obras de arte da engenharia civil -...
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Relatório Projecto FEUP 10/11
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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Relatório Final do Projecto FEUP
Obras de Arte
da Engenharia
Civil Problema: A Segurança
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Autoria
Identificação dos Autores:
Campos, Eduardo, and João Castro, and Rogério Silva, and Rui Pires.
Estudantes do Curso de Engenharia Civil na FEUP – 1ª ano.
Grupo 223
Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular “Projecto Feup” e com apoio
de:
Supervisor: Eng.ª Ana Vaz Sá
Orientador: Miguel Fernandes
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Resumo
O relatório a apresentar aborda o tema da Segurança nas grandes Obras
de Arte da Engenharia Civil. As principais Obras de Arte da Engenharia Civil são
as Pontes, os Viadutos e os Túneis e, como tal, no presente trabalho, depois de
responder de uma forma geral às normas a adoptar numa construção deste tipo
decidimos esmiuçar estes subtemas.
São também abordados alguns subtemas como os principais perigos
nestas construções e responsabilidade de garantia de segurança para que estes
perigos não se tornem numa realidade nefasta. É também realizada uma
análise à competência que as entidades têm de ter, tal como a formação dos
seus agentes e, por último, realiza-se uma enumeração de diversas medidas
preventivas de segurança para as grandes obras.
Palavras-chave: Pontes, Viadutos, Túneis, segurança, grandes obras da
engenharia.
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Agradecimentos
Na realização deste trabalho existiram algumas dificuldades que só
foram transpostas graças a algumas pessoas e instituições que nos apoiaram
no decorrer do trabalho.
Assim sendo queríamos agradecer desde já há FEUP, por nos
proporcionar esta oportunidade de trabalhar em grupo, e como consequência
disto conhecer novas pessoas, queríamos agradecer também ao CICA por
disponibilizar os meios necessários para a realização do trabalho, ao monitor
Miguel Fernandes que nos ajudou em toda a realização do projecto dando-nos
ideias, corrigindo alguns erros que cometíamos e mostrando-se sempre
disponível quando necessário para nos tirar dúvidas, á Engenheira Ana Vaz Sá
por nos ajudar com a apresentação e com todo o projecto, e a todos os outros
que contribuíram para que fosse possível a sua realização.
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Índice
Resumo……………………………………………………………………………………………………3
Palavras-chave……………………………………………………………………………………….…3
Agradecimentos…………………………………………………………………………………….….4
Índice………………………………………………………………………………………………….…..5
Lista de tabelas e imagens…………………………………………………………………………6
Introdução……………………………………………………………………………………………....7
Objectivos:
- Principais perigos na Construção das Obras de Arte…………………………….….….8
- Papel dos diferentes agentes responsáveis pela segurança……………..………....9
Acidentes de trabalho na construção civil………………………..……..11
Sinalização……………………………………………………………………..……12
- Formação necessária dos agentes responsáveis……………..………………….…….13
- Principais medidas preventivas para a garantia da segurança……………………14
O Caso das Pontes ………………………………………….…………………………………..…16
O Caso dos Viadutos…………………………………………………………………..………..…19
O Caso dos túneis……………………………………………………………………………………21
Conclusão………….……………………………………………………………………………..……22
Bibliografia…………………………………………………………………………………………..…23
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Lista de tabelas e imagens:
Tabela 1: Acidentes de trabalhos mortais e não mortais
Imagens:
1. Sinalização de proibição;
2. Sinalização de aviso;
3. Sinalização de obrigação;
4. Sinalização de salvamento ou emergência;
5. Sinalização de material de combate de incêndio;
6. Ponte Great Belt, ponte com cerca de 1600m surgiu para colmatar a
falta de uma ligação entre a Dinamarca continental com duas das
suas mais importantes ilhas;
7. Ponte Hintze Ribeiro, depois da queda do tabuleiro que vitimou cerca
de 6 dezenas de pessoas;
8. Ponte da Arrábida que liga Gaia e Porto;
9. Queda de viaduto no ip4;
10. Cimbre;
11. Foto de túnel captada na estação de São Bento.
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Introdução
As pontes, os túneis, os viadutos são aquelas que principalmente se podem
definir como “Obra de Arte” em Engenharia Civil. Quando se trata de execução
de elementos com esta envergadura, estão subjacentes perigos e o elevado
nível de responsabilidade na garantia da segurança na sua concepção,
construção e utilização.
O Problema ao qual o presente relatório se prende é, essencialmente, A
Segurança nas grandes construções e empreitadas. Com o objectivo de poder
chegar a determinadas conclusões sobre esta temática será de interesse aferir
os perigos envolvidos e riscos associados, identificar o papel dos diversos
agentes responsáveis, analisar qual a formação necessária dos mesmos e as
principais medidas correctivas a adoptar.
Numa primeira fase teremos a informação da generalidade das normas de
segurança a cumprir em qualquer tipo de grande obra, para numa fase
seguinte do trabalho nos acercarmos de exemplos em particular: O caso das
Pontes, dos Viadutos e dos Túneis.
Para complementar o trabalho há referências neste documento de algum
trabalho de campo: nomeadamente existem fotografias captadas recentemente
pelos diversos elementos do grupo e com descrições apropriadas.
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Principais perigos na Construção das
Obras de Arte
A Obra de Arte assume-se como um espaço que pode comportar muitos
e variados riscos. Cabe ao dono da obra, por definir todos os intervenientes
(humanos, materiais utilizados, calendário de trabalho), designando
competências e tendo sempre em conta as regras básicas de segurança como
factores essenciais para o bom funcionamento da obra. Deve, por isso, garantir
o controlo dos perigos e, consequentemente criar as condições para a adopção
de medidas minimizadoras de risco e incidentes.
Em qualquer tipo de obra existem vários perigos a ter se em conta.
Quando se tratam de obras muito complexas e de grande dimensão, tais como
pontes, viadutos e túneis, então é necessário ter ainda mais cuidado na
definição de processos e procedimentos. Este tipo de infra-estruturas requer
além das especificações convencionais análises de outras componentes
especificas, tais como: Tipo de solo, situação climatérica, materiais em uso,
localização geográfica da obra, validade do material, estado dos operários,
competências, comunicação, aspectos legislativos, etc.
Alguns dos perigos que podemos encontrar na construção destas obras são:
quedas, soterramento de terras, cortes, entorses e outras lesões devidas ao
manuseamento de ferramentas, atropelamento na via pública e/ou fora dela
(equipamentos móveis), pó, projecção de materiais, choques eléctricos,
dermatoses, entre outros.
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Papel dos diferentes agentes responsáveis
pela segurança
Em tudo o que fazemos no dia-a-dia a segurança é sempre um factor a
ter em conta. É necessário que antes de partirmos para a realização de, por
exemplo, uma obra de arte, uma experiência científica, etc, vejamos quais os
perigos que podem ocorrer durante a construção da mesma e quais os riscos
que lhes são inerentes, de forma a prevenir a sua ocorrência. Esta atitude
preventiva pode revelar-se extremamente eficaz se for correctamente aplicada,
difundida e amplamente divulgada por todos os intervenientes de forma
conscienciosa e expositiva dos correctos procedimentos. A importância de
analisar tudo o que pode ocorrer numa obra é enorme pois o mais pequeno
erro pode ter consequências muito graves, “Por vezes quando reflicto sobre as
tremendas consequências que resultam das pequenas coisas, fico tentado a
pensar que não há pequenas coisas” (Bruce Barton).
O sector da construção é dos que revela maior mortalidade e maior
número de acidentes de trabalho. Algumas destas mortes podiam certamente
ser evitadas se houvesse um conhecimento prévio, se fosse feita uma análise
detalhada da obra antes da sua execução. Com esta análise seria possível
identificar perigos e podíamos assim fazer uma avaliação dos riscos presentes e
actuar eficaz e preventivamente. Uma avaliação de risco consiste em avaliar o
perigo existente e qual ou quais os riscos para a saúde e segurança dos
trabalhadores no trabalho que lhe estão associados, decorrente das
circunstâncias em que o perigo ocorre no local de trabalho. Esta avaliação de
perigo surge como uma medida importante de segurança, pois ela visa avaliar
tudo o que poderá ser causador de danos ou provocar incidentes, se é ou não
possível eliminar os riscos, e no caso necessário adoptar medidas preventivas.
Esta avaliação deve ser feita por uma equipa com responsáveis de diversas
áreas e representantes que depois devem ser confrontados com as conclusões
desta apreciação e informados das medidas a adoptar. Estes membros têm um
papel muito importante, vão ser eles os responsáveis pela coordenação e pela
aplicação das medidas de segurança nas grandes Obras de Arte.
Depois de avaliada a situação, devem-se estabelecer prioridades para as
medidas de prevenção a tomar, para que assim exista uma ordem de correcção
e prevenção dos riscos. É essencial que os agentes que efectuam estes registos
tenham consciência do que sabem fazer pois é muito importante que cada um
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conheça as suas funções, porque se não podem por em risco a sua vida e a
vida de terceiros. Os dados que são analisados devem ser periodicamente
registados com a colaboração de todos, para assim existir uma real percepção
dos perigos que estão presentes e de outros que possam vir a ocorrer. Devem
ser analisados todos os incidentes, porque assim podemos extrair informação
valiosa para a investigação e definir medidas preventivas. Desta forma é
possível melhorar algumas medidas, contribuindo para a evolução ou mesmo
descoberta de novas técnicas.
Conforme foi referido existem diversos intervenientes responsáveis pela
segurança. Sobressaem-se entre eles os trabalhadores que devem estar sempre
representados na avaliação de riscos, pois a sua experiência, a sua exposição
aos riscos e o facto de estarem a lidar com a própria obra permite identificar
melhor os perigos existentes; o empreiteiro/responsável pelos trabalhadores
que tem a obrigação de assegurar a segurança e higiene dos trabalhadores
adoptando medidas eficazes; a equipa de projectistas que pode possuir
informações para identificar problemas dado que é um dos que conhece o
projecto na sua globalidade; o director da obra porque é também conhecedor
de todo o projecto o que permite melhor identificar onde podem surgir os
vários problemas sobretudo se este já possuir um elevado grau de experiência;
o dono de obra que deve garantir que são adoptados procedimentos e nomear
responsável pela segurança; a equipa de fiscalização que deve avaliar e
controlar a implementação das medidas definidas no Caderno de Encargos e na
legislação; responsável de segurança que garante a formação do pessoal,
promove simulacros, elabora planos de actuação e assegura que a estrutura e
os equipamentos sejam mantidos em bom estado: entidade inspectora que será
responsável pelo cumprimento de normas e requisitos; firmas credenciadas que
realizam inspecções de modo a identificar alguns perigos que coloquem em
risco a saúde de todos os trabalhadores, verificando assim se é possível
continuar a trabalhar em segurança; o estado e as instituições que tem a
obrigação de criar as condições objectivas para cumprimento das empresas,
entusiasmando, auxiliando, criando condições de implementação e apontando
os caminhos certos a seguir. Podemos ver alguns exemplos como a autoridade
responsável pela segurança nos túneis (EP) que tem de garantir o cumprimento
de todos os aspectos de segurança nos túneis bem como a execução de
inspecções e ensaios regulares, implementar programas de gestão e operação,
definir medidas de redução de risco e os procedimentos a adoptar; Gestor de
túnel responsável pela gestão e funcionamento do túnel, pela nomeação do
agente de segurança e pela elaboração de relatórios de acidentes.
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Acidentes de trabalho na construção civil.
No entanto apesar de existirem muitas entidades responsáveis por
manter as condições de segurança existem inúmeros acidentes, como podemos
ver na tabela 1, o número de vítimas mortais na construção é o mais elevado,
cerca de 78, segundo os dados do inquérito realizado em 2008 pelo GEP
(gabinete de estratégia e planeamento) do ministério do trabalho e da
solidariedade social.
Tabela nº1 – acidentes de trabalho mortais e não mortais
O sector da construção em Portugal, representa cerca de 20% da
totalidade dos acidentes de trabalho e cerca de 34% quando se trata de
acidentes mortais. Como é possível observar pela tabela, o sector da construção
civil é o segundo com maior número de acidentes totais (47024) depois das
indústrias transformadoras (76184). Apesar de não ser o sector com maior
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número de acidentes, o sector da construção consegue ser o que tem maior
número de acidentes mortais, cerca de 78 no total de 231. Podemos concluir
que o sector da construção é o mais mortífero, apesar de não ser o que tem
maior número de acidentes, é o que tem um maior número de mortes, só o
sector da construção detém cerca de 34% do total de vítimas mortais de todos
os sectores.
Sinalização nas obras
É importante também ter sempre em conta a sinalização de segurança
correcta na obra pois assim temos uma melhor percepção dos perigos
existentes (sinalização de perigo, preventiva, informativa, etc.), do material que
temos de usar (sinalização de obrigação), das saídas de emergência que devem
estar sempre muito bem identificadas (sinalização de salvamento e emergência)
e sinais relativos a material em caso de incêndio. Esta sinalização está disposta
na Portaria nº 1456-A/95 de 11 de Dezembro.
Alguns exemplos:
3.
1.
2.
4. 5.
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Formação Necessária dos agentes
Responsáveis pela Segurança
Nos últimos anos houve um grande acréscimo da consciencialização da
segurança na construção e também nas Grandes Obras. Isto deve-se em
grande parte aos graves acidentes que ocorrem quando um estudo prévio não
é devidamente elaborado ou é mal executado. O colapso de uma importante
ponte com vários mortos ( a ponte de Entre-os-Rios) e um viaduto (no IP4) nos
últimos anos, confirmaram esta preocupação geral com a segurança nas Obras
de Arte e forçaram as autoridades nacionais a fiscalizar mais as construções em
questão. Como tal é necessário haver alguém que se responsabilize para que
tudo ocorra bem.
As garantias terão de ser dadas por alguém que tenha profundo
conhecimento na Avaliação da Segurança Estrutural. Um profissional talhado
para o cargo será um engenheiro Civil na especialidade de estruturas.
Este tem de jogar com uma série de factores para que a construção seja
sólida e adaptada à realidade ou ao local onde esta é implementada. Tem de
possuir conhecimento sob a actividade sísmica local; saber o tipo de
propriedades de betão armado que mais se adequam a um dado caso; ter em
atenção a humidade e permeabilidade dos materiais. Em suma, possuir
conhecimentos efectivos das estruturas em si, o que implica uma formação a
nível da Engenharia Civil.
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Principais medidas preventivas para a
garantia da segurança
A segurança na realização de uma “Obra de Arte” é um requisito que
tem que ser considerado em todas as componentes da obra, desde a
planificação à execução da obra. Um projecto é considerado seguro quando
toda a planificação da sua obra foi devidamente seguida do ponto de vista da
prevenção.
O sector da construção é o que apresenta resultados mais graves em
termos de acidentes de trabalho. Este sector é responsável por mais de 45%
dos acidentes de trabalho mortais entre os anos 2003 e 2006, e esta realidade
tem sido consistente ao longo do tempo. Com estes resultados, verifica-se a
necessidade da aplicação de melhores práticas e planificações em todas as
obras de construção civil onde estejam presentes riscos para trabalhadores ou
terceiros.
Medidas de prevenção na execução de uma obra:
-Identificar e avaliar os possíveis perigos e riscos que poderão ocorrer durante
a realização da obra e também que poderão comprometer a execução da obra
ou mesmo a vida dos trabalhadores;
-Combater os riscos na origem e não deixar que estes se desenvolvam porque
em princípio será mais fácil resolve-lo e a menor custo evitando que este se
exponencie em custos e efeitos, o que é muito importante para a realização de
qualquer obra;
-Dar prioridade às medidas de prevenção colectiva em relação às medidas de
protecção individual;
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-Implementar planos de execução de tarefas;
-Formação e informação aos trabalhadores;
-Planificar a prevenção com um sistema coerente que integre a técnica, a
organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações sociais e a
influência dos factores ambientais no trabalho;
-Dar instruções adequadas aos trabalhadores;
-Garantir as condições de conformidade e segurança dos equipamentos e meios
utilizados;
-Definir zonas de acção restrita, operação de máquinas;~
-Organização dos espaços e dos resíduos;
-entre outros.
Na implantação de uma obra é preciso, então, que a sua planificação
seja completa, sem falhas e sem riscos desnecessários. Assim sendo, por
exemplo com a entrada e saída de materiais, é necessário a avaliação dos
espaços, a protecção destes, a criação de zonas de apoio e a manipulação de
cargas e descargas, dar as instruções adequadas aos trabalhadores para a
descarga do determinado material, implementar planos de execução de tarefa
para que exista um melhor aproveitamento do tempo e seja tudo feito de uma
maneira ordeira. Com tudo isto, pode-se dizer que os acessos à obra e a sua
sinalização são imprescindíveis.
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O caso das Pontes
As Pontes são implementadas nos mais recônditos lugares do planeta, de
forma a puder facilitar os meios de comunicação entre plataformas que se
encontram separadas por mar, rio, ou zonas intransitáveis, que, de outra
maneira, seria de todo impossível estabelecer um contacto terrestre entre as
mesmas. Por a construção de pontes ser muitas das vezes feitas em lugares tão
inóspitos ou com barreiras geológicas enormes, estas chegam a ter ás vezes
centenas de metros de altura ou milhares de metros de extensão. Daqui
surgem autênticas Obras de Arte da Engenharia Civil. As barreiras mais usuais a
ultrapassar são a fluvial, a marítima, ou mesmo a passagem em vales fundos e
bem escavados.
6. Ponte Great Belt, ponte com cerca de 1600m surgiu para colmatar a falta de uma ligação entre a Dinamarca continental com duas das suas mais importantes ilhas.
O nível de responsabilidade na construção de uma ponte é elevado, e é
necessário garantir que todas as normas são cumpridas inequivocamente, de
forma a evitar grandes desastres. Não só a eficiência da construção tem de ser
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máxima como a monitorização tem de ser constante. Desta forma é necessário
controlar a evolução de diversos factores, sejam patológicos, ambientais ou
antropogénicos, que podem estar na origem de deterioração destas estruturas.
A corrente de um rio, com a deslocação de sedimentos pode descalçar as
sapatas ou expor em demasia os pilares; os próprios pilares podem ficar
erodidos pela passagem de águas a larga escala e com altos caudais; mas
também toda a dinâmica de tráfego rodoviário numa ponte pode influenciar o
modo como esta evolui, pelas vibrações e cargas que transmite às estruturas.
Nestes grandes empreendimentos tudo tem de ser avaliado ao milímetro.
Têm que existir cálculos precisos e métodos rigorosos que permitam garantir a
construção com o máximo de segurança e o mínimo de risco possível.
Várias podem ser as causas para o acontecimento de tragédias neste
tipo de construções. Um dos casos mais emblemáticos em Portugal ocorreu na
Ponte Hintze Ribeiro em Entre-os-Rios. A queda do tabuleiro deveu-se à
extracção de areia no local que provocou uma alteração nas correntes do rio e
consequentemente que os pilares ficassem mais vulneráveis perante a acção de
erosão das águas.
7. Ponte Hintze Ribeiro, depois da queda do tabuleiro que vitimou cerca de 6 dezenas de pessoas.
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Ponte da arrábida
A ponte da Arrábida é uma das obras de arte mais carismáticas, e
quando se quer conciliar obra de arte com segurança estamos a falar do mais
indicado, pois esta ponte, projectada pelo Engenheiro Edgar Cardoso em 1963,
tornou-se numa obra mediática por todo o Mundo, dado que era considerada
por muitos especialistas impossível a sua construção. No dia da conclusão do
arco, o dia em que estava previsto ser montado o ultimo bloco para terminar o
arco, estavam lá personalidades de todo o mundo na perspectiva de ver a
ponte desmoronar-se ou admirar a sua estrutura oval com apenas dois apoios
terminais em ambas as margens
“A perfeição técnica de uma obra de Engenharia tem sempre reflexo na
sua qualidade estética. A simplicidade e a justeza com que foi concebida
comandam o grau de emoção que desperta naqueles que a contemplam.”,
estas palavras de Edgar Cardoso mostram ao que o engenheiro se sujeitava a
pôr em pratica o que para muitos seria impossível.
Desta forma esta grandiosa obra de arte merece um destaque neste
trabalho, visto ser um marco da Engenharia, mantendo-se em perfeito estado e
servindo as cidades de Porto e Vila Nova de Gaia contra as espectativas de
muitos, ou seja, conseguir fazer o “quase impossível” com o máxima segurança.
O comprimento total da plataforma é de 615m, tem uma largura de
27m. O seu vão de 270 m, e 52 m de flecha, arco esse constituído por duas
costelas ocas paralelas.
8. Ponte da Arrábida que liga Gaia e Porto
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O caso dos Viadutos
Os viadutos são estruturas predominantemente construídas sobre um
vale seco, uma pequena linha de água, infra-estruturas rodo e ferroviárias,
mantendo a continuidade da via de comunicação. Têm como principal objectivo
garantir a fluidez do trânsito em algumas zonas mais congestionadas.
Nas grandes cidades é muito frequente encontrarem-se estas obras de
arte, onde o trânsito é muito intenso, como, por exemplo, em acesso às
cidades, nas avenidas e nas auto-estradas.
Por vezes na construção de viadutos podem acontecer diversas
catástrofes, como a que se sucedeu a 10 de Março de 2010. Neste dia uma
parte do viaduto que está a ser construído sobre o ip4 desabou.
9. Queda de viaduto no ip4
Segundo algumas fontes, o abatimento deste troço ocorreu quando os operários estavam a encher o tabuleiro com betão. Esta queda originou um morto e oito feridos ligeiros.
Estas são algumas das consequências que podem ocorrer caso não se faça uma avaliação dos perigos da construção.
Houve também um viaduto que caiu na construção da A15. Segundo um trabalhador “não houve compactação dos materiais usados na fundação das cofragens do tabuleiro”, afirma ainda que “Nunca vi um cilindro em cima da
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fundação do cimbre (parte metálica provisória de suporte do tabuleiro do viaduto) ou uma máquina a calcar o terreno, em cima da brita e das vigas de madeira colocadas”. Este trabalhador também nunca foi informado das normas de segurança que devia seguir.
10. Cimbre
Mais tarde veio-se a concluir que o abatimento foi provocado por assentamentos diferenciais na montagem das estruturas da parte metálica provisória de suporte do tabuleiro (cimbre), que apresentavam desníveis em relação ao solo. Foram também detectados problemas relacionados com a “ausência de cuidados de compactação” de materiais nesta fase, nomeadamente betão e areia, desnivelamento das cofragens e o uso de vigas de madeira “apodrecidas”, o que, associado à carga de betonagem e à existência de níveis de água no subsolo, levou ao colapso.
Como podemos ver novamente é muito importante verificar os materiais, os procedimentos e cumprir todas as medidas de segurança.
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O caso dos Túneis
Os Túneis são passagens subterrâneas que facilitam a ligação entre dois
pontos. Como os túneis são na maioria rodoviários ou ferroviários, a segurança
é muito importante, porque se na construção de um túnel não houver máxima
segurança e o mínimo de riscos possível, qualquer acidente que ocorra terá
consequências desastrosas. A utilização futura, requer planeamento de
segurança crasso.
Mas com o avançar do tempo e com a evolução da tecnologia, nos dias
de hoje os túneis estão cada vez com mais segurança, mais iluminados, com
um design muito melhor, com melhor sinalização, com melhores plantas de
emergência e estas têm de estar bem visíveis, implantar alarmes automáticos
de incêndio, ter sistemas de ventilação, são feitos estudos geológicos e
geotécnicos para avaliar o perigo de soterramento na sua construção e o tipo
de materiais constituintes do solo, a sua forma de concepção, geralmente
rectilínea, facilita a circulação dos veículos e a drenagem está cada vez melhor
evitando inundações, podendo assim ser consideradas verdadeiras Obras de
Arte. Ainda assim, bastantes túneis rodoviários, que foram na maioria
construídos anos atrás, encontram-se obsoletos e, para as necessidades actuais
com desajustes, más condições de conservação, mal iluminados e apenas com
duas fachas, uma para cada lado, uma ao lado da outra, onde os carros
mobilizam-se muito próximos uns dos outros, o que se torna perigoso.
11. Foto de túnel captada na estação de São Bento
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Conclusão
O desenvolvimento do trabalho permitiu retirar uma série de elações
acerca da segurança, dos meios necessários, envolvência e preocupações
latentes numa Obra de Arte da Engenharia Civil, que para muitos não são
conhecidas de forma muito profunda.
Em primeiro lugar, podemos afirmar que a Engenharia não dá margem a
que possam ocorrer erros e que tudo tem que ser revisto ao mais ínfimo
detalhe para que nada falhe. As consequências de um estudo descuidado pode
causar danos graves nas estruturas o que pode levar a muitas mortes, dado as
grandes proporções destas obras. Os responsáveis pela garantia da segurança
têm por isso um papel importantíssimo e de alta responsabilidade nestas
grandes obras é deles que depende a vida de todos os utentes que vão passar
a usufruir delas.
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Bibliografia
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Ordem dos arquitectos do norte. Seminário, a emergência: O papel da
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Legislação consultada:
Decreto-lei 50/2005 de 25 de Fevereiro;
Decreto-lei 102/2009 10 de Setembro portaria nº1456 A/1995 de 11 de
Dezembro;
Portaria nº 1456A/1995 de 11 de Dezembro.