o uso de mapas conceituais e de mapas mentais como ferramentas pedagógicas no contexto educacional...

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  • Revista de Estudos de Gesto, Jurdicos e Financeiros Ano IV Nmero 11 JUL/AGO

    ISSN: 2178-2008 Braslia-DF Carlos Eduardo da Silva Galante

    2013

    40

    O USO DE MAPAS CONCEITUAIS E DE MAPAS MENTAIS COMO

    FERRAMENTAS PEDAGGICAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL

    DO ENSINO SUPERIOR1.

    Carlos Eduardo da Silva Galante2

    RESUMO: O presente artigo expe uma reviso bibliogrfica sobre a utilizao de mapas

    mentais e de mapas conceituais como ferramentas pedaggicas preciosas e algumas das suas

    aplicaes. Tem como escopo debater o uso desses instrumentos de aprendizagem e de

    ensino, tanto de alunos como de professores e as possveis vantagens para o contexto

    educacional. O objetivo principal se concentrar na proposta de uma discusso sobre a forma

    de manifestao das ideias e o meio para representa-las nessa forma instrumental pedaggica,

    o que poder ser um importante fomento aos procedimentos didticos. Os mapas conceituais

    e os mapas mentais estimulam uma nova percepo na maneira de ensinar e aprender criam

    um ambiente propcio a melhor compreenso e interpretao das ideias. Sero apresentados

    ainda no presente trabalho conceitos fundamentais, caractersticas e dimenses dessas

    ferramentas pedaggicas e tentar-se- demonstrar suas importncias para a difuso do

    conhecimento, pois proporcionam interessantes meios para que o educador possa mensurar a

    sua forma de ensinar e o aprendizado dos seus alunos, o que ocorrer de uma forma mais

    dinmica e menos tradicional, o que no significa menos eficiente. Esses sistemas

    facilitadores das aprendizagens constituem importantes processos de anlise, de compreenso,

    de ideias e contedos e contribuem para uma melhor estrutura cognitiva dos estudantes, com o

    consequente aumento de eficcia nos seus resultados escolares. Por fim, sero apresentados

    exemplos de situaes concretas em que a utilizao dessas ferramentas poder ser

    desenvolvida e aplicada no contexto escolar de alunos e professores.

    PALAVRAS CHAVES: Mapa mental, Mapa conceitual, Ferramenta pedaggica,

    Aprendizagem, Estudo.

    1 O presente artigo foi apresentado no Seminrio Internacional sobre a situao da poltica educacional do

    Mercosul, Asuncin, PY, em janeiro de 2013 e est relacionado com a dissertao sob o mesmo ttulo a ser

    apresentada pelo autor para obteno do ttulo de Mestre junto a Universidade San Carlos, sob orientao da

    Professora Dra. Judite Filgueiras Rodrigues. 2 Graduado em Automao pela Unesp e em Direito pela Faculdade Processus, Ps-graduado em Direito

    Administrativo, Direito Penal e em Direito Civil pelo Instituto Processus, Mestrando/Doutorando em Cincias

    Jurdicas e da Educao pela Universidade San Carlos, servidor pblico do Governo do Distrito Federal,

    Professor de cursos de graduao da Faculdade Processus.

  • 41

    ABSTRACT: This article presents a literature review on the use of mind maps and concept

    maps as valuable teaching tools and some of its applications. Its scope discuss the use of these

    tools for learning and teaching, both teachers and students as possible advantages to the

    educational context. The main objective will focus on a discussion draft on the manifestation

    of ideas and the means to represent them in this way instrumental teaching, which could be an

    important development to the didactic procedures. Concept maps and mind maps encourage a

    new awareness in the way of teaching and learning creates an environment conducive to

    better understanding and interpretation of ideas. Are also presented in this paper basic

    concepts, features and dimensions of these teaching tools and will try to demonstrate their

    importance to the dissemination of knowledge, they provide interesting means for the

    educator can measure his way of teaching and learning of their students , which occur in a

    more dynamic and less traditional, which does not mean less efficient. These systems are

    important facilitators of learning processes of analysis, understanding, and contribute ideas

    and content to better students' cognitive structure, with a consequent increase efficiency in

    their school results. Finally, we'll show examples of concrete situations in which the use of

    these tools can developed and applied in the context of school students and teachers.

    KEY WORDS: Mind map, concept map, pedagogical tool, Learning, Study.

    INTRODUO

    A tcnica de ensino-aprendizagem requer uma constante reflexo sobre os

    mtodos, estratgias e recursos necessrios para a melhor obteno de sua eficcia. Do ponto

    de vista educacional comum que exista uma constante busca de novas tendncias e

    motivaes por parte dos agentes que intervm em todo este processo. Trata-se de uma rea

    onde existe pouco espao para verdades absolutas, fato comprovado pela existncia de

    inmeras escolas e teorias pretendendo explicar os processos envolvidos e indicando

    caminhos para melhorar a sua eficcia.

    O processo educacional consistente no ensino-aprendizagem se desenvolve em

    vrias fases e na maioria das vezes o que se percebe um contexto conteudista, aquele em que

    o contato dos alunos passa por uma quantidade considervel de contedo sem que haja

    necessariamente uma preocupao com o desenvolvimento cultural, intelectual e de

    raciocnio. A realizao deste trabalho partiu da hiptese de que o uso dos Mapas Mentais e

    dos Mapas Conceituais poder compor um abalroamento inovador e vlido aos mtodos de

    aprendizagem, estudo e organizao pessoal de alunos e professores no seu contexto

    educacional, permitindo obter melhores resultados nas atividades desenvolvidas.

    A exteriorizao do conhecimento do educando um processo de

    transformao do conhecimento tcito para o conhecimento explcito e esse conhecimento

    tcito um conhecimento difcil de formalizar, de expor, o que dificulta sua transmisso e

  • 42

    compartilhamento com outros. E ainda, o conhecimento explcito refere-se ao conhecimento

    transmissvel em linguagem formal ou sistemtica3.

    Essa exteriorizao do conhecimento pode ser feita de diversas formas, como,

    por exemplo, atravs da elaborao de um resumo onde o educando expressa seu

    conhecimento, reflexes e concluses sobre o tema em questo de forma bem sinttica e

    organizada. Existem muitas linguagens e maneiras para representarem o conhecimento, mas

    em geral, este expresso na forma de um texto. O que se deve ressaltar o fato de existirem

    outras formas para representarem esse conhecimento, sendo algumas delas os mapas

    conceituais e os mapas mentais.

    O uso dessas ferramentas pedaggicas j encontra lugar em muitos sistemas de

    ensino do contexto mundial por apresentar algumas vantagens em relao ao uso do texto

    tradicional. A elaborao de um texto geralmente exige maior empenho cognitivo, pois

    requer, alm do conhecimento propriamente dito, uma organizao sequencial, a formalizao

    de um estilo, a observncia de regras gramaticais, a preocupao com a esttica, entre outras

    precaues. Alm disso, o conhecimento tcito por ser naturalmente frgil estruturalmente,

    apresenta uma resistncia natural s tentativas de organizao sequencial.

    Sabe-se que a transmisso de conhecimento para ser eficaz depende de

    metodologias que sejam adequadas s necessidades educacionais e mais, que se adaptem s

    circunstncias peculiares de cada contedo ou tarefa a desempenhar. Em atividades como a

    planificao de aulas, apresentao de temas, definio e organizao curricular, definio de

    metodologias de projeto, ou a tomada de anotaes nas aulas se pode encontrar um subsdio

    precioso nesses mtodos de abordagem organizacional da informao.

    E essa a proposta objetiva desse trabalho. Mostrar a importncia de se ter no

    sistema educacional nacional as melhores e mais diversificadas metodologias de estudo e

    aprendizagem em detrimento a ausncia nesse sistema de um contedo transversal que seja

    capaz de suprir essa necessidade, pois aprender significativamente quer dizer aprender de

    forma no arbitrria, no mecnica4.

    3 NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. Criao do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

    4 AUSUBEL, D.P. ; NOVAK, J.D. and HANESIAN, H. (1978). Educational psychology : a cognitive view.

    2nd. ed. New York, Holt Rinehart and Winston.

  • 43

    2. O CONCEITO DE INTELIGNCIA

    Inicialmente, torna-se relevante tecer algumas consideraes sobre a

    inteligncia.

    Ao longo da histria, cientistas e pesquisadores associavam a inteligncia a

    uma caracterstica unicamente humana, de representao de conhecimentos e resoluo de

    problemas, transparecendo uma posio essencialmente antropocntrica. Mas um fato

    intrigava a comunidade cientfica e ainda intriga: os humanos no compreendem a si mesmos,

    ainda no conhecem o pleno funcionamento da "inteligncia" e nem mesmo a origem dos

    pensamentos.

    Atualmente, novas pesquisas sobre esse tema possibilitou outra concepo

    sobre a ideia de inteligncia: essa estaria associada com a ideia de sobrevivncia. possvel

    que a caracterstica bsica de um organismo inteligente seja sua capacidade de aprender a

    realizar vrias funes em um ambiente dinmico, tais como sobreviver e prosperar.

    Deste modo, conceituar a inteligncia uma misso singular, pois o tema

    avana para a compreenso de que a funo psicolgica responsvel pela capacidade que se

    tem de entender e compreender o significado das coisas, de conceituar. No processo de

    conhecimento tem-se de um lado o objeto a ser conhecido, exterior inteligncia, e do outro a

    inteligncia, a ferramenta mental que alcana o conceito desse mesmo objeto. Conceituar a

    inteligncia faz-la objeto e ferramenta respectivamente, ter conscincia dos instrumentos

    mentais que consente conhecer o mundo e que est integrado prpria conscincia. Mesmo

    porque o processo de conceituao est constantemente sendo aprimorado e atualizado.

    A conscincia atua conjuntamente inteligncia, contudo de forma distinta

    dela. A inteligncia "manifesta" para a conscincia o significado das coisas notadas, evidencia

    as diferenas existentes, e mesmo quando fisicamente semelhantes podem ter finalidades

    diversas. A inteligncia expe conscincia a circunstncia em que se encontra, permitindo

    com que ela se situe no contexto em que se encontra, e para a partir disso tomar as decises

    mais adequadas. A inteligncia a ferramenta que permite a conscincia saber que deciso

    tomar.

    Nessa seara apresentada, conceituar inteligncia implica em se ter diversas

    conotaes possveis. Para Binet5, Inteligncia julgar bem, compreender bem, raciocinar

    5 BINET, M., 1998. Pour une smiologie du rite. lments de thorie et de mthode. Arquivos da Memria

    (Centro de Estudos de Etnologia Portuguesa).

  • 44

    bem. Piaget6 a conceitua como Adaptao ao ambiente fsico e social. Portanto, vrias so

    as conotaes sobre a inteligncia ao longo do tempo.

    Contudo, ressalto as definies de inteligncia tidas como "consensuais" no

    contexto cientfico. A primeira, de Intelligence: Knowns and Unknowns, um relatrio de uma

    equipe congregada pela Associao Americana de Psicologia, em 1995:

    "Os indivduos diferem na habilidade de entender ideias complexas,

    de se adaptarem com eficcia ao ambiente, de aprenderem com a

    experincia, de se engajarem nas vrias formas de raciocnio, de

    superarem obstculos mediante o pensamento. Embora tais diferenas

    individuais possam ser substanciais, nunca so completamente

    consistentes: o desempenho intelectual de uma dada pessoa vai variar

    em ocasies distintas, em domnios distintos, a se julgar por critrios

    distintos. Os conceitos de 'inteligncia' so tentativas de aclarar e

    organizar esse conjunto complexo de fenmenos."

    A outra definio de inteligncia vem de Mainstream Science on Intelligence,

    que foi assinada por cinquenta e dois pesquisadores em inteligncia, em 1994:

    "uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas,

    envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas,

    pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender

    rpido e aprender com a experincia. No uma mera aprendizagem

    literria, uma habilidade estritamente acadmica ou um talento para

    sair-se bem em provas. Ao contrrio disso, o conceito refere-se a uma

    capacidade mais ampla e mais profunda de compreenso do mundo

    sua volta - 'pegar no ar', 'pegar' o sentido das coisas ou 'perceber' uma

    coisa."

    Aps tais conceituaes possvel inferir que ainda no se conhece as

    fronteiras mentais da inteligncia, nem a extenso de cada uma com a inteligncia, o que

    conduz a admitir que o conceito no est completo.

    possvel que na inteligncia existam partes, subtipos, categorias. Nada

    comprovado ainda, mas algo que comungue com as atuais teorias da inteligncia que falam a

    respeito de inteligncia geral e especfica, em cristalizada e fluida. Esses estudos falam em

    capacidades intelectivas, em habilidades, em dons.

    Para Gardner7, existe uma viso alternativa na concepo de inteligncia, que

    no est baseada em quantificao de QI, mas em uma viso pluralista da mente que

    reconhece muitas facetas diferentes e separadas da cognio e que verifica que as pessoas tm

    foras cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes. Gardner acredita que deve

    6 PIAGET, Jean. A epistemologia gentica. S.P. Abril cultural, 1978.

    7 GARDNER, Howard. Inteligncias mltiplas a teoria na prtica. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1995.

  • 45

    haver um distanciamento total dos testes e das correlaes entre os mesmos e que, ao invs

    disso, deve-se observar as fontes de informaes mais naturalistas a respeito de como as

    pessoas, no mundo todo, desenvolvem capacidades importantes para seu modo de vida, ou

    seja, deve-se observar que uma inteligncia implica a capacidade de resolver problemas ou

    elaborar produtos que so importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. A

    capacidade de resolver problemas permite pessoa abordar uma situao em que um objetivo

    deve ser atingido e localizar a rota adequada para esse objetivo. A criao de um produto

    cultural crucial nessa funo medida que captura e transmite o conhecimento ou expressa

    as opinies ou os sentimentos da pessoa. Os problemas a serem resolvidos variam, indo desde

    teorias cientficas at composies musicais para campanhas polticas de sucesso.

    Sinteticamente, a inteligncia a aptido psicolgica que permite ao homem

    abstrair, captar, entender conceitos, a essncia das coisas que tomamos conscincia.

    Juntamente a essa aptido outras atividades mentais se integram e atuam em conjunto, como

    os mapas conceituais e os mapas mentais.

    3. DEFININDO MAPAS CONCEITUAIS

    Os mapas conceituais so ferramentas pedaggicas para organizar e representar

    conhecimento8. Eles so utilizados como uma linguagem para descrio e comunicao de

    conceitos e seus relacionamentos, e foram originalmente desenvolvidos para o suporte

    Aprendizagem Significativa9.

    Essas ferramentas proporcionam aos seus utilizadores entender os significados

    da aprendizagem. Novak os define como ferramentas educativas que externalizam o

    conhecimento e melhoram o pensamento, tendo como objetivo representar relaes

    significativas entre conceitos na forma de proposies. Ausubel definem conceito como

    objetos, eventos, situaes ou propriedades que possuem atributos de critrios em comum e

    que designam mediante algum signo ou smbolo, tipicamente uma palavra com um

    significado genrico 10. Dois ou mais conceitos unidos por uma palavra de ligao forma a

    proposio. Compreende-se por proposio uma ideia composta expressa verbalmente numa

    8 NOVAK, J. D. (1981). Uma teoria de educao. So Paulo. Pioneira. Traduccin al portugus de M. A.

    Moreira, del original A theory of education. Ithaca, NY, Cornell University Press, 1977. 9 AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D. e HANESIAN, H. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Interamericana,

    1980. 10

    AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D. y HANESIAN, H. (1983). Psicologa educativa : un punto de vista

    cognoscitivo. Mxico, Editorial Trillas. Traduccin al espaol, de Mario Sandoval P., de la segunda edicin de

    Educational psychology : a cognitive view.

  • 46

    sentena, contendo tanto um sentido denotativo quanto um sentido conotativo, as funes

    sintticas e as relaes entre palavras.

    Pode-se dizer que um mapa conceitual um recurso esquemtico para

    representar um conjunto de significados conceituais includos numa estrutura de proposies.

    A construo de um mapa conceitual feita geralmente a partir de uma pergunta de partida.

    Os mapas conceituais como ferramentas pedaggicas esto especialmente aptos a

    demonstrarem as relaes existentes entre conceitos, demonstrando igualmente as relaes

    entre causas e efeitos de determinadas aes e acontecimentos11

    .

    As "ramificaes estruturais" originadas por um mapa conceitual tendem a ser

    mais flexveis e de aparncia mais "conturbada". A sua visualizao tende a ser mais

    complexa e, portanto, o seu contedo mais dificilmente memorizvel do que o contedo de

    um mapa mental. Em compensao, um mapa conceitual permite mais liberdade de

    relacionamento de ideias e a possibilidade de relacionamentos bidirecionais e de ligaes

    cruzadas.

    Inmeras funes podem desempenhar os mapas conceituais. Por exemplo, ser

    utilizados para esclarecer ou descrever as ideias que as pessoas tm sobre um determinado

    assunto. Eles so representaes grficas de conceitos, semelhantes a diagramas, em um

    domnio especfico de conhecimento, construdos de tal forma que os relacionamentos entre

    os conceitos so notveis. Ou seja, eles representam conceitos e suas ligaes

    (relacionamentos) na forma de um mapa, onde os ns so os conceitos e os links entre dois

    ns os relacionamentos entre os conceitos.

    Sinteticamente, mapas conceituais, ou mapas de conceitos, so apenas

    diagramas indicando relaes entre conceitos, ou entre palavras que usamos para representar

    conceitos. So diagramas de significados, de relaes significativas; de hierarquias

    conceituais, se for o caso.

    Figura 1: Exemplo de mapa conceitual desenvolvido por Juliana Nunes explicando o que so

    mapas conceituais.

    11

    NOVAK, J.D. and GOWIN, D.B. (1984). Learning how to learn. Cambridge, Cambridge University Press.

  • 47

  • 48

    4. DEFININDO MAPAS MENTAIS

    Antes de objetivamente conceituar mapas mentais importante que se faam

    algumas colocaes. Normalmente, quando o indivduo exposto a algo novo ele faz uso de

    basicamente duas premissas: comparao com aquilo que j se conhece (abordagem

    estrutural) e, ento, procede de forma a armazenar (memorizao) o novo conhecimento ou

    tentar simplificar o novo contedo de forma a se adequar em outro j pr-existente

    (abordagem redutora). Porm, se o novo conhecimento no obedecer a nenhum padro

    experimentado aps a abordagem estrutural ou redutora, ele geralmente ser desconsiderado

    ou esquecido12

    .

    Dessa forma, a partir do olhar do educador, o aprendizado mais fcil se for

    buscado no aprendiz suas referncias e conhecimentos anteriores, o que torna o novo algo

    naturalmente amoldado. O uso de mapas mentais faz com que a aprendizagem tenha uma

    nova conotao, passando da adquirio isolada de informaes para o estabelecimento de

    relaes entre informaes, ganhando significado cognitivo, lanando o conceito de

    aprendizagem significativa13

    .

    Interessante mencionar nesse momento a ideia de inteligncia para Piaget. Para

    ele, inteligncia seria o processo de adaptao do organismo s novas situaes e, como tal,

    uma implicao da construo contnua de novos esquemas mentais. Como essa proposta diz

    respeito ao mundo exterior, quanto mais complexo e organizado o estmulo oferecido pelo

    meio e, consequentemente, quanto mais complexa e organizada for a sua interao com o

    meio, mais inteligente ser o indivduo14.

    Nesse contexto, majoram-se as concepes iniciais dos alunos, tornando-as

    marco inicial para aprendizagem de novas concepes (concepes acadmicas), ou seja,

    aproveita-se a estrutura cognitiva do alunado, formada pelo conjunto de suas ideias e

    perspectivas, suas experincias e seus paradigmas ligados ao senso comum para propor as

    concepes acadmicas, facilitando a justaposio entre as duas concepes15

    .

    12

    BOVO, V.; HERMANN, W. Mapas Mentais Enriquecendo Inteligncias Edio dos autores, 2005. 13

    MORETTO, V. P. Construtivismo: a produo do conhecimento em aula. Rio de Janeiro: DP&A editora,

    2003. 14

    C, F. A. A aplicao de uma estratgia ldica de ensino-aprendizagem para garantir o

    desenvolvimento simultneo dos pensamentos enxuto e sustentvel na construo civil. 2007. Tese

    (Doutorado em Engenharia Civil) Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal Fluminense, Niteri RJ. 15

    MORETTO, V. P. Construtivismo: a produo do conhecimento em aula. Rio de Janeiro: DP&A editora,

    2003.

  • 49

    A partir dessas consideraes pode-se ento dizer que a habilidade de ensinar

    outras pessoas de maneira eficaz depende do hbito de aprender de forma organizada.

    E como se d essa organizao? A organizao na aprendizagem abrange,

    biologicamente, a integrao de diferentes partes do crebro a favor da absoro do

    conhecimento apresentado. Dessa forma, diferentes tcnicas de auxlio aprendizagem

    passaram a constar do rol de ferramentas pedaggicas de estudo, como: a programao

    neurolingstica (SEYMOUR & OCONNOR, 1995), a sugestologia de Lazanov

    (BELANGUER, 1985), o programa de enriquecimento instrumental de Feuerstein

    (RUBINSTEIN, 2011), a rede semntica (HARTLEY & BARNDEN, 1997) e os mapas

    mentais (BUZAN, 1996). Dessas ferramentas, o Mapa Mental uma das mais simples e de

    fcil aprendizagem.

    Ento, o que um mapa mental?

    A tcnica de construo de mapas mentais foi desenvolvida pelo ingls Tony

    Buzan, em Londres, na ltima dcada de 70, logo aps constatar que os alunos que faziam uso

    de estratgias de trabalho e de anotaes diferenciadas, com cores, desenhos, smbolos e

    ilustraes conseguiam melhores resultados de aprendizagem que os alunos que no usavam

    tais mtodos, ou seja, a explorao dos hemisfrios direito e esquerdo do crebro no processo

    de aprendizagem proporcionava melhor absoro do conhecimento passado pelo educador 16

    .

    Mapa mental ou memograma uma ferramenta pedaggica de organizao de

    ideias por meio de palavras-chave, cores e imagens em uma estrutura que se irradia a partir de

    um centro. Os desenhos de mapas mentais beneficiam o aprendizado e, consequentemente,

    aprimoram a produtividade pessoal. Trata-se de um instrumento de ensino e aprendizagem

    poderoso e que se sobressai no ensino17

    .

    Tal observao de Buzan coincide com o Construtivismo Piagetiano que afirma

    que os seres humanos so capazes de criar conhecimentos tanto mais sofisticados, quanto

    melhor forem as suas interaes com o mundo. Portanto, sair de um estado de menor

    conhecimento a um conhecimento superior, depende da qualidade dessas interaes,

    qualidade essa que por sua vez, depende de estratgias pedaggicas apropriadas e da forma

    como so conduzidas18

    .

    16

    BOVO, V.; HERMANN, W. Mapas Mentais Enriquecendo Inteligncias Edio dos autores, 2005. 17

    BUZAN, T. Saber Pensar - Editorial Presena, Lisboa, 1996.

    18

    C, F. A. A aplicao de uma estratgia ldica de ensino-aprendizagem para garantir o

    desenvolvimento simultneo dos pensamentos enxuto e sustentvel na construo civil. 2007. Tese

    (Doutorado em Engenharia Civil) Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal Fluminense, Niteri RJ.

  • 50

    A construo de um mapa mental, como proposto por Buzan, apoia no

    encadeamento hierarquizado das informaes de maneira no linear com formatao grfica,

    colorida e contendo ilustraes que auxiliam na memorizao e no aprendizado dos contedos

    abordados19.

    Outra definio para mapa mental ou mapa da mente um tipo de diagrama

    sistematizado pelo ingls Tony Buzan, voltado para a gesto de informaes, de

    conhecimento e de capital intelectual; para a compreenso e soluo de problemas; na

    memorizao e aprendizado; na criao de manuais, livros e palestras; como ferramenta de

    brainstorming (tempestade de ideias); e no auxlio da gesto estratgica de uma empresa ou

    negcio.

    Aps essas definies possvel vislumbrar que os mapas mentais so,

    aparentemente, semelhantes aos mapas conceituais. Contudo, os mapas conceituais so

    estruturados com base em relaes entre conceitos, explicitadas por frases de ligao,

    formando proposies, as quais so passveis de anlise lgica.

    5. O CONTEXTO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR

    No atual cenrio da educao superior no Brasil verifica-se um crescimento

    vertical proporcionando desafios e exigncias aos novos tempos e espaos da formao

    docente. Tambm se constata um avano nas concepes polticas da educao superior,

    principalmente com a promulgao da Lei n. 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educao

    (LDB), que favoreceu uma maior flexibilizao do sistema educacional, com a ampliao do

    sistema como um todo.

    A educao atual impe mudanas significativas no modo de se pensar a

    organizao do ensino e da aprendizagem na educao superior, pois esta deixa de ser o ponto

    culminante do percurso de aprendizado ao longo da vida para se tornar uma etapa no processo

    de educao permanente. A experincia educacional, obviamente, deve ser maior e mais

    profunda, valorizando a ampla viso de situaes de aprendizado, especialmente as tarefas

    que envolvem o exerccio da profisso docente, cujo reflexo seja valorizado pela sociedade.

    As instituies de ensino superior assumiram a nova misso no cenrio atual e

    se tornaram verdadeiras redes de conhecimento e pesquisa, sistematizando e dissipando, em

    todas as vias da sociedade, as vantagens do desenvolvimento cientfico e tecnolgico, em

    busca de proposies que acolham s necessidades dos novos tempos e dos novos contextos.

    19

    BUZAN, T. Saber Pensar - Editorial Presena, Lisboa, 1996.

  • 51

    E nessa incitao se apresenta a necessidade de buscar novos referenciais e prticas que

    acatem aos espaos e tempos diferentes, submetidos, tambm, a contextos diferentes.

    Ento, nessa funo importante onde a educao ganhou contornos

    substanciais, como melhorar o processo de ensino-aprendizagem na educao superior como

    forma de viabilizar uma educao de qualidade?

    Muitas so as pesquisas que se desenvolvem nesse sentido. Contudo, salienta-se

    que a prtica correta do professor de ensino superior deve estar calada sobre trs pontos

    principais - o contedo da rea na qual um especialista, sua viso de educao, de mundo e

    de homem e as habilidades e conhecimentos que lhe autorizem uma efetiva ao pedaggica

    em sala de aula, proporcionando uma total interao e influncia recproca entre esses

    diferentes polos.

    Na prtica, o que se observa a existncia de uma defasagem no desempenho

    do docente de ensino superior: o professor se caracteriza como um especialista no seu campo

    de conhecimento, porm no necessariamente domina a rea educacional e pedaggica.

    Entretanto, em sua relao com o aluno, bem como com outros professores e reparties da

    instituio acadmica, ele vive uma situao educacional. Assim, o problema central em

    sala de aula est na opo que o professor faz, seja pelo ensino que ministra ao aluno, seja

    pela aprendizagem que o aluno adquire - perspectivas diferentes que trazem resultados

    tambm diferentes.

    Apesar de aprendizagem e ensino poderem ser indissociveis, as orientaes

    das instituies de ensino podem ser severamente diversificadas dependendo da nfase dada

    num ou noutro polo.

    O ensino baseia-se na resposta arquitetada s exigncias naturais do processo

    de aprendizagem. A partir desta constatao infere-se que a importncia maior est no fato do

    professor acompanhar a aprendizagem do aluno do que se concentrar exorbitantemente no

    assunto a ser ensinado, ou mesmo nas metodologias e tcnicas didticas como tais. O ensino

    tido como resultante de uma relao pessoal do professor com o aluno. O segredo do bom

    ensino o entusiasmo pessoal do professor, que vem do seu amor educao e aos alunos.

    Esse entusiasmo pode e deve ser direcionado, mediante planejamento e metodologia ajustados,

    sobretudo para o estmulo dos alunos pela realizao, por vontade prpria, dos esforos

    intelectuais e morais que a aprendizagem exige. Noutra viso, as instituies de ensino

    necessitam formar seu corpo docente com professores que tenham uma autntica vocao

    para ensinar, e dar-lhes todo apoio e incentivos para que o faam com liberdade

    comportamento e tranquilidade. Para obter resultados expressivos, o processo de ensino

    deveria, alm de respeitar o processo natural de aprendizagem, facilit-lo e increment-lo.

  • 52

    Conforme a teoria de PIAGET, o pensamento a base em que se assenta a

    aprendizagem, a maneira de a inteligncia manifestar-se, e a inteligncia, por sua vez,

    um fenmeno biolgico condicionado pela base neurnica do crebro e do corpo inteiro,

    sujeito ao processo de maturao do organismo. A inteligncia desenvolve uma estrutura e um

    funcionamento e o prprio funcionamento vai modificando a estrutura. Isto , a estrutura no

    fixa e acabada, mas dinmica, um processo de construo contnua. A construo se faz

    mediante a interao do organismo com seu meio ambiente, visando adaptar-se a ele para

    sobreviver e realizar o potencial vital deste organismo20

    .

    O processo de ensino-aprendizagem composto de quatro elementos - o

    professor, o aluno, o contedo e as variveis ambientais (caractersticas da instituio de

    ensino) -, cada um exercendo maior ou menor influncia no processo, dependendo da forma

    pela qual se relacionam num determinado cenrio. Pesquisando-se cada um desses quatro

    elementos, pode-se verificar as principais variveis de influncia do processo ensino-

    aprendizagem: Aluno: capacidade (inteligncia, velocidade de aprendizagem); experincia

    anterior (conhecimentos prvios); disposio e boa vontade; interesse; estrutura

    socioeconmica; sade. Contedo: adequao s dimenses do aluno; significado/valor;

    aplicabilidade prtica. Escola: sistema de crenas dos dirigentes; entendimento da essncia

    do processo educacional; liderana. Professor: dimenso do relacionamento (relao

    professor-aluno); dimenso cognitiva (aspectos intelectuais e tcnico-didticos); atitude do

    educador; capacidade inovadora; comprometimento com o processo de ensino-aprendizagem. O

    entendimento desses quatro elementos e das diferentes interaes entre eles que deve ser o

    cerne do processo de melhoria da qualidade de ensino nas instituies de nvel superior21

    .

    Este contexto gera a necessidade de uma constante reflexo sobre a

    sistematizao do sistema de Ensino Superior brasileiro, a fim de que a sala de aula seja um

    verdadeiro ambiente de recepo de conhecimento que se amolda de acordo com os novos

    cenrios e com as novas demandas da sociedade. E justamente nesse momento que o

    incremento de ferramentas pedaggicas pode proporcionar resultados que fomentaram o ensino e a

    aprendizagem.

    20

    PIAGET, J. O nascimento da inteligncia na criana. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1971 21

    MOREIRA, M.A. Teorias de aprendizagem. So Paulo: EPU; 1999.

  • 53

    6. A UTILIZAO DE MAPAS CONCEITUAIS E MENTAIS NO CENRIO

    EDUCACIONAL

    Os mapas conceituais e mentais proporcionam vantagens reais quando o

    objetivo a ser alcanado a transmisso de conhecimentos prticos com vista memorizao

    de procedimentos. Torna-se muito mais fcil interiorizar uma sequncia de procedimentos

    prticos atravs da anlise de um esquema misto texto/imagem do que atravs da leitura de

    um texto no seu vis convencional.

    Os mapas no se mostram apenas eficazes no ensino e memorizao de

    procedimentos prticos para uma variedade de tarefas mais ou menos complexas. So tambm

    eficazes para a compreenso de matrias complexas que envolvam a memorizao,

    manipulao e relacionamento de conceitos.

    Mais eficaz ainda pode ser o mapa em termos de aprendizagem se for o prprio

    interessado que o cri-lo tendo em considerao o assunto que quer dominar. O processo da

    sua criao uma das melhores formas de estudo porque obriga a por em exerccio as

    capacidades de pesquisa, sntese e de relacionamento entre as partes para alcanar um

    resultado coerente e efetivo. Como forma de aprimoramento e obteno de conhecimento,

    depois de realizado um mapa este pode ainda ser consultado e alterado sempre que for

    necessrio e do interesse do autor.

    Diferentes formas de expresso grfica podem indicar um conjunto maior de

    estratgias mentais envolvidas no processamento cerebral de informaes e conhecimentos,

    sendo essa a principal diferena que faz com que muitas vezes no sejam os alunos mais

    esforados aqueles que conseguem os melhores resultados. Criar um mapa mental pode ser

    um processo provocante e mesmo que seja necessrio dispender um pouco mais de tempo na

    sua elaborao, esse tempo dispendido ser compensado quando se torna necessrio estudar e

    reter as informaes nele contidas22

    .

    Os mapas conceituais e mentais so teis no apenas para se fazer uma

    decoreba, mas para registrar de forma inteligente e que proporcione revises ultra rpidas

    aos assuntos compreendidos em forma de resumos, que sintetizam o entendimento das

    matrias. Nesse sentido:

    As novas formas de educao devem inverter as nfases tradicionais. Ao invs de, em primeiro lugar, ensinar s pessoas fatos sobre outras

    coisas, devemos ensinar-lhes fatos sobre elas prprias fatos sobre a forma como podem aprender, pensar, relembrar, criar, resolver

    problemas, etc.23.

    22

    BOVO, V.; HERMANN, W. Mapas Mentais Enriquecendo Inteligncias Edio dos autores, 2005. 23

    BUZAN, Tony. Saber Pensar - Editorial Presena, Lisboa, 1996.

  • 54

    Em termos prticos, os mapas so ferramentas de planificao e de anotao de

    informaes de forma no linear, ou seja, em forma de teia ou rede. Isto significa que a ideia

    principal normalmente colocada no centro e as ideias associadas so descritas apenas com

    palavras-chave e ilustradas opcionalmente com imagens, cones e cores variadas, algo que se

    mostra perfeitamente possvel e vivel no contexto do ensino superior onde a gama de

    informaes so enormes e o tempo necessrio para o seu processamento relativamente curto.

    Nesse cenrio de transformaes constantes, onde a chamada Sociedade da

    Informao e do Conhecimento ganha espao e notoriedade, pode-se inferir que a necessidade

    de um novo paradigma educativo ganhou novos tempos e desafios. As demandas da

    sociedade, em especial quanto educao, carecem de solues rpidas e eficazes. Embora os

    mapas tenham surgido h algum tempo, o uso pedaggico dos mesmos ainda muito restrito

    e se mostra pertinente atualmente e ser cada vez mais adequado a este novo contexto.

    O modelo emergente construtivista tem se mostrado muito mais adequado para

    liberar o potencial criativo dos estudantes, facilitando a aprendizagem significativa, isto ,

    uma aprendizagem oposta memorstica por recepo mecnica, que predominante ainda

    nos dias de hoje. Essa aprendizagem capacita os alunos para construrem o seu futuro de

    forma criativa e construtiva, sendo mais proativos que reativos. No que se refere ao papel dos

    mapas nesse mbito, o marco terico desenvolvido por Ausubel e por Novak constitui um

    slido apoio para o tratamento dos distintos problemas especficos de uma autntica reforma

    da Educao24

    .

    Do ponto de vista da criatividade e do treinamento do pensamento formal, os

    mapas evidenciam uma srie de melhorias organizacionais que se pode alcanar com a sua

    continua utilizao25

    . Conforme o Professor Virglio Vasconcelos Vilela, dentre estas

    apontam-se o declogo:

    1. Facilitam a memorizao e a lembrana por serem organizados, conter imagens e somente

    ideias essenciais.

    2. Desenvolvem a busca e a percepo de mltiplos aspectos do um assunto ou situao.

    3. Estimulam a viso de uma ideia em um contexto mais amplo, ao invs de isolada,

    proporcionando uma compreenso mais abrangente e equilibrada.

    24

    GONZLEZ, F. M. El Mapa Conceptual y el Diagrama V recursos para la Enseanza Superior en el siglo XXI. Madrid: Narcea; 2008. 25

    VILELA, V. V. Modelos e mtodos para usar mapas mentais: usos detalhados de mapas mentais para seu

    cotidiano, seu aprendizado e suas realizaes. 5 ed. Braslia: edio do autor, 2012.

  • 55

    4. Desenvolvem a objetividade, filtrando ideias que no se encaixam no todo ou que no so

    essenciais.

    5. Desenvolvem a habilidade de organizar conhecimentos, que crtica face quantidade

    deles com que muitas vezes temos que lidar.

    6. Facilitam a aplicao do conhecimento, por serem uma representao mais prxima da que

    utilizada mentalmente.

    7. Fornecem uma estrutura organizada para integrao de novos conhecimentos.

    8. Desenvolvem as habilidades tanto de sntese quanto de anlise, incluindo a estruturao de

    tpicos em categorias.

    9. Desenvolvem a habilidade de pensar por relaes, uma das bases do pensamento sistmico.

    10. Estimulam a liberdade de pensamento e consequentemente a criatividade, porque o

    brainstorm, ou livre fluxo de ideias, parte da cultura dos mapas mentais e previsto pelos

    programas de mapas mentais.

    Uma vez que o contedo esteja formatado em mapas, pode-se rapidamente

    revis-lo e reativar o aprendizado. Se fizer isso de uma forma estruturada, seguindo mtodos

    prprios e enriquecendo-os com as experincias vividas, melhor ainda ser o rendimento.

    Portanto, o contexto educacional do ensino superior muito propcio ao uso de mapas

    conceituais e mentais como ferramentas pedaggicas, o que incrementar o processo de

    reteno de conhecimento.

    7. CONCLUSO

    Dentro das perspectivas dos mapas conceituais e mentais, como meios e

    ferramentas pedaggicas para interpretar e compreender o sitema de ensino-aprendizagem,

    acredita-se ser necessrio um trabalho mais intenso por parte dos rgos responsveis pela

    educao brasileira, principalmente no que tange o ensino superior, onde a relao pessoas

    versus ensino superior prima atualmente muito mais pela quantidade do que pela qualidade.

    Somente conhecendo os interesses e as necessidades dos estudantes, dos

    professores e das instituies que podero ser criadas situaes de ensino e aprendizagem

    que atendero s caractersticas de uma educao de resultado e de qualidade, e que

    garantiro a eficcia do papel desse agente social transformador. O processo de ensino-

    aprendizagem, em especial a adoo de novas ferramentas pedaggicas, pode ser um dos

    caminhos adotados para uma ao pedaggica efetiva que promover transformaes com

    resultados prticos, desde que as medidas implementadas sejam realmente aplicadas e os

  • 56

    resultados obtidos continuamente reavaliados.

    A trade formada no processo de ensino-aprendizagem pelo professor, pelo

    aluno e pela instituio podero conjuntamente trabalhar e buscar melhores resultados na

    reteno do conhecimento, assumindo um papel diferenciador na sociedade e no contexto

    educacional.

    Desta forma, o uso de mapas conceituais e mentais no contexto do ensino

    superior poder proporcionar uma melhor compreenso do todo, uma maior obteno de

    objetivos, uma participao mais efetiva no processo transformador, a capacidade de investigar,

    buscar, analisar e sintetizar as informaes, a possibilidade de classificar e ordenar conceitos, a

    instrumentalidade de estabelecer relaes definindo implicaes de casualidade entre conceitos e

    ideias, a viabilidade de construir conhecimento e de forma efetiva extern-lo.

    O uso de mapas conceituais e mentais no processo de ensino e de aprendizagem

    no cenrio do ensino superior tem como principais objetivos a majorao da capacidade de

    aprender e de reter esse aprendizado, a capacidade de utilizar ferramentas e recursos

    tecnolgicos, a capacidade de investigar e buscar informaes, a capacidade de construir

    conhecimento e principalmente, a capacidade de aprender.

    Os mapas conceituais e mentais como ferramentas metacognitivas utilizadas

    nessa reflexo de ensino e aprendizagem mostram-se formas promissoras no contexto da

    sociedade da informao e do conhecimento. Somando-se ao fato de que o ensino superior

    quase no adota ou realiza a sistematizao do uso dessas ferramentas pedaggicas e a da

    aplicao mais efusiva da apendizagem significativa, pode-se inferir que a recepo e

    utilizao dessas metodologias pela instituio representaro um avano considervel no atual

    sistema de ensino.

    Ser atravs dos mapas conceituais e mentais que se construir o inventrio do

    conhecimento. Positivamente, a adoo dessas metodologias ir proporcionar uma melhor

    compreenso do sistema de ensino e aprendizagem do contexto educional superior atual,

    podendo assim todos os envolvidos atuarem mais ativamente como agentes transformadores e

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  • 57

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