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O RECONHECIMENTO DO ALUNO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS COMO SUJEITO DO CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM
Maria de Fátima Furlan1
RESUMO
Este Artigo Cientifico apresenta o resultado da participação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – realizado na Universidade Estadual de Maringá, sob a orientação da Professora Dra. Regina Lúcia Mesti2. Com o objetivo de analisar pesquisas educacionais e documentos oficiais para compreensão do processo de aprender e seu reconhecimento na organização do trabalho pedagógico com jovens, adultos e idosos. O Projeto de Intervenção Pedagógica foi desenvolvido em forma de grupo de estudos, com professores do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos. Nessa oportunidade de estudo e reflexão sobre a organização do trabalho pedagógico articulando os eixos – cultura, trabalho e tempo, conforme orientações das Diretrizes Curriculares para Jovens e Adultos do Estado do Paraná, constatamos a possibilidade de valorizar o conhecimento do aluno como ponto de partida e a necessidade de investigação e sistematização do conhecimento científico.
PALAVRAS CHAVE: Educação de Jovens e Adultos. Prática Pedagógico. Eixos Articuladores.
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RECOGNITION OF STUDENT OF YOUTH AND ADULTS AS
SUBJECT OF KNOWLEDGE AND LEARNING
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ABSTRACT
This Article shall present the result of program participation for Educational Development - PDE - held at the State University of Maringa, under the guidance of Prof. Dr. Regina Lúcia Mesti. In order to analyze educational research and official documents for understanding the process of learning and recognition in the organization of educational work with young people, adults and seniors. The Educational Intervention Project was developed in the form of study group, with teachers of the Center of Basic Education for Youths and Adults. At that time of study and reflection on the organization of educational work articulating axles - culture, work and time, according to guidelines of the Curriculum Guidelines for Youth and Adults in the State of Paraná, found the opportunity to enhance the student's knowledge as a starting point and need for research and systematization of scientific knowledge.
Key words: Education, Youth and Adults. Educational Practice. Axes Articulators.
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1 Pedagoga do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – Professor Manoel Rodrigues da Silva – Maringá - PR2 Professora do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá – Mestre em Educação e Doutora em Comunicação e Semiótica.
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1. Introdução
O estudo realizado sobre questões referentes ao conhecimento,
aprendizagem, prática pedagógica e os eixos temáticos – cultura, trabalho e
tempo - na Educação de Jovens e Adultos nasceu na própria escola, no
trabalho diário com alunos jovens, adultos e idosos e na valorização de suas
histórias de vida, com trabalhos e expectativas diferentes dos encontrados
na educação básica regular. Esse projeto foi possível devido a participação
do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.
O Documento Síntese de Programa de Desenvolvimento Educacional
PDE, (2007), instaura uma nova concepção de Formação continuada que
integra a valorização dos professores que atuam na Rede Pública Estadual
de Ensino do Paraná. É uma política pública que estabelece o diálogo entre
os professores da Educação Superior e os da Educação Básica, por meio de
atividades teóricas e práticas, tendo como resultado a produção de
conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar. Dessa forma, tem
como objetivo proporcionar aos professores da rede pública estadual
subsídios teóricos metodológicos para o desenvolvimento de ações
educacionais sistematizadas, que resultem em redimensionamento de sua
prática.
O Programa de Desenvolvimento Educacional assume como
referenciais os princípios político-pedagógicos da Secretaria de Estado da
Educação - SEED, explicitados nas Diretrizes Curriculares para a Educação
Básica estabelecendo assim, os parâmetros básicos para a implementação
do programa, estipulando os seguintes eixos norteadores (PARANÁ, 2007,):
a. compromisso com a diminuição das desigualdades sociais;
b. articulação das propostas educacionais com o desenvolvimento
econômico, social, político e cultural da sociedade;
c. defesa da educação básica e da escola pública, gratuita de
qualidade, como direito fundamental do cidadão;
d. articulação de todos os níveis e modalidades de ensino;
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e. compreensão dos profissionais da educação como sujeitos
epistêmicos;
f. estímulo ao acesso, à permanência e ao sucesso de todos os alunos
na escola;
g. valorização do professor e dos demais profissionais da educação;
h. promoção do trabalho coletivo e da gestão democrática em todos os
níveis institucionais;
i. atendimento e respeito à diversidade cultural.
O professor participante do programa tem dois anos para a realização
das atividades, em nosso caso, o período para desenvolvimento desse
projeto foi entre os anos de 2008 e 2009. No primeiro ano, o professor PDE
se afasta integralmente das atividades diárias da escola, ficando
inteiramente disponível para os estudos em questão. Eles são realizados,
em sua maioria, dentro de uma instituição de ensino superior. Várias
instituições participam desse processo. A Universidade Estadual de Maringá
–UEM – proporcionou para nós o suporte teórico e metodológico por meio de
cursos ministrados por vários professores e, nas diversas áreas do
conhecimento em forma de palestras, fóruns e apresentações de trabalhos,
como por exemplo, seminários. A UEM também foi a responsável pelos
orientadores que trabalharam diretamente com os professores participantes
do Programa de Desenvolvimento Educacional, contribuindo na organização
e desenvolvimento das várias atividades solicitadas pelo Programa.
A professora Regina Lúcia Mesti tem feito o trabalho de orientação
auxiliando-nos nesses dois anos, colaborando na elaboração do Projeto de
estudo e de intervenção pedagógica na escola, no Grupo de Trabalho em
Rede – GTR, na formulação da unidade temática, na implementação do
trabalho pedagógico na escola, na elaboração do Artigo Cientifico e, em
todas as demais atividades solicitadas pelo Programa.
As fontes documentais utilizadas para a revisão bibliográfica e ainda,
a constituição da fundamentação teórica sobre
conhecimento/aprendizagem e prática pedagógica na Educação de Jovens e
Adultos foram os Documentos Oficiais sobre a Educação de Jovens e
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Adultos, no âmbito Federal e Estadual e, norteamo-nos em autores como
Paulo Freire e Marta Khol de Oliveira.
Sentimos a necessidade de uma breve retomada histórica sobre essa
modalidade para compreendermos conceitos de conhecimento,
aprendizagem, prática pedagógica e os eixos temáticos – cultura, trabalho e
tempo – e, percebemos a importância de uma educação de qualidade
voltada especialmente para os jovens, os adultos e idosos.
A história sobre a Educação de Jovens e Adultos, não é recente, teve
início com a colonização portuguesa que tinha a necessidade de alfabetizar
os adultos, mas, foi no período republicano, principalmente a partir dos
anos de 1990 que ocorreram grandes acontecimentos acarretando em um
avanço significativo para a Educação de Jovens e Adultos, primeiramente
com a obrigatoriedade do Ensino Fundamental e, depois a Educação Básica.
Identificamos nesse período, a ênfase nos estudos sobre questões
como conhecimento, aprendizagem e prática pedagógica na Educação de
Jovens e Adultos e novas políticas educacionais com propostas de novas
metodologias para um ensino fundamental e, posteriormente uma educação
básica de qualidade.
Os estudos e discussões sobre conhecimento, aprendizagem e prática
pedagógica foram apresentados nos Fóruns Estaduais de Educação de
Jovens e Adultos e Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos –
ENEJAS - que promoveram seminários regionais e nacionais e, contaram
com a participação dos segmentos envolvidos com o EJA, como as
secretarias estaduais e municipais, organizações não-governamentais,
empresas privadas, universidades, sindicatos, etc.
A V CONFITEA – Conferência Internacional sobre Educação de Adultos
-realizada em 1997, em Hamburgo na Alemanha, foi demarcada na história
da Educação de Jovens e Adultos por ter provocado um intenso movimento
mundial de preparação para discussão sobre o tema da aprendizagem, do
conhecimento de adultos, entre outros.
Clara Di Piero acompanhou e coordenou os trabalhos sobre os acordos
estabelecidos durante essa Conferência.
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A 5ª Confintea estabeleceu um vinculo entre a educação de jovens e adultos e o desenvolvimento sustentado e equitativo da humanidade. Seus principais temas e intenções foram consolidados na Declaração de Hamburgo, na qual se detalha um conjunto de recomendações que devem ser seguidas por agentes governamentais e não governamentais. Juntamente com a Declaração de Hamburgo foi estabelecida a Agenda para o Futuro, com estratégias de implementação e acompanhamento das ações e intenções acordadas durante a conferência (PIERO, 2003, p.05).
E, ainda:
A 5ª Confintea desenvolveu um conceito ampliado de educação de jovens e adultos, pelo qual não basta criar programas de alfabetização, é preciso proporcionar aos indivíduos oportunidades de educação básica e integral, compreendendo a formação para o trabalho e a promoção dos direitos humanos, da saúde e do meio (PIERO, 2003, p.23).
Outro ponto de extrema importância para a solidificação da Educação
de Jovens e Adultos foi a Lei de Diretrizes e Bases 9394, promulgada em 20
de dezembro de 1996 e ainda em vigor, na qual essa modalidade de ensino
passa fazer parte da Educação Básica nas etapas de Ensino Fundamental e
Médio.
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. §1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. §2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas entre si (site www.portal.mec.gov.br. Acesso em: 22/10/2008 e 04/08/2009).
Nas discussões sobre a Educação de Jovens e Adultos como direito e
dever do Estado, começa com a Alfabetização de Adultos e, na década de
90 com o Ensino Fundamental, em seguida a Educação Básica, que se
preocupa em estabelecer leis que assegurem o direito do aluno em
participar do seu processo de conhecimento e aprendizagem. Esses
princípios educacionais são considerados na elaboração das Diretrizes
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Curriculares Nacionais promulgada em 10 de maio de 2000, que propõem
ainda, a organização do currículo e define que:
• as especificidades de tempo e espaço para os seus educandos;
• o tratamento presencial dos conteúdos curriculares;
• a importância em se distinguir duas faixas etárias (jovens e adultos)
consignadas nesta modalidade de educação;
• a formulação de projetos pedagógicos próprios e específicos dos
cursos noturnos regulares e os de EJA.
O documento citado acima, as Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná; o Projeto Político Pedagógico, foram constituídos em fontes
documentais que apresentam os conceitos como Conhecimento,
Aprendizagem, Prática Pedagógica e os Eixos Articuladores - Cultura,
Trabalho e Tempo, como também, baseados nos ensinamentos dos livros de
Paulo Freire e Marta Khol de Oliveira.
Essa investigação sobre os conceitos já citados, apareceram nas
diferentes etapas do Programa de Desenvolvimento Educacional, quando
desenvolvemos os trabalhos de Revisão Bibliográfica, Projeto de
Intervenção, Grupos de Estudos e na própria elaboração de Artigo Cientifico.
Para o percurso de interações dos sujeitos epistêmicos envolvidos no
estudo, foi necessária a análise dos conceitos, e a reflexão sobre a Prática
Pedagógica apresentados nesse artigo cientifico.
2. Eu, Professora Como Sujeito Epistêmico
Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar (FREIRE, 2008, p. 23-24).
Desde o início a nossa preocupação estava em buscar subsídios para
a organização do trabalho pedagógico do aluno de Educação de Jovens e
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Adultos, no seu processo de ensino e aprendizagem, para isso analisamos
documentos e autores que partem de princípio que os Jovens e adultos
podem e devem participar do seu processo de conhecimento.
Constamos o que foi proposto por nós nesse Projeto de Estudo no
inicio do programa, em fevereiro de 2008,.Está muito explicito nas Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná e em outros documentos oficiais.
Na segunda etapa, a partir de julho de 2008, propomos-nos a escrever
uma unidade temática com o título: “O Reconhecimento do aluno de
Educação de Jovens e Adultos como sujeito do conhecimento e
aprendizagem”, para ser utilizado no grupo de estudos.
A terceira etapa, a Intervenção Pedagógica na escola, foi realizada
com um grupo de estudos, em nossa escola de origem, com professores da
Educação de Jovens e Adultos das diversas áreas de conhecimento
(pedagogia, história, geografia, português, matemática, inglês, biologia,
física e química) que como nós, tem a preocupação com o tema e vem
buscando subsídios que fundamentam o trabalho pedagógico com seus
alunos.
O Grupo de estudos foi realizado de abril a junho de 2009, num total
de 32 horas, divididas em oito encontros de 4 horas/dia.
Para colaborar com a discussão nos grupos de estudos, propomos
uma questão central que perpassou por todos os encontros: qual a
concepção de conhecimento e aprendizagem para cada um dos autores e
documentos e, qual a contribuição para a realização do trabalho pedagógico
com os nossos alunos?
Iniciamos o grupo de estudos com a leitura do texto “Ensinar,
aprender: leitura de mundo, leitura das palavras” – Paulo Freire (1997), que
permitiu aos professores uma reflexão a respeito da importância do nosso
trabalho na Educação de Jovens e Adultos e ainda, quanto os nossos alunos
podem contribuir no próprio processo de aprendizagem pois, “a
aprendizagem é um processo contínuo, não existe ensinar sem aprender”
(FREIRE, 1997, p. 01).
Vale ressaltar um trecho do debate dos professores de História e
Geografia: “... além do conhecimento prévio trazido pelo aluno, na vivência
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do aluno, na experiência e no diálogo, confrontando assim realidade, teoria
e prática” (Grupo de Estudos em 14/03/2009).
No segundo encontro, após a leitura do texto: “Jovens e Adultos como
sujeitos do conhecimento e aprendizagem” – Marta Khol de Oliveira (1999),
outra questão de indagação surgiu durante o debate com os professores:
Como esses jovens e adultos pensam e aprendem?; sua condição de não
crianças, a condição de (ex) excluídos da escola e membros de
determinados grupos culturais; como as pessoas envolvidas no trabalho
pedagógico estabelecem relações de aprendizagem?.
Segundo os professores do grupo de estudos foi possível perceber
“que as escolas, na sua maioria, não estão preparadas para atender esse
grupo de jovens e adultos. Precisamos de muitas ações como essa, estudar
em grupo e participar de experiências e capacitações” (Grupo de Estudos
em 11/04/2009 - professores de Física e Química).
Reconhecer com a leitura prévia das Diretrizes Curriculares de
Educação de Jovens e Adultos (Curitiba, 2006), a importância do trabalho
pedagógico que é desenvolvido nos Centro Estadual de Educação Básica
para Jovens e Adultos (CEEBJA), e atende um público, na sua maioria,
jovens, adultos idosos e trabalhadores que procuram a escola como
possibilidade de escolarização e novos conhecimentos.
Este documento já tem sido estudado com os professores nos
encontros organizados pela equipe pedagógica da escola, possibilitando
assim uma maior reflexão e participação na busca de alternativas para o
desenvolvimento do trabalho pedagógico com esses alunos. A reflexão dos
eixos norteadores – Cultura, Trabalho e Tempo – esteve presente no
destaque apresentado pelos professores da disciplina de Língua Portuguesa:
“Na Educação de Jovens e Adultos os vínculos entre educação, escola e
trabalho situam-se numa perspectiva mais ampla do ser humano, sua
formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e
coletiva, sua emancipação” (Grupo de Estudos em 25/04/2009).
Identificar qual a concepção de conhecimento e aprendizagem e
ainda, a importância da organização do trabalho pedagógico nessa
modalidade de ensino foi nosso desafio enquanto professor participante do
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Programa de Desenvolvimento Educacional, quando nos propomos a
desenvolver uma Unidade Temática que foi posteriormente estudada no
grupo de estudos. A unidade temática elaborada por mim em parceria com
a professora Orientadora – Regina Lúcia Mésti:”O Reconhecimento do aluno
de Educação de Jovens e Adultos como sujeito do conhecimento e
aprendizagem”, possibilitou a reflexão e constatação por parte dos
professores que “não podemos homogeneizar os educandos, o seu
desenvolvimento é um processo de constante transformação” (Grupo de
Estudos em 16/05/2009 - professores de Matemática).
Estudamos também, outras unidades temáticas produzidas por
colegas professores pedagogos atuantes na EJA e participantes do Programa
de Desenvolvimento Educacional que tem como título: “Direitos e Desafios
na Educação de Jovens e Adultos” – Ângela Mirtes de Souza e a “Prática
Pedagógica e o processo de aprendizagem do Aluno da Educação de Jovens
e Adultos” – Marisa de Jesus Canini Cezar. As utilizações dessas unidades
temáticas possibilitaram a reflexão, a análise e o reconhecimento da
importância de nosso trabalho enquanto educador junto aos alunos jovens,
adultos e idosos e, também a necessidade de organizar novos estudos com
os professores, que relataram da dificuldade de estudar sobre o tema
proposto. “Em nossa prática pedagógica muitas vezes não estamos
preparados para atender esse grupo de jovens e adultos e idosos conforme
suas especificidades. Há, portanto, uma falta de sintonia entre essa escola e
os alunos que dela se servem” (Grupo de Estudos em 23/05/2009 –
professores de Língua Portuguesa).
A compreensão do trabalho pedagógico com Jovens Adultos e Idosos
pode ser entendida com a análise do documentário Paulo Freire,
apresentado por Moacir Gadotti e Angela Antunes que possibilitou ainda o
conhecimento e a reflexão sobre conceitos e o trabalho do autor. Para os
professores a percepção de como o nosso trabalho é necessário e
importante. Como citou uma professora da disciplina de Língua Portuguesa
após assistir o vídeo: “Mudar é difícil, mas é possível” (Documentário sobre
Paulo Freire em 16/05/2009).
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No início dos estudos em grupo os obstáculos devido a preconceitos
surgiram, estávamos analisando produções de autores conhecido por todos,
mas que muitas vezes, interpretados de forma equivocada, como por
exemplo, a inversão da proposta de Paulo Freire “seria um facilitador de
conteúdos, assim tudo que o aluno fazia estava bom.” Após as leituras e
análise do documentário foi possível um maior conhecimento sobre o autor
e o significado do seu trabalho para a educação de jovens e adultos, além
do sentimento e necessidade de conhecer as propostas e obras
educacionais. Ouvimos depoimentos de professores que participaram do
estudo, “Nossa, o trabalho de Paulo Freire é sério e apaixonante, antes eu
tinha uma outra visão” (Professora da disciplina de Língua Portuguesa, após
assistir ao documentário), ou um outro depoimento dos professores de
Matemática que durante o estudo do texto de Paulo Freire “Leitura do
Ensinar, aprender leitura de mundo, leitura das palavras” relataram: “Ao
ensinar outras pessoas a respeito de um conteúdo pessoa que ensina,
muitas vezes aprende mais que as pessoas que estão ali para aprender.
Para ensinar precisamos estudar, dedicar, ler, refazer nosso saber para
obter êxito em todos os objetivos traçados”. Ou seja, como está no texto
“Estudar é desocultar, é ganhar a compreensão mais exata do objeto, é
perceber suas relações com os outros objetos” (FREIRE, 1997, p.05).
A indagação norteadora dos estudos e discussões em grupo
possibilitou as reflexões acima sobre a importância da organização do
trabalho pedagógico na educação de jovens e adultos e ainda, auxiliou os
professores para constatarem a necessidade de aprofundamento a respeito
dos conceitos de conhecimento, aprendizagem, prática pedagógica e os
eixos articuladores – cultura, trabalho e tempo. Foi uma oportunidade de
conhecimento, de reflexão de troca, e o mais importante de reflexão da
nossa própria realidade, do nosso contato direto com as pessoas envolvidas
nesse processo de aprender.
3. Organização do trabalho pedagógico de um CEEBJA
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Essa análise e reflexão sobre o aluno de Educação de Jovens e adultos
como sujeito do conhecimento e da aprendizagem foi possível por fazermos
parte de uma escola que no trabalho com alunos jovens, adultos e idosos
sempre procurou respeitar seus educandos, buscando subsídios teóricos e
metodológicos que orientassem seus educadores nesse processo de
conhecimento e aprendizagem.
Na análise da proposta de organização do trabalho pedagógico, nas
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná e no Projeto Político Pedagógico
de um Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos, fica nítido
nos documentos a necessidade de se repensar o trabalho pedagógico:
[...] da reorganização e da reorientação do trabalho pedagógico na EJA está o desafio de desenvolver processos de formação humana, articulados a contextos sócio-históricos, a fim de que se reverta à exclusão e se garanta aos jovens, adultos e idosos o acesso, a permanência e o sucesso no início ou retorno desses sujeitos à escolarização básica como direito fundamental (PARANÁ, 2006, p.16).
É necessário destacar que o Centro Estadual de Educação Básica para
Jovens e Adultos em questão, apresenta uma organização de trabalho
presencial, na forma de atendimento coletivo e ou individual dos alunos. Os
componentes curriculares são organizados por disciplina, com uma carga
horária que, embora diferenciada, contempla todos os conteúdos que
integram a Base Nacional Comum, os quais estão contidos na proposta
pedagógica curricular de cada disciplina e no Projeto Político Pedagógico da
escola.
A organização coletiva de estudo se dá através de cursos ou aulas
com horários e dias preestabelecidos pela escola com um cronograma de
início e término de cada disciplina. Essa organização se destina,
preferencialmente, aos que podem frequentar as aulas com regularidade.
No atendimento individual o aluno pode organizar seus horários e dias de
estudo dentro dos períodos oferecido pela escola (manhã, tarde e noite)
para cumprir o que cada área propõe (leituras, atividades, provas, etc.),
sempre com a presença e orientação do professor. Os alunos podem cursar
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uma ou no máximo quatro disciplinas, dependendo de sua disponibilidade
para o estudo.
4. O perfil dos alunos de EJA
Os alunos que estudam na Educação de Jovens e Adultos são, na sua
maioria, trabalhadores que apresentam diferentes experiências de vida e,
muitas vezes, não conseguiram concluir seus estudos por vários motivos,
entre eles, a dificuldade de organizar o seu horário de frequência escolar.
Essas características do aluno trabalhador justificam, conforme as Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná, a necessidade de uma proposta
pedagógica diferenciada, como a apresentada nos Centros de Educação
Básica para Jovens e Adultos.
Não podemos simplesmente mudar o tempo em que o aluno
permanece na escola ou a sua organização mas, como Oliveira (1999)
afirma, faz-se necessário uma adequação da escola, oferecendo assim
currículos, programas e uma organização do trabalho pedagógico a esses
alunos trabalhadores jovens, adultos e idosos. Nossa preocupação é que a
proposta de oportunidade de escolarização se efetive na prática pedagógica
das escolas e que represente uma possibilidade para o conhecimento.
As Diretrizes Curriculares de Educação de Jovens e Adultos do Estado
do Paraná apresentam estudos e propostas sobre o processo de ensino e
aprendizagem e organização do trabalho pedagógico numa constante busca
da educação de qualidade para todos.
Estas Diretrizes são destinadas aos educandos jovens, adultos e idosos, como sujeitos de conhecimento e aprendizagem, de sua história e condição socioeconômica, sua posição nas relações de poder, sua diversidade étnico-racial, territorial, geracional e cultural, dentre outras (PARANÁ, 2006, p.16).
As Diretrizes Curriculares (2007), enfatizam ainda que a educação de
jovens e adultos tenha como finalidade e objetivo, a formação humana e a
cultura geral e contempla:
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• O seu papel na socialização dos sujeitos, agregando elementos e valores que os levem à emancipação e à afirmação de sua identidade cultural;
• O exercício de uma cidadania democrática, reflexo de um processo cognitivo, crítico e emancipatório, com base em valores como respeito mútuo, solidariedade e justiça;
• Os três eixos articuladores do trabalho pedagógico com jovens, adultos e idosos – cultura, trabalho e tempo.
Todo esse enfoque requer dos Centros de Estudos de Educação Básica
para Jovens e Adultos um comprometimento coletivo dos que atuam nessa
modalidade de ensino (professores, equipe pedagógica, direção,
coordenações, alunos e comunidade) a busca de uma educação de
qualidade, desenvolvidos nos processos educativos e definidos no Projeto
Político Pedagógico.
Assim com a perspectiva de organizar o trabalho pedagógico,
destacamos nessa pesquisa documental os eixos articuladores, cultura,
trabalho e tempo, que estão presentes nas Diretrizes Curriculares do Estado
do Paraná, como conceitos que devem estar articulados e inter-relacionados
no trabalho pedagógico como um processo de seleção da cultura.
A cultura (PARANÁ, 2006) como eixo principal, norteará a ação
pedagógica, pois se encontram presente em várias manifestações humanas,
inclusive o trabalho e o tempo. Ela é também, o elemento de mediação
entre o indivíduo e a sociedade que se desenvolve por meio de um “sistema
de significações” envolvendo todas as formas de atividade social. O foco
está na diversidade cultural, que permite estabelecer relações a partir dos
conhecimentos adquiridos, para a reconstrução de novos saberes, “a cultura
compreende toda forma de produção da vida material e imaterial e compõe
um sistema de significações envolvido em todas as formas de atividade
social.” (WILLIANS, 1992 apud, Paraná 2006, p.32).
A cultura como principio educativo apresentados nas Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná afirma que os conteúdos de cada
disciplina, devem ser contextualizados. A dimensão sócio-histórica dos
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conceitos articulada ao mundo do trabalho, à ciência, às novas tecnologias,
enfim a tudo que possa contribuir para o conhecimento.
A cultura, entendida como prática de significação não é estática e não se reduz à transmissão de significados fixos, mas é produção, criação e trabalho, sob uma perspectiva que favorece a compreensão do mundo social, tornando-o inteligível e dando-lhe um sentido (PARANÁ, 2006, p.35).
O trabalho, outro eixo articulador, ocupa a base das relações humanas
que vão se desenvolvendo ao longo da história, “a sociedade organiza-se de
modo a produzir bens necessários à vida humana, uma vez que as relações
de trabalho e a forma de dividi-lo e organizá-lo compõem sua base
material” (ANDERY, 2006, apud, Paraná 2006, p.35).
Nas Diretrizes o eixo trabalho, por sua vez, compreende a forma de
produção da vida material a partir da qual se produzem distintos sistemas
de significação. Ou seja, é a ação pela qual o homem transforma a natureza
e transforma-se a si mesmo. Miguel Arroyo, um dos pesquisadores que
contribuí na elaboração das Diretrizes Curriculares afirma:
A ênfase no trabalho como princípio educativo não deve ser reduzido à preocupação em preparar o trabalhador para atender às demandas do industrialismo e do mercado de trabalho nem apenas destacar as dimensões relativas à produção e às suas transformações técnicas (ARROYO, 1998, p.52).
O trabalho como princípio educativo contribui para a formação
intelectual e moral, a autonomia, a liberdade individual e coletiva e,
consequentemente, para a emancipação.
Quanto ao eixo tempo, consiste na valorização dos diferentes tempos
necessários à aprendizagem do educando de Educação de Jovens e Adultos,
ou seja, o aluno vem para a escola com o objetivo de participar, aprender e
compreender e concluir sua escolaridade, atendendo às exigências do
mundo do trabalho.
O tempo dos educandos de EJA é definido pelo período de escolarização e por um tempo singular de aprendizagem, bem
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diversificado, tendo em vista a especificidade dessa modalidade de ensino que considera a disponibilidade de cada um para a dedicação aos estudos (PARANÁ, 2006, p.33).
Toda essa reflexão sobre os eixos temáticos tem como preocupação a
aprendizagem do aluno trabalhador e, é analisada nas Diretrizes
Curriculares Nacionais de Educação de Jovens e Adultos que considera a
escola como um espaço democrático de conhecimento.
[...] a universalização do ensino fundamental, até por sua história, abre caminho para que mais cidadãos possam se apropriar de conhecimentos avançados tão necessários para a consolidação de pessoas mais solidárias e de países mais autônomos e democráticos. E, num mercado de trabalho aonde a exigência do ensino médio vai se impondo, a necessidade do ensino fundamental é uma verdadeira corrida contra um tempo de exclusão não mais tolerável (BRASIL, 2000, p.08).
5. Processos de significação do sujeito do conhecimento e
aprendizagem
Durante os dois anos de estudo e pesquisa no Programa de
Desenvolvimento Educacional, tivemos momentos significativos de
aprendizagem enquanto sujeito epistêmico. Alguns conceitos foram
surgindo nesse percurso de estudo e reflexão sobre o reconhecimento do
aluno como sujeito do conhecimento e aprendizagem, conceitos estes
como: educação, prática pedagógica, conhecimento e aprendizagem, que
posteriormente foram compartilhados com outros educadores de Educação
de Jovens e Adultos por meio da realização do grupo de estudos.
Em nosso estudo fomos percebendo na proposta de Paulo Freire que a
Educação de Jovens, adultos e idosos deveria ser analisada, refletida,
estudada e divulgada com os educadores envolvidos nesse processo, pois
como nós buscam constantemente alternativas para a melhoria do ensino e
aprendizagem dos educandos.
Para Paulo Freire (2008) a educação teria de ser, acima de tudo, uma
tentativa constante de mudança de atitude, levando o homem a uma nova
postura diante dos problemas de seu tempo e espaço, de modo que ele
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pudesse substituir antigos hábitos de passividade por novos hábitos de
participação.
O autor afirma ainda, que todo o aprendizado deve processar-se
intimamente associado à tomada de consciência da situação real vivida pelo
educando, através de uma participação livre, em que o diálogo seja
estratégia e condição essencial de aprendizagem e o educador respeite
seus educandos e os estimule a serem sujeitos do seu processo de
conhecimento e aprendizagem.
Nesse respeito pelo aluno que devemos tomar como ponto de partida
o que ele já sabe, já vivenciou e, o trabalho pedagógico deve ser uma troca
constante.
As relações entre a educadora e os educandos incluem a questão do ensino, da aprendizagem, do processo do conhecer – ensinar – aprender, da autoridade, da liberdade, da leitura, da escrita, das virtudes da educadora, da identidade cultural dos educandos e do respeito devido a ela. A prática educativa é um desastre quando deixa de existir uma relação coerente entre o que a educadora diz e o que ela faz (FREIRE, 1997, p.96).
Para o autor o conhecimento, a aprendizagem e a prática pedagógica
devem acontecer em um espaço de respeito, diálogo, troca de experiências,
é neste contexto que o educador poderá contribuir significativamente na
aprendizagem de seus alunos de forma clara e efetiva respeitando-os assim
como sujeitos participativos desse processo de aquisição do conhecimento.
A prática educativa tem de ser, em si um testemunho rigoroso de decência e de pureza. Uma critica permanente aos desvios fáceis com que somos tentados, às vezes ou quase sempre, a deixar as dificuldades que os caminhos verdadeiros podem nos colocar. [...] Não é possível pensar seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. (FREIRE, 2008, p.33)
Dentro desta perspectiva, temos que repensar alguns conceitos, pois,
em nossa cultura, estamos acostumados a ver o professor como um sujeito
que vai transmitir conhecimento e o aluno que vai receber esse
conhecimento.
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Paulo Freire chama o educador a repensar sua conduta, seu trabalho
junto ao educando, em uma de suas obras o autor questiona como aprender
a discutir e a debater como uma educação que se impõe?
Ditamos idéias. Não trocamos idéias. Discursamos aulas. Não debatemos ou discutimos temas. Trabalhamos sobre o educando. Não trabalhamos com ele. Impomos-lhe uma ordem a que não adere, mas se acomoda. Não lhe propiciamos meios para pensar autêntico, porque recebendo as fórmulas que simplesmente lhe damos, guarda. Não as incorpora, porque a incorporação é o resultado de busca de algo que exige, de quem o tenta, esforço de recriação e de procura. Exige reinvenção (PARANÁ, 2006, p.104).
Outra teória muito importante, nesses dois anos de estudos, foi da
educadora Marta Khol de Oliveira que faz uma análise da escola e do
currículo que deveria ser ofertado para a Educação de Jovens e Adultos, faz-
se necessário, segundo a autora, a adequação da escola a um grupo que
não é o “alvo original” da instituição (crianças e adolescentes), oferecendo
assim currículos, programas e métodos adequados a esses alunos jovens,
adultos e idosos.
O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz consigo uma história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas. Com relação à inserção em situações de aprendizagem, essas peculiaridades da etapa da vida em que se encontra o adulto fazem com que ele traga consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) e provavelmente, maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de aprendizagem (OLIVEIRA, 1999, p.60).
Outra referência que fez-se necessária nestes estudos, foi a de análise
documentais como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos, as Diretrizes Curriculares para a Educação Pública do
Estado do Paraná. Com esse estudo fomos percebendo que os documentos
vêm trazendo essas discussões e, que a Educação de Jovens e Adultos deve
ser entendida como parte de um processo dialógico da prática pedagógica
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dos educadores, de sua permanente formação e devem assegurar espaços
de reflexão, reescrita e atualização, pela constante construção de uma
educação de qualidade e contempla que:
O educando da EJA torna-se sujeito na construção do conhecimento mediante a compreensão dos processos de trabalho, de criação, de produção e de cultura. Portanto, passa a se reconhecer como sujeito do processo e a confirmar saberes adquiridos para além da educação escolar, na própria vida. Trata-se de uma constante comprovação de que essa modalidade de ensino pode permitir a construção e a apropriação de conhecimentos para o mundo do trabalho e o exercício da cidadania, de modo que o educando ressignifique suas experiências socioculturais (PARANÁ, 2006, p.28).
Na prática sabemos que essas mudanças não são fáceis e não
acontecem repentinamente, necessitam de muitos estudos, debates,
reflexões. É por meio dessas ações de estudos, no espaço escolar e ou fora
dele, que poderemos organizar o trabalho pedagógico de qualidade com
alunos jovens, adultos e idosos. As Diretrizes Curriculares enquanto
documento assegura também a oferta de “políticas públicas e recursos
próprios para manter e melhorar a qualidade do ensino nas escolas. De fato
a Educação de Jovens e Adultos se articula a um compromisso do Estado em
atender essa demanda” (PARANÁ, 2006, p. 28).
Esse processo de estudo, reflexão e conhecimento para mim
enquanto sujeito epistêmico trouxe muita inquietação e, ao mesmo tempo,
o sentimento e a necessidade de realiar cada vez mais estudos no que se
referem à Educação de Jovens e Adultos e Idosos.
6. Considerações finais
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Partindo dessas inquietações, desde o início de nossa participação no
Programa de Desenvolvimento Educacional, buscamos subsídios que
pudessem auxiliar a organização do trabalho pedagógico e a compreensão
do processo de conhecer do aluno jovem, adulto e idoso. Tivemos sempre
como tema “O reconhecimento desse aluno como sujeito do conhecimento
e da aprendizagem”.
Nesta perspectiva elaboramos o projeto de intervenção pedagógica e
promovemos grupo de estudos com professores que trabalham no Centro
de Educação Básica para Jovens e Adultos, que como nós buscam
constantemente subsídios para a organização do trabalho pedagógico com
qualidade e tem procurado articular os eixos – cultura, trabalho e tempo e
valorizar o conhecimento das experiências dos alunos como ponto de
partida, mas manter a necessidade de empreender a investigação e
sistematização do conhecimento cientifico a ser desenvolvido com seus
alunos.
Podemos afirmar que foi para os envolvidos um momento
significativo de estudo, reflexão e troca de experiência no que se refere à
implementação desses princípios educacionais em sala de aula.
Constatamos a riqueza em aprendizagem com essa forma de desenvolver o
estudo dos eixos articuladores e de valorizar o processo de aprender do
aluno e professor.
A analise das pesquisas educacionais e das Diretrizes Curriculares da
Educação de Jovens e Adultos (Paraná, 2006), foi considerada como parte
de um processo dialógico da prática pedagógica dos educadores e sua
permanente formação. Como afirma o próprio documento em questão, os
espaços de reflexão, reescrita e atualização, devem assegurar a construção
de uma educação de qualidade para todos. A Educação de Jovens e Adultos
tem como finalidade e objetivo, manifestos nessas Diretrizes a formação
humana, a cultura geral e os três eixos articuladores do trabalho
pedagógico – cultura, trabalho e tempo que são elementos de toda ação
pedagógica curricular definidos a partir da concepção de currículo, como
processo de seleção da cultura e do perfil dos alunos de Educação de Jovens
e Adultos.
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Nossa reflexão como sujeito epistêmico e professora pedagoga são de
que a continuidade do estudo permitiu identificar a relação entre o processo
de aprendizagem do jovem, adulto e idoso e a forma de organização do
trabalho pedagógico em sala de aula. Essa especificidade, uma vez
compreendida pelo professor permite que o mesmo vivencie a dialogicidade
com a cultura, o trabalho e o tempo, e essa significação interfere na
realização da investigação na educação de jovens, adultos e idosos. Como
afirma Paulo Freire (2008) Sem a curiosidade que me move, que me
inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.
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