o plural e o singular das arqueologias indigenas

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    O SINGULAR E O PLURAL DAS ARQUEOLOGIAS INDÍGENAS Fabíola Andréa Silva

    ARTIGO

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    O PLURAL E OSINGULAR  DASARQUEOLOGIAS

    INDÍGENASFabíola Andréa Silva11

    1 -1 Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo. [email protected]

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    REVISTA DE ARQUEOLOGIA Volume 25 - N .2 : 24-42 - 2012

    RESUMO: Nas últimas décadas, a arque-ologia presenciou o surgimento das chama-das “arqueologias alternativas” e/ou “arque-ologias colaborativas”. Isto signiicou odesencadeamento de novas ormas de pen-sar e azer arqueologia, onde a multivocali-

    dade e a reflexividade são entendidas comocomponentes undamentais da prática ar-queológica, desde a concepção do projeto,até a construção do conhecimento e a divul-gação dos dados da pesquisa. Neste trabalhopretendo discorrer sobre algumas destasnovas experiências arqueológicas, procu-rando evidenciar seus aspectos comuns esuas particularidades contextuais. O objeti-

     vo deste texto é evidenciar que essas arque-ologias implicam em uma redefinição dosparâmetros éticos da arqueologia.

    ABSTRACT: In recent decades archeolo-gy has witnessed the emergence o so-called“alternative archaeologies” and “collaborati- ve archaeologies”. It meant an unleashing onew ways o thinking and doing archeology,

    where multivocality and reflexivity are un-derstood as undamental components o ar-chaeological practice, since the project untilthe construction o knowledge and the dis-semination o research data. In this article Iintend to discuss some o these new archae-ological experiences, seeking to highlighttheir commonalities and their contextualparticularities. Te aim o this paper is to

    show that these archaeologies imply a rede-finition o the parameters o ethical into ar-cheology practices.

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    O SINGULAR E O PLURAL DAS ARQUEOLOGIAS INDÍGENAS Fabíola Andréa Silva

    Nas últimas décadas a arqueologia pre-senciou o surgimento das chamadas “arque-ologias alternativas” e “arqueologias colabo-rativas”. Isto significou o desencadeamentode novas ormas de pensar e azer arqueolo-

    gia, onde a multivocalidade e a reflexividadesão entendidas como componentes unda-mentais da prática arqueológica, desde aconcepção do projeto, passando pela cons-trução do conhecimento e pela divulgaçãodos dados da pesquisa. Para tanto, os pes-quisadores apontaram para a necessidade dese adotar teorias, métodos e práticas que: 1)combinem conhecimentos e princípios oci-

    dentais e não-ocidentais na construção doconhecimento sobre o passado (Liebmann,2008a; Rizvi, 2008; Lilley, 2009); 2) conside-rem a diversidade de pontos de vista dos su- jeitos envolvidos na gestão do patrimônioarqueológico (Liebmann e Rizvi, (Eds.)2008; Habu, Fawcet e Matsunaga, (Eds.)2008; Meskell, (Ed.) 2009; Fairclough, Har-rison, Jameson Jr. e Schofield, (Eds.) 2010;

    Colwell-Chanthaphon, 2009a; Lydon, 2009);3) atentem para as complexas inter-relaçõessociais, culturais, políticas, econômicas eideológicas que existem entre sujeitos e bensarqueológicos em escala local, regional, na-cional e global (Lydon, 2009; González-Rui-bal, 2009; Benavides, 2009; Lilley, 2009; Ho-dder, 2008; rigger, 2008). 

    As “arqueologias indígenas”, nas suas

    mais variadas expressões, integram estas no- vas ormas de se azer arqueologia e são pre-conizadas como abordagens críticas e alter-nativas à tradição arraigada das práticasarqueológicas colonialistas “corriqueiramen-te” conduzidas junto às populações conside-radas como “nativas” ou “tradicionais”. Paraencetar uma definição, estas arqueologiasoram entendidas como práticas arqueológi-

    cas onde o objetivo da pesquisa está direcio-nado para a produção de conhecimento com, para e pelos indígenas e não apenas sobre eles

    (Atalay, 2008), considerando-se os seguintesaspectos: 1) a colaboração e o diálogo eetivocom as populações indígenas, para alcançaro seu engajamento e interação plena durantetodo o processo de construção e divulgação

    do conhecimento arqueológico, evitando autilização de estratégias e justificativas exó-genas de convencimento dos indígenas sobrea importância da pesquisa (Greer et al, 2002;Silva, 2012; Silva e Stuchi, 2010); 2) o desen- volvimento de questões e agendas de pesqui-sa que possam beneficiar e que sejam apro- vadas pelas populações indígenas, e queincorporem as suas perspectivas locais na

    investigação e interpretação do registro ar-queológico, diversificando as vozes interpre-tativas sobre o passado e os significados dopatrimônio arqueológico, construindo umaeducação mútua entre arqueólogos e indíge-nas (Marshall, 2002; ully, 2007; Silva, 2002,2009a, 2012; Silva et al, 2011); 3) o respeito àsprerrogativas culturais locais de gerencia-mento dos patrimônios culturais; 4) a com-

    binação de métodos indígenas com aborda-gens cientíicas ocidentais; 5) oreconhecimento das conexões que estes po- vos azem entre o passado, o presente e o u-turo (Colwell-Chanthaphonh e Ferguson,2010; Colwell-Chanthaphonh et al, 2010;Croes, 2010; Siliman, 2010; Wilcox, 2010); 6)a ênase na realização de “etnografias arque-ológicas”, ou seja, na incorporação de méto-

    dos etnográficos em projetos arqueológicos,no sentido de apreender a significância doregistro arqueológico dada pelos diversoscoletivos envolvidos e aetados pela pesquisae pela gestão do patrimônio arqueológico, ouainda, de entender o modo como a práticaarqueológica aeta as dinâmicas culturais nomundo contemporâneo (Hamilakis e Anag-nostopoulos, (Eds.) 2009; Colwell-Chantha-

    phonh, 2009b).Assim, ao contrário da pesquisa arqueo-lógica realizada sem interlocução, onde o

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    arqueólogo não constrói uma relação dialó-gica com a comunidade local, as “arqueolo-gias indígenas” redefinem os diversos aspec-tos da pesquisa, da interpretação e dogerenciamento dos patrimônios arqueológi-

    cos. O que norteia estas práticas arqueológi-cas é a noção de que existem múltiplas ar-queologias e que estas não dizem respeitoexclusivamente ao passado, mas remetem aopresente e uturo dos coletivos humanos(González-Ruibal, 2008; Silva, 2011a;Colwell-Chanthaphonh, 2009a, 2009b; Py-burn, 2009).

    Este esorço de transormar a prática ar-

    queológica, porém, não surgiu de uma ini-ciativa unilateral dos arqueólogos, mas prin-cipalmente, pelo protagonismo dos povosindígenas. Nestas últimas décadas, esses po- vos estiveram cada vez mais envolvidos emsituações de conflito e/ou de parceria comos arqueólogos, no sentido de questionar assuas práticas e/ou propor novas prerrogati- vas investigativas e contribuir tanto na pes-

    quisa de campo quanto na interpretação edivulgação dos dados arqueológicos e pre-servação do patrimônio em seus territórios(Anawak, 1996; Meskell, 2009; Silva et al,2010, 2011; Stewart et al, 2004; Whitridge,2004). Alguns indígenas, inclusive, busca-ram uma ormação acadêmica e se tornarampesquisadores de sua própria história, às ve-zes, redimensionando e reinventando as

    metodologias e técnicas arqueológicas, bemcomo a armazenagem e a interpretação dosdados (Million, 2005; Nicholas (Ed.), 2010).A história oral, a cosmologia e os valores emodos de conhecer indígenas, têm norteadoessas pesquisas e são apontados como or-mas legítimas de produção de conhecimen-to sobre o passado (Nicholas, 2010).

    A experiência dos primeiros anos dessa

    nova e instigante prática arqueológica já de-monstra que não é tarea ácil construir umconhecimento multivocal e reflexivo sobre o

    registro arqueológico, bem como tornar aspolíticas patrimoniais mais inclusivas e de-mocráticas. No entanto, isto não tem impe-dido a prolieração dessas experiências nomundo todo e, ao contrário, elas vêm au-

    mentando e transormando a ace da arque-ologia no século XXI, reorçando cada vezmais o seu papel social e político.

    O “PLURAL” DAS ARQUEOLOGIAS IN-DÍGENAS

    O “plural” das arqueologias indígenasemerge da diversidade de suas práticas lo-cais, que precisam sempre ser transorma-

    das e adaptadas contextualmente e situacio-nalmente, considerando que são múltiplasas razões e percepções para investigar, regis-trar e preservar os testemunhos arqueológi-cos. O patrimônio cultural pode ser e tersignificados distintos para as dierentes pes-soas e coletivos. Várias coletâneas sobre pes-quisas recentemente publicadas mostram as variações das arqueologias indígenas, des-

    crevendo e analisando dierentes iniciativase projetos colaborativos e evidenciando osdesafios enrentados, no mundo todo, paraasseverar a preeminência da diversidade depercepções sobre as práticas e os patrimô-nios arqueológicos (p.ex. Smith e Wobst,(Eds.) 2005; Silliman, (Ed.) 2008; Colwell--Chanthaphonh e Ferguson, (Eds.) 2008;Phillips e Allen, (Eds.) 2010; Habu, Fawcett

    e Matsunaga, (Eds.) 2008; Meskell, (Ed.)2009; Bruchac, Hart e Wobst, (Eds.) 2010;Gneco e Rocabado, (Eds.) 2010). Dentre osprojetos colaborativos abordados nestas co-letâneas podem ser citados:

    1) nos Estados Unidos e Canadá: a) Me-tini Village Project, no nordeste da Caliór-nia, em parceria com os Kashaya Pomo queenvolve a parceria entre estudantes universi-

    tários, indígenas e arqueólogos na realizaçãode workshops, palestras, trabalhos de cam-po, rituais e atividades recreativas na área do

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    Fort Ross State Historic Park (Lightoot,2008); b) Mohegan Archaeology Program,desenvolvido em parceria com o Moheganribe Historic Preservation Department,em Connecticut, que oi criado para atender

    explicitamente os interesses do povo Mohe-gan na investigação e disseminação de suahistória (Bendremer e Tomas, 2008); c) Ar-chaeological Field School in Pinedale, de-senvolvido pela Universidade do Arizona,na Fort Apache Indian Reservation em par-ceria com os Apache e que se dedica à inves-tigação e restauração de ruínas de sítios an-cestrais (1000 a 1325 AD) (Mills et al, 2008);

    d) Indigenous Archaeology Program na Ka-mloops Indian Reserve, na Colúmbia Britâ-nica, que envolve o ensino de arqueologiapara estudantes indígenas com a identifica-ção e escavação de sítios arqueológicos doHoloceno Inicial e Médio (Nicholas, 2008).Na América do Norte, esses trabalhos cola-borativos têm contribuído para ampliar oescopo da arqueologia e, segundo alguns

    autores, tornado a disciplina mais interes-sante para os estudantes e comunidades.Novos desafios pedagógicos estão surgindoe a aprendizagem e o ensino pela experiên-cia prática tem sido enatizado onde os valo-res, perspectivas e conhecimentos indígenassão postos como centrais nos processos deensino-aprendizagem desta nova prática ar-queológica (Nicholas, 2008).

    2) na Árica do Sul : o projeto de longaduração do Kruger National Park que temcomo objetivo analisar a produção do passa-do na Árica do Sul, as paisagens ancestraise atender as comunidades circunscritas àsronteiras do parque para que estas tenhamacesso aos sítios que elas reivindicam comosendo de seus antepassados. O novo cenáriopolítico na Árica do Sul tem desencadeado

    transormações na esera da gestão do patri-mônio cultural. A história da pesquisa ar-queológica tem sido recontada, os dados

    arqueológicos têm sido revistos e existe umorte investimento na pesquisa etnoarqueo-lógica. Neste contexto os parques nacionaisestão assumindo um caráter emblemáticopara o tema da investigação e preservação

    do patrimônio cultural das comunidadesaricanas nativas tendo em vista que muitosdeles oram criados a partir do deslocamen-to destas populações e, atualmente, sob adireção do SANParks (South Arican Natio-nal Parks) estão sendo reconhecidas as prer-rogativas das populações locais para o ge-renciamento do patrimônio arqueológiconeles existente (Shepherd, 2003; Pikiray,

    2007; Meskell e Masuko van Damme, 2008).3) na Austrália: o projeto Ethnoarchaeo-

    logy in Aboriginal Australia, na região deBarunga, no norte australiano, que envolvea realização de sítios-escola sob a orientaçãodas comunidades nativas Barunga-Wugu-larr, especialmente de seus anciãos, tendocomo objetivo proporcionar experiênciaspráticas em arqueologia colaborativa para

    estudantes universitários de dierentes insti-tuições. Nos últimos anos, as populaçõesnativas australianas adquiriram mais deter-minação sobre suas heranças e saberes cul-turais e tem exercido controle sobre as pes-quisas arqueológicas realizadas em suasterras. Em pesquisas colaborativas, normal-mente, são definidos protocolos de ação queimplicam no reconhecimento das dierenças

    entre os sistemas de conhecimentos nativose ocidentais, no respeito aos sistemas políti-cos e sociais das comunidades, na flexibili-dade metodológica da pesquisa, na permis-são pela divulgação dos resultados depesquisa e no propósito de se compartilharos beneícios com relação à pesquisa (Smithe Jackson, 2008).

    4) na Nova Zelândia: a) Pukehue Project

    que oi dirigido em parceria com os Maoricom o objetivo de relocar enterramentos deancestrais do sítio Pukehue. Este sítio oi

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    dos colonizadores. Os pesquisadores têmprocurado devolver os resultados de suaspesquisas às populações locais através de re-latórios, material didático para as escolas, vídeos, otografias e publicações que tenham

    sido negociadas com os membros das co-munidades (Foana´ota, 2010).

    6) na América Latina: a) o Proyeto Ar-queológico Valle del Mezquizal, no México,que adquiriu um caráter transdisiciplinarcom a participação ativa dos otomies, nosentido de conjugar os seus conhecimentoscom aqueles produzidos pela etnografia, et-nohistória e arqueologia para a construção

    de uma história própria (López, 2010); b) eas pesquisas colaborativas realizadas na Ar-gentina, na região de Antoalla e Antoagas-ta de La Sierra onde as versões arqueológi-cas sobre o passado são contrastadas commemórias, história local e experiências indi- viduais (Haber et al, 2010; Londoño, 2010).A recente coletânea editada por Gneco eRocabado (2010) evidencia a descontinui-

    dade entre as histórias indígenas produzidaspela arqueologia e aquela das populaçõesindígenas atuais. Esta descontinuidade queoi produzida pelo colonialismo tornou, em vários contextos latino-americanos, antagô-nica a relação entre os povos indígenas e ospatrimônios arqueológicos, uma situaçãoque aos poucos vem sendo desconstruída.

    Para alguns autores, as iniciativas cola-

    borativas têm possibilitado, de dierentesmaneiras, o envolvimento dos coletivos in-dígenas no processo arqueológico, o desen- volvimento de perspectivas alternativas degestão dos patrimônios culturais e o reorçodos entendimentos interculturais sobre osregistros arqueológicos. Além disso, elasevidenciam que a colaboração entre arqueó-logos e populações indígenas ocorre de or-

    mas dierenciadas, de acordo com os con-textos, as expectativas, objetivos e desejos deambas as partes. odas essas ormas, porém,

    aetado pela construção de uma estrada e,posteriormente, pela erosão tendo sido ne-cessária uma intervenção para manter a in-tegridade dos remanescentes humanos alienterrados; b) Projeto Kairua que contou

    com a participação de representantes Maorie que ocorreu por causa da construção dereservatórios de água que aetariam umaárea de grande riqueza arqueológica e ocu-pada pela população Nga Potiki. Esta popu-lação reivindicou a ancestralidade dos sítiose conseguiu impedir a realização de parte dotraçado original da obra. Na Nova Zelândia,o New Zeland Historic Places rust, através

    da Maori Heritage Unit regula todas as ati- vidades arqueológicas e projetos de salva-mentos dos sítios Maori. Estes, por sua vez,têm várias organizações locais com repre-sentantes que atuam no acompanhamentodas pesquisas arqueológicas, tendo autori-dade, inclusive, para a sua suspensão e rede-finição (Phillips, 2010).

    5) nas Ilhas Solomon, na Melanésia: New

    Georgia Archaeological Survey, que envolveo levantamento, mapeamento, otografias,escavação e coleta de dados etnográficos.Este projeto se desenvolve a partir da con-sulta intensa às populações locais no sentidode explicar os objetivos da pesquisa, ouvir asdemandas das comunidades, azer visitasaos sítios conhecidos, apreender as repre-sentações da população sobre o passado e a

    pesquisa arqueológica e ormular parceriasentre arqueólogos e as lideranças locais. NasIlhas Solomon a prática arqueológica é rela-tivamente recente e se depara com situaçõesdierenciadas em termos regionais, especial-mente, pela diversidade de culturas, lingua-gens e histórias que as ilhas possuem. Nogeral, porém, ela tem contribuído para aspessoas revelarem suas histórias não escri-

    tas, provendo inormações que ajudam adescartar a noção colonialista de que a his-tória desta região começou com a chegada

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    demandam desafios e o comprometimentode longa duração entre arqueólogos e povosindígenas (Nicholas et al, 2011).

    O PLURAL DAS ARQUEOLOGIAS INDÍ-

    GENAS NO BRASILNo Brasil ainda são poucos os trabalhos

    de pesquisa envolvendo arqueólogos e cole-tivos indígenas. Normalmente, quando estesocorrem estão relacionados: 1) com pesqui-sas arqueológicas e etnoarqueológicas que visam à construção de uma história indíge-na de longa duração (p.ex. Wüst, 1991; Ere-mites de Oliveira, 1996, 2002; Heckenber-

    ger, 1996; Neves, 1998; Rodrigues, 2007); 2)com pesquisas etnoarqueológicas que temcomo oco o entendimento da relação entrecomportamento humano e cultura material(p.ex. Rodrigues, 2007; Silva, 2000, 2008,2009a, 2009b, 2010, 2012; Silva e Stuchi,2010); 3) com situações de demarcação, ma-nutenção ou reivindicação de territórios tra-dicionais por parte dos coletivos indígenas

    (p.ex. Eremites de Oliveira 2005, 2010; Ere-mites de Oliveira e Pereira, 2009); 4) com arealização de empreendimentos que deman-dam trabalhos de arqueologia preventiva eetnoarqueologia (p.ex. Funari e Robrahn--González, 2007; Moi, 2003); 5) com a eserada arqueologia pública (p.ex. Funari, Olivei-ra e amanini, 2005; Robrahn-González,2005) .

    Nos últimos anos, começaram a surgirpropostas de pesquisas eminentemente co-laborativas desde a ormulação e apresenta-ção da proposta de trabalho, bem como nadefinição dos parâmetros e logística da pes-quisa e na tentativa de construção de umconhecimento multivocal sobre o patrimô-nio cultural. Essas iniciativas, a meu ver, es-tão abrindo o caminho para o surgimento,

    em nosso país, de “arqueologias indígenas”,em sua concepção mais estrita (p.ex. He-ckenberger et al, 2003; Green, Green e Ne-

     ves, 2003; Hackenberger, 2008; Bespalez,2009; Silva et al, 2010; Stuchi, 2010; Pouget,2010; Silva et al, 2011; Cabral, 2012).

    Entre 2007 e 2009 coordenei o projeto depesquisa na erra Indígena Aldeia Lalima e

    na erra Indígena Kaiabi, intitulado “ Arque-ologia, Etnoarqueologia e História Indígena.

    Um Estudo sobre a Trajetória de Ocupação

    Indígena em Territórios do Mato Grosso e

     Mato Grosso do Sul: a T.I. Kaiabi e a Aldeia

    Lalima”  que tinha por objetivo geral enten-der a história de ormação destes territóriosenquanto palimpsestos de ocupação de die-rentes populações ao longo do tempo.

    A Aldeia Lalima está localizada à mar-gem direita do médio rio Miranda, no muni-cípio de Miranda, Pantanal do Mato Grossodo Sul. Por razões históricas e administrati- vas, esta aldeia oi designada pela FUNAIcomo sendo uma aldeia erena, apesar denela viverem pessoas que se autoidentificamde ormas diversas: erena, Kinikinau, Laia-na e Guaikuru (Bespalez, 2009:38-68). A .I.

    Kayabi está localizada nos municípios deApiacás e Jacareacanga, respectivamente,nos estados do Mato Grosso e Pará, na áreado baixo rio eles Pires. rata-se de uma .I.que ainda não oi demarcada, inserida numaregião historicamente ocupada pelos Kayabie outras etnias upi documentadas desde oséculo XVIII (Stuchi, 2010:13-39).

    Apesar de estarem em lugares distintos,

    ambas as erras Indígenas enrentam pro-blemas semelhantes em relação à posse eexploração de seu território. A .I. Kayabihá muitos anos é alvo do assédio de indiví-duos interessados em ocupar e explorar eco-nomicamente o seu território (posseiros,garimpeiros, azendeiros, comerciantes eempresas). A Aldeia Lalima, por outro lado,está cercada por azendas que se alastram

    ilegalmente para dentro do seu território acada ano. Os Kayabi lutam na Justiça háanos, pela demarcação de seu território e a

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    ma. A aprovação final ocorreu em evereirode 2007, sendo eetivada em maio de 2007,após várias reuniões. Ao longo deste proces-so e, mesmo depois da autorização ormalemitida pela FUNAI, os questionamentos

    indígenas sobre a pesquisa oram intensos.Num primeiro momento, as lideranças ma-niestaram certo receio pela realização dapesquisa, pois acreditavam que se nós ca-dastrássemos os sítios e coletássemos os ves-tígios arqueológicos não restaria nada paraeles próprios pesquisarem. Esta preocupa-ção surgiu dos proessores integrantes doconselho tribal que tinham como meta o

    apereiçoamento profissional, através da in-serção em cursos de pós-graduação. A res-posta da equipe oi a de que a pesquisa pos-suía um caráter preliminar e que nãoesgotaria o potencial arqueológico, históricoe antropológico da aldeia. Além disso, oiesclarecido que se eles tivessem a intençãode pesquisar, a presença dos arqueólogos se-ria uma oportunidade para isso, pois a nossa

    intenção era continuar pesquisando em La-lima, considerando que este projeto era ape-nas a etapa de reconhecimento da área. Ou-tra questão dos moradores de Lalima diziarespeito à classificação do material arqueo-lógico. Eles estavam interessados em sabercomo se daria, através dos vestígios arqueo-lógicos, a identificação das diversas popula-ções indígenas que teriam ocupado Lalima,

    desde os tempos pré-coloniais. A equipe res-pondeu que esta era uma das suas questõesundamentais e que o objetivo da pesquisaera tentar demonstrar como a diversidadecultural da ocupação indígena no Pantanalse maniestaria nos vestígios arqueológicos.Os moradores de Lalima também questio-naram se a pesquisa poderia auxiliá-los noprocesso de reclamação territorial, uma vez

    que eles afirmavam conhecer vários locaiscom “cacos de pote”, “taperas” e outros vestí-gios associados à sua história, nas terras das

    expulsão dos invasores que ameaçam a inte-gridade de suas amílias e, atualmente, en-rentam as demandas desenvolvimentistasque almejam a construção de hidrelétricasno rio eles Pires; e os índios de Lalima que-

    rem ampliar sua terra, recuperando os seusantigos locais de ocupação, pois a área atualnão possibilita os recursos necessários paraa sua plena auto-sustentabilidade (Bespalez,2009; Stuchi, 2010).

    As pesquisas arqueológicas na Aldeia La-lima e na .I. Kaiabi iniciaram por razõesdistintas: 1) um grande sítio Guarani oi lo-calizado na Aldeia Lalima em 2003, por Gil-

    son Martins, da Universidade Federal doMato Grosso do Sul, abrindo a possibilidadepara pesquisar a presença Guarani ao nortedo Mato Grosso do Sul, no rio Miranda; 2)na .I. Kaiabi, porque se antevia, devido àspesquisas históricas e etnográficas de Me-néndez (1992) e Grünberg (2004), a possibi-lidade de reorçar a comprovação da presen-ça dos Kaiabi nesta área do baixo rio eles

    Pires e auxiliar no processo de demarcaçãode sua .I. No entanto, apesar das razões daspesquisas serem distintas oi adotada a mes-ma abordagem colaborativa nas duas situa-ções: 1) negociação com as populações indí-genas para a aprovação do projeto, dosprocedimentos de pesquisa e da apresenta-ção dos resultados; 2) adoção do consenti-mento inormado e da consulta significati-

     va; 3) valorização e visibilidade para otrabalho e conhecimento indígena (Silva etal, 2010).Os Kaiabi e os moradores de Lali-ma tiveram percepções particulares, distin-tas, sobre as propostas de pesquisa e, a partirdelas, autorizaram os projetos.

    Em Lalima a apresentação da proposta ea negociação para a sua autorização come-çou no primeiro semestre de 2006, primeiro

    com a coordenação da FUNAI de MatoGrosso do Sul e, posteriormente, com as li-deranças indígenas na sede da Aldeia Lali-

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    azendas vizinhas. A equipe respondeu quea pesquisa arqueológica poderia ornecersubsídios para suas reclamações para resga-tar terras griladas, especialmente se ossepossível estabelecer a correlação entre os

     vestígios materiais e os processos históricosque se desenrolaram ao longo da ocupaçãoindígena na região. Depois de longos deba-tes as lideranças se maniestaram avoráveisà autorização da pesquisa, declarando queachavam importante que osse realizado umestudo sobre a história dos índios em Lalimae que a pesquisa seria boa para a escola, bemcomo para as reivindicações por terra e por

    melhorias nas condições de existência. Aslideranças ainda solicitaram, em contrapar-tida, que ossem deixadas cópias da pesquisana aldeia, depois que os estudos ossem con-cluídos. A equipe se comprometeu não sóem deixar as cópias, mas também em retor-nar o conhecimento produzido à comunida-de. Cabe ressaltar que alguns questionamen-tos geraram momentos de tensão,

    especialmente, quando os mesmos se dire-cionaram para a questão da terra. De ormaenática, as lideranças alegaram que outrosestudos antropológicos e históricos já ha- viam sido realizados na aldeia, sob a deman-da da FUNAI e que, conorme haviam pro-metido, tais estudos iriam garantir a posseda terra em disputa com os azendeiros, po-rém muitos anos haviam se passado desde

    que os reeridos estudos oram eetuados eeles ainda esperavam pela (re)demarcaçãodas suas terras. Além disso, havia uma des-confiança de que os antropólogos contrata-dos pela FUNAI haviam sido compradospelos azendeiros. Em certa ocasião, um dosmembros do conselho declarou que eles nãoprecisavam de projetos de arqueologia e his-tória na aldeia, mas sim de projetos agrope-

    cuários e de desenvolvimento sustentável,com vistas ao combate da pobreza e à altade recursos. Complementando os termos

    que haviam sendo usados em reuniões ante-riores, a equipe esclareceu que não estava alicom o objetivo de resolver os problemasundiários da aldeia, embora tivesse interes-se por essas questões e estivesse disponível

    para auxiliá-los nestas demandas e com aormulação de projetos de sustentabilidadee de pesquisa na aldeia. Ressaltou que estavaem Lalima por vontade própria e não por tersido contratada por empresas, azendeirosou FUNAI. Esclareceu sua filiação à Univer-sidade de São Paulo e explicou que os recur-sos eram oriundos de um projeto de pesqui-sa financiado pela Fundação de Amparo à

    Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP(Silva et al, 2007:23-26).

     Na .I. Kaiabi, dentre às questões levan-tadas a partir de 2006, destaca-se comoprincipal e mais representativa, àquela rela-tiva à possibilidade da pesquisa ajudar nademarcação da área. Conorme os Kaiabi,muitos estudos já oram eitos com tal obje-tivo, porém até aquele momento não havia

    resultados concretos e nem mesmo o retor-no das inormações outrora coletadas. Suainsatisação se dirigia aos estudos anterioreseitos por autoridades e antropólogos desig-nados por órgãos governamentais. Esclare-cemos que a pesquisa a ser realizada tinhauma conotação dierente daquelas designa-das oficialmente para a demarcação da terra,mas que seus resultados poderiam igual-

    mente ser úteis às suas negociações. O estí-mulo para este questionamento surgiu doato de que um antropólogo designado peloMinistério Público Federal havia elaboradoum laudo antropológico em resposta aoprocesso judicial que paralisara a demarca-ção (Wenzel, 2005). Na ocasião a equipe dis-punha de uma cópia do reerido laudo que,mediante solicitação dos Kaiabi, oi lido

    para todos durante as reuniões. Em seu con-teúdo, dentre as perguntas respondidas peloantropólogo, uma em particular chamou a

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    atenção da equipe, bem como a dos indíge-nas participantes da reunião e acabou orne-cendo os subsídios necessários para a dis-cussão da aplicabilidade da pesquisaarqueológica em termos de auxílio na de-

    marcação da área: 1) existem vestígios deantigas aldeias? O ato deste ponto não serrespondido no laudo ez com que o objetivode localizar as antigas aldeias e registrar os vestígios materiais nelas encontrado ossetransormado em uma contribuição poten-cial para o processo de demarcação. Numsegundo momento, a apresentação dos pro-cedimentos metodológicos, em especial,

    aqueles relativos à coleta dos vestígios mate-riais gerou questionamentos quanto ao des-tino dos mesmos. Os Kaiabi salientaram queos materiais encontrados em suas antigasaldeias os pertenciam e que não seria inte-ressante que ossem levados para longe, poisisso os impediria de vê-los, principalmente,as crianças para quem era de extremo inte-resse que tivessem contato com o “material

    de antigamente”; este oi um dos momentosmais diíceis da negociação. Para tentar re-solver a tensão, oram apresentadas as justi-ficativas legais e científicas para a não per-manência do material na .I. Kaiabi. Apósum debate os argumentos da equipe oramaceitos pela maioria, enquanto que os de-mais requisitaram uma averiguação quantoàs possibilidades de se construir um museu

    na própria .I. Kaiabi. Ainda em 2006, ummembro da equipe voltou à .I. Kaiabi pararetomar as discussões sobre a autorização dapesquisa que, finalmente, oi concedida de-pois de uma reunião de vários chees de a-mília de aldeias distintas, incluindo a parti-cipação do chee de posto que intermediouas discussões, procurando evidenciar a im-portância da pesquisa para a comunidade.

    Nesta ocasião oi possível realizar uma apre-sentação de aspectos mais detalhados dapesquisa. Um dos pontos enatizados oi o

    aspecto etnográfico e etnoarqueológico dapesquisa. Explicou-se o interesse em enten-der o modo de vida dos Kaiabi e, especial-mente, os aspectos relativos à produção euso da sua cultura material, bem como o

    modo como eles aziam uso do espaço intra--aldeia e inter-aldeias. Isto ajudaria a locali-zar as antigas aldeias, os vestígios materiaisnelas existentes e, além disso, proporciona-ria entender como estas aldeias estariam in-seridas na paisagem. Uma das poucas obser- vações eitas pelos Kaiabi nessa segundaetapa de exposição da pesquisa oi a de queestes conhecimentos só poderiam ser alcan-

    çados se os pesquisadores passassem umlongo período na área. Para eles a perma-nência curta oi a maior alha das pesquisasanteriores, caracterizadas por curtas perma-nências dos antropólogos. Nessa reuniãotambém oi levantada a possibilidade dapesquisa conseguir gerar resultados que oslevassem a receber indenizações para as per-das de outros territórios antigamente ocu-

    pados por eles. Eles citaram o exemplo dosíndios Panará, indenizados pela perda e de-gradação de seu território tradicional quan-do oram transeridos para o Xingu. Comrelação a isto, novamente, oi citada a legis-lação e a natureza dierenciada da pesquisaarqueológica proposta para a .I. Kaiabi,com um perfil acadêmico, sem vínculo es-pecífico com órgãos do Governo para solu-

    cionar os problemas das indenizações. Aequipe disse, porém, que os resultados dapesquisa arqueológica poderiam subsidiaras gestões Kaiabi para demonstrar a sua an-tiga presença nestas terras do Mato Grosso(Silva et al, 2007:34-35).

    Além do projeto Kaiabi-Lalima, em2010, realizei uma pesquisa na .I. Kuatine-mu, ocupada pelos Asurini do Xingu, com o

    objetivo de resgatar o conhecimento das ve-lhas gerações sobre a trajetória histórica e adinâmica de ocupação territorial desta po-

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    O SINGULAR E O PLURAL DAS ARQUEOLOGIAS INDÍGENAS Fabíola Andréa Silva

    pulação nesta área do Baixo/Médio Xingu.O projeto Território e História dos Asurini do Xingu. Um estudo bibliográfico, documental,

    arqueológico e etnoarqueológico sobre a traje-

    tória histórica dos Asurini do Xingu (século

     XIX aos dias atuais)  , oi concebido a pedidoe em parceria com os Asurini. Os velhosqueriam rever suas antigas moradas e possi-bilitar aos mais jovens o conhecimento destaparte de sua história e os jovens, por sua vez,queriam visitar estes antigos locais de ocu-pação dos seus ancestrais que eles conhe-ciam apenas dos relatos orais de seus pais eavós. Além disso, existia a preocupação de

    garantir a vistoria e a proteção de suas terrascontra possíveis invasões de grileiros, pos-seiros e madeireiros. Atualmente, esta é umaquestão crucial para os Asurini que acom-panham os embates relativos às tentativas deinvasão das terras indígenas nesta regiãoparaense e, especialmente, no atual contextode expectativa e especulação em torno daconstrução da Usina Hidrelétrica de Belo-

    -Monte.Desde 1996, venho realizando pesquisas

    sobre a cultura material e a territorialidadedos Asurini do Xingu, mas oi apenas em2007 que eles tomaram a iniciativa de defi-nir uma temática específica para a realiza-ção de um projeto. Os Asurini participaramde todas as etapas do projeto, desde a or-mulação da proposta e logística da pesquisa,

    definiram os sítios a serem investigados e,neles, apontaram a maioria dos locais de in-tervenção arqueológica e oram os auxiliaresde campo nas atividades de coleta, escava-ção, peneiramento e acondicionamento domaterial arqueológico e Asurini. Neste con-texto, os questionamentos oram sempre nosentido de entender o que era o trabalhoarqueológico, sua organização e atividades

    (p.ex. detalhes dos procedimentos de esca- vação, sobre a datação dos vestígios e o localde armazenagem dos materiais). Eles não

    questionaram sobre a saída dos vestígios desuas terras, pois entenderam que eu os leva-ria para o MAE-USP cujas dependênciaseles já conheciam e consideravam um bomlugar para guardar as suas cerâmicas e a dos

    seus antepassados e ancestrais míticos.Obviamente, por serem contextos distin-

    tos e haver uma pluralidade de subjetivida-des e percepções de mundo interagindocom/nestes contextos o nosso trabalho oiincorporado e compreendido de dierentesmaneiras. Eventualmente, esses coletivos in-dígenas assumiram o controle parcial dapesquisa, impondo ritmos de trabalho e de-

    finindo critérios de escolha dos interlocuto-res e auxiliares de campo. Ao mesmo tempo,concederam inormações orais sobre a his-tória da ocupação das aldeias e do territórioe o conteúdo dessas narrativas, em váriosmomentos, oi crucial para o re-ordenamen-to das pesquisas (Silva, 2009a, 2012; Silva etal, 2010, 2011).

    No caso de Lalima, eles apreenderam

    nosso trabalho como um subsídio à sua lutapara recuperar o limite original do seu terri-tório, grilado pelos azendeiros ao longo dosanos. Além disso, a equipe passou a ser vistacomo mais um agente acilitador de uma re-lação mais simétrica com os órgãos públi-cos. No caso Kayabi, a percepção da pesqui-sa como recurso importante na arena dasdisputas territoriais existiu desde o momen-

    to de negociação da pesquisa e oi quase acondição para a sua realização. A procura einvestigação das antigas aldeias Kayabi oiprioridade inicial do survey  e, especialmen-te, daquelas aldeias que constavam do laudoantropológico (Rodrigues, 1993), realizadopara delimitar a .I. Kayabi. O interesse dosKayabi pela pesquisa, inicialmente, oi ex-tremamente político e eles se empenharam

    no seu desenvolvimento, como interlocuto-res e auxiliares de pesquisa. Com o tempo, apercepção da pesquisa oi transormada e os

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    Kayabi passaram a compreendê-la comouma possibilidade de resgate de sua históriacultural (Silva et al, 2010). Neste caso, a tra-dição oral e a memória oram acionadaspara dar outros significados aos registros

    arqueológicos (Stuchi, 2010; Pouget, 2010).Para os Asurini, por sua vez, a pesquisa dosseus antigos assentamentos oi uma oportu-nidade de (re)ver uma parte de sua trajetórianestas terras do Xingu, conerir se havia in- vasões e, ao mesmo tempo, propiciou umproundo diálogo entre jovens e velhos, en-tre o passado e o presente dos Asurini (Silvaet al, 2011).

    Na Aldeia Lalima e na .I. Kaiabi, a loca-lização e identificação dos vestígios arqueo-lógicos serviram aos seus moradores deconfirmação da presença indígena nas áreaspor eles ocupadas e como argumento legíti-mo para as suas reivindicações de manuten-ção, ampliação e recuperação das suas ter-ras. Assim, independentemente dasconexões que nós arqueólogos pudéssemos

    estabelecer entre os materiais arqueológicose estes coletivos indígenas, eles próprios es-tabeleceram suas conexões. Na Aldeia Lali-ma os vestígios arqueológicos (históricos epré-coloniais) oram interpretados pelosindígenas como um indicador do seu per-tencimento aquele lugar e de sua identidadesocial e étnica, pois eram testemunhos dahistória de ocupação territorial de seus an-

    cestrais erena, Guaikuru, Laiana e Kiniki-nau (Bespalez, 2009). Na erra IndígenaKaiabi, os vestígios arqueológicos (históri-cos e pré-coloniais) também oram percebi-dos como um indicador da sua história deocupação territorial (Stuchi, 2010). Alémdisso, surgiram dierentes representaçõesem relação aos vestígios arqueológicos, queora eram vistos como portadores de pro-

    priedades maléficas (no caso dos cacos cerâ-micos), ora benéficas (no caso dos macha-dos de pedra), de acordo com a sua tradição

    oral (Pouget, 2010). Na .I. Kuatinemu, osAsurini também deram suas próprias inter-pretações sobre os materiais arqueológicosencontrados em seu território. Para eles osachados eram testemunhos da existência e

    da presença de seus ancestrais e dos perso-nagens míticos que compõem a sua cosmo-logia. Eles são a materialização dessas subje-tividades, atuando como uma orma dememória cristalizada destes seus antepassa-dos, ancestrais míticos e heróis culturais. Aomesmo tempo, os locais onde eles oramdetectados são lugares signiicativos aosquais os Asurini atribuem uma dimensão

    histórica e mítica – a partir dos seus pró-prios regimes de historicidade –, tornando--os testemunhos da sua ancestralidade,como lugares da memória (Silva et al, 2011).Portanto, a pesquisa arqueológica serviu,em parte, como uma orma de atualizaçãodos mitos e, por outro lado, como um recur-so de revitalização de sua memória e do seupertencimento àqueles lugares.

    odas essas experiências vividas pormim e minha equipe nestas terras da Ama-zônia e do Brasil Central me ensinaram quea arqueologia colaborativa em territóriosindígenas implica em um constante exercí-cio de relativização de nossos pontos de vis-ta – sobre a prática científica e de percepçãoe conhecimento do mundo – e que as comu-nidades indígenas não são passivas e homo-

    gêneas, sendo preciso lidar com as especifi-cidades dos contextos indígenas, bem comocom as idiossincrasias pessoais, disputaspolíticas, demandas sociais e econômicas e oseu protagonismo ao longo de todo o pro-cesso de pesquisa (Bespalez, 2009; Pouget,2010; Stuchi, 2010; Silva et al, 2010, 2011).Neste sentido, é preciso reconhecer que es-sas pesquisas acabaram por beneficiar espe-

    cialmente a nós arqueólogos que tivemos aoportunidade de refletir sobre a nossa práti-ca em termos metodológicos, teóricos, so-

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    O SINGULAR E O PLURAL DAS ARQUEOLOGIAS INDÍGENAS Fabíola Andréa Silva

    ciais e éticos. Não posso esquecer, porém,que elas também proporcionaram o estabe-lecimento de uma relação de proximidadecom estes povos indígenas, na medida emque eles compreenderam com um modo

    muito próprio e diverso a potencialidade dapesquisa e do conhecimento que estávamosproduzindo; tanto que eles nos têm permiti-do continuar junto deles até os dias de hoje.No entanto, acredito que ainda precisare-mos de mais tempo junto a eles e de muitodiálogo para que possamos classificar nossotrabalho como sendo uma arqueologia indí-gena no sentido de um “trabalho conjunto,

    com objetivos partilhados; com, para e pelosindígenas”. De qualquer modo, penso estar-mos no caminho e digo isto baseada nasafirmações de dois jovens indígenas:

    Parajua Asurini: Nossa vinda aqui (àsantigas aldeias) é muito importante, poisnós apenas as conhecíamos pelas históriascontadas por nossos antepassados. Os jo- vens, nunca haviam estado por aqui. Nós

    queríamos visitar as velhas aldeias onde vi- veram os nossos antepassados.

    Taravi Kaiabi: A pesquisa oi importantepara a gente poder mostrar aos brancos quea terra onde nós estamos vivendo sempre oiterra de índio.

    Cada um a seu modo, definiu aquilo queentendeu como um beneício das pesquisasarqueológicas que realizamos em suas ter-

    ras. Refletindo sobre o que eles disseram eupassei a ter a convicção de que o mais im-portante neste tipo de experiência é a per-cepção de que os valores que nós arqueólo-gos atribuímos às pesquisas e aos vestígiosarqueológicos não são os mesmos das popu-lações indígenas, e que o valor do trabalhoarqueológico está justamente na apropria-ção dierenciada dos seus dados e de suas

    práticas, na possibilidade de negociação deposições e traduções sobre o passado e sobreos seus significados no presente. Para mim,

    especificamente, este é o caminho para uma verdadeira descolonização da arqueologia.ambém estou convicta de que não é possí- vel a prática eetiva da arqueologia indígenasem um longo processo de reconhecimento

    e aceitação mútuos entre pesquisador e co-letivos indígenas.

    O “SINGULAR” DAS ARQUEOLOGIASINDÍGENAS

    Quando comparo as minhas experiên-cias e as dos meus alunos com as de outrosarqueólogos percebo que existe um aspectocomum às práticas colaborativas mundo

    aora: a apropriação pluricultural do conhe-cimento produzido pela arqueologia az re-meter à memória, à ancestralidade e à tradi-ção oral desses povos. Porém, não emtermos de um passado encapsulado em umtempo linear e distante, mas de um passado vivo no presente e que se projeta para o u-turo dessas pessoas.

    Hodder (1999) escreveu que a pós-mo-

    dernidade e a suposta fluidez e instabilidadeque ela propicia aos dierentes domínios daexistência humana, az com que, muitas ve-zes, nós busquemos no passado uma possí- vel alternativa às inconstâncias cotidianas,sendo esta talvez a razão de tantos debatessobre a investigação, gestão e preservaçãodo patrimônio arqueológico na atualidade.Neste cenário, se poderia pressupor que os

    povos indígenas se valem da arqueologiapara ajudar a manter a particularidade deseus passados, presentes e uturos diante daglobalização, numa estratégia muito própriapara driblar – como há séculos vêm azendo– o colonialismo e a monotonia cultural queo Ocidente insiste em lhes oerecer (Silva,2011b).

    Como já oi dito anteriormente as ar-

    queologias indígenas são, antes de tudo,uma decorrência do protagonismo dessaspopulações no que se reerem à luta pelos

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    seus direitos sociais e à sua autodetermina-ção. Neste sentido, partilho da opinião da-queles que deendem que as arqueologiasindígenas de ato germinaram a partir dosmovimentos sociais e políticos engendra-

    dos pelas populações indígenas e que con-duziram ao surgimento de uma série de le-gislações que acabaram por garantir quesuas prerrogativas culturais pudessem edevessem ser ouvidas e atendidas no que sereere à pesquisa arqueológica em seus ter-ritórios (Silliman, 2010; Colwell-Chantha-phon et al, 2010). O Native American Gra- ves Protect ion and Repatriation Act

    (NAGPRA) e o National Historic Preserva-tion Act (EUA), Native itle Legislation(Austrália), o Historic Places Act e o Re-source Management Act (Nova Zelândia),todos datados da década de 1990, são al-guns exemplos do esorço pela definição dediretrizes para a eetivação de práticas ar-queológicas não colonialistas. Ao ressaltareste aspecto do florescimento das arqueolo-

    gias indígenas não estou desmerecendo oengajamento dos arqueólogos que se dedi-caram a atuar e azer o trabalho colaborati- vo junto com essas populações, apoiandosuas reivindicações. Ao contrário, acreditoque muitos deles estão contribuindo parauma mudança epistemológica na disciplina.No entanto, é preciso ficar atento de queeste movimento de descolonização das prá-

    ticas arqueológicas ainda tem um longo ca-minho pela rente até conseguir se desven-cilhar das amarras do capital econômico, dodiscurso neoliberal de gestão do patrimô-nio arqueológico e da herança colonialistada arqueologia.

    No que se reere ao Brasil penso que osavanços da Constituição de 1988 e a conso-lidação do Estatuto do Índio oram decisi-

     vos para a garantia dos direitos indígenas(Silva, 2011a). No entanto, ainda estamoscomeçando o percurso para a eetivação de

    normativas e de uma legislação específicaque defina os parâmetros das práticas arque-ológicas e da proteção do patrimônio arque-ológico em territórios indígenas. Esta situa-ção certamente mudará nos próximos anos,

    especialmente, em unção da expansão dosinteresses e empreendimentos econômicosque atingem de orma direta ou indireta osterritórios indígenas. A mobilização dos po- vos indígenas já se ez sentir em contextoscomo o da construção da AHE Dardanelos(M), da UHE de Belo Monte (PA) e daconstrução do complexo de usinas hidrelé-tricas no rio eles Pires (M). Além disso,

    representantes indígenas têm participadoem dierentes eventos científicos realizadosrecentemente no Brasil: 1) no XIII Congressoda Sociedade de Arqueologia Brasileira reali-zado na cidade de Campo Grande, em se-tembro de 2005, onde representantes indí-genas palestraram no Fórum Indígena; 2) noI Seminário Internacional de Gestão do Pa-

    trimônio Arqueológico Pan-Amazônico reali-

    zado na cidade de Manaus, em novembro de2007, no qual os indígenas das etnias Mehi-naku, Kuikuro e Baniwa expuseram suas rei- vindicações na mesa temática Preservaçãodo Patrimônio Arqueológico em Terras Indí-

     genas; 3) no XV Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira  realizado na cidadede Belém, em setembro de 2009, onde umrepresentante da etnia Kaiabi oi debatedor

    no painel  Arqueologia, Multiculturalismo e Multivocalidade: Desafios para o Século XXI ;4) no I e II Seminário Internacional da Temá-tica Indígena realizados respectivamente emPorto Alegre e Pelotas, nos anos de 2010 e2012, para os quais oram convidados váriosrepresentantes indígenas como palestrantese debatedores nas dierentes mesas temáti-cas sobre arqueologia, antropologia, educa-

    ção e legislação; 5) no Simpósio Arqueologia, Memória e História Indígena realizado emFlorianópolis, em 2012, onde representantes

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    indígenas participaram dos debates nas me-sas redondas e conerências.

    ais ações evidenciam que os povos indí-genas estão cada vez mais preocupados como destino de suas terras e com o uturo das

    próximas gerações. Neste contexto de incer-tezas eles começam a vislumbrar na pesqui-sa arqueológica colaborativa mais um cami-nho para reafirmar a sua identidade, suaautodeterminação e garantir a soberaniasobre os seus territórios.

    CONCLUSÃOComo disse Joe Watkins, um arqueólogo

    americano descendente de indígenas: “em-bora o desenvolvimento de uma verdadeiraarqueologia indígena nunca aconteça atéque as populações indígenas controlem aqualidade e a quantidade da arqueologia re-alizada em seus territórios, a arqueologiatem dado alguns passos para avançar nestadireção” (2000: 177). As arqueologias cola-borativas que descrevi mais acima são al-

    guns exemplos deste empenho. A palavracolaborativa, como reiterei ao longo do tex-to, pressupõe a interação dos arqueólogoscom os povos indígenas e a construção deuma relação de confiança mútua, de reci-procidade, algo que não ocorre “da noitepara o dia”.

    Como vimos no relato de minhas expe-riências de arqueologia em terras indíge-

    nas, o patrimônio arqueológico é vistocomo parte da história e reafirmação dasidentidades destas populações, integrandopassado, presente e uturo. Em contextosindígenas, portanto, a investigação arqueo-lógica precisa azer um esorço para aban-donar concepções “etnocêntricas” sobre opassado e a memória, considerando a di- versidade e o pluralismo destas concepções

    na interpretação e apropriação dos patri-mônios culturais. O patrimônio arqueoló-gico, embora material, é irremediavelmen-

    te ligado ao patrimônio imaterial (Silva,2009a).

    O arqueólogo que trabalha com e pelas populações indígenas precisa estar bempreparado para poder atuar com a devida

    competência nestes contextos, pois se tratade uma prática arqueológica dierenciadaque não pode ser aprendida nos “velhos”manuais de arqueologia. A arqueologia teráde rever cada vez mais os seus parâmetroseducacionais para incorporar na sua estru-tura de ensino-aprendizagem estes outrosmodos de se azer o trabalho de campo, acoleta e a interpretação dos dados arqueo-

    lógicos. Alguns autores entendem que, naatualidade, o conteúdo mais importanteque um estudante de arqueologia deveaprender em todas as suas variantes é a ges-tão do patrimônio. E, especialmente, quetal objeto de estudo – o patrimônio arque-ológico – pode ser apreendido de dieren-tes maneiras por dierentes pessoas e queisto se constitui em um problema de refle-

    xão teórica central para os arqueólogos(Smith, 2010; Pyburn, 2003).

    Finalmente, cabe dizer que as práticasarqueológicas colaborativas e, entre elas,as arqueologias indígenas, implicam numaredefinição dos parâmetros éticos da ar-queologia na medida em que as popula-ções indígenas não podem mais ser alija-das das decisões sobre o patrimônio

    arqueológico existente em suas terras. Elassão tão responsáveis pela sua interpretaçãoe preservação quanto o são os arqueólogose legisladores. Algumas questões são cru-ciais para a arqueologia hoje: Quem neces-sita do passado ou a quem ele pertence?Quem tem o direito e/ou o dever de con-trolar o conhecimento e a proteção do pa-trimônio arqueológico? (Watkins, 2003).

    O século XXI trouxe consigo essas novasindagações e o uturo de nossa disciplina,neste novo cenário, será definido pelo seu

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    comprometimento com uma explanaçãomultivocal das diversas trajetórias históri-cas e culturais, bem como dos dierentesprocessos de construção das identidades,memórias e heranças culturais no passado

    e no presente.

    AGRADECIMENTOS:  Ao CNPq pelabolsa produtividade e o auxílio pesquisaEdital Universal MC n. 471115/2010-0. ACAPES pela bolsa de doutorado de Eduar-do Bespalez. A FAPESP pelos auxílios pes-quisa e pelas bolsas de mestrado dos meusalunos (ver acima as notas 4 e 5). Aos Asu-

    rini do Xingu, aos Kaiabi do rio eles Pirese aos moradores da Aldeia Lalima/MS,pelo interesse em nossas pesquisas e pelaestimulante troca de ideias, conhecimentose presença ativa em campo. Ao FranciscoNoelli pela leitura e sugestões ao longo daspesquisas e para este artigo.

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