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DIABETES

O QUE FAZER QUANDO O RESULTADO É POSITIVO PARA

COVID-19?

Manual concebido pela equipa de saúde da APDP - Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (versão 1 - 8 de abril de 2020)

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C OV I D - 19 E D I A B E T E S

Os profissionais da APDP- Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, reuniram um conjunto de informação validada através das fontes referidas no final deste documento. O documento poderá sofrer atualizações pelo que deverá verificar no site da APDP (www.apdp.pt) qual a última versão disponível. Estas informações devem ser entendidas como um conselho/informação que não se sobrepõe à da sua equipa de saúde relativamente à sua condição específica de saúde. Esta informação, evidentemente, também não se sobrepõe à das autoridades de saúde.

A COVID-19 foi considerada como uma emergência internacional de saúde pública. Por muitas incertezas que ainda existam sobre o novo coronavírus (SARS-CoV-2), sabemos que as pessoas com diabetes são mais vulneráveis a desenvolver complicações graves se infetadas por ele.

C U I DA D O S A T E R PA R A C O N T R O L A R A D I A B E T E S

Em caso de infeção por SARS-CoV-2, é muito importante reforçar as medidas dos dias de doença. Faça mais pesquisas de glicemia e de cetona, sempre que necessário.

Mesmo com os valores de glicemia dentro do intervalo desejado, deve:

• Continuar a tomar a sua medicação para a diabetes. O tratamento com insulina nunca deve ser interrompido.

• Fazer pesquisa de glicemia de 4 em 4 horas.

• Beber mais líquidos (sem açúcar) - 120 a 180 ml. a cada 30 minutos, para evitar a desidratação.

• Tentar comer normalmente.

• Verificar a temperatura diariamente, de manhã e à noite.

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O R I E N TA Ç Õ E S PA R A P E S S O A S C O M D I A B E T E S T I P O 1

Durante um período de doença:

O tratamento com insulina nunca deve ser interrompido.

• A insulina rápida só deve ser feita em intervalos iguais ou superiores a 3 horas. A insulina basal deverá ser ajustada conforme acordado com a sua equipa de saúde para os dias de doença.

• Avalie os níveis de açúcar no sangue (glicemia), pelo menos, a cada 4 horas.

• Aumente a ingestão de líquidos (sem açúcar) - 120 a 180 ml. a cada 30 minutos, para evitar a desidratação. Também poderá ser necessário beber bebidas açucaradas. No entanto, a quantidade de bebidas açucaradas deve ser controlada para evitar que os níveis de glicemia subam demasiado.

• Tente manter a sua alimentação habitual.

Os níveis ideais de glicemia devem permanecer dentro dos seus objetivos. Se não souber quais são os seus objetivos, considera-se ideal estarem entre 110-180 mg/dl (6-10 mmol/l).

Se os valores de açúcar no sangue (glicemia) superior a 250 mg/dl (13,9 mmol/l), fazer pesquisa de cetona (ver página seguinte).

Se tiver vómitos e náuseas persistentes vá ao HOSPITAL (contactar primeiro a Linha Saúde 24: 808 24 24 24).

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O R I E N TA Ç Õ E S PA R A P E S S O A S C O M D I A B E T E S T I P O 2

1. Tratamento com medicação oral (ADO)

Avalie a glicemia esporadicamente e a existência dos seguintes sintomas:

• Sede • Boca seca • Urinar demais

As glicemias devem ser orientadoras para perceber se necessita de contactar a sua equipa de saúde.

Em caso de febre, pode ser necessário avaliar a glicemia 2 x ao dia.

Se valores de glicemia superior a 250 mg/dl (13,9 mmol/l) e sem febre, ou os sintomas acima referidos:

• Beber 1,5 l. de água numa hora. • Se valores se mantiverem superiores a 250 mg/dl (13,9 mmol/l) e sem

motivo identificável, contacte o seu médico assistente da diabetes para avaliação da necessidade de ajuste terapêutico.

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2. Tratamento com insulina

Deve manter os níveis de glicemia dentro do padrão habitual ou, não tendo valores de referência, entre 110 e 180 mg/dl (6 e 10 mmol/l).

Se tiver valores de glicemia superior a 250mg/dl (13,9 mmol/l) e sem sintomas de infeção e de espoliação (sede intensa, urinar muitas vezes,

ou boca seca):

Cuidados em casa: • Beber 1,5 l. de água numa hora. • Se valores se mantiverem superiores a 250 mg/dl (13,9 mmol/l) e sem

motivo identificável, contacte o seu médico assistente da diabetes para avaliação da necessidade de ajuste terapêutico.

Se faz Insulina Basal ou lenta: • Glicemia entre 250-350 mg/dl (13,9-19,4 mmol/l) - sobe 2U à prescrição

do seu médico. • Glicemia superior a 350 (>19,4 mmol/l) - sobe 4U à prescrição do seu

médico. NOTA: Se persistência dos valores, contactar a sua equipa de saúde.

Se faz esquema com Insulina Rápida ou Ultra rápida: • 250-300 mg/dl (13,9-16,7 mmol/l) - 2U • 300-350 mg/dl (16,7-19,4 mmol/l) - 4U • Superior a 350 mg/dl (> 19,4 mmol/l) - 6U Ter em atenção a hora em que fez a administração anterior (mínimo de tempo em relação à administração anterior de insulina 3-4H) e retomar o esquema prescrito assim que possível. NOTA: Se persistência dos valores contactar a sua equipa de saúde.

Não se esqueça:

Agite a insulina se tiver um aspeto leitoso. Guarde no frigorífico a insulina que não estiver a uso.

Troque as agulhas em cada administração. Varie os locais de administração de insulina (ver imagem na página seguinte).

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• A pessoa em isolamento deve permanecer num quarto sozinha, com boa ventilação e, se possível, com casa de banho. As outras divisões da casa também devem ter boa ventilação e, sempre que possível, mantenha as janelas abertas.

• Os outros membros da família não devem entrar no mesmo quarto, exceto para prestar assistência, nomeadamente para levar comida, medicamentos, produtos de higiene, entre outras necessidades essenciais.

• Não partilhe objetos de higiene pessoal, como escova de dentes, toalhas, sabonete ou shampoo. Se a casa tiver duas casas de banho, uma delas deve ficar para utilização exclusiva da pessoa com COVID-19. Se tiver apenas uma casa de banho em casa, a pessoa infetada deve usá-la em último lugar e desinfetar todas as superfícies em que tocou, sem esquecer interruptores e manípulos de torneiras e autoclismo (ver indicações sobre limpeza e desinfeção).

Ambiente de isolamento. Como se isolar em casa?

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• Para evitar os possíveis efeitos negativos do isolamento a nível psicológico, sempre que possível, a pessoa isolada deve ter consigo telemóvel, computador e/ou tablet, para ir comunicando com familiares e amigos, mantendo sempre a porta do quarto fechada. Estes equipamentos devem depois ser desinfetados com produtos adequados, nomeadamente com álcool a 70%.

• Para ajudar nos cuidados à pessoa isolada, é preferível um cuidador que não pertença aos grupos de risco, nomeadamente, com menos de 60 anos e sem doenças crónicas.

• Se possível, a pessoa isolada deve usar máscara e o cuidador também, sempre que entrar no quarto.

• Quando tiver contacto com a pessoa isolada ou entrar na área de isolamento, é necessário fazer higienização das mãos e dos objetos em que tocou (antes e depois de comer, depois de defecar, etc.).

• A higienização pressupõe lavagem e possível desinfeção. Se as mãos estiverem sujas com quaisquer resíduos, é necessário removê-los com uma lavagem correta. Não é possível considerar que o processo de desinfeção é corretamente concluído se primeiro não forem removidos os resíduos com a lavagem.

• O novo coronavírus (SARS-CoV-2), provavelmente, consegue sobreviver, durante horas, em superfícies secas e até 6 dias ou mais, em superfícies húmidas.

• A limpeza húmida é sempre preferível, à limpeza a seco.

Cuidador da pessoa isolada

Limpeza e desinfeção

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• Não é adequado o uso de aspirador de pó, porque põe as gotículas, nas quais o vírus pode estar, em movimento no ar, transformando-as em aerossóis e aumentando o risco de contaminação.

• Se tiver que ir alguém proceder à limpeza e desinfeção dos espaços utilizados pela pessoa infetada, por impossibilidade da mesma ser efetuada pela própria, essa pessoa deve fazer essa limpeza: a) se possível, com uma bata impermeável, ou avental de plástico sobre a sua roupa, máscara e luvas descartáveis resistentes a líquidos; b) limpar as superfícies de cima para baixo e no sentido das áreas mais limpas para as mais sujas.

• Use toalhetes descartáveis com detergente ou desinfetante, ou na impossibilidade, coloque os panos da limpeza logo na máquina de lavar.

• Na desinfeção de superfícies: lave primeiro com água e detergente; aplique a lixívia diluída em água na proporção de uma medida de lixívia, para 9 medidas iguais de água – com lixívia na embalagem original a 5% ficamos com diluição total de 0,5% de hipoclorito de sódio (cerca de 7 colheres e meia de sopa por cada litro); use máscara na diluição e aplicação da lixívia; deixe atuar a lixívia durante 10 minutos; enxague apenas com água quente e deixe secar ao ar; abra as janelas para ventilação do espaço.

• Na presença de sangue, secreções respiratórias ou outros líquidos orgânicos, absorva os líquidos com papel absorvente antes do processo de desinfeção descrito anteriormente.

• Para as superfícies metálicas e alguns equipamentos que não sejam compatíveis com a lixívia, use álcool a 70%, como comandos de televisão ou telemóveis.

• Lave a casa de banho, começando pelas torneiras, lavatórios e ralos destes, passe depois ao mobiliário, de seguida a banheira ou chuveiro, sanita e bidé.

• O mesmo procedimento repete-se para o chuveiro, não esquecendo de limpar bem o chuveiro, desenroscar a cabeça do mesmo, lavar e desinfetar.

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• Lave a sanita, aplicando o produto desinfetante (2 em 1 ou lixívia diluída) no interior e exterior da sanita; deixe atuar o produto durante 10 minutos para que faça o efeito desejado, esfregue bem por dentro com o piaçaba, descarregue a água com o piaçaba ainda dentro da sanita para que este também fique limpo; ponha o piaçaba a escorrer; lave e desinfete o suporte do piaçaba; com outro pano limpo de uso único, lave a parte externa da sanita, começando pelo tampo (o menos sujo), seguindo-se a parte de cima da sanita e todas as partes exteriores; passe depois só com água quente e deixe secar. Por fim, lave o chão. Se existirem, abra as janelas e deixe secar ao ar.

• Não agite a roupa de cama. Retire-a sem sacudir, dobrando e enrolando no sentido da cabeça para os pés, fazendo um “embrulho”, ficando a parte mais exterior a embrulhar o centro. O objetivo é ficar com a parte menos contaminada no interior.

• Não encoste a roupa ao corpo.

• Transporte as roupas e coloque-as diretamente na máquina de lavar.

• A roupa deve ser lavada à temperatura mais alta que puder suportar - ciclo de desinfeção pelo calor (pelo menos a 60ºC durante 30 minutos, ou entre 80-90ºC, com 10 minutos de contacto do calor com a roupa). Na ausência de uma máquina de lavar, embale as roupas e acondicione num saco impermeável, fechando-o bem, levando-o para a lavandaria e depositando a roupa diretamente para dentro da máquina.

• Deve ser colocado um contentor de resíduos (caixote do lixo), de abertura não manual, com saco de plástico no quarto em que a pessoa se encontra em quarentena ou isolamento.

Remover a roupa de cama e atoalhados

Lixo (resíduos) da zona de isolamento

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• O saco bem fechado com os resíduos deve ser colocado dentro de um segundo saco de plástico, que também deve ser bem fechado com 2 nós bem apertados e, preferencialmente, com um atilho ou adesivo.

• Os procedimentos de fecho dos sacos de plástico com os resíduos produzidos pela pessoa que se encontra em quarentena ou isolamento, devem ser efetuados com proteção adequada (de preferência com luvas de uso único), para reduzir o risco de contaminação. Após retirar as luvas enrolando-as no sentido de dentro para fora fazendo um embrulho, sem tocar na parte de fora, e de as colocar no (novo) saco de plástico para os resíduos, deve proceder à lavagem das mãos com água e sabão durante pelo menos 20 segundos, secando bem.

• Os sacos de plástico com os resíduos devem ser descartados seguindo as boas práticas, com o máximo cuidado para prevenção de contaminação, nunca encostando o saco à roupa ou ao corpo. Estes sacos de plástico com os resíduos são colocados no contentor coletivo de resíduos indiferenciados (contentor de prédio/rua de lixo doméstico). Estes resíduos não devem ser separados para reciclagem nem colocados no ecoponto.

• Foi detetada a presença do vírus SARS-CoV-2 nas matérias fecais das pessoas diagnosticadas com COVID-19. Porém, o resultado positivo dos exames não indica a transmissão por via das fezes. É necessário que o público se mantenha informado de maneira correta e não entre em pânico. As formas de transmissão são por gotículas, contacto humano e aerossóis.

• No momento, há evidência de que os animais de estimação podem ser afetados pelo novo coronavírus, mas ainda não há provas sobre a transmissão destes animais para humanos.

Um animal de estimação pode transmitir o novo coronavírus?

O COVID-19 pode ser transmitido por via fecal?

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Fontes bibliográficas

1. Insulina da teoria à prática – APDP 2018. Lidel ISBN: 978-989-752-395-3. 2. COVID-19 outbreak: guidance for people with diabetes – IDF. 3. IDF-Sick-day-management, em https://www.idf.org. 4. Documento de Consenso da Sociedade Portuguesa de Diabetologia Integrado no Plano

Nacional de Preparação e de Resposta para a Doença por Coronavirus (Covid-19) em www.spd.pt (consultado em 30 de março de 2020).

5. ADA em https://www.diabetes.org/coronavirus-covid-19 (consultado em 30 de março de 2020). 6. Diabetes UK em https://www.diabetes.org.uk/about_us/news/coronavirus (consultado em 30 de

março de 2020). 7. Diabetes Voice Covid e Diabetes em- https://diabetesvoice.org/en/news/covid-19-and-diabetes/

(consultado em 30 de março de 2020). 8. Diabetes Canadá - FAQ about COVID-19 and diabetes -  https://www.diabetes.ca/en-CA/

resources/tools---resources/faq-about-covid-19-and-diabetes (consultado em 30 de março de 2020).

9. Direção-Geral da Saúde. Orientação n.º 008/2020 de 10/03/2020 - Infeção por SARS-CoV-2 (COVID-19) Procedimentos de prevenção, controlo e vigilância em hotéis.

10. Direção-Geral da Saúde. Orientação n.º 010/2020 de 16/03/2020 - Infeção por SARS-CoV-2 (COVID-19) - Distanciamento Social e Isolamento.

11. Direção-Geral da Saúde. Orientação n.º 014/2020 de 21/03/2020 - Infeção por SARS-CoV-2 (COVID-19) Limpeza e desinfeção de superfícies em estabelecimentos de atendimento ao público ou similares.

12. Manual de Prevenção e Controle da Covid-19 Segundo o Doutor Whenhong Zhang. ISBN978-65-5502-009-0.

13. G. Kampf, D. Todt, S. Pfaender, E. Steinmann - Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agents. Journal of Hospital Infection 104 (2020) 246 e 251.

14. Best practices for environmental cleaning in healthcare facilities in resource-limited settings. US Centers for Disease Control and Prevention; 2019 (https://www.cdc.gov/hai/pdfs/resourcelimited/environmental-cleaning-508.pdf, consultado em 30 de março de 2020).

15. Infection prevention and control during health care when novel coronavirus (nCoV) infection is suspected: interim guidance, 25 January 2020.Geneva: World Health Organization (https://www.who.int/publications-detail/infectionprevention-and-control-during-health-care-whennovel-coronavirus-(ncov)-infection-is-suspected-20200125, consultado em 30 de março de 2020).

16. WHO Team - Department of Communications. Water, sanitation, hygiene and waste management for COVID-19. Technical documentation. WHO/2019-nCoV/IPC_WASH/2020.2.

17. WHO Team - Home care for patients with COVID-19 presenting with mild symptoms and management of their contacts. Interim Guidance. WHO/2019-nCov/IPC/HomeCare/2020.3.