiança total e exclusivamente em Jesus.
As boas obras devem ser praticadas, mas não com o fim de sermos salvos por Cristo, porque
isto ocorre somente pela graça e por meio da fé.
Estas boas obras se referem em primeiro lugar à transformação progressiva e gradual do cristão
à imagem de Jesus, e depois se manifestam em atos de justiça, amor e bondade em relação ao
próximo, porque esta é a consequência imediata daquele que tem caminhado com Deus, por ter
sido reconciliado com Ele por meio da fé em Jesus.
É pela fé no sangue que Jesus derramou na cruz
que somos lavados e perdoados dos nossos pecados.
Deus revelou esta verdade pelo Espírito ao rei
Davi, a qual lemos no Sl 32.1,2, cujas palavras Paulo usou em Rom 4.7 e 8:
“7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades
são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.
36
8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.”
Então a justificação é uma declaração da parte de Deus em relação a quem se converte, de que
esta pessoa é agora justa diante dele, ou seja, está justificada do pecado, por causa da obra
realizada por Jesus em seu favor.
Esta justiça que é atribuída ao homem é decorrente da justiça do próprio Cristo. É a veste
de Cristo com a qual ele agora está vestido.
Uma vez justificado, ele é chamado a ser justo em todo o seu procedimento, e assim há uma justiça procedente de Deus que deve ser nele
implantada pelo Espírito, de maneira que seja aperfeiçoado na justiça evangélica, mas isto não
faz parte do ato da justificação, que como vimos antes, é uma declaração feita por Deus de que
somos agora justos aos seus olhos por causa de Cristo, e não uma implantação da sua justiça em
nós.
Esta implantação da justiça é feita pela regeneração e santificação do Espírito Santo,
sendo que a santificação é um processo progressivo, e não instantâneo tal como se dá
com a justificação e a regeneração, quando do nosso encontro pessoal com Jesus na nossa
conversão.
37
Esta bênção da justificação, que nos dá a salvação, não é somente para os judeus, uma vez
que Abraão foi justificado
pela fé, quando ainda era um gentio em Ur dos caldeus; e foi circuncidado em seu prepúcio
somente depois de ter crido em Deus e ter sido justificado, de maneira que não é a circuncisão
do prepúcio que justifica uma pessoa conforme os judeus costumavam ensinar, porque não foi
por ter sido circuncidado que Abraão foi justificado.
Aconteceu justamente o contrário: ele foi circuncidado porque foi justificado, isto é, ele recebeu a circuncisão como um sinal
comprobatório da justificação que é pela fé.
De maneira que os cristãos que são justificados devem trazer em si este sinal comprobatório
que também foram circuncidados por terem crido, já não mais no prepúcio, mas no coração.
A circuncisão dos judeus era um ato de despojamento da carne do prepúcio.
Então a circuncisão do cristão na Nova Aliança
com Cristo consiste no despojamento da carne, não do prepúcio, mas do princípio operativo do
pecado, que a Bíblia chama de carne; e que consiste em tudo aquilo que nos impeça de ter
uma vida de comunhão no espírito com Deus.
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Lembremos que o motivo alegado por Deus de que não permaneceria mais atuando nos
homens nos dias de Noé, porque estes eram carnais, significava que eles haviam se tornado
insensíveis, e completamente endurecidos à ação do Espírito Santo que procurava conduzi-
los ao arrependimento, conforme lemos em Gên 6.3.
Deve ser levado em conta também que a promessa da Nova Aliança foi feita a Abraão, mais de quatrocentos anos antes da Lei ter sido
dada a Moisés no Sinai.
Isto significa que ao dizer que no Descendente de Abraão, que é Cristo, seriam benditas, todas as nações da terra, Deus estava mostrando que o
modo de alguém ser salvo não seria por causa da Lei, mas pela promessa que fez a Abraão, de
salvar também a muitos do mesmo modo como fizera com Abraão, a saber, somente pela fé.
Se a herança prometida a Abraão, de uma pátria celestial, para ele e aqueles que seriam
considerados seus descendentes, tivesse sido feita pela Lei, a promessa de Deus teria sido
aniquilada, mas isto é impossível, porque não foi pela Lei, mas pela justiça que é pela fé, que os
homens são salvos, como Paulo afirma nos versos 13 e 14 deste quarto capítulo de Romanos,
conforme a promessa feita a Abraão.
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Se a promessa fosse pelas obras da Lei todos continuariam debaixo da ira e da maldição de
Deus, porque não há quem guarde perfeitamente todos os mandamentos, durante
todos os dias da sua vida.
De modo que se alguém pretendesse ser salvo pela Lei e não pela fé, esta seria a única maneira
de ser salvo, a saber, pela guarda perfeita da Lei.
Ainda que a Lei não deva ser desconsiderada e descumprida, mas amada e obedecida, não há
quem possa cumpri-la perfeitamente, porque o princípio do pecado permanece operando na
carne e exigindo que seja mortificado diariamente pela operação da cruz.
Então, todos os homens, de todas as épocas,
quer antes da Lei, como foi o caso de Abraão, quer depois da Lei, depois de Moisés, sempre
foram e continuarão sendo justificados somente pela fé, de maneira que sendo por fé, a
justificação será pela graça do Senhor, conforme Ele estabeleceu, para que ninguém se
glorie diante dele por suas próprias obras, como Paulo afirma no verso 16.
Assim, o registro da justificação de Abraão pela
fé, não se encontra em Gên 12, somente por causa dele, mas também por nós que temos sido
justificados pela mesma fé com a qual ele foi justificado, para que não somente estejamos
convictos sobre o modo pelo qual Deus salva,
40
mas para que possamos ser efetivamente salvos da mesma maneira como Ele salvou Abraão,
como se vê em Gên 15.6:
“E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.”
A grande prova que a justificação que dá vida
eterna é pela fé no Filho de Deus reside na ressurreição de Jesus.
Portanto, pela sua ressurreição Ele comprovou
que possui o poder de dar vida eterna aos que estão mortos em seus pecados, a saber todos os
homens, e dentre os quais se encontrava o próprio Abraão.
A ressurreição de Jesus foi também o sinal
confirmatório de que a justiça divina havia sido plenamente satisfeita.
É importante saber que não há nenhum resto
mortal de Jesus na terra; assim como também não há de Elias e Enoque, porque foram
arrebatados.
Mas, nenhum dos dois ressuscitou dos mortos como Jesus havia ressuscitado antes de Ele ter
subido ao céu, num corpo glorificado, depois de ter experimentado a morte por todos os
homens, para dar vida aos que creem no seu nome, de modo que somente o Senhor Jesus é
primícia dos que dormem, quanto à promessa
41
da ressurreição futura de seus corpos no dia do Arrebatamento.
42
O fundamento, o modo e os efeitos da justificação (Romanos 5)
Paulo não encerrou ainda o assunto da
justificação pela fé, mas começou este quinto capítulo mostrando que já havia apresentado
uma ampla definição sobre o modo da salvação que é mediante a justificação.
Agora ele vai começar a falar dos efeitos desta justificação pela graça, mediante a fé.
O primeiro deles é que por meio dela fomos resgatados da maldição da Lei, que afirma que é
maldito de Deus todo aquele que não cumpre perfeitamente todos os seus mandamentos, e
por conseguinte, somos livrados também da ira de Deus contra o pecado.
Enquanto o homem não é justificado, Deus permanece em guerra com ele. Mas uma
vez justificado, a guerra termina, porque é reconciliado com Deus por meio de Jesus, de
maneira que se diz que agora desfruta de paz com Ele, em vez de se encontrar sujeito à sua ira
que se manifestaria certamente no dia do juízo, sujeitando-o a uma condenação eterna.
Por meio da justificação o cristão passa a participar da graça do evangelho, na qual ele
estará firmemente seguro por causa da obra
43
perfeita de redenção que foi feita em seu favor por Jesus.
Isto significa que ainda que ele venha a decair da graça, pela prática de pecados eventuais, esta queda nunca será numa forma final e definitiva,
porque foi transformado em filho de Deus, por meio da justificação.
É a justificação que abre também para nós a esperança firme e segura de que participaremos
da glória de Deus, como Paulo afirma no verso 2.
Mas os efeitos da justificação não param por aí, porque uma vez sendo transformados em filhos de Deus, passamos a contar com a assistência da
graça, a qual nos fortalece e ampara nas tribulações pelas quais a nossa fé é colocada à
prova, para que possa crescer.
De maneira que isto não é para motivo de tristeza, mas para se dar glória a Deus, porque prova que de fato nos tornamos seus filhos, e
que agora estamos sendo aperfeiçoados por Ele através das tribulações, para que aprendamos a
perseverança, a experiência e a esperança (v. 2,3).
Quando Paulo diz no verso 5 que a esperança não traz confusão porque o amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado na justificação, o
significado disto é que esta esperança
44
evangélica é de plena e segura certeza do que temos recebido em Cristo, pela testificação do
Espírito Santo.
De maneira que quando alguém se converte de fato a Cristo, sendo justificado, tal pessoa não
estará mais confusa acerca firmeza eterna da sua união com Deus, porque isto será aprendido
através da sua paciência nas tribulações, que por fim lhe confirmarão na experiência e na
esperança cristã.
E como Paulo disse nos versos 3 e 4, esta
esperança será fortalecida e aperfeiçoada pelas próprias tribulações, porque veremos o poder operante de Deus em meio a elas, nos
conduzindo em triunfo em Cristo, porque a fé verdadeira que salva não pode ser destruída, e
não recuará diante das aflições, porque é o próprio Deus quem fortalece aqueles que são
agora seus filhos.
De modo que o apóstolo nos assegura no v. 5 que, como efeito da paciência que podemos ter pelo Espírito, nas tribulações, depois de variadas
experiências disto, seremos confirmados na fé, e com esta esperança inabalável da certeza do
que temos alcançado em Cristo, quanto à segurança eterna da nossa salvação, toda dúvida
e confusão de mente serão eliminadas de nós, pela certeza do amor de Deus por nós e em nós,
em toda e qualquer circunstância.
45
"E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." (v.5)
Mas o apóstolo acrescentou argumentos ao que
havia falado antes, para demonstrar que de fato a nossa esperança não é algo incerto, mas algo a
respeito do qual podemos ter a plena certeza de que jamais será frustrada.
O grande argumento que Ele apresentou é que
quando Cristo morreu por nós, ainda éramos fracos e ímpios.
Não foi por pessoas santas, e perfeitas na fé, que
Ele morreu, mas por pecadores fracos e ímpios (não piedosos), como éramos todos nós antes da
conversão.
Então se Jesus fez isto quando estávamos nesta condição de fraqueza para fazer a vontade Deus,
e de impiedade, quanto mais não garantirá a nossa salvação depois de termos sido tornados
santificados pela sua Palavra e pelo Espírito Santo, e fortalecidos pela sua graça?
Deste modo, Jesus não morreu por justos, mas
por injustos.
E se demonstrou o seu amor por nós quando éramos ainda pecadores que nada ou pouco
conheciam e viviam da santidade de Deus,
46
muito mais podemos estar certos então de que não nos deixará e desamparará depois que
fomos justificados pelo seu sangue e adotados como filhos de Deus.
Podemos então ter a certeza da esperança que
seremos salvos por Ele da ira vindoura, no Dia do Grande Juízo de Deus.
Outro grande argumento é o de que Deus nos
reconciliou consigo mesmo através da morte de Jesus quando éramos seus inimigos, porque
vivíamos transgredindo os seus mandamentos e indiferentes quanto ao modo como deveríamos
andar na sua presença.
Esta condição de inimizade com Deus, é decorrente da natureza pecaminosa que
possuímos.
Portanto, se fomos reconciliados quando éramos inimigos, muito mais permaneceremos
reconciliados depois que nos tornamos seus amigos por meio de Jesus.
Então podemos estar certos da segurança da
nossa salvação por causa da vida de Jesus, que vive para interceder por nós e garantir
plenamente aquilo que obtivemos como herança, por meio da fé nele.
Mas além destes argumentos Paulo destacou no
verso 11 que é um dever nos gloriarmos em
47
Deus, isto é, tributar-Lhe toda honra e glória, pelo que é em Si mesmo, uma vez que nos
permitiu alcançar a reconciliação que dá vida eterna por meio de Jesus.
A partir do verso 11 deste quinto capítulo, Paulo
discorreu sobre o pecado original, para demonstrar que a causa da condenação é
decorrente principalmente dele, e não somente das transgressões que cometemos diariamente.
Aqui cabe abrir um parêntesis para refletirmos devidamente, por que teria o apóstolo se referido ao trabalho das tribulações no nosso
aperfeiçoamento espiritual, no nosso crescimento na graça na qual estamos firmes.
Certamente, ele não o fizera nesta passagem, simplesmente com o intuito de nos confortar em nossas provações e aflições, mas para
demonstrar que o fato de estar em Jesus, a par de termos agora paz com Deus, de não sermos
mais inimigos de Deus, por causa da paz obtida pela justificação que é pela graça e pela fé, abriu
uma nova frente de guerra que tem em vista subjugar o nosso ego, a nos despojar do corpo de
pecado - para que nos acheguemos cada vez mais à íntima comunhão com Jesus - e isto será
feito sobretudo pelas tribulações, nas quais Deus, em sua providência, provará a cada um de
seus filhos, conforme as suas necessidades respectivas de transformação, para implantar
neles o caráter do próprio Jesus Cristo.
48
Foi a isto que o apóstolo quis se referir.
Ele pretendia que nós entendêssemos que a salvação pela graça, a bênção da justificação,
nos foram dadas gratuitamente por Deus, mas com o propósito de santificar as nossas vidas, de
maneira que sejamos cada vez mais desmamados do mundo, por não nos
conformarmos (tomar a forma) a ele, por meio da apresentação de nossos corpos como
sacrifício vivo e santo no altar de Deus (Rom 12.1,2); e principalmente para nos tornar
participantes da sua santidade (Heb 12.10).
O que herdamos de Adão foi crucificado na cruz, e devemos nos despojar deste "Adão" que resiste
bravamente à morte, e que pretende permanecer no controle e domínio de sua
própria vontade. Assim Deus interpõe as provações para que sejamos quebrados e
dependentes de estarmos unidos a Ele para que sejamos vencedores, sujeitando-nos à sua
vontade, e não mais procurando fazer com que seja a nossa própria vontade pecaminosa que
prevaleça, porque por ela, somos mantidos escravizados às coisas que são terrenas, e não
apreciamos as que são celestiais, espirituais e divinas.
Não há outra maneira, portanto, para que as nossas mentes carnais sejam renovadas em
mentes espirituais, para que não julguemos
49
segundo os homens, mas segundo a mente de Cristo, que está sendo formada em nós.
Deus sujeitou toda a humanidade à condenação por causa da transgressão de Adão.
A Bíblia diz que todos foram encerrados debaixo do pecado por causa da transgressão de Adão.
A morte entrou no mundo por causa do pecado de Adão, porque Deus lhe disse que caso
comesse do fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele morreria, e
com ele, toda a sua descendência.
Esta morte ocorreu simultaneamente ao ato da desobediência - a morte do espírito, que ficou
separado da comunhão com Deus.
Assim, debaixo da cabeça desobediente que é Adão todos morrem, mas os que estiverem
debaixo da cabeça obediente e justa de Cristo viverão eternamente.
Não se pense que não somos culpados por nossos próprios pecados, ou que somos
castigados porque estamos respondendo pelo pecado de Adão, porque, afinal, não há quem
não peque. E a Lei Régia do grande Juiz e Legislador afirma expressamente que qualquer
ato de desobediência gera a morte.
50
Adão foi alertado sobre esta Lei Régia, pois Deus fizera uma aliança com ele e com toda a sua
descendência, com a previsão desta pena capital que exige a morte física, espiritual e eterna de
todo aquele que transgredir qualquer um dos seus mandamentos.
Como o pecado entrou no mundo através de Adão, por isso todos os homens estão mortos em
delitos e pecados, porque desde então o pecado passou a reinar sobre todos; mas por meio da
graça de Jesus muitos são justificados para a vida eterna no Espírito, porque os efeitos do
dom da graça foram concedidos por Deus de maneira muito mais abundante do que a
sentença de morte por causa da transgressão de Adão.
Porque a condenação entrou no mundo por
causa de uma só ofensa, a saber, a de Adão no Éden.
Mas, a justificação é imputada individualmente a cada pessoa que se converte, perdoando-lhe
todas as suas muitas ofensas, como Paulo afirma nos versos 15 e 16.
De maneira que quando somos perdoados por
Deus o que está sendo perdoado não é o pecado que Adão cometeu no Éden, mas os nossos
próprios pecados.
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Então, se a morte reinou por causa da ofensa de um só homem, a saber, Adão, Deus proveu um
meio para que a graça e o dom da justiça sejam muito mais abundantes, porque por meio de
Cristo está perdoando muitas transgressões, de muitos pecadores, como Paulo afirma no
verso 17.
Mas, a base da justificação está relacionada a uma só ofensa, a saber, a de Adão no Éden; e a
um só ato de justiça, a saber, Cristo guardando toda a Lei e morrendo por nós na cruz.
Especificamente este um só ato de justiça
significa que a justificação é atribuída de uma única vez para sempre; do mesmo modo que a
imputação do pecado e da morte que lhe é consequente, foram imputados de uma vez para
sempre desde a transgressão de Adão.
Então, se a desobediência de Adão fez com que todos se tornassem pecadores, e estes não são
poucos, porque são muitos, uma vez que diz respeito a toda a humanidade, de igual modo, a
obediência de Jesus é a causa da justificação de muitos, a saber de todos os que estão unidos a
Ele pela fé.
Então, na justificação há uma diferença em relação à condenação quanto ao modo de
imputação, porque se todos os homens são herdeiros de Adão, e estão ligados a Ele por
descendência, nem todos estão ligados a Cristo,
52
porque a união com Cristo não é natural, mas espiritual, e demanda a necessidade de
conversão para que possamos nos tornar co-herdeiros com Ele.
Daí ser ordenado por Deus que se pregue o evangelho a todos, de modo que tenham a
oportunidade de alcançarem a vida eterna que está em nosso Senhor Jesus Cristo.
Um dos propósitos da Lei foi para que a ofensa
ficasse bem patente aos olhos dos pecadores; revelando que há abundância de pecado no
mundo.
Mas, pelo seu plano de salvação Deus tem feito com que a graça seja muito mais abundante do que este pecado abundante, porque em Cristo
todas as transgressões são apagadas e esquecidas, por causa da justificação.
Isto porque como o pecado reinava na vida do pecador gerando a morte, Deus estabeleceu o grande contraste fazendo com que a graça que
se opõe ao pecado reine agora no lugar do princípio operativo do pecado, por meio da
justificação, para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo; de modo que quem reina agora na
vida do crente é a graça, e não mais o pecado, que foi destronado da sua antiga condição de
senhor absoluto no coração do cristão.
53
Esta graça está em Cristo, e portanto, é somente na comunhão com Ele que podemos desfrutá-
la.
54
Justificados para ser santificados (Romanos 6)
Após ter discorrido consistentemente sobre a
obra que Jesus realizou em nosso favor para sermos justificados somente pela graça e
mediante a fé nele, nos capítulos 3 a 5 de Romanos, o apóstolo vai nos revelar adiante, se
por uma lado esta justificação nos trouxe paz, reconciliação com Deus, por outro, ela abriu
uma verdadeira e contínua guerra contra o pecado que habita em nossa própria natureza
terrena, que apesar de já não reinar como um senhor absoluto sobre a nossa vontade, pois
quem reina agora é a graça por meio de Cristo Jesus, todavia, não resta qualquer alternativa
para quem foi justificado senão a de ser imitador de Deus como seu filho amado.
Foi para este propósito de nos purificar do pecado que Jesus morreu no nosso lugar,
carregando sobre Si mesmo os nossos pecados e culpa, no madeiro.
É aqui, pela negligência desta verdade, que
podemos entender a atual apostasia da Igreja, justamente por fazer concessões a tantas
formas de pecado, pela incompreensão do fato de que por se estar debaixo da graça de Cristo, e
não mais condenado pela Lei, não somos autorizados por Deus a continuar na prática do
pecado.
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O vencedor ao qual Jesus se refere nos capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse, é sobretudo aquele
que venceu as suas paixões carnais por trazê-las constantemente crucificadas, por meio da
vigilância e oração contínuas e perseverantes, num procedimento inteiramente santo, ou
então que esteja aplicado na busca sincera deste objetivo.
Alguém indagará: “mas como viver uma vida de
pureza num mundo tão poluído como este chamado mundo pós-moderno no qual temos
vivido? Como viver uma vida de fé em verdades absolutas num mundo em que quase tudo é considerado como verdades ocasionais e
relativas?”
Mas é justamente nisto que consiste a profecia
bíblica de que este tempo do fim, seria de dias difíceis para se viver a vida cristã conforme ela
convém ser vivida, porque são múltiplas e variadas as formas de tentação que guerreiam contra a alma do crente.
Contudo, ele não será aprovado por Deus se não lutar e prevalecer contra toda forma de pecado,
quer em pensamentos, atos ou palavras, porque Deus não muda, e a sua vontade e Palavra
também são imutáveis.
As ordenanças bíblicas para que se tenha um coração puro, uma vida casta, um pensamento
que se fixe somente em “tudo o que é
56
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o
vosso pensamento.” (Fp 4.8)
Sobre nós soa constantemente a advertência do
Senhor quanto ao uso que fazemos dos nossos sentidos que nos colocam em contato com o
mundo em que vivemos.
“Mat 6:22 São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso;
Mat 6:23 se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso
a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”
Especialmente os que são jovens, devem ter uma particular atenção e cuidado em relação a
isto, fugindo sempre das paixões que são mais inerentes à mocidade.
Então, não é nada fácil ter uma vida consagrada a Deus nestes dias, pois somos chamados a ser
sal e luz neste mundo de trevas, sem que nos deixemos contaminar por ele.
Assim, como no dizer do apóstolo, quem quiser
ser vaso de honra e idôneo para uso do Senhor,
57
terá que se purificar de todos estes erros que nos afastam da comunhão com Deus (II Tim 2.20-22).
Não basta ter a intenção de vencer o pecado para
que se possa servir a Deus de modo frutífero e aprovado, porque é possível estar bem-
intencionado e continuar sendo vencido pelas paixões que guerreiam contra a alma.
É recorrendo a Jesus e nos esforçando para
atuar no seu Reino que é de justiça, amor, paz, e santidade, que achamos graça e auxílio para
vencermos nossas inclinações carnais, pois Ele as mortificará pelo Espírito Santo, que em nós
habita, e colocará em nossos lábios uma canção de louvor ao nosso Deus, gratidão e paz nos
nossos corações, e disposições santas para servi-Lo.
Ninguém se iluda, portanto, que seja possível
ser eficazmente usado por Deus, e viver de modo que lhe seja inteiramente agradável,
quando se vive ainda na prática do pecado.
Ninguém pense também que achará graça e auxílio para vencer o pecado aguardando que
venha um poder inesperado do céu, sem que o busquemos, que nos vacine contra todo tipo de
tentação e de inclinação carnal, pois não é assim que funciona a ação da graça de Jesus. Nós
devemos caminhar na direção das coisas de Deus nos esforçando em rejeitar e evitar aquelas
coisas e comportamentos que são abomináveis
58
para Ele, e então Ele nos dará a graça e a força necessárias para vencê-las. É assim que a nossa
fidelidade a Ele é provada.
Se porventura nos encontramos ainda endurecidos e com os nossos olhos vendados, de maneira a não sabermos o que é lícito ou não,
o que nos convém ou não, devemos orar para que o Senhor nos revele estes pecados que ainda
estão ocultos aos nossos olhos espirituais, e Ele certamente nos levará não somente a enxergá-
los como também a ter verdadeiro horror desses pecados, dos quais fugiremos como
quem foge de uma serpente venenosa.
É basicamente nisto que consistem as exortações do apóstolo no sexto capítulo de
Romanos.
Tendo falado da justificação, ele iria argumentar agora a favor da consagração e da
santificação, que devem se seguir ao ato da justificação.
Ele começou afirmando a necessidade da
mortificação do pecado, em face de termos sido justificados, porque foi para este propósito que
Deus nos justificou em Cristo, a saber, para que pudéssemos permanecer diante dele, santos e
inculpáveis; condição esta que, a propósito já foi conquistada para nós por Jesus na cruz, e na qual
convém que andemos.
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Jesus morreu por causa dos nossos pecados, e é pela sua morte que somos justificados, de
maneira que não faz qualquer sentido permanecermos na prática do pecado, sendo
vencidos por pecados, depois de termos sido justificados, porque isto corresponde a agir
contra o propósito eterno de Deus relativo à nossa salvação, e contra a própria nova natureza que recebemos do alto, quando formos
regenerados pelo Espírito Santo no dia da nossa conversão a Cristo.
A morte de Jesus na cruz é considerada por Deus como sendo a morte do próprio cristão, porque foi uma morte substitutiva.
Afinal aquela morte estava destinada a nós pecadores.
Jesus não tinha pecado, havia guardado
perfeitamente toda a Lei, e, portanto, não era digno de morrer.
Então, pôde carregar sobre Si os nossos
pecados, colocando-se no nosso lugar.
Foram os nossos pecados a verdadeira causa da sua morte, e não simplesmente a perseguição
que sofreu por parte dos principais sacerdotes, escribas e fariseus.
Como Ele morreu por causa do pecado e para
nos livrar da prática do pecado, como poderia
60
ser admitido o raciocínio de que já que Ele justifica pecadores, não há, portanto, nenhum
mal em viver na prática do pecado, porque afinal a graça nos perdoará?
Esta forma de pensar é induzida pelo fato de o pecado ser tão comum na sociedade, e tão
inerente à velha natureza terrena, que ainda trazemos conosco enquanto vivermos neste
mundo, que parece a muitos que Deus não se importa com a prática do pecado.
Não podemos esquecer, no entanto, que não há
um só pecado em nenhum dos seres que vivem no céu. E que Adão e Eva foram criados perfeitos
sem qualquer pecado.
Então, a vinda de Jesus a este mundo, encarnando num corpo como o nosso para morrer no nosso lugar, teve por propósito
principal nos livrar da prática do pecado, e nos restaurar àquela condição inicial sem pecado
com a qual o homem foi criado.
Isto equivale a dizer que a vontade de Deus em relação a seus filhos é que sejam
verdadeiramente santos, e que se santifiquem cada vez mais, através do processo da
santificação pelo Espírito, mediante aplicação da sua Palavra, como Jesus intercedeu em favor
dos cristãos em João 17.17.
61
Nós já fomos limpos pela Palavra do Senhor na nossa conversão, e com ela, recebemos uma
expressiva santificação pela Palavra que foi implantada em nós, mas importa que nossos pés
espirituais sejam continuamente purificados das contaminações que recebemos por termos
que viver e andar neste mundo de trevas espirituais; além da necessidade que temos de prosseguir no crescimento na graça e no
conhecimento de Jesus.
Deste modo, Deus considera todo cristão morto para o pecado, e é assim, portanto, que cada
cristão deve considerar a Si mesmo, para que esteja em acordo com a visão de Deus
relativamente a ele, conforme Paulo afirma no verso 2.
Os que foram batizados em Cristo, não propriamente nas águas do batismo, mas no próprio Cristo, pela comunhão espiritual com
Ele, foram batizados também na sua morte, como Paulo afirma no verso 3.
Na verdade, quando somos justificados, passamos a ser identificados com tudo que há em Cristo, porque o Pai planejou que fôssemos
co-herdeiros com Ele em todas as coisas, inclusive nos seus sofrimentos.
Por isso temos uma cruz, porque Ele também
teve a sua.
62
Temos aflições neste mundo, porque Ele também padeceu terríveis sofrimentos e
perseguições por causa da justiça do evangelho.
Mas, assim como Ele tem um trono no céu, nós também teremos um trono.
Assim como Ele ressuscitou, também seremos ressuscitados.
Enfim, somos chamados a participar juntamente com Ele de todas as coisas que Lhe
pertencem.
Assim, a vida que temos neste mundo deve ser a que Ele viveu, isto é, uma vida no poder do Espírito Santo, e mortificando o pecado de nossa
natureza terrena, para que Deus possa ser glorificado, como Paulo diz no verso 4.
Fomos batizados tanto na semelhança da morte quanto da ressurreição de Jesus.
Então é morrendo para o pecado, pelo ato de carregar voluntariamente a nossa cruz, que poderemos experimentar também o poder da
vida ressurreta que Ele experimentou depois da morte, como se vê no verso 5.
O corpo do pecado deve ser desfeito, a saber, o
nosso velho modo de vida, e tudo aquilo que pertence à carne, ao diabo e a tudo que se opõe
à vontade de Deus, que a Bíblia chama de
63
mundo, de maneira que sabendo que o nosso velho homem foi crucificado juntamente com
Cristo, não devemos viver mais servindo ao pecado, como se lê no verso 6.
A justificação do pecado aconteceu exatamente por causa do fato de estarmos mortos em relação ao nosso velho homem.
Jesus veio para que tenhamos vida abundante, espiritual e eterna.
O diabo veio para roubar, matar e destruir.
Então esta morte não é o grande alvo da vida
cristã, porque vem chegando o dia em que já não existirá mais morte, nem mortificação do
pecado, senão a nova vida que obtivemos em Cristo.
Então o propósito de mortificar o pecado é para que tenhamos, a verdadeira vida celestial, espiritual e divina.
O alvo do evangelho é trocar a tristeza pela alegria.
Dar-nos uma grinalda em vez de cinzas.
Trocar o espírito angustiado pelo louvor,
conforme vemos em Isaías 61.2,3.
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Mas nada disso é possível, se não passarmos antes pela mortificação da carne, com as suas
paixões, através da cruz, como lemos no verso 8.
Era precisamente isto que o Espírito Santo pretendeu ensinar através de Paulo neste sexto capítulo de Romanos.
Assim como Cristo morreu e ressuscitou e já
não pode morrer mais, de igual modo nós, ainda que morramos fisicamente, viveremos para sempre com Ele em espírito.
Isto é verdadeiro tanto em relação à morte espiritual por causa do pecado, quanto à morte física, porque se morrermos para o pecado pelo
despojamento do velho homem, com a crucificação das obras da carne, nós viveremos
espiritualmente, porque acharemos a vida poderosa do Espírito do outro lado da cruz, e o
nosso corpo será ressuscitado por ocasião da segunda vinda do Senhor.
De maneira que em Cristo temos vida e não morte.
O que morre é o pecado. A velha criatura.
Mas a nova criatura vive, e viverá eternamente por causa de Jesus.
É àquela mesma justiça evangélica à qual nos
referimos anteriormente, no comentário do
65
terceiro capítulo, que devemos nos consagrar depois de justificados.
Devemos saber que estamos numa nova
dispensação, a saber, a da graça, a do Espírito, a da justiça evangélica, a do tempo da paciência de Deus, que tem colocado à nossa disposição
todos os dons e graças necessários para a nossa santificação.
Falamos justiça evangélica porque temos por meio dela um Deus que é misericordioso e longânimo para com as nossas iniquidades e
transgressões conforme prometeu que faria neste tempo da dispensação da graça (Jer 31.31-
35).
De modo que nesta justiça do evangelho também está o incluído o perdão de Deus que
nos é concedido por meio do nosso arrependimento, uma vez que Jesus já sofreu no
nosso lugar e pagou inteiramente a nossa dívida de pecados.
Deste modo, o cristão que não estiver se
consagrando a Deus pela santificação, está vivendo de modo contrário à sua vontade; pois
todos os meios necessários a esta consagração já foram providos por Ele em Jesus Cristo e na obra
que realizou em nosso favor. A confissão dos pecados é um deles, para que possamos
prosseguir em nossa comunhão com o Senhor.
66
Isto não é apenas uma questão doutrinária, mas uma verdade que se demonstra nas Escrituras e
na vida.
Aqueles que se consagrarem a Deus experimentarão o poder santificador da Palavra
e do Espírito Santo, porque o próprio Deus efetuará neles tanto o querer quanto o realizar
para o desenvolvimento da salvação deles, em crescimento espiritual.
O fato de não se estar mais debaixo de uma Antiga Aliança, a da Lei de Moisés, e de se estar
debaixo de uma Nova Aliança, a da graça, não é nenhum salvo conduto que estamos recebendo
da parte de Deus para permanecermos no pecado, como Paulo afirma no verso 15; sob a
alegação de que afinal o sangue de Jesus cobrirá todo e qualquer pecado que pratiquemos, ainda
que deliberadamente.
Aqueles que entristecem e apagam o Espírito Santo deliberadamente, não podem contar com o seu consolo e companhia, enquanto
endurecidos pelo pecado.
Apesar de Paulo não detalhar todas as
consequências de uma desobediência voluntária de cristãos, neste capítulo, ele
colocou tudo de forma resumida no verso 16:
“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes
por servos para lhe obedecer, sois servos
67
daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?”
Os homens que permanecem escravizados ao pecado, por não terem sido libertados por meio
da conversão a Jesus, caminham inexoravelmente para a morte eterna, porque
este é o pagamento que o pecado lhes dará ao final da sua jornada nesta vida; mas os que
obedecem ao evangelho e creem em Jesus para ser o seu Salvador e Senhor, são justificados, por
isso diz o apóstolo: "da obediência para a justiça".
Por isso ele se apressou em esclarecer que no caso de autênticos cristãos, é de se esperar que obedeçam de coração à forma de doutrina à qual
foram entregues em decorrência de terem sido tornados participantes de Cristo, porque devem
ser santos assim como Ele é santo, como se lê no verso 17.
E uma vez que, foram libertados do pecado, não
devem viver mais em servidão ao pecado, mas como servos da justiça evangélica, à qual foram
submetidos por causa da justificação, como lemos no verso 18.
Então ele falou no verso 19 sobre santificação
em termos de usar os membros do corpo não mais para servir à impureza e à maldade, mas
para servirem à justiça evangélica, com vistas à santificação.
Antes da sua conversão, o cristão estava isento
da disciplina da aliança, e da exigência da
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santificação, porque afinal estava debaixo da ira de Deus, por não ser justificado, como se lê no
verso 20.
Mas, o fruto daquelas ações passadas, anteriores à conversão, são agora, motivo de
vergonha, porque o fim delas culminaria na morte, como se afirma no verso 21.
Deste modo, uma vez que foi libertado do poder
do pecado, pela justificação, em Jesus Cristo, e tendo sido feito servo de Deus, o cristão deve ser
diligente em seu viver visando ao fruto da santificação, e por fim à vida eterna, porque é
preciso perseverar até o fim para a plena certeza da salvação, e santificar-se, porque sem
santificação ninguém verá o Senhor.
É pela evidência da perseverança que provamos para nós mesmos que pertencemos de fato a
Cristo, pois todo aquele que foi justificado e regenerado perseverará.
Se a paga que receberíamos do pecado seria com certeza a morte eterna, devemos considerar que a vida eterna é um dom gratuito por meio de
Jesus Cristo, como se lê no verso 23. Então deveríamos nos aplicar às coisas que dizem
respeito a esta vida, pela santificação, e não às que são relativas à morte espiritual, e que se
manifestam quando se vive na prática deliberada do pecado, negligenciando-se a
necessidade da santificação da vida.
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Como muito da força do velho homem foi destruída na regeneração, isto comprova que
ele está destinado a desaparecer totalmente pelo trabalho da santificação que consiste pelo
seu lado negativo neste despojamento do velho homem, e pelo lado positivo no ato de revestir-
se do próprio Cristo.
O conhecimento e a vivência desta verdade é de crucial importância, especialmente nestes
últimos dias de apostasia da Igreja, porque o Arrebatamento está às portas, e aqueles que não
estiverem santificados, seguindo o exemplo das cinco virgens imprudentes da parábola, correm
o risco de serem deixados para trás para enfrentarem a Grande Tribulação e entrarem
no milênio sem o corpo glorificado que receberão todos os crentes que forem
arrebatados pelo Senhor.
Jesus e os apóstolos nos fazem sérias e repetidas advertências na Palavra para que nos preparemos em santificação para o encontro
com o Senhor entre nuvens.
Ainda que o fato de alguns não serem
arrebatados não signifique a perda da salvação para aqueles que não estiverem se santificando,
todavia será uma grande desonra e dano para eles não participarem juntamente com seus
irmãos das Bodas do Cordeiro no céu.
70
Quem em sã consciência gostaria de ver a sua obra sendo queimada pelo fogo da provação de
Deus, por ter sido feita com restolho e madeira, e não com prata e ouro?
Quem gostaria de deixar de ouvir no céu dos lábios do próprio Senhor o “Muito bem, servo
bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”?
71
A graça tudo vencerá (Romanos 7)
Neste sétimo capítulo de Romanos nós
veremos a terrível luta que há mutuamente entre a carne e o Espírito Santo, ainda que não
seja este o tema central deste capítulo, senão o da nova aliança que temos com Jesus, e pela qual
somos libertados da condenação de uma aliança segundo a lei.
Deus como o Grande Legislador e Juiz de todo o
universo, criou o homem e fez com que ele fosse responsável perante Ele segundo a norma da lei moral que ele inscreveu em sua consciência,
instalando ali um tribunal que age no próprio homem condenando-o naquilo que é reprovável
e aprovando-o naquilo que é louvável.
Mas, como já vimos anteriormente, segundo a Lei Régia há a exigência da perfeita obediência,
conforme foi revelado a Adão, e que a penalidade para qualquer ato de
desobediência é a morte, e todo homem responde à referida Lei até hoje.
Posteriormente, nos dias de Abraão, Deus acrescentou novos mandamentos para serem
guardados pelas pessoas da descendência do patriarca, com as quais formaria um povo para
Si, para se revelar ao mundo através do mesmo, e principalmente para que por este povo nos
fosse dado o Messias.
72
O caráter da obediência completa exigida de toda a humanidade da Lei Régia, que consiste na
exigência do perfeito amor a Deus e ao próximo, foi ainda mais detalhado com os mandamentos
que foram dados através de Moisés. E desde então, até que viesse o Messias, o modo de
agradar a Deus, passava obrigatoriamente pelo cumprimento dos mandamentos da Lei.
A pena de morte para os desobedientes foi mantida porque se afirma na Lei de Moisés que é maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas da Lei, para cumpri-las.
Isto descreve a condição de miséria espiritual e de condenação que paira sobre toda a humanidade, porque todos são pecadores, e não
têm em si mesmos a condição e o poder para obedecerem perfeitamente a todos os
mandamentos da Lei.
Como poderia então Deus se prover de filhos semelhantes a Cristo?
Se todos estão obrigados à Lei, como poderão ter vida, estando mortos; como poderão ser livres, estando condenados?
Só havia um modo de Deus nos libertar da condenação da Lei e nos dar vida eterna,
permanecendo Justo, por não remover ou contrariar a Lei. Isto Ele fez nos considerando
como mortos para a Lei, por ter feito com que a
73
morte de Jesus na cruz fosse a nossa própria morte.
Ele visitaria o seu próprio Filho Unigênito com o castigo que era destinado a nós pecadores. Ele executaria a sentença de morte exigida pela Lei
nele, fazendo com que fosse feito pecado e maldição no nosso lugar.
Assim, a Lei não seria removida, mas nós seríamos resgatados por meio de Cristo de
debaixo da sua condenação e maldição.
É basicamente isto que Paulo expõe no sétimo capítulo de Romanos; de modo que toda a argumentação que ele fizera quanto à condição
de não se fazer o bem que queremos, e fazer o mal que não queremos, pelo pecado que opera
na nossa carne, é sobretudo uma condição que explica sobretudo a condição em que se
encontram aqueles que permanecem debaixo da Lei e não da graça do evangelho, a saber as
pessoas que não foram regeneradas pelo Espírito Santo.
Eles podem dizer: "miserável homem que sou" porque não têm a Cristo que é o único que pode
nos livrar do corpo desta morte.
Este livramento que se obtém somente por
Cristo e em Cristo, não é decorrente do fato de que agora os próprios crentes são perfeitos
segundo a Lei, porque sempre haverá resquícios
74
de pecado e de desobediência em sua natureza terrena que ainda carregam neste mundo, mas
sim, e exclusivamente pelo fato de que foram resgatados da condenação da Lei por terem
morrido para a Lei em Cristo. Uma Lei não tem autoridade sobre quem já está
morto.
Assim, os crentes já não são julgados ou condenados por Deus com base na Lei, porque
não estão mais debaixo da Lei, quanto ao que se refere ao seu poder de condenação daqueles
que pecam contra os seus mandamentos. Eles são julgados agora pela lei da liberdade,
respondendo, livres que são, não mais a um Juiz, mas a um Pai de amor, que os corrige e dirige
como filhos amados, por causa de Jesus Cristo.
Haverá ainda um grande conflito entre o Espírito e a carne, entre a velha e a nova
natureza, em todos os crentes, mas juntamente com Paulo eles podem dizer em uníssono:
"Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor." Não serão mais condenados por não serem tão
bem-sucedidos nesta guerra contra as suas almas, quanto gostariam de ser. Contudo, sabem que são amigos de Deus, que amam a
Deus, que odeiam o diabo e o pecado, e que por fim serão transformados à perfeita imagem de
Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória.
Todavia, esta grande verdade central do
evangelho não deve servir de motivo para que
75
abusemos da liberdade que foi conquistada para nós por um preço elevadíssimo de sangue, e não
de um sangue qualquer, senão o puro e imaculado sangue do Cordeiro de Deus que tira
o pecado do mundo. Preço este que foi pago para que livres do pecado, pudéssemos viver em
novidade de vida santificada perante Deus. Afinal, foi para isto que fomos chamados e justificados.
Para vivermos esta vida santa sem a qual não podemos manter nossa comunhão com Deus, necessitamos de poder do alto.
Veja que quando os apóstolos viram todos os sinais que Jesus havia realizado, sua ressurreição e ascensão, a uma mente carnal
pareceria que isto seria o suficiente para que eles saíssem pelo mundo afora dando
testemunho das coisas que haviam visto e ouvido.
Todavia, nosso Senhor lhes falou da necessidade de permanecerem em oração, e aguardando em Jerusalém o batismo do Espírito
Santo, para que fossem revestidos de poder, pois quem dá e sustenta o testemunho de Cristo em
nós é o poder do Espírito Santo.
Por este motivo vemos o apóstolo Paulo dirigindo a Timóteo as seguintes palavras, para
o cumprimento adequado do seu ministério:
76
“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.” (2 Tim 2.1)
E a todos os cristãos:
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (Ef 6.10)
Vemos assim a nossa necessidade vital de estarmos permanentemente fortalecidos na graça de Jesus, mediante o poder do Espírito
Santo que em nós opera.
Muitos pensam erroneamente que quando se fala em batismo do Espírito Santo, revestimento de poder do Espírito, ou enchimento do Espírito,
que isto signifique simplesmente receber um poder sobrenatural que operará em nossas
vidas independentemente das condições morais e espirituais em que nos encontremos.
Todavia, se examinarmos com mais cuidado
não somente o texto bíblico, mas a nossa própria experiência prática em relação a este assunto, verificaremos que é muito mais do que isto o
significado do poder da graça e do Espírito Santo atuando em nossas vidas.
Antes de tudo, devemos lembrar que este poder
nos é dado para sermos cheios do fruto do Espírito Santo, que tem a ver com as nossas
atitudes, com o nosso comportamento, com a
77
transformação progressiva do nosso caráter e coração.
É um poder para nos habilitar a sermos
obedientes aos mandamentos de Deus, para aprendermos a ser mansos e humildes de
coração, a sustentarmos um bom testemunho de comportamento em nossa vida cristã, de
modo a nos tornarmos exemplo para ser seguido por outros.
Trata-se de ser cônjuges exemplares, filhos
exemplares, servos exemplares, líderes exemplares, cidadãos exemplares, enfim,
sermos achados em todas as áreas de relações humanas como homens e mulheres de Deus,
que trazem estampada em suas vidas a imagem de Jesus Cristo, conforme veremos no estudo do
oitavo capítulo de Romanos, no qual se afirma que fomos predestinados por Deus para tal
propósito.
Nada disto poderá existir sem que haja uma transformação do nosso coração. E por isso
necessitamos crucialmente deste poder do alto, porque como o próprio Senhor Jesus afirmou,
sem Ele nada podemos fazer, notadamente no que tange às coisas que são celestiais,
espirituais e divinas.
Em cumprimento à promessa que nos fez em relação à Nova Aliança (Jeremias 31.31-35) Deus
já nos deu um coração de carne em substituição
78
ao coração insensível de pedra às coisas concernentes ao reino dos céus que tínhamos
antes da nossa conversão a Cristo.
Tendo falado sobre a necessidade de santificação no sexto capítulo, Paulo
apresentaria agora algumas razões que explicam a necessidade desta santificação.
A primeira delas é que ao termos sido justificados, nós entramos automaticamente
numa relação de caráter matrimonial com Cristo.
Na verdade, não é apenas cada cristão individualmente que tem a Cristo por seu noivo,
mas toda a Igreja.
Os judeus que estavam presos aos termos da Antiga Aliança por dever de obediência para com Deus, seriam tidos como adúlteros e infiéis
se abandonassem aquela aliança que lhes foi determinada pelo Senhor para ser guardada por
eles.
Mas, estando em Cristo, já não estão mais
debaixo do compromisso da Antiga Aliança, porque ela não somente foi revogada pela morte
de Cristo, para que os que são justificados pela fé nele, pudessem abandonar o primeiro pacto, a
primeira aliança, o primeiro compromisso, para poderem assumir um segundo, de caráter
muito diferente do primeiro.
79
Em Cristo eles estariam mortos para a exigência de fidelidade àquela Primeira Aliança, de
maneira a poderem contrair núpcias com Ele nos termos de uma Nova Aliança, instituída no
seu sangue.
Paulo queria falar de morte para a Lei não no sentido de estarmos desobrigados da Lei moral,
pelo fato de sermos cristãos, mas pela mudança de alianças, porque logo no primeiro versículo
deste capítulo ele deixou claro que estava falando estas coisas àqueles que conheciam a
lei.
Então, para se fazer melhor entendido no que estava dizendo ele se valeu de uma ilustração,
dizendo que se dá em relação a esta nova contração de núpcias com Cristo, para os que
estavam debaixo do regime da lei do Velho Testamento, o mesmo que se dá com o
casamento de um homem com uma mulher, pois que morrendo uma das partes, a outra fica livre para contrair novas núpcias.
Então, em Cristo, o cristão morreu para a condenação da Lei, que diz, que está debaixo de
maldição todos os que transgredissem a quaisquer dos seus mandamentos.
Já não vale mais, portanto, esta regra para um
cristão que tenha sido justificado e se unido a Cristo pela fé, porque ele já não pode mais ser
considerado maldito pela lei, caso venha a pecar
80
eventualmente, porque não está mais casado com a lei, mas com Cristo.
Assim, a Lei não pode pretextar que esteja
havendo infidelidade para com ela, porque estamos casados com um outro, porque
morremos para ela e para a sua condenação, ao termos sido crucificados juntamente com
Cristo.
O casamento com a Lei não nos ajudou em nada quanto à nossa salvação, porque em vez de nos
ajudar ela nos condenava, e nos acusava, ainda que justamente, por causa dos nossos pecados,
que consistiam na transgressão das suas ordenanças. E o resultado destas transgressões
era a morte.
Mas, em Cristo nenhum judeu estava mais obrigado a cumprir os mandamentos civis e
cerimoniais da Lei, porque foram revogados pelo Senhor.
Além disso, o modo de se agradar a Deus não incluiria mais a necessidade de se guardar também todos os mandamentos da Lei
cerimonial de Moisés, porque a dispensação da graça não é um serviço a Deus segundo a letra
dos mandamentos do Velho Testamento, mas em novidade de espírito, segundo a justiça do
evangelho, não mais no regime da Lei, mas no regime do Espírito, conforme Paulo o detalhou
no terceiro capítulo de II aos Coríntios.
81
Pelo verso 7, nós vemos que Paulo não estava se referindo apenas à lei cerimonial, mas também
à lei moral, mostrando que o nosso casamento, mesmo com esta lei, não poderia nos capacitar a
viver de modo agradável a Deus e muito menos nos justificar do pecado, e até mesmo nos
santificar.
A lei não é pecado. Ao contrário, é santa, justa, perfeita, espiritual e boa. Mas nós somos
pecadores que transgridem naturalmente a lei, caso não sejamos capacitados pelo próprio
poder de Deus operando em nós pela graça para que possamos viver de tal modo, que sejamos irrepreensíveis diante de todas as exigências da
Lei.
Por isso, apesar de a lei nos ajudar a
compreender que somos pecadores, a força do pecado nos torna completamente incapacitados
para atender por nós mesmos às suas santas exigências.
A lei sozinha em vez de vencer o pecado, serve
ao contrário para colocá-lo ainda mais em realce; porque comprova que somos de fato
pecadores, porque transgredimos os mandamentos da lei de Deus, caso não sejamos
habilitados pelo Espírito Santo a vencer a fonte do pecado que opera na carne.
No entanto, ao sermos salvos por Cristo,
passamos a entender que a Lei é espiritual, boa
82
e santa, e passamos a dar o devido valor à Lei, apreciando os mandamentos de Deus;
entendendo que nos foram dados para serem amados e cumpridos.
No entanto, tal é a força do pecado que ele usa o próprio mandamento para nos enganar e matar,
como Paulo afirma no verso 11.
Queremos fazer a vontade de Deus.
Não queremos fazer aquilo que a Lei condena, antes queremos fazer o que ela aprova, mas sem
a força da graça operando em nós, o pecado há de se revelar mais forte do que a nossa própria
vontade, e acabamos derrotados.
Sabendo que não é possível a aniquilação definitiva de qualquer tipo de pecado enquanto
vivermos neste mundo, será sábio estarmos sempre prevenidos contra eles, porque a
condição citada em Rom 7.22,23 é uma condição permanente enquanto estivermos neste corpo:
“Porque, segundo o homem interior, tenho
prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do
meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros.”
Mas também é verdade que este prazer interior
que temos agora na lei de Deus vem da habitação do Espírito Santo, como lemos em Tg
4.5:
83
“Ou pensais que em vão diz a escritura: O Espírito que ele fez habitar em nós anseia por
nós até o ciúme?”
E em Rom 7.18,19:
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não
está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico.”
Nisto não há qualquer paradoxo, mas a confirmação de que o pecado necessita de fato
ser vencido, mortificado, para que se possa cumprir as ordenanças do Senhor.
É possível praticar o bem, é possível viver em santidade, é possível ter comunhão com Deus,
ainda que estejamos sujeitos à ação do pecado.
Enquanto no corpo estamos sujeitos ao pecado, por maior que seja a nossa consagração, e dizemos isto não para justificar um viver
segundo a carne, mas exatamente para se viver de modo santo, sabendo nós de antemão, que
enquanto neste mundo, isto nunca significará uma aniquilação total e permanente do pecado,
e que por isso devemos ser diligentes quanto ao assunto da sua mortificação.
Esta é a razão principal porque o Espírito Santo e a nova natureza são doados pela graça a nós,
para que tenhamos um princípio interior por
84
meio do qual possamos nos opor ao pecado e à cobiça que conduz ao pecado.
Devemos saber que há uma permanente luta do Espírito Santo contra a carne, e da carne contra
o Espírito, apesar de a carne ficar cada vez mais fraca, e a graça cada vez mais forte em nós, à
medida que progredimos na nossa santificação.
Há uma tendência no Espírito, na nova natureza espiritual, para estar agindo contra a
carne, como também na carne para estar agindo contra o Espírito Santo.
Como vemos em II Pe 1.4, 5 é nossa participação da natureza divina que nos dá uma fuga das
corrupções que estão no mundo pela cobiça; e, vemos em Rom 7.23 tanto uma lei da mente,
quanto uma lei dos membros do corpo.
Esta competição é pelas nossas vidas e almas.
Não estar empregando o Espírito Santo e a nova natureza diariamente para mortificar o pecado, é negligenciar aquele socorro excelente que
Deus nos tem dado contra nosso maior inimigo.
Se nós negligenciarmos fazer uso do que nós recebemos, Deus pode reter a sua mão
privando-nos de nos dar mais.
85
As suas graças, como também os seus dons nos são dados para serem usados e exercitados, e
não para serem, enterrados ou jogados fora.
Não estar mortificando o pecado diariamente, é pecar contra a bondade, sabedoria, graça, e
amor de Deus, que os tem fornecido a nós para tal propósito.
No dizer de Rom 7.24 nós temos um corpo de morte. Porque está sujeito continuamente à
morte espiritual que é operada pelo pecado.
Este corpo só será livrado desta humilhação
quando nós formos transformados no arrebatamento da igreja, quando receberemos
um corpo glorificado que não está sujeito ao pecado.
Como lemos em Fp 3.21:
“que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da sua
glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas as coisas.”.
Então não há outra forma de ser livrado da ação do pecado senão pela sua morte.
Por isso é nosso trabalho enquanto estivermos neste corpo, o de estar matando continuamente
o pecado.
86
Este é o trabalho de se matar um terrível inimigo que vive dentro de nós, com um golpe após
outro, de modo que não o deixemos viver.
A relação entre a vontade que reside na mente, e a lei do pecado ou a lei do Espírito Santo, que operam no homem todo, a saber, no corpo, alma
e espírito, são realidades que transcendem a própria vontade do homem, e por conseguinte
de todas as faculdades da sua mente. Paulo se referiu a isto em Romanos 7:15 a 25.
O cristão, de si mesmo, com a sua mente deseja servir à lei de Deus, mas isto não é tudo quanto ele necessita para poder servir de modo
aprovado a Deus, pois precisa também que a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus o capacite a
fazer o que deseja, e a não fazer o que não deve e não deseja fazer, porque somente esta lei
espiritual pode vencer a lei do pecado que opera na carne, e que é mais forte do que a própria
vontade humana.
Por isso, nossa mente deve ser renovada e sujeitada à Palavra de Deus.
Ainda que a vontade resista, nós devemos
treinar a mente neste exercício de tal maneira, que a mantenhamos nos ajudando a meditar na
Palavra, a orar, e a nos concentrarmos na busca do Senhor, até que Ele se manifeste a nós e
fortaleça o nosso espírito.
87
Paulo diz no verso 16 que ao fazer o que ele não queria, ele consentia com a lei que é boa, a
saber, a sua vontade era a de não pecar, mas o pecado que habita na carne o levava a praticar o
mal, e nisto a lei comprovava que ela é boa, porque testifica ao homem que ele é pecador
por natureza, porque apesar da sua vontade ser a de fazer somente o que é aprovado por Deus, o pecado pode operar com um poder superior à
sua própria vontade, ensinando-lhe que não será ali, isto é, na sede da vontade, que a batalha
será vencida pela graça, mas no seu coração.
Assim, o cristão se esforça e escolhe ter uma vida de devoção e virtude porque Deus lhe deu um novo coração, uma nova natureza.
Mas, se não andar no Espírito quem prevalecerá sobre o coração do cristão será a carne, ativando
ali toda sorte de cobiças e pensamentos que o levarão a produzir as obras da carne.
Paulo se refere em Rom 7.17 que já que o pecado é superior à sua própria vontade então já não é
mais ele, ou seja, voluntariamente, que está buscando o mal, uma vez que a sua vontade
deseja tão somente fazer o que é agradável a Deus, mas é a força do pecado que nele habita,
em sua natureza, que o conduz à pratica do mal que não deseja, e a não praticar o bem que ele
quer.
88
Vitórias eventuais sobre determinados desejos não garantirão uma vitória plena e permanente
sobre todos eles.
Não que Paulo vivesse pecando, mas ele quis nos ensinar que há somente um modo de se vencer o pecado, e isto é pelo poder do Espírito Santo,
mediante a fé em Cristo.
É se sujeitando efetivamente a Cristo, que o pecado é vencido.
Assim, temos visto que o pecado não pode ser vencido pelo simples exercício da vontade.
Não há na natureza terrena qualquer poder para combater o pecado, e ainda que desejemos fazer
o bem, buscando ter um uso correto da nossa vontade, não temos em nós mesmos o poder de
efetuá-lo em perfeição.
Por isso somos convocados a orar e a vigiar incessantemente para podermos vencer a carne
(o princípio do pecado que opera em nossa natureza) que é fraca.
De maneira que neste caso, querer não significa de nenhum modo, poder.
Mais uma vez o apóstolo vai afirmar nos versos
19 e 20 que é a lei do pecado que opera na nossa carne que nos leva a praticar o mal, embora todo
o desejo de nossa vontade seja o de não praticá-
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lo, a ponto de dizermos que não somos nós, isto é, o nosso homem consciente que o está
praticando, mas o pecado que habita em nós.
Mais uma vez lembramos que ao falar em bem e em mal, o apóstolo não está se referindo especificamente a atos morais, mas à presença
ou falta de santificação no poder do Espírito Santo, em nossas vidas – à falta de poder para
conhecer e obedecer à vontade de Deus.
Somente o poder da graça de Deus pode vencer a força do pecado.
Deste modo, Paulo vai explicar melhor no capítulo seguinte como é que o Espírito Santo
vence a natureza terrena decaída no pecado, e qual é o dever dos cristãos de se consagrarem
inteiramente a Ele, para que possa realizar o seu trabalho de mortificação do pecado.
E quanto os cristãos dependem inteiramente de seguirem o pendor do Espírito Santo, inclusive
contando com Ele em suas intercessões, para que possam sair vencedores na luta que têm que
travar contra a velha natureza, o diabo e o fascínio do mundo.
90
A união indissolúvel do crente com Cristo
(Romanos 8)
A temática central deste capítulo está
relacionada ao vínculo indestrutível que há entre Cristo e o crente, porque este é parte de
sua vida, alguém que é membro de um corpo que está ligado à Cabeça; um ramo na Videira
verdadeira; uma pedra viva do edifício espiritual do qual Jesus é o Fundamento e Pedra de
Esquina; uma esposa unida ao seu Esposo.
A razão desta união é que em Cristo o crente não é mais um ser exclusivamente natural, um ser
carnal, senão alguém que recebeu a vida sobrenatural do céu, alguém que é agora
espiritual, capaz de responder ao propósito de Deus de ser adorado em espírito e em verdade,
porque Deus é espírito perfeito e santo.
O início deste oitavo capítulo apresenta a continuação do argumento de Paulo no final do
capítulo sétimo, anterior a este.
Ele havia dito no fechamento daquele capítulo o seguinte:
"Rom 7:14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à
escravidão do pecado.
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Rom 7:15 Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que
prefiro, e sim o que detesto.
Rom 7:16 Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
Rom 7:17 Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.
Rom 7:18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o
efetuá-lo.
Rom 7:19 Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
Rom 7:20 Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.
Rom 7:21 Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.
Rom 7:22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
Rom 7:23 mas vejo, nos meus membros, outra lei
que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos
meus membros.
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Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,
com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado."
Então ele prosseguiu dizendo logo a seguir no
início do oitavo capítulo:
"1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.
2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte."
Esta condição da libertação encontrada pelo crente em Jesus, em relação à condenação, ao
pecado e à morte, é afirmada pelo apóstolo como uma verdade absoluta e final na vida de
todos aqueles que foram justificados pela fé e que, por conseguinte, foram regenerados pelo
Espírito Santo, ou seja, tornados novas criaturas.
Não é particularmente Paulo que vê o crente nesta condição, mas o próprio Deus que revelou
a ele esta condição firme e segura na qual todo cristão autêntico se encontra em sua união vital
com Jesus Cristo.
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Muitos indagam, entretanto, por que teria então o apóstolo citado a condição de desventura
citada por ele na parte final do sétimo capítulo?
Não podemos esquecer que a condição ali apontada por ele não se refere a qualquer tipo de
instabilidade no edifício espiritual que está sendo erigido com os cristãos como sendo
pedras vivas sobre o alicerce que é Jesus Cristo. Até mesmo o conflito interior da luta contra o
pecado não pode mais separar o crente do Senhor que o resgatou e o tornou participante
da sua própria vida.
Nós vimos o apóstolo afirmando esta firmeza do crente em Jesus ao longo de toda esta epístola, e a título de recordação, leiamos mais uma vez as
suas palavras em Rom 6.17-22, onde ele reafirma esta plena condição de liberdade alcançada pelo
crente por meio da simples fé em Jesus.
"Rom 6:17 Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues;
Rom 6:18 e, uma vez libertados do pecado, fostes
feitos servos da justiça.
Rom 6:19 Falo como homem, por causa da
fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a
escravidão da impureza e da maldade para a
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maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a
santificação.
Rom 6:20 Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.
Rom 6:21 Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte.
Rom 6:22 Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o
vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;"
Não há qualquer sombra de dúvida no apóstolo e muito menos nos Senhor Jesus, quanto ao fato
de que os crentes já não são mais escravos do pecado, e nem de Satanás, porque Jesus os
livrou perfeita e completamente.
Mas alguém indagará: "Por que então se vê tanto mau testemunho mesmo nas vidas de crentes autênticos - pessoas que foram justificadas e
regeneradas pelo Espírito?"
Isto decorre não por que perderam a filiação a Deus, ou que deixaram de ter o Espírito, ou ainda
que voltaram à sua velha condição anterior de pessoas inteiramente carnais, deixando de ser
novas criaturas em Cristo.
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O que sucede é que deixaram de andar do modo digno da sua vocação, abandonaram a
comunhão com o Senhor, negligenciaram os deveres espirituais da vigilância, da oração e da
meditação da Palavra e do empenho na obra de Deus.
Voltaram a ser, caso nunca tenham deixado de
ser, pavios fumegantes e canas rachadas, mas mesmo assim não serão lançados fora pelo seu
Senhor, que há de completar a boa obra neles, ainda que seja no céu.
Ele os corrigirá, disciplinará, mas não os
rejeitará.
Afinal, não foram escolhidos por Deus por algum mérito que houvesse neles, ou algo que
Lhe agradasse, mas simplesmente o Senhor lhes escolheu porque lhes amou primeiro antes
mesmo da fundação do mundo.
Todavia, uma vez tendo sido feitos filhos de Deus não poderão agradá-Lo caso não vivam do
modo digno da sua eleição, que foi para a santificação no Espírito (I Pedro 1.2).
O justo (aquele que foi justificado) recebeu a
vida de Jesus pela fé, e agora importa que continue caminhando por fé e não por vista.
Deve se despojar das obras da carne, uma vez
que o velho homem recebeu a sentença de
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morte na cruz do Calvário, quando morreu juntamente com Cristo.
Uma pessoa que foi libertada não deve viver
mais como um escravo do seu antigo senhor, a saber, do pecado e do diabo.
Quando Jesus disse que somente Ele poderia nos libertar dessa escravidão, ele enfatizou com um
"verdadeiramente" - "verdadeiramente sereis livres", ou seja, uma liberdade efetiva, real,
consumada, para um casamento com Cristo que é de caráter indissolúvel, e que nem mesmo a
morte pode separar.
Nosso Senhor também afirmou em João 3.6: "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido
do Espírito é espírito."
Foi daqui que o apóstolo Paulo retirou o seu ensino que encontramos neste oitavo capítulo
de Romanos quando afirma que aos olhos de Deus os crentes são vistos como espirituais, e
não mais como carnais, ou seja, eles nasceram da carne, de seus pais, mas em Cristo, nasceram
do Espírito, e são espírito vivificado, pronto a responder à demanda de Deus em ser adorado
em espírito e em verdade. Todavia, não podem manifestar esta vida separados da comunhão
com Jesus. É nele, que todo o propósito de Deus é cumprido, de modo que sem Ele, nada
podemos fazer.
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Tudo isto está declarado pelo apóstolo em Rom 8.4-17. Releia este texto abaixo, e note como ele
se refere ao fato inconteste de que o crente não anda segundo a carne, como aqueles que não
foram justificados (v.4), e estes últimos caminham sem Deus no mundo porque podem
somente se inclinar para as coisas da carne, e não para as que são do Espírito (v.5) - e o resultado desta inclinação que o ímpio tem para
carne é inimizade contra Deus e morte espiritual, mas a que o crente tem no Espírito é
para a vida eterna e para a paz, reconciliação com Deus (v.6).
Deus criou o homem para ser espiritual e não carnal - leia Gên 6.3. Mas é somente em Cristo
que alguém pode se tornar espiritual, e como todos os crentes estão em Cristo, e todos são de
Cristo e têm a habitação do Espírito Santo, eles têm o seu espírito vivificado porque foram
justificados com a justiça de Jesus (v. 7-11).
Como toda a nossa vida espiritual tanto em crescimento e manifestação depende
inteiramente do nosso caminhar no Espírito, é evidente que quando fazemos concessão ao
pecado e andamos segundo o mundo, não há de se ver um espírito cheio da vida abundante de
Jesus, senão um espírito que, ainda que tenha sido vivificado no dia da conversão, encontra-se
agora como morto, insensível e incapacitado para manifestar a vida que é do céu, condição
esta, entretanto, que pode ser revertida pela
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confissão e pelo arrependimento, ainda que repetidamente.
Mas, ainda que isto seja verdadeiro, nem sequer
é a isto que Paulo se refere em primeira mão no verso 13, no qual afirma que se vivermos
segundo a carne, morreremos, mas se pelo Espírito, mortificarmos as obras do corpo,
viveremos. Ora, o argumento segue também aqui neste ponto tudo o que ele disse
anteriormente e que continuará afirmando, até culminar com o brado de triunfo e louvor do
final deste capítulo quando diz que nada mais poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, e o motivo disto é porque fomos
justificados e unidos a Ele para sempre, como membros do seu corpo, sendo participantes da
sua própria vida.
Então, estes que tiveram o seu velho homem
crucificado, e que pelo Espírito tiveram os feitos do corpo mortificados na regeneração, são indubitavelmente todos aqueles que creram em
Jesus e que pela fé nele se tornaram filhos de Deus.
De modo que logo a seguir, a partir do verso 14 até o 17, o apóstolo confirma o que acabamos de
expor.
"4 Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas
segundo o Espírito.
99
5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são
segundo o Espírito para as coisas do Espírito.
6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade
contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.
8 Portanto, os que estão na carne não podem
agradar a Deus.
9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em
vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
10 E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade,
está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça.
11 E, se o Espírito daquele que dentre os mortos
ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também
vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.
12 De maneira que, irmãos, somos devedores,
não à carne para viver segundo a carne.
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13 Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes
as obras do corpo, vivereis.
14 Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.
15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor,
mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.
16 O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
17 E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de
Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados."
Até mesmo a citação dos versículos 18 a 28, que pode parecer à primeira vista estar fora do
contexto dos argumentos que Paulo apresentou anteriormente, na verdade é uma confirmação
de tudo o que havia dito, porque nem mesmo as aflições presentes, nem o gemido da criação
existem como uma forma de oposição ao plano de Deus de ter muitos filhos semelhantes a
Cristo. Tudo o que há de tribulação e aflição no mundo coopera para a consumação deste seu
propósito eterno, porque é justamente por estas provações que somos aperfeiçoados para
sermos feitos à imagem e semelhança de Jesus.
101
Para suportar e vencer estas provações temos a ajuda do Espírito Santo que nos fortalece para
mantermos uma vida de vigilância e oração, de modo que possamos viver de modo agradável a
Deus crescendo na graça e no conhecimento de Jesus.
Daí Paulo ter dito:
"28 E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o
seu propósito."
Paulo chamou os crentes de Corinto de carnais, porque eram bebês em Cristo que não se
desenvolviam em seu crescimento espiritual. Não devemos, portanto, entender essa forma
dele se expressar naquela epístola como algum tipo de indicação que eles não eram de Cristo,
ou que não tinham o Espírito.
Eles foram assim chamados porque estavam andando de modo desordenado, mas daquele
mal foram curados pelo mesmo remédio que nós também somos, porque se arrependeram e
retomaram a caminhada da vida cristã do modo pelo qual deve ser retomada, a saber, por um
andar no Espírito, em comunhão com Cristo, observando e guardando os seus mandamentos,
por meio da fé e graça que Ele concede àqueles que se aproximam dele com um coração
sincero.
102
Assim, ao chamar, em certa ocasião, os crentes coríntios de carnais, o que Paulo queria dizer era
que eles estavam no Espírito, mas viviam como os que vivem exclusivamente na carne, a saber,
aqueles que não conhecem a Jesus.
Como sucedeu a eles, ocorre com muitos na Igreja, em razão da luta constante entre o
Espírito e a carne, pois há em todo crente duas naturezas, uma terrena e outra celestial, uma
velha e outra nova, uma carnal e outra espiritual, daí a existência do conflito.
Então, para o propósito de aperfeiçoamento dos santos Deus concedeu dons e ministérios pelo
Espírito Santo, à Igreja, como se vê em I Cor 12, 14 e Ef 4.
Se o cristão permanecer vivendo de modo carnal Ele não poderá manifestar a vida e paz do
Espírito Santo, a qual só pode ser conhecida e experimentada, caso se ande no Espírito.
Entretanto, por ter a habitação do Espírito ele já alcançou a condição de vida e paz, e foi livrado
para sempre da condenação de morte que pairava sobre ele antes da sua conversão.
John Owen escreveu um tratado intitulado A Graça e o Dever de Ser Espiritual. O título é
muito apropriado porque esta condição de ser espiritual é recebida exclusivamente pela graça
e será mantida para sempre, todavia a sua
103
manifestação na nossa viva cotidiana é dependente da nossa obediência ao Senhor e
aos seus mandamentos, por se viver na fé e andando no Espírito.
Foi para isto mesmo que fomos predestinados por Deus. De modo que nos chamou, pelo Espírito Santo, para nos convertermos e sermos
adotados como seus filhos, por meio da justificação, com vistas à nossa glorificação
futura. Deus não poupou ao seu próprio Filho para que
Ele morresse por nós. Então como haveria nele alguma possível intenção de vir a anular tudo o
que nos tem prometido dar juntamente com Cristo, por causa da nossa união com Ele?
Como dissemos anteriormente fomos feitos co-herdeiros com Ele e isto significa que tudo o que
é de Cristo é também nosso por direito concedido, prometido e jurado pelo Pai.
Então, quem poderá ser contra o cristão de maneira a impedir que se cumpra nele o
propósito de Deus?
Por que então deveria o cristão viver de modo
diferente deste propósito glorioso que lhe foi concedido pela graça do Senhor?
Ele não deve dar ouvido à carne, voltaria Paulo a dizer no desenvolvimento destes argumentos
verdadeiros que está apresentando desde o
104
verso 30; mas seguir sempre a direção e instrução do Espírito Santo.
Ainda que esteja num corpo carnal que enferma e morrerá, contudo vive pelo espírito e no Espírito.
Paulo começou este oitavo capítulo dizendo que já não há nenhuma condenação para os que são de Jesus, e que andam segundo o Espírito Santo,
e agora ele afirmou nos versos 33 e 34, que por causa desta justificação pela graça, mediante a
fé, ninguém pode sustentar qualquer tipo de acusação contra os escolhidos de Deus que
prevaleça no juízo vindouro contra eles, porque foram justificados.
Já não há de fato nenhuma condenação eterna para os cristãos, e nem o próprio Deus os condenará, porque Cristo carregou sobre Si os
pecados daqueles aos quais justificou.
É Ele mesmo que intercede pelos santos à direita de Deus, para que continue operando
eficazmente naqueles que foram transformados em seus filhos, para que sejam santificados.
É por causa desta intercessão de Cristo que o cristão persevera, porque se fosse deixado
entregue a si mesmo, não poderia prosseguir adiante por causa do pecado que ainda opera na
carne.
105
De maneira que necessita do Espírito Santo e da intercessão de Cristo para que o pecado seja
vencido, e seja capacitado com poder, para viver segundo o homem interior, no espírito, e não
segundo a carne.
O nosso Grande Sumo Sacerdote, nosso Senhor Jesus Cristo, intercede por nós dia e noite e tem
cumprido a promessa de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos, e é esta a
razão de não desfalecermos no meio da nossa jornada rumo à nossa pátria celestial.
De tal ordem é a força deste poder operante da
graça de Jesus no cristão que nada poderá separá-lo do seu amor.
Nenhuma tribulação, angústia, perseguição,
fome, nudez, perigo, espada poderão consegui-lo, porque o caráter desta união é indissolúvel;
porque é de caráter matrimonial.
A fé vence o mundo, e todas as coisas que se levantam contra o conhecimento de Deus, em
Cristo. A fé que salvou o cristão é um dom de Deus, e sendo assim é algo indestrutível.
Ela não pode ser vencida por nenhuma
tribulação, seja interna ou externa.
Nada do que sentimos ou sofremos poderá nos separar de Cristo se pertencemos de fato a Ele,
por termos sido, justificados e regenerados.
106
Deus trabalhará em nós através de todas estas coisas que no presente nos parecem adversas,
mas que no fundo estão contribuindo para o nosso bem, de maneira que sejamos
aperfeiçoados em santificação e amor; o que nos fará experimentar graus cada vez maiores da
plenitude que há em Cristo.
É, portanto, por meio de todas estas coisas que os cristãos são mais do que vencedores por meio do amor de Jesus.
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A causa da justificação, da eleição e da filiação (Romanos 9)
Tendo encerrado o oitavo capítulo de Romanos
reafirmando a firmeza e a segurança eterna da salvação que os crentes autênticos têm em
Jesus, fundamentadas nos dons da justificação e da regeneração, que são irrevogáveis porque estão baseados na chamada, ou seja, na vocação
eletiva de Deus, cuja natureza também é irrevogável, o apóstolo Paulo lamenta a
condição da nação de Israel, por seu endurecimento à recepção do evangelho,
sabendo que isto duraria conforme profetizado pelo profeta Isaías, até a segunda vinda do
Senhor.
A nação como um todo se encontraria endurecida, mas Deus sempre teria um
remanescente fiel entre o povo que creria no evangelho e que, portanto, alcançaria a salvação.
O desejo de Paulo em relação a eles era o de que
toda a descendência natural de Abraão, chamada através de Isaque e Jacó, fosse salva,
mas ele estava bem instruído pelo Senhor que aos seus olhos, nem todo israelita natural é um
verdadeiro israelita espiritual, por não possuir a mesma fé salvadora que havia justificado
Abraão.
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A causa imediata disto era a eleição divina, sobre a qual Paulo discorre neste nono capítulo.
Os gentios estavam sendo alcançados pelo evangelho, enquanto os próprios judeus,
pertencentes à nação eleita, estavam cada vez mais endurecidos em relação a Cristo.
Qual a razão disso?
Algum mérito especial dos gentios? Algum a predileção da parte de Deus por eles?
Não. Afirma o apóstolo, e este explica de modo consistente, que tudo se deve ao exercício exclusivo da misericórdia e soberania de Deus
em nos salvar.
Com estes argumentos verdadeiros relativos à Soberania de Deus, ele esperava colocar um
ponto final nas expectativas de salvação por meio de mérito ou de obras, uma vez que a
justificação é antecedida por uma chamada divina que está fundada na eleição. Então, o apóstolo falará sobre o caráter desta eleição.
Ele começou com o exemplo do próprio povo de
Israel, que tendo à disposição deles a adoção de filhos, a glória, as alianças, a lei, o culto e as
promessas, os patriarcas aos quais foram feitas as promessas, e a quem foi dado até mesmo o
próprio Cristo, segundo a carne, porque era da
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descendência da tribo de Judá, no entanto, não alcançaram a salvação em sua grande maioria.
A razão disto é que o homem é totalmente
dependente de Deus para que seja salvo por Ele, e isto está atrelado à sua escolha e iniciativa
divina na salvação, e não propriamente ao nosso próprio querer e esforços, pois a salvação
demanda o recebimento de uma nova natureza espiritual, celestial e divina, e grande parte da
humanidade não está disposta a isto.
A maioria das pessoas aspira a ir para o céu depois da morte, mas não para o céu que exige
uma vida santificada aqui na Terra. Assim, quem desejar entrar no Reino de Deus com este
tipo de desejo, certamente não será achado lá, conforme testificam as Escrituras.
É evidente que temos que buscar, desejar a
salvação, mas ela não nos virá pelo nosso mero querer. Devemos bater à porta do céu, devemos
procurá-la no Senhor Jesus, e pedir a Ele, humildemente, que nos salve, se não somos
convertidos a Ele, mas não se encontra em nós o poder para gerarmos a fé que salva (é dom de
Deus), ou a nossa justificação, regeneração e santificação, e assim, permanece sob a
soberania de Deus não somente conceder como também operar tudo o que se refira à salvação.
Importava que fosse assim, conforme
determinado em seus conselhos eternos, para
110
que sendo por fé e por graça, fique também excluída não somente a jactância humana,
como também a exploração do homem pelo homem, sob os argumentos de que é uma
determinada instituição mediadora entre os homens e Deus que nos salva, ou as obras e
serviços que fizermos sob a direção de determinadas instituições religiosas ou pessoas que se intitulam a si mesmas mestres, guias,
gurus etc, ou por quaisquer outros meios adicionados ou que eliminem o mandado de
Deus de nos salvar somente por graça e mediante a fé.
De modo que o plano de Deus é segurança para nós, e visa ao nosso próprio benefício, de modo
que não dependamos do mérito e dos meios de nenhuma instituição ou homem sobre a Terra,
e nem mesmo no céu, aparte ou além de Cristo, para a salvação da nossa alma.
Todos os que elaborarem o seu próprio caminho para a verdade e a vida eterna, serão achados
fora do caminho estreito, da única verdade e vida eterna que é o próprio Cristo.
Dependemos assim que Ele se manifeste a nós, por misericórdia e com graça, para nos perdoar
de todos os nossos pecados, e isto Ele certamente fará se o buscarmos com verdadeiro
arrependimento.
111
Ele tem prometido não lançar fora a qualquer que o buscar. Apesar do dever que temos em
saber que é Ele que nos escolheu e amou primeiro, do que nós a Ele.
Deus, em sua presciência e onisciência, que faz com que Ele tudo saiba e conheça, antes mesmo de chegar à existência, sabe quais são estes que
resistirão para sempre à sua vontade e amor, de forma que não os elege para a salvação que eles
desprezarão e rejeitarão.
Isto é feito de maneira que apesar de o convite
do evangelho ser geral a todas as pessoas, em todos os lugares e épocas, sem qualquer tipo de acepção, todavia a chamada eficaz que regenera
o nosso coração é feita pelo Espírito Santo de modo eletivo, ou seja, somente àqueles que Ele
conhece que serão receptivos ao evangelho, ainda que resistam até mesmo por muito tempo
a se renderem a Cristo. O trabalho de convencimento do pecado e da necessidade de
arrependimento e do Salvador será paciente e trabalhará nas circunstâncias da vida, sem que
seja dado ao homem saber quem ou não será salvo, porque isto é do conhecimento exclusivo
de Deus (I Cor 7.16), que diferentemente de nós é Onisciente, Onipotente e Onipresente.
O motivo da não eleição não é moral, porque todos os eleitos são tão pecadores quanto os
demais, mas é devido a esta rejeição e este
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desprezo da graça do evangelho que Deus está oferecendo em Jesus Cristo.
Em suma, os eleitos são os que virão a amar a Deus, a viver para Deus, e desejarem mais do que tudo fazer a sua santa vontade.
Por isso, o apóstolo ilustra a eleição com os gêmeos Esaú e Jacó, dizendo que Deus, já havia dito à mãe de ambos, antes mesmo de os
meninos nascerem, que havia amado a Jacó e se aborrecido de Esaú, porque sabia que Esaú
jamais O amaria.
Mas Deus conheceu também a Jacó por meio da sua presciência, e sabia que ele viveria para
fazer a sua vontade, pois se deixaria penetrar pela sua graça e influência, e ensinaria aos seus
filhos a andarem nos seus caminhos.
Então não foi por causa de nenhum mérito que
Jacó tivesse antes de nascer que ele foi eleito, ou mesmo por obras que viria a praticar depois de gerado, porque Deus o conhecera antes mesmo
de tê-lo formado no ventre de Rebeca.
O caso de faraó exemplifica claramente que
Deus não está obrigado a usar de misericórdia para com todos os homens, porque Ele conhece
muito bem o caráter de corrupção da nossa natureza terrena, do quanto somos inimigos e
avessos naturalmente aos seus mandamentos,
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especialmente os relativos à plena santificação do nosso coração.
Até mesmo os eleitos são achados nesta triste condição espiritual, antes da sua chamada,
justificação e regeneração, e por isso necessitam de uma eleição que seja segundo a
graça e misericórdia divina, porque de outro modo jamais poderiam vir a agradá-Lo.
Assim, a misericórdia para a salvação será
manifestada por Deus àqueles que Ele conheceu antes mesmo de serem formados nos ventres de
suas mães, e que se dobrarão a Ele quando chamados eficazmente pelo Espírito Santo, que
não blasfemarão contra Ele e contra os céus, que não odiarão a Jesus, ao evangelho e à sua Igreja,
e que se converterão dos seus maus caminhos.
Mas, a maioria da humanidade, ao longo dos séculos, tem se desviado desta bondade e misericórdia que Deus está oferecendo a todas
as pessoas e em todos os lugares, para que sejam salvas por meio da Justiça de Cristo.
Deus tem, todavia, suportado com grande
longanimidade aqueles que são como vasos de ira, porque se enchem cada vez mais da ira da
justiça divina contra os pecados que praticam, e com a qual serão visitados por fim no Dia do
grande juízo final.
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O Senhor lhes tem permitido, em sua grande maioria, viverem muitos anos sobre a face da
Terra, sem lhes visitar com seus juízos por causa de suas más obras, e não lhes imputando
enquanto aqui vivem, as suas ofensas à sua Justiça e Santidade, mostrando-lhes que são
indesculpáveis em face do longo tempo que lhes foi concedido para que se arrependessem dos seus pecados, e no entanto, têm escolhido não
fazê-lo.
Mas, dos eleitos se diz que são vasos de misericórdia porque será manifestada em suas vidas a misericórdia de Deus, salvando-lhes de
seus pecados e da condenação, porque se arrependeram de seus pecados e confiaram em
Jesus Cristo para ser o Salvador e Senhor deles.
115
O modo de proclamação e recepção do evangelho (Romanos 10)
Tendo falado nos capítulos anteriores sobre o
significado propriamente dito do evangelho,
Paulo vai falar agora neste capítulo sobre o modo de crer no evangelho e de pregá-lo.
Isto deve ser feito de forma positiva, a saber, expondo no poder do Espírito Santo os fatos
relativos à obra de Cristo, porque são realidades que se cumpriram para que agora creiamos
nelas, e para que por meio delas possamos ser salvos por Deus.
Sem a pregação da verdade não há nenhuma fé, porque aprouve a Deus salvar os que creem por
meio da loucura da pregação.
Diz-se loucura, não porque seja algo insensato, mas porque é reputado desta forma pela maioria dos homens, que julgam uma loucura a ideia de
o próprio Deus ter encarnado num corpo humano e ter morrido na cruz na pessoa de seu
Filho, carregando sobre Si os nossos pecados, e estar agora ordenando aos homens em todos os
lugares que se arrependam de seus pecados e carreguem suas próprias cruzes, para a
mortificação do ego carnal, negando-se a si mesmos, para poderem ser verdadeiros
discípulos de Jesus.
116
Uma salvação por obras, baseada em méritos humanos, onde as pessoas se considerem
capacitadas em si mesmas para a salvação, é rejeitada por Deus, pois aqueles que se julgam
indignos a seus próprios olhos, e quão pobres são espiritualmente, e que se arrependem são
os que acham favor diante dele.
Deus não escolheu os que são sábios, e elevados segundo o mundo, mas escolheu os que são
fracos e desprezíveis para o mundo (I Cor 2).
Então, a salvação, o evangelho e suas ordenanças para que o homem se reconheça pecador e que se humilhe diante de Deus, são
considerados uma loucura para os que amam o mundo.
Multipliquem-se os modos e métodos de evangelização, mas a mensagem do evangelho
deve ser sempre a mesma, bem como o grande objetivo final da pregação e ensino do evangelho
deve ser sempre o mesmo, a saber, produzir a salvação e edificação de almas na verdade.
Foi com este propósito em vista que o apóstolo Paulo escreveu o texto que lemos no décimo
capítulo de Romanos.
Como é somente pelo anúncio do evangelho que
pode ser tornada conhecida a justiça de Cristo que está sendo oferecida gratuitamente aos
pecadores, justiça esta que é decorrente
117
exclusivamente da graça, mediante a fé, conforme ele havia discorrido abundantemente
sobre ela nos capítulos anteriores de Romanos, então ele se aplica agora em demonstrar que há
então necessidade de tornar esta justiça conhecida através da proclamação do
evangelho.
A própria fé, por meio da qual somos salvos, é gerada em nós por ouvirmos a mensagem do
evangelho – do genuíno evangelho de Cristo, conforme ele foi explicado por Paulo na carta
aos Romanos.
Crer no evangelho é crer na mensagem que Jesus veio a este mundo para que pudesse
destruir o pecado e as obras do diabo em nossas vidas; para vivermos por meio da sua própria
vida, em verdadeira santificação, despojando-nos continuamente do nosso velho homem, que
recebeu a sentença de morte quando, aos olhos de Deus, morremos juntamente com Cristo na
cruz, para que vivêssemos em novidade de vida espiritual nos revestindo progressivamente das
virtudes da pessoa do próprio Cristo, pelo crescimento das graças implantadas na nossa nova natureza recebida na regeneração, uma
vez tendo sido justificados para sempre pela fé nele.
O que fica aquém desta mensagem, pode ser tudo, menos o evangelho que Cristo veio
anunciar, pois este aponta sobretudo para a
118
necessidade de nos arrependermos do pecado para se obter a vida santificada que existe
somente na nossa união com Ele.
Esta é a mensagem da qual os cristãos estão encarregados por Deus de anunciar ao mundo
inteiro, sem fazer acepção de pessoas, porque o evangelho em si, significa uma boa nova de
grande alegria, e tem este caráter porque não se trata de uma justiça que é requerida por Deus de
nós por meio dos nossos méritos, esforços isolados e boas obras, para que sejamos salvos,
mas uma justiça que está sendo inteiramente oferecida – Cristo, Senhor Justiça Nossa, por meio de quem somos justificados, regenerados
e santificados, com vistas à nossa glorificação futura.
Até mesmo as nossas boas obras que devem seguir a salvação pela graça mediante a fé, e que
são consequência da mesma, devem também ser feitas em Cristo, por Cristo e para Cristo.
É impossível conhecer a Cristo quando se tenta
agradar a Deus por meio da justiça própria.
Os judeus eram zelosos pelo nome do Deus da Bíblia, mas, segundo o apóstolo sem nenhum
entendimento da revelação do evangelho, porque os seus olhos estavam fechados, porque
não tinham a iluminação do Espírito Santo para entenderem o modo de salvação que é pela
graça, e não pelas obras da lei, mediante a
119
própria justiça do homem; e que o evangelho estava destinado ao mundo inteiro e não
somente a eles.
Israel havia sido eleito como nação para que o evangelho fosse trazido por meio deles para
todas as nações da Terra, pois se disse a Abraão, o patriarca deles, que no seu descendente que é
Cristo, seriam abençoadas todas as nações.
Assim, Deus não nos salva por causa da nossa condição pessoal ou nacional, ou da nossa
própria justiça, mas por causa da justiça de Cristo que nos é imputada por graça e por fé.
A lei mesma tem por finalidade principal
conduzir os homens à justiça de Jesus, por reconhecerem a impossibilidade de salvarem a
si mesmos com a prática de suas obras, porque por melhores que elas sejam, eles continuam
sendo servos do pecado.
Há de fato uma justiça que é pela lei, para a salvação, a qual somente Jesus pôde atender em
seu ministério terreno, porque cumpriu a lei perfeitamente.
Nenhum homem tem tal capacidade e poder,
por causa do pecado que habita em sua natureza terrena.
Então, é um caminho impossível o de alguém
tentar ser justificado pela justiça que é pela lei,
120
do mesmo modo como os judeus continuam fazendo até hoje, e não somente eles, como
todas as pessoas que estão debaixo de um sistema religioso que ensina, contra o ensino
bíblico, as obras como meio de salvação.
Por isso, Deus salva não pela justiça que é segundo a lei, mas pela justiça que é segundo a
fé, isto é, que nos vem por causa da nossa fé em Cristo, de que é Ele quem nos salva,
independentemente dos nossos méritos e obras, porque não há quem possa cumprir a lei perfeitamente todos os dias da sua vida, e mudar
por seu próprio poder a sua natureza terrena pecaminosa.
Assim, a justiça que é pela fé não indaga sobre quem irá para o céu; ou quem descerá ao abismo para que possa ser salvo.
Não há tal necessidade ou dúvida, porque Cristo já morreu e subiu ao céu de onde intercede por nós.
Ninguém achará salvação também no abismo, isto é, na morte, porque é aqui neste mundo o lugar onde somos salvos.
Jesus não subirá dentre os mortos para salvar alguém que desceu à sepultura.
O lugar de ser salvo, é aqui, e o momento é na
presente dispensação da graça, que é designada
121
como o dia que se chama Hoje, tão logo ouçamos a voz do Espírito em nosso coração,
chamando-nos ao arrependimento e conversão.
Então, não há necessidade de se pensar em
buscar salvação no céu ou no abismo, porque a palavra que nos salva está junto de nós, na nossa
boca e no nosso coração, quando confessamos a Jesus como Senhor de nossas vidas.
O evangelho nos foi dado para sermos salvos para o céu aqui na Terra, de modo que quando alguém morre sem ter crido no evangelho, esta
pessoa não poderá ser achada no céu, senão num lugar de tormentos eternos.
É confessando a Jesus como Senhor com a nossa boca, crendo no nosso coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos para a nossa
justificação, que somos salvos pelo poder da sua graça.
A boca simplesmente faz a confissão da experiência que ocorreu no espírito, isto é, no coração.
Este modo de salvar usado por Deus é tanto para judeus quanto para gentios, porque Ele não faz
acepção de pessoas, e é rico para com todos os que O invocam; porque tem prometido salvar a
todo aquele que invocar o seu nome.
122
Tendo falado sobre o modo de crer no evangelho, o apóstolo falou a partir do verso 14
sobre o modo como deve ser a sua pregação.
Primeiro ele enfatiza, que as pessoas que ouvirão o evangelho e crerão nele, são aquelas
que estiverem debaixo de uma verdadeira pregação da verdade do evangelho.
Isto porque há muitos que pregam muitas coisas, mas não o evangelho.
Muitos falam coisas acerca do evangelho, mas não o evangelho propriamente dito.
O evangelho é como a semente da parábola do grão de mostarda.
Somente dele pode germinar a vida eterna.
Então não haverá salvação pela pregação de qualquer outra palavra, senão a do próprio
evangelho.
Pregar obras como meio de salvação como faz o judaísmo e muitas outras religiões, não é pregar o evangelho.
Pregar prosperidade mundana como sendo o objetivo de Deus para as nossas vidas, não é
pregar o evangelho.
123
Um outro ponto importante sobre o modo de pregar o evangelho, é que aqueles que o pregam
devem ser enviados por Deus a fazê-lo.
Todo aquele que Deus enviar nesta missão será antes preparado por Ele, tanto quanto ao conhecimento da mensagem da cruz, quanto a
experimentar a cruz em sua própria vida; porque somente aqueles que estão crucificados
verdadeiramente podem pregar a mensagem da cruz.
Deve haver, portanto, uma comissão divina para cada pessoa que é levantada como pregador.
Outro ponto que é destacado por Paulo no verso 15 deste décimo capítulo de Romanos, em
relação à pregação, é aquele que faz referência aos pés dos que pregam, e se diz deles que são
formosos.
Isto indica, que servir ao Senhor na pregação da Palavra implicará em movimento para ir aonde quer que Ele nos envie.
Será exigido de nós prontidão para caminhar, para avançar, para conquistar almas para Cristo.
Então a fé é pelo ouvir a pregação, e este ouvir
deve ser obrigatoriamente da Palavra de Deus, e não de qualquer outra palavra da imaginação,
ciência ou artifício dos homens.
124
A mensagem que devemos pregar é uma revelação que nos veio diretamente do céu,
então devemos nos cuidar para não nos iludirmos pensando que pregamos o evangelho
enquanto falamos somente de coisas naturais e de realidades que pertencem a este mundo.
Antes de prosseguirmos com nossa exposição relativa ao capítulo décimo segundo, devemos
destacar que o apóstolo continua apresentando razões relativas ao endurecimento de Israel ao
evangelho, no décimo primeiro capítulo, como já havia feito anteriormente nos nono e décimo
capítulos, de modo a deixar bastante claro que o endurecimento de Israel não signficava que eles
haviam sido rejeitados definitivamente por Deus, através da eleição. Ao contrário, Ele
sempre manteria um remanescente (os que creriam em Cristo) daquela nação, em todas as épocas da história da Igreja, até ao ponto de
produzir uma conversão ampla e geral na nação por ocasião da segunda vinda de Jesus.
125
A conduta que convém aos salvos pelo evangelho (Romanos 12)
Tendo explanado nos capítulos anteriores a
doutrina do evangelho em relação à obra realizada por Cristo e qual é a posição que os
cristãos obtiveram diante de Deus por causa dele, Paulo passou a descrever agora neste
capítulo quais são as implicações práticas nas vidas dos cristãos, por causa da salvação pelo
evangelho.
O propósito do evangelho não é simplesmente o de nos trazer informações sobre a vida celestial que está em Jesus Cristo, mas de transformar
nossos corações e modificar efetivamente todo o nosso comportamento.
A fé cristã não é um mero sistema de crenças, mas um poder, um princípio espiritual vivo e
eficaz que opera principalmente pela fé que atua pelo amor.
Assim, as exortações práticas deste capítulo resumem em que consiste a vida do cristão.
Paulo começou o décimo segundo capítulo de Romanos, rogando aos cristãos, por causa da
misericórdia que foi demonstrada a eles por Deus, em Cristo, oferecendo-O como oferta
pelos pecados deles, que também
126
apresentassem os seus próprios corpos a Deus como um sacrifício vivo, santo e agradável.
Este sacrifício do cristão não tem em vista completar algo da obra perfeita de salvação que
foi plenamente consumada por nosso Senhor Jesus Cristo, senão, que diz respeito
exclusivamente à sua consagração pessoal a Deus.
Não se entenda este sacrifício como alguma
forma de ações penitenciais que visem flagelar o nosso corpo físico, ofertas pecuniárias além de
nossas posses, ou mesmo aquelas que não nos forem requeridas diretamente pelo próprio
Deus, ou qualquer tipo de flagelação pessoal.
O que está sendo dito pelo apóstolo está relacionado ao ensino de Jesus sobre a negação do nosso ego carnal, visando-se à renovação da
nossa mente naturalmente carnal em mente espiritual – a mente do próprio Cristo.
Mas para que isto seja possível é necessário que
não estejamos conformados ao modo de ser e agir deste mundo, pensando e agindo segundo o
mundo, de maneira que é necessária uma transformação de vida pela renovação da
mente, para que se possa experimentar de fato a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus,
como se lê no verso 2.
127
A palavra usada por Paulo no original grego para transformação é metamorféu, de onde é vertida
a nossa palavra metamorfose, que explica, por exemplo, a transformação de uma lagarta numa
borboleta.
É, portanto, uma referência a uma transformação de essência de vida. De uma vida
natural e carnal, para uma vida espiritual. E o modo desta nossa transformação é afirmado
pelo apóstolo como sendo resultante da renovação da nossa mente.
É importante que saibamos que temos uma
mente habituada aos padrões de pensamentos mundanos, terrenos e pecaminosos, e ainda por
cima corrompida pelo pecado, e por isso ela precisa ser renovada pelo Espírito Santo e pela
Palavra de Deus, para que possamos substituir estes padrões de pensamentos terrenos,
mundanos e pecaminosos, pelos padrões celestiais, divinos e santos.
Para exemplificar este modo de pensar segundo
o mundo e não segundo Deus, podemos citar o conceito que comumente é atribuído à palavra
santificação, que pouco ou nada tem a ver com o reto ensino bíblico sobre santificação.
Quando a Bíblia fala da santificação sem a qual
ninguém verá a Deus, e que para obtê-la necessitamos nascer de novo do Espírito e
sermos submetidos à disciplina de Deus para
128
que sejamos feitos coparticipantes da sua própria santidade, geralmente isto que é
apresentado de modo claro, firme e absoluto é interpretado por muitos como algo que se refira
tão somente à própria escolha que fazemos de evitar determinados hábitos nocivos e
incorporar alguns outros que sejam moralmente aprovados.
Todavia, o ensino bíblico sobre a santificação
que é requerida por Deus aponta para uma mortificação real da natureza terrena – de um
revestimento real da vida de Cristo, e isto por progressivas provações da fé que visam ao seu
refinamento e crescimento, de modo que o apóstolo Paulo afirma que importa entrarmos
no reino de Deus por meio de muitas tribulações.
É por meio destas operações progressivas e
graduais do processo de santificação pelo Espírito Santo, mediante aplicação da Palavra de
Deus às nossas vidas, que o velho homem vai ficando cada vez mais fraco, e com ele o pecado;
e a graça de Jesus cada vez mais forte em nossas vidas, e com ela, o crescimento em nós de suas virtudes celestiais, espirituais e divinas.
De modo que sendo confirmados na fé, cheguemos a dizer com Paulo que não temos
permanecido na prática do pecado, e com João que disse que havia escrito a sua primeira
epístola para que não pequemos.
129
Acrescente-se a isto que o exercício destas graças e deveres demanda um coração sincero
na busca de uma vida consagrada ao Senhor e aos interesses do seu reino, uma vez que existe
a impossibilidade de se servir a dois senhores.
A salvação (eleição, justificação e regeneração) nos veio inteiramente pela graça e mediante a
fé, mas deve ser desenvolvida mediante a nossa aplicação e esforço em todos os deveres
espirituais que nos são ordenados na Palavra de Deus, ou seja, através da santificação.
Não importa qual seja a nossa medida de fé, ou o grau de importância e responsabilidade do nosso ministério, porque em todos os casos, o
que se requer é completa fidelidade ao Senhor e à sua Palavra.
De modo que se dissermos que o alvo do evangelho é o de que tenhamos uma vida em
que o pecado seja algo eventual, como resultado de falta de vigilância, de oração, de meditação e
prática da Palavra ocasionada por alguma negligência ou fraqueza decorrente de um
descuido ocasional no uso do escudo da fé, e de todos os componentes da armadura de Deus, é
quase certo que isto causará um espanto geral, porque os crentes se acostumaram à ideia de
que haja da parte de Deus para eles, uma abertura de concessões para permanecerem na
prática de determinados pecados.
130
Releia o estudo relativo ao sexto capítulo de Romanos, e veja se há ali alguma instrução desta
natureza?
Porventura não são afirmadas verdades absolutas como as seguintes?
“Rom 6:1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais
abundante?
Rom 6:2 De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?”
“Rom 6:12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais
às suas paixões;
Rom 6:13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de
iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos
membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”
Por isso necessitamos nos exortar mutuamente à diligência na prática do amor e das boas obras.
Devemos interceder uns pelos outros para que possamos ser achados de pé naquela condição
que nos é imposta pelo evangelho.
131
Por isso, quando cremos, somos feitos parte de um corpo formado por muitos membros,
exatamente para que haja auxílio e cooperação mútuos entre os diversos membros, pelo
desempenho das respectivas funções e dons recebidos de Deus.
Assim, o amor não fingido que os cristãos devem ter é o amor cristão conforme está
definido em I Cor 13.
O cristão deve aborrecer toda forma de mal, e apegar-se somente ao bem.
Além do amor a Deus e a todos os homens referido no verso 9, é dever do cristão amar seus irmãos em Cristo de coração, preferindo-se em
honra mutuamente como se afirma no verso 10.
Nenhum cristão deve ser lento, vagaroso na execução do zelo pelas coisas de Deus, e deve servi-lo fervorosamente em espírito como se vê
no verso 11.
Devem ser alegres na esperança da sua salvação, e sabendo que esta é certa e segura, devem ser pacientes em suas tribulações, e
conseguirão isto perseverando em oração, como se afirma no verso 12.
A vida cristã é pontilhada de muitas lutas contra
os poderes das trevas, especialmente quando o
132
cristão aumenta em graus a sua consagração ao Senhor.
Isto lhe traz muitas aflições e tristezas,
produzidas pelos ataques que recebe dos espíritos opositores ao evangelho, e por isso
deve permanecer firme na alegria da esperança da vida completamente resgatada das dores e
aflições que sofre neste mundo que desfrutará por ocasião da volta do Senhor, sabendo
também que Ele não lhe deixará nem desamparará, ao contrário, lhe proverá força e
consolo em suas provações presentes.
Paulo diz no verso 13 deste décimo segundo capítulo de Romanos: “Comunicai com os
santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;” a palavra no original grego para
o verbo comunicai é koinoneo, de onde vem a palavra koinonia, que significa comunhão.
Então se trata de um compartilhar as
necessidades dos irmãos em comunhão com eles, no Espírito, daí ser seguido este
mandamento pelo de se praticar a hospitalidade; não apenas em nossas casas, mas
em nossos corações.
O verso 14 contém uma repetição do mandamento que nos foi dado por Jesus em seu
ministério terreno de abençoarmos os que nos maldizem e perseguem, a ponto de até mesmo
amarmos os nossos inimigos.
133
Todo cristão faz parte de um corpo do qual Jesus é a cabeça.
Desta forma se algum membro deste corpo está
triste, ele fica também triste.
Se algum membro está alegre ele também se alegra, de maneira que é, neste modo de vida
sentindo simpatia no espírito pela condição dos demais membros do corpo de Cristo, que cada
cristão deve ser encontrado, por andar no Espírito e ter aprendido dele a ter um coração
como o de Cristo que simpatiza tanto com as nossas alegrias quanto com as nossas tristezas,
daí ter o apóstolo dito no verso 15: “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que
choram;”.
Se é deste modo que os cristãos devem viver na comunhão mútua, então devem se esforçar para
que tenham o mesmo sentir e pensar de uns para com os outros; não ambicionando as coisas
que o mundo considera elevadas, mas se acomodando com as que são humildes; mas isto
só será possível se não andarem segundo a sua própria sabedoria terrena, mas somente pelo
ato de se autonegarem para poderem andar e viver em conformidade com a mente de Cristo,
e não segundo o modo de pensar e agir deste mundo, como se lê no verso 16.
Desta forma é um dever de todo cristão, no que
depender dele, ter paz com todos os homens.
134
Na verdade, a paz de Jesus é um juiz que dirá ao nosso coração se estamos agindo contra este
mandamento, porque quando estamos em plena comunhão com o Senhor, todo espírito de
vingança, amargura, contenda, ira, vai embora, e o que reina é o espírito de paz como fruto do
Espírito Santo.
Não é dado ao cristão o direito de se vingar - ainda que seja tratando com frieza e amargura -
daqueles que julga que devem pagar por lhe terem aborrecido.
Nem mesmo no caso de uma breve ira
justificada por causa de algum pecado real praticado contra ele deve abrigar qualquer
sentimento de vingança, mas deixar que Deus seja o juiz da sua causa.
Ele prometeu julgar todo o mal que for praticado
no mundo e certamente o fará no dia do juízo, e muitas vezes intervém com juízos, mesmo neste
mundo, para defender os seus, então o cristão deve aprender a confiar totalmente nesta justiça
divina que nunca falha e guardar o seu coração sossegado e em paz em meio às injustiças que
possa vir a sofrer, como se vê no verso 19.
Então em vez de se vingar, deve amar seus inimigos, e caso eles tenham fome e não
tenham quem possa lhes dar de comer, o cristão bem fará se o alimentar; do mesmo modo deve
agir caso ele tenha sede, porque estará
135
amontoando brasas de fogo sobre a sua cabeça, isto é, dando-lhe a oportunidade de examinar a
sua consciência e ver se é justa a inimizade que tem alimentado contra os cristãos, como se lê
no verso 20.
Seguindo todas estas ordenanças o cristão não
se deixará vencer pelo mal, antes vencerá o mal com o bem; e nunca é demais lembrar que
Satanás está sempre procurando brechas em nosso comportamento, através das quais possa entrar com suas tentações para neutralizar-nos
em nossa caminhada espiritual, como se vê no verso 21.
Agora, como temos aprendido até aqui, pelo exame das Escrituras, nada disso é possível de
ser vivido à parte de Cristo. Por isso necessitamos manter a nossa comunhão
diariamente em espírito com Ele, através da vigilância, da oração, e do exercício de todos
demais meios de graça (oração, confissão, meditação etc) que nos foram providos por Deus
com vistas a mantermos a referida comunhão, pois sem Ele nada podemos fazer.
Acima de tudo devemos cuidar em manter o nosso coração puro, porque é dele que
procedem todas as veredas desta vida divina.
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Conclusão
Com esta breve exposição não apresentamos todos os aspectos que se encontram
relacionados ao Evangelho, até mesmo porque, como o próprio Cristo, este é infinito e eterno.
Todavia, os pontos essenciais do mistério do
evangelho que foi revelado em Cristo, foram devidamente considerados, de modo que
possamos entender o propósito eterno de Deus que se cumpre na união dos crentes com Cristo.
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ANEXO: Epístola aos Romanos
ROMANOS 1
1 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus,
2 que ele antes havia prometido pelos seus
profetas nas santas Escrituras,
3 acerca de seu Filho, que nasceu da
descendência de Davi segundo a carne,
4 e que com poder foi declarado Filho de Deus
segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dentre os mortos - Jesus Cristo
nosso Senhor,
5 pelo qual recebemos a graça e o apostolado,
por amor do seu nome, para a obediência da fé entre todos os gentios,
6 entre os quais sois também vós chamados para
serdes de Jesus Cristo;
7 a todos os que estais em Roma, amados de
Deus, chamados para serdes santos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor
Jesus Cristo.
8 Primeiramente dou graças ao meu Deus,
mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.
9 Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de
como incessantemente faço menção de vós,
10 pedindo sempre em minhas orações que, afinal, pela vontade de Deus, se me ofereça boa
ocasião para ir ter convosco.
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11 Porque desejo muito ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que
sejais fortalecidos;
12 isto é, para que juntamente convosco eu seja
consolado em vós pela fé mútua, vossa e minha.
13 E não quero que ignoreis, irmãos, que muitas vezes propus visitar-vos (mas até agora tenho
sido impedido), para conseguir algum fruto entre vós, como também entre os demais
gentios.
14 Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.
15 De modo que, quanto está em mim, estou pronto para anunciar o evangelho também a vós
que estais em Roma.
16 Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
17 Porque no evangelho é revelada, de fé em fé,
a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
18 Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que
detêm a verdade em injustiça.
19 Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho
manifestou.
20 Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde
a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles
são inescusáveis;
139
21 porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram
graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu.
22 Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos,
23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
24 Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia,
para serem os seus corpos desonrados entre si;
25 pois trocaram a verdade de Deus pela
mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente.
Amém.
26 Pelo que Deus os entregou a paixões infames.
Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza;
27 semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se
inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo
torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.
28 E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus, Deus, por sua vez, os
entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas que não convêm;
29 estando cheios de toda a injustiça, malícia, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio,
contenda, dolo, malignidade;
140
30 sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos,
presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pais;
31 néscios, infiéis nos contratos, sem afeição
natural, sem misericórdia; 32 os quais, conhecendo bem o decreto de Deus,
que declara dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também
aprovam os que as praticam.
141
ROMANOS 2
1 Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti
mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo.
2 E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que tais coisas praticam.
3 E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao
juízo de Deus?
4 Ou desprezas tu as riquezas da sua
benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te conduz
ao arrependimento?
5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração
impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,
6 que retribuirá a cada um segundo as suas obras;
7 a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória,
e honra e incorrupção;
8 mas ira e indignação aos que são contenciosos,
e desobedientes à iniquidade;
9 tribulação e angústia sobre a alma de todo
homem que pratica o mal, primeiramente do judeu, e também do grego;
10 glória, porém, e honra e paz a todo aquele que pratica o bem, primeiramente ao judeu, e
também ao grego;
11 pois para com Deus não há acepção de
pessoas.
142
12 Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei
pecaram, pela lei serão julgados.
13 Pois não são justos diante de Deus os que só
ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei
14 (porque, quando os gentios, que não têm lei,
fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei.
15 pois mostram a obra da lei escrita em seus
corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os),
16 no dia em que Deus há de julgar os segredos
dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho.
17 Mas se tu és chamado judeu, e repousas na lei,
e te glorias em Deus;
18 e conheces a sua vontade e aprovas as coisas
excelentes, sendo instruído na lei;
19 e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas,
20 instruidor dos néscios, mestre de crianças,
que tens na lei a forma da ciência e da verdade;
21 tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas
a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
22 Tu, que dizes que não se deve cometer
adultério, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, roubas os templos?
23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela
transgressão da lei?
143
24 Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está
escrito.
25 Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és
transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão.
26 Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos
da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão?
27 E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da lei.
28 Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na
carne.
29 Mas é judeu aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na
letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.
144
ROMANOS 3
1 Que vantagem, pois, tem o judeu? ou qual a
utilidade da circuncisão?
2 Muita, em todo sentido; primeiramente, porque lhe foram confiados os oráculos de Deus.
3 Pois quê? Se alguns foram infiéis, porventura a sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus?
4 De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro,
e todo homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e
venças quando fores julgado.
5 E, se a nossa injustiça prova a justiça de Deus,
que diremos? Acaso Deus, que castiga com ira, é injusto? (Falo como homem.)
6 De modo nenhum; do contrário, como julgará
Deus o mundo?
7 Mas, se pela minha mentira abundou mais a
verdade de Deus para sua glória, por que sou eu ainda julgado como pecador?
8 E por que não dizemos: Façamos o mal para
que venha o bem? - como alguns caluniosamente afirmam que dizemos; a
condenação dos quais é justa.
9 Pois quê? Somos melhores do que eles? De
maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo
do pecado;
10 como está escrito: Não há justo, nem sequer um.
11 Não há quem entenda; não há quem busque a
Deus.
145
12 Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem
um só.
13 A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha
de áspides está debaixo dos seus lábios;
14 a sua boca está cheia de maldição e amargura.
15 Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 Nos seus caminhos há destruição e miséria;
17 e não conheceram o caminho da paz.
18 Não há temor de Deus diante dos seus olhos.
19 Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos
que estão debaixo da lei o diz, para que se cale toda boca e todo o mundo fique sujeito ao juízo
de Deus;
20 porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela
lei é o pleno conhecimento do pecado.
21 Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a
justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas;
22 isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem; pois não há distinção.
23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
24 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus,
25 ao qual Deus propôs como propiciação, pela
fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de
lado os delitos outrora cometidos;
146
26 para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e
também justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde está logo a jactância? Foi excluída. Por
que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.
28 concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.
29 É porventura Deus somente dos judeus? Não
é também dos gentios? Também dos gentios, certamente,
30 se é que Deus é um só, que pela fé há de
justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão.
31 Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo
nenhum; antes estabelecemos a lei.
147
ROMANOS 4
1 Que diremos, pois, ter alcançado Abraão,
nosso pai segundo a carne?
2 Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.
3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
4 Ora, ao que trabalha não se lhe conta a
recompensa como dádiva, mas sim como dívida;
5 porém ao que não trabalha, mas crê naquele
que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça;
6 assim também Davi declara bem-aventurado o
homem a quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo:
7 Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.
8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor
não imputará o pecado.
9 Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a
incircuncisão? Porque dizemos: A Abraão foi imputada a fé como justiça.
10 Como, pois, lhe foi imputada? Estando na circuncisão, ou na incircuncisão? Não na
circuncisão, mas sim na incircuncisão.
11 E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé que teve quando ainda não era
circuncidado, para que fosse pai de todos os que creem, estando eles na incircuncisão, a fim de
que a justiça lhes seja imputada,
148
12 bem como fosse pai dos circuncisos, dos que não somente são da circuncisão, mas também
andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, antes de ser circuncidado.
13 Porque não foi pela lei que veio a Abraão, ou à sua descendência, a promessa de que havia de
ser herdeiro do mundo, mas pela justiça da fé.
14 Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é anulada.
15 Porque a lei opera a ira; mas onde não há lei
também não há transgressão.
16 Porquanto procede da fé o ser herdeiro, para
que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a descendência, não
somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.
17 (como está escrito: Por pai de muitas nações
te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as
coisas que não são, como se já fossem.
18 O qual, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas
nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência;
19 e sem se enfraquecer na fé, considerou o seu próprio corpo já amortecido (pois tinha quase
cem anos), e o amortecimento do ventre de Sara;
20 contudo, à vista da promessa de Deus, não
vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus,
21 e estando certíssimo de que o que Deus tinha
prometido, também era poderoso para o fazer.
149
22 Pelo que também isso lhe foi imputado como justiça.
23 Ora, não é só por causa dele que está escrito
que lhe foi imputado; 24 mas também por causa de nós a quem há de
ser imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor;
25 o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação.
150
ROMANOS 5
1 Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,
2 por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e
gloriemo-nos na esperança da glória de Deus.
3 E não somente isso, mas também gloriemo-
nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança,
4 e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança;
5 e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
6 Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo
morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Porque dificilmente haverá quem morra por
um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer.
8 Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo
morreu por nós.
9 Logo muito mais, sendo agora justificados
pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
10 Porque se nós, quando éramos inimigos,
fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida.
11 E não somente isso, mas também nos
gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a
reconciliação.
151
12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a
morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.
13 Porque antes da lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é
levado em conta.
14 No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram
à semelhança da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir.
15 Mas não é assim o dom gratuito como a
ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom
pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.
16 Também não é assim o dom como a ofensa,
que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas
ofensas para justificação.
17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a
abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio
o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a
graça sobre todos os homens para justificação e vida.
19 Porque, assim como pela desobediência de
um só homem muitos foram constituídos
152
pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos.
20 Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa
abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;
21 para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça
pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.
153
ROMANOS 6
1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça?
2 De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?
3 Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos
batizados na sua morte?
4 Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo
na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
andemos nós também em novidade de vida.
5 Porque, se temos sido unidos a ele na
semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição;
6 sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado
fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.
7 Pois quem está morto está justificado do pecado.
8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9 sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais
tem domínio sobre ele.
10 Pois quanto a ter morrido, de uma vez por
todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus.
11 Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em
Cristo Jesus.
154
12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas
concupiscências;
13 nem tampouco apresenteis os vossos
membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos
membros a Deus, como instrumentos de justiça.
14 Pois o pecado não terá domínio sobre vós,
porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
15 Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?
De modo nenhum.
16 Não sabeis que daquele a quem vos
apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do
pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?
17 Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à
forma de doutrina a que fostes entregues;
18 e libertos do pecado, fostes feitos servos da
justiça.
19 Falo como homem, por causa da fraqueza da
vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da
iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da
justiça para santificação.
20 Porque, quando éreis servos do pecado,
estáveis livres em relação à justiça.
155
21 E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas é a
morte.
22 Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.
23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.
156
ROMANOS 7
1 Ou ignorais, irmãos (pois falo aos que
conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que ele vive?
2 Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele
morrer, ela está livre da lei do marido.
3 De sorte que, enquanto viver o marido, será
chamado adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não
será adúltera se for de outro marido.
4 Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo,
para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para
Deus.
5 Pois, quando estávamos na carne, as paixões
dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.
6 Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos,
para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.
7 Que diremos pois? É a lei pecado? De modo
nenhum. Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a
concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.
8 Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de
concupiscência; porquanto onde não há lei está
morto o pecado.
157
9 E outrora eu vivia sem a lei; mas assim que veio o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri;
10 e o mandamento que era para vida, esse achei que me era para morte.
11 Porque o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento me enganou, e por ele me matou.
12 De modo que a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.
13 Logo o bom tornou-se morte para mim? De modo nenhum; mas o pecado, para que se
mostrasse pecado, operou em mim a morte por meio do bem; a fim de que pelo mandamento o
pecado se manifestasse excessivamente maligno.
14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.
15 Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso
faço.
16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei,
que é boa.
17 Agora, porém, não sou mais eu que faço isto,
mas o pecado que habita em mim.
18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não
está.
19 Pois não faço o bem que quero, mas o mal que
não quero, esse pratico.
20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço
eu, mas o pecado que habita em mim.
21 Acho então esta lei em mim, que, mesmo
querendo eu fazer o bem, o mal está comigo.
158
22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
23 mas vejo nos meus membros outra lei
guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos
meus membros.
24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
25 Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor!
De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.
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ROMANOS 8
1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.
3 Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu
próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne
condenou o pecado.
4 para que a justa exigência da lei se cumprisse
em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5 Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo
o Espírito para as coisas do Espírito.
6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a
inclinação do Espírito é vida e paz.
7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade
contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser;
8 e os que estão na carne não podem agradar a Deus.
9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em
vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
10 Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o
espírito vive por causa da justiça.
11 E, se o Espírito daquele que dos mortos
ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que
160
dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo
seu Espírito que em vós habita.
12 Portanto, irmãos, somos devedores, não à carne para vivermos segundo a carne;
13 porque se viverdes segundo a carne, haveis de
morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de
Deus, esses são filhos de Deus.
15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor,
mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!
16 O Espírito mesmo testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus;
17 e, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que
com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
18 Pois tenho para mim que as aflições deste
tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada.
19 Porque a criação aguarda com ardente
expectativa a revelação dos filhos de Deus.
20 Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade,
não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que também a própria
criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos
de Deus.
161
22 Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto
até agora;
23 e não só ela, mas até nós, que temos as
primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo.
24 Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois o que
alguém vê, como o espera?
25 Mas, se esperamos o que não vemos, com
paciência o aguardamos.
26 Do mesmo modo também o Espírito nos
ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito
mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.
27 E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a
vontade de Deus, intercede pelos santos.
28 E sabemos que todas as coisas concorrem
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito.
29 Porque os que dantes conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos;
30 e aos que predestinou, a estes também
chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também
glorificou.
162
31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho
poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?
33 Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica;
34 Quem os condenará? Cristo Jesus é quem
morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também
intercede por nós;
35 quem nos separará do amor de Cristo? a
tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos
considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.
38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas
presentes, nem futuras, nem potestades,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.
163
ROMANOS 9
1 Digo a verdade em Cristo, não minto, dando
testemunho comigo a minha consciência no Espírito Santo,
2 que tenho grande tristeza e incessante dor no meu coração.
3 Porque eu mesmo desejaria ser separado de
Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;
4 os quais são israelitas, de quem é a adoção, e a
glória, e os pactos, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas;
5 de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é
sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém.
6 Não que a palavra de Deus haja falhado. Porque
nem todos os que são de Israel são israelitas;
7 nem por serem descendência de Abraão são
todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8 Isto é, não são os filhos da carne que são filhos
de Deus; mas os filhos da promessa são contados como descendência.
9 Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho.
10 E não somente isso, mas também a Rebeca,
que havia concebido de um, de Isaque, nosso pai
11 (pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o
propósito de Deus segundo a eleição
164
permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama),
12 foi-lhe dito: O maior servirá o menor.
13 Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú.
14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de
Deus? De modo nenhum.
15 Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de
quem me aprouver ter misericordia, e terei compaixão de quem me aprouver ter
compaixão.
16 Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de
misericórdia.
17 Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a
terra.
18 Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece.
19 Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda?
Pois, quem resiste à sua vontade?
20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus
replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para
da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso?
22 E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua
ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para
a perdição;
165
23 para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia,
que de antemão preparou para a glória,
24 os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os
gentios?
25 Como diz ele também em Oseias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à
que não era amada.
26 E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos
do Deus vivo.
27 Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja
como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
28 Porque o Senhor executará a sua palavra
sobre a terra, consumando-a e abreviando-a.
29 E como antes dissera Isaías: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência,
teríamos sido feitos como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra.
30 Que diremos pois? Que os gentios, que não
buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé.
31 Mas Israel, buscando a lei da justiça, não
atingiu esta lei.
32 Por que? Porque não a buscavam pela fé, mas
como que pelas obras; e tropeçaram na pedra de tropeço;
33 como está escrito: Eis que eu ponho em Sião
uma pedra de tropeço; e uma rocha de
166
escândalo; e quem nela crer não será confundido.
167
ROMANOS 10
1 Irmãos, o bom desejo do meu coração e a
minha súplica a Deus por Israel é para sua salvação.
2 Porque lhes dou testemunho de que têm zelo
por Deus, mas não com entendimento.
3 Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se
sujeitaram à justiça de Deus.
4 Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê.
5 Porque Moisés escreve que o homem que
pratica a justiça que vem da lei viverá por ela.
6 Mas a justiça que vem da fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto
é, a trazer do alto a Cristo;)
7 ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a fazer
subir a Cristo dentre os mortos).
8 Mas que diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé, que
pregamos.
9 Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, será salvo;
10 pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.
11 Porque a Escritura diz: Ninguém que nele crê
será confundido.
12 Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico
para com todos os que o invocam.
168
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 Como pois invocarão aquele em quem não
creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem
pregue?
15 E como pregarão, se não forem enviados?
assim como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!
16 Mas nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa
mensagem?
17 Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.
18 Mas pergunto: Porventura não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra saiu a voz deles, e as
suas palavras até os confins do mundo.
19 Mas pergunto ainda: Porventura Israel não o
soube? Primeiro diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, com um
povo insensato vos provocarei à ira.
20 E Isaías ousou dizer: Fui achado pelos que não me buscavam, manifestei-me aos que por mim
não perguntavam.
21 Quanto a Israel, porém, diz: Todo o dia estendi
as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.
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ROMANOS 11
1 Pergunto, pois: Acaso rejeitou Deus ao seu povo? De modo nenhum; por que eu também
sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 Deus não rejeitou ao seu povo que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de
Elias, como ele fala a Deus contra Israel, dizendo:
3 Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e
procuraram tirar-me a vida?
4 Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei
para mim sete mil varões que não dobraram os joelhos diante de Baal.
5 Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça.
6 Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça.
7 Pois quê? O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram; e os outros
foram endurecidos,
8 como está escrito: Deus lhes deu um espírito
entorpecido, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até o dia de hoje.
9 E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, e em retribuição;
10 escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e tu encurva-lhes sempre as costas.
11 Logo, pergunto: Porventura tropeçaram de modo que caíssem? De maneira nenhuma,
antes pelo seu
170
tropeço veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação.
12 Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto
mais a sua plenitude!
13 Mas é a vós, gentios, que falo; e, porquanto
sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério,
14 para ver se de algum modo posso incitar à emulação os da minha raça e salvar alguns
deles.
15 Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do
mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?
16 Se as primícias são santas, também a massa o
é; e se a raiz é santa, também os ramos o são.
17 E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu,
sendo zambujeiro, foste enxertado no lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da
oliveira,
18 não te glories contra os ramos; e, se contra
eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
19 Dirás então: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.
20 Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu pela tua fé estás firme. Não te
ensoberbeças, mas teme;
21 porque, se Deus não poupou os ramos
naturais, não te poupará a ti.
22 Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para
contigo, a bondade de Deus, se permaneceres
171
nessa bondade; do contrário também tu serás cortado.
23 E ainda eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque
poderoso é Deus para os enxertar novamente.
24 Pois se tu foste cortado do natural
zambujeiro, e contra a natureza enxertado em oliveira legítima, quanto mais não serão
enxertados na sua própria oliveira esses que são ramos naturais!
25 Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não presumais de vós
mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja
entrado;
26 e assim todo o Israel será salvo, como está
escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades;
27 e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados.
28 Quanto ao evangelho, eles na verdade, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à
eleição, amados por causa dos pais.
29 Porque os dons e a vocação de Deus são
irretratáveis.
30 Pois, assim como vós outrora fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes
misericórdia pela desobediência deles,
31 assim também estes agora foram
desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós
demonstrada.
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32 Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim de usar de misericórdia
para com todos.
33 ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão
insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!
34 Pois, quem jamais conheceu a mente do
Senhor? ou quem se fez seu conselheiro?
35 Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?
36 Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
173
ROMANOS 12
1 Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de
Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis a este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus.
3 Porque pela graça que me foi dada, digo a cada
um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de
si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um.
4 Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a
mesma função,
5 assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.
6 De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela
segundo a medida da fé;
7 se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar,
haja dedicação ao ensino;
8 ou que exorta, use esse dom em exortar; o que
reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com
alegria.
9 O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e
apegai-vos ao bem.
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10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns
aos outros;
11 não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
12 alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
13 acudi aos santos nas suas necessidades,
exercei a hospitalidade;
14 abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e
não amaldiçoeis;
15 alegrai-vos com os que se alegram; chorai
com os que choram;
16 sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altivas mas acomodai-vos às humildes;
não sejais sábios aos vossos olhos;
17 a ninguém torneis mal por mal; procurai as
coisas dignas, perante todos os homens.
18 Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.
19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito:
Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor.
20 Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de
comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a
sua cabeça.
21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
175
ROMANOS 13
1 Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus.
2 Por isso quem resiste à autoridade resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3 Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que
fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela;
4 porquanto ela é ministro de Deus para teu
bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e
vingador em ira contra aquele que pratica o mal.
5 Pelo que é necessário que lhe estejais sujeitos,
não somente por causa da ira, mas também por causa da consciência.
6 Por esta razão também pagais tributo; porque são ministros de Deus, para atenderem a isso
mesmo.
7 Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a
quem temor, temor; a quem honra, honra.
8 A ninguém devais coisa alguma, senão o amor
recíproco; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei.
9 Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não
furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume:
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
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10 O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei.
11 E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora
de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que
quando nos tornamos crentes.
12 A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos,
pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.
13 Andemos honestamente, como de dia: não
em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e
inveja.
14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas
concupiscências.
177
ROMANOS 14
1 Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos.
2 Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes.
3 Quem come não despreze a quem não come; e
quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu.
4 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará
firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.
5 Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja
inteiramente convicto em sua própria mente.
6 Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz.
E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor
não come, e dá graças a Deus.
7 Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum
morre para si.
8 Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos; se
morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do
Senhor.
9 Porque foi para isto mesmo que Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.
10 Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu,
também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal
de Deus.
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11 Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e
toda língua louvará a Deus.
12 Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
13 Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes o seja o vosso propósito não pôr
tropeço ou escândalo ao vosso irmão.
14 Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que
nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é
imundo.
15 Pois, se pela tua comida se entristece teu
irmão, já não andas segundo o amor. Não faças perecer por causa da tua comida aquele por
quem Cristo morreu.
16 Não seja pois censurado o vosso bem;
17 porque o reino de Deus não consiste no comer
e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo.
18 Pois quem nisso serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.
19 Assim, pois, sigamos as coisas que servem para a paz e as que contribuem para a edificação
mútua.
20 Não destruas por causa da comida a obra de
Deus. Na verdade tudo é limpo, mas é um mal para o homem dar motivo de tropeço pelo
comer.
21 Bom é não comer carne, nem beber vinho,
nem fazer outra coisa em que teu irmão tropece.
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22 A fé que tens, guarda-a contigo mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se
condena a si mesmo naquilo que aprova. 23 Mas aquele que tem dúvidas, se come está
condenado, porque o que faz não provém da fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.
180
ROMANOS 15
1 Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e nào agradar a nós
mesmos.
2 Portanto cada um de nós agrade ao seu
próximo, visando o que é bom para edificação.
3 Porque também Cristo não se agradou a si
mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.
4 Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela
constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança.
5 Ora, o Deus de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros,
segundo Cristo Jesus.
6 Para que unânimes, e a uma boca, glorifiqueis
ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
7 Portanto recebei-vos uns aos outros, como
também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.
8 Digo pois que Cristo foi feito ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para
confirmar as promessas feitas aos pais;
9 e para que os gentios glorifiquem a Deus pela
sua misericórdia, como está escrito: Portanto eu te louvarei entre os gentios, e cantarei ao teu
nome.
10 E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios,
juntamente com o povo.
11 E ainda: Louvai ao Senhor, todos os gentios, e
louvem-no, todos os povos.
181
12 E outra vez, diz também Isaías: Haverá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para reger os
gentios; nele os gentios esperarão.
13 Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o
gozo e paz na vossa fé, para que abundeis na esperança pelo poder do Espírito Santo.
14 Eu, da minha parte, irmãos meus, estou
persuadido a vosso respeito, que vós já estais cheios de bondade, cheios de todo o
conhecimento e capazes, vós mesmos, de admoestar-vos uns aos outros.
15 Mas em parte vos escrevo mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória,
por causa da graça que por Deus me foi dada,
16 Que seja ministro de Jesus Cristo para os
gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios,
santificada pelo Espírito Santo.
17 Tenho, portanto, motivo para me gloriar em
Cristo Jesus, nas coisas concernentes a Deus;
18 porque não ousarei falar de coisa alguma
senão daquilo que Cristo por meu intermédio tem feito, para obediência da parte dos gentios,
por palavra e por obras,
19 pelo poder de sinais e prodígios, no poder do
Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o
evangelho de Cristo;
20 deste modo esforçando-me por anunciar o
evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento
alheio;
182
21 antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão; e os que não ouviram,
entenderão.
22 Pelo que também muitas vezes tenho sido impedido de ir ter convosco;
23 mas agora, não tendo mais o que me detenha nestas regiões, e tendo já há muitos anos grande
desejo de ir visitar-vos,
24 eu o farei quando for à Espanha; pois espero ver-vos de passagem e por vós ser encaminhado
para lá, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia.
25 Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos.
26 Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia
levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.
27 Isto pois lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios
foram participantes das bênçãos espirituais dos judeus, devem também servir a estes com as
materiais.
28 Tendo, pois, concluído isto, e havendo-lhes
consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha.
29 E bem sei que, quando for visitar-vos,
chegarei na plenitude da bênção de Cristo.
30 Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus
Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim
a Deus,
183
31 para que eu seja livre dos rebeldes que estão na Judeia, e que este meu ministério em
Jerusalém seja aceitável aos santos; 32 a fim de que, pela vontade de Deus, eu chegue
até vós com alegria, e possa entre vós recobrar as forças.
33 E o Deus de paz seja com todos vós. Amém.
184
ROMANOS 16
1 Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é serva da igreja que está em Cencreia;
2 para que a recebais no Senhor, de um modo digno dos santos, e a ajudeis em qualquer coisa
que de vós
necessitar; porque ela tem sido o amparo de muitos, e de mim em particular.
3 Saudai a Prisca e a Áquila, meus cooperadores
em Cristo Jesus,
4 os quais pela minha vida expuseram as suas
cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios.
5 Saudai também a igreja que está na casa deles.
Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Ásia para Cristo.
6 Saudai a Maria, que muito trabalhou por vós.
7 Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros de prisão, os quais são
bem conceituados entre os apóstolos, e que estavam em Cristo antes de mim.
8 Saudai a Ampliato, meu amado no Senhor.
9 Saudai a Urbano, nosso cooperador em Cristo, e a Estáquis, meu amado.
10 Saudai a Apeles, aprovado em Cristo. Saudai
aos da casa de Aristóbulo.
11 Saudai a Herodião, meu parente. Saudai aos da casa de Narciso que estão no Senhor.
12 Saudai a Trifena e a Trifosa, que trabalham no Senhor. Saudai a amada Pérside, que muito
trabalhou no Senhor.
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13 Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.
14 Saudai a Asíncrito, a Flegonte, a Hermes, a Pátrobas, a Hermes, e aos irmãos que estão com
eles.
15 Saudai a Filólogo e a Júlia, a Nereu e a sua
irmã, e a Olimpas, e a todos os santos que com eles estão.
16 Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam.
17 Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
18 Porque os tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre; e com palavras
suaves e lisonjas enganam os corações dos inocentes.
19 Pois a vossa obediência é conhecida de todos. Comprazo-me, portanto, em vós; e quero que
sejais sábios para o bem, mas simples para o mal.
20 E o Deus de paz em breve esmagará a Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor
Jesus Cristo seja convosco.
21 Saúdam-vos Timóteo, meu cooperador, e
Lúcio, e Jáson, e Sosípatro, meus parentes.
22 Eu, Tércio, que escrevo esta carta, vos saúdo
no Senhor.
23 Saúda-vos Gaio, hospedeiro meu e de toda a
igreja. Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade, e também o irmão Quarto.
24 [A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja
com todos vós. Amém.]
186
25 Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a
pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os
tempos eternos,
26 mas agora manifesto e, por meio das
Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a conhecer a todas as
nações para obediência da fé;
27 ao único Deus sábio seja dada glória por Jesus
Cristo para todo o sempre. Amém.