_o oficio de presbitero

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    F. MARTINS, O OFCIO DE PRESBTERO Pg. 1

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    F. MARTINS, O OFCIO DE PRESBTERO Pg. 2

    F. MARTINS

    _______

    O OFCIO DE PRESBTERO

    (origens , h istria, evolu o e fun es)

    CASA EDITORA PRESBITERIANA

    Rua Com. Norberto J orge, 40 Brooklin

    CEP 046 02 S. Pau lo. S.P.

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    F. MARTINS, O OFCIO DE PRESBTERO Pg. 3

    Digitalizao: FB

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    Nossos e-books s o disponibilizados grat u itamen te, com a n ica

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    isto para Voc e nossos filhos,

    companheiros de f presbiteriana.

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    F. MARTINS, O OFCIO DE PRESBTERO Pg. 4

    PREFCIO

    Tenho esplndido amigo e irmo na f, e ainda na vocao apostlica grande estmulo, queescreveu, prefaciando certa literatura que lhe ofertaram, no gostar desta natureza deescrito prefcio "Inteis". Diz esse amigo.

    Discordo.

    Acho teis os promios.

    No to agradvel, e no mesmo cousa de bom tom, e de mediana educao fina,apresentar a gente a outros amigos e conhecidos os amigos, os colegas, os parentes, osilustres?

    Claro, evidente que bom.

    Pois isto o que fao nestas linhas rpidas. Tenho imenso gosto e satisfao em dizer aoleitor ou amigo que este relativamente pequeno volume, uma tese, simplesmente uma tese, um tesouro, uma riqueza, um vade-mecum inestimvel.

    Foi uma das maravilhas que surgiram no indito e abenoado l.o Congresso de Presbteros,na Capital da Repblica, nos meados do ano corrente. Foi a tese maior, mais completa,mais analtica e mais erudita, no seu campo de pesquisas, que se viu e se ouviu no conclavemagnifico mencionado, ao meu modo de ver.

    Sobre a doutrina, a importncia, a prtica e a benemerncia do ofcio presbtera!, ou dopresbiterato na Igreja Evanglica, sobre todos os aspectos, mincias e grandezas, essnciae forma, quantidade e qualidade, no quadro da ao e reao do sagrado mnus, domaravilhoso carisma ou dom, em ln gua portuguesa, nunca tivemos cousa igual, nemmelhor. No ficou nada por considerar, como no faltou nem mesmo uma bibliografia deconsulta rica e primorosa, ampla, em lnguas diversas, desde a Bblia s mais tcnicasobras sobre o assunto.

    Quem ler e assimilar bem, e o livrinho claro, correto e lmpido, o contedo da tese, oraem mos do leitor, ter tudo1 o que precisa saber e aplicar sobre a doutrina e a pragmticado presbiterato cristo.

    Tudo, sem dvida alguma.

    s examinar a tese e consumi-la com apreo e entendimento. s isto.

    O segredo de uma monografia assim to1 avantajada e vantajosa, til e prestante, sria esuave, bem pensada, bem dividida, tecnicamente harmoniosa e espiritualmente edificante econsoladora, est em dois fatos: a fonte de onde saiu a ideia, que a Palavra de Deus,perfeita, divina e autorizada e o autor, joalheiro de raro tino, semeador de senso esperto eincansado, crente de corao generoso e oficial da Igreja Militante vocacionado mesmo ede verdade pela graa eficaz.

    Francisco Martins da Silva o autor desta tese.

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    Autor capaz, competente, educadssimo, homem de bem e de Deus, servidor dos maisdedicados que o Senhor ps em sua seara, no Brasil, e obreiro teimoso em servir ao seuSalvador do melhor jeito possvel, ao tempo e hora, sem canseiras ou displicncias.

    Conheo esse irmo, que h anos milita em nosso arraial presbiteriano, l na encantadora

    Belo Horizonte, capital de Minas, j como crente, j como ovelha fiel e piedosa que foi domeu rebanho, por vrios anos, no Rio, j como um dos fundadores da famosa 2.a Igreja deBelo Horizonte, j como veteranssimo presbtero praticante, tambm doubl, em vriascircunstncias, de "pastor-leigo", na falta dos pastores, tantas vezes, realizando comvivacidade, alegria e f, as tarefas de um presbiterato afanoso e til em todos os setores doReino.

    O Chico Martins, assim o conhecemos sempre, ou portas a dentro!, em casa, ou mesmo notemplo, tem uma qualidade especfica, entre muitas que alindam o seu carter cristo, a sua tenacidade . Quando pe mos numa tarefa, faz o que deve e o que preciso, etudo executa com redobrado senso de responsabilidade, com o ideal de perfeio, querendo

    o melhor dentro do melhor.

    A tese que a est perante o nobre leitor prova cabal do que estou pontificando.

    erudita. completa. bblica. tcnica. prtica. total.

    Desejo apenas que o leitor percorra esta monografia til com simpatia, com f e no elevadoesprito de servir ao Senhor dos presbteros fiis de sua seara militante, no nosso Brasil,sentinelas firmes e incansveis, e ainda que Deus abenoe sobremodo esta primorosa obrae o seu ilustre servo, dela autor abnegado, o qual, eu sei, procurou realizar nestas pginaselucidativas o mximo do bom para o bem mximo de todos.

    Rio de Janeiro, outubro de 1958.

    Galdino Moreira

    Pastor Emrito da Igreja Presbiteriana do Riachuelo,

    D.F., Fiscal de Ensino no Distrito Federal, Presidentedo Snodo Central "" detentor de quantos cargospde aceitar nos Conclios da Igreja Presbiteriana doBrasil, alm de jornalista e notvel esciitor e de serconsiderado o maior te logo presbiteriano doBrasil.

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    O OF CIO DE P RES BTERO

    FUNO ADMINISTRATIVA

    Administrar gerir, reger, velar, governar, aplicar, conferir, ministrar, funcionar no sentido

    ativo e, no, meramente, como um rei num trono.Gerindo, o presbtero assume a responsabilidade de quem tem contas a prestar. Umconhecimento adequado de todas as dimenses da funo, da sua origem at o ato daposse, indispensvel a quem fr investido no cargo.

    Regendo, o presbtero governa, guia, pilota, como se estivesse sozinho com um barco empleno mar. Obedincia s regras, qualidades pessoais prprias para quem tem de navegarsem horizonte, virtudes que determinem prudncia nos movimentos e coragem natormenta, so condies essenciais para o cargo.

    O exerccio do governo requer experincia, proscreve a improvisao. O presbtero tem deconhecer de onde veio e para onde vai, para bem conduzir a comunidade a seu cargo.

    Velando, le cerca o cargo da proteo que merece, exerce a funo com perseverana,dignifica o ofcio pelo contato permanente com o Doador de energias, sabedoria e f. Osvendavais que o oficio tem enfrentado sugerem ao presbtero uma vigilncia insone parano quebrar a linha mestra dos objetivos de Deus, que criou o cargo.

    Conferindo, dando, outorgando, concedendo, transmitindo a outros, o presbtero continuaa obra da maneira como nela entrou. Est formando equipes futuras. Est intercedendo

    junto ao Pai para que preserve, naquele que recebe misses de Sua mo, os padresmultimilenares do ofcio.

    Ministrando, em nome de Deus, o presbtero est concretizando o ideal cristo de servir.Est pondo diante de algum alguma virtude, algum ato, alguma coisa, que, por seuintermdio, contemplada.

    Pelo exposto v-se que a funo administrativa do presbtero no assunto que se situe noespao, isoladamente, e, nem, to pouco, no tempo, como criao humana. Isso, a menosque nos limitemos a reproduzir o que a Constituio da Igreja define como suacompetncia nos dias que correm.

    O presbtero parte de um rgo, no qual deve funcionar obedecendo a regras implantadas

    pela experincia. Ento, temos que perquirir a Histria, para aquilatar da sua eficincia.

    O presbtero uma instituio, com conceitua-o prpria, firmada no mundo. Ento,temos que indagar como a fundaram. Temos que perguntar Doutrina como a criou, e Igreja como a tem conservado atravs dos tempos.

    O presbtero um espelho no qual mandam as Escrituras se mirem os do rebanho. Ento, preciso investigar a sua motivao e as suas qualificaes, a ver se o tempo pode depor emseu favor.

    O presbtero discutido. Ento, necessrio ver como tem resistido aos vendveis, se tem

    sofrido desfiguraes e se tem comprometido sua frutificao. Que a rvore vetusta, sim,

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    . Mas preciso ver onde se firmaram suas razes, que seiva a alimenta, que sombraoferece e que benefcios comunica seus frutos.

    Vem da o plano deste trabalho, o qual se encontra a seguir.

    O desenvolvimento desse plano se faz pensando em glorificar a Deus, em honra ao SenhorJesus e em testemunho de amor Igreja Presbiteriana.

    NDICEI ......................................................................................................................................... 8O OFCIO DE PRESBTERO ........................................................................................... 8

    1. DEFINIO .............................................................................................................. 82. NATUREZA E ESSNCIA ..................................................................................... 113. ATRIBUTOS E PROPRIEDADES .......................................................................... 16

    II...................................................................................................................................... 20HISTRIA DO PRESBITERATO .................................................................................. 20

    1. ORIGEM BBLICA .............................................................................................. 212. EVOLUO BBLICA ........................................................................................ 233. EVOLUO DEPOIS DA ERA APOSTLICA .................................................. 294. ASPECTOS DA HISTRIA DO PKESBITERATO EM OUTRAS IGKEJAS ........ 365. A LUTA ENTRE O PRESBTERO E O BISPO PRELATICO ............................. 39

    III. ................................................................................................................................... 44A VOCAO E A INVESTIDURA DO PRESBTERO ................................................. 44

    1. QUALIFICAO.................................................................................................... 442 ELEIO ............................................................................................................ 613 POSSE ................................................................................................................. 64

    IV .................................................................................................................................... 68MOTIVAO DO PBESBITERATO ............................................................................. 681 Razes Materiais .................................................................................................. 68

    2 RAZES ESPIRITUAIS...................................................................................... 703 BENEFCIOS DO REGIME PRESBITERAL .................................................... 71

    a) A REPRESENTAO PURA .......................................................................... 72b) O GOVERNO RACIONAL .............................................................................. 74c) A ORGANIZAO CONCILIAR .................................................................... 75d) A DINAMIZAO DAS FORAS ................................................................. 76

    V. .................................................................................................................................... 79DISCRIMINAO FUNCIONAL .................................................................................. 79

    a) FUNES DO PRESBTERO DOCENTE ............................................................. 80b) FUNES DO PRESBTERO REGENTE .......................................................... 82

    VI. O PRESBTERO NO BRASIL .................................................................................. 851 Situao Determinada pela Constituio da Igreja ................................................ 852. COMPARAO COM OUTROS CARGOS .......................................................... 89

    VII. .................................................................................................................................. 90CONCLUSES ............................................................................................................... 90VIII. ................................................................................................................................ 93OBSERVAES ............................................................................................................ 93

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    I

    O OFCIO DE PRESBTERO

    1. DEFINIO

    Segundo a opinio de homens santos e estudiosos da questo, o presbiterato tem aconsagrao do tempo como um ofcio.

    Ofc:o , antes de tudo, uma dignidade, um ministrio, uma misso, todos em grau acimado comum. um mandato com confiana e autoridade. O seu desempenho um servio eno uma obrigao tabelada.

    Por ser um servio difere de cargo, que somente obrigao. O cargo pode ser uma delega-o, mas pode ser, tambm, uma imposio aplicada por necessidades circunstanciais. Ocargo assemelhasse gerncia de bens alheios; tem carter dependente e estreita relaocom gesto de negcios. No cargo o ocupante mero instrumento de regulamentos,variando a situao conforme as interpretaes. especificamente temporrio, comprmios e sanes. O ocupante do cargo escolhido por determinao (seno por injuno)exterior e seu comportamento vincula-se noo de paga e retribuio, se no objetiva,pelo menos subjetivamente.

    O cargo tem muito do mnus e o ofcio nada tem que ver com o estipndio.

    O ofcio contnuo, um estado. O cargo um modo, portanto, circunstancial, odesenvolvimento de uma aptido.

    Em comum, o ofcio e o cargo conferem autoridade e poderes, os quais, no ofcio so odesempenho da misso e, no cargo, a constrangida obedincia a normas e regulamentos.

    Nas Igrejas Catlica Romana e Grego Ortodoxa o ofcio , ademais, uma classe. Seuocupante um dignitrio e no um diginificado. um revestido de dignidade e no uminvestido em dignidade.

    O presbiterato sendo, primeiramente, um ofcio, 6 secundariamente, um cargo, mas suaimportncia provm categoricamente de ser um ofcio em virtude da elevada peculiaridadedo ofcio.

    Presbtero

    A palavra presbtero, amplamente conhecida na literatura, a traduo literal do vocbulogrego PRESBYTEROS (SNIOR, no latim), que o comparativo de superioridade dePRSBYS, velho ou ancio. Ccnclue-se, assim, que, preliminarmente, o presbtero umhomem menos moo, com mais idade do que o comum dos de um grupo ou congregao.Idade, no sentido de vida mental, vida moral e vida espiritual, experincia, mais mesmo, doque vida no tempo. Nessa acepo encontra-se a palavra desde tempos imemoriais entre- 1 opovo grego, dando nome funo de patriarca de uma famlia, ao chefe de um tribo e aogovernador de regies conquistadas. Em todos os casos citados um homem em idadeprovecta exercendo funo de cornando nico. A afirmativa importante, em virtude daqualificao "'de tais homens, que eram es que mais tinham vivido, visto, ouvido e

    experimentado.

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    V-so que o termo desses que so exclusivamente bblicos; tanto melhor para quemdesejar conhecer menos superficialmente a sua expresso.

    O presbtero, no sentido em que aqui o estudamos, personagem saliente na HistriaSagrada, desde o tempo das primeiras narrativas. Entrou nela por todas as portas que lhe

    do acesso: como magistrado, chefe, governador, cabea de famlia, cabea de tribo econdutor de massas, assim como embaixador e, at, comandante militar. O primeiroelemento chamado, entre o povo judeu escravo, para represent-lo perante uma autoridade o ancio, o presbtero, ao qual Deus determinou a Moiss convocasse para gestesde libertao perante fara do Egito1. Na ltima pgina da Histria Sagrada, isto , nocumprimento das profecias, vamos encontrar o presbtero exaltado, cercando o Rei Jesusno trono do Monte Sio, recebendo as honras que lhe sero prestadas pelos 144 mil2.

    Na sequncia magnfica em que o presbtero encontrado no mundo das EscriturasSagradas e no pondervel dos atos que o vemos praticando no tempo e em toda parte,encontramos os elementos necessrios definio do presbiterato. Diremos, assim, que o

    presbtero :

    homem, homem amadurecido, j vivendo a mdia das idades encontradias nacomunidade religiosa que o est escolhendo, com conhecido conjunto de virtudes e reconhecida capacidade de governo atda prpria famlia; com um trato que inspire acatamento e respeito; com aptido para satisfazer a maioria, se o a totalidade das exigncias emodalidades do ofcio, para o qual, em estando tudo em ordem, tido comochamado por Deus e investido pelo Conclio.

    A necessidade de compor esse quadro faz pender essas preferncias para a anciania.Nela, a maior probabilidade de reunir a soma de cabedais suficientes. Foi assim nopassado. a essa altura que se defrontam o presbtero e o ancio. Defron-tam-se,confundem-se e unificam-se. O ofcio , assim, antigo.

    As funes nascem primeiro. Quem as deve executar aparece depois. A misso dopresbtero j existia nas brumas da histria antiga. O cargo surgiu como uma realnecessidade. mngua de designao especfica para quem a viesse desempenhar, o an-cio, que reunia os atr"butos, serviu no tempo e por muito tempo, entrando nosassentamentos hie tricos como "o mais velho" da famlia, da tribo, da cidade, do governo,

    etc. Na realidade porm, era o presbtero quem desempenhava essas funes. O "ancio"era s. o nome local de um oficial que, ma:s tarde, luz da influncia grega, viria achamar-se "presbtero".

    como ancio, ou presbtero, que o vemos:

    desempenhando embaixada, como nrnistro plenipotencirio do povo israelitaperante o fara3, recebendo ordenao do prprio Deus4,

    1 Ex. 3:16 e 182 Apoc. 14:33 Ex. 5:154 Nmeros, 11:16,17

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    participando de um governo colegiado5, judicando6, integrando um Senado presidido por Moiss7, ensinando, instruindo8.

    Somando-se os diversos fatores da descrio das suas funes com o modelo bblico acimaretratado, pode-se concluir que o presbtero :

    1) o vocacionado por Deus 9 para uma tarefa de cooperao com le;2) um ancio escolhido pela comunidade em que vai exercer o cargo;3) um ordenado por Deus para um nrnistrio;4) um representante do povo, que o elegeu, em toda parte onde a multido nopuder comparecerem massa;5) uma parte num governo que deve ser exercido com outros seus iguais;6) uma autoridade judicante em todas as cortes das causas de interesse da

    comunidade;7) um guia, um guarda e um Mestre, para conduzir o povo dentro do plano divino,para que cada um se comporte corretamente como um cidado da Terra e do Cu.

    No Antigo Testamento o ofcio o que mais importa; o resto consequncia deste. Masencargos da natureza dos enumerados s cabem no que se chamava de "ancio".

    No Novo Testamento encontrado na sinagoga10, nos agrupamentos, ora ensinando 11,orando, lendo as Escrituras e exortando12, disciplinando o povo 13 e muito mais. Tambmtem assento no Sindrio, como nos tempos do Antigo Testamento, compondo ossetenta, na companhia de sacerdotes renomados, prncipes e escribas, exercendo poderes

    sobre a vida e a morte14. Contrastando com a grandeza do Sindrio, achamo-lo comopolicial prendendo 15, insuflando a plebe16, inquirindo 17 e impondo castigos sumrios 18.

    O presbtero viveu e serviu sempre como ancio. nessa qualidade que S. Pedro seapresenta como presbtero 19, mostrando sentir-se bem em apresentar-se como detentor docargo. le era tanto o apstolo como o presbtero, mas escreve s igrejas invocando umaautoridade que muito o honra junto funo de apstolo, assim, igualando-se ao seuscompanheiros e presbteros, nas igrejas.

    5 Deut. 1:156 Deut. 16:187 Deut. 27:18 Juizes. 8:169 Efes. 4:110 Mat. 15:2; Atos 18:811 Atos 11:30; 14:2312 Atos 13:1513 Luc. 13:1414Mat. 26:315Mat. 26:5716Atos 6:1217

    Atos 7:118Atos 23:219I* Pedro 5:1/3

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    S. Paulo erige o presbiterato em motivo de honra para os fiis 20 e, ao faze-lo, emprega adenominao nova do ofcio, chamando-o pelo nome grego de PRESBYTEROS. Ovocbulo antigo passa a nomear as funes caractersticas no rebanho cristo. Dividem-seas guas na terminologia no-testamentria.

    O presbtero de agora era o mordomo da Velha Dispensao, por alguns chamada "Igrejado Velho Testamento"21, o qual exercia o cargo pela inspirao de Deus e por Deusconsagrado22.

    A Igreja do Novo Testamento coube apenas apossar-se da herana gloriosa do ofcio e,fazen do-a derivar do apostolado 23, conservou o presbtero como separado por Deus,porm, escolhido pela livre vontade da congregao que o submete imposio das mospara se consagrar ao ministrio da Igreja em setor de dignidade.

    Transformado o processo da salvao, enveredou o presbtero na rota do antigo ancio,como na do primitivo sacerdote em certos atos, escoimado o ofcio do extinto cerimonial.

    A Igreja repartiu as funes, sem afetar a essncia do ofcio. Fundada na diversidade dedons, a uma classe de presbteros ficaram todos os encargos do ofcio, mais o de ministraro sacramento. outra, igual em tudo menos nisso, o auxlio primeira e as demais ini-ciativas no apascentamento do rebanho. Juntos, compem os dois um corpo diretivo dafamlia de Jesus e funcionam, normalmente, como partes que se completam.

    2. NATUREZA E ESSNCIA

    Evidentemente, o ofcio de presbtero uma honra, uma distino. No se procura, aoescolher um candidato, um indivduo em condies de exercer a administrao em todos ossentidos. Procura-se pessoa recatada, respeitvel ou que tenha outras recomendaes.

    uma posio que enaltece. O presbtero algum a se sobressair na comunidade.

    No , entretanto, mera honraria; o presbite-rato integra o oficial na vida administrativa daigreja em todos os seus variados setores.

    Destarte, devemos olhar o preshiterato com mais respeito e melhor compreenso, porque ,acima de tudo, uma investidura de natureza espiritual. No presbiterato preciso reconhecerinterferncias divinas. No exerccio do cargo deve-se ver Deus executando a mais variada ea mais edificante tarefa, em favor do rebanho de Cristo.

    Por isso necessrio penetrar a fundo na natureza do presbiterato para que se possacompreend-lo e, consequentemente, para que se possa exerc-lo dignamente.

    Trs aspectos diferentes, a nosso ver, explicam a natureza do presbiterato:

    1. o dom;2. o ofcio;3. a classificao.

    20I Pedro 5:221

    Waiter L. Lingle, D.D., THE PRESBYTERIANS, their hstory and beliefs22Nm. 11: 16 e 1723James Hasiings DICTIONARY OF THE APOS-TOLIC CHURCH

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    O DOM

    O dom, que em sentido lato uma transferncia voluntria de algo que se possua ou sedetenha, sem compensao, , tambm, um ato de amor, de afeto, e de servio, prestadopor uma pessoa (o doador) a quem o recebe (o recipiendrio). Mas s ato de amor, de

    afeto e de servio quando praticado sem considerao de nenhuma espcie.No uso vulgar, o que se d um presente24, ou uma recompensa 25, talvez uma reparao26, e, at um suborno 27. Em todos os casos, todavia, exceto o ltimo, o dom um penhorde amizade, de favor, de boa vontade, de reconhecimento, de cooperao, de inspirao,

    Como Deus opera no Seu Reino por meio dos homens e, como essa operao, que oministrio da igreja 28, requer o aperfeioamento dos obreiros para o progresso do Reino,Deus colocou-se como Supremo Doador de excelentes graas 29, para que cada um e todoslavrem cada vez melhor a vinha do Senhor.

    O rebanho tem que ser instrudo e edificado nas verdades eternas e o dom , em linguagemhumana, o material a ser gerido de tal forma que os benefcios se comuniquem de maneiraa merecer a aprovao de Deus 30. O presbtero um mordomo e administra os dons deDeus, conforme os tiver recebido.

    Sem constranger a personalidade dos seus servos, aos quais proporciona meios de ao poriniciativa prpria 31, o Senhor oferece oportunidade de exerccio de poderes espirituais e dependores pessoais.

    Deus chama os obreiros para executarem uma obra por le planejada, distribui asresponsabilidades, no as acumulando, mas dividindo-as com a sabedoria prpria da

    divindade, conforme a enumerao dada por S. Paulo:"De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graa que nos dada, se profecia, sejaela segundo a medida da f; se miirst-rio, seja em ministrar; se ensinar, haja dedicaoao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faa-o com libera-lidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericrdia, com alegria" 32.

    Todos na obra, seja no campo, seja na cidade, distribudos por setores 33, dirigidos peloEsp rito Santo de Deus 34. Uns em servios mais simples, outros em deveres de maiorsignificao. Uns a formar os grupoc, agregando os elementos, formando as equipes, comhabilidade, outros s a dirigi-los. Uns aprendendo a trabalhar, outros ensinando a trabalhar

    24Est. 2:18; Mat.-2:1125Dan. 5:1726Gn. 34:1227Deut. 16:1928Efes. 4:1229Tiago 1:1730I Pedro 4:1031Mat. 25:14/1732

    Rom. 12:6-833I Cor. 7:734I Cor. 12:14/17

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    35. Uns confinados ao programa individual, outros como foras de comunicao entre osobreiros e dos obreiros com o Supremo Comandante, Deus 36.

    Instituindo o presbiterato, Deus deu ao homem oportunidade de ser um mordomo em graumais elevado, pelo que, escolhe servos com maior soma de dons.

    A maneira de os fazer compreender onde operar, de selecionar a espcie de trabalho acumprir e de infundir a disposio para executar, com gosto, com constncia, e comcrescente aperfeioamento, a atribuio respectiva, isso a vocao divina.

    O que parece certo que Deus, na sua imensa sabedoria, vocaciona para obra determinada;cada um, ao entrar na vinha, recebe ordem expressa, misso caracterizada at porespec'alidade dentro da mesma funo. assim que achamos S. Paulo chamado para oapostolado dos gentios e Pedro para o dos judeus 37. Os setenta da peregrinao 38, oSenhor os convocou para o anunciado fim de colaborarem no governo da multido, dizen-do a Moiss:

    "contigo levaro a carga do povo, para que tu s no a leves".

    O indivduo tem, todavia, que depender de Deus para, atravs do Esprito Santo, receberimpulsos de despertamento da vontade e de dinamizao dos seus dons. a que S. Pauloafirma, quando diz:

    "Deus o que opera e,m vs tanto o querer, como o efetuar, segundo a sua boa vontade"39.

    Deus, porm, a fonte de energia esperando o contato. O dom 40 no uma imposio; otornar proveitosa a disposio ntima e essa o efeito de outros fatores nos quais Deusparticipa atravs das suas leis. Ao dar-nos Jesus Cristo, o Pai no violentava a vontade doFilho, mas tornava eficiente a disposio da Segunda Pessoa da Santssima Trindade paraoperar a redeno do homrm decado.

    Repita-se que a disposio para exercer ativi-dades no Reino (ddiva) e a capacidade deex-cu-tar at'"vidades no Reino (dom) so graa conferida por Deus e conferida por Deusespontaneamente 41.

    Parece-nos, pois, caber aqui a concluso de que a natureza do ofcio presbiteral deorigem divina, de iniciativa divina e a sua substncia o toque da vontade d'vina refletidono poder de executar a parte humana da tarefa.

    EXERCCIO

    O exerccio do cargo de presbtero ministrio, cumprimento de misso, desempenho demandato. Todos os trs aspectos; uma ao em nome de outrem.

    35Salmo 6:636Salmo 6:637Gl. 2:838Num. 11:1739

    Filip. 2:1340Joo 4:1041Tiago 1:17

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    Essas trs definies exprimem: 1. uma investidura atuante; isso o ministrio; 2 umaativi dade, um movimento objetivo, planificado; isso a misso, como a de umembaixador junto a uma rao estrangeira; 3.o uma autoridade, um poder conferido,transferido; isso o manuato, a outorga, a procurao, a delegao.

    No ministrio toma-se uma parte dos servios de algu-i para cooperar com ele. umadescarga de responsabilidade para quem o nomeia e uma carga para quem recebe.

    O ministrio de Deus consiste em executar a parte humana do programa de Deus que visa redeno do homem42. Deus fz o plano. O plano compreende muitos servios. O min :stroaceita uma parte dos servios. Aceita para empregar seus dons. Emprega segundo aquantidade e a qualidade dos dons. A, a diversidade de desempenho de um ofcio queconserva, mesmo na variedade, uma nica natureza.

    Segundo o emprego dos dons no exerccio presbiteral, tm sido distinguidas trs classes:

    1. a do ministrio da Palavra,2. a do governo e disciplina e3. a da administrao de patrimnio social.

    Misturam-se nessas trs classes de atividades do presbiterato todas as tarefas suficientespara satisfazerem os requisitos necessrios de ordem espiritual e de ordem material, queocorrem na vida da comunidade. Essas necessidades surgem na Igreja de Cristo da mesmamaneira e com tamanha frequncia como apareceram nas sociedades humanas. Osproblemas, como os ventj-i nem sempre se anunciam antecipadamente; a organizao daequipe da igreja, com o presbiterato, uma fora amortecedora dos seus efeitos.

    A Igreja de Cristo tem experimentado isso mesmo atravs da sua vida. Contava apenas48 anos quando enfrentou o problema do rito mosaico; 43 esse fato foi somente o incio deuma srie de problemas que tem, infelizmente, juncado os campos de batalha de cadveresde irmos.

    Tambm o presbiterato, o exerccio do cargo de presbtero, tem defrontado dificuldadesenormes e inmeras. Logo no princpio foi chamado a ouvir e a julgar um relatrio 44, o daprimeira viagem missionria de S. Paulo. E outros e muitos outros, num crescendoconstante.

    Os diversos aspectos do exerccio do ofcio mul-tiplicaram-se e com a multiplicao

    vieram apelos e mais apelos, sugerindo a necessidade de interferncias em todos osterrenos e a todas as horas. O presbtero, premido pelas circunstncias, reconhe-cia-se cadavez mais dependente de Deus, transformando seu ofcio em um cargo de orao e uno nodizer de Joo Calvino 45.

    Joo Calvino diz "eram os oficiais", defin:ndo a abrangncia da equipe; er^rn todos. Adiversidade de dons e a variedade de servios no excluam ningum. A Igreja,organizando-se de baixo para c:ma, levou todos os obreiros, sem distino, seara do

    42Osias 12:1043

    Atos 1544Atos 21:18/2145Tiago 5:14 citado por Calvino em "Institutas"

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    Mestre. Apstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores 46, cada um operando em seusetor e todos, em conjunto, na obra geral.

    A obra cresceu e passsou a reclamar estruturao, coordenao, a bem da ordem e dorendimento das energias empregadas. a lio da natureza, dos seres vivos, do corpo

    humano. H partes essenciais e partes dependentes. preciso desenvolver a aao eenfrentar a reao. Tudo foi agitado sob a inspirao de um princpio animador e fz-se a

    CLASSIFICAO

    A diviso em classes, providncia necessria, sempre d origem a dificuldades.Definio de posies, asceno, prestgio, so, sempre, fato-res de inquietao ondeprepondera a ideia humana. Por outro lado, ela poder trazer consigo erros que reclamemprovidncias.

    O objetivo da primeira classificao era puramente funciona], compreendendo: ordem no

    servio, distribuio racional dos encargos e aumento do rendimento. No obstante, aclassificao insi-nuou-se na era post-apostlica como hierrquica. O presbiterato no erade natureza a inspirar hierarquia, mas o evento aconteceu e a inovao implan-tou-se.

    O que o progresso vertiginoso do cristianismo indicava era a diviso das funes, aclassificao funcional. Diviso em partes, relativamente iguais em autoridade, peso, envel, para conservar a harmonia na ao. O presbtero continuaria a ser o centro doorganismo eclesistico, como tem sido possvel na Igreja Presbiteriana. Seria o "supremottulo de honra do ministrio"47, o eixo do sistema doutrinrio, o modelo das virtudes parao rebanho sem comparao 48, uma s voz no ambiente conciliar, uma s autoridade, um sJuiz, uma s obrigao de prestar contas; tudo isso, evidentemente, exprimindo o voto das

    maiorias em colgio.A classificao era o caminho para a racionalizao, para a especializao dos servios, todo gosto em nossos dias em matria administrativa. A uma classe: a palavra, a doutrina, ainterpretao e a pregao 49, com o ensino espiritual pblico e particular 50, a ministraodas ordenanas 51, que so encargos afins. outra: o comple-men dessas atividades comoauxlio da primeira 52, a fim de dinamizar a doutrina em servio, a fim de tir-la do terrenoda teoria, pr ordem 53, disciplina 54, superviso 55, administrao dos bens da sociedade 56,alimentando as ovelhas com amor, desprendimento e exemplo (57).

    A natureza e as razes do que atribudo ao primeiro, aquilo que le deveria realizar para

    no falhar sua misso, a obrigao precpua, normal, no casual nem acidental,eficientemente elaborati-va da santificao do rebanho, isso que determinaria a formao

    46Efes. 4:1147W.C Taylor, DOUTRINAS48I Tim. 5:17/2449I Tim. 5:1750Atos 20:20/2151Mat, 28:19; I Cor. 1:16,1752Nm. 11:1753I Tim. 3:554

    I Tim. 5:1755Atos 20:1756I Pedro 5:1/4

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    da classe dentro do todo do ofcio, sem bifurcao. A isso se aplicaria o nome de funo depresbtero docente. Variao em um mesmo grau; ramo de uma mesma ordem sacra.

    A jurisdio do segundo, conhecida a do primeiro, man"festa-se claramente nas obrigaesde ajudar no governo, e desenvolver outras atribuies de natureza material em favor das

    ovelhas.Esse o presbtero regente.57

    3. ATRIBUTOS E PROPRIEDADES

    Atributos

    O presbtero um mandatrio da congregao; essa, a convico presbiteriana. Omandato cas svel, conforme as Constituies das Igrejas em todas as naes. umadelegao de poderes, com as caractersticas de uma procurao no sentido secular.

    Na existncia de categorias de mandatos, na sua amplitude ou na sua confinao, com aindicao dos atos a praticar, reside a limitao dos poderes. uma consequncia naturalda soberania do outorgante, Igreja, como agncia do Reino de Cristo, militante.

    A inteira obedincia a essa forma de organizao em nossa Igreja atesta o espritodemocrtico do seu regime, dando a cada simples membro de uma comunidade o direito departicipar, pelos seus representantes, da vida geral em todas as fases. E esse regime , a seuturno, a manifestao da f que depositamos em doutrinas como a da Soberania de Deus, aJustificao pela F e outras que valorizam a criatura humana e a colocam em posioativa na movimentao do rebanho de Deus para realizar o Seu plano.

    Essa organizao ,- tambm, um testemunho da importncia que se atribui aos cargos, osquais sobem da categoria de simples honras de funes atuantes na sociedadeeclesistica.

    O mandatrio da comunidade um irmo que se projeta, que se reala, no ofcio Copresbiterato, mas no um homem qua se apossa de uma situao, por sua livre escolha,impondo-se comunidade como um fato que se consuma revelia dela. Aqui, um outroatributo do cargo. Os ocupantes so investidos e a investidura precedida de consulta atoda a comunidade, que recebe instrues previamente e elege quem bem quiser.

    O cumprimento de um mandato exige autoridade, delegada pelo mandante. Rezam as

    procuraes de uso comum: "como se eu prprio fosse". O outorgado passa a corporificar-,dentro dos termos da outorga, aquele que a concedeu at que se proceda cassao. Huma fronteira para a delegao dos poderes; onde o mandante quiser entrar na ao, eleprprio. Verifica-se, destarte, a graduao dos poderes que pode ser discriminada naoutorga, ou qualificada de "poderes gerais". O mandante sempre tem uma parte que indutvelmen-te sua e se a outorga no contiver restrio, dentro dos quadros legais, porque o outorgante j recebeu o que era seu antecipadamente, vendendo um direito. Aindaassim, est satisfeita a sua vontade e coberto o que era seu. A Lei, soberanamente, presideao jogo de interesse entre as partes.

    57

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    O caso tem reproduo perfeita no presbite-rato. A lei a Bblia; ela preside o desempenhodo cargo, respeitando os direitos das partes. Os regulamentos so as resolues dosConclios regulares. Nesse clima, o presbtero exerce seu cargo. E aqui, outro atributomagnfico do presbiterato, o qual no no se pode exceder em desmandos, em imposies,em abuso de poder, em m interpretao da Lei. Autoridade? le a tem muita, mas debaixo

    da lei, como reza o muito citado provrbio latino.

    Imputando-lhe autoridade, a congregao re-veste-o da dignidade que acompanha a toga deum mestre e a beca de um magistrado. No h decncia nos cargos a quem faltardignidade, dimimrda pelas restries. No se respeitam os ocupantes de cargos que searrogam dignidade prpria. Eis aqui outro atributo do presbiterato e um atributo dos maisnobilitantes.

    O depoimento da histria coloca o presbtero, desde os mais antigos tempos, como oconselheiro dos reis, dos prncipes e dos governadores 58. Sempre foi parte nos Conselhos enos Conclios 59. Vimo-lo associado as autoridades na sano de leis e na lavratura de

    decretos da igreja60

    . Aqui, oficial com direito a trato ameno, mesmo quando incurso emfalta 61; ali est agasalhado

    contra a maledicncia (to comum contra os que ocupam posies), no podendo serprocessado seno com o testemunho de duas ou trs testemunhas 62. credor da estima eda honra dos que o elegem para o ofcio, valorizando a escolha que deixa de ser umaformalidade 63.

    Esses, mais alguns privilgios, formam os atributos do presbiterato. No so produto deraciocnio, nem interpretao de ocorrncias do nosso dia; so pronunciamentos da Palavrade Deus.

    Para realar o ofcio, temos nele a vitaliciedade da ordem. a marca divina dopresbiterato. Sendo o presbiterato de origem divina, instituio com as marcas do decretode Deus, para cujos efeitos no h tempo, porque o tempo humano. A vitaliciedade noofcio do presbiterato outro atributo e matria de f na igreja a que pertencemos.

    Um ofcio que pode apresentar-se com esses sinais distintivos s pode ser de origemdivina.

    Propriedades

    O presbiterato cargo para quem quer servir. Insistimos na opinio de que no shonraria. Suas funes compreendem encargos difceis e acumulados, que exigemdedicao e trabalho constantes e rduos.

    Podemos citar as seguintes propriedades deste ofcio: a vocao divina, a legitimidade, oajusta mento, direitos peculiares, consequncias prprias e naturais. Poderamos dizer que

    58Esdr. 10:859Atos 15:660Atos 16:461

    I Tim. 5:162I Tim. 5:1963I Tim. 5:17

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    essas trs: a vocao, a legitimidade e o ajustamento so essencialmente primrias: asrestantes so secundrias.

    A Vocao um "chamamento com voz" (voca-tio de vocare, chamar audivelmente).Deus, Onis-ciente, conhecendo, como conhece as'nossas inclinaes, cria ambiente, no

    qual circunstncias peculiares atraem nossa ateno para aquilo que devemos ado-tar comoum determinado programa de ao para nossa vida64. Desse ambiente, alguma voz exteriorecoa, algum fato nele ocorre, alguma comunicao acontece, e tal fato o chamamentopara entrar na obra.

    Essa voz ressoa em ocasies e em tonalidades as mais variadas. Difcil o compreend-la.

    Josefo, o grande historiador do povo hebreu 65, declara presumir que Ter sentiu de algumaforma, na Caldeia, a necessidade de sair de Ur, quem sabe, diz le, para esquecer um filhoque falecera. A narrativa bblica 66 ignora o caso. No discurso do Captulo 7 de Atos,

    Estvo assegura que Deus falou a Abro67

    , que j residia em Har, para fundar umanao. O ambiente foi criado por uma emigrao, em companhia dos parentes enlutados; acircunstncia foi a vida numa terra estranha, com hbitos e meios diferentes dos caldeus. Avoz , nessa feita, a do prprio Deus que, em todos os casos, arremata o chamamentointerior por outro exterior, ou outros, visveis.

    Saulo foi chamado em pleno dia, vista de testemunhas 68 Samuel, uma criana quepres tava servios sem significao no Templo, num leito antes de adormecer 69.

    Na galeria de obreiros do Reino veramos uma infinidade de cenas como as descritas, comaspectos peculiares, mas todas com o mesmo caracterstico comum. Heris da f nos dias

    de martrio, soldados valentes, reformadores, pregadores, professores, ministros,missionrios, cada um tem a sua histria e cada histria mais edificante. Ira D. Sankey, ogrande musicista evanglico e missionrio, foi chamado por Deus pela voz de Moody queo convocou dentro de uma repartio pblica: "eu te intimo, em nome de Deus, a ir pregaro Evangelho com a tua voz"!

    Cada presbtero integrado na sua funo, que esteja exercendo mesmo a administrao dorebanho do Senhor, ter uma experincia a contar, confirmando a sua vocao.

    A Legitimidade verifica-se na maneira de investidura, na sua conduta no exerccio docargo e nas consequncias da sua atuao.

    Esses fatores sero, oportunamente, objeto de estudo, tal a sua expresso na vidapresbiteral. Diga-se, porm, desde j, que h prescries bblicas que dizem, claramente,sobre a propriedade, em cada caso. A sua desobedincia depe contra a legitimidade davocao e a propriedade do ofcio. Acentue-se que a conduta do oficial, se digna, cres-centemente firme70, sem tropeos e quedas repetidos 71, testemunho abundante at em afli-

    64Is. 22:2065"Antiguidades"66Gn. 1267Gn. 12:168 Atos 9:3/769 I Sam. 3:3/1570 Efes. 4:171 II Pedro 1:10

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    es 72 e com trabalho por ideal elevado, mirando alvos nobres 73, dir da legitimidade davocao. Pode haver engano da parte dos eleitores, co mo no caso de Ditrefes 74. Erros equedas podem ser experincias dos santos 75, mas a inpcia, a irresponsabilidade, aindiferena para com a dignidade do cargo76, o mau comportamento social e o pecadoprovaro que a congregao fz uma escolha ilegtima, sem a sano divina.

    O ajustamento, a adaptao do homem ao ofcio, outra propriedade de capitalimportncia para o presbiterato.

    O desajustamento neutraliza o obreiro e pode lev-lo a uma atuao verdadeiramentedesastrosa para a Congregao. Porisso, as gestes iniciais eleio devem incluir aexperincia do candidato em outras atividades locais, a ver se se ajusta ao presbiterato. Novivemos mais aqueles tempos em que se "pescavam" homens a esmo para oficiais da igre-

    ja, principalmente, para presbteros.

    Quatro campos de observao oferecem cogitaes quanto ao ajustamento: a doutrina, a

    sociedade, a noo de dever e o sistema de agir.O cargo s fica bem com quem conhece os padres bsicos da doutrina presbiteriana.Grandes males podem acontecer com quem ignora ou faz restries, por exemplo, doutrina da Soberania Divina. Como ensina s ovelhas aquilo em que sua f no estfirme?

    Um bom desempenho do ofcio tem estreita relao com a afinidade entre o presbtero e asociedade local. O conhecimento, as relaes, a harmonia, a receptividade, possibilitaroum exerccio certo e prprio no cargo, tornando prestante e produtivo o esforo em favorda vida administrativa da Igreja.

    O sistema de vida varia de local para local, principalmente em pas como o nosso, em queno se fundiu uma raa, nem se implantou um sistema a que se possa aplicar o nome debrasileiro. H diferenas, tambm, at de igreja para igreja, dentro da mesma denominao,como acontece nas grandes cidades. Sem dvida, a experincia de um local pode ser til aoutro, mas no indispensvel; indispensvel, sim, um amplo conhecimento do meio,dos seus planos, dos seus ideais, das suas necessidades e do sistema que tem sido adotadocom xito.

    A noo de cumprimento do dever fala to alto por si mesmo, que nos dispensamos decoment-la.

    Por ltimo, o modo de agir da pessoa dir se ela se ajusta ou no a um presbiterato compropriedade. Impulsos, gosto reconhecido pelas novidades, desprso a certas tradiescaras ao meio e denominao, repulsa a normas modernas na parte propriamenteadministrativa da sociedade, e outros requisitos, devem ser investigados antes de se "pr ohomem no lugar", para no ter, logo depois de o deixar margem.

    "Faa-se tudo decentemente e com ordem", recomenda S. Paulo muito avisadamente.Temos tendncia geral para o relaxamento. Deus desce aos menores detalhes na instruo

    72 II Tim. 1:973 Filip. 3:1474 III Joo 9:1075 I Cor. 10:1276 II Tim. 4:14

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    do povo, mandando colocar cada coisa no seu devido lugar e a seu devido tempo 77. OSenhor ensina com o seu mtodo que as instituies do seu Reino devem ser propriamentedotadas em todos os sentidos.

    As demais propriedades, embora secundrias, pouco menos significam como expresso do

    ofcio. Porisso sero comentadas, mas a seu turno, posteriormente, em melhoroportunidade. Diremos, entretanto, com J. R. Seeley78, que

    "onde houver a percepo de um ideal, a podemos esperar encontrar o sentido deuma vocao";

    porisso, todo cuidado pouco, para no levarmos as restries ao excesso. Por outro lado,certas manifestaes defeituosas de carter afastam o homem do cargo. Elas podemesconder deficincias de gravidade que destroem o sentido do ideal. A inconstncia, porexemplo; em certas pocas fervor em alto grau, talvez, num vastssimo deserto. Cuidado!

    O Captulo que agora se encerra mereceu tempo e estudo. le a chave com que se abre aporta ao homem que deseje calaborar na administrao da Igreja de Nosso Senhor JesusCristo.

    II

    HISTRIA DO PRESBITERATO

    Em Direito Administrativo todas as questes oriundas da situao de um cargo, todos osproblemas sugeridos no exerccio de uma funo, e todas as prerrogativas invocadas pelodetentor de uma posio, so estudadas luz do passado. Velhos Cdigos, Estatutosmofados, Regulamentos e Decises, so cotejados com a legislao atual moderna e,frequentemente a superam. Assim, o passado o velho mestre cujo convvio muitointeressa. E nos demais setores da vida o caso se repete.

    Por analogia, encontramos na histria do presbtero os elementos necessrios aoesclarecimento do que deve ser a sua funo administrativa. Os edificantes episdios queessa histria encerra, clareiam muito os horizontes atuais.

    Diremos, com o devido respeito, que a histria do presbiterato a histria da religio deDeus.

    O contedo do captulo anterior parece concorrer para se afirmar sem receio que opresbiterato instituio divina. Como instituio divina e parte do Plano de Deus, opresbtero esteve presente e funcionou desde os primeiros captulos da histria dos povos.Coloraes diversas, que as teve e ainda as tem, no afetam o aspecto fundamental doofcio do presbiterato.

    Reconhecidas essas verdades, que, convenha-se, no se demonstram com dadosmatemticos, mingua de registros histricos, ftea evidenciado que o pensamento humano,

    77Lev. 26:478NATURAL RELIGION

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    a conceituao do ofcio, que tm sofrido a ao modificadora do tempo; no opresbiterato. Juntamos um grfico ilustrando o Mo.

    A Igreja que O conserva at nossos dias em acordo com as primeiras notas da histria,despido dos ornatos com que pensaram engrandec-lo, com a mesma modesta dignidade

    mas com a plenitude dos movimentos da sua funo, essa igreja depositria de umaherana gloriosa. responsvel pela conservao de um legado esplndido que deve trans-mitir inalterado, na natureza e na essncia, administrativa, moral e espiritualmente, sgeraes futuras e jatar-se de assim poder transmiti-lo.

    Seria bom que o homem considerasse intocveis os padres bblicos das instituiesdivinas. No deveria ser para importar o que pensamentos irrequietos ou insatisfeitossugiram para modific-los. As correntes modificadoras sempre existiram; mais em umaspocas e menos em outras. Muitas delas no passam de atestados da insensatez humana,insinuando a possibilidade de aperfeioar o que foi feito por Deus; justificam-se a seumodo, a pretexto de variao de interpretao, evoluo, modernizao, e alcanam o seu

    auditrio; todo orador tem auditrio...

    Todavia, conservado dentro dos moldes em que primeiro surgiu, o presbiterato nada perdeuem eficincia, majestade e dignidade. E, o que de suma importncia, permanecendo com as caractersticas originais fica inteiramente na Bblia, podendodispensar com facilidade as novas roupagens que os modificadores lhe oferecem maiscomo decorao. Compulsemos a Palavra de Deus.

    1. ORIGEM BBLICA

    O ofcio bblico. A nomenclatura, entretanto, tem variado com o tempo. As funes so

    as mesmas, em que pese a mudana do Pacto.O Antigo Testamento apresenta-o, ora como "ancio", ora como "oficial". O novoTestamento acrescentou, mais, o "bispo".

    Consideremos os dois primeiros.

    O ANCIO

    O ancio, seja como cargo ou como ofcio, existiu antes do xodo. O cargo anterior,mesmo, ao que tudo indica, ao prprio registro histrico das Sagradas Escrituras. A histriada famlia hebria est, inteirinha, nas Sagradas Escrituras, porisso e porque a melhor fontede informaes sobre o ancio , mesmo a famlia hebria 79, no sairemos dela. Nossasobservaes sero, pois, baseadas no Velho Testamento, como nica fonte digna de f. DoVelho Testamento tomaremos, principalmente, o Pentateuco, mais o livro de Ruth. Depois,apelaremos para o Talmud judaico com as suas tradies escrupulosamente compiladas,com o qual formaremos ideias sem meno especial, por que de difcil conferncia.

    No princpio a posio de ancio no era de escolha. Caa sobre, o indivduo como umadecorrncia da idade e da condio de patriarca, sobre cujos ombros pesasse a conduo deuma prole.

    79Willysone Goodsell, Ph. D., "A HISTORY OF MARRIAGE AND FAMILY"

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    Admitido, j naqueles tempos como ainda hoje, que nada acontece que no seja da vontadede Deus, a condio de um patriarca, com descendncia maior ou menor segundo a mercdivina (na convico ju daica) 80, era investidura divina. No era escolha prpria, mas umasituao criada por circunstncias promovidas por Deus. Porisso, era uma posio dedignidade, revestida de autoridade, cercada de respeito e obedincia. Como hoje, nem todo

    casado era pai e nem todo pai era patriarca. A mo de Deus mostrava-se na propiciao dosmeios para que o fato acontecesse. No era fatalstico, porque, como dissemos, nem todopai era patriarca. Reunidos os fatores determinantes, erigia-se o venerando pai em "cabeada famlia", "prncipe da famlia", da, em "prncipe das tribos" ou "pai dos pais" 81. Poresse caminho le galgava a posio em que sua voz era a vontade de Jeov. Essa voz eraouvida ou como instruo, ou como conselho, como sentena. No se congrega o povo natenda, nem no campo, sem a sua chefia. No se aceitam desafios para a peleja comvizinhos hostis sem o seu comando. A palavra do ancio era a palavra da calma^ e daprudncia, da f e da autoridade, na administrao do patrimnio comum ou individual eno culto a eJov.

    Parece fcil estabelecer a comparao entre esse ancio e o presbtero. Identificamo-lo nassuas ordens e no seu mister, tanto como na sua conduta perante a congregao do povo. ASetuaginta, alis, em carter nico entre as tradues do Antigo Testamento, emprega ovocbulo presbtero para designar esse ancio das priscas eras.

    O nome, todavia, no importa, quando o ofcio pode ser assim identificado. E quem podediscutir diferena?

    Se, entretanto, a questo o nome, ento vamos recuar e verificar que o de presbtero mais velho do que o cargo, se bem que levando o trao comum do homem mais velho,disciplinador, condutor e governador. assim que o encontramos nas origens da famlia

    grega, onde, ao oficial de governo e juiz se acrescentava o sacerdcio82

    . Tambm aqui oguia da famlia e o chefe da tribo helnica. Tambm aqui o PRESBTERO era de idadeprovecta e era venerado pela famlia que lhe tributava respeito e obedincia e lhe conferiaautoridade suprema em tudo.

    Foi por faltar outra designao que o povo hebreu limitou-se a cham-lo de ancio, sendo oser ancio um privilgio que poucos homens conseguiam nas agruras da vida do seutempo. Um exame consciencioso das funes e dos elementos histricos sobre o oficialleva nica concluso: o presbtero est no ancio e o ancio est no presbtero. No-te-sede passagem, que o presbtero era um ancio, mas nem todo ancio era um presbtero; afuno, os cargos e os encargos, os direitos e a autoridade, mais que o ttulo, que o levam

    ao encontro com o presbtero naqueles dias do longnquo passado.

    Quando, mais tarde, se encontraram as duas civilizaes, a hebria e a helnica, estasocorreu aquela com o nome caracterstico e aquela incorporou o ttulo que a segunda nopoderia conservar com a evoluo do tempo e do pensamento religioso. A importao deum nome no afeta, nem levemente, a ideia ou a coisa; eis uma lio dos nossos dias. Umalngua mal aquinhoada no vocabulrio se enriquece com a importao de terminologiaestranha, muita vez s modificada pela grafia. O acar j existia antes de adotarmos nomundo latino a locuo rabe que o designa; deixou de ser doce porisso?

    80

    Salmo 127:381WMystone Goodsell, Ph. D., obra citada82Idem idem

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    F. MARTINS, O OFCIO DE PRESBTERO Pg. 23

    Os atenienses empregavam o "PRESBYTEROS" nas acepes mencionadas e o alternavacom EPISCOPOS, este, porm, mais frequentemente, como governador civil, note-se, dasregies conquistadas. Era um interventor, imposto aos povos dominados, para reorganiz-lo nas bases das naes vitoriosas. Ao "PRESBYTEROS", reservava-se funo maiselevada, mais transcendental, mais espiritual tanto que Homero empregou o termo na

    "Ilada" para nomear deuses!

    No s os gregos, mas outros povos adotavam a dignidade presbiteral, com o nome deancio, adaptado sua lngua, obviamente. Assim, os moabitas 83 e os midianitas 84,segundo o prprio testemunho bblico.

    Em suma, o ofcio de presbtero no tem nascimento determinvel, ningum sabe quandoapareceu. de origem divina. bblico e est na Bblia em retrato a corpo inteiro 85.

    2. EVOLUO BBLICA

    As funesMuito importa a discriminao das funes do antigo ancio, porque na sua identidadeque nos fundamentamos para a afirmao dos nossos princpios. E estamos felizes porquetemos tudo na Bblia e, alm dela, temos o socorro da Histria.

    Partimos da famlia hebria, conforme referncia anterior; da famlia iremos tribo e da, aldeia e cidade. A aldeia foi o ncleo na formao nacional. o que diz Goodsell:

    "Dentro da comunidade de aldeia ou "grande famlia", conservava-se intacta tendo seu prprio domiclio a famlia bsica, consistente de pais, filhos, e,muitas vezes, de avs e netos" 86.

    Como a famlia hebria era uma organizao religiosa, coesa e una, o seu patriarca eratambm sacerdote; isso um fato do tempo, como tantos outros que continuamacontecendo. As atividades sacerdotais devem ter sido constantes, tal o grande nmero defestas ritualsticas, de cerimoniais e de jejuns, segundo os relatos da Escritura, e do Tal-mud.

    A vida pastoril do povo hebreu determinava uma emigrao constante. Melhores stios,melhores pastagens, melhores aguadas, os faziam mudar frequentemente. Tambm issoest no relato bblico. No havia, assim, nesse princpio de formao da raa, aglomeraesestacionrias. Diramos que viviam em "aldeias mveis", cuja estabilizao flutuava merc das circunstncias favorveis manuteno do grupo. O trabalho do ancio eranesse tempo o de cabea, inclusive nas disputas com tri-, bos adversrias; muito afanosaera sua vida.

    Dada, porm, a fecundidade da mulher hebria, no que, alis, o povo via a mo de Deus, e,celebrada, como era, a procriao, as famlias cresciam constantemente. Surgiu adificuldade da remoo dos trastes, dos gados, das crianas e dos dependentes pordeformidades ou incapacidade de sustento prprio. A, a razo do aldeamento.

    83Nm. 22:484

    Nm. 22:785W.H. Roberts, O SISTEMA PRESBITERIANO, trad. Rev. Gutenberg de Campos86WIlystone 'Goodsell, Ph. D., obra citada

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    Mas a populao continuou a crescer. Novos meios de vida acrescentaram-se ao pastoreio.A indstria do lar tomou forma 87 sob a gerncia da mulher. Dificultaram-se, cada vezmais, as migraes. As aldeias desenvolveram-se e transforma-ram-se em cidades. No hmais nomadismo. Agora o ancio governa uma cidade, cujos reclamos o levam a chamaroutros para formarem um colgio para deliberaes de mbito temporal, moral e espiritual.

    Ampliou-se o raio de ao do presbtero. Apareceu a oportunidade para se demonstrar oesprito liberal do ofcio e democrtico da ao e le convoca companheiros para, nomesmo nvel, administrarem o povo. Mas as funes desdobradas no sofrem modificao.Seria demasiado numerosa a lista das referncias em que "os ancios" figuram na Bbliadesempenhando as suas funes, as mesmas funes, com a mesma autoridade e auferindoas mesmas homenagens devidas ao ofcio.

    Os servios

    As mutaes sociais exigiram o desdobramento das suas funes e determinaram a

    prestao de novos servios. Todos dentro do plano geral, sem hipertrofia, apenasaumentando a sua responsabilidade.

    Encontramos, agora, o ancio na disciplina social 88, na corregedoria 89, como deputado dopovo perante o prprio Deus 90, como depositrio da f 91, como fiscal das ordenaes dogoverno92, etc. Tambm toma assento no Senado das tribos, ao lado dos chefes, juzes ereis que presidiam as cortes.

    As congregaes locais, as sinagogas, tinham um tribunal composto de trs juzes, aquem cabia dirimir as questes de ganho, perda ou restituio. Era o nosso atual Conselhode Igreja 93.

    Seus servios iam alm do horizonte local; o ancio integrava a segunda Cmara deJustia, composta de 23 juzes. Nela podia sentenciar at morte.

    Tambm no Grande Sindrio (ou Senado), ao qual subiam as altas questes de religio, dedireito e do Estado, o ancio falava como Juiz no Corpo dos Setenta, cujo presidente era ochamado Sumo Sacerdote. Era o Tribunal de ltima instncia e mais que uma Corte deApelaes; podia proceder como instncia especial, como no julgamento e na condenaode Jesus Cristo 94.

    Servir no Sindrio, a suprema Corte Nacional hebria, era o mais alto ideal acalentado pelo

    cidado judeu ao encaminhar-se para a velhice. O assento ao lado de um sacerdote nessaCorte era o mais sonhado prmio de uma vida digna, experimentada nos servios de outrasnaturezas, prestados pelo ancio em qualquer lugar do pas.

    87Prov. 31:13/2788Deut. 19:11/1289Deut. 21:20; 21:2290Deut. 29:1091Deut. 27:1; Jos. 24:31; I Sam. 16:492Esd. 10:7,893Mat. 9:18; Mares 5:35; Lucas 8:41; Atos 13:3594 Mat 26;S7; Marcos 14:53; Lucas 22:52, 54,66; Joo 18:13,24,28

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    Portanto, a relevncia dos servios prestados pelo ancio paira acima de qualquerdiscusso. A sua identificao com a do presbtero evidencia a origem bblica dopresbiterato.

    A narrativa bblica chama-o ora "ancio do povo", ora "ancio dos judeus", outras vezes

    "ancio de Israel" e, ainda, simplesmente "ancio". s vezes aparece sozinho, no singular,o que d grande popularidade ao cargo, e, outras vezes encontrado no plural, indicandoque diversos ancios esto realizando o mesmo servio. Tambm funcionam, em outroscasos, em companhia de escribas, de sacerdotes e de oficiais.

    A rea das suas atividades era o meio em que habitava; quando em tribunais era arespectiva jurisdio, regional ou nacional, mas nunca como instituio generalizada.A Bblia no cogita de formas de governo, nem suas partes, ao tempo em que foramescritas, tiveram essa cogitao. Ela se limita a descrever as funes necessrias ao bomandamento da sociedade dos fiis. A repetio de tais funes em diversas comunidades ea sua conservao atravs dos tempos recomenda.ram o cargo do ancio como governador

    do povo na esfera religiosa.

    Sendo o ancio o presbtero, pode-se, ento, afirmar sem erro que a igreja do povo hebreuera governada por presbteros antes do xodo, no deserto da peregrinao, na poca dos

    juzes, durante o reino unido e o reino dividido, nos cativeiros e na disperso, at os nossosdias. Os judeus, portanto, eram e so presbiterianos na sua forma de governo eclesistico95.

    O Oficial

    J dissemos que encontramos no Velho Testamento o cargo mencionado como sendo de

    ancio umas vezes e de "oficial" outras.Um exame perfunctrio, para no nos aprofundarmos demais, vai indicar que as funesso as mesmas e o emprego de um ou outro vocbulo depende do gosto, das prefernciasdo escritor.

    Parece que quando o escritor quis esclarecer o tipo do obreiro, para distinguir o clrigo, leempregou textualmente "o ofcio de sacerdote", ou "o ofcio sacerdotal", ou, somente "osacerdcio". Muitas passagens lanam luz sobre este ponto de vista 96.

    O hebreu Jos quando teve necessidade de organizar administrativamente o povo egpcio

    para enfrentar a fartura, a fim de conjurar a futura misria, sugeriu ao fara que nomeasse"oficiais". Era o pensamento hebreu, transportado para as regies do Nilo pelo vice-rei.Quando o povo escravo tinha de clamar ao fara, o intermedirio era um "oficial"., O

    juizado das portas da cidade era do ancio, mas diversas referncias citam "juzes e ofi-ciais" 97. Assim em outros casos como na sele-o de soldados para a guerra 98, naocupao dos templos pagos, desalojados os sacerdotes idlatras 99, e semelhantestarefas..

    95Philipp Schaff, DD., IX. Dl, "A Religious Encyclo-paedia or Dictionary of Biblical, Historical, Doctrinal, and PraticaiTheology"96 Ex. 28:1, 3, 4, 41; 29:1, 33; 30:30; Lev. 7:35; Num.3:3, etc.97

    Deut. 16:1898Deut. 20:599II Reis 11:18

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    Pode dizer-se, pois, do oficial, o que dissemos do prebtero, isto , que o oficial est noancio, como o ancio no oficial. Consequentemente, o oficial do Velho Testamento opresbtero em toda a sua extenso de autoridade e dignidade, salvo os casos em que se tratade um militar, o que no focalizaremos aqui.

    O Novo Testamento a rea da especializao do ofcio do presbiterato. aqui que le seafirma e se define com maior clareza, porque o ambiente mudou na Dispensao da Graa.

    Extingiu-se o sacerdcio. A relig;o deixou de ser nacional-hebria, para ser universal. AIgreja configurou-se e, se bem que telogos, como o Dr. Walter L. Longle 100, afirmem terhavido uma 'Igreja do Antigo Testamento", no Novo que ela tomou forma. A nebulosa,misturada com religio de Estado, tomou forma com o advento de Jesus Cristo, condensou-se e o ancio nela tomou p como presbtero.

    H nova disciplina para a vida religiosa e uma nova forma para o culto. A congregao dosfiis marcha, ela s em direo a Deus. Transpe o vu. Nessa marcha, que tem de ser

    ordenada, ela liderada pelo ancio, convertido em presbtero.A transio da sinagoga para a igreja deu-se com a naturalidade de um evento comum. Odiscpulo de Jesus Cristo e o proslito frequentavam a sinagoga como o Mestre fizera. Aafinidade de ideias os aproximou e conglomerou. Os primeiros choques com o mofo davelha dispensao fizeram o resto l dentro: uniu-os em blocos. Tornaram-se quistos- Orepdio simples meno do nome de Jesus Cristo e a defesa dos seus princpios (antes daformulao da doutrina, a qual s mais tarde, com S. Paulo viria) provocaram conflitos.Depois, a expulso dos componentes dos quistos e surgiu a igreja 101, a assembleia dos quequeriam adorar a Deus segundo os ensinamentos de Jesus Cristo.

    A, nessa narrativa despida de pretenso, est a gnese da Igreja Crist. E, o que maisdigno de nota, foi o ancio da antiga sinagoga o presbtero da nova organizao, investidoem suas funes 102, sem haver soluo de continuidade, A antiga corte local (102)ressurge no Consistrio 103. Transplan-taram-se os mesmos objetivos do oficialato e a mes-ma autoridade 104. A instituio multimilenar reafirma-se e sem mutilao.

    Como o Senhor Jesus no cuidou de estabelecer um sistema de governo especfico para suaIgreja, nada mais natural do que moldarem-se os novos ajuntamentos cristos sinagoga

    judaica; o resultado natural da experincia vivida. O Senhor Jesus lanara as bases deuma organizao que de veria destinar-se a servir e no a governar 105. Mas um governoera indispensvel onde multides se ajuntavam crescentemente. Foi o que se fez, im-

    portando o sistema da sinagoga de incio, para, logo depois, evoluir com marcas certas dadispensao da graa.

    Com o consistrio, uma nova ordem; um novo comando. No h mais o levita; qualquerservo de Deus pode ocupar o cargo. Desapareceu a casta sacerdotal; s Jesus sacerdote eum sacerdote presente pelo Esprito Santo de Deus. Todo o ajuntamento dos fiis doutrina e aos princpios do Sacerdote opera como sacerdotes, sem exceo, nem mesmo

    100THE PRESBITERIANS, Their History and Beliefs101Atos 12:12, I Cor. 1:2102Atos 14:23, 15103

    Deut. 19:12, Esd. 10:14, Atos 15:6104Davis "A Dictionary of *he Bible"105James Moffat "The Presbyterian Churches"

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    dos apstolos 106. No lhes concedera o Crucificado as credenciais para isso, quando,rompido o vu, lhes deu acesso ao Santo dos Santos? S a necessidade de ordem nostrabalhos, orientao no culto e disciplina na vida, podiam inspirar a necessidade de se-parar-se algum para o desempenho de funes diferentes do geral. O Esprito Santooperava abundantemente naqueles tempos e fazia que cada um manifestasse os seus dons.

    Esses que manifestavam os seus dons eram consagrados para os diversos se-tores da obraque requeria atividade constante, coragem e, at, agressividade. A massa agitava-se comfervor. A comunidade tinha requisitos especiais. Os homens escolhidos para satisfazer taisrequisitos careciam de impulsos especiais. H manifestaes impressionantes; o livro deAtos est cheio delas. Era o carisma. Era a inspirao direta do Esprito Santo de Deus, emabundncia miraculosa, sobre a massa dos cristos. .

    Proliferaram obreiros. Surgiu o profeta; depois o mestre, os quais, reunidos aos apstolos,dividiam entre si o trabalho da nova organizao que trans bordava de Jerusalm primeiroe da Judeia depois 107. Os mtodos de trabalho comeam a sofrer impacto; as funescomeam a sofrer influncia dos novos fatores de progresso da nova f. Tambm o

    oficialato tem de sofrer influncias novas e de evoluir. Logo encontramos o pastor, ajuntar-se ao profeta e ao mestre 108. O pastor e o mestre unificam-se 109. Os dons realizammaravilhas em toda a parte, tais quais os de doutores, milagres, curas, socorros, governo,lnguas etc. 110.

    A Igreja consolida-se como o edifcio. Jesus Cristo a pedra angular 111. O edifcio assen-ta-se sobre o profeta e o apstolo. Com o apostolado a disciplina, e o sacramento. Oprofeta o oficial da palavra, o pregador da doutrina. Ao profeta cumpre o relatrioapostlico, de experincia incomunicvel, mas transmissvel aos escolhidos em "batalhapela f" 112.

    Entretanto, o carisma era para uma poca. Era um grandssimo favor divino para aquelafase da vida da Igreja de Jesus Cristo. Era uma providncia para o tempo. Deus iriapassando ao homem, dentro do programa de Jesus Cristo, o privilgio de participaopessoal na obra de redeno. Quando a Igreja de Antioquia separa, entre os seus profetas edoutores, a Barnab, Simo Niger, Lcio e Manam, para uma expedio missionria113 quando isso aconteceu, repetimos, parece que a Igreja entrou na fase de transio entreo carisma e o ministrio oficial. Isso se dava l para o ano 47 A.D.

    essa a fase que determinou a convenincia de ordenar as atividades do povo de Deus nasigrejas. O culto carece de um diretor, se bem que a direo no lhe conferisse direitosespeciais, O diretor escolhido pela congregao, que no o considera superior aos

    membros dela. O diretor "ministra para ela; no ministra por ela", pois cada crente umsacerdote e continua sendo. A exemplo da sinagoga, de onde haviam sado, os congregadosadotam um critrio de qualificao obediente a diversas normas, prevalecendo a normageral de preferir-se um ancio para.dirigir. A congregao cresce e torna-se necessrio

    106I Pedro 2:5, 9; Apoc. 1:6; 5:10; 20:6107I Cor. 12:28108Efes. 4:11109Atos 13:1110I Cor. 12:28111Efes. 2:20112Judas 3113 Atos 13:1/4

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    aumentar o nmero dos diretores. Escolhem-se mais ancios e fica formado o grupodirigente, uns cooperando com os outros.

    Contudo, e de um modo geral, no havia uma direo organizada para as igrejas do NovoTestamento. No havia um corpo representativo do grupo; S. Paulo dirije-se em suas cartas

    s igrejas e no a oficiais, com qualquer designao. No culto pblico os homens a quem oEsprito Santo conferia dons especiais assumiam a direo e os havia em certo nmero 114.Mas eram serviais da ocasio e no uma classe, uma instituio, pelo menos no incio.Eram, ademais, obreiros que colaboravam dessa maneira no local, sem projeo alm doslimites das comunidades a que pertenciam 115.

    Obviamente, a repetio de atos e atitudes acaba implantando certa afinidade entre quemos executa e o servio executado. Nasce uma certa identificao entre o obreiro e a obra.Ao fim de certo tempo uma congregao investe certo indivduo em certa funo, porque

    j o viu desempenh-la muitas vezes a contento. Foi assim que os crentes dotadosacabaram ficando identificados com os trabalhos de direo do culto. No s isso: entre os

    que vinham dirigindo, os que melhor- se distinguiam iam recebendo mais constantes emais assinalados apelos; nasce a a liderana. Todo grupo, a seu turno, requer umcoordenador de suas funes. Entre os prprios lderes outros se sobressaram. A notcia deAtos 15 d ideia de como os lderes surgem nas igrejas.

    nessa ocasio que surge, segundo uns autores, o dicono 116. Muitos acreditam que "ossete" no eram s diconos; podemos, entretanto, aceitar a opinio da maioria, segundo aqual 117, nessa ocasio nascia o diaconato.

    No grupo dirigente, era aos mais experimentados, mais dedicados e mais santificados quese conferia a liderana. assim que encontramos Tiago, o irmo do Senhor, em lugar de

    destaque na igreja de Jerusalm, ao que afirmam os estudiosos, vista de importantessubsdios 118 e daquele "anunciai isto a Tiago" de S. Pedro 119. O experimentado o ancioda Sinagoga, o presbtero da nova igreja.

    Um grupo parte, no por livre escolha ou vaidade, mas como fruto da homenagem que selhe prestava, continuou com caractersticas especiais. Eles haviam visto a Jesus. Eramtestemunhas da vida e da obra do Mestre. Eram os apstolos, a quem a igreja nascentetributava respeito especial, porque o que eles viram e ouviram s se repetiria no segundoadvento. Fossem quais fossem e quais viessem a ser as novas funes na congregao dosfiis, nenhuma delas substituiria o apostolado, porque esse ttulo definia uma condio dopassado.

    Em virtude disso, os movimentos locais, com os "casos" to frequentes nos ajuntamentoshumanos, comearam a surgir e a arena foi o campo de ao do presbiterato. Certasfrmulas do Velho Testamento e certos privilgios do Pacto das Obras insinuaram-se nanova dispensao. J no primeiro sculo da era crist houve situaes que exigiraminterferncia de homens como S. Paulo. O presbiterato iniciou evoluo. J no segundosculo um presbtero era dono de outro ttulo, o de bispo-"che-fe". At o fim do primeiro

    114I Cor. 12:28; Efes. 4:11; Rom. 12:6/8115"Dictionary of Apostolic Church"116Atos 6:1117

    Philip Schaff, DD, IX, D, obra citada118Atos, 15:3; 21:18119Atos 12:17

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    sculo a identidade entre o presbtero e o bispo era completa. Mas veio a bifurcao e umramo novo soltou rebentos, engrossou, tomou corpo prprio, seguiu outra direo, banhou-se em outros sis, de tal forma que no fim do sculo segundo esse ramo, o do bispo, tantose hipertrofiara que poucos se recordavam de que existira outrora o presbtero.

    Antes, porm, o presbtero e o bispo andavam juntos na representao da igreja120

    ,exigiam-se-Ihes as mesmas qualificaes para o ofcio 121, eram investidos da mesmaforma e submetiam-se igualmente exortao do apstolo 122.

    E a terminologia na lngua original dos registros? Ora, sobre esta, os prprios mestresdivergem. O EPISCOPOS servia para um e para outro, tanto designando presbtero comobispo, como veremos em outra parte deste escoro. S. Pedro, intitulado "o bispo dosbispos" pelo catolicismo romano, cha-ma-se a si mesmo presbtero em uma de suas cartas123. S emprega EPISCOPOS uma vez 124 e, essa, figurativaente, referindo-se a JesusCristo, o "Pastor e Bispo das nossas almas". Vemos assen tados no primeiro Conclio deJerusalm tanto presbteros como bispos 125, ambos administrando os rebanhos de Cristo

    em um mesmo p de igualdade126

    .

    Ento, para que a diferenciao no ofcio ? Para que, se esbarra com o testemunhohistrico e se, antes do bispo, o presbtero era o oficial servindo at de sacerdote? 127. Paraque, enfim, se ao nascer, o bispo provinha de um ofcio habilitado a dirigir a igreja e de umcargo em que ambos cooperaram por tanto tempo? Pode algum desconhecer que cadaigreja do Novo Testamento tinha seu colgio de presbteros-bispos? 128.

    Foi um triste quadro, efetivamente, esse dos princpios do segundo sculo, para a Igreja deNosso Senhor Jesus Cristo. Triste, porque marcou o fim da influncia direta e edificantedos apstolos e triste porque dividiu as guas que nunca mais se juntaram integralmente no

    leito antigo129

    .3. EVOLUO DEPOIS DA ERA APOSTLICA

    Repetimos a que a classificao de cargos comeou a insinuar a hierarquia preltica.

    Primeiramente, o ministro desejou ser um presbtero de categoria aparte; era osacerdotalismo do Velho Testamento que erguia a cabea. Sem outro amparo seno avontade pessoal, procurou insuflar os apstolos, sugerindo-lhes privilgios resultantes dasituao deles. Com os apstolos em categoria acima do comum dos oficiais, criar-se-iauma salin cia para ser ocupada mais tarde. A justificao era muito fcil no presente.

    Entretanto, nem os apstolos, mesmos, jamais desejaram ir alm do que eram quando oMestre subiu aos cus. S, Paulo, objeto de uma revelao especial, dotado com dons que oelevavam acima do comum dos membros do Colgio Apostlico em posio, cultura,gnio e trato, declara-o indubitavelmente, quando afirma:

    120Atos 11:30; 20:17121I Tim. 3:1/4122Tito 1:5/7123 Pedro 5:, 2:25124I Pedro 5:1125Atas 15126Dr. Thomas Porter em "Aos Presbteros, Dispenseiroa de Deus"127

    Gen. 18:19; J 1:5128Atos 20:17; 28; Filip. 1:1; Tm. 4:14129Dr. James Orr, em THE INTERNATIONAL STANDARD BIBLE ENCYCLOPAEDIA

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    "Cristo enviou-me, no para batizar, mas para evangelizar; no emsabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo no se faa v" 130

    Disse, ainda mais claramente:

    "se anuncio o Evangelho, no tenho de que me gloriar"

    131

    .Pensa Dr. J. Orr 132 que o apostolado no era s dos doze, vista de diversas passagens,entre as quais aponta a situao de Andrnico e Jnia "os quais se assinalaram entre osapstolos" 133 e a maneira de se exprimir quanto diversidade de dons dando "uns paraapstolos" 134 De outro modo teria dito S. Paulo "deu os doze para apstolos", to claro epositivo o estilo de S. Paulo.

    O que no padece dvida que Jesus Cristo comissionou os apstolos para testemunhas dasua ressurreio e no para exercerem governo da Igreja 135. A autoridade deles e orespeito que lhes devemos tributar resultam de terem tido o privilgio de verem o que

    viram

    136

    .A promoo no somente aumenta a validade dos atos dos promovidos, como abre vagasna casta inferior, vagas que ensejam novas promoes de outros que ainda estavamabaixo. Isso era de grande interesse para os que pensavam no sacerdotalis-mo, porquedava oportunidade a uma escala, a uma sucesso, com a qual a casta se transmitiria notempo. A sucesso apostlica seria garantia, no tanto da conservao da salubridadedoutrinria, mas da validade do sacerdcio e da proeminncia no governo 137.

    O ministro crescia dessa forma, porque na investidura se lhe concedia a incluso numacadeia iniciada pelos apstolos. O ministrio local, at ento exercido pelo colgio de

    presbteros, bispos e mestres, cedeu lugar a um oficial dirigente, ao qual se atribuiria aministrao dos sacramentos. Entorta-se o tronco da bela rvore plantada pelo SenhorJesus. Com o novo oficial entram os sacramentos, a ordenao, os rituais e, at, osparamentos do antigo sacerdote. Aquela graa salvadora, singelamente pregada por Cristo,comea a sofrer influncias demolidoras, que, mais, viriam tirar-lhe a eficcia. O homemtoma o lugar de Jesus Cristo res-surreto. Jesus volta a ser "o Senhor morto"! Todavia, apalavra PRESBYTEROS no tem associao de sentido com a palavra sacrifcio. As escri-turas registrariam IERES, se quisessem estabelecer essa associao; mas esse vocbulono apareceu nem uma vez para nomear o ofcio.

    O sacerdcio judeu foi institudo por Deus para tipificar Jesus Cristo e com Jesus Cristo,

    lgicamente, tinha de se extinguir, como, efetivamente, se extinguiu. Nada de altar

    138

    , ano ser aquele de que "os que servem ao tabernculo" no podem participar. Nesse, cadacristo sendo um sacerdote oferece-se em sacrifcio de louvor 139 e, todos,

    130I Cor. 1:17131I Cor, 9:16132Dr. James Orr em ENCYCLOPAEDIA OF RELI-GION AND ETHICS133Rom. 16:7134Efes, 4:11135Mat. 28: 19 e 20136J. Hastings, era ENCYCLOPAEDIA QF RELIGION AND ETHICS137

    Dr. James Orr, em ENCYCLOPAEDIA OF RELIGION AND ETHICS138Hebr. 13:10139Hebr. 13:15

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    indistintamente, so convocados para o sacrifcio do culto e da orao 140, de corpo e dealma 141.

    Nada, dessas atividades novas do sacerdote, oferta por pecado, vicariato.

    Entretanto, o ministro-sacerdote implantou-se e a ocupao do cargo passou a ser objeto decompetio.

    A comea a separao entre o ministro e o presbtero. Dela derivam atos e fatos quecompreendem a histria da Igreja Crist. Schaff142 responsabiliza Clemente de Roma pelacriao da hierarquia no presbiterato. que, em sua carta aos corntios, escrita no ano 97A.D., Clemente invoca a distino do Velho Testamento, ao que parece, para agradar aobispo local e hoje, tantos sculos depois, podemos afirmar que atingiu seu alvo e soprouum balo que subiu extraordinariamente...

    Mas o presbtero continuou a ser presbtero at hoje, ao passo que o bispo iniciou uma

    carreira evolutiva inclinada e verticalmente que se estendeu atravs dos tempos. Um ttuloempregado pouqussimas vezes no original do Novo Testamento e empregado, comodissemos, para satisfazer o gosto dos helenistas, consolidou-se. Consolidou-se e evolveu.Evolveu tanto, que se tornou necessria uma re-es truturaao geral do organismoeclesistico. Tudo se fz aos olhos do bispo: nova estruturao, nova interpretao, novateologia. Mas quem tudo observou, no o faria sem interesse prprio e o bispo continuouganhando terreno.

    Nos dias que correm pouco depois desses passos, como se olha o bispo?

    1. como presidente dos colgios locais,

    2 como quem reduz o presbtero condio de seu conselheiro e3. como quem expande, por conta prpria, sua autoridade, com o ofcio quepassa a designar-se EPISCOP 143.

    No s isso, mas transforma o cargo no centro de um organ'smo cujas peas no semovimentam seno em seu derredor e, da,

    1. reclama o privilgio da sucesso apostlica, considerando-se nomeadopelos apstolos, embora nem Tito nem Timteo arrogassem tal situao;2. implanta um governo monrquico, diferente do primitivo, que era torepublicano como o da sinagoga no qual se moldara;

    3. amplia a rea do seu domnio, atingindo as congregaes rurais,primeiramente, e, as das pequenas cidades vizinhas, logo depois nascendo, assim,a diocese. 144.

    Muitos fatores da poca cooperaram para que isso assim acontecesse. O prprio curso dahistria tornou-se colaborador do bispo monrquico. A guerra entre o imperialismoromano e o nacionalismo judaico chegava ao fim, no ocaso do sculo pri meiro, ganhando

    140Apocal. 10:3141Rom. 12:1; Hebr. 13:16; II Cor. 9:7; Filip. 4:18142Schaff, Dr. Philipp. A RELIGIOUS ENCYCLOPAEDIA OR DICTIONARY OF BIBLICAL, HISTORICAL,

    DOCTRINAL AND PRATICAL THEOLOGY143James Mofft, em THE PRESBYTERIAN CHUR-CHES144 PAROIKIA

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    a palma o imperialismo ramano. Essa vitria foi um rude golpe no presbiterato, porquefortaleceu o espiscopado gentio, principalmente o europeu 145.

    Agora a estrada larga e cmoda. O bispo gostou rle trilh-la e a administrao da igrejafugiu da mo do presbtero; tomou-a o bispo. claro que havia opinies divergentes, como

    a de Clemente de Roma (97 A.D.) o qual lanara a ideia na carta aos corntios sem preveras consequncias. le no admitia a sucesso apostlica, mas dizia que os presbteros soEPISCOPOI, reprovando o ato do seu despojamento. Ainda outras vozes discordantes fo-ram as de:

    Policarpo, que Irineu diz ter sido bispo de Smirna por nomeao dos apstolos,escrevendo igreja filipense, recomenda obedincia aos presbteros e diconos,como a Deus e a Cristo, sem meno do bispo 146; Clemente de Alexandria no distingue os ofcios de presbtero e bispo e em seusescritos sempre menciona "bispo-presbtero" 147; S. Jernimo no reconhece a instituio de sucessores para os apstolos. Para

    le um concilio de presbteros governava a igreja do Novo Testamento148

    ; e outros.

    J Incio de Antioquia no compreendia igrejas crists sem bispo. Eram necessrios, diziale, para:

    a) unificar a disciplina e a orao;b) representar Deus, Cristo ec) administrar com segurana a eucaristia e o batismo.

    No admira, pois, que se tornasse logo vitorioso o episcopado. Nem para admirar que o

    caudal crescesse, tanto mais pelo motivo exposto da cooperao da marcha da histria dospovos. comum o fato de certas instituies serem bafejadas por imprevistos da histriada humanidade. Com ou sem razo, os benefcios as tornam estveis; quem pode evit-lo?

    Crescendo em autoridade, obviamente, o episcopado cresceu em prestgio. Asprerrogativas da sua nova situao, com poder interno provindo da ascendncia noconclio, a representao, e a influncia oriunda da amplitude de sua ao sobre a vidatemporal e espiritual, tornaram o bispo conhecido no meio social e respeitado no meiopoltico desde o princpio da sua expanso.

    A formulao do Credo Apostlico e o colecio-namento dos Santos Escritos foram a

    grande oportunidade do bispo, assegura Santo Incio. Utilizou-a le, com a interpretaodada como que de cima. Comeou a influncia teolgica.

    Irineu instituiu um vnculo definitivo entre a Sucesso Apostlica do episcopado e a purezada doutrina. ento que o bispo sai definitivamente da obscuridade dos tempos primitivose sai com uma posio, em matria de f, igual que j conquistara no aspectoadministrativo.

    145Didache146

    J.C. Simpson em ENCYCLOPAEDIA OF RELIGION AND ETHICS147Mac Lean, citado por Dr, James Orr em obra citada148Dr. J. Hastings, idem, idem

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    O episcopado local morrera; matou-o o prprio bispo quando o transformou em episcopadoregional, em diocese.

    No ano de 251 da era crist j se encontravam na Igreja duas ordens uma maior e umamenor. Na primeira incluam-se o bispo, o presbtero e o di cono; enfileiravam-se na

    segunda: o sub-dicono, o aclito, o exorcista, o leitor e o porteiro149

    .J no enfrentamos, ento, um ofcio como o de Timteo e de Tito ; deparamos ordemeclesistica da qual se expelir o leigo.

    Do quarto sculo em diante s o bispo pode ministrar ordem sacra. As palavras "SumoSacerdote", "padre" e "levita", para designarem os presbteros e os diconos, emsubstituio ao termo bblico e histrico, so de uso frequente.

    O prestgio a que nos referimos linhas atrs seguia no mundo poltico as ondulaes doprogresso das cidades. Assim, a Igreja da cidade de Roma cresceu em nmero e influncia.

    Os escravos libertos cederam lugar a conversos de outras categorias sociais. J no nacomportam as catacumbas. O testemunho dos mrtires do Coliseu havia impressionadocoraes melhor postos na grande metrpole mundial. A Igreja de Roma passou a ombrearem prestgio com as de Alexandria, Jerusalm e Antioquia, mas a de Roma estavapoliticamente melhor situada.

    No correr dos trs primeiros sculos a igreja crist tornara-se um imprio invisvel,qualifican-do-a um apologista como "latebrosa et lucifugax natio" ou nao que se escondee que foge da luz 150. Mas a situao comea a mudar. A antiga "ecclesia" passa a tomar aforma da "civitas" da sociedade romana. O clero cristo inspirado pelo "ordo" e os leigosassumem o aspecto da "plebs" romana 151.

    Converte-se o imperador Constantino e com le "inoculou-se na Igreja de Cristo o espritomilitar de Roma". Forma-se, imitao do imprio de Constantino, um grande imprioespiritual que, bem organizado administrativamente, cresce, expande-se, servido por umahierarquia j bem estabelecida. Cresce tanto, com as adeses (no com as converses queentra em moda aps a converso do Imperador; o imprio social se sobreps ao espiritual152.

    O nmero aumenta; nem sempre aumenta a qualidade dos novos crentes. O aspectoexterior da Igreja vai sofrendo modificaes subsequentes ano aps ano, sculo apssculo, at que, no sculo 6., o bispo de Roma, animado com as constantes e maiores

    vitrias, reservou para si o ttulo latino de "papa" (pai) que at ento era aplicado a todosos demais bispos diocesanos. Em 1076 o pontfice Gregrio viria a erigi-lo em "santopapa".

    Deram-se s mil maravilhas Roma e a Igreja que agora s se chamava de crist. Esta noabsorveu a sociedade romana. Adaptou-se aos seus costumes, acomodou~se aos seusgostos, deliciou-se com as suas preferncias at arquitetnicas.

    149W. Walker em'"HISTRIA DA IGREJA CRISTA150

    CRISTIANISMO E CULTURA CLSSICA151Idem idem152Oliveira Lima em HISTRIA DA CIVILIZAO

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    Esboroa o, maior imprio do mundo. Era o detentor da fora e da ordem nos quadrantesconhecidos da terra. Insurgem-se, umas aps outras, as numerosas colnias que le fundarae dominara com mo de ferro. No h comando para um mundo embriagado com umaindependncia no conquistada pelas armas, nem imposta pela razo, mas alcanada pelocorrupo do dominador. Os povos brbaros que estiveram sujeitos a esse poder no tm

    mais a quem prestar respeito. Voltam-se para a religio crist, porque nela vm o nicoporto de salvao. Convertem-se em massa ou parecem converter-se. O norte da Europacristianiza-se sem convices profundas. Dilata-se o poder da igreja que no abre mo dasnovas conquistas. Cresce a hierarquia. Delegam-se poderes, mas no se difundem asdoutrinas. O bispo administra o mundo.

    Com Carlos Magno, ao receber a coroa de ferro das mos do Papa Leo III, no Natal doano de 800, na Baslica de S. Pedro, pondo sua espada a servio do Santo Imprio ou doSegundo Imprio do Ocidente, o bispo estendia, d?ssa forma, o seu manto sobre todomundo civilizado. O domnio no era do Segundo Imprio do Ocidente ou Sacro Imprio;era do bispo que atingia seu maior alvo e iria entronizar e destronar reis. O bispo venceu a

    grande parada.

    Da passamos aos tempos medievais. O bispo governa um mundo em trevas. Inao fsica,indolncia mental, superstio grosseira, preguia generalizada. Dominam o espiscopadomonarcas absolutos, os quais, tiranizam o povo. Qualquer reaao do pensament