o papel do enfermeiro de saÚde publica: projeÇÕes
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o PAPEL DO ENFERMEIRO DE SAÚDE PUBLICA: PROJEÇÕES NO ENSINO'
Bertha Cruz Enders2
RESUMO: Analisa-se o papel do enfermeiro em saúde públ ica no contexto do ensino,
como ponto de partida para uma avaliação da prática. Objetivou-se 1 ) Identificar o
papel do enfermeiro em saúde públ ica projetado nos cont�údo� programáticos d�S
d iscipl inas de saúde públ ica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal do RIO
Grande do Norte desde sua implantação em 1 974 até 1 990 e, 2) Avaliar as concepções
projetadas no ensino frente a real idade das práticas dos egressos. Conceptualizações
da teoria de papeis nortearam o entendimento do termo "papel" e do processo de inter
nal ização do conceito. Uti l izou-se uma abordagem qual itativa com triangulação na co
leta de dados. Dados foram obtidos em duas fontes: nos conteúdos programáticos do
Curso e nas opin iões dos enfermeiros egressos do Curso. Técnicas de análise docu
menta i foram apl icadas a 70 programas de d iscipl inas de Saúde Públ ica e uma amos
tra a leatória estratificada de 60 enfermeiros foi entrevistada uti l izando um questionário
especifico. Os dados foram anal isados à luz da teoria de papeis para a identificação do
conceito . Em seguida, se anal isou o conceito com base nas pol iticas de saúde vigentes
da época em estudo. Os resu ltados demonstram que o papel do enfermeiro em saúde
públ ica projetado nos conteúdos focaliza funções múltiplas, assistenciais educativas e
administrativas dentro de uma visão preventiva. O objetivo da enfermagem em saúde públ ica tem sido a prevenção, dentro de uma prática de assistência primária e mais recentemente, dentro de uma perspectiva de mudança e de transformação das questões sociais e das pol iticas de saúde. Focal iza o enfermeiro planejador, competente nas técnicas epidemiológ icas. A percepção dos egressos é também preventiva e focal iza o papel educador e conscientizador do enfermeiro, embora pouco avanço se observa com relação às questões sociais da popu lação. Existe uma incompatibi l idade entre os conceitos expressos no curso e os exig idos na prática profissional, refletindo insatisfação dos egressos com a formação recebida no Curso que ressaltam insegurança técn ica na prática . Conclu i-se que o conceito da prática de enfermagem em saúde públ ica tem atendido as demandas das pol iticas de saúde vigentes, porém não as demandas da prática do enfermeiro. Tal d ivergência entre o ensino e a prática de enfermagem em saúde públ ica aponta a necessidade de uma revisão curricu lar no que tange o objeto de trabalho da enfermagem em saúde públ ica.
UNITERMOS: Enfermagem em Saúde Públ ica e Educação em Enfermagem - Prática de Saúde Públ ica
1 . INTRODUÇÃO
As mudanças no setor saúde advindas do Sistema Único de Saúde (SUS), levantam a necessidade de u ma defin ição dos rumos que a enfermagem brasileira deverá tomar nesse pro-
1 Projeto financiado pelo CNPq, Processo N° 40301 9-90. 7
cesso de reforma. Nessa perspectiva, a categoria de enfermagem dá in icio, no final da década de 80, ao processo de reformulação do curricu lo min imo em enfermagem visando uma aproximação entre o ensino e a prática e uma condicência com os principios do SUS. 1 2 , 24
2 PhD em Enfermagem, Professora Adjunta, Departamento de EnfermagemlUFRN.
R. Bras. Enferm. Brasllia, v. 48, n . 3 , p. 251 -271 , jul .lago.lset. 1 995 251
Nessa definiçao de novos modelos de assistência e de enfermagem, torna-se necessário avaliar as conceptual izações do papel do enfermeiro que se processam no ensino, a adequação desses conceitos à prática e os fatores que os determinam, para , a partir dai , efetuar novas visões e açOes de enfermagem que possam atender as necessidades de saúde da população. O objeto de estudo neste trabalho, portanto, é o papel do enfermeiro em saúde públ ica projetado em um Curso de Graduação em Enfermagem, como ponto de partida para uma aval iação da prática e do ensino na área de Saúde Públ ica, visando uma renovação desses conceitos.
1 . 1 . Problemática e Objetivos
As funções do enfermeiro em saúde públ ica têm sido expl icitadas oficialmente e teoricamente na l iteratura da enfermagem brasileira. Em 1 975, por exemplo, NOGUE IRA21 define "o que", "o como"e o "para que" das tarefas do enfermeiro e subsidia o reg istro da ocupaçao "Enfermeira em Saúde Públ ica" na Classificação Brasi le ira de Ocupações no Min istério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). Na época, o conteúdo g lobal da prática visava o "planejamento, execução e avaliação dos programas de saúde" através de ações técnico-administrativas, da prestação de cuidados, de programas educativos e de pesqu isa, orientados para a "promoção, proteção e recuperação da saúde de uma coletividade" 2 1 (p. 1 1 9) . Já em 1 977, o Min istério de Saúde, define os padrões mín imos de assistência de enfermagem à comun idade nas d iversas atividades no sentido "de orientar as ações de enfermagem nos programas de extensão dos serviços de saúde nas áreas rurais, de proteção materno-infantil, de nutrição e de vigilância epidemiológica" 8 (p . 1 O) . Vários proposições teóricas sobre as funções do enfermeiro em saúde públ ica são apresentadas na l iteratura de enfermagem. 1 ,3 , 1 1 , 1 3
Tais defin ições, porém, enfatizam o ideal da função do enfermeiro frente aos programas de saúde do Min istério de Saúde vigentes. Carecem de uma constatação do real papel desem-
penhado pelo enfermeiro na prática , ou seja, de uma abordagem indutiva onde a teoria dessa I funçao seria elaborada com base nas realidades vivenciadas pelos enfermeiros nas suas práticas em conjunto com as pol íticas de assistência à saúde.
Quanto ao ensino, estudos recentes em saúde públ ica, têm constatado a ineficiência do ensino no preparo do profissional para a prática . 9
O distanciamento do profissional de enfermagem das pol íticas de saúde, ensino das ações centradas nos aspectos curativos e o descompromisso social no cotid iano do enfermeiro em geral , são aspectos questionados fortemente, especialmente frente aos princípios do SUS que exige uma prática baseada nas necessidades de saúde da popu lação a lvo.2 ,20
O problema investigado neste estudo é a relação entre o ensino curricu lar de enfermagem e a prática , numa conceituação específica , a do papel do enfermeiro de saúde públ ica . Os objetivos do estudo foram: 1 ) identificar as características e os determinantes do papel do enfermeiro em saúde públ ica enfocado no ensino; 2)
Identificar as concepções dos egressos sobre o papel do enfermeiro em saúde públ ica adqu i ridas durante a sua formação e sobre sua correspondência na prática; 3) Anal isar a adequação do conceito projetado no ensino, frente aquele internal izado pelos enfermeiros eg ressos e a realidade de trabalho.
1 .2. Referencial Teórico e Questões de Pesquisa
O trabalho parte do pressuposto de que a prática de enfermagem, como prática social e h istórica , abriga determinantes contextuais relacionados ao processo de formação, que por sua vez , social iza o profissional para a prática , d i recionando os valores, as atitudes e as ações que nortearão seu papel . Reconhece-se ainda, que as expectativas, as situações do ambiente de trabalho e as motivações ind ividuais do profissional contribuem para o desenvolvimento do papel a ser assumido na prática . Dessa forma, o papel do enfermeiro é visto como produto da interrelação. entre o ensino, o contexto sócio-
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pol ítico, a situação de trabalho e as motivações pessoais.
Para conceptual izar essa relação conteúdoprática no curricu lo, uti l izou-se o esquema de planejamento do ensino de BOTOMÉ que propõe o curriculo derecionado para a realidade social do contexto. 7 Segundo o autor, a base do currículo deverá ser a real idade com a qual o aluno tomará contato, ou seja, o curriculo deverá partir da situação que ele vivenciará. As ações relacionadas ao conteúdo devem ser d i recionadas para o preparo do profissional enfermeiro capaz de l idar com as situações da prática.
A teoria de papeis norteia a concepção do termo " pape l " . S eg u n d o L l N TO N Ap u d H I NSHAW, 1 7 qualquer "papel" (ou ' role') é formado por três componentes: valores, atitudes e comportamentos. Valores são idéias mantidas em comun por membros de uma estrutura social, (neste caso, a categoria de enfermagem), que gu iam a identificação e a priorização das metas e objetivos dos ind ividuos.
Atitude é entend ido como a tendência ou a prontidão para responder a objetos ou eventos da profissão de forma favorável ou desfavorável , podendo ser expressada através de opin iões. Na teoria de papeis , atitude pred ispõe o indivíduo a ter certas expectativas de comportamento acerca do ind iv iduo que exerce algum papel . Assim, as atitudes adqu iridas acerca da sua profissão, predispõem o profissional enfermeiro a certas expectativas sobre o seu papel . Posteriormente, essas atitudes servem de gu ia para a avaliação de seu próprio desempenho. Tais atitudes, se formam através da social ização de maneira informal nas experiências da vida, e através dos processos formais de ensino. 1 7
Os comportamentos de u m papel profissional referem-se às ações e às habi l idades necessárias para desenvolver o trabalho especIfico esperado. 1 7 Na enfermagem de saúde pública, os comportamentos são d iversos e requerem habil idades epidemiológicas, técn ico-assistenciais, educativas e de comunicação.
A formação profissional foi considerada como um processo de social ização, onde o propósito das instituições formadores de profissionais é
incu lcar, nos seus aspirantes, as normas, os valores e os comportamentos necessários para, não só a sobrevivência da profissão, mas também, para a anál ise crítica da mesma e sua subsequente transformação. Conforme as proposições de ROSOW Apud H I NSHAW, 1 7 esse processo de social ização acontece através da internal ização dos valores e da,s atitudes específicos à profissão e através da aprendizagem dos conhecimentos e das ações e habi l idades necessárias para efetuar os comportamentos daquele papel profissional. Ainda, segundo LUM, 1 9
a social ização de u ma profissão requer, não apenas uma educação formal , mas também, um sistema informal para a internal ização da ética que gu ia a prática do papel profissional .
Foi a tese deste trabalho, portanto, que o conjunto de valores, atitudes e comportamentos técnico-cientificos, profissionais e éticos do enfermeiro em saúde públ ica, é determinado pelas expectativas sociais e de saúde vigentes e pela categoria. Tais elementos são transmitidos no ensino da Enfermagem, através dos currículos, podendo ser identificados nos conteúdos e nas representações dos enfermeiros formados que os internal izam.
As q uestões de pesquisa foram: Qual o papei do enfermeiro de saúde públ ica projetado no ensino? Qual a percepção do papel do enfermeiro em saúde públ ica adqu i rida pelos graduados? Até que ponto o papel do enfermeiro em saúde públ ica projetado no ensino se compatibi l iza com as expectativas dos enfermeiros na prática? Até que ponto os conceitos e enfermagem em saúde pública uti l izados no ensino se relacionam com a situação contextual , socio-econõmica, pol ltica e de trabalho, nos serviços de saúde?
2. MATERIAIS E M�ODOS
O estudo foi real izado de janeiro 1 991 a dezembro 1 993 na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Teve como objeto os conteúdos programáticos na área de enfermagem em saúde pública no Curso de Obstetrícia e Enfermagem desde seu in icio em 1 974 até 1 990 e a prática dos egressos. Uma abordagem de aná-
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a.- 1 c-.toe � a-o. _. p" ... . ........... l ise qua l itativa foi ut i l izada ,
com triangulaçao metodológica consistente na coleta de informações em duas fontes : nos conteúdos prog ramáticos do C u rso de Enfermagem e nas conceptua l izações dos enfermeiros egressos. Real izou-se u ma anál i se dos programas das d iscip l i nas de enfe rmagem em saúde p ú b l i c a e u m " s u rvey " d o s e n fe r m e i ros egressos do Curso.
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ContexIo
2.1 . Análise Documental
Setenta programações de disciplinas foram anal isadas em dois g rupos cronológ icos, 1 975-1 981 e 1 982-1 990. Essa d iviSa0 foi efetuada, em consideraçao à modificaçao curricu lar de 1 981 , quando o Curso de Habi l itaçao em Enfermagem de Saúde Públ ica foi incorporado ao Curso de Graduaçao através da Discipl ina Enfermagem em Saúde Públ ica.
O procedimento de anál ise foi elaborado com
base nas técnicas de anál ise de conteúdo de
KRI PPENDORFF1 8 e consistiu de seis passos:
1 )Coleta, autenticaçao e organizaçao dos pro
gramas das d iscipl inas; 2) Elaboraçao das di
mensões e instruções para anál ise, por pesqui
sador nao envolvido na anál ise documental ; 3) Codificaçao dos itens nos ducumentos segundo as d imensões e instruções elaboradas; 4) Agrupamento, classificaçao e categorizaçao dos itens nas respectivas d imensões; 5) I nterpretaçao das categorias ind icando a maneira q ue
o elemento da d imensao se refletia no pro
g rama; e, 6) I nferência contextua l , ou reexa
me das categorias com relaçao aos elemen
tos constitutivos do conceito teórico de "pa
pei profissional" . I nstruções e dimensões de análise foram ela
boradas com base nas questões de pesqu isa,
no teoria de papeis e no conhecimento das prá
ticas da enfermagem. As mesmas foram testa
das antes da sua ap l icaçao por dois pesqu isa
dores membros que nao participaram da sua
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elaboraçao. O Q UADRO 1 mostra a relaçao entre as d imensões de anál ise constru ldas, os conceitos teóricos de origem e a evidência que representaria a d imensao nos conteúdos.
2.2. "Survey" dos Enfermeiros
Uma amostra de 99 enfermeiros egressos do Curso de 1 974 a 1 990 foi selecionada de forma probabil lstica e estratificada por ano de formatura. Sessenta (60) enfermeiros foram entrevistados, representando 6 1 ,0% da amostra planejada e 08,0% do total dos egressos do Curso. A alta rotatividade nos empregos, mudanças de endereço e uma greve prolongada ocorrida nos serviços durante o perlodo do estudo d ificultaram a local izaçao de alguns enfermeiros. Outros foram eliminados após várias tentativas sem sucesso de entrevista no local de trabalho ou na residência. Houve d ificu ldades também, em obter as informações daqueles enfermeiros que concordaram em participar. As entrevistas eram concedidas só após várias tentativas de procu- . ra, prolongando assim, o tempo de coleta de dados. Apenas um enfermeiro se recusou a participar.
As informações foram coletadas através de questionário durante entrevista real izada após
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r ·
\ \ \ \
da obtenção do consentimento do enfermeiro, adquirido posterior à explicação do estudo e de seus d ireitos de participação. Elaborado com base nos conceitos da teoria de papeis1 7 e na relação teórica entre conteúdo curricular e a prática, segu ndo BOTOMÉ.7 O questionário solicitava informaçOes demográficas e de trabalho, a opin ião dos participantes sobre a concepção do enfermeiro em saúde públ ica adquirida no Curso, sobre a correspondência dessa concepção com as demandas do trabalho, sobre d ificu ldades enfrentadas com relação ao seu papel no trabalho, a concepção do papel do enfermeiro frente as mudanças ocorridas no sistema de saúde; e, as suas impressões sobre o ensino de enfermagem em saúde públ ica no Curso. O seu conteúdo foi val idado por 2 enfermeiros "experts"na área e testado com um grupo de 1 O enfermeiros.
As informações foram submetidas a anál ise de conteúdo para a elaboração das taxionomias as quais foram anal isados comparativamente junto aos marcos estruturais, sociais e de saúde vigente da época para detectar os fatores que influenciaram a defin ição do conceito emitido no ensino no periodo de 1 5 anos em estudo.
3. RESULTADOS
3 . 1 . C a racte r ização da A mostra d e Programas e de Enfermeiros Egressos
O QUADRO 2 mostra o número de programs examinados por d iscipl ina e por periodo.
QuacInI Z
1 982-1 990 e 26 tinham cursado especial ização. Tinham, em média, 9 anos de trabalho na enfermagem, embora 1 5, ou 25,0%, tenham trabalhado previamente como auxi l iar , técnico ou atendente de enfermagem. As principais instituiçOes empregadoras foram as Secretarias de Saúde, estadual e municipal, a Fundação Nacional de Saúde e a U niversidade. O local de trabalho de 47,0% dos enfermeiros era o hospital , 23 ,0% trabalhavam no Centro de Saúde, ambulatório ou N rvel Central da Secretaria e 1 3,0% em cHnica de ensino.
3.2. O Papel do Enfermeiro em Saúde Publica nos Conteúdos Programáticos
3.2.1 . Período 1 975-1 981
O QUADRO 3, mostra os resultados da análise de conteúdo dos programas para o periodo 1 975-1 981 e apresenta as categorias de conteúdo identificadas para cada dimensão teórica e as proporções de programas que contenham cada categoria.
Quanto à dimensão teórica Final idade/Objetivo da Enfermagem, que representa a idéia principal mantida pelo enfermeiro com relação a sua função, ou seja, o "para q ue"das suas ações, os conteúdos que indicavam o repasse de conceitos ou objetivos da Enfermagem em Saúde PÚbl ica foram identificados em cada programa, agrupados e classificados. A classificação dessa d imensão resu ltou em 9 categorias, sendo que cinco categorias foram identificadas em mais de 50,0% dos programas. Essas categorias for
prog_ da dlKlpllna do Cuno de EnfeIlll8gllll na UFRH analludoa por periodo. ma: "Cuidar", " Educar" , "Assistência Primária" , "Contro le de Doenças Transmissrveis"e " Planejamento da Assistência" .
P- DIocIpIINI . ... . ....... -1975-1981 Introduçlo. S8Ilde Pública 8
PIanejamenIo em S8Ilde 5 AssisItnc:I8 PrimiriII em s.üde 5 NutriçAo em Saúde PübIiCa 1 EnIermIIgem em Saúde Públial I 5 AdrrinistraÇlode �IIIII EI\fIonnagem 5
1982-1990 Introduçlo . Saúde Públial 18 Enfermagem em SaUde Públial I 18
A amostra de 60 enfermeiros entrevistados se caracterizou da segu inte forma: 98,6% eram do sexo feminino, a maioria ca.sada (58,0%) ou solteira (37 ,0%) e tinham em média 33 anos de idade. A maioria ( 80,0%) se formou no perrodo
Total
34
3S
O enfoque do Curso nesses conteúdos indica que o ensino no perrodo, 1 975-1 981 , projetava a função assistência I e educativa do enfermeiro. A função administrativa
foi representada em 44, 1 % dos programas. Os objetivos "Transformar a realidade"e " I ntervenção no BinOmio saúde-doença", estiveram inseridos em apenas 35,2% e 8 ,8% dos programas, respectivamente, demostrando assim, que no
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periodo 1 975-1 981 , deu-se pouca ênfase ao papel do enfermeiro como agente de mudança.
As dimensões "Caracteristicas Técnico-Cientificas", "Caracteristicas Profissionais" e "Caracteristicas Éticas" foram consideradas como elelmentos que indicavam o perfil do enfermeiro em saúde públ ica projetado no Curso. Ou seja essas dimensões representam os aspectos técn ico-cientificos, profissionais e éticos do enfermeiro que seriam valorizados pelo Curso.
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"Ações Assistenciais" , "Ações Educativas"e "Ações Administrativas"e suas respectivas categorias foram identificadas num número maior de programas. Nas Ações Assistenciais, observa-se a predominância da categoria "Assistencia no Centro de Saúde", com 71 ,0% dos programás tendo evidência desse tipo de conteúdo. Outras atividades de assistência identificadas em programas com proporções menores de 50,0%, se relacionavam à assistência no pre-
natal e puericu ltura , em programas
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especificos, ao escolar e à familia. Este resu ltado vai ao encontro do enfoque do objetivo da enfermagem em Saúde Púb l ica identificado anteriormente, onde o se enfatizou a assistência e a educação como finalidade/objetivo das ações do enfermeiro. As ações assistencias no Centro de Saúde e dentro dos programas vigentes, como Prenatal , Puericuitura e outros, constitu iram um enfoque continuo neste primeiro periodo .
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Na dimensao Caracteristicas/Conhecimento
Técnico-Cientificos, nao houve um enfoque con
tinuo e forte nos conteúdos desse primeiro perf
odo. já que o número de programas que enfo
caram essas categorias foram poucos, menos
de 50,0%.0 conhecimento focal izado referiu-se
à "Bioestistica, " "Epidemiologia, ' "Levantamen
to Sócio-Sanitário, ""Planejamento" e "Pesqu i
sa." A interpretação desses resu ltados refere que
no perido 1 975-1 981 , o aspecto técn ico do pa
pei do enfermeiro em saúde pública predomi
nou , especialmente nas áreas de diagnóstico
sanitário e de planejamento. Quanto ao comportamento, elemento essen
cial do conceito de "pape!", as d imensões de
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As "Ações Educativas" predominaram fortemente também nesse periodo, especialmente quanto às atividades de "E:nsino na Assistência Direta"e atividades de "Promoçao da Saúde", ambas categorias com 74,0% dos programas mostrando evidência ao respeito. Outras atividades focalizadas em menor número de programas foram a "Educa
ção p�ra a Saúde", "Técnicas de Ensino"e "Ensino em Serviço". Observa-se. porém. que. neste perfodo, a função educativa do enfermeiro priorizava a orientação individual no processo da assistência, como mostram as duas primeiras categorias encontradas na grande maioria dos programas. O ensino coletivo representado pela categoria "Educação para Saúde"teve menores proporções.
Quanto às "Ações Administrativas", observase que uma porporção min ima dos programas apresentaram conteúdo que focal izava tais atividades, com apenas três categorias sendo identificadas nessa dimensão ("Funções Administrativas", "Passos do Processo Administrativo"e
256 R. Bras. Enferm. Brasilia. v. 48, n. 3. p. 251 -271 . jul./ago.lset. 1 995
"ConceitoslTeorias de Admin istração") , com apenas 1 5,0% a 21 , 0% dos programas contendo-as.
Não se encontrou evidência do Curso ter enfatizado a responsabil idade do enfermeiro no q ue d iz respeito ao treinamento dos profissionais de enfermagem, já que apenas 5 programas ( 1 5,0%) fizeram menção desse conteúdo, referindo-se ao treinamento de estudantes e de grupos de voluntários em saúde da comunidade. Vale ressaltar que esse dado é questionável , já que é de conhecimento geral , que a função de treinamento de grupos foi desenvolvida em grande escala du rante o perlodo da existência da Habi l itação em Enfermagem no Curso de Enfermagem. Sugere-se que os programas não registraram tal atividade como atividade/conteúdo de aprendizagem embora tenha sido amplamento desenvolvida com participação dos alunos de enfermagem.
Encontrou-se evidência em 85,0% dos programas, da ênfase na habi l idade de Consulta de Enfermagem. A destreza na vacinação, visita domicil iar e exame flsico do escolar foram também mencionados em menor proporções que a consulta de enfermagem. Conteúdos relacionados ás caracterlsticas ou conhecimentos na área profissional ou ética não foram identificados nos programas.
Com relação ào"Contexto" , encontrou-se evidência de conteúdos relacionados a alguns aspectos do contexto social , da situação econômica e de saúde, tanto pol ftica como da realidade de saúde da época. Porém, o que se observa é que o Contexto Saúde foi mais enfatizado nesse perlodo, com percentuais nas suas categorias geralmente maiores que as das dimensões de contexto social, econômico e/ou polftico. Assim, os conteúdos que tratavam da realidade de saúde, concentraram-se nas situações de saneamento, da assistência primária prestada à população, da saúde pública em geral e da em enfermagem em saúde pública, assim como da realidade dos serviços de saúde quanto a sua estrutura organizacional, funcionamento, planejamento sanitário e programas de saúde vigentes.
Os conteúdos referentes ao Contexto Social , cujas categorias apresentam percentuais sig-
n ificativos, aparecem, nesse perlodo, destacan
do as condições de saúde e sociais da pupula
ção, ou seja as problemáticas dos d iversos g ru
pos populacionais (grupo materno infanti l , es
colar) , os fatores determinantes do bem estar
socia l e a escola como institu ição social . Res
salta as caracterlsticas dos problemas de saú
de em paises mais e menos desenvolv idos.
Embora encontrou-se evidência de que os con
teúdos desse perlodo trataram as q uestões re
lacionadas à comunidade como contexto (orga
n ização, desenvolvimento, e local de trabalho) ,
à população (pol ftica populacional , crescimen
to, composição, movimento e migração no am
bito nacional) e o contexto cultural com relação
à saúde, esses conteúdos foram encontradas em percentuais menos sign ificativos, demonstrando que esse enfoque não foi consistente nesse perlodo.
No Contexto Pol ftico, conteúdos sobre o sistema nacional de saúde e sobre as d iretrizes gerais e a estrutura básica de saúde do Estado foram abordadas em 20,0% e 1 5,0% dos programas nesse perlodo respectivamente. Abordagem das q uestões relacionadas ao Contexto Econômico foi ainda mais l imitada, com apenas 6 ,0% dos programas apresentando conteúdo nesse aspecto. Os programas desse período não apresentaram conteúdos que trabalhassem as questões de Contexto de Trabalho do enfermeiro, embora referiram tratar das questões dos serviços de saúde e da atuação do enfermeiro na assistência primária de saúde. Vale ressaltar que a terminologia relacionada ao processo de trabalho em saúde aparece na l iteratura de enfermagem em referência à prática do enfermeiro no in icio da década de 80, portanto, a ausência de referência ao respeito é compreens lvel .
3.2.2. Periodo 1 982-1 990
Como se observa no QUADRO 4, no período 1 982-1 990, o enfoque da Assistência como Final idade/Objetivo da enfermagem persiste, com 86,0% dos programas apresentando tal conteúdo. Porém, tal assistência se apresenta nesse perlodo, inerente aos programas gover-
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namentais (veja as categorias de Ações Assistenciais). A "Assistência Primária" destacou-se em apenas 39,0% dos programas nesse segundo perlodo.
Observa-se também, um objetivo diferente em destaque, "Anál ise das Pol lticas de Saúde, " com 1 00,0% dos programas mostrando evidência desse conteúdo. Paralelo a isto, o percentual de programas que apresentaram as categorias "Envolvimento social" e "Desenvolvimento da Comunidade" como Finalidade/Objetivo da Enfermagem, também foram significativos em termos proporcionais (78,0 e 56,0% respectivamente) . Isso é interpretado como sendo uma reflexão do interesse em projetar o objetivo assistencial da enfermagem, paralelo ao desenvolvimento da consciência dos problemas sociais e de saúde que atingem as comunidades. Representa uma conceituação mais ampla do papel do enfermeiro em saúde públ ica, uma vez que inclui dentro da final idade de enfermagem o desenvolvimento da comunidade e as final idades de bem estar social mais abrangentes assim como o conhecimento mais aprofundado das pol lticas de saúde vigentes. Porém, não foi pos
slvel detectar se essa relação assistência-consciência social se desenvolviam conjuntamente
com é de -se pensar ao encontrar ambos con
teúdos aparecendo na maioria dos programas desse perlodo.
Em relação aos aspectos técn icos valorizados nesse perlodo, a maioria dos programas (64,0%) refletiram "Caracterlsticas Técn icoCientlficas"de um profissional capacitado para planejamento em saúde, mas central izadas nas normas e estratégias de planejamento e programação. A preparação técnica no uso de bioestatlstica, técnicas introdutórias, estudos epidemiológ icos e vigi lância epidemiológ ica foram categorias também identificadas, embora em menor proporção no perlodo 1 982-1 990 (QUADR0 4).
Assim, os aspectos técnico-cientlficos enfocados nas d isciplinas foram as técnicas e estratégicas de planejamento em saúde e epidemiológicas para o controle de doenças, e em segundo lugar, as técnicas de pesqu isa. Dessa forma, os conteúdos nas d iscipl inas projetaram
o enfermeiro em saúde públ ica, como planejador capaz de particip�r do processo de planejamento em saúde e na área de vigilância epidemiológica, mas com conhecimento rudimentar sobre o processo cientifico de investigação.
Na dimensão "Ações Educativas" , a atividade "Educação para a Saúde"persistiu nesse perlodo, com 52,0% dos programas mostrando tal conteúdo. A ação de "Administração do Serviço 1 982-1 990. Já as " Habi l idades/destrezas" identificadas se relacionam à vacinação e à visita domicil iar, embora o percentual de programas com tais conteúdos foi mln imo neste perlodo.
Com relação as dimensões de "Contexto", se observa que no perlodo 1 982-1 990, destacaram-se os conteúdos que tratavam de questões da realidade social e pol ltica, já que as categorias em ambas d imensões apresentaram frequências acima de 50,0%, ou seja, a maioria dos programas nesse perlodo ressaltaram tais aspectos. Aspectos do Contexto social enfatizados referiram-se à comunidade como grupo social (organização, desenvolvimento, trabalho comunitário e barreiras) , as condições sociais como pobreza, desemprego, etc. em relação aos problemas de famll ia e de grupos especlficos e a relação do modo de produção na sociedade com a saúde. Outros aspectos tais como determinantes sociais na história natural da doença, situação populacional do pais e os aspectos das condições de saúde da população em relação aos contextos de serviços de saúde foram abordados em um número reduzido de programas nesse perlodo.
Quanto ao Contexto Pol ltico, mais de 50,0% dos programas nesse perlodo apresentaram conteúdos que referiram o estudo da Pol ltica Nacional de Saúde e os planos de desenvolvimento em saúde do Brasil em relação ao planejamento da enfermagem. Outros aspectos tais como a polltica de saneamento e tendências nos programas gevernamentais de saúde foram citados em um número l imitado de programas. Da mesma forma a pol ltica da reforma san itária como conteúdo em estudo apareceu em apenas 22,0% dos programas, embora o movimento tenha sido efetivado desde 1 987, ou seja, era
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de se esperar que um número maior de programas do perlodo 1 987 a 1 990 abordassem tal conteúdo.
Queclno 4 .,........ 001.:.' ...... . ...... , catIgorIM ........ c ...
ram caracterlsticas especificas da função do enf�rmeiro na sua participação no sistema de informações através dos mapas diários de ativi-
dades, registros compulsórios, etc. Nes
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As categorias Contexto EconOmico, Contexto de Saúde e Contexto de Trabalho apareceram em menos de 50,0% dos programas, mostrando que esses conteúdos foram menos consistentes nesse perlodo. Os planos eco
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aspectos Profissionais não foram iden-1 1 ,0 ....
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Assim, a realidade de trabalho do en-1 1 ,0
"2,0
fermeiro aparece nos conteúdos apenas 17,0 ".0
25.0 no sentido de preparar o aluno para re-".0 1 1 .0 ".0
al izar as funções exig idas na un idade n.o ".0
de saúde e menos na perspectiva de ".0 "7,0
.... uma anál ise critica da situação de tra-.. ..
21.0
''',0 balho na elaboração de abordagens que 11.0
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".0 3 .3 . Concepções do Enfermeiros .... ''',o ' 1 ,0
Egressos 1 1 ,0 ".0
.... "R ".0
3.3.1 . O Trabalho dos Enfermeiros .... .... "'.'
As descrições das atividades desenvolvidas pelos enfermeiros egressos no emprega0 foram classificadas quanto ao tipo de processo de trabalho que representavam (TABELA 1 ) .
Tabela 1 nOmicos e sua relação com saúde foi encontrado em apenas 1 4,0% dos programas que focal izaram mais a sua evolução h istórica . Já o Contexto de Saúde foi amplamente representado neste'
perlodo, com conteúdos que abordaram a situação de saúde do ponto de vista ambiental , enfatizando os aspectos de saneamento e não tanto as doenças de saúde públ ica como eixos populacio-
Tipos de proc .. o. de trabalho exercido. pelo. enfennelroa eg.....as do CUI'8O de Enfennagem na UFRN (noo6O).
Proceao de Trabalho Enfennelroa %
Administrar 47 78,0 Cuidar 43 72,0 Controlar Doenças Transmisslveis 14 23,0 Educar para Saúde 09 1 5,0 Ensinar 09 1 5,0 Produzir Conhecimentos 02 03,0
nais. O Contexto de Trabalho se fez presente nos
conteúdos sobre a real idade de trabalho do enfermeiro em saúde públ ica , onde se apresenta-
Encontrou-se que os processos de trabalho sendo desenvolvidos pelos enfermeiros foram Administrar (78 ,0%), Cu idar (72 ,0%) e Controle de Doenças Transmisslveis (23 ,0%) . Outros
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processos tais como Educar para a Saúde, Ensinar e Pesqu isar foram identificados em um Ind ice menor de enfermeiros, de 03,0 a 1 5,0%. Observou-se, porém, que a maioria dos enfermeiros desenvolvem vários prpcessos de trabalho no emprego. Poucos sêo os que citaram exclusivamente um t ipo de processo: 1 1 disseram administrar, 5 ensinar, 4 cuidar e 1 real iza c9ntrole de doença. Dessa forma, a maioria, 37 (61 ,0%) dos enfermeiros descreveram seu processo de trabalho como de Administrar e Cu idar, s imultaneamente e em combinaçao com outros.
3.3 .2 . O Papel do Enfermeiro em Saúde Pública no Curso
As descrições dos enfermeiros quanto ao papel do. enfermeiro em saúde públ ica projetado no Curso resu ltou nas seegu intes classificações correspondentes à F inal idade/Objetivo da Enfermagem.
Tabela Z Proporçlo de enfermeiro. ........ 0., Hllundo
1
Esses resu ltados mostram uma concepçêo restrita do papel do enfermeiro em saúde coletiva, pois, embora tenham como foco de açêo a prevençêo, essa funçêo educativa se l imita ao contexto das atividades assistenciais no Centro de Saúde. A visêo mais ampla do papel transformador, ou do enfermeiro como agente de mudança, foi referida por pouqu lssimos participantes (05,0%). Embora alguns criticaram o papel pol ftico enfatizado no segundo período, a maioria nao expressa0 insatisfaçêo com tal conteúdo.
Outro resultado marcante foi o grande número de enfermeiros 27,0% que nao conseguiu dar uma conceituaçêo. Alguns desses apontaram deficiências no Curso como explicaçao principal dessa falha.
3 . 3 . 3 . Cores p o n d ê n c i a da Con cepção Projetada no Curso com a Prática
As respostas à pergunta se a concepçao do papel do enfermeiro em saúde públ ica adquiri-
da no Curso teve correspondência às ex
su .. conc:epç6ea da finaUdadelobjetlvo do enfJnnelro em saúde pública proJetadaa no CUIWO de Enfennagem na UFRN (n-80).
pectativas funcionais quando da inserÇao no mercado de trabalho foram classificadas em respostas positivas, negativas e regu lar. Trinta (50,0%) enfermeiros responderam de forma positiva, 27 (45,0% negativamente e 3 (05,0%) nao responderam.
Objetivo I Flnalldllde Enfeíinelroa PrevençaotEducaçAoem saúde 23 Saúde da Comunidade 1 1 Assistência Primária 08 GerêncialAdministraçAo 03 VigilAncia Sanitária 03 T ransforTnaçâolMudança 03 ConcepçAo nAo especificada/Sem resposta 16
A categoria com maior representaçêo nas descrições foi a de "Prevençêo/Educaçao em Saúde", como mostra a TABELA 2. Contudo, essa categoria reflete uma visao funcionalista , pois as atividades especificadas como referentes a esse papel sao especificas para grupos ou programas especiais e focal izam a doença . E is algumas das descrições nessa categoria: "orientador e educador(. .). prevenir certos tipo de doença . . ", "orientação à populé!ção sobre como prevenir doenças". Dez porcento dos enfermeiros abordaram o aspecto coletivo do papei do enfermeiro na prevençêo e apenas duas descrições referiram o conceito de promoçêo da saúde.
%
38,0 1 8,0 1 3,0 05,0 05,0 05,0 27,0
Os enfermeiros com opin iao positiva enfatizaram as atividades exig idas no serviço de prevençao e educaçao em
saúde, na assistência e na supervisao, como sendo compatfveis com o papel educativo enfatizado e adqu i rido no Curso. Outros apontaram correspondência embora trabalhavam no ambiente hospita lar, ind icando a possib i l idade do pensar em saúde públ ica mesmo na institu içao hospitalar. Numa perspectiva incoerente, alguns enfermeiros citaram a real idade caótica e desorganizada dos serviços como correspondentes ao ensino: "na prática o modelo àssistencial era de trabalho parcelado e isolado, e o professor e os enfermeiros desempenhavam apenas estas atividades(. .). havia coerência".
Afirmações tais como: "encontramos dificuldades na estrutura de toda a Unidade(. .). mais
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com perseverdncia e boa vontade da para pór em prática nosso trabalho", demostram uma postura de abnegação dos enfermeiros frente as i ncoerências existentes nas real idades de trabalho. A maioria também afirmou sentir-se desafiado com as exigências do serviço.
Os enfermeiros que responderam negativa
mente referiram o despreparo técnico sentido e
a incoerência entre a teoria e a prática existente
como justificativa:
"muito confusa pelas coisas que tinha visto na Universidade e as funções desempenhadas no posto. Na Universidade detem-:se muito na teoria sobre polltica de saúde, questões criticas de saúde, mas sobre as práticas desempenhadas no posto ficou muito a desejar"; "Durante o curso a imagem transmitida é uma, na prática a realidade é outra, digamos que oposta (. . .)depende muito da capacidade do profissional, uns demonstram que suas qualificações são muitas e que precisará de se impor diante de muitos obstáculos".
3.3.4 Dificuldades de Ingresso no Trabalho
I nsegurança técn ica e condições de trabalho inadequadas foram os principais d ificuldades identificada pelos enfermei ros (58,0% e 35,0% respectivamente) , quando confrontadas com as expectativas da institu ição empregadora . Eis alguns depoimentos:
"me senti perdida, cheia de ansiedade e de medo. Não conhecia meu papel dentro da instituição, que me fazia ficar insegura quando tomava atitudes inicias (será eu, [sic] é este meu papel?) Devo realmente fazer isto, ou estou tomando o lugar dos outros profissionais? Isto foi péssimo, pois atrapalhava meu serviço" "baixos salários e falta de oonscientização dos profissionais para as reivindicações justas"
Em geral , os enfermeiros citaram que resolveram suas d ificu ldades com muito esforço e
estudo individual através de capacitações técn icas obtidas nos serviços ou em estágios e cursos nas áreas especificas.
3.3 .5 . O Papel do Enfermeiro de Saúde Pública Frente as Mudanças no Setor Saúde
Para detectar se as concepções dos enfermeiros ao respeito do papel do enfermeiro em saúde pública tinham mudado em função da experiência adquirida e das exigências atuais do sistema de saúde que exige a definição de novos papeis dos profissionais de saúde, se perguntou aos enfermeiros qual era a sua concepção atual. As classificações encontram-se na Tabela 3 .
A maioria das concepções derivadas das respostas a este questionamento são de natureza
Ta"''' 3 Dlalrlbulçlo da. .. _ Hgundo eu .. _pç6aa do �peI do
enfa ..... lro de NIkIe pébIIc8 tNn" .. muclançu oc:orrIdu no _r Núde Finalidade I ObjetIvo do EnfaÍmelro EnferrneIroe %
PrevençAolEducaçlo.." .. úde 18 27.0
Saúde de Comuniclede Os 10.0
�� 06 1 0,0
IntermediaçAo de Palftica em Saúde Vlg8f1te 04 07,0 AsaisUlncia Primllria 03 OS,O MudançalTransformaçao 03 OS,O LidefIIr 03 OS,O Aui.t6ncie curativa 03 OS,O AdministraçAo 01 02,0 Reproduzira Selviço 02 03,0 Resposta sem concepçAo1Nlo respondeu 14 23,0
TOTAL. 60 100,0
preventiva, com categorias intituladas "Promotor/ educação em Saúde"e "Saúde da Comunidade" . Em segu ida, predominou a visão do enfermeiro condisente à pol itica de saúde, com 07,0% dos enfermeiros referindo esse papel . A função assistencial tipo "Assistência Primária"e "Assistência curativa"enquadrou apenas 1 0,0% dos profissionais. As concep�es do enfermeiro como lider dentro de uma papel mais direcionado a mudanças foi encontrado em algumas descrições. Ainda, 1 6 (27,0%) valorizam o enfermeiro em saúde pública no contexto atual da Reforma San itária e destacam o "status" profissional adquirido:
"somos essenciais e importantes no desenvolvimento do programa de assistencia à comunidade a n/vel primário"
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"esta fazendo parte do processo decisório a n/vel da secretaria"
Um número significativo (23,0) de enfermeiros não souberam expressar sua concepção, ou se recusaram a responder, demonstrando mais uma vez, a sua d ificu ldade em conceituar.
Observa-se nesses resultados que as concepções dos enfermeiros permanecem 'atreladas às funções educativas e de prevenção, mesmo após a experiência adquirida na prática. Existe, porém, uma tendência para a promoção da saúde na categoria de "Saúde da Comunidade" e para uma valorização da categoria entre os enfermeiros, demonstrando assim uma l igeira mudança dos conceitos in iciais do grupo.
3.3.6. O Ensino de Enfermagem em Saúde Pública na U FRN
Tebela 4 Dl8trlbulçlo do. 811- Hgundo _ oplnl6w .... o ... 1no
d. enfermagem em .. úde pllbllc8 no Curso de Enfenn8ll_ ne UFRN Oplnllo Fe %
�osiIiva 24 40,0
RegIâr 18 30,0
Negativa 1 7 28.0
Sem OpiniAo 01 02.0
TOTAl 80 1 00,0
Uma proporção maior de egressos expressou opin iões positivas sobre o ensino de enfermagem em saúde públ ica no Curso, como mostra a Tabela 4. As opin iões positivas foram expressas por afirmações tais com "Bom", "Excelente", "Proveitoso" , "Gostei" , etc. , sendo que a maioria desses enfermeiros não ex-
tiram uma mudança de visão da enfermagem, o despertar para a importância da saúde pública e a aquisição de conhecimentos de pesqu isa. Vale ressaltar que, embora esses enfermeiros tenham opinião positiva quanto ao ensino, também salientaram a carga horária insuficiente para a prática como principal deficiência.
Nas opin iões classificadas como Regu lar, obsevou-se que, embora os enfermeiros in iciavam suas respostas com afirmações positivas ou um tanto neutras, com frases tais como "Bom, mas .. . " , "Poderia ter sido melho", "Tivemos algumas d ificu ldades", eles apontaram também algumas deficiências nas suas respostas, demonstrando assim uma tendência para insatisfação com o Curso. Os aspectos ressaltados pelos enfermeiros indicam as deficiências tais como a d�sintegração teoria-prática e carga horária insuficiente para a prátiva (QUADRO 6). As sugestões emitidas por este grupo focal izaram a necessidade de tornar a prática mais real e significativa para o aluno e a integração do ensino à prática, assim como maior carga horária para a prática.
As percepções Negativas sobre o ensino de enfermagem em saúde públ ica no Curso expressadas por 28,0% dos egressos entrevistados, foram identificadas através das afirmações que denotavam insatisfação definitiva, tais como "de-ficiente", "não proveitoso", " l imitado", "falho" , "fraco" etc. e quando del ineavam as deficiências . As deficiências citadas são apresentadas no QUADRO 7.
Como se observa no Quadro 7, os enfermeiros criticam o ensino de saúde públ ica , pela sua
Ouod ... S � � apontadoII por una eg� com opinllo pOdNa .... o ,,"no " � em ..... �k:a no CUra0 de Ent.rm.gem eM UFRN no J*Iodo 1174-1HO
pl icou porque achou o curso proveitoso. Exemplos dos comentários que acompanharam algumas das opiniões favoráveis ao Curso são apresentados no QUADRO 5 segu ndo os
ASPECTOS PostT1VOS OPINIAo
aspectos considerados positivos.
Aquisiçlo da NoYII Vida dai EnferrNgem •... ". ... t., uma ",.6:1 eM uúdt for. do hoapl. (. .. ) . t., eontllto com • familia e comunidade (. . . ) ...,. . lIn'aomapwn ,,-venliv8 . • "o contato com • � noa; ,.Z dtegar mais próximo . ,..mJede" 0' ófimo conh«;er uma comunidade • f1CJCW traçw um � da mNma • melhor ,;�, poder miaturar � •• "proporcionou llgum embeaaamento "., • • vKJ. prof.Rna/" ". vialo qw tenho ". .eúde pública .. � ao Q.no . o goato de trabalho com laúde piIt>Ic. dew I. em ".n8 • ..,. ",aJo"
Como se obseva no QUADRO 5, V._ do S,..,. p"" ... "qt» ' um .,.fIino de "'.Importlncia. IM.".""",, _ um prcIuionli de uúde" "de grantJ. impottllnde porque o .".00 de .m.rmagem em aaúI:M plÍblca , �. na ptOIulo de enfwmllfl8lF'"
os enfermeiros que opinaram de formas positiva sobre o ensino, se referiram aos aspectos de mudança sentida na formação de conceitos preventivos e comun itários, ou seja, sen-
Amptillçlo d. Conh8CirNntoa
eltlrnJlo doi Prot.ssor ..
Tez p#IIW . ".,.IM . "WIder qw mlita coi •• ..n. diferente .. houwue uma poIftju dtt aaúde 'fIIOIt.Ja par • . ... preventiv.-
"IIiYenci8I h.ant. � tanteM quanto .. �. como peaqU •• no c","po de - --"m. troux. um maior apntndzagwn ( . . . ) ampliando minha vi • ., do mimei:) • adquirindo m •• • K".nInd.-.".., fIIdIador doe proINaex. • •• imulou • nó. ntud."t •• -"'''t. int.,. ... p« pari. doe pro/Naex..-
262 R. Bras. Enferm. Brasfl ia, v. 48, n. 3 , p . 251 -271 , ju l .lago.lset. 1 995
Quodro l _ _ I_IoçIo __ ,.- 1I _ com aplnllo ngul .. _ o
_ _ � _ _ piIbIU IIO CWW _ __ cio UfIIN no ,.- 1174-1110, As final idades identificadas nos
egressos do primeiro período (T ABELA 5) refletem ações de ordem assistenciais e educativas correspondendo com as final idades encontradas nos conteúdos desse período, Tais ativ idades refletem uma tendência à assistencia indi-
Aa,..... ........ OpIftllo
OooInIop;Ioonoino1riliCO -nlO � com . IJOI,M IfHJlJdede de ".Nlho .. . • � em algumu � nlO _ �ucou com . ruJldaM vMd8· :=':::::;:::I�ntolOóricol-
� _ In __ -"----
=1�,�":"��';"(" .)_cto • .,Ogio_'ido--_ pouco _ pIfO o .1It6gIo-
Ma �. doEnoino "AIf/lJMproreuotNptWCiumctortCicI_--O enlino foi _, ."...,daa cotIdiç(Ios de 1IicI. da noss. populaç'o,
mN OI oon_""' _ _ ncIo ptWllMW . ".,.-,. ,....." bem _ ( . . .) .m _ _ _ OU I dNojor"
T._ . desintegração entre a teoria e pela qual idade do ensino em si , caracterizandoo como m u ito superficia l . Carga horár ia insufic iente aparece também n essas descrições, assim como a falta de estrutura nos campos práticos, Esses enfer-
Proporç6ee de pIOIIra_ . """""'_ eg_ no periodo lHZ-1_, legundo • ftnalldade/objetIvo do .......... Iro om .. �cIo pIlbllca no Cu .... _ E ......... gom I UFRN,
P ..... Enfw-Fln.lldad�vo g ....... % FlnalldadolObjetivo me_ %
( ... 34) ( ...... Z) AniliM daa poIilicaa de Sa_ 3B 1 00,00 Saúdeclo Comuniclode 18 38,0 Aasislencla (Culd.r) 31 !Ie,O EducaçAo em Sa_ IO 2 1 ,0 Envolvimento com .... pactos Sociais 28 78,0 PneYençiod. � 05 10,0
ee->YoIYimenlDdaComuniclode 20 56,0 ..... 1.t6ncI. (Programas Especiais) 04 08,0 Epidemiologia 18 50,0 Atendimento nas unidades de saúde 04 08,0 Saneamonto 16 44,0 Adminialraçio 03 06,0 ..... ist6ncla Primiria 18 39,0 Controle de DT? VIg. Sanltari. 03 06,0 R"""""' 5enltaria 02 06,0 16 33,0
meiros não se sentem preparados para enfrentar a prática, u ma vez que acred itam que o ensino não lhes deu segurança para a vivência da real idade,
vidua l , na med ida que se referem a programas especiais de saúde na un idade,
Já no segundo período, de 1 982-1 990 (TABELA 6) , se observa nas
Quadno 7 Deflcilnci •• do enlino re ... ,tad •• pelol 17 egre •• ol com opinilo negatlvl lobre o
enllno de enfermagem em aaúde pública no Curso de Enfermagem da UFRN no penodo 1974-.1990 DEFICI�NCIA OPINIAo
eeaintOQl'1lçlo T eori.-Pnltica ·0 que se vf na teoria n'o , o qUft se encontra na prática" ·0 que vivenciei ( . . . ) ficou apen.s das minhas experi'ncias e longe de se compartilhar com .s reais necessidades· ". Escola de Enfermlgem n. prAricl , muito contradff6ria" "a escol. passa conteúdo que nl prAtica vivenciada existe inúmeras contradiç6es (. .. ) I escola segue um. teoria (polltic. de saúde) e a instituiç'o segue outra, (teoria voltada para os interesses pollticos pamdários) . . . "
Mil Qualidade do Enlino "professores mal preparados· "n'o existia um. celta homogeneizaç'o da conduç'o das diversas unidades, como se n'o tivesse Jigaç'o de uma com a outra (. .. ), ficava pouco fragmentado nas nossas cabeças· "o que nós tivemos foram noç6es que n'o dá para avaJiarmos muita coisa· "n'o tivemos muito bem delimffado o papel do enfermeiro na saúde pública"
Carga Horária Insuficiente "acho muito limitador (. . . ) carga hor4ria restrita ( . . . ) em determin.do momento alienaste" "a viv'ncia foi muito limffldoras di(;culdades eram grandes" "perlodo muito curto para qUft se possa fazer alguma coisa realmente e sentir efeffo" "(;camos na vontade, no desejo ( . . .) o tempo de aprendizado (nesta área) é muito curto n'o dá para desenvolver um bom trabalho"
Falta de Estrutura "locais n'o estruturados para comportar a atuaç'o dos professores· ·campo de estágio muito restrito"
Deseltimulante "faltava estImulo ( ... ) transmiti. um. vis'o restrita do que seria s.úde pública· "faltava incentivo, motivaç'o·
Tabela 5 Pro� de programa0 • • n'.nn .. _ eg ....... no perlocIo 1874-18'1 ,
_undo . flnalldaclelobjetlvo do .nfennelro .m .. �. pIlbllca no Cu .. o d. E .... nn.g.m I UFRN P ..... Enfer-
Obj.tlvO/Fln.lldad. g .. mea % ObjetlYoIFlnalld.d. malnce % (11"34) ( ... 12)
Cuidar 29 85,0 Saude da Comunidade 06 50,0 Educar 2S 74,0 EducaçAo em Saude 06 42,0
Auill6ncia Primaria 22 85,0 PrevençAoda Doença 05 42,0
Controle de D.T. 21 62,0 ..... ist6ncia (Programas Especiais) 02 1 7,0
Planajar a Assist6ncia 18 53,0 Atendimento nas unidades de saúde 02 1 1 , 0
LDerar 18 53,0 AdministraçAo 01 08,0 Administrar 1 5 44,0 Controle de DT? Vig. Sanit6ria 01 08,0 T .... formara Realidade 12 35,0
Intervençllo na Saude e n. Doença 03 09,0
fi na l idades dos enfer-me i ros uma tendência para o trabalho coletivo d e nt ro de u ma v i são mais comu n itária como demonstram as ações de prevenção e promoção em saúde, Nota-se também, tanto nos conteúdos como nas concepções dos enfermeiros, objetivos mais soc ia is em saúde, como a transformação e mudança no setor, embora pouco freq uentes , Nos conteúdos, predomina a anál ise das pol íticas de saúde e envolv imento com aspectos sociais , A função assistencial continua forte, porém, com 86 , 0% dos programas refletindo ta l enfoque, Contudo, o traba l h o n a com u n idade
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nos aspectos epidemiológicos e de saneamento sao mais enfatizados neste periodo que o anterior e a assistência primária deixa de ser destaque nesse periodo.
IV. DISCUSSÃO
4.1 . Características do Papel do enfermeiro em Saúde Pública nos Conteúdos Programáticos do Curso de Enfermagem da UFRN, 1 974-1 990 e seus determinantes.
Observa-se nos resultados sobre as caracteristicas do papel do enfermeiro em saúde públ ica projetado no Curso, que o ensino de saúde públ ica tem, em geral , focal izado valores assistenciais, educacionais e admin istrativos referentes à funçao do enfermeiro em saúde públ ica. Os comportamentos ressaltados sao de natureza cogn itiva, ou seja em forma de conhecimentos técnico-cientlficos, em detrimento dos comportamentos profissionais, éticos e técn ico-práticos que deveriam acompanhar a social ização do enfermeiro no papel . Observa-se também, uma d iferença entre os dois periodos, 1 974-1 981 e 1 982-1 990, nas caracteristicas do papel do enfermeiro enfatizado no Curso, especificamente nas ações assistenciais, educativas e administrativas.
No periodo 1 975-1 981 , o enfoque de ensino se deu nas atividades da assistência individual e institucionalizada, representado nos altos indices de programas que apresentaram conteúdos relacionadas às Atividades de Assistência no Centro de Saúde, no Pre-Natal , Assistência à criançá e em programas especificos (QUADRO 3) . Já no periodo 1 982-1 990, os conteúdos predominantes enfocaram ações coletivas fora da institu içao, tais como Assistência à Família e Trabalho na Comunidade. A proporçao de programas que apresentaram essas categorias, porém, é relativamente pequena quando comparada aos ind ices das categorias mais frequentes do periodo anterior. Os enfoques das ações educativas identificadas em ambos periodos focal izaram à promoçao de saúde e a educaça0 em saúde no processo de assistência, sendo mais consistentes nos primeiros anos do
Curso. Na área admin istrativa , os conteúdos identificados nos dois periodos sao semelhantes, como por exemplo nas funções administrativas, adrntnistração de serviços e de recursos e materiais
'. Encontrou-se, porem, que no pri
meiro periodo tais conteúdos referiram aspectos teóricos enquanto no seg undo, referiram ações especificas de administraçao, tais como atividades de administraçao do serviço no qual foram mais representadas (QUADRO 4) .
Esses resu ltados mostram que as ações assistenciais e educativas do enfermeiro em saúde pública focal izadas nas disciplinas tem sofrido mudanças através do tempo, sendo as individuais e institucionais priorizadas nos primeiros anos do Curso de Enfermagem, e atividades de atingimento coletivo tanto na área assistencial como educacional e admin istrativa nos ú ltimos anos.
Ao refleti r os contextos sócio-pol iticos em saúde dos dois periodos na procura de uma explicaçao para tais valorizações, observa-se que as pol iticas de saúde vigentes, demonstram caracteristicas e enfoques similares. No período 1 974-1 981 , após vários anos de mudanças pol iticas orientadas para esse fim, observa-se claramente um enfoque pol itico nacional na assistência individual . De 1 976 a 1 979, por exemplo, o modelo de assistência vigente é o assistencial privatista, com a criaçao do Sistema Nacional de Saúde (SNS) em 1 975 e o Sistema Nacional de Previdência Social ( I N PAS) em 1 977, que designam as ações básicas de saúde públ ica para o Estado e a atuaçao médica para o setor privádo.
Porém, em consequência aos vários problemas de ordem social e da óbvia exclusao de parcelas expresas da popu laçao da assistência à s a ú d e pe lo "comp lexo p rev i d e n c i á r io " , (22 , p.247) pol iticas compensatórias foram empreend idas na área da sáúde durante esse periodo. Entre elas, a mais marcante, é a adesão do Brasil , através da 78 Conferência Nacional de Saúde em 1 980, à proposta internacional acordada em Alma Ata de saúde para todos até o ano 2000, que uti l iza como estratég ia, a atenÇao primária de saúde, d i rigida às popu lações marginal izadas através da oferta de tecnologia
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simples e barata. A politica de extensão de cobertura através das regional izaçOes administrativas surge nesta época através do Programa de I nteriorização das Ações da saúde e Saneamento (P IASS) em 1 976, assim como a universalização das u nidades primárias de saúde através do Progrma Nacional de Serviços Básicos de Saúde (P REVSAO DE) em 1 976. 22 Esse enfoque pol itico é comparti l hado pela enfermagem e as ações de atenção primária são também priorizados na prátiva do enfermeiro.4 Assim, nos anos 1 972-1 974, a OPAS passa a incentivar o treinamento em atenção primária e a defin ição das funções do enfermeiro em nessa área5 Discorrendo sobre o tema "O enfermeiro e os serviços básicos de saúde" por ocasião do 33° Congresso Brasi leiro de Enfermagem realizado em Manaus em 1 98 1 , BORGES afirma
"A abrangência do Programa Nacional de Serviços de saúde(. .)induz à concepção lógica de que os enfermeiros e outras categorias de enfermagem devem constituir o maior grupo para provisão de assistência primária de saúde''6 (p. 53).
E conclama a categoria a refletir e se conscientizar no papel que tem a exercer dentro dessa visão de atenção primária nos serviços de saúde.
Dessa forma, o enfoque do ensino em saúde públ ica nos cursos de enfermagem nos seus primeiros 1 5 anos de existência reflete o contexto s6cio-pol itico e de saúde da época representado pela importância dada às ações básicas de saúde e especificamente aos principios da Atenção Primaria à Saúde no curriculo da Habi l itação em Enfermagem em Saúde Públ ica.
Já no meado dos anos 80, paralelo à mobil ização popular de apoio às eleições d i retas para presidência da repúbl ica , in icia-se um intenso movimento de reforma na organ ização dos serviços de saúde, onde predomina a perspectiva de uma assistência a saúde baseada nas reais
necessidades da população. Embora houve al
guns marcos significativos de medidas d irecio
nadas a solucionar as crises financeiras do sis
temas de saúde, como a criação do Conselho
de Administração de Saúde Previdenciária (CO
NASP) em 1 982 e a Programa de Ações Inte
gradas (AIS), o impulso renovador se deu na
VI I I Conferência Nacional de Saúde em 1 986,
onde o projeto da Reforma Sanitáris brasileira foi expresso.25
Uma nova perspectiva da assistência à saúde toma conta no setor, e se dâ continu idade às propostas da Reforma Sanitária de saúde como direito de todos, saúde como resultante das condições do meio e das formas de organização social da produção, e reformulação dos sistema nacional de saúde que t inha como principios essenciais a un iversal idade, a integralidade, a descentra lização e a participação popular. Em 1 987, in icia-se o processo executivo de implantação através do Sistema Unificado e Descentra l izado de Saúde (SUDS) , que incorporou conteúdos estratégicos para o SUS, e da eleboração da nova Constitu ição Brasi leira que ressalta alguns aspectos fundamentais da questão saúde: o conceito de saúde, entendido numa perspectiva de uma articulação de pol íticas sociais e econômicas; o entendimento da saúde como d ireito u n iversal derivado do exerci cio de u ma cidadan ia p lena; a caracterização das ações e serviços de saúde como de relevância públ ica; e a criação de um sistema de saúde organ izado sob d iretrizes de integridade, descentral ização e participação da comun idade. Posteriormente essas d i retrizes foram incorporadas em lei e promovidas a n ivel local através das leis mun icipais de saúde e o movimento para a mun icipal ização.
Quanto a prática de enfermagem nesse contexto, vários estudos da época apontam a prob lemática existente no setor sa úde devido aos d iversos sistemas de atenção à saúde existentes·. Em resposta aos acontecimentos na área s6cio-pol itica e de saúde no pais, que visam a democratização e a equ idade social , sur-
• Os Anais do 37° CBEn contém uma série de trabalhos que foram apresentados sobre a temática da situação da assistência de
enfermagem nas diversas áreas de atuação e que delineam a problemática da enfermagem nos diversos setores.
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ge na enfermagem, a necessidade de buscar novos conceitos e abordagens dentro de uma prática mais social, ou seja, uma prática mais consciente de seu papel na determinação dos rumos do setor saúde. Assim, em 1 987, no 39° CBEn real izado em Salvador, Bahia, in icia-se a anál ise critica dos rumos da enfermagem e a procura de uma " redefin ição da prática"dentro do modelo de assistência à saúde proposta pelo movimento da Reforma Sanitária.23
O contexto s6cio-pol ltico a partir de 1 982, marcado com transformações, e os acontecimentos na enfermagem brasi leira, repercutiram no ensino de enfermagem de saúde públ ica na medida que se tenta compreendê-Ias. Uma caracterlstica do segu ndo perlodo no ensino de saúde pública no Curso foi o surg imento do papei político do enfermeiro no que d iz respeito ao desenvolvimento de seu processo de trabalho conhecendo a pol ltica de saúde vigente, pois os conteúdos refleti ram uma certa mudança de enfoque, da assistência primária à análise das pol íticas de saúde.
Embora considere-se que esses conteúdos sejam necessários para uma anál ise critica do contexto saúde e do trabalho e para o desenvolvimento das reformulações da prática, ele é insuficiente, pois os aspectos sócio-econômicos gerais, tais como pobreza , moradia , desemprego, etc. , em sua relação com saúde, foram enfoque de ensino de poucos programas. Contudo, entende-se que o Curso de Enfermagem da UFRN tenta mostrar, através desses conteúdos nas d iscipl inas de Enfermagem em saúde PÚbl ica, um primeiro passo para a reflexão de uma redefin ição da prática .
4.2. Concepções dos Enfermeiros Egressos sobre o Papel do Enfermeiro de Saúde Públ ica adquiridas no Curso e sua Correspondência na prática.
Os enfermeiros egressos, na sua maioria,
desenvolvem mú ltiplos processos de trabalho no
emprego, mostrando como o trabalho de enfer
magem nos serviços de saúde é d iversificado.
O enfermeiro se desdobra em funções admi
n istrativas, assistenciais , educativas e até de
1
pesqu isa, com a fundio administrativa predominando.
A predominância das funções administrativas nos serviços de saúde, tem sido identificada em outros estudos. CASTELLANOS et a/, 1 0 ao anal isar as temáticas dos Congressos Brasileiros de Enfermagem da década de 80, constatám que as açOes administrativas de enfermagem predominam no atendimento individuai juntamente com as ações de cuidar. Sendo essa uma real idade concreta do processo de trabalho de enfermagem , essa prática multifuncional é um desafio quanto as suas possibi l idades para a transformação qual itativa dos serviços.
As conceptual izaçOes do papel do enfermeiro em saúde públ ica que os egressos referiram terem adqu irido no Curso, foram condizentes com aquelas conceptualizações projetadas nos conteúdos, ou seja, o papel assistencial e educativo do enfermeiro na área de prevenção, especialmente no período 1 975-1 98 1 . Porém, expressa ndo i nsatisfação e despreparo para enfrentar a prática quando recém graduados, a maioria dos enfeimeiros egressos nesse estudo, apontaram como principal deficiência do ensino em saúde pública, a falta de integração entre a teoria e a prática , ou seja, a desvincu lação dos conteúdos com a real idade do serviço e o pouco conteúdo prático. Da mesma forma, os depoimentos emitidos pelos egressos quanto as d ificu ldades enfrentadas refletem uma carência de vivência prática no serviço de saúde. Referem situações estressantes, onde não sabem nem por onde começar porque não sabem o que fazer, nem qual seja seu papel. Referem insegurança nas atividades assistenciais e admin istrativas. Referem péssimas condições de trabalho desconhecidas pela pouca vivência no serviço e que acabam d ificultando o trabalho. É como se a real idade do serviço nunca tivera sido exposta para eles.
LUM 1 9 expl ica que quanto maior a congruência das normas, valores, e expectativas entre as institu ições de ensino da profissão e as real idades de trabalho, mais fácil se dará a transição de in iciante para profissiona l . KRAM ER "Apud" LUM ( 1 9 , p1 54) uti l iza o termo "choque
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da realidade" para descrever o fenO me no das
feações de choque do graduado quando se en
contram em situações de trabalho para o qual
acha que está preparado e de repente se dá
conta que nêo está. Esse choque ressalta a autora ocorre porque a socializaçêo do estudante de enfermagem foi deficiente , deixando o gra
duado despreparado para funcionar efetivamen
te no mundo real . Segundo LUM, além de expor
a real idade através de programas especificos
de prática, o estudante deverá ser conscienti
zado de que seu aprendizado continua na vida
profissional , pois a maior parte da profissionali
zação ocorre após a conclusêo dos anos de
ensino formal . Assim, a primeira experiência de trabalho deverá ser v ista como uma contin ua
ção do processo de social ização à profissão, porque, segundo a autora , é ai onde os comportamentos específcos da sua profissão são inter
nal izados. Contudo , a q uestêo de in teg raçêo teoria
prática não é nova dentre os problemas do ens ino em enfermagem. Ta l i ncompatib i l idade tem sido de g rande preocupaçêo no C u rso da U FR N nas d i scussões de reforma curricu lar . Em 1 988 , o pro blema foi identificado com relação ao ens ino de conceitos da ass istência de enfermagem em gera l . no C u rso. 1 4 Com a exposiçêo do problema de "choque da realidade" nos eg ressos , na á rea de enfermagem em saúde púb l ica , torna u rgente a procu ra de novos modelos de ensino que possam atender as necessidades do preparo de profiss iona l para atuar nesse contexto , tendo em v ista as exigências do SUS .
Alguns autores propõem ações de integração docente-assistencial como soluções . 1 5 , 1 6
Entre outras propostas encontra-se a idéia de inovação do ensino dos profissionais da saúde, onde o serviço de saúde serve de campo de um ensino integrado entre os Cursos da área de saúde. Como exemplo de tal programa pode-se citar o Projeto U N I ora em fase de implantação em d iversas partes do Brasi l . Já KRAMER apud LUM1 9 sugere u m programa de social ização, tipo estágio ou residência, como meio para transmiti r os comportamentos específicos que atendem as exigências do serviço e orientar os en-
fermeiros estudantes sobre a real idaoe sem perder de vista o que deveria ser.
Outras deficiências apontadas pelos egressos, tais como ensino de má qual idade, carga horária insuficiente e falta de estrutura, reiteram a nec.essidade de uma revisêo pedagógica no Curso e no ensino de matéria relacionada à saúde públ ica em particu lar. U ma revisão quanto à qual ificação dos professores, reformulação das d iscipl inas, aumento da carga horária prática , como também da aval iação periód ica e qual itativa do ensino sendo real izado, é essencial .
V. CONCLUSÃO
Ao aval iar o ensino do papel do enfermei ro em saúde pública projetado no Curso de Enfermagem da UFRN no periodo de 1 974-1 990, pode-se afirmar que o mesmo tem uma relevância l imitada na prática dos enfermeiros egressos. Embora corraborando a pol ítica de saúde vigente, o ensino não atinge seu potencial máximo devido às deficiências da estrutura curricular que l imita carga horária teórico-prática e d icotomiza os conteúdos assistenciais, admin istrativos , educativos, e outros, fa lha esta que poderá ser atendida no currícu lo integrado ora em planejamento no Curso, que inclusive prevê um período de estág io profissional .
Os resu ltados da anál ise conduzem às segu intes conclusões específicas correspondentes às questões de pesquisa investigadas:
Questão 1 : Qual o papel do enfermeiro de saúde públ ica projetado no ensino?
O papel do enfermeiro em saúde públ ica projetado nos conteúdos do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN de 1 974 a 1 990 focal iza funções múlt iplas, assistenciais, educativas e admin istrativas dentro de uma perspectiva preventiva . O objetivo da enfermagem em saúde públ ica focal izado nos programas na fase incial do Curso valorizou uma prática de assistência pr imária e , mais recentemente , a prevenção dentro de uma perspectiva de asistência coletiva , e de mudança e transformação nas pol íticas de saúde. Focal iza também o enfermeiro
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planejador, competente nas técnicas epidemiológicas, em detrimento das técnicas administrativas, dos aspéctos éticos e das atitude profissionais do enfermeiro.
Questlo 2: Qual a percepção do papel do enfermeiro em saúde pública adquirida pelos graduados?
o papel do enfermei ro em saúde púb l ica adqu i rido pelos enfermeiros egressos, é de educador e conscientizador que objetiva a prevenção da doença no atend imento individuaI . Essa percepção é reflexo do programa de estudo real izado que focalizou essa conceituação.
Questlo 3: Até que ponto o papel do enfermeiro em saúde pública projetado no ensino se compatlbiliza com as expectativas dos enfermeiros na prãtica?
Embora compatfvel com o ensino, o papei não atende as expectativas do enfermeiro na prática quando da inserção no mercado de trabalho , pois enfrenta sérias deficiências, precisando de treinamento especial para in iciar seu trabalho. N o emprego, o enfermeiro é pol ivalente , enquanto o ensino valoriza a assistencia nos serviços de saúde. A d ivergência entre o ensino e a prática é o foco da insatisfação dos enfermeiros eg ressos, apresentando insegurança técn ica e despreparo para efetuar as atividades de assistência e de admin istração exig idas nas u n idades de saúde resu ltante da pouca vivência prática como estudante. Ass im o enfermeiro egresso, experencia o "choque da real idade" caracterizado por frustração no seu trabalho e insatisfação com a formação recebida.
A social ização do enfermeiro para a vida profissional é de suma importância no ensino de graduação e portanto deverá ser compatrvel com as demandas do serviço. Os valores, atitudes e ações que o aluno integral iza no Curso centraram-se na prevenção da doença, embora em anos mais recentes haja uma tendência para promoção da saúde.
Questlo 4: Até que ponto os conceitos e en-( fermagem em saúde pública utilizados no ensino se relacionam com a situação contextual, soclo-econ6mica, politica e de trabalho, nos serviços de saúde?
Os conceitos relacionados ao papel de enfermagem em saúde públ ica util izados no ensino de enfermagem em saúde pública no perfodo 1 974 a 1 990 no Curso de Enfermagem da UFRN, compatibilizaram-se com a situação pcI ftica de saúde do pais, que refletia uma pol ftica assistencial e individualizada na década de 1 970 e que tornou-se gradativamente para a saúde coletiva numa perspectiva de reforma dos serviços na década de 1 980. Contudo, essas conceptualizaç6es não se adequam às exigências do serviço. Enquanto o Curso prepara enfermeiros assistenciais nos programas de saúde vigentes e educadores na área de prevenção e na assistência primária, a real idade do trabalho exige um profissional capacitado tecnicamente para exercer funções complexas de administração de serviço e de coordenação da assistência de forma geral . Dentro da perspectiva do SUS, a ótica preventivista da saúde pública é superada pela ótica da vigilância à saúde. A prática exige uma visão de atenção integral à saúde e não da simples prevenção da doença. Existe, portanto, uma certa .deficiência do papel do enfermeiro em saúde públ ica projetada no Curso para com as exigências dos serviços de saúde.
O envolvimento do ensino de enfermagem em saúde públ ica com os aspectos sócio-econômicos do pais e suas relações com a saúde não é claro, chegando a ser superficial , pois embora apresentem-se conteúdos sobre esses temas, a l igação entre esses cond icionantes e a situação saúde não é expl icita .
Ao considerar as conclusões do estudo algumas l imitações terão que ser mencionadas. Os conteúdos programáticos das d iscipl inas que serviram de fonte de dados, na maioria das vezes não contém suficiente detalhamento para permiti r uma anál ise mais completa . A amostra pequena de enfermeiros egressos foi outra l imitação. Sugere-se que outros estudos simi la-
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res utilizem também a tecn ica de entrevista dos
professores que lecionam a discip l ina como ter
ceira fonte de dados.
Perante às conclusões, é u rgente a revisão
dos modelos de ensino no currícu lo de enfer
magem e em especia l na matéria de enferma
gem em saúde públ ica. Sugere-se que se em
preenda uma reformu lação dos conceitos por
ocasião da reforma curricu lar, para que se as
segure uma adequação entre a teoria e a práti
ca no Curso de Graduação em Enfermagem da
UFRN . Essa reflexão de conceitos novos na
enfermagem em saúde púb l ica deverá estar in -
serida na real idade concreta do trabalho . As
sim , os conceitos teóricos a serem estudados
deverão partir da prática m u lti-funcional sendo
rea l izada . Sugere-se , portanto , que estudos bá
sicos sejam empreend idos, que perm itam a e le
boração de uma abordagem teórica de traba
l ho assistencia l da enfermagem dentro da pers
pectiva de atenção à saúde uti l izando tais con
dic ionantes como referencia l . Isto possibi l itará
não só entender melhor o processo de trabalho
de enfermagem do ponto de vista teórico , mas
també m , trará propostas mais objetivas para
essa transformação q u e tanto se a nseia .
ABSTRACT: The ro le of the pub l ic hea lth nurse has been ana lysed in the teach ing
context, as a landmark for a practical eva luation . The a ims are : 1 ) to identify the ro le of
the public health nurse projected upon the programme contexts of the Rio Grande do
Norte Federa l University Nursing School publ ic hea lth subjects si nce its planting in 1 974
up to 1 990 and, 2) to eva luate the projected conceptions in teach ing as to the rea l ity of
the graduated practices. The role theory conceptual izations led to the understanding of
the term "ro le" and the concept internal ization process o
Qual itative approach with data col lect ion triangu lat ion has been used . The data have
been obtained from two sou rces: at cou rse programme context and from graduated
nurses from these courses. Docu ment ana lysis techn ique has been app l ied for 70 Pu
blic Health Subjects programmes and a stratified randomized sample of 60 nurses has
been i nterviewed using a specific questionna i re . The data have been analysed under
the l ight of the theory of papers for concept identifycation of concept . Next , the concept
of health pol icy estab i l ished by the t ime of the study, has been ana lysed . The resu lts
have shown that the pub l ic hea lth nu rse projected i nto the contents focuses assistence
, educative and admin istrative fu nct ions into a preventive view. The a im of publ ic health
nursing has been prevention , i nside a pri mary assistance practice , and , more recently ,
i nside a change and transformation perspective for the socia l questions and health
pol icy. It focuses the p lanner nu rse , competent at epidemio logycal tech-niques. The
Graduated percept ion is a lso preventive and focuses an educative and aware ro le of
the nurse·, a lthough l itt l e advance has been observed rega rd i ng to popu lat ion socia l
questions. There is an incorilpatib i l ity between the concepts expressed at the course
and the ones requested at the professiona l practice , reflect ing graduated unsatisfaction
with the formation acqu i red d u ring the course that outstands techn ical insecurity at the
practice. It has been concl uded that the publ ic hea lth nursing practice has attended the
demands of the up-to-date hea lth pol ic ies, but not the n u rse pract ice demands. Such a
contras! between teach ing and pub l ic hea lth nursing shows the necessity of a curricu
lum revision as to the pub l ic hea lth nu rs ing work object .
KEYWORDS : Pub l ic Health Practice and Nurs ing Education - Pub l i c Health praxis
R. Bras. Enterm. B rasí l ia , V. 48, n. 3, p . 251 -271 , jul ./ago .lset. 1 995 269
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EQUIPE TÉCNICA:
BERTHA CRUZ ENDERS, PhD em Enfermagem, Profes
sora Adjunto, Departamento de EnfermagemlUFRN.
ROSANA LÚCIA ALVES DE VILAR, Enfa. Especialista, .
Professora Adjunto, Departamento de EnfermagemlUFRN.
sANZIA LÚCIA PAULlNO DE SOUZA, Enfa. Especialista,
Professora Adjunta, Departamento de EnfermagemlUFRN.
EFIG�NIA MIGUEL DA S ILVA, Enfa. Especialista , Profes
sora Adjunta, Departamento de EnfermagemlUFRN.
MARIA DAS GRAÇAS PAIVA NICOLETE , Enfa. Mestre
em Educação, Professora Adjunto, Departamento de En
fermagemlUFRN.
MARIA DA SALETE BEZERRA DA COSTA, Mestre em
Enfermagem, Professora Adjunto, Departamento de Enfer
magemlUFRN.
ELlZABETH FERREIRA PIRES PAULO, Mestre em En
fermagem, Professora Adjunto, Departamento de Enferma
gemlUFRN.
SHEILA ST. CLAIRE SILVA TEODÓSIO, Enfa. Mestre em
Educação, Professora Adjunto, Departamento de Enferma
gemlUFRN.
FABIO DA CUNHA BORGES, Estudante de Enfermagem,
Bolsista CNPq.
R. Bras. Enfenn. Bràsília, v. 48, n . 3, p. 251 -271 , ju l .lago.lset. 1 995 271