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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES” Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Enfermagem Organização do Serviço de Enfermagem MÓDULO I Tatuí 2017

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”

Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Enfermagem

Organização do Serviço de Enfermagem

MÓDULO I

Tatuí

2017

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Sumário 1 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM ................................................................................................................................... 3

1.1 Enfermagem Moderna .............................................................................................................................................. 3 1.2 O Período Florence Nightingale ............................................................................................................................... 4

2 A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL ........................................................................................................ 5 2.1 Período colonial ....................................................................................................................................................... 5 2.3 A História de Ana Neri ............................................................................................................................................ 6

3. A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM NO BRASIL NO SÉCULO XIX ....................................... 6 3.1 Cruz Vermelha Brasileira ......................................................................................................................................... 7 3.2 Saúde Pública .......................................................................................................................................................... 7 3.3 Primeiras Escolas de Enfermagem no Brasil ........................................................................................................... 7 3.4 O Nascimento da Enfermagem Científica ................................................................................................................ 8 3.5 O Nascimento do Hospital ........................................................................................................................................ 9

4 HOSPITAL NA ATUALIDADE ................................................................................................................................. 10 4.1 Definição ................................................................................................................................................................ 10 4.2 Funções do hospital ................................................................................................................................................ 10 4.3 Organização ............................................................................................................................................................ 10

5 RELAÇÕES HUMANAS NO HOSPITAL ............................................................................................................... 11 5.1 Doente e seu universo ........................................................................................................................................... 11 5.2 A Morte ................................................................................................................................................................. 11 5.3 A situação concreta do doente hospitalizado ...................................................................................................... 12 5.4 O mundo hospitalar .............................................................................................................................................. 12 5.5 As necessidades do doente .................................................................................................................................... 12 5.6 A doença como uma experiência humana ........................................................................................................... 12 5.7 Ansiedade............................................................................................................................................................... 12 5.8 Estágios na adaptação da doença ........................................................................................................................ 13 5.9 Atitudes em relação à morte e ao morrer ........................................................................................................... 14 5.10 A família como paciente ..................................................................................................................................... 14

6 VISÃO ABRANGENTE DA ÁREA DA SAÚDE E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE................................. 15 7 GESTÃO EM SAÚDE .................................................................................................................................................. 17

7.1 Definições ............................................................................................................................................................... 17 7.2 Teorias da Administração ....................................................................................................................................... 17

7.2.1 – Teoria Científica – Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915) ...................................................................... 18 7.2.2 – Teoria Clássica – Henri Fayol (1841 – 1925) ............................................................................................... 18 7.2.3 – Teoria das Relações Humanas – Georges Elton Mayo (1880 – 1949) .......................................................... 18 7.2.4 – Teorias Modernas de Administração ............................................................................................................ 18

8 VISÃO HOLÍSTICA DA ENFERMAGEM NO CUIDADO AO PACIENTE ............................................................. 18 9 VISÃO ORGANIZACIONAL VOLTADA PARA O SÉCULO XXI .......................................................................... 19

9.1 Gerenciamento Baseado na Competência ............................................................................................................... 19 9.2 Competências Gerais dos profissionais de Nível Técnico da Área de Saúde: ........................................................ 19

10. PERFIL PROFISSIONAL .......................................................................................................................................... 21 10.1 Perfil do Enfermeiro ............................................................................................................................................. 21 10.2 Perfil de Conclusão do Técnico de Enfermagem .................................................................................................. 21

11 O SERVIÇO DE ENFERMAGEM ............................................................................................................................. 22 11.1 Atuação ................................................................................................................................................................. 22 11.2 Visão ..................................................................................................................................................................... 22 11.3 Missão ................................................................................................................................................................... 22 11.4 Organização .......................................................................................................................................................... 22

12. REGIMENTO INTERNO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM ............................................................................... 22 12.1 Definição............................................................................................................................................................... 22 12.2 Composição .......................................................................................................................................................... 22 12.3 Organograma ....................................................................................................................................................... 23 12.4 Sistema de Comunicação ...................................................................................................................................... 23 12.5 Sistema de Controle ............................................................................................................................................. 23

12.5.1 Medicamentos ................................................................................................................................................ 23 12.5.2 Material de Consumo ..................................................................................................................................... 23 12.5.3 Material permanente e equipamento .............................................................................................................. 23 12.5.5 Funcionários .................................................................................................................................................. 24

13. MANUAL DE ENFERMAGEM ................................................................................................................................ 24 13.1 Normas, Rotinas e Técnicas dos Serviços de Enfermagem .................................................................................. 24

14. A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS NA ENFERMAGEM ......................................................... 27 14.1 A administração de Recursos Materiais ................................................................................................................ 27 14.2 A importância, a finalidade e os objetivos da administração de materiais nas instituições de saúde.................... 27 14.3 A importância da administração de recursos materiais para a enfermagem ......................................................... 28 14.4 Os materiais a serem gerenciados pelo enfermeiro ............................................................................................... 29 14.5 A administração dos recursos materiais nas unidades de enfermagem ................................................................. 30

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14.6 A provisão dos materiais nas unidades de enfermagem ........................................................................................ 30 14.7 A organização dos materiais nas unidades de enfermagem .................................................................................. 31 14.8 O controle dos materiais nas unidades de enfermagem ........................................................................................ 31 14.9 O processo de compra dos materiais utilizados nas unidades de enfermagem ..................................................... 32 14.10 Manutenção do serviço de enfermagem atualizado a respeito dos novos materiais ........................................... 32

15. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - SAE ................................................................... 33 15.1 Registro de Enfermagem ...................................................................................................................................... 33 15.2 Evolução X Anotação ........................................................................................................................................... 34 15.3 Resumo do registro em prontuário ........................................................................................................................ 35

16 A ESSÊNCIA DA LIDERANÇA ................................................................................................................................ 35 16.1 Definições ............................................................................................................................................................. 35 16.2 O MODELO ......................................................................................................................................................... 36

16.2.1 Modelo de liderança ....................................................................................................................................... 36 16.3 AMOR .................................................................................................................................................................. 36

16.3.1 Amor paciência .............................................................................................................................................. 37 16.3.2 Amor bondade ............................................................................................................................................... 37 16.3.3 Amor Humildade ........................................................................................................................................... 37 16.3.4 Amor Respeito ............................................................................................................................................... 37 16.3.5 Amor Abnegação ........................................................................................................................................... 37 16.3.6 Amor Perdão .................................................................................................................................................. 37 16.3.7 Amor Honestidade ......................................................................................................................................... 37 16.3.8 Amor Compromisso ....................................................................................................................................... 37

16.4 AMBIENTE .......................................................................................................................................................... 38 16.5 A ESCOLHA ........................................................................................................................................................ 38 16.6 A RECOMPENSA ................................................................................................................................................ 39 16.7 A ALEGRIA ......................................................................................................................................................... 39

17 AUTOCONCEITO ..................................................................................................................................................... 39 17.1 Componentes do autoconceito .............................................................................................................................. 39 17.2 Estresses que afetam o autoconceito .................................................................................................................... 40

18. INTELIGÊNCIAS ...................................................................................................................................................... 41 18.1 A Inteligência Emocional ................................................................................................................................... 41 18.2 A ideia das Inteligência Múltiplas ..................................................................................................................... 42

19. A COMUNICAÇÃO HUMANA ............................................................................................................................... 44 19.1 Definição............................................................................................................................................................... 44 19.2 Fatores que influenciam a comunicação .............................................................................................................. 44 19.3 Métodos de comunicação ..................................................................................................................................... 45 19.4 Técnica de Comunicação Terapêutica ................................................................................................................. 49 19.5 Modos de comunicação ....................................................................................................................................... 50 19.6 Comunicação não terapêutica .............................................................................................................................. 51 19.7 Comunicação Terapêutica .................................................................................................................................... 51

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................ 53

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3

1 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

A história da enfermagem deve despertar no

profissional o conhecimento de suas origens e evolução,

maior compreensão dos deveres que lhe impõe e mais

entusiasmo pelo ideal.

A enfermagem é uma profissão que foi

desenvolvida através dos séculos, com estreita relação

com a história da civilização, entretanto, o ritmo do

progresso na medicina nem sempre correspondeu ao

progresso da enfermagem.

Nos tempos antigos A.C., não há grande documentação referente diretamente à

enfermagem, mas podemos imaginar a mãe como primeira enfermeira da família.

Entretanto, a convicção de que as doenças eram um castigo de Deus, ou efeitos do poder

diabólico exercido sobre os homens, levou os povos primitivos a recorrer a seus sacerdotes,

feiticeiros, acumulando estes as funções de médico, farmacêutico e enfermeiro.

Com o Edito de Milão, por volta do Século III D.C., o Imperador romano Constantino tornou

o Cristianismo religião oficial no império. Essa liberdade favoreceu a Igreja Cristã nascente na

fundação de hospitais e, deste modo, a enfermagem começou a aparecer sendo exercida por

pessoas de espírito cristão, mas, ainda sem base científica.

Desta maneira os hospitais existentes possuíam “funcionários” que na verdade eram mais

escravos que profissionais por opção.

A decadência da moral e do espírito de solidariedade influenciou a Medicina e a

Enfermagem, além das outras ciências, tornando a tarefa de cuidar de doentes como algo

inferiorizante e que, portanto deveria ser exercida por pessoas de baixo nível moral e social.

Nessa época os enfermeiros eram os sentenciados e prostitutas que cumpriam sua pena judicial

prestando serviço nos hospitais. Estes gozavam de péssima reputação. A clientela era na maioria

mendigos que não tinham para onde ir. Havia, porém, hospitais para atender a clientela burguesa

e estes eram considerados melhores, um pouco!

Remonta dessa época o preconceito em relação àqueles que se dedicam à enfermagem, pois no

passado enfermeiros eram gente de pouco valor. Felizmente, hoje temos muitos grupos e pessoas

empenhadas em mudar essa visão sobre a profissão de Enfermagem.

Nesse período crítico, as tentativas para melhorar o padrão da assistência aos doentes, trazem

nomes como Francisco de Assis que se dedicou a cuidar das colônias de leprosos, juntamente

com seus seguidores; também, Vicente de Paula que fundou uma confraria de caridade formada

por senhoras orientadas e treinada para assistir aos enfermos. As irmãs de caridade possuíam

alguns conceitos científicos mais aperfeiçoados para cuidar dos doentes. Elas atuaram por muitos

séculos nas Santas Casas de Misericórdia e muitas delas ainda existem até hoje, entre nós.

1.1 Enfermagem Moderna

O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na reorganização

da Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal responsável por esta

reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo de disciplinarização e seus reflexos na

Enfermagem, ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então.

A evolução crescente dos hospitais não melhorou, entretanto, suas condições de

salubridade. Diz-se mesmo que foi a época em que estiveram sob piores condições, devido

principalmente à predominância de doenças infecto-contagiosas e à falta de pessoas preparadas

para cuidar dos doentes. Os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto

os pobres, além de não terem esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução e experiências

que resultariam num maior conhecimento sobre as doenças em benefício da classe abastada.

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É neste cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence Nightingale é

convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar junto aos soldados feridos em

combate na Guerra da Criméia.

1.2 O Período Florence Nightingale

Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses de família rica e

tradicional que, opondo-se aos costumes de sua época lutou para dignificar e tornar a

enfermagem mais que um simples ato caritativo. Possuía inteligência incomum, determinação e

perseverança, isto lhe permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército expondo com

determinação suas idéias. Dominava o inglês, o francês, o alemão, o italiano além do grego e do

latim. Conhecia história, geografia e política. Iniciou sua preparação como enfermeira numa

Instituição na Alemanha, chamada Kaiserwerth.

Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a França

e a Turquia declaram guerra a Rússia - é a Guerra da Criméia. Os soldados ingleses acham-se no

maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.Florence partiu para Scutari com

38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas das enfermeiras

foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. Florence é

incomparável: estende sua atuação desde a organização do trabalho, até os mais simples

serviços como a limpeza do chão. Aos poucos, os soldados

e oficiais um a um começam a curvar-se e a enaltecer esta

incomum Miss Nightingale. A mortalidade decresce de 40%

para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela

será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de

lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os

doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da

Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida.

Dedica-se, porém, com ardor, a trabalhos intelectuais.

Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio,

consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem - uma

Escola de Enfermagem em 1959. Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no

Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram

fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da

escola nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de

um ano de duração, consistia em aulas diárias ministradas por médicos. Determinou três normas

essenciais:

1. Direção de escolas para enfermeiras dirigidas por uma enfermeira.

2. Ensino metódico.

3. Seleção rigorosa das candidatas sob o ponto de vista intelectual, moral, físico e de aptidão

profissional.

Nas primeiras escolas de Enfermagem o médico foi, de fato, a única pessoa qualificada

para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderia colocar nas mãos das

enfermeiras.

As enfermeiras, formadas pelo novo método,

difundiram esse sistema padronizado para todos os

países da Europa e América.

Florence morre em 13 de agosto de 1910, deixando

florescente o ensino de Enfermagem. Assim a

Enfermagem surge não mais como uma atividade

empírica, desvinculada do saber especializado, mas

como uma ocupação assalariada que vem atender a

necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-

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se como uma prática social institucionalizada e específica.

Seus dois livros: “Notas sobre Hospitais” (1858) e “Notas sobre Enfermagem” (1859) são os mais

conhecidos entre suas obras. Escreveu ainda, sobre assuntos de saúde e saúde pública,

principalmente sobre a Índia e as condições sanitárias do Exército.

Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar, devido à

incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, as escolas se espalharam

pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873.

Em 1877 as primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em

New York. As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola de Florence

Nightingale, baseada em quatro ideias chave:

1. O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra

forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público.

2. As escolas de treinamento deveriam uma estreita associação com os hospitais, mas manter

sua independência financeira e administrativa.

3. Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas não

envolvidas em Enfermagem.

4. As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à disposição, que

lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital.

2 A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL 2.1 Período colonial

A organização da Enfermagem na Sociedade

Brasileira - compreende desde o período colonial até o final

do século XIX e analisa a organização da Enfermagem no

contexto da sociedade brasileira em formação. Desde o

princípio da colonização foi incluída a abertura das Casas de

Misericórdia, que tiveram origem em Portugal.

A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de

Santos, em 1543. Em seguida, ainda no século XVI, surgiram

as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde

Porto Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a

presença de D. Pedro II e Dona Tereza Cristina.

No que diz respeito à saúde do nosso povo merece destaque o Padre José de Anchieta.

Ele não se limitou ao ensino de ciências e catequeses; foi além: atendia aos necessitados do

povo, exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em seus escritos encontramos estudos de

valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, clima e as doenças mais comuns.

A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais minuciosamente descritas.

Supõe-se que os Jesuítas faziam a supervisão do serviço que era prestado por pessoas treinadas

por eles. Não há registro a respeito.

Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à maternidade que se

conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José Bonifácio Andrada e Silva.

A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822. Em 1832 organizou-

se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

A escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou no ano seguinte a célebre

Madame Durocher, a primeira parteira formada no Brasil. No começo do século XX, grandes

números de teses médicos foram apresentados sobre Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os

resultados obtidos e abrindo horizontes a novas realizações. Esse progresso da medicina,

entretanto, não teve influência imediata sobre a Enfermagem.

Assim sendo, na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes de destacaram

e, entre eles, merece especial menção o de Ana Neri.

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2.3 A História de Ana Neri

Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na

Cidade de Cachoeira, na Província da Bahia. Casou-se com Isidoro

Antonio Neri, enviuvando aos 30 anos. Seus dois filhos, um médico militar

e um oficial do exército são convocados a servir a Pátria durante a

Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a presidência de Solano Lopes.

O mais jovem aluno do 6º ano de Medicina oferece seus serviços

médicos em prol dos brasileiros. Ana Neri não resiste à separação da

família e escreve ao Presidente da Província, colocando-se à disposição

de sua Pátria. Em 15 de agosto parte para os campos de batalha, onde

dois de seus irmãos também lutavam. Improvisa hospitais e não mede

esforços no atendimento aos feridos. Após cinco anos, retorna ao Brasil,

é acolhida com carinho e louvor, recebe uma coroa de louros que Victor Meireles pinta sua

imagem, que é colocada no Edifício do Paço Municipal.

O governo Imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias e de

campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880. A primeira Escola de Enfermagem

fundada no Brasil recebeu o seu nome.

Ana Neri como Florence Nightingale, rompeu com os preconceitos da época que faziam da

mulher prisioneira do lar.

3. A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM NO BRASIL NO SÉCULO XIX

Ao final do século XIX, apesar de o Brasil ainda ser um imenso território com um

contingente populacional pouco elevado e disperso, um processo de urbanização lento e

progressivo já se fazia sentir nas cidades que possuíam áreas de mercado mais intensas, como

São Paulo e Rio de Janeiro. As doenças infecto contagiosas, trazidas pelos europeus e pelos

escravos africanos, começam a propagar-se rápida e progressivamente.

A questão saúde passa a constituir um problema econômico-social. Para deter esta

escalada que ameaçava a expansão comercial brasileira, o governo, sob pressões externas,

assume a assistência à saúde através da criação de serviços públicos, da vigilância e do controle

mais eficaz sobre os portos, inclusive estabelecendo quarentena. Revitaliza através da reforma

Oswaldo Cruz introduzida em 1904, a Diretoria-Geral de Saúde Pública, incorporando novos

elementos à estrutura sanitária, como o Serviço de

Profilaxia da Febre Amarela, a Inspetoria de

Isolamento e Desinfecção e o Instituto Soroterápico

Federal, que posteriormente veio se transformar no

Instituto Oswaldo Cruz. Mais tarde, a Reforma Carlos

Chagas (1920), numa tentativa de reorganização dos

serviços de saúde, cria o Departamento Nacional de

Saúde Pública, órgão que, durante anos, exerceu

ação normativa e executiva das atividades de Saúde

Pública no Brasil.

A formação de pessoal de Enfermagem - para atender inicialmente aos hospitais civis e

militares e posteriormente, às atividades de saúde pública - principiou com a criação, pelo

governo, da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, no Rio de Janeiro, junto ao

Hospital Nacional de Alienados do Ministério dos Negócios do Interior. Esta escola, que é de fato

a primeira escola de Enfermagem brasileira foi criada pelo Decreto Federal nº 791, de 27 de

setembro de 1890, e denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, pertencendo à

Universidade do Rio de Janeiro - UNI-RIO.

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3.1 Cruz Vermelha Brasileira

A Cruz Vermelha Brasileira foi organizada e instalada no Brasil em fins de 1908, tendo

como primeiro presidente Oswaldo Cruz. Destacou-se a Cruz Vermelha Brasileira por sua atuação

durante a I Guerra Mundial (1914-1918). Fundaram-se filiais nos Estados. Durante a epidemia de

gripe espanhola (1918), colaborou na organização de postos de socorro, hospitalizando doentes e

enviando socorristas a diversas instituições hospitalares e a domicílio. Atuou também socorrendo

vítimas das inundações, nos estados de Sergipe e Bahia, e as das secas do nordeste. Muitas das

socorristas dedicaram-se ativamente à formação de voluntárias, continuando suas atividades após

o término do conflito.

3.2 Saúde Pública No desenvolvimento das organizações sanitárias no Brasil, aparecem dois grandes médicos:

Oswaldo Cruz, responsável pela criação da medicina preventiva entre nós e Carlos Chagas, pela

sua contribuição à enfermagem em Saúde Pública. Em 2 de janeiro de 1920, pelo Decreto 3.987,

foi criado o Departamento Nacional de Saúde Pública. No setor de Profilaxia da Tuberculose,

iniciou-se o serviço de visitadores. No ano seguinte, pensou-se em estender essa assistência ao

setor de doenças venéreas e outras doenças transmissíveis. Por iniciativa de Carlos Chagas,

então diretor do Departamento, e com a cooperação da Fundação Rockfeller, chegou ao Rio, em

1921, um grupo de enfermeiras visitadoras que iniciou um curso intensivo. Fundada a Escola Ana

Néri, as primeiras alunas foram logo contratadas pelo Departamento Nacional de Saúde Pública.

Teve início então um trabalho de educação sanitária nos setores de profilaxia da tuberculose e

higiene infantil, estendendo-se depois, à higiene pré-natal e visitação aos portadores de doenças

transmissíveis.

3.3 Primeiras Escolas de Enfermagem no Brasil

1) Escola de Enfermagem "Alfredo Pinto" - Esta escola é a mais antiga do Brasil, data de 1890, foi

reformada por Decreto de 23 de maio de 1939. O curso passou a três anos de duração e era

dirigida por enfermeiras diplomadas. Foi reorganizada por Maria Pamphiro, uma das pioneiras da

Escola Ana Néri.

2) Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro - Começou em 1916 com um curso de socorrista,

para atender às necessidades prementes da 1ª Guerra Mundial. Logo foi evidenciada a

necessidade de formar profissionais da área. Funcionavam dois cursos: um era para profissionais

(que se desenvolveu somente após a fundação da Escola Ana Néri) e o outro para voluntários. Os

diplomas expedidos pela escola eram registrados inicialmente no Ministério da Guerra e

considerados oficiais. Esta escola encerrou suas atividades.

3) Escola Ana Néri - A primeira diretora foi Miss

Clara Louise Kienninger, senhora de grande

capacidade e virtude, que soube ganhar o

coração das primeiras alunas. Com habilidade

fora do comum, adaptou-se aos costumes

brasileiros. Os cursos tiveram início em 19 de

fevereiro de 1923, com 14 alunas. Instalou-se

pequeno internato próximo ao Hospital São

Francisco de Assis, onde seriam feitos os

primeiros estágios. Em 1923, durante um surto

de varíola, enfermeiras e alunas dedicaram-se ao

combate à doença. Enquanto nas epidemias anteriores o índice de mortalidade atingia 50%, desta

vez baixou para 15%. A primeira turma de Enfermeiras diplomou-se em 19 de julho de 1925.

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4) Escola de Enfermagem Carlos Chagas - Por Decreto nº 10.925, de 7 de junho de 1933 e

iniciativa de Dr. Ernani Agrícola, diretor da Saúde Pública de Minas Gerais, foi criado pelo Estado

a Escola de Enfermagem "Carlos Chagas", a primeira a funcionar fora da Capital da República. A

organização e direção dessa Escola coube a Laís Netto dos Reys, sendo inaugurada em 19 de

julho do mesmo ano. A Escola "Carlos Chagas", além de pioneira entre as escolas estaduais, foi a

primeira a diplomar religiosas no Brasil.

5) Escola de Enfermagem "Luisa de Marillac" - Fundada e dirigida por Irmã Matilde Nina, Filha de

Caridade, a Escola de Enfermagem Luisa de Marillac representou um avanço na Enfermagem

Nacional, pois abria largamente suas portas, não só às jovens estudantes seculares, como

também às religiosas de todas as Congregações. É a mais antiga escola de religiosas no Brasil e

faz parte da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

6) Escola Paulista de Enfermagem - Fundada em 1939 pelas Franciscanas Missionárias de Maria,

foi a pioneira da renovação da enfermagem na Capital paulista, acolhendo também religiosas de

outras Congregações. Uma das importantes contribuições dessa escola foi o início dos Cursos de

Pós-graduação em Enfermagem Obstétrica. Esse curso que deu origem a tantos outros,

atualmente ministrados em várias escolas do país.

7) Escola de Enfermagem da USP - Fundada com a colaboração da Fundação de Serviços de

Saúde Pública (FSESP) em 1944, faz parte da Universidade de São Paulo. Sua primeira diretora

foi Edith Franckel, que também prestara serviços como Superintendente do Serviço de

Enfermeiras do Departamento de Saúde. A primeira turma diplomou-se em 1946. A Escola

ministrou cursos de formação de Professores e Administração de Enfermagem com a duração de

um ano. Acrescentou no seu currículo o Curso de Habilitação em Obstetrícia, e Enfermagem

Médico-Cirúrgica.

3.4 O Nascimento da Enfermagem Científica

Segundo Edwal A. Campos Rodrigues.../et al, o século XIX foi marcado pelo florescimento da era Vitoriana e pelas exigências de emancipação das mulheres, que se iniciavam às margens das oportunidades educacionais, profissionais e sociais.

Em 1848, em Sêneca Falls, Nova Iorque, realizou-se a Convenção para os Direitos das Mulheres, que obteria grandes repercussões históricas. Susan B. Anthony e muitas outras companheiras exigiam direito ao voto, a oportunidade para cursar níveis superiores e exercer profissões destes níveis, inclusive, Direito e Medicina.

Elisabeth Backwell (1821-1910) após muita luta, conseguiu ingressar em 1847 no “Genova Medical College” em Nova Iorque, tornando-se militante pela causa da saúde.

Em 1850, inaugurou o “The Woman’s Medical College of Pennsylvania”, com oito candidatas ao curso médico.

Neste cenário, Florence Nigthtingale (1820-1910) nascida em Florença – Itália, filha de família abastada, dedica-se à Enfermagem, tornando-se uma das maiores expressões mundiais.

Ela conheceu hospitais da França, Alemanha, Itália, Bélgica e Inglaterra e, rapidamente, tornou-se Supervisora de Enfermagem no “King’s College Hospital”. Em 1854 foi chamada à Criméria, com 38 Enfermeiras, ao hospital de Base em Sentari, Constantinopla, atual Istambul.

Nesse local, funcionava o grande “Barrack Hospital”, que durante o conflito entre a Rússia, as forças aliadas da Inglaterra, a França e a Turquia, com capacidade para apenas 1700 pacientes, atendia de 3.000 a 4.000 doentes e feridos de guerra. As condições sanitárias do hospital eram deploráveis e a taxa de mortalidade, nestas condições, era de 42%.

Florence Nigthtingale revolucionou o Barrack Hospital. Com sua atuação, a taxa de mortalidade de fevereiro de 1855, de 427 por 1000 pacientes, foram reduzidas para 22 por 1000 em junho de 1855. Ela fazia suas rondas durante as noites com um lampião, levando assistência, afeto e conforto aos doentes, tendo sido imortalizada como a “Dama da Lâmpada”. Demonstrando conhecimento em estatística, fez uso de método científicos, apresentando estes dados em gráficos.

Pela apresentação desses dados, em 1858 foi aceita na “Royal Stantistical Society”, e mais tarde, em 1874, como membro honorário, na “American Statistical Association”.

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Publicou mais de 100 trabalhos, entre eles, “Notes on Hospital” e “Notes on Nursing”, onde se encontram suas teorias, dentre elas, a que afirmava que “a pessoa doente deveria ser tratada, não a doença”.

No Brasil, quando sequer havia escola de Enfermagem, surgiu Ana Néri (1815-1880), que com a ida de seus três filhos à Guerra do Paraguai (1864-1870), resolveu torna-se voluntária e cuidar dos feridos da guerra. Cuidava de todos indistintamente, inimigos e aliados, preocupada em salvar vidas e preservar a essência humana.

Foi reconhecida como heroína no Brasil e no Paraguai. Em 1870, quando retornou ao país, ganhou as medalhas “Humanitária” e “Campanha” e a primeira Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro recebeu seu nome.

Atualmente, os hospitais são organizados e administrados como grandes empresas e a área de Enfermagem estão cada dia mais avançado. Entretanto, com esse histórico como pano de fundo, gostaríamos de alertar aos Administradores de Enfermagem, a importância fundamental de trabalhar de forma sistematizada os Serviços de Enfermagem embasada em conhecimentos científicos.

O Enfermeiro deve ser valorizado na sua essência e como um profissional, que alia conhecimento e fundamentos para operacionalizar a totalidade da Gerência de Enfermagem, quer seja funcional, quer seja produtiva.

A Administração de Enfermagem, tanto na área privada quanto na área pública, tem condições de resgatar sua credibilidade, alicerçada pela capacidade técnico-científica do profissional que lidera o serviço, que deverá estar imbuído de responsabilidade social e profissional.

O Administrador do Hospital, a quem se reporta o Gerente ou Administrador de Enfermagem, deve possuir visão abrangente e permitir espaços para que as pessoas possam desenvolver talentos em prol do resultado final e do objetivo principal que é a melhor assistência, dando condições ao paciente para que retorne à sociedade da melhor forma possível.

A abertura de espaço para talentos não pode e nem deve ser encarada como competição, mas como crescimento de ambos, usando-os em benefício d serviço.

Acreditar no potencial técnico-científico de que são dotados todos os Enfermeiros é ser capaz de viabilizar oportunidades para esses profissionais, pois o Enfermeiro não atua somente com o paciente internado em um serviço, mas também com pacientes externos e em Centros de Diagnóstico, que são economicamente mais estáveis, têm um bom aproveitamento em áreas gráficas (ECG, EEG,etc), pois sabem o que fazer, como fazer e quando fazer. A escola confere ao Enfermeiro a capacidade da visão de conjunto.

Deve ser uma tônica do trabalho do Administrador de Enfermagem e do Administrador Hospitalar, valorizar esses profissionais, uma vez que o talento dos Enfermeiros desempenha um papel imediato na criação de valor para o cliente, tornando irrefutável que depende cada vez mais lealdade de seus colaboradores.

Busca-se nos líderes não apenas credibilidade, mas sensibilidade para enxergar à frente, com senso de direção e visão do futuro. O que diferencia de outros profissionais é que suas funções transcendem aos cargos. Pois, como bem disse Sir William Bridges: “O cargo é uma forma grosseira de medir o poder...”

3.5 O Nascimento do Hospital

Segunda Foucault, antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência aos doentes pobres, portadores de doenças contagiosas, que representavam perigo à sociedade. Mais que isso, o hospital era o claustro da comunidade religiosa, a personificação da separação e da exclusão, já que deveria estar presente para recolher os doentes e proteger a sociedade dos perigos que eles encarnavam.

O personagem principal do hospital dessa época não era o doente que precisava ser curado, mas o pobre que estava morrendo. Dizia-se que o hospital era um “morredouro” e as pessoas que tratavam dos doentes não eram destinadas a realizar a cura, mas a conseguir sua própria salvação.

A partir do momento em que o hospital é concebido como um instrumento de cura, o médico passa a ser o principal responsável pela organização hospitalar e surge uma organização com vistas à cura, tornando o médico, responsável pelo regime alimentar e pelos medicamentos, assumido, até certo ponto, o funcionamento econômico do hospital, até então, privilegio das ordens religiosas.

A conquista do poder pelo médico se manifesta no ritual da visita, que pode ser encontrado nos regulamentos dos hospitais do século XVIII, em que o médico devia ser anunciado por uma

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sineta e a enfermeira já deveria estar à porta, com caderno nas mãos, para acompanha-lo quando entrasse.

A partir daí, começa a existir a necessidade de organizar visitas e a enfermeira torna-se responsável pela administração de um sistema de registros permanentes das técnicas de identificação de um sistema de registros permanente das técnicas de identificação dos pacientes, das doenças e dos diagnósticos, que permitem aos médicos melhor êxito no tratamento, inclusive, das doenças epidêmicas.

O hospital torna-se então, não somente um lugar de cura, mas o campo documental de registros, acúmulos de informações e formação do saber técnico-científico.

4 HOSPITAL NA ATUALIDADE

4.1 Definição O Ministério da Saúde define o hospital como sendo “parte integrante de uma organização

médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a eles vinculados tecnicamente”.

4.2 Funções do hospital

Prevenir a doença: esta função se caracteriza pelas ações relativas à assistência pré-natal, à atenção à saúde da criança e do adolescente, ao controle de moléstias transmissíveis, à prevenção da invalidez física e mental, à educação sanitária, à higiene do trabalho e à prevenção de enfermidades crônicas.

Restaurar a saúde: é a função mais exercida pelo hospital, através de ações de diagnóstico, tratamento de doenças ou agravos à saúde e readaptação física, mental e social do indivíduo. O nível atual de desenvolvimento tecnológico, científico e administrativo tem por resultado um caráter mais dinâmico dos serviços hospitalares através de diagnóstico precoce das doenças e agilidade na aplicação de tratamento clínico, cirúrgico e procedimentos especiais. Estes fatores contribuem para o melhor desempenho dos pacientes na fase de recuperação e reabilitação. Como conseqüência, verifica-se uma redução na média de permanência hospitalar e nos gastos com a internação. Há racionalização de custos, considerável aumento da capacidade de internação, com pacientes menos sujeitos à infecção hospitalar e desgastes psicológicos.

Exercer funções educativas e de pesquisa: através de educação sanitária e prática de saúde pública, visando o paciente, a família e a comunidade. Sob o ponto de vista de formação de saúde, o hospital exerce papel fundamental, pois é onde se colocam em prática os conhecimentos e inovações técnico-científicas, nas diversas áreas de atividades no campo da saúde. Localização: O hospital deve estar instalado em local de fácil acesso, livre da agitação e do barulho. 4.3 Organização

Em geral, o hospital é subdividido em departamentos, dispondo cada um de recursos

materiais, humanos e serviços auxiliares que garantem o seu funcionamento. Um exemplo de departamentalização é o hospital constituído de:

Conselho diretivo;

Direção;

Corpo Clínico (Serviços Clínicos);

Serviços de apoio clínico: Serviços auxiliares de Diagnóstico e Tratamento (SADT);

Serviços Técnicos: Enfermagem, Nutrição e Dietética, Serviço Social, Farmácia, Odontologia, psicologia, Fisioterapia, Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME); Fisioterapia etc;

Serviços de Apoio administrativo: Finanças, Contabilidade, Engenharia e Manutenção Hospitalar, Lavanderia, Zeladoria, Transporte etc.

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5 RELAÇÕES HUMANAS NO HOSPITAL 5.1 Doente e seu universo

Para o indivíduo atingido pela doença, existe sempre a idéia que foi agredido pelo mundo

que o rodeia. Dar um sentido a esta agressão é a preocupação deste indivíduo. “Que terei feito, para

merecer este sofrimento? “ Sofrer é merecer sofrer? – a culpabilidade do doente – culpabilidade mais ou menos

inconsciente – aflora às vezes em sua consciência. Tem vergonha de estar doente, como se a doença fosse o próprio sinal de sua indignidade.

Inveja os que têm boa saúde. Por um lado, deseja “fazer como se” não estivesse doente; por outro lado, gosta de falar nela, comporta-se como se apenas a sua doença fosse importante. Muitas vezes o agredido torna-se agressor. Isto faz com que muitas vezes avaliemos como “difícil” o caráter dos indivíduos doentes.

5.2 A Morte

Ao indivíduo doente sempre assalta esta preocupação: será a sua doença um sinal de

aproximação da morte? Todo ser humano sabe que vai morrer. No entanto, mecanismos de defesa (planos, responsabilidades, etc.), levam esta possibilidade, para uma ocasião remota e longínqua. Quando vem uma doença, porém, esta realidade volta ao presente e as possibilidades surgem bem aumentadas.

Nesta situação, inicia-se um processo de auto-análise e auto-avaliação, quando a pessoa deprime-se ao ver quanto tem a realizar e a impossibilidade de faze-lo.

Ela pode adotar um comportamento de luta ou de entrega. Podem voltar sentimento passado, emoções antigas, comportamentos afetivos infantis, supervalorização de seus feitos, etc.

Existe grande importância na compreensão do doente, por parte da equipe de saúde, para melhor relacionar-se com ele.

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5.3 A situação concreta do doente hospitalizado Ao indivíduo ver-se internado, surgem uma série de fatores novos, que vão influenciar ou

determinar atitudes e ações. Recursos hospitalares e profissionais de saúde são mobilizados para atendê-lo. Cumpre a ele, adaptar-se a este tratamento, ao novo ambiente e ao pessoal desconhecido que o cerca.

5.4 O mundo hospitalar

O Hospital moderno se caracteriza por uma sofisticação de serviços, com aparelhagem

altamente especializada e profissional especialmente habilitado em suas áreas. Muitas vezes este aparato tecnológico atemoriza a pessoa doente e seus familiares. É indispensável haver calor humano, comunicação e compreensão por parte de toda a

equipe de saúde, para atenuar este impacto inicial, causado por este ambiente estranho e muitas vezes até hostil.

Principalmente o pessoal de enfermagem deverá estar imbuído da importância da assistência psicológica ao paciente, tão bruscamente incluído no mundo hospitalar.

5.5 As necessidades do doente

Para o doente, sua entrada no hospital pode trazer reações diferentes. No entanto, para todos, ela representa um choque, porque há ruptura no quadro habitual de vida, sem a necessária preparação para o que espera o doente hospitalizado. De uma hora para outra, ele encontra-se numa cama de hospital, vestido com uma roupa que não é sua, rodeado de objetos que não lhe pertencem, dependente de pessoas que não conhece...

Esta primeira impressão é atenuada ou reforçada, conforme a qualidade do ACOLHIMENTO dispensada quando da chegada ao hospital.

O mais importante neste contato inicial é a COMPREENSÃO e principalmente vinda da parte do SERVIÇO DE ENFERMAGEM, que através dos seus componentes, forma o ponto de contato do doente com o hospital.

5.6 A doença como uma experiência humana

A experiência de uma enfermidade precipita muitos sentimentos e reações de estresse,

tais como ansiedade, raiva, negação, vergonha, culpa e insegurança. Os exames diagnósticos, o tratamento médico, o prognóstico, as alterações corporais, as reações da família e dos amigos, e experiência da hospitalização e as alterações projetadas no estilo de vida toma parte na adaptação da pessoa a essa nova situação. Em geral, a pessoa doente é excepcionalmente sensível e vulnerável. Sua vida inteira modificou-se, pelo menos temporariamente, e ela freqüentemente luta com o ressurgimento de experiência quando enfrenta a realidade atual e o futuro que se antecipa. O profissional de enfermagem é uma figura central na vida imediata do paciente. Através de compreensão sensível e ação inteligente, ele pode criar muitas oportunidades para o paciente manter sua segurança básica, auto-estima e integridade.

5.7 Ansiedade

Ansiedade é uma reação normal ao estresse e ao medo. É uma reação emocional à

percepção de perigo, real ou imaginário, e é vivenciada fisiológica, psicológica e comportamentalmente. A ansiedade diferencia-se do medo, uma vez que o medo se refere a um receio específico, enquanto a ansiedade é inespecífica. A sua intensidade pode variar de ligeiro a grave, podendo causar pânico.

A enfermidade e a hospitalização congregam os seguintes receios que precipitam a ansiedade: receio geral com relação à integridade da vida, da saúde, do corpo; exposição e embaraço; desconforto da dor, frio, fadiga e mudanças na dieta; restrição dos movimentos; isolamento; interrupção ou perda dos seus meios de vida; precipitação de uma crise financeira; desgosto, rejeição ou ridicularização de outros como resultado de sua condição; um comportamento inconsciente e imprevisível da autoridade que depende o seu próprio bem-estar; frustração de seus fins e das expectativas; confusão e incerteza acerca do presente e do futuro; separação da família e de seus amigos.

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As reações fisiológicas da ansiedade são reações do Sistema Nervoso Autônomo e de natureza defensiva. Elas incluem aumento das freqüências cardíaca e respiratória, alterações da pressão sangüínea e temperatura, relaxamento da musculatura lisa da bexiga e do intestino, pele fria e úmida, aumento da sudorese, pupilas dilatadas e boca seca. O profissional de enfermagem deve ser capaz de avaliar o nível de ansiedade num paciente de forma que possa ser eficaz em reduzi-lo.

A intervenção da equipe de enfermagem na ansiedade inclui quatro aspectos: a) o reconhecimento de que o paciente está ansioso; b) encorajar verbalmente o paciente a reconhecer e expressar seu sentimento de

ansiedade; c) procurar atenuar os fatores externos que estejam aumentando a ansiedade do

paciente; d) ajudar o paciente a enfrentar o seu receio. Ele deve ser auxiliado na avaliação da

situação. Muitas vezes, simplesmente o compartilhar de um sentimento reduz sua intensidade. Em quase todas as áreas, a enfermagem é uma profissão que trabalha continuamente com

a ansiedade. A íntima associação de vida, morte e todos os estágios entre elas, criam no interior do profissional, medos conscientes e inconscientes acerca de sua própria vulnerabilidade. Existem situações “de alto risco emocional” na enfermagem, tias como o C. T. I., aonde a compreensão e conduta da ansiedade de profissionais, de pacientes e de suas famílias é vital.

5.8 Estágios na adaptação da doença

No ciclo de saúde e enfermidade, muitas pessoas passam através de três estágios: 1) a transição de saúde para a doença; 2) o período de “aceitação” da enfermidade e; 3) a convalescença. A duração e o tipo de experiência que um indivíduo tem nesses

estágios variam com sua personalidade, alteração específica e mudanças que ocorrem em sua vida.

Primeiro Estágio - O desenvolvimento dos sintomas geralmente é acompanhado de sensações desagradáveis, perda do vigor e resistência, e uma diminuição da capacidade funcional. A ansiedade está freqüentemente presente e a pessoa estabelece um plano de luta. Surgem as seguintes questões: qual é realmente o problema; a capacidade do médico e/ou equipe ao diagnosticá-lo; a confiabilidade dos exames de apoio diagnóstico; aquisição de confiança na Instituição escolhida ou determinada para tratamento. Nesta fase, a ansiedade, culpa, vergonha, e negação são freqüentes e intensas. A equipe de enfermagem deve estabelecer com o paciente, uma postura profissional, de ouvinte não critica, aceitando a necessidade de o paciente enfrentar sua situação da maneira peculiar ao seu caso.

Segundo Estágio - Nesta fase o paciente reconhece e admite que está doente e que necessita de ajuda de outros, especificamente do médico e do grupo de enfermagem. Torna-se autocentrado e mostra dependência aumentada, bem como maior preocupação com sues problemas somáticos. É normal ocorrer uma regressão relativa, que permitirão ao paciente colocar-se nas mãos de profissionais para o tratamento necessário.

Neste estágio é comum aparecer raiva, culpa e ressentimento. Pode ser muito crítico em relação aos cuidados administrados. O profissional de enfermagem deve encorajar o paciente a expressar seus sentimentos, sem julgamentos, moralizações ou inquisições. Ele assume a responsabilidade de cuidar, porém deve respeitar a integridade do ser como individualidade.

Terceiro Estágio - Este estágio envolve o período de convalescença ou restituição. O retorno “da saúde e da força física” freqüentemente precede o sentimento e a atitude de “estar bem” do paciente. Sentir-se bem implica desistir de uma dependência, de uma posição regressiva, e assumir a responsabilidade de adulto e relações normais com os outros. Embora algumas pessoas relutem em desistir do papel de paciente, a maior parte está motivada pela saúde, porém temerosa e hesitante para tentar novos horizontes. Isto é particularmente verdadeiro se a enfermidade e o tratamento requerem grandes alterações nas relações de trabalho e família.

A equipe pode auxiliar o paciente neste estágio assumindo um papel análogo um pai de um adolescente, gradualmente relaxa sua proteção e oferece orientação, conselho e encorajamento para o progresso. De uma maneira discreta, se retira para o lado, pronta para

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tranqüilizar o paciente, porém encorajando-o a experimentar novas habilidades; somente entra em cena quando se fizer realmente necessário.

5.9 Atitudes em relação à morte e ao morrer

O paciente encara a morte de muitos modos. De acordo com os estudos de Elizabeth

Kübler-Rosss, as respostas emocionais de uma pessoa que enfrenta a morte podem ser traçadas através de cinco estágios, que ocorrem nem sempre em seqüência, podendo estar misturados ou ser vivenciados como fases sobrepostas. Às vezes um paciente parece mover-se para frente e para trás através dos estágios.

a) Negação e Isolamento – o reconhecimento e aceitação da morte iminente são difíceis; a reação comum é isolar-se até que outras defesas sejam estruturadas. A negação permite que se tenha esperança. Por vezes, o paciente tem consciência da proximidade da morte, enquanto sua família continua a expressar a negação. O período de negação e isolamento é curto, pois o paciente começa a pensar sobre o trabalho não terminado; assuntos pessoais que devem ser orientados; crianças a considerar e arranjos financeiros que devem ser feitos.

b) Raiva – a próxima expressão emocional é a raiva. “Porque eu?”. Não é necessária uma resposta, porém o paciente estará sendo ajudado se o profissional de enfermagem estiver presente para oferecer-lhe apoio e ouvi-lo. O comportamento do paciente neste estágio é difícil porque nada que é feito para ele parece ajudá-lo. Pode-se esperar essa expressão de raiva dele, e ao invés de tomá-la como pessoal, o profissional deve procurar determinar o que está causando isso. Deve ser permitindo ao paciente expressar sua raiva, seu sentimento de desamparo e seu ultraje, pois quando todos os sentimentos forem exalados, ele será capaz de superar sua crise.

c) Barganha – é uma fase de luta durante a qual a pessoa que vai morrer tenta negociar uma troca. Comumente envolve um negócio com Deus, com o médico ou com o profissional de enfermagem. “Se eu pudesse viver tempo suficiente para esperar o casamento de meu filho, estaria pronto para morrer”. Até onde for possível, devemos atender o pedido do paciente.

d) Depressão – o quarto estágio é a depressão; neste período, o impacto total do inevitável é evidente. Os mecanismos de defesa não são eficazes e ele expressa sua tristeza e angústia, chorando, ele também pede o apoio daqueles que o amam ou do pessoal do hospital.

e) Aceitação – este é um período de paz e contentamento. O paciente parece desejar ter tempo a sós com seus pensamentos. Visitas silenciosas com um mínimo de verbalização são o mais aceito. Parece ser o período para que o paciente reveja seu passado e contemple o futuro desconhecido.

5.10 A família como paciente

Cada família possui seus próprios padrões e posturas em relação à saúde. A posição

individual do paciente na família afeta o modo como ele considera os comportamentos de saúde e como a família age para sustentar estes comportamentos. A família ajuda o indivíduo a sobreviver, adquirir segurança, desenvolver-se emocional e socialmente, e conhecer o mundo. A tarefa do profissional é ajudar os familiares a trabalharem conjuntamente para atingir uma saúde ótima para todos.

Primeiro é essencial que a família compreenda a natureza de qualquer alteração de saúde e as implicações sobre os seus membros. O profissional pode dar explicações individualmente aos membros da família ou incluí-los em quaisquer discussões com o paciente. Se esse tiver que adquirir novos conhecimentos ou novas habilidades para a manutenção da saúde, tais como novos medicamentos a serem tomados ou métodos de higiene especial, é essencial que um familiar participe. Desse modo, poderá ajudar a assumir os cuidados para com o paciente quando esse adoecer ou ficar incapacitado. Geralmente, a família como um todo se torna aprendiz do profissional de enfermagem.

A situação econômica da família é um fator de influência fundamental e determina como ela e o indivíduo comportam-se em relação à saúde. O profissional pode precisar indicar um assistente social para fazer uma análise cuidadosa da situação financeira da família. Ele também deve estar apto a ajudar os pacientes a obterem um tratamento de saúde a custos mais baixos. Por exemplo, se um paciente precisa de assistência em casa para tratar de uma ferida, não é necessário comprar materiais caros para o curativo. Além disso, se um paciente receber uma prescrição, o profissional pode aconselhá-lo a indagar seu médico a respeito da utilização de medicações semelhantes, mas mais baratas.

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O profissional pode auxiliar os pacientes a adaptarem-se mais facilmente ao ambiente de sua casa quando os familiares forem cooperantes. Ao planejar o retorno de uma pessoa hospitalizada para casa, o profissional pode envolver a família nos preparativos. Por exemplo, um paciente com uma recente fratura no quadril não pode subir escadas. A família pode preparar acomodações no primeiro andar ou talvez carregá-lo para seu quarto no andar superior, e deve planejar medidas que permitam o suprimento das necessidades do paciente e que seja a maneira que menos abale a rotina das atividades familiares.

Uma abordagem inovadora disponível em alguns hospitais permite que a família e amigos compartilhem da assistência de saúde do paciente. Unidades cooperativas de assistência requerem que familiares ou amigos fiquem no hospital com o paciente. O familiar ajuda o paciente nos seus cuidados pessoais e participa de sessões educacionais e sobre tratamento com o paciente. Esta abordagem permite que o paciente e a família trabalhem em conjunto. O familiar está melhor preparado a ajudar o paciente na alta, como resultado de sua experiência na unidade cooperativa.

O profissional deve sempre considerar toda a família dentro de uma perspectiva de desenvolvimento e concentrar-se na realização das tarefas familiares. Se as tarefas do indivíduo estão em conflito com as da família, deve-se tentar chegar a um acordo. Por exemplo, um homem de meia-idade com depressão pode superar seu problema levando seu neto para pescar no fim de semana, mas pode sentir, juntamente com sua mulher, que isto interfere na redescoberta de seus interesses como um casal. Em tal situação, o profissional pode ajudá-los a avaliar suas habilidades de suprir tanto suas necessidades individuais como familiares, talvez incluindo todos na pescaria.

O consenso de todos os familiares é um modo para resolver esses conflitos de tarefas. Um outro método consiste na delegação de responsabilidade sobre as resoluções de problemas para um ou mais familiares. A abordagem mais útil para o enfermeiro parece ser a de ajudar as famílias a aprenderem ambos os métodos e ajudá-las a determinar a necessidade de variar seu uso, dependendo das exigências da situação.

6 VISÃO ABRANGENTE DA ÁREA DA SAÚDE E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE

A área da saúde é uma das mais importantes da sociedade, pois compete a ela manter o

equilíbrio físico e mental de seus cidadãos. Para conseguir manter este equilíbrio os responsáveis precisam dispor de recursos físicos,

materiais e financeiros voltados especialmente para manter o sistema em funcionamento e que permitam um acesso facilitado a todos que dele necessitem.

A abrangência e a importância deste segmento na sociedade precisam ser analisadas com maior profundidade, penetrando no âmago de todos os serviços, departamentos, empresas e indústrias envolvidas e dependentes de seu resultado.

A área de abrangência da saúde é vasta demais para ser relegada a um segundo ou terceiro plano nas prioridades dos dirigentes, sejam eles governamentais ou da iniciativa privada.

A saúde abrange serviços e provavelmente seja uma das maiores empregadoras de mão-de-obra especializada e de pessoas com capacidades diversas.

No nosso entender, não existe na sociedade outro setor que reúna um quantitativo multiprofissional tão diversificado como a área da saúde, mais especificamente nas instituições hospitalares. Além de responder por sua finalidade específica, que é a de tratar cidadãos doentes, tem um outro objetivo primordial, que é a prevenção de doenças e a manutenção da qualidade de vida dos indivíduos.

Da mesma forma, para manutenção da sua estrutura física, há necessidade de profissionais especializados em manutenção predial, de aparelhos, equipamentos engenheiros clínicos – que trabalham a infraestrutura para que a parte médica possa operacionalizar os tratamentos e a cura, em conjunto com a equipe de Enfermagem, que integram aos tratamentos os cuidados e somam forças, conhecimento e habilidades para alcançar o objetivo proposto: devolver o indivíduo à sociedade, restabelecida, com a maior independência e com qualidade de vida.

Outra área que hoje se faz indispensável para o desenvolvimento do trabalho na área da saúde é a informática. Ela atua como facilitadora para assegurar maior confiabilidade aos resultados clínicos, financeiros e estatísticos das instituições. Os especialistas em informática facilitam o trabalho burocrático e de alta complexidade, certificam dados e consolidam situações diversas. Nos serviços de apoio, seja na higiene ambiental, no setor de compras ou manutenção

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de equipamentos, os profissionais especializados são indispensáveis. A falha por desconhecimento pode provocar grandes desastres e riscos para o cliente e para o próprio funcionário.

Com isso, queremos mostrar que a era do amadorismo nos hospitais e áreas afins não é mais concebível neste final de século. Todos, sem exceção, devem assumir sua responsabilidade com o conhecimento específico, para melhor domínio da técnica, e com o genérico, para melhores entendimentos e relacionamento, maior compreensão do sistema e cooperação com visão mais aguçada no resultado final de toda equipe: a cura do paciente.

Além destes citados, existem muitos outros serviços que direta ou indiretamente cooperam ou facilitam para que o atendimento ocorra dentro do esperado, atendendo todas as necessidades de cada fase.

A contemplação de todos os trabalhos internos e externos soma uma infinidade de capacidades e talentos que cooperam para que os hospitais e as áreas afins possam alcançar o seu objetivo principal.

A indústria farmacêutica é uma das mais importantes para a consecução dos objetivos de cura do indivíduo. Outras indústrias proveem os centros de diagnósticos por imagem, os centros de métodos gráficos e os endoscópicos de todos os instrumentais usados em salas de cirurgia, nos pronto socorros e outras dependências da instituição; todo o mobiliário, roupas específicas; estruturas nas diversas áreas; a parte de alimentos e dietas fornecidas a essas instituições e um sem-número de outros serviços que poderíamos descrever, mas que não o faremos para não cansar você. Acreditamos na sua fértil capacidade imaginária para completar o que propositalmente (ou não) deixamos para a sua concepção.

Se a instituição hospitalar fosse contemplar nessa dimensão pelos órgãos constituintes e pelos ocupantes dos altos cargos dessas entidades, provavelmente a responsabilidade fosse outra, o valor e o reconhecimento dos dirigentes seriam outros e, com toda certeza, os resultados seriam bem diferentes dos de hoje.

Já não se concebe mais que um dirigente hospitalar não tenha cultura específica e abrangente e características de personalidade especiais para trabalhar essa diversificação.

A necessidade de um específico somado a um MBA (Máster in Business Administration) é indispensável. Caso contrário esse administrador, diretor ou superintendente atrapalha toda uma gama de profissionais que necessariamente trabalham nestes ambientes. É imprescindível e urgente que se dê uma atenção especial para este aspecto, tanto nas estruturas governamentais como nas privadas, pois a perda financeira é incalculável, pela falta de profissionalismo e pela existência do trabalho amador que até hoje permeia esta área.

Mas, o amadorismo não se restringe somente aos dirigentes. Ele está disseminado por toda a estrutura, o que faz com que a parte médica trabalhe sem condições por falta de entendimento das prioridades por parte dos dirigentes, que se permitem cercar pela falta de profissionalismo.

A Enfermagem, por incrível que pareça neste início de século, é obrigada a trabalhar com indivíduos desqualificados profissionalmente, pois ainda se acredita que mão-de-obra barata é vantagem.

Se os administradores acreditassem mais nos enfermeiros e utilizassem mais a sua potencialidade e sua visão abrangente, ficariam pasmos pela economia e qualidade que obteriam e pelo resultado alcançado.

“O enfermeiro é segurança para o médico e cliente e economia para a instituição” – artigo publicado há muitos anos por nós e pela Dra. Victória Secaf * em uma revista especializada.

Os administradores devem delegar maior autonomia aos profissionais enfermeiros e cobrar-lhes resultados.

A descentralização do poder, tão propalada hoje, porém tão difícil de operacionalizar, precisa acontecer. As pessoas admitidas nas instituições devem ser confiáveis e como tais devem ser tratadas, e o comportamento necessita ser recíproco para em profundidade acontecer à mudança necessária. A sociedade está cansada de pagar por nossa ineficiência e tem todo o direito de exigir qualidade e segurança no atendimento, com custo reduzido.

Profissionais da saúde, como somos genericamente chamados, precisam ser confiáveis, bem-intencionados, bem preparados e comprometidos com o bem estar da população. Caso contrário, não são dignos de fazer parte desta falange, que assume publicamente, em juramento, o cuidar da vida, na saúde e na doença do ser humano, sem distinção de cor, raça, religião ou classe social.

No entanto, quem administra essas instituições precisa conscientizar-se de que essa imensa equipe de profissionais que participa direta ou indiretamente do tratamento do paciente

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precisa de condições para trabalhar, respeito à sua dignidade e condições físicas para operacionalizar tudo que é necessário para recuperação da saúde do indivíduo sob seus cuidados.

Precisa constantemente atualizar seus conhecimentos, precisa de um salário digno e justo para poder levar uma vida saudável e não correr de hospital para hospital a fim de obter o mínimo de sustento. Dizer que o hospital é insalubre é um contra senso. O hospital precisa ser o ambiente mais seguro e higiênico de todos. Precisa oferecer todas as condições favoráveis para a recuperação do indivíduo.

A forma atual de trabalho é inconcebível, doentia e contradiz totalmente todas as regras básicas para ambientes de trabalho saudáveis em todos os aspectos, isto na grande maioria dos hospitais. Algo está errado e agora precisa ser feito. Qualidade é lucro, sob todos os pontos de vista, e isso já esta comprovado. Quem faz qualidade são as pessoas e não os objetos, instrumentos, hotelaria etc. Estes só facilitam e agilizam o trabalho.

Se forem as pessoas que fazem a qualidade, é lógico que, quanto mais investimentos nelas, melhores serão os resultados. Não podemos esperar resultados das pessoas se elas não dominam o que lhes cabe, se não estudaram ou não foram preparadas para aquilo que executam. Esperar resultados sem dar condições e sem ter as pessoas certas e capazes é próprio de dirigentes incompetentes.

O cargo de administrador hospitalar é importante e abrangente demais para ser ocupado por pessoas despreparadas e não envolvidas com a comunidade usuária. A matéria-prima de um hospital é o ser humano, e isto significa muito. Esse aspecto precisa ser valorizado para que a comunidade usuária tenha o direito de cobrar retorno digno e à altura de suas necessidades. A cobrança de resultados qualitativos e financeiros deve ser feita em cima de todos os profissionais e ocupacionais dentro da instituição. A responsabilidade precisa ser delegada e aceita, bem como a autoridade e autonomia nas ações profissionais. Dessa forma, instala-se a descentralização do poder com responsabilidade de todos, pois é uma situação de “mão dupla”. Para isso, é necessário sair da liderança que incentiva a co-dependência e não ensina a criatividade e desenvolvimento de personalidades que respondam integralmente por seus atos. A co-dependência é um fator muito negativo para o individuo, porém muito utilizado dentro das instituições de saúde.

Estamos em outros tempos e outros comportamentos são cobrados dos indivíduos: capacidades individuais que dispensam intermediários para cobrir sua deficiência, profissionais talentosos, com visão abrangente que assumam os riscos e cooperem com o desenvolvimento da organização e – por que não? – mais econômicos. Pois sabem o que e como fazer, concretizando ações com segurança e sem desperdícios.

Isso tudo chamamos de responsabilidade social e convidamos todos para comungar estes conceitos.

7 GESTÃO EM SAÚDE 7.1 Definições Gestão - engloba pessoas, processos e planejamento. Administração - finanças, contabilidade e mercado. Toda instituição de saúde deve definir sua missão, explicando seus objetivos baseados em sua cultura organizacional. Missão – é uma menção que identifica a razão da existência de uma organização. Contém seu OBJETIVO , a que ela se destina, bem como sua FUNÇÃO NO FUTURO, apontando seus princípios em relação à ÉTICA. Organograma – organização da instituição Cargo – ocupação do indivíduo dentro da escala hierárquica. Hierarquia – graduação da autoridade e representa a subordinação, que é a quem as pessoas devem se reportar. 7.2 Teorias da Administração A administração é uma ciência social aplicada, fundamentada em um conjunto de normas e funções elaboradas para disciplinar elementos de produção. A administração estuda os empreendimentos humanos com o objetivo de alcançar um resultado eficaz e retorno financeiro de forma sustentável e com responsabilidade social, ou seja, é impossível falar em Administração

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sem falar em objetivos. Em síntese, o administrador é a ponte entre os meios (recursos financeiros, tecnológicos e humanos) e os fins (objetivos). 7.2.1 – Teoria Científica – Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915)

• Ênfase nas tarefas – aumento da eficiência ao nível operacional. • Estudo dos tempos e movimentos – isenção movimentos inúteis. • Treinamento (qualificação do trabalhador)= aumento da produção e qualidade. • Salário compatível com a produção. • Padronização – reduzir os custos. • Supervisão funcional – de todas as fases do trabalho. • Princípios da administração científica:

O BOM OPERÁRIO NÃO DISCUTE AS ORDENS, NEM AS INSTRUÇÕES, FAZ O QUE LHE MANDAM FAZER. A GERÊNCIA PLANEJA E O OPERÁRIO APENAS EXECUTA AS ORDENS E TAREFAS QUE LHE SÃO DETERMINADAS.

7.2.2 – Teoria Clássica – Henri Fayol (1841 – 1925)

• Estrutura organizacional. (Hierarquia) – divisão do trabalho. • Autoridade - dar ordens e obedecer. • Subordinação dos interesses individuais ao interesse geral. • Centralização das atividades vitais. • Espírito de equipe. • Ordem – um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. • Homem econômico. • Busca pela máxima eficiência.

7.2.3 – Teoria das Relações Humanas – Georges Elton Mayo (1880 – 1949)

• Novas perspectivas para a administração – conhecer as atividades e os sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos.

• Participação dos funcionários na tomada de decisões e na disponibilização das informações acerca da empresa a qual eles trabalhavam.

• Despertar das relações humanas dentro das organizações.

7.2.4 – Teorias Modernas de Administração Permite a manifestação dos funcionários em relação ao processo de administração. No modelo participativo, predominam a LIDERANÇA, A DISCIPLINA E A AUTONOMIA. Nas organizações que adotam esse modelo, as pessoas são responsáveis por seu próprio comportamento e desempenho. Compartilha as decisões que afetam a empresa com funcionários e com clientes ou usuários. Exemplos: Teoria Japonesa, Teoria Holística

8 VISÃO HOLÍSTICA DA ENFERMAGEM NO CUIDADO AO PACIENTE Dentro de uma linha filosófica administrativa, o homem era visto apenas como um ser

puramente produtivo. Ao longo dos anos, começou-se a ver o homem com outras necessidades, vê-lo como um todo e não mais fragmentadamente.

A visão de totalidade deve ser um princípio para o Enfermeiro na assistência ao paciente, intra ou extra hospitalar.

É imprescindível, respeitar a dignidade do ser humano, aceitando-o, tratando-o em suas necessidades básicas e específicas, dando-lhe todas as garantias, já que se encontra debilitado e sob os cuidados da Enfermagem. É extremamente importante, compreender sua dependência e fragilidade proporcionando-lhe conforto e segurança.

Quando o Enfermeiro envolve o paciente em seus cuidados e realiza os procedimentos necessários, consultando-o sobre seus costumes e preferências, consolida o valor e respeito ao ser humano.

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Olhar, aceitar e tratar o paciente com dignidade e desprendimento, respaldado no conhecimento técnico-científico, denota responsabilidade no desempenho profissional e antecipa a visão do novo milênio, de que o ponto de apoio e de partida de qualquer iniciativa será o investimento no ser humano, fazendo desabrochar seus talentos, promovendo a oportunidade de praticar e ensinar seus talentos, promovendo a oportunidade de praticar e ensinar valores morais como resposta para um convívio humano mais ameno, racional e humanitário.

Desta forma, exige-se do Enfermeiro um profundo domínio da ciência de sua profissão, um conhecimento abrangente do comportamento humano, de valores e culturas específicas, calcados na totalidade.

O grande desafio do final deste século para todos os profissionais, especificamente, para aqueles que acreditam ter uma visão altruísta, com coragem e vontade de vencer, é desafiar a ordem atual e partir para valores e sentimentos nobres frente à grandeza do “ser humano”.

Se entendermos nossa profissão nessa dimensão, poderemos nos considerar parte daqueles que acreditam e agem para que aconteça uma mudança de comportamento que vá refletir não somente no relacionamento social, na realização e satisfação pessoal e profissional. Mas, mais do que isso, seremos os grandes responsáveis por impulsionar a Enfermagem ao desenvolvimento e à evolução.

9 VISÃO ORGANIZACIONAL VOLTADA PARA O SÉCULO XXI

9.1 Gerenciamento Baseado na Competência “Significa mudança cultural em direção a um maior senso de responsabilidade e

autogestão dos funcionários. É uma forma simples de melhorar o desempenho sob controle dos funcionários”

(Jim Kochansk) E o que são competências? São habilidades técnicas e conhecimento científico que,

aliados a características pessoais, distinguem os profissionais pelo seu alto que o funcionário faz dentro da função, mas sim aquilo que o diferencia dos outros.

Em decorrência dos sistemas de Gerenciamento Baseado na Competência, podemos concluir que alguns pontos importantes ficam em evidência e favorecem a organização.

Um deles é que a competência permanecer na organização assim como os talentos também são conservação, aperfeiçoados e valorizados.

A satisfação profissional gerada por essa organização aos seus elementos disputa novos valores e cria situações outras que estimulam e desenvolvem as pessoas. Cresce a credibilidade do funcionário para com a administração a essa credibilidade disputa a responsabilidade e aumenta o comprometimento com os objetivos da organização. Mantendo os talentos e, consequentemente, a competência dentro da organização, as particularidades e minúcias não se perdem e isto ajuda a conservar o espírito de iniciativa de quem os criou, estimulando e reforçando cada vez mais o aprimoramento dos talentos que conservam vivos os compromissos da organização com a sociedade.

Conservando os detalhes há menos esforço para manter o todo da organização e, consequentemente, necessita-se menos supervisão, pois a manutenção faz-se quase automaticamente pelas próprias pessoas e por responsabilidade própria para manter a instituição dentro do contexto. Isto impulsiona as pessoas a lutar por constantes avanços e crescimento profissional pelo simples fato do bem-estar que sentem por pertencer a essa organização ou fazer parte da equipe que assume com tanta abrangência a sua responsabilidade no resultado

9.2 Competências Gerais dos profissionais de Nível Técnico da Área de Saúde:

Reconhecer como paradigmas, que respaldam o planejamento e a ação dos profissionais da Área de Saúde: o ser humano integral, os condicionantes e determinantes do processo saúde e doença, os princípios éticos, as normas do exercício profissional, a qualidade no atendimento, a preservação do meio ambiente e o compromisso social com a população.

Correlacionar os conhecimentos de várias disciplinas ou ciências com o objetivo de realizar trabalho em equipe, tendo em vista o caráter interdisciplinar da Área de Saúde;

Conhecer a estrutura e organização do sistema de saúde vigente no país de modo a identificar as diversas formas de trabalho e suas possibilidades de atuação na Área.

Interpretar a legislação referente aos direitos do usuário dos serviços de saúde, utilizando-a como um dos balizadores na realização do seu trabalho;

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Registrar ocorrências e serviços realizados, inclusive utilizando ferramentas de informática, com a finalidade de facilitar a prestação de informações ao cliente/paciente, a outros profissionais e ao sistema de saúde;

Identificar os riscos físicos, químicos, biológicos e psicológicos que caracterizam o trabalho nesta Área, com vistas sua própria saúde e segurança;

Desempenhar a função de agente educativo nas questões relativas à saúde e segurança no trabalho, prestando informações e esclarecimento a outras categorias profissionais e à população em geral.

Aplicar princípios ergonômicos na realização do trabalho para proteger a sua saúde e a do cliente/paciente.

Prevenir e controlar a contaminação através da utilização de técnicas adequadas de descarte de fluídos e resíduos, assim como de limpeza e/ou desinfecção de ambientes e equipamentos, no intuito de proteger o paciente/cliente contra os riscos biológicos.

Informar e orientar o cliente/comunidade em relação a hábitos e medidas geradoras de melhores condições de vida, ajudando-os a adquirir autonomia na manutenção da própria saúde.

Atuar como cidadão e profissional de saúde prestando primeiros socorros a vítimas de acidente ou mal súbito, visando manter a vida e preparar para o transporte adequado, até a chegada do socorro médico.

Avaliar riscos de iatrogenias na execução de procedimentos técnicos de forma a eliminar ou reduzir os danos ao cliente/comunidade.

Além das competências gerais dos profissionais de nível técnico da Área de Saúde, o Auxiliar de Enfermagem deverá demonstrar a apropriação de competências específicas, como desdobramento das atividades previstas na Lei do Exercício Profissional:

Desempenhar ações de enfermagem nos níveis de promoção, proteção, recuperação e de reabilitação da saúde de indivíduos e/ou grupos sociais, executando-se os cuidados requeridos pelos pacientes graves ou em risco de vida.

Identificar as necessidades do cliente/paciente e prestar cuidados de enfermagem no preparo e acompanhamento nos exames com finalidade diagnóstica.

Selecionar e utilizar técnicas específicas no trato de clientes/pacientes, meio ambiente, materiais e equipamentos com o objetivo de controlar infecções.

Prestar assistência de enfermagem em Saúde Coletiva, assistindo ao indivíduo nas diferentes fases do ciclo vital, à família, aos grupos e à comunidade. Através da educação para a saúde e da identificação precoce de riscos e agravos à integridade do cliente/paciente/comunidade, visando defender a saúde e melhorar a qualidade de vida da população.

Prestar assistência de enfermagem a clientes idosos, considerando suas necessidades específicas quanto à prevenção e profilaxia de agravos.

Analisar o papel do contato físico como importante componente na maioria das atividades de enfermagem, visando usar o toque como terapia e preservar a integridade dos autores dos cuidados – cuidador e ser cuidado.

Prestar assistência de enfermagem a cliente/paciente com afecções clínicas e cirúrgicas, nas diferentes faixas etárias, contribuindo com o tratamento, evitando o cliente/paciente na adaptação às limitações conseqüentes à doença.

Prestar assistência de enfermagem a clientes/pacientes portadores de transtornos mentais e usuários de drogas com vistas à promoção/manutenção e recuperação de sua integridade mental, emocional e do equilíbrio na relação com o meio em que vivem.

Prestar assistência de enfermagem à criança sadia e doente, nas diversas fases do seu desenvolvimento.

Prestar assistência de enfermagem à mulher adolescente e adulta nos aspectos ginecológicos e de reprodução.

Ressignificar a dor, o sofrimento e a morte na prática da enfermagem.

Pautar sua ação profissional em princípios científicos, éticos e de respeito ao cliente/paciente, visando oferecer uma assistência sem riscos.

Transpor para sua prática, conhecimentos adivinhos de sua observação e que possam melhorar sua atuação.

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Além das competências gerais dos profissionais de nível técnico da Área de Saúde e das competências específicas do Auxiliar de Enfermagem, o Técnico em Enfermagem deverá demonstrar a apropriação de mais outras competências, como desdobramento das atividades previstas pela Lei do Exercício Profissional:

Prestar assistência de enfermagem à pacientes que em estado grave ou agonizante no domicílio, em unidades de emergência ou de tratamento intensivo, visando tratamento físico e conforto mental e espiritual.

Analisar o processo de trabalho em enfermagem a partir do planejamento, organização e qualidade de assistência, do controle sistemático de infecção hospitalar e das iatrogenias, da pesquisa e da informática aplicada, com o constante propósito de buscar formas de melhorar essa assist6encia.

Atuar em programas de higiene, segurança e prevenção de acidentes de trabalho, com a finalidade de promover a integridade humana dos trabalhadores.

Transpor para sua prática, conhecimentos advindos da observação e da pesquisa em enfermagem, visando a melhoria e atualização do trabalho.

10. PERFIL PROFISSIONAL

10.1 Perfil do Enfermeiro

O perfil ideal de um Enfermeiro é entendido como o de um profissional com conhecimento

de uma área específica, mas com ampla experiência da dinâmica e rotina de todos os setores que formam o contexto de um Instituição Hospitalar, fator este que facilita a interação multiprofissional e multidisciplinar.

É importante que possua visão e missão bem definidas em sua vida profissional e na organização onde atua. Deve pautar sua meta de trabalho sobre qualidade nos resultados, tentando superar as expectativas daqueles com quem interage.

É preciso ter estilo de liderança com qualidades ímpares. A dignidade pessoal e o respeito ao ser humano devem ser características visíveis em sua personalidade.

Há que exercer, com eficiência e criatividade, o papel de motivador das qualidades das qualidades pessoais e profissionais dos integrantes de um grupo de trabalho, além de preocupar-se com o constante desenvolvimento técnico - científico dos mesmos.

Deve também, manter bom relacionamento com a direção da instituição e com a equipe de trabalho, servindo de ponte entre os dois lados.

É fundamental que, com espírito alegre e flexível, consiga estabelecer um relacionamento positivo com as pessoas e enfrentar, de forma otimista e ponderada, as mais diversas situações, sendo capaz de interagir com consideração e tranqüilidade com as equipes dos outros setores do hospital.

10.2 Perfil de Conclusão do Técnico de Enfermagem

Os profissionais de nível técnico em Enfermagem, com exercício regulamentado por lei,

integram uma equipe que desenvolve, sob a supervisão do Enfermeiro, ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação referenciadas nas necessidades de saúde individuais e coletivas, determinadas pelo processo gerador de saúde e doença.

Os profissionais deverão apresentar: bom relacionamento interpessoal, senso crítico e autocrítico, iniciativa, flexibilidade, senso de observação apurada, capacidade de autogestão, abstração e raciocínio lógico.

Possuir visão crítica - reflexiva, conhecer a realidade social na qual está inserido, e estar comprometido com as necessidades de saúde da população.

Aplicar as habilidades cognitivas, psicomotoras e afetivas, fundamentadas nos conhecimentos técnico-científicos, éticos, políticos e educativos, que irão contribuir para o alcance da qualidade do cuidar em enfermagem.

Desempenhar suas atividades profissionais com responsabilidade, justiça e competência considerando os princípios básicos de universalidade, equidade e integridade da assistência à saúde.

Desempenhar suas atividades profissionais em instituições de saúde bem como em domicílio, empresas, associações, escolas, creches e outros.

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Receber formação ampla, constituídas por competências gerais e específicas que lhes permitam acompanhar as transformações da área para entender as exigências educacionais demandadas pelo mundo do trabalho.

11 O SERVIÇO DE ENFERMAGEM

11.1 Atuação

O Serviço de Enfermagem dentro do Marco Sistema Hospitalar interage em todas as áreas sob a sua responsabilidade de forma independente, interada e com a co-responsabilidade da qualidade no atendimento ao paciente.

A atuação desse Serviço é sempre feita com responsabilidade, competência, conhecimento técnico-científico e muita dedicação.

Busca através de técnicas e condições ambientais solucionar o problema eficaz e economicamente, objetivando o pronto restabelecimento do paciente e seu breve retorno à família e à sociedade.

11.2 Visão

A visão da Equipe de Enfermagem deve ser direcionada no sentido de simplificar a assistência, através de qualidade que deve ser desenvolvida diuturnamente, levando à prática, por meio de providências concretas, as relações pessoais e profissionais de forma mais saudável e compartilhando o trabalho de auto-gestão, para autonomia da equipe.

11.3 Missão

O Serviço de Enfermagem tem por missão desenvolver líderes capazes de servir de elo entre as pessoas e a instituição, objetivando prepara-los para conduzir o serviço com maestria, mesmo em situações adversas e favorecendo-lhes condições para que possam prestar ao paciente um atendimento de qualidade.

O respeito e a valorização dos funcionários, bem como, sua constante atualização, também devem ser metas do Serviço de Enfermagem para um futuro promissor. 11.4 Organização

O Serviço de Enfermagem organiza-se através dos seguintes instrumentos: I – Regimento Interno II- Organograma III- Sistema de Comunicação IV- Sistema de Controle V - Rotinas e Técnicas de Enfermagem

12. REGIMENTO INTERNO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM

12.1 Definição O regimento é um ato normativo, aprovado pela administração superior da organização de

saúde, de caráter flexível e que contém diretrizes básicas para o funcionamento do serviço de enfermagem. O regimento especifica as disposições do regulamento para o serviço, devendo, portanto, estar nele embasado.

12.2 Composição

O regimento do serviço de enfermagem dispõe sobre:

A filosofia e objetivo do serviço;

A posição do serviço na estrutura da organização e descrição das linhas hierárquicas;

As atividades a serem desenvolvidas;

A competência de cada membro da equipe de enfermagem;

Quadro de pessoal;

Horário de trabalho;

Disposições Gerais.

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12.3 Organograma É a representação gráfica da estrutura organizacional. Funções: 1 – Definir a divisão do trabalho e responsabilidades 2 – Definir tipo de autoridade 3 – Definir sistema de comunicação

12.4 Sistema de Comunicação Para estabelecer comunicação entre equipe, pacientes e instituição o Serviço de

Enfermagem utiliza vários recursos, dentre eles:

Passagem de Plantão;

Prontuário Médico;

Livro de Ocorrências com Registro de Fatos Notáveis;

Reuniões;

Comunicação por Escrito;

Ordens de Serviço;

Quadro de Avisos;

Relatórios Mensal e Anual;

Visitas a Pacientes e às Unidades de Serviço; Ao final da jornada de trabalho, o plantão é transferido verbalmente, e todas as

informações pertinentes aos recursos são registradas nas unidades via computador, quando houver, com livre acesso a quem precisar. 12.5 Sistema de Controle

As unidades de Enfermagem utilizam um sistema de controle de seus suprimentos da

seguinte forma:

12.5.1 Medicamentos

Estoque mínimo da unidade, que poderá ter sistema de reposição automática da farmácia;

Estoque ou reserva de medicamentos controlados deverão sofrer controle diário pela Equipe de Enfermagem e periodicamente pelo serviço de farmácia;

Com o uso de “dose unitária”, o controle fica mais fácil e rápida, pois a sobra deverá ser justificada.

12.5.2 Material de Consumo

O controle de material de consumo deve ser diário e sua requisição deve ser individual e para o uso imediato (manual ou via sistema informatizado);

Desnecessário o estoque se a farmácia atender 24 horas;

O material de consumo como soluções desinfetantes e outros, necessários ao uso geral, deverão ser requisitados semanalmente e sofrer controle a cada requisição.

12.5.3 Material permanente e equipamento

Verificação periódica dos materiais e equipamentos em relação às condições de uso, necessidade de conserto, manutenção e reposição;

Inventário elaborado anualmente pelo Serviço de Patrimônio do hospital e com a colaboração da Equipe de Enfermagem, através do número do patrimônio e sua depreciação pelo uso, durabilidade e estado geral.

12.5.4 Rouparia

Serviço terceirizado, cabendo à Equipe de Enfermagem o bom uso e controle das roupas, enquanto estiver na unidade, no sentido quantitativo e qualitativo;

Em caso de rouparia própria, seguir as orientações do serviço da instituição.

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12.5.5 Funcionários Este controle deverá pautar-se mais no sentido da motivação profissional, observando:

Assiduidade;

Interesse pelo Trabalho;

Participação e Atualização;

Observação feita pelos Pacientes

Avaliação Periódica de Desempenho e Conduta Profissional, que poderão ser registradas em ficha própria.

Observação: A ficha de avaliação será elaborada em conjunto com o departamento de

Recursos Humanos e poderá ser utilizada também para promoção ou elogio.

13. MANUAL DE ENFERMAGEM

O manual de normas e procedimentos o Serviço de Enfermagem é considerado um

recurso utilizado para reunir, de modo organizado, o conjunto de normas e procedimentos técnico-administrativos estabelecidos para a execução das ações de saúde, bem como outras informações significativas para o adequado, eficiente e eficaz desenvolvimento do trabalho de enfermagem. O manual constitui uma fonte de referência objetiva, clara e acessível ao pessoal de enfermagem, sempre que necessário, favorecendo melhor interpretação das bases ou linhas de orientação requeridas em termos de elaboração de planos de ação, execução, coordenação, controle, supervisão e avaliação das ações de enfermagem.

13.1 Normas, Rotinas e Técnicas dos Serviços de Enfermagem

a) NORMAS

PROCESSO: SALA DE URGÊNCIA

Descrição do Processo: É de responsabilidade do profissional de enfermagem da sala de urgência: 1. Organizar a sala; 2. Realizar limpeza concorrente (com água e sabão nas superfícies e após realizar desinfecção com álcool a 70%) no início de cada plantão e a cada paciente pós-alta; 3. Solicitar ao zelador que realize limpeza terminal sempre que houver atendimento de urgência; 4. Checar funcionamento dos equipamentos - aspirador, cilindro de oxigênio e eletrocardiógrafo, chamando a manutenção se necessário e comunicando o enfermeiro; 5. Checar medicação e material de urgência, conforme padronizados pela Secretaria Municipal de Saúde, diariamente. Solicitar reposição após uso; 6. Manter a sala limpa, organizada e abastecida.

b) ROTINAS É essencial ao Serviço de Enfermagem que as rotinas assegurem racionalização,

econômica no trabalho, uniformidade na condução do serviço e melhor desempenho da Equipe de Enfermagem nas funções.

Espera-se que os profissionais de todas as unidades tenham domínio das técnicas de Enfermagem para assegurar aos pacientes um atendimento diferenciado e eficiente.

A seguir, elucidamos o desdobramento de algumas rotinas que compõem o Sérvio de Enfermagem.

Rotina em caso de Óbito

Após constatação do falecimento, pelo médico, comunicar à família se esta não acompanhou o momento final;

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Preparar o corpo, fazendo a higiene e procedendo ao tamponamento, se a religião o permitir. Se for caso de notificação por acidente ou outro, encaminha-lo ao Instituto Médico Legal ou Serviço de Verificação de óbito (SVO);

Preparar o prontuário, preencher toda a documentação e encaminhar aos serviços de Internação e Tesouraria com o aviso de óbito;

Encaminhar uma cópia do aviso de óbito ao Serviço de Apoio, para proceder os cuidados no velório e iniciar a limpeza terminal no quarto que vagou;

Encaminhar o corpo identificado ao velório, avisar a família e tomar as providências necessárias para o momento;

Manter o corpo em condições de vela-lo, vestido e maquiado, se a família preferir. Observação: Tratando-se de óbito por moléstia infecto-contagiosa, orientar a família para

solicitar caixão lacrado e avisa-la sobre os cuidados necessários. Em caso de cremação há necessidade da assinatura no atestado de óbito de 02 médicos como testemunha.

Visita As acomodações em apartamentos individuais permitem que a visita seja livre aos

familiares. Espera-se somente que a família não permita um grande número de pessoas em um determinado horário.

Ficará a critério da Instituição a visita em enfermarias quanto ao horário e número de visitantes.

O horário preferencial para facilitar o atendimento hospitalar é das 10:00 às 21:00 horas. À noite é permitido um único acompanhante no quarto. Se a família quiser aumentar o

número de acompanhantes. Precisará, de autorização especial do Serviço de Internação. A Equipe de Enfermagem deve manter um bom relacionamento com familiares e

acompanhantes, auxiliando-os e orientado-os no que for necessário.

Solicitação de Avaliação do Paciente por outro Profissional A solicitação médica para avaliação por um especialista, deve ser autorizada pelo convênio

do paciente ou pela tesouraria. Os departamentos que autorizam, devem encarregar-se de avisar ao médico.

Em casos de urgência, o Enfermeiro deverá interferir no processo e agilizar a avaliação comunicando aos departamentos responsáveis pela autorização.

O Enfermeiro da unidade deverá acompanhar o médico e apresenta-lo ao paciente, atendendo-os no que se fizer necessário.

O médico e o Enfermeiro deverão fazer as deverão fazer as devidas anotações no prontuário do paciente.

Solicitação de Exames Todos os exames solicitados ao paciente devem ser prescritos no prontuário, pelo médico. O pedido deve ser preenchido, preferencialmente, pelo próprio médico com sua assinatura

ou pela escrituraria da unidade. Todos os exames complementares devem ter impresso próprio, diferenciado por

especialidade.

Sinais Vitais É importante controlar a cada turno, a regularidade ou irregularidade dos sinais vitais. Os

turnos em serviço estabelecem o melhor horário para os controles dos sinais vitais do paciente. É importante respeitar o sono, quando não há irregularidade e estabelecer horários na

prescrição de Enfermagem com intervalos menores, adaptando-se às necessidades do paciente, anotando no prontuário ou em gráfico próprio.

Observação: É importante que cada paciente receba seu termômetro ao internar-se e os quartos tenham instalado o aparelho de pressão arterial em local fixo. Cada funcionário deve possuir seu estetoscópio, evitando infecção cruzada e contaminação pessoal.

Em casos de moléstias infecto-contagiosas, usar as precauções universais e segui-las rigidamente, orientando o paciente e familiares sobre o autocuidado, para evitar contato no período de contágio.

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c) PROCEDIMENTO Definição

Procedimento é a descrição detalhada e seqüencial de como uma atividade deve ser realizada. É sinônimo de técnica.

O procedimento, ao contrário da rotina, geralmente é uniforme para toda a organização, pois está baseado em princípios científicos e, assim, não se modifica, independentemente de quem o realiza. Por exemplo, um procedimento de sondagem vesical é realizado por um enfermeiro, por um auxiliar ou por um médico sempre da mesma maneira. O tipo de material utilizado pode ser modificado, mas o como fazer a sondagem geralmente não. Elaboração

É importante que os passos do procedimento sejam suficientemente detalhados e explicativos, para redimir todas as dúvidas de quem vai executá-lo.

Assim como a rotina, o procedimento também deve ter uma identificação exata. O procedimento pode conter as seguintes informações:

Nome da organização de saúde;

Nome da unidade de enfermagem;

Título do procedimento;

Finalidade;

Princípios a serem observados;

Material Necessário;

Preparo do paciente;

Preparo do Ambiente;

Descrição dos passos;

Anotação no prontuário. Para ser mais explicativos, o procedimento pode conter também ilustrações.

Tipos de procedimento Existem dois tipos principais de procedimento: textual e de colunas. O procedimento textual é descritivo como um texto. Exemplos:

HOSPITAL MENINO DEUS AMBULATÓRIO DE PEDIATRIA PROCEDIMENTO DE VERIFICAÇÃO DE PESO CORPORAL DE CRIANÇAS

Finalidade:

- Analisar o ganho de peso da criança e comparar com a curva normal para a sua idade. Princípios:

- Assepsia, mecânica corporal, economia de tempos e movimentos. Material necessário:

- Balança adequada para a idade da criança; - 02 folhas de papel toalha; lápis e papel; - Prontuário da criança. Preparo do paciente e do ambiente:

- Orientar a mãe e a criança, quando possível, sobre o procedimento que será realizado, explicando como será feito e para quê;

- Certificar que o ambiente está em condições para a realização do procedimento, verificando a existência de correntes de ar, portas, janelas abertas, outras pessoas estranhas na sala;

- Colocar biombo para respeitar a privacidade da criança, quando for necessário. Descrição do passos:

- testar se a balança está tarada, soltando a trava e verificando o equilíbrio do fiel, movimentar a tara com movimentos circulares para frente e para trás, até deixar o fiel equilibrado; - travar a balança, baixando o pino de segurança, com movimento suave; - forrar a balança com papel toalha; - retirar toda a roupa da criança; - colocar a criança na balança e levantar o pino de segurança da trava; - colocar o peso maior (quilo) no valor aproximado do peso da criança; - movimentar o peso marcado pelo peso maior, referente aos quilos, e pelo peso menor, referente aos gramas, olhando para o número marcado no lado interno (direito) dos pesos; - travar a balança, baixando o pino da trava de segurança; - vestir a criança com a ajuda da mãe. Anotação no prontuário:

- registrar o dia, hora, peso preciso, intercorrências, se houverem, e assinatura.

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O procedimento de colunas pode unir várias informações, como, por exemplo, finalidade e

descrição dos passos, material e descrição dos passos, e outros, de acordo com a informação que quer salientar.

Vejamos, como exemplo de procedimento em colunas, uma descrição dos passos e materiais a ser utilizado.

HOSPITAL MENINO DEUS AMBULATÓRIO DE PEDIATRIA PROCEDIMENTO DE VERIFICAÇÃO DE TEMPERATURA AXILAR

Descrição dos Passos Material

1. Enxugar a axila da criança. 2. Afastar as roupas, deixando a axila da criança livre. 3. Baixar a coluna de mercúrio do termômetro, segurando-o firmemente com a mão e fazendo movimentos centrípetos. 4. Fazer a assepsia do termômetro, passando a bola de algodão, de cima para baixo. 5. Colocar o bulbo do termômetro no centro da axila e fechar o braço da criança junto ao tronco, dobrando o antebraço sobre o tórax. 6. Aguardar de 7 a 10 minutos. 7. Afastar o braço da criança e retirar o termômetro, segurando-o com o dedo polegar e indicador. 8. Fazer a leitura da temperatura. 9. Recompor as roupas da criança. 10. Baixar a coluna de mercúrio do termômetro, com movimentos centrípetos, fazer a assepsia do mesmo e guardá-lo. 11. Anotar na evolução de enfermagem a data, o horário e providências, se necessário, com a caneta azul; completar o gráfico com o valor da temperatura encontrada, com caneta vermelha.

1 toalha 1 termômetro 1 bola de algodão com álcool 1 relógio 1 suporte para termômetro Caneta azul e caneta vermelha

14. A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS NA ENFERMAGEM

14.1 A administração de Recursos Materiais

Os recursos materiais, bem como os recursos humanos e financeiros, são essenciais para o funcionamento de qualquer tipo de organização, pública ou privada, de serviço ou de fabricação, com finalidade lucrativa ou não, e constituem fator que possibilita o alcance dos objetivos propostos por essas organizações.

Cabe ressaltar que os recursos materiais representam cerca de 75% do capital das organizações; portanto, a forma de administra-los reflete-se nos custos e na produtividade das empresas.

A administração de materiais “é um ramo especializado da ciência da administração, pois trata especificamente de um conjunto de normas relacionadas com a gerencia de artigos essenciais à produção de um determinado bem ou serviço”.

Para gerenciar com eficiência e eficácia esses “artigos essenciais”, um ciclo contínuo de operações correlatas e interdependentes, válidas para qualquer instituição independentemente do seu tamanho, sendo elas:

- previsão; - transporte;- armazenamento;- distribuição;- aquisição; - recebimento;- conservação; - controle.

14.2 A importância, a finalidade e os objetivos da administração de materiais nas instituições de saúde.

As instituições de saúde, como organização de prestação de serviços, também têm valorizado, em sua estrutura, a administração dos recursos materiais, pois estes contribuem para a infra-estrutura indispensável ao desempenho de suas funções junto à clientela. Pode-se exemplificar com o organograma representado na figura.

Departamento

Técnico Assistencial

Departamento

Médico

Serviço

de Compras

Serviço

de Almoxarifado

Serviço

de Patrimônio

Divisão de Materiais

Departamento

de Administração

Departamento

de Enfermagem

Diretoria do Hospital

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Exemplo simplificação de organograma de hospital, destacando a administração de materiais.

Para compreender os objetivos e a importância da administração dos recursos materiais nas organizações de saúde, deve-se destacar aspectos, tais como:

Os materiais representam geralmente um custo da ordem de 30 a 45% das despesas das instituições de saúde (os recursos humanos têm um custo mais elevado que os materiais no custo do tratamento hospitalar);

A grande variedade de materiais de que os hospitais necessitam para seu funcionamento vão desde equipamentos sofisticados, como um tomógrafo computadorizado, até medicamentos, roupas de cama, produtos de limpeza, peças de reposição e outros;

Os custos hospitalares têm aumentado consideravelmente devido à complexidade de tratamento e procedimentos realizados pelos técnicos da área de saúde em suas especialidades, exigindo materiais modernos para a sua execução junto à clientela;

O produto final das instituições de saúde é a prestação de serviços de saúde aos clientes que recebem ações terapêuticas que não devem sofrer qualquer interrupção.

Considerando-se esses fatores, pode-se dizer a administração dos recursos materiais nas instituições de saúde tem como objetivo coordenar todas as atividades necessárias para garantir o suprimento de todas as áreas da organização, ao menor custo possível e de maneira que a prestação de seus serviços não sofra interrupções prejudiciais aos clientes.

As funções do serviço de materiais nas instituições de saúde são:

Compra;

Armazenamento;

Distribuição;

Controle;

O serviço de compras faz a aquisição de material mediante as solicitações de reposição de estoque emitidas pelo almoxarifado ou por um outro serviço interessado em adquirir um equipamento ou um material que ainda não faça parte do estoque do almoxarifado. Cabe, ainda, ao serviço de compras: proceder à negociação com os fornecedores segundo as normas de compra da instituição, consultando os serviços interessados em relação às especificações e à qualidade do material, encaminhando, após a compra, as notas ao serviço de tesouraria, para que se efetue o pagamento dos fornecedores.

O recebimento, o armazenamento, a distribuição e o controle dos materiais são efetuados pelo serviço de almoxarifado. O controle do material de consumo é feito pelo almoxarifado, a fim de manter os estoques em níveis ideais. O controle do material permanente (equipamentos, mobiliário) é efetuado pela seção de patrimônio, que pode estar ou não ligado ao serviço de almoxarifado ou ao de compras, ou ainda constituir um serviço do departamento de recursos materiais. O serviço de patrimônio controla os extravios, as saídas de equipamentos da instituição para consertos, empréstimos, as transferências internas de materiais entre os serviços, além de dar a baixa no número de controle de patrimônio dos materiais sem condições de uso. Estabelece ainda formas e períodos para o levantamento patrimonial da instituição, que é a contagem de todo o material existente.

Os serviços que mais utilizam a área de recursos materiais nas instituições hospitalares

são:

Nutrição e dietética;

Lavanderia;

Farmácia;

Manutenção; A enfermagem vem se tornando um grande usuário do serviço de materiais nas instituições

de saúde, devido ao número crescente de procedimentos que exigem o uso de materiais específicos.

14.3 A importância da administração de recursos materiais para a enfermagem

A enfermagem, ao longo da história da sua prática profissional, tem sido responsável pela

administração do ambiente físico das unidades nas instituições onde a clientela recebe a assistência à saúde.

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Os enfermeiros preocupam-se com a adequação do ambiente físico, em relação à iluminação, ventilação, limpeza, conservação, e com a dotação de materiais e equipamentos necessária à execução dos procedimentos e tratamentos de enfermagem e médicos.

Portanto, os enfermeiros têm exercícios atividades referentes à administração de materiais em suas unidades de trabalho, sendo responsáveis pela previsão, provisão, organização e controle desses materiais.

O enfermeiro, portanto, coordena as atividades relativas aos materiais, delegando funções de caráter burocrático para os demais membros da equipe de enfermagem e escriturários, tais como: preenchimento de requisição de materiais, controle, guarda, solicitação de conserto, e outras.

Para isso, é imprescindível, como para qualquer outra atividade, que haja um adequado dimensionamento de pessoal auxiliar, para que essas funções não sejam prejudicadas.

14.4 Os materiais a serem gerenciados pelo enfermeiro

A limitação dos materiais sob o controle do enfermeiro parece uma coisa óbvia; porém não

é o que ocorre na prática. Unidade de enfermagem se tornam verdadeiros depósitos de equipamentos e instrumentos de outras equipes de saúde, sem nenhum controle, e somente quando ocorrem problemas, como extravios, roubos e quebras, é que o enfermeiro é responsabilizado. Por isso, há necessidade de deixar bem definido, junto à administração da instituição de saúde, quais os materiais pelos quais o enfermeiro será responsável.

A classificação dos materiais Para efeito de compra, previsão, provisão, preparo, armazenamento, utilização e controle,

os materiais podem ser classificados e agrupados em categorias de acordo com a convivência do serviço. Para a administração dos materiais nas unidades de enfermagem, o enfermeiro pode classifica-lo quanto à finalidade, à duração, ao porte, ao custo, à matéria-prima.

Finalidade Como o próprio termo diz, os materiais podem ser agrupados quanto ao uso a que se

destinam. Exemplo: materiais para oxigenoterapia, cateterismo de veias e outros. Duração Quanto à duração, os materiais podem ser agrupados como permanentes ou de consumo.

Permanentes são materiais cuja duração é superior a dois anos, sendo inconsumíveis pelo simples uso; são geralmente os materiais que constituem o patrimônio da instituição, tais como equipamentos, mobiliários, instrumentais, suportes de soro, macas, e outros.

Porte Os materiais podem ser de pequeno, médio e grande porte. Esta classificação é

estabelecida de acordo com as necessidades de instalação e guarda correlacionada com as dimensões do material. Materiais de grande porte, por exemplo, são as autoclaves de vapor ou de óxido de etileno; de médio porte, os respiradores, os aspiradores; e, de pequeno porte, os inaladores, os pacotes de curativo e outros.

Custo Esta classificação pede auxiliar na seleção e compra e na propriedade de controle dos

materiais. Os de consumo regular geralmente possuem um custo unitário menor que os de consumo ocasional. Porém, devido à quantidade e à freqüência de uso, poderão representar um custo elevado para a instituição, como é caso dos termômetros, esparadrapos, seringas, agulhas e outros.

Matéria-Prima Esta classificação é muito complexa, pela variedade dos produtos hospitalares e,

conseqüentemente, pelas matérias-primas utilizadas na sua classificação. Às vezes um único equipamento possui componentes de diversas matérias-primas é muito importante na administração dos materiais, pois determina as formas de utilização, limpeza, esterilização, acondicionamento, guarda e manutenção. Fornece ainda subsídios para a seleção e a compra em relação a duração das matérias-primas diferentes utilizadas na confecção do mesmo produto, porém de marcas diferentes. Este conhecimento oferece ainda subsídios quanto aos prováveis

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riscos na utilização dos materiais para a equipe de saúde e da clientela. As matérias-primas mais utilizadas têm sido os plásticos (borracha, polietileno, p.v.c., e outros), silicone, metais (aço inoxidável, ágata, prata, mercúrio e outros), vidro, tecido etc.

14.5 A administração dos recursos materiais nas unidades de enfermagem

A gerência dos materiais é definida como um levantamento das necessidades da unidade

de enfermagem, identificando a quantidade e a especificidade deles para suprir essas necessidades.

A previsão dos materiais nas unidades de enfermagem A prisão dos materiais é definida como um levantamento das necessidades da unidade de

enfermagem, identificando a quantidade e a especificidade deles para suprir essas necessidades. Não há uma fórmula matemática já estabelecida para se fazer o cálculo do material

necessário. Para se fazer uma previsão, deve-se fazer o diagnóstico situacional da unidade em relação

às quantidades e a especificidade, analisando os seguintes fatores:

Especificidade da unidade: este fator indicará a especificidade do material, isto é, o que é necessário para o desenvolvimento das atividades em cada unidade (exemplo: na unidade de centro cirúrgico será necessária a previsão de bisturi elétrico, que não será necessária numa unidade de clínica médica);

Características da clientela: faixa etária, sexo, condições sócio-econômicas e patológicas mais freqüentes constituem fatores que influem na previsão dos materiais em relação à especificidade e à quantidade (exemplo: numa clínica médica onde há uma porcentagem elevada de leitos ocupados por pacientes apresentem baixo poder aquisitivo, será necessário providenciar sabonete, pasta dentifrícia, escova de dente, etc.);

Freqüência no uso dos materiais: o número de vezes que material é utilizado na unidade, necessária desse material; a observação do consumo de determinado material num período de tempo, geralmente de três meses, dará essa informação (exemplo: o provimento de bisturi elétrico para todas as salas de operação poderá determinar o cálculo de bisturi de reserva para o caso de quebras, pois têm alta freqüência de uso);

Número de leitos na unidade: é um fator importante na previsão dos materiais por ocasião de abertura de unidade; posteriormente, deve-se ir ajustando a quantidade conforme o consumo; no caso de expansão, é melhor fazer uma projeção em relação à porcentagem de ocupação dos leitos já existentes;

Local de guarda: o espaço físico disponível para a guarda do material determina também a quantidade do material a ser solicitado num determinado período;

Durabilidade do material: a previsão também está ligada à qualidade do material no que diz respeito à durabilidade (isto é, sua visa útil) e também ao prazo de validade de esterilização; às vezes, o consumo de um material está estipulado, porém a aquisição de uma marca de qualidade inferior determina um gasto maior e o estoque acaba antes do tempo;

Periodicidade da reposição do material: é importante fazer um mapa de consumo (exemplo dado na figura) onde deverá constar o tipo de material e a quantidade gasta mensalmente; esse mapa deve ser re-dividido em relação à periodicidade da reposição de material – diária, semanal, quinzenal ou mensal – e quanto tempo deverá para que a solicitação de reposição do material seja atendida pelos serviços visando o melhor atendimento aos pacientes (exemplo: se o gasto mensal de sondas de aspiração número 5 numa unidade de pediatria é de 120 unidades, a reposição pelo almoxarifado é de quinze em quinze dias e demora o prazo de um dia, então a cota deverá ser, mais ou menos, de 65 unidades); é comum acrescentarem-se 20 a 30% no total da cota, para que se tenha margem de segurança; recomenda-se acrescentar 30% em relação aos materiais que tenham maior variação no consumo (exemplo: pra um tipo de sonda vesical que teve vinte, dez e vinte unidades consumidas em três meses, respectivamente, seria aconselhável o acréscimo de 30% em relação ao gasto médio mensal).

14.6 A provisão dos materiais nas unidades de enfermagem

A provisão consiste na reposição dos materiais necessários para a realização das atividades da unidade mediante o encaminhamento do impresso de solicitação aos serviços que

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fornecem materiais. No caso das unidades de enfermagem, as solicitações são para os serviços de almoxarifado, farmácia, nutrição, lavanderia e manutenção (ou de convenção e reparos).

O sistema de reposição pode ser realizado de quatro formas:

Sistema de reposição por tempo: nesse sistema, a reposição ocorre em épocas pré-determinadas, sendo as cotas repostas integralmente; é a forma mais utilizada na enfermagem, porém propicia a formação de grandes estoques na unidade;

Sistema de reposição por quantidade: tendo sido estipulada uma cota quando o estoque chega a um nível mínimo, chamado de estoque de reposição (que é o que garante o tempo de espera da reposição), é emitida a requisição de solicitação de material para o serviço, independentemente de um prazo estipulado; esse sistema, se bem utilizado, pode revelar-se bastante vantajoso, mas pode ocasionar falta de material caso não seja observado, constantemente, o nível mínimo do estoque e os prazos dos serviços que fornecem material quando não existe infra-estrutura que possa atender aos pedidos;

Sistema de reposição por quantidade e tempo: estabelecer-se uma quantidade de materiais (cota) que garanta o consumo durante um período, e em uma época, também predeterminada, é feita a solicitação de materiais na quantidade necessária para repor o estoque; colabora para o não-esquecimento da emissão de solicitação de material e evita o aumento de estoque, e sua realização depende de que se disponha de estudo freqüente da previsão de materiais;

Sistema de reposição imediata por quantidade: geralmente esse sistema é utilizado pelas instituições de saúde particulares; a reposição é feita por uma das vias da ficha de débito do paciente ao almoxarifado e à farmácia, os quais encaminham os materiais para unidade diariamente ou com uma freqüência ainda maior; esse sistema apresenta também um inconveniente, que é o esquecimento de debitar o material, ficando a unidade desfalcada.

14.7 A organização dos materiais nas unidades de enfermagem A organização consiste na maneira como o enfermeiro irá dispor os materiais na unidade.

Ele deve procurar centralizar-los em locais de fácil acesso para facilitar o uso e o controle. A fim de organiza-los melhor, é importante que se analisem os seguintes aspectos: Planta Física É importante identificar quais são os locais centralizados, de livre acesso, de modo que se

possa estabelecer um fluxo que obedeça aos princípios necessários para evitar o cruzamento de material esterilizado ou limpo com material sujo e lixo. Deve-se também estudar os locais e as dimensões para as instalações de armários e gavetas destinados aos materiais de consumo, as salas utilizadas para a guarda de equipamentos ou para a instalação destes (pontos de luz e água, ar comprimido, oxigênio e vapor). É importante manter os materiais em locais livres de poeira, umidade, agentes atmosféricos, ferrugem, corrosões, roubo, deterioração, e outros riscos. Deve-se também armazenar adequadamente os materiais infláveis e outros que possam causar danos à equipe de trabalho e ao paciente. Concluindo: a escolha da área para a instalação ou guarda de cada material deverá ser baseada nas preparo e limpeza, embalagem, forma de armazenamento, riscos, e custo do material.

14.8 O controle dos materiais nas unidades de enfermagem

O controle dos materiais envolve desde a quantidade (consumo), a qualidade, a

conservação e reparos, até a proteção contra roubos e extravios dentro da organização. A realização de um controle adequado fornece dados para a previsão, propícia informação

sobre a qualidade e a durabilidade do material diminui o extravio, aumenta a eficiência dos equipamentos – e assim garante uma utilização apropriada dos recursos materiais, a continuidade da assist6encia ao paciente e a diminuição dos custos relacionados aos materiais.

Os materiais são classificados nas categorias A, B, e C, cada grupo se relacionando com os custos econômicos.

Os materiais classificados na classe A são os que representam maior custo para a instituição. Não significa que sejam os de maior custo urinário. Pode ser que os custo unitário de certo material seja pequeno, porém, conforme a quantidade em que é usado, pode representar um custo elevado (como, por exemplo, os termômetros).

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Dar maior atenção aos materiais classificados no grupo A não significa a falta de controle dos demais itens, mas sim dispensar aos itens B e C tratamento relativos a importância que possuem no conjunto de materiais.

A classificação em grupos A, B e C deverá ser feita junto à administração de materiais da instituição de saúde, pois fornecerá dados a respeito dos custos deles.

A fim de controle, é importante que o enfermeiro também inclua os materiais essenciais à assistência de enfermagem na categoria A, cuja falta pode acarretar risco para o paciente. Por exemplo, os materiais que são utilizados numa parada cardíaca.

Pelo tipo de serviço prestado nas unidades de enfermagem a forma de controle de qualidade de materiais de consumo e equipamentos é manual, não havendo nenhum controle mecanizado.

Basicamente, nas unidades tem-se utilizados, como instrumento de controle de materiais de consumo, um caderno onde se anota o tipo de material, o código de almoxarifado, e as quantidades solicitadas e gastas ou as listas de materiais fornecidas pelo almoxarifado.

É muito difícil de se ter um controle efetivo do gasto de materiais de consumo utilizando medidas paliativas, tais como o sistema de duas gavetas, onde se coloca o estoque em uma, com chave, e se vai transferindo aos poucos, para outra, para consumo. Há ainda o sistema de troca/reposição, onde se apresentam os materiais usados para serem trocados por um novo, como no caso dos termômetros, ou a embalagem vazia como no caso dos esparadrapos.

Utiliza-se também outro caderno onde se anotam os equipamentos, o número de patrimônio e a quantidade e onde são checados periodicamente para controle.

Outra forma de controle de equipamento que tem sido utilizada é o de fichas técnicas (figura). Montar-se um arquivo com ficha dos equipamentos, onde são discriminados os seguintes dados:

Tipo de material;

Acessórios;

Modelo, marca e código;

Quantidade na unidade;

Número de patrimônio;

Data e aquisição;

Defeitos apresentados;

Data de envio e recebimento do conserto e empréstimo. O uso deste sistema de ficha permite efetuar os controles de quantidade e qualidade, nas

épocas de levantamentos patrimoniais nas unidades, e ainda fornece subsídios nas ocasiões em que será solicitado um parecer técnico para compra de novos equipamentos.

A desvantagens do sistema do controle por fichas é a grande quantidade de fichas necessárias, e há necessidade de criar formas fáceis de controlar os materiais. A utilização de computadores poderá facilitar.

14.9 O processo de compra dos materiais utilizados nas unidades de enfermagem

A participação dos enfermeiros no processo de compras de materiais nas instituições de

saúde (hospitalares) vem sendo cada vez mais requisitada. Informalmente, o enfermeiro sempre participou desse processo, opinando quanto ao tipo, à

qualidade dos materiais utilizados nas unidades de enfermagem. Atualmente o enfermeiro tem atuado, oficialmente, em comissões de licitações, integrando

os grupos de assessoria de compra e emitindo pareceres técnicos nos processos de compras; e alguns serviços de enfermagem em instituições de saúde de grande porte têm criado, dentro de sua estrutura, assessorias, seções ou setores de enfermagem para executarem funções relacionadas com controle de qualidade, seleção e compra de materiais utilizados pela enfermagem.

14.10 Manutenção do serviço de enfermagem atualizado a respeito dos novos materiais

Os avanços tecnológicos aplicados na área de saúde, para tratamento e cuidados aos

pacientes, têm propiciado o surgimento de novas matérias-primas para a confecção de produtos hospitalares ou ainda a criação de novos produtos. Com isso, a enfermagem deve conhecer os materiais que surgem e que podem colaborar na assistência de enfermagem do paciente. Cabe ao enfermeiro responsável pela seleção e compra de material manter a equipe informada sobre o

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contato de um novo produto por outro enfermeiro, procurar estabelecer contato com os fabricantes.

Deve-se ainda ressaltar que o enfermeiro pode também participar no desenvolvimento de novos materiais necessários para a assistência d enfermagem.

15. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - SAE

Série de passos (histórico, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição de

enfermagem, evolução e anotação de enfermagem), que focalizam a individualização de cuidados através da solução de problemas

15.1 Registro de Enfermagem

a) Evolução de Enfermagem – PRIVATIVO DO ENFERMEIRO

Consiste na análise diária das respostas do paciente frente às intervenções de enfermagem, em função de resultados atingidos.

O Enfermeiro desenvolve a avaliação e afere os resultados da intervenção, possibilitando uma retro – avaliação contínua na intervenção necessária ao alcance dos resultados esperados.

Deve ser anotada integralmente.

Deve gerar outras ações a serem prescritas.

Deve detectar problemas, caso não obtenha o resultado o esperado.

Privativo do Enfermeiro;

Deverá sempre ser precedida de data e horário, finalizada com a identificação completa do Enfermeiro;

Realizada a cada 24 hs e refeita em parte ou totalmente na vigência de alterações no estado do paciente;

A evolução deve conter identificação de problemas novos, resposta do paciente aos cuidados de enfermagem prestados e resolução dos problemas abordados;

A evolução deve comparar dados anteriores, reflexões e análise do cuidado ministrado versos à resposta do paciente/cliente;

Exemplo: Admitido no setor, as 11:00h, deambulado, acompanhado da mãe, para tratamento clínico

de amigdalite, apresentando os seguintes sintomas: “dor de garganta”, dificuldade de deglutição, hipertermia, cefaléia e “dor na nuca”. Com os seguintes sinais vitais: PA = 110x80mmhg e T = 38º. Relata apresentar sono agitado, alimentar-se pouco, não fazer uso de medicações e não apresentar reações alérgicas, não ser tabagista, nem etilista, apresentar evacuação e diurese diários. Há mais ou menos seis anos apresentou infecção urinária, sendo realizado apenas tratamento clínico. Apresenta ressecamento da pele, dos MMSS e MMII, solução de continuidade nos lábios, presença de placas na garganta acompanhadas de dor, dificuldade de verbalizar e tumefação dos gânglios. Foi instalado soroterapia –Jelco- no dorso da mão do membro superior esquerdo, encontrando-se em repouso no leito. Alba da Crus – Enfermeira COREN-SP 34556 b) Anotação de Enfermagem – ENFERMEIRO, TÉCNICOS E AUXILIARES DE ENFERMAGEM.

São registros ordenados, efetuados pela enfermagem com finalidade essencial de fornecer informações a respeito da assistência prestada;

Assegura a comunicação entre os membros da equipe de saúde e garante a continuidade das informações nas 24 horas, sendo indispensável para a compreensão do paciente de modo global.

São fonte de informações para a elaboração da evolução e consequentemente, das prescrições.

É um instrumento valorativo significante para a assistência de enfermagem e para a sua continuidade.

Devem ser referentes aos dados simples, que não requeiram a um maior aprofundamento científico para a anotação dos dados.

Preceder toda anotação de horário e data.

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Anotar informações completas, de forma objetiva, para evitar a possibilidade de dupla interpretação: não utilizar termos que dêem conotação de valor (bem, mal, muito, bastante, entre outros).

Utilizar frases curtas e exprimir cada observação em uma frase; • Anotar imediatamente após a prestação do cuidado, recebimento de informação ou

observação de intercorrência. • Nunca rasurar a anotação por ter esse valor legal; no caso de engano, usar “digo”,

entre virgulas. • Não utilizar termo “o paciente”, no início de cada frase, já que a folha de anotação é

individual. • Deixar claro na anotação se a observação foi feita pela pessoa que anota ou se é

informação transmitida pelo paciente, familiar ou outro membro da equipe de saúde; • Evitar o uso de abreviaturas que impeçam a compreensão do que foi anotado. As

abreviaturas podem ser eventualmente utilizadas, desde que seu uso seja consagrado; • Assinar imediatamente após o final da última frase e escrever o nome completo, função

e COREN. • Não deixar espaço entre a anotação e a assinatura. Devem ser simples, claras, e referir-se à: • Todos os cuidados prestados. • Respostas dos pacientes à ações que foram realizadas. • Preparos para: cirurgia, exames, tratamentos, etc.. • Sinais vitais (com valores exatos da aferição, e não: normotenso, normocárdico, etc.). • Ações que foram realizadas de rotina ou em função de intercorrências ou ordens

médicas, tais como: medicação fora do horário, restrição, etc. • Sinais e sintomas relatados pelo paciente ou identificados através da simples

observação. • Comportamento, reações do paciente frente aos estímulos (verbais, de movimentação à

dor, etc.) • Medidas de segurança, como proteção contra agravos ambientais, identificação de

alergias, entre outros, etc. • Condições de sondas, drenos, cateteres, curativo, etc. Exemplo: 10:00 hs Recebi paciente deambulando, acompanhado pela mãe, verificado sinais vitais

PA 110x80mmhg e T=38º, orientados quanto as normas do setor. 10:30 hs, instalado soroterapia no dorso da mão do membro superior esquerdo, com jelco, conforme prescrição da Enfermeira e medicado conforme prescrição médica, itens 1 e 2. 11:30 hs paciente com T = 36,8º, informa que não conseguiu alimentar-se, tomou somente o suco, informado a Enfermeira. 18:00 hs apresentou T=38,2º, informado a Enfermeira, e medicado conforme item 2 da prescrição médica. Informa ter apresentado diurese e evacuação normal. 19:00 hs passo plantão, T = 36,5º, repousando no leito, informa ter aceitado metade o jantar. Maria Joana Vieira AE COREN-SP 21122.

15.2 Evolução X Anotação

ANOTAÇÃO DE ENFERMAGEM Elaborado pela equipe Dados brutos Momento Pontual Observação EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM Privativo do Enfermeiro Dados analisados Período Reflexão

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Exemplo:

15.3 Resumo do registro em prontuário

a) Registrar os dados logo após a ocorrência para estabelecer uma continuidade, ou seja, nunca antes nem muito tempo depois dos fatos.

b) Anotar as informações sempre a caneta. Fazer o registro em caneta azul ou preta para o dia, e vermelha para a noite, segundo a rotina do hospital.

c) Indicar o horário toda vez que for fazer uma anotação e ter sempre o cuidado para evitar ambiguidade. EX: 19 horas e não 7 horas.

d) Preencher ou completar o cabeçalho do impresso não esquecendo de colocar a data. e) Anotar os dados com precisão e veracidade, ou seja, não omitir dados nem registrá-

los de forma incorreta. f) Anotar sem deixar espaço em branco para que alguém não altere o registro e cancelar

o espaço com um traço. g) Anotar sem rasurar, se acontecer, utilizar o método utilizado pela instituição para fazer

a correção. De preferência não utilizar corretivo, escrever “nulo” ou “sem efeito” e continuar a anotação deixando o texto nulo entre parênteses.

h) Fazer as anotações de forma objetiva e completa evitando palavras desnecessárias como: “paciente” já que é sobre ele que o relatório está sendo feito.

i) Evitar anotações subjetivas como: “sem queixas”, “passou bem à noite”, “vomitou muito” etc.

j) Anotar as informações quando são dadas pelo paciente utilizando-se os verbos na 3ª pessoa. EX: “informa que”, “refere que”. Se for dada por outra pessoa, escreve-se: “segundo a mãe”, “segundo o pai” etc.

k) Utilizar termos científicos por extenso a não ser as abreviaturas padronizadas normalmente utilizadas como: IM, RX, ECG etc.

l) Terminar o registro com nome legível. Se for escola, colocar também o nome da escola. EX: Al. Aux. Cristina.

m) Evitar assinar a anotação com apelidos. EX: Ro, Fá, Rê etc. Escrever o nome por extenso evitando rubricas.

16 A ESSÊNCIA DA LIDERANÇA

16.1 Definições

a) LIDERANÇA - É a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas. Ao trabalhar com pessoas e conseguir que as coisas se façam através delas, sempre haverá duas dinâmicas em jogo – a tarefa do relacionamento. A chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos.

b) PODER - É a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer a sua vontade, por causa da sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer.

PRESCRIÇÃO 1. Medir circunferência maleolar D e E e abdominal com fita métrica - 9 h Objetivo: avaliar regressão do edema e da ascite (Aux) 2. Auscultar estertores creptantes em ambas as bases pulmonares (Enfermeira) - 9 h Objetivo: monitorar congestão pulmonar

ANOTAÇÕES 9h circunferência maleolar D = 25,8 mm e E = 24,6 mm. 9h Com estertores creptantes em ambas bases pulmonares discretamente diminuídos

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c) AUTORIDADE - A habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal. d) PARADIGMA - “Se você não mudar a direção, terminará exatamente onde partiu”. Paradigmas são padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida. Nossos paradigmas podem ser valiosos e até salvar nossas vidas quando usamos adequadamente. Podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, e deixarmos que eles filtrem as novas informações e as mudanças que acontecem no correr da vida. Agarrar-se a paradigmas ultrapassados pode nos deixar paralisados enquanto o mundo passa por nós.

NOVO PARADIGMA

Concorrência Global Causa e Efeito A mudança é uma constante Defeito zero Melhoria contínua

Um líder é alguém que identifica e satisfaz as necessidades legítimas de seus liderados e remove todas as barreiras para que possam servir ao cliente. Para liderar você tem que servir.

e) VONTADE X NECESSIDADE

Vontade É simplesmente um anseio que não considera as conseqüências físicas ou psicológicas daquilo que se deseja

Necessidade É uma legítima exigência física ou psicológica para o bem estar do ser humano. Pessoas diferentes, tem necessidades diferentes, e por isso o líder precisa ser flexível.

“Os escravos fazem o que os outros querem, os servidores fazem o que os outros

precisam. Há um mundo de diferença entre satisfazer vontades e satisfazer necessidades”. James C. Hunter

16.2 O MODELO

Quem quiser ser líder deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar, deve

servir”. Jesus Cristo

16.2.1 Modelo de liderança

“ A liderança começa com a vontade, que é nossa única capacidade como seres humanos para sintonizar nossas intenções com nossas ações e escolher o nosso comportamento. É preciso ter vontade para escolhermos amar, isto é sentir as reais necessidades, e não os desejos, daqueles que lideramos. Para atender a essas necessidades, precisamos nos dispor a servir e até mesmo a nos sacrificar. Quando servimos e nos sacrificamos pelos outros, exercemos autoridade ou influência. E quando exercemos autoridade com as pessoas, ganhamos o direito de sermos chamados de líderes.”

16.3 AMOR

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.”

VELHO PARADIGMA Invencibilidade dos EUA Eu penso Evitar e temer mudanças Está razoável Apego a um modelo

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1 Coríntios 13:4 - 7

O Amor é: Paciência; Bondade; Humildade; Respeito; Generosidade; Perdão; Honestidade; Confiança; Compromisso.

16.3.1 Amor paciência Mostrar autocontrole em face da adversidade

16.3.2 Amor bondade Dar atenção, apreciação, incentivo.

Prestar atenção às pessoas. Ouvir ativamente as pessoas. O ouvir é provavelmente nossa grande oportunidade de dar atenção aos outros diariamente, dizendo-lhes o quanto os valorizamos.

16.3.3 Amor Humildade

Ser autêntico, sem pretensão, orgulho ou arrogância. Habilidade de ser verdadeiro com as pessoas. “ser humilde é ser real e autêntico com as pessoas e descartar as máscaras falsas”.

16.3.4 Amor Respeito

Tratar as pessoas como se fossem importantes. Deus não criou “lixo humano”. O que existem são seres humanos com problemas de comportamento. Todos nós deveríamos ser dignos de manifestações de respeito apenas por sermos seres humanos.

16.3.5 Amor Abnegação

Satisfazer as necessidades dos outros, mesmo antes da sua.

16.3.6 Amor Perdão

Desistir de ressentimento quando enganado. As pessoas não são perfeitas, de uma maneira ou de outra agredirão você. Precisamos ter um comportamento afirmativo com as pessoas, não um comportamento passivo ou de capacho, ou agressivo, que viole o direito dos outros Comportamento afirmativo consiste em ser aberto, honesto e direto com as pessoas, mas sempre de maneira respeitosa. Perdoar é lidar de um modo afirmativo com as situações que aparecem e depois desapegar-se de qualquer resquício de ressentimento.

16.3.7 Amor Honestidade

Ser livre de engano. A honestidade implica esclarecer as expectativas das pessoas, tornado-as responsáveis, dispondo-se a transmitir tanto as más notícias quanto as boas, dando às pessoas um retorno, sendo firme, previsível e justo. Em suma, nosso comportamento deve ser isento de engano e dedicado à verdade a todo o custo.

16.3.8 Amor Compromisso

Ater-se às suas escolhas.

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O compromisso é provavelmente o comportamento mais importante de todos. Comprometer-se com os compromissos feitos na vida.

16.4 AMBIENTE

Homens e mulheres desejam fazer um bom trabalho. Se lhes for dado o ambiente adequado eles o farão.

É muito importante criar um ambiente saudável para as pessoas crescerem e terem sucesso. É como se plantar um jardim.

16.5 A ESCOLHA

Nossas vidas são feitas de escolhas. Essas escolhas incluem encarar de frente as tremendas responsabilidades que nos

dispomos a assumir e alinhar nossas ações com as boas intenções. Mas muitas pessoas não querem assumir a responsabilidade adequada em suas vidas e

preferem ignorar essa responsabilidade. O caminho para a autoridade e a liderança começa com a vontade. A vontade são as

escolhas que fazemos para aliar nossas ações às nossas intenções. Ao final, todos temos que fazer escolhas a respeito de nosso comportamento e aceitar a responsabilidade por essas escolhas.

Muitas vezes esses comportamentos não nos vêm naturalmente. Através da disciplina, podemos fazer que esses comportamentos “não naturais” se tornem

naturais, se tornem um hábito. Existem quatro estágios necessários para adquirir novos hábitos ou habilidades. Eles tanto se aplicam à aprendizagem de bons hábitos como à de maus hábitos, de boas e

de más habilidades, de bons e de maus comportamentos. Eles se aplicam totalmente ao aprendizado de novas habilidades de liderança.

1) ESTÁGIO UM – INCONSCIENTE E SEM HABILIDADE

Este é o estágio em que você ignora o comportamento e o hábito. Você está inconsciente ou desinteressado em aprender a prática e, obviamente, despreparado.

2) ESTÁGIO DOIS – CONSCIENTE E SEM HABILIDADE

Este é o estágio em que você toma consciência de um novo comportamento, mas ainda não desenvolveu a prática. Tudo é muito desajeitado, antinatural e até assustador.

3) ESTÁGIO TRÊS – CONSCIENTE E HABILIDOSO

Este é o estágio em que você está se tornando cada vez mais experiente e se sente confortável com o novo comportamento ou prática. Você está adquirindo o “jeito da coisa”.

4) ESTÁGIO QUATRO – INCONSCIENTE E HABILIDOSO

Este é o estágio em que você já não tem que pensar. É o estágio em que os líderes conseguiram incorporar seu comportamento aos hábitos e à sua verdadeira natureza. Estes são os líderes que não precisam tentar ser bons líderes, porque são bons líderes. O líder neste estágio não tem que tentar ser uma boa pessoa, pois ele é uma boa pessoa.

Liderança e amor são questões ligadas ao caráter. Paciência, bondade, humildade, honestidade, abnegação, respeito, generosidade,

compromisso.Estas são as qualidades construtoras do caráter, são os hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que vencem no teste do tempo.

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16.6 A RECOMPENSA

Precisamos ter uma missão, um objetivo e um sentido para a nossa vida. As pessoas estão à procura, às vezes desesperadamente, do objetivo e do sentido do que

fazem. Devemos refletir mais sobre nossas responsabilidades hoje. Necessitamos realizar mais coisas que permaneçam depois da nossa morte. Devemos fazer a diferença na vida dos outros. Nós não temos que gostar dos nossos colegas e sócios, mas como líderes, devemos amá-

los e tratá-los como gostaríamos de ser tratados. Amemos uns aos outros. Não amar no sentido de como nos sentimos uns em relação aos

outros, mas na maneira como nos comportamos uns com os outros.

16.7 A ALEGRIA Alegria é a satisfação interior e a convicção de saber que você está verdadeiramente em

sintonia com os princípios profundos e permanentes da vida. Servir aos outros nos livra das algemas do ego e da concentração em nós mesmos que

destroem a alegria de viver. Amar aos outros, doar-nos e liderar com autoridade nos forçam a quebrar nossos

muros de egoísmo e ir ao encontro das pessoas. Quando negamos as nossas próprias necessidades e vontades e nos doamos aos outros, crescemos. Tornamo-nos menos autocentrados e mais conscientes dos outros.

17 AUTOCONCEITO Autoconceito de um indivíduo representa uma imagem subjetiva de si mesmo, um

complexo de integração dos sentimentos conscientes e inconscientes, atitudes e percepções com relação aos valores, papéis e ao ser físico. O autoconceito reflete as interpretações de experiências passadas, interações sociais e sensações. É o que a pessoa pensa sobre si mesma, como uma entidade separada e distinta; é baseado, em parte, em como o individuo acredita que os outros o vêem.

O autoconceito é um padrão de referência que afeta a maneira como o indivíduo vê a si próprio, lida com situações e se relaciona com os outros. A imagem que um indivíduo tem do seu Eu pode ser precisa ou não e, ao passo que o Eu pode sofrer mudanças constantes, o autoconceito demora a mudar. As discrepâncias entre o Eu e o autoconceito podem tornar-se uma fonte de estresse e conflito.

17.1 Componentes do autoconceito

O autoconceito compreende a autoimagem, autoestima, papéis e identidade. Cada aspecto

se desenvolve desde o nascimento e reflete as mudanças que ocorrem durante toda a vida apesar de poderem ser considerados como aspectos diferentes, eles se sobrepõem e são inter-relacionados.

Autoimagem – é a experiência psicológica que um indivíduo possui do seu corpo, isto inclui sentimentos e atitudes. O autoconceito de cada um é influenciado e influencia a maneira como ele vê suas características e habilidades físicas.

Autoestima – é um senso individual de autovalorização, uma avaliação que o indivíduo faz e mantém sobre si mesmo. Está geralmente relacionada à avaliação pessoal da eficiência na escola, no trabalho e na família. A autovalorização é um processo mental ativo. O valor próprio ou autoestima é uma necessidade humana básica.

O indivíduo possui uma necessidade imperativa de sentir-se competente e de ter valor para viver.

A autoestima, por conseguinte, está envolvida no aperfeiçoamento e manutenção do autoconceito.

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Papéis – conjunto de comportamentos com os quais uma pessoa participa de um grupo social. Cada indivíduo pode ter muitos papeis.

Uma mulher pode se comportar de modo diverso, no papel de mãe, como uma profissional e como filha. Papéis envolvem expectativas e padrões de comportamento que foram aceitos pela sociedade ou grupo social do qual se participa.

Identidade – deriva do latim idem, que significa “o mesmo”. A identidade envolve a individualidade persistente e a igualdade de uma pessoa por um período e em várias circunstancias. Implica na conscientização de ser alguém distinto e separado dos outros.

17.2 Estresses que afetam o autoconceito

Um estressor do autoconceito é qualquer fator ou mudança, real ou adquirida, que ameaça

a autoimagem, autoestima, papéis ou senso de identidade do indivíduo. Os estressores desafiam as capacidades adaptativas de uma pessoa.

Indivíduos diferentes reagem à mesma situação com diferentes graus de estresse. Uma variedade de reações ao estresse pode ser observada, inclusive ansiedade, frustração, raiva, inabilidade para se ajustar a uma situação, dificuldade em tomar decisões e tensão. A percepção que um indivíduo tem do estresse é um fator importante que influencia a reação. Cada pessoa aprendeu um padrão de comportamento que possibilita enfrentamento ou adaptação dos estressores. Por exemplo, algumas pessoas utilizam métodos de resoluções de problemas em situações estressantes, no entanto, alguns ficam imobilizados pelas ameaças sentidas e necessitam de ajuda.

Os estressores podem afetar o autoconceito de um individuo em alguns ou em todos os seus componentes. Hospitalização, doença e cirurgia são estressores comuns que podem ter efeitos inter-relacionadas sobre o autoconceito. Uma alteração física causa uma mudança na autoimagem, mas a autoestima e identidade também podem ser afetadas. Algumas doenças crônicas alteram os papéis de um indivíduo, podendo modificar sua autoestima e identidade.

Uma crise é uma experiência de desequilíbrio que ocorre quando uma pessoa não consegue separar obstáculo por meio dos métodos usuais de resolução de problemas e adaptação. Durante uma crise de autoconceito, geralmente são necessários recursos de apoio para ajudar o individuo a aprender novas maneiras de reagir e enfrentar a situação.

A reabilitação e recuperação de um autoconceito positivo ocorrem após eventos traumáticos.

Comportamento do autoconceito

Exemplos

Autoimagem

Função alterada após um acidente vascular cerebral Incontinência Artrite Alteração ou perda de parte do corpo (amputação, mastectomia, colostomia) Crescimento normal e alterações do desenvolvimento (envelhecimento, gravidez)

Autoestima

Perda de emprego Divórcio ou separação Fracassos repetidos Ideal irrealista Dependência

Papéis

Expectativas de papéis incompatíveis Expectativas de papéis não bem definidos Incapacidade de desempenhar e enfrentar adequadamente múltiplos papéis

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Identidade

Exigências da adolescência Pressões dos colegas Conflitos com os pais Preocupações sexuais Preocupações de relacionamento

Exemplos de comportamentos associados à alteração do autoconceito

Autoestima baixa - Sente-se culpado, autopune-se por não alcançar o ideal - Estabelece objetivo irrealistas, sente-se inútil quando não são atingidos - Relacionamentos interpessoais tumultuados - Critica os outros e a si mesmo, pode transformar a autocrítica em crítica aos outros - Importância pessoal exagerada

Confusão de identidade - Abandona atividades por sentir que não pertence ao grupo - É preconceituoso para com os outros, para fortalecer a própria identidade - É rebelde e assume uma identidade negativa em relações às normas sociais - Utiliza mecanismo de fuga (por exemplo: drogas, álcool e exercícios físicos

extenuantes)

Despersonalização - É emocionalmente passivo, sente o mundo como um sonho - Fica confuso e desorientado, tem memória fraca - Isola-se socialmente, sente-se solitário e inferior

18. INTELIGÊNCIAS A inteligência tem significados diferentes para pessoas diferentes. Para um educador,

significa provavelmente capacidade de aprendizagem; para um biólogo, pode ser a capacidade de se adaptar; já os psicólogos usam a palavra inteligência para significar a capacidade de raciocínio e de pensar racional e objetivamente. É a capacidade de usar a experiência e o conhecimento que constitui o comportamento inteligente e possibilita ao homem resolver problemas e adaptar-se a situações variáveis. Pode-se, por exemplo, dar a um homem um conjunto perfeito de ferramentas, mas, a menos que tenha a inteligência necessária, ele nunca adquirirá a habilidade que precisa para usar essas ferramentas.

O comportamento inteligente é sempre racional, diferindo grandemente do comportamento instintivo ou impulsivo, que pode parecer sem fundamento e prejudicial. Observe o comportamento de um homem que está tentando atravessar um rio. Primeiro, ele procura uma ponte ou um barco; na falta disso, procura encontrar um lugar raso; se não o encontra, passa a construir uma jangada, e assim por diante. Este comportamento é racional e compreensível. Mas compare-o com o comportamento de uma mulher rica que brigou com o marido, foi a uma loja, roubou uma bijuteria barata, foi apanhada e enviada à prisão. Tal comportamento impulsivo é incompreensível e sem sentido à primeira vista. E, além do mais, inadaptável, pois pode se repetir outras vezes, mostrando que nada se aprendeu com a experiência.

Às vezes, é inteiramente impossível distinguir a inteligência do comportamento impulsivo. Muitos atos humanos, na realidade, constituem uma mistura dos dois. Os impulsos inteligentes podem desenvolver a tendência a um comportamento aparentemente inteligente; a maior parte de nosso comportamento cotidiano é baseada em hábitos, preconceitos, preferências e aversões emocionais, dos quais nem sempre estamos conscientes.

Nos últimos 50 anos, foram desenvolvidos vários testes na tentativa de mediar o grau de inteligência, também chamado de QI (Quociente de Inteligência).

Nos anos 90, o conceito de inteligência foi sacudido por duas grandes teorias: a inteligência emocional, definida por Daniel Goleman e a ideia das inteligências múltiplas, defendida por Howard Gardner.

18.1 A Inteligência Emocional

Que um diploma não é mais o bastante para garantir um futuro tranquilo, todo mundo sabe.

Difícil é saber o que leva algumas pessoas ao sucesso e outras ao fracasso profissional.

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Por que algumas pessoas que brilharam nos tempos de escola tem empregos medíocres? Porque certos alunos sofríveis voam direto para os altos postos? Como se explica que empreendedores que mal esquentaram os bancos escolares amealham imensas fortunas?

As respostas a essas perguntas complicadas começam a surgir em 95 com a publicação de um livro nos Estados Unidos. Daniel Goleman, psicólogo Ph.D. de Harvard e colaborador do jornal The New York Times, é o autor de Inteligência Emocional, um calhamaço de 350 páginas, onde Goleman se debruça sobre a tarefa de explicar que temos duas inteligências distintas.

Além daquela tradicional que conhecemos, que pode ser medida pelos testes de Q.I., haveria uma outra, a inteligência Emocional. E é, na opinião de Goleman, a emocional que realmente conta: “Um Q.I. alto contribui apenas com 20% para o sucesso de uma pessoa diz ele. É nos 80% restantes, atribuídos a Inteligência Emocional, também chamada de Q.E. (Quociente Emocional), que estaria a chave para a fama ou para a ruína”.

O que é essa inteligência afinal? Goleman resumiu o Q.E. a uma tábua de cinco mandamentos:

A) O Autoconhecimento – É a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos,

usando para tomar decisões que resultem em satisfação pessoal. Quem não entende seus verdadeiros sentimentos estaria a mercê deles: quem os entende,

seria um melhor piloto de sua própria vida, optando conscientemente sobre com quem se casar ou que emprego aceitar.

B) A Administração das Emoções – Trata-se da habilidade de controlar impulsos, de

dispersar a ansiedade ou de direcionar a raiva à pessoa certa, na medida certa e na hora certa. C) A Automotivação – A habilidade de persistir e de se manter otimista mesmo diante de

problemas. D) A Empatia – a habilidade de se colocar no lugar do outro, de entender esse outro e de

perceber sentimentos não verbalizados num grupo. E) Administração do Relacionamento – A capacidade de lidar com as reações

emocionais dos outros, interagindo com tato. Cada pessoa teria uma pitada a mais ou a menos de um desses itens. Alguns conseguem

controlar melhor seus impulsos: não ficam ansiosos, esperando por um elogio, nem ficam deprimidos quando esses elogios não chegam.

Outros não se deixam levar pelo humor. Há quem consiga fazer com que um acontecimento ruim não atrapalhe a concentração nas tarefas do dia-a-dia. Colocadas às coisas dessa forma, parece que Goleman não fez nada além de constatar o óbvio.

Há muito, intuitivamente, executivos usam ferramentas agora batizadas de QE para alcançar sucesso, para promover funcionários ou recrutar quadros. Goleman nem sequer é autor da expressão “Inteligência Emocional”, usada pela primeira vez em 1990 por dois psicólogos americanos, Peter Salovey e John Mayer. Ele teve, porém o mérito de compilar dez anos de estudos em diferentes áreas e de dar ao tema emoção um caráter científico. O que antes poderia soar messiânico, como promover o otimismo dentro das empresas, agora ganhou uma roupagem de técnica melhoria de produtividade individual.

Ter inteligência emocional é, entre outras coisas, ter a capacidade de administrar o conteúdo emocional expresso no processo de comunicação.

18.2 A ideia das Inteligência Múltiplas

Há dez anos, Howard Gardner provocou um verdadeiro tiroteio intelectual entre

especialistas em Educação, em muitas partes do mundo. O professor americano simplesmente estava propondo, a partir de sua base, na Universidade de Harvard, que era preciso jogar na lata de lixo da história um sem fim de teorias e prática relacionadas ao estudo da inteligência humana e seus desdobramentos no currículo das escolas. O alvo número um das pesquisas e da ira (quase sagrada) de Gardner foram os testes par medir a inteligência – o mais célebre de todos, como se sabe, é o teste de QI (Quociente de Inteligência).

Segundo Gardner, de nada adianta você ser um mestre na arte de resolver os dilemas dos testes de QI. Para ele, os testes são ótimos para as pessoas que os aplicam, algumas das quais

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ganham um bocado de dinheiro. Mas – diz Gardner – o que adianta ser um craque nos testes de inteligência, se eles explicam tão pouca coisa, ou nada?

Visão pluralista - Depois da primeira e gigantesca epidemia de QI, surgiram as pesquisas do psicólogo Jean Piaget a respeito da inteligência. “O grande psicólogo do desenvolvimento – escreveu Gardner – pensou que estava estudando “toda” a inteligência, mas eu acredito que ele estava estudando o desenvolvimento da inteligência lógico-matemática (que envolve também a capacidade científica). Numa de suas conferências paulistanas, Gardner reafirmou aquilo que é sua idéia fundamental: “não existe um único tipo de inteligência, embora muitos matemáticos considerem a inteligência lógico-matemática superior”. Para invadirmos mais um pouco o terreno de Howard Gardner, vamos especificar mais uma de suas idéias: “não existe uma inteligência geral, só inteligências diferentes”.

Gardner diz que apoiou sua teoria “pluralista” da mente em estudos científicos. “Meu treinamento – diz Gardner – foi o de um psicólogo. Eu trabalhei com crianças e, principalmente, com adultos que sofreram derrame cerebral e perderam alguma habilidade. Numa visão tradicional, a inteligência é definida operacionalmente como a capacidade de responder a itens em testes de inteligência. A teoria das inteligências múltiplas pluraliza o conceito tradicional. Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural.”

Inicialmente, Howard Gardner conduziu suas reflexões para sete tipos básicos de inteligências. Aliás, pelo que se deduz de algumas de suas colocações, ele não se preocupa em que se substitua a palavra “inteligência” por “talento”. Mas, hoje, ele estendeu, como veremos, suas cogitações para uma formulação que pode parecer estranha ou pitoresca. Isso porque, em suas conferências no Brasil, ele situou “oito inteligências e meia”. Gardner concluiu, recentemente, que deveria adicionar à sua lista original de “sete inteligências” outra, que ele chama de “inteligência naturalista” - aquela que caracterizaria um talento muito especial para lidar com plantas, animais, nuvens, areias do deserto. Mr. Gardner, brincando, diz que um sujeito vindo de Nova York que caísse de pára-quedas em São Paulo ou nas selvas da Amazônia enfrentaria problemas bem diferentes. Poderíamos imaginar que o personagem Robison Crusoé, do escritor inglês Daniel Defoe, tinha uma inteligência naturalista altamente desenvolvida. Assim, ele pôde sobreviver numa ilha deserta, depois de célebre naufrágio.

Quando Gardner fala em “meia inteligência” é porque ele ainda não consolidou suas observações a respeito da existência da inteligência “existencial”. Ela seria própria, por exemplo, dos religiosos e filósofos; daqueles que questionam “quem somos”, “por que morremos”, “porque existimos” e as coisas análogas. Claro que são questões que os filósofos chamam de ontológicas, ligadas a temas radicais da existência humana.

As inteligências segundo Gardner:

Lógico-matemática - Capacidade de raciocínio lógico e compreensão de modelos

matemáticos. Habilidade de lidar com conceitos científicos. Linguística - Domínio da expressão com a linguagem verbal. Espacial - Sentido de movimento, localização e direção. Musical - Domínio da expressão com sons. Corporal Cinestésica - Domínio dos movimentos do corpo. Intrapessoal - Capacidade de auto compreensão, automotivação e conhecimento de si

mesmo. Habilidades de administrar os sentimentos a seu favor. Interpessoal - Capacidade de se relacionar com o outro, entender reações e criar empatia. Naturalista - Sensibilidade para aprender os processos da natureza. Existencial (em estudo) - Voltada par questionamentos filosóficos e religiosos.

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19. A COMUNICAÇÃO HUMANA

19.1 Definição É uma série dinâmica e contínua de eventos nos quais uma intenção é criada e

transmitida. A intenção de uma mensagem não é simplesmente transferida de uma pessoa a outra; é

mutuamente negociada entre pessoas que se comunicam. Para que a comunicação seja efetiva, o significado aprendido pela pessoa que houve, deve

ser semelhante ou idêntico à intenção que o transmissor pôs na mensagem transmitida.

19.2 Fatores que influenciam a comunicação

Percepções Cada pessoa sente, interpreta e entende o ambiente de forma diferente. As percepções

são a visão pessoal de um indivíduo sobre os eventos acontecendo em seu ambiente e são formadas pelos objetivos e expectativas desse indivíduo; diferenças de percepção podem se constituir em obstáculos para uma comunicação efetiva e é muito difícil mudar percepções formadas durante anos de experiências semelhantes.

Valores

Os valores refletem o que uma pessoa considera importante na vida. Diferentes experiências e expectativas conduzem à formação de valores diferentes: esses valores influenciam o modo como a pessoa expressa suas idéias e a maneira como as idéias de outros são interpretadas. O conflito de valor ocorre quando os valores de uma pessoa diferem dos de outra pessoa.

Emoções

As emoções representam os sentimentos subjetivos de uma pessoa sobre os eventos que acontecem em seu meio e influenciam o modo dela utilizar suas capacidades e se relacionar com outras pessoas. O profissional de enfermagem deve facilitar a comunicação, de modo a não permitir que as emoções interfiram na prestação do melhor atendimento possível. Ele deve, porém, usar de empatia. Uma rede de apoio é necessária para que o profissional de enfermagem e o paciente expressem emoções potencialmente prejudiciais.

Formação Sócio Cultural

A cultura de uma pessoa determina suas generalizações e pré-concepções do mundo. Linguagem, gestos e atitudes refletem sempre origens culturais. O profissional de enfermagem deve ser capaz de aceitar a formação cultural do paciente e compartilhar de sua estrutura de referência.

Conhecimento

Diferentes níveis de conhecimento tornam a comunicação mais difícil. É essencial que se estabeleça uma linguagem comum através de diferentes níveis. O conhecimento é produto do desenvolvimento e da instrução.

Posição e Relacionamentos

Nós nos comunicamos com outras pessoas em um estilo adequado aos papéis e relacionamentos que assumimos com as mesmas. A formalidade ou informalidade da comunicação depende de quem está num determinado papel ou posição, e do tipo de relacionamento estabelecido entre as partes que se comunicam. Se os participantes estão cientes de seus papéis num relacionamento, então, a comunicação é possível.

Meio Ambiente

Meio Ambiente: a comunicação é mais efetiva quando ocorre num ambiente agradável. Barulho ou falta de privacidade podem causar confusão, tensão ou mal-estar. Além disso, as distrações produzidas pela ambiente podem distorcer a comunicação.

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ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

O referente é o fator que motiva um indivíduo a se comunicar com outro. Ele pode ser um

objetivo, uma experiência, emoção, ideia ou ação. Um indivíduo que, conscientemente considera esse referente durante uma interação interpessoal, pode cuidadosamente desenvolver ou organizar a mensagem que por fim é enviada.

O remetente é a pessoa que inicia a comunicação interpessoal. Este papel pode ser alterado entre os participantes a qualquer tempo.

A mensagem é a informação eventualmente enviada ou expressa pelo remetente. A mensagem mais efetiva é clara, organizada e expressa, de modo familiar, ao receptor e pode ser composta de informações verbais ou não.

A mensagem é enviada através de um canal de comunicação. Canais são meios de condução de mensagens através dos sentidos visuais; auditivo e tátil. A expressão facial do remetente transmite visualmente uma mensagem à pessoa com quem ele está se comunicando. A palavra falada viaja através dos canais auditivos. Quando colocarmos a mão em uma pessoa enquanto nos comunicamos, utilizamos o sentido do tato. Geralmente, quanto mais canais o profissional de enfermagem utiliza para enviar uma mensagem, melhor o paciente a compreenderá.

O receptor é a pessoa para quem a mensagem é enviada. Para que a comunicação seja efetiva, o receptor precisa perceber ou tornar-se ciente da mensagem do remetente.

Assim, a mensagem gerada age como um dos referentes do receptor. Esse referente prepara o receptor para responder à mensagem do remetente. O profissional de enfermagem aprende a se ocupar da comunicação interpessoal enquanto analisa e interpreta o que o paciente tem a dizer.

O processo de comunicação é dinâmico. O receptor devolve a mensagem na forma de resposta. A resposta revela se o significado da mensagem foi recebido. A simples intenção de comunicar é insuficiente para se assegurar que a mensagem foi precisamente recebida. A resposta verbal ou não do receptor envia um retorno ao remetente, revelando seu nível de compreensão da mensagem recebida. O profissional de enfermagem precisa estar receptivo a uma resposta do paciente, para certificar-se de que houve compreensão da mensagem.

Os papéis de remetente e receptor se alternam enquanto duas pessoas se comunicam. Devido ao relacionamento recíproco envolvido na comunicação, o modelo tende a simplificar em excesso um processo complexo. Ambos, remetente e receptor, são influenciados por uma série de variáveis interpessoais.

A comunicação interpessoal torna-se mais complexa porque cada pessoa é diferentemente influenciada por essas variáveis, as quais podem, inclusive, transformar uma comunicação interpessoal em uma experiência única.

19.3 Métodos de comunicação

Comunicação Verbal

A Comunicação Verbal envolve o uso da palavra escrita ou falada. A linguagem é um código que transmite significados específicos. Assim, a introdução de uma única palavra adicional pode alterar todo o significado de uma frase ou sentença. A linguagem é efetiva somente quando o remetente e o receptor entendem claramente uma mensagem.

Vocabulário: A comunicação não será bem feita se o receptor não for capaz de traduzir as palavras e frases do remetente. Se o profissional de enfermagem usar muitos termos

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técnicos, o paciente pode ficar confuso e incapaz de seguir as instruções ou aprender informações importantes.

Ritmo: A comunicação verbal será mais eficiente quando expressa em velocidade e ritmo apropriados. Falar rapidamente, usando pausas inadequadas, ou ao contrário, falar vagarosamente, são situações que podem deliberadamente conduzir uma mensagem não pretendida.

Entonação: O tom da voz de quem fala pode ter um impacto considerável sobre o significado da mensagem. Dependendo da entonação, a simples frase “como vai você?” Pode expressar entusiasmo, preocupação, indiferença e mesmo aborrecimento. As emoções de uma pessoa podem influenciar diretamente seu tom de voz. O profissional deve ficar alerta sobre suas emoções ao estabelecer uma comunicação com os pacientes.

Clareza e Brevidade: A comunicação efetiva deve ser simples, curta e objetiva. Quanto menos forem as palavras faladas, menor será a confusão resultante. Dividido às variáveis intrapessoais envolvidas, a comunicação humana nem sempre é precisa.

Tempo e Relevância: O tempo é fator crítico para a recepção de uma mensagem. Por exemplo, se um paciente estiver gritando de dor, essa não será a hora certa para explicar a ele os riscos de uma cirurgia. Mesmo que a mensagem seja formulada de modo claro e breve, o tempo inadequado poderá impedir que esta seja devidamente recebida. Assim, o profissional deve reconhecer a ocasião adequada para conversas com os pacientes. Geralmente, o melhor momento para a internação é aquele em que o paciente expressa interesse em se comunicar. Perguntando simplesmente “Você gostaria de conversar a respeito de sua cirurgia?”, pode-se economizar tempo e energia se o paciente não quiser conversar. Além disso, uma pessoa tem mais tendência a querer se comunicar se a mensagem for relevante. Por exemplo, se um paciente tiver que enfrentar uma cirurgia cardíaca no dia seguinte, uma discussão sobre os riscos do fumo terá menos relevância do que uma revisão dos procedimentos pré-operatórios.

Comunicação Não-Verbal

Geralmente as ações falam mais do que as palavras. A comunicação não-verbal é a

transmissão de mensagens sem o uso de palavras. Nós nos comunicamos continuamente de modo não-verbal em cada encontro face a face. Gestos comunicam mensagens muito mais significativas do que palavras. As mensagens não-verbais nos ajudam a julgar a confiabilidade das mensagens verbais. Um profissional de enfermagem precisa estar alerta sobre ambas as mensagens, verbais e não-verbais, a serem enviadas aos pacientes. Sua percepção e interpretação das manifestações não-verbais dos pacientes exigem a sensibilidade sobre as intenções básicas do mesmo, enquanto se comunica. Por exemplo, um paciente que diz sentir-se bem, mas que ao mesmo tempo faz caretas e se balança de um lado, está transmitindo duas mensagens diferentes. As mensagens não-verbais são geralmente mais subjetivas do que as verbais. É preciso tempo e prática para se tornar um observador astuto do comportamento não-verbal.

Devido ao fato de ficar exposto durante as interações com pacientes e suas famílias, o profissional de enfermagem deve cuidar para que a comunicação não-verbal seja compatível com o que é dito verbalmente. Qualquer conflito resultante de uma eventual incompatibilidade entre as linguagens verbal e não-verbal pode ameaçar o seu relacionamento com o paciente. Por exemplo, um enfermeiro que diz ao paciente que ele vai se sentir melhor, mas que ao mesmo tempo manifesta uma expressão de dúvida, não conseguirá aliviar a ansiedade desse paciente. A aceitação do enfermeiro como profissional, por parte do paciente, pode depender da maneira como ele apresenta sua imagem profissional e de prestador de assistência.

a) Aparência Durante um contato interpessoal, a primeira observação que se faz é da aparência do

interlocutor. Características físicas, a maneira de se vestir, de se expressar e o uso de jóias e enfeites fornecem indícios sobre o bem-estar físico, personalidade, condição social, profissão, religião, cultura e autoconceito de uma pessoa. Não existem padrões estabelecidos para características físicas que indiquem boa saúde. Entretanto, qualquer alteração súbita na aparência de uma pessoa pode indicar o início de uma doença.

A aparência física geralmente conduz as impressões duradouras sobre a personalidade e o autoconceito de um indivíduo. Infelizmente, porém, visões estereotipadas relativas às características do “corpo perfeito” influenciam a imagem transmitida pelas características do

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corpo. O profissional de enfermagem deve avaliar a importância que a aparência física tem para um paciente que será submetido a uma cirurgia ou que tenha uma doença do corpo.

Os vestuários de uma pessoa ou de adornos que usa, também são elementos importantes da aparência física. As roupas têm uma variedade de funções: enfeite, proteção (física e psicológica), atração sexual, autoafirmação, identidade grupal e exposição de um papel. A aparência física de um enfermeiro influencia a percepção do paciente quanto aos cuidados recebidos. Cada paciente tem uma imagem pré-concebida de como o enfermeiro deverá se apresentar. O tradicional uniforme branco pode ser um símbolo de pureza e limpeza. Embora o uniforme não seja o reflexo das habilidades do enfermeiro, caso o profissional em questão não consiga satisfazer a imagem concebida pelo paciente, ficará mais difícil de estabelecer um sentimento de confiança e segurança. Um profissional de enfermagem usa um uniforme limpo e confortável e o mínimo de joias, de modo a poder executar suas tarefas com facilidade.

As características físicas, tais como cabelos, cor da pele, peso, vigor e a existência de qualquer deformidade, também transmitem informações sobre as condições de saúde do indivíduo. Não existem padrões estabelecidos para essas características, que determinem boa saúde. Cada indivíduo apresenta várias combinações de características físicas. O profissional deve estar atento às alterações na aparência física de uma pessoa, já que essas podem ser sinais significativos de doença.

b) Postura e Marcha O modo como uma pessoa se mantém ereta e anda é uma forma visível de auto-

expressão. A Postura e a marcha refletem emoções, autoconceito e bem-estar físico. Postura ereta e marcha rápida e segura transmitem uma sensação de bem-estar e segurança; já uma postura curvada e um marcha lenta e arrastada pode indicar depressão ou mal-estar. Uma postura arqueada pode ser uma resposta de proteção a uma doença ou lesão física. Os profissionais de enfermagem podem reunir informações úteis apenas pela observação da postura e marcha do paciente. Doenças específicas alteram a marcha de modo característico, tal como a marcha arrastada na doença de Parkinson. A marcha ainda pode ser alterada por muitos fatores tais como: dor, efeito de drogas, fraturas e depressão emocional. Postura e marcha podem não ser a única base para uma análise diagnóstica, mas fornecem sinais importantes relacionados ao bem-estar do paciente.

c) Expressão Facial O rosto de uma pessoa tem um grande potencial de comunicação. Sendo a parte mais

expressiva do corpo, ele fornece nuances evidentes e sutis que auxiliam na interpretação de mensagens. Através de estudos específicos foi demonstrado que o rosto revela seis emoções primárias: surpresa, medo, raiva, aversão, felicidade e tristeza.

As expressões faciais geralmente se transformam na base de julgamentos interpessoais importantes devido à sua diversidade, fica difícil julgar o significado de uma expressão facial. O rosto pode revelar emoções sinceras, uma expressão pode contradizer emoções verdadeiras ou as expressões faciais podem ainda ser omitidas, e geralmente as pessoas não se dão conta das mensagens que suas expressões podem transmitir. O fornecimento de uma resposta clara ajuda a diminuir qualquer confusão resultante de mensagens e expressões conflitantes. Quando as expressões faciais não conseguem transmitir mensagens claras, deve-se dar uma resposta verbal para se ter certeza da intenção daquele que fala.

Por exemplo, os profissionais estão sob constante observação dos pacientes. Considere o impacto que a expressão facial de um enfermeiro pode ter sobre um paciente que pergunta: “Eu vou morrer?”. A mais leve mudança na expressão dos olhos, lábios ou rosto pode revelar os verdadeiros sentimentos dessa. É muito difícil controlar todas as expressões faciais. Entretanto, o profissional aprende quais expressões pode revelar a um paciente. Por exemplo, ao cuidar de um paciente debilitado ou com deformidades, o profissional deve evitar expressões de aversão.

Finalmente, o contato através dos olhos é uma parte importante das expressões faciais transmitidas por seus movimentos: olhos bem abertos são associados à franqueza, terror e ingenuidade; olhar para baixo reflete modéstia; erguer as sobrancelhas pode revelar desprezo e um olhar fixo constante é frequentemente associado ao ódio e frieza. Quando duas pessoas se encontram, o contato através dos olhos geralmente antecipa uma mensagem. O contato inicial dos olhos mostra disposição para se comunicar e as pessoas que se olham durante uma conversa são consideradas confiáveis. Fazer o contato visual permite que nos tornemos observadores

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perspicazes de outros indivíduos e já foi sugerido que o grau em que o contato através dos olhos ocorre, influência significativamente a comunicação. O profissional deve evitar olhar de cima para o paciente: parecerá menos dominador e ameaçador se puder se sentar ao lado do paciente, no mesmo nível de seus olhos.

d) Gestos Manuais Uma saudação, um aceno de mão e um polegar apontado para cima no ar são gestos

manuais. Ao gesticular, as mãos dão expressões visuais, enfatizando, pontuando e esclarecendo a palavra falada. Os gestos isolados podem revelar significados específicos ou ainda criar mensagens em conjunto com outros sinais de comunicação. Um dedo apontado para uma pessoa pode transmitir vários significados, mas quando o dedo apontado vem acompanhado de um franzir de sobrancelhas e um tom de voz detestável, o gesto se transforma num sinal de acusação ou ameaça. O profissional de enfermagem aprende a considerar os gestos como parte do padrão global de comunicação do paciente. Uma mão repousando sobre o abdômen não transmite a mesma mensagem que uma careta, uma postura arqueada e a mão sobre o abdômen o fazem quando expressam dor. Os gestos são também combinados com expressões e outros sinais não-verbais para criar mensagens específicas.

e) Toque O toque é uma forma muito pessoal de comunicação e as pessoas envolvidas num

processo desta natureza devem estar muito próximas quando se usa este recurso. Devido ao fato de ser mais espontâneo do que a comunicação verbal, o toque é geralmente considerado como mais autêntico. Várias mensagens são transmitidas através do toque, tais como afeição, apoio emocional, encorajamento, ternura e atenção pessoal. É uma parte muito importante no relacionamento enfermeiro-paciente, mas deve ser usado com certa discriminação, pois sólidas normas sociais governam seu uso. Quem, quando, por que e onde as pessoas podem tocar isso é determinada por regras socioculturais não escritas e muitas pessoas erroneamente percebem o toque como tendo somente implicações sexuais.

Os profissionais contam com o toque quando executam várias intervenções. Podem tocar os pacientes ao realizar abordagens físicas, ao dar banho, ao esfregar as costas, ao ajudar o paciente a se vestir e aqueles que não estiverem acostumados ao toque ou a serem tocados poderão se sentir desconfortável ao realizar tais atividades.

De modo similar, a pessoa que assume o papel de doente deve permitir o contato físico mais íntimo do que o normalmente tolerado. A doença coloca a pessoa num papel de dependente que requer do profissional o início e manutenção de um contato interpessoal mais íntimo. É, portanto, importante manter-se aberto à disposição do paciente em ser tocado. Se o paciente se retrai ao toque do profissional ou se recusa a segurar sua mão durante um momento de dor, ele provavelmente se sente desconfortável ao ser tocado. Finalmente, o toque pode ser um instrumento terapêutico útil. Segurar a mão de um paciente queixoso é uma atitude que transmite melhor compreensão do que palavras ou outros gestos. Os profissionais devem estar seguros para usar o toque proposital durante as interações. Embora possa ser útil a um paciente, o uso do toque deve ser sempre claramente compreendido e aceito.

f) Espaço e Territorialidade Territorialidade é a necessidade de se obter, manter e defender um direito exclusivo sobre

um espaço próprio. Durante a interação social, as pessoas conscientemente mantêm uma distancia entre si. O espaço pessoal é invisível e móvel – ele caminha com a pessoa. O território pode ser separado e delimitado claramente para os outros, tais como um terreno cercado, uma toalha na praia ou a cama num quarto de hospital. Sempre que o espaço pessoal se torna ameaçado de invasão, o resultado é uma resposta defensiva, que impede a comunicação efetiva. Os profissionais frequentemente trabalham com pacientes em situações nas quais o espaço e o território são fatores importantes. Como no caso do toque, à distância que separa um enfermeiro de um paciente deve ser julgada de acordo com a natureza da situação. A restrição física do paciente com risco de se machucar, ressuscitação boca a boca, segurar no colo uma criança que chora e facilitar as funções excretoras de um paciente com incontinência, exigem que se mantenha uma distância muito pequena entre o paciente e o profissional. Hein (1973) descreve essa distância sendo de 50cm ou menos. O paciente que recebe esses cuidados é sensível a

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respeito de como o profissional mantém essa distância, e este, por sua vez, deve transmitir uma sensação de confiança e gentileza.

Quando a distância entre eles se torna maior, tanto o paciente quanto o profissional de enfermagem sentem-se mais à vontade e uma flexibilidade maior é proporcionada quando o contato íntimo não é exigido. Sentar-se ao lado de um paciente é um exemplo de uma medida de enfermagem na qual a distância pessoal (50cm a 1,20m) oferece a proximidade necessária nos relacionamentos interpessoais. O aumento da distância física torna mais fácil a comunicação tanto para o paciente quanto para o profissional, pois as suas atitudes e manifestações se tornam menos impostas. A distância social (1,20 a 3,60m) é necessária quando lidamos com grupos de pessoas. Passar visita com os médicos é um exemplo de uma interação de grupo. A comunicação é menos ameaçadora do que num espaço pessoal ou íntimo, pois aqui não se exige que haja um compartilhamento íntimo de pensamentos e sentimentos.

19.4 Técnica de Comunicação Terapêutica

a) Usar terapeuticamente o silêncio É o uso do silêncio para intervir terapeuticamente e quebrar o silêncio do paciente, ou seja,

estimulá-lo a expressar-se. b) Ouvir reflexivamente É o ponto chave para atender o paciente, ou seja, para que este se envolva no processo

de relacionamento terapêutico. Ao ouvir o paciente precisamos estar atentos para:

não julgar o conteúdo do pensamento que é expresso;

concentrar toda nossa atenção no cliente;

pensar reflexivamente no que ele diz;

tentar compreender o que está sendo dito;

observar a maior preocupação.

c) Verbalizar aceitação A fim de que o paciente possa se sentir livre para falar, ele precisa sentir-se aceito como

pessoa, pois esta é uma das necessidades humanas básicas. d) Verbalizar interesse É demonstrar percepção do paciente e do que ele faz. Exemplo: 1 - Enfermeira - Hoje o senhor permaneceu mais tempo na fisioterapia. 2 - Enfermeira - Soube que o senhor colaborou com o exame hoje. e) Usar frases incompletas Nesta, a enfermeira repete a informação dada ou parte desta com inflexão de voz que é

praticamente um convite para o paciente continuar a falar. Exemplo: 1 - Enfermeira - O senhor quer alta porque... 2 - Enfermeira - O que aconteceu depois que a... f) Repetir comentários feitos pelo paciente Ao repetir o comentário feito pelo paciente ele percebe que estamos atentos ao que ele

fala e isto pode estimulá-lo a continuar falando sobre um assunto que havia interrompido. Exemplo: 1 – Enfermeira - A Sra. disse que está cansada de tomar soro e... 2 – Enfermeira - A Sra. disse que tem vontade de ir embora... g) Repetir as últimas palavras ditas pelo paciente Às vezes, o paciente está descrevendo uma experiência e para de repente. A Enfermeira

poderá repetir apenas suas últimas palavras para tentar dar continuidade ao assunto Exemplo: 1 - Enfermeira - O médico chegou e... 2 - Enfermeira - Não ligaram o soro...

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h) Fazer perguntas A pergunta deve ser feita em termos claros, ao nível de compreensão do paciente, uma de

cada vez, a fim de permitir que este elabore a resposta de acordo com o ritmo de que é capaz. "Baterias de perguntas", ou seja, uma série de perguntas sem interrupção deve ser evitada.

Exemplo: 1 – Paciente – Vou à sala de Terapia Ocupacional, mesmo sem autorização. 2 – Enfermeira – A Sra. acha que conseguirá fazer alguma coisa com as mãos tão

trêmulas? 19.5 Modos de comunicação

a) Confirmação: A confirmação ocorre quando o que é comunicado por uma pessoa,

sentimento, pensamento, experiência é percebido e respeitado pela outra pessoa, neste caso, conteúdo e relação da mensagem são aceitos, portanto confirmados.

Exemplos: 1 - Paciente - Enfermeira, eu não gostei do modo como a Sr. Falou com o outro paciente. Enfermeira - Eu também não gostei e aceito que o senhor o diga. 2 - Paciente pediátrico - Enfermeira, eu gosto quando você vem aqui. Enfermeira - Eu também gosto e já percebi que você também gosta. b) Desconfirmação A desconfirmação surge quando os pensamentos e sentimentos do paciente não são

considerados. É como se lhe fosse negado o direito de ser uma pessoa que tem seu próprio modo de

agir, pensar e sentir. Os sentimentos do paciente não são levados em conta e faz com que ele se sinta

considerado como objeto. Exemplos: Quando a enfermeira e funcionários passam plantão de leito em leito, falam sobre os

pacientes, mas não com eles. 1 - Paciente - Eu acho a Sr. uma ótima enfermeira. Enfermeira - O que? Se achasse mesmo, faria tudo direito, seguiria as rotinas e não

chamaria tantas vezes a funcionária. c) Negação No modo negação, o conteúdo da informação não é aceito, mas a relação (comportamento

e afeio) é mantida. A pessoa se sente respeitada, embora a outra não confirme sua informação; o EU da pessoa não é necessariamente negado.

Exemplo: 1 - Paciente - Eu gosto mais quando o médico prescreve soro do que comprimido. Enfermeira - Não é o que eu tenho observado, gostaria de falar sobre isto? d) Dupla mensagem Dizemos que há dupla mensagem quando nela estão implícitos conteúdos contrários e

também quando a forma verbal da mensagem da uma informação contraditória ao que é demonstrado na forma não verbal.

Neste caso, a expressão verbal é invalidada pela não verbal e esta, em geral dos indícios de como a mensagem deve ser interpretada.

Exemplo: Uma paciente internada em uma unidade dermatológica recebia visitas freqüentes de seus

familiares; estes diziam estar muito saudosos e sentir muito sua falta, mas evitavam tocar na sua mão quando ela a estendia para cumprimenta-los.

Permaneciam sentados, por pouco tempo, a uma distância de aproximadamente um metro da cama, não a tocavam, nem aos seus pertences e demonstravam, pela expressão facial, que não se sentiam bem quando precisavam se aproximar dela ou pegar algum objeto que ela lhes entregava.

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19.6 Comunicação não terapêutica O motivo da enfermeira, às vezes não saber ouvir o paciente de modo reflexivo pode

significar que suas próprias necessidades são por ela colocadas acima das do paciente; neste caso, o paciente pode supor que a enfermeira não está interessada nele ou que ele a aborrece.

Para que esta possa corrigir sua deficiência na comunicação precisará, antes de tudo, ter consciência do fato e desenvolver-se na habilidade de ouvir reflexivamente.

Exemplos:

Usar linguagem inacessível com termos técnicos ou científicos quando interagem com o paciente.

Uso de argumentos nem sempre válidos (falsa tranquilização) como generalizar as queixas do paciente ou afirmar algo que pode não acontecer - "na vida tudo passa", “amanhã é outro dia", ou também já passei por isto, e “estou aqui", "tudo dará certo".

Dar conselho ou dizer ao paciente o que ele deve fazer impede-o de tomar suas próprias decisões.

Em geral, quando damos conselho a alguém, o fazemos com base em nosso julgamento, nosso esquema de valores.

Julgar o comportamento - Devemos evitar na comunicação com o paciente, o uso de termos que denotem que estamos julgando seu comportamento.

Termos como "bom e mau", "certo e errado", ou expressões verbais e não verbais que indiquem aprovação ou reprovação são usados com base nos valores de quem os emite.

Manter-se na defensiva, às vezes, é utilizado pela enfermeira quando o paciente faz certos comentários em relação à ela e esta reage como se estivesse sendo agredida, tomando-se hostil.

Exemplo: 1 - Paciente - Você não sabe nada. Vá embora. Enfermeira - Como o senhor diz isto? Há 20 anos que nunca ninguém reprovou o meu

trabalho.

Pôr o paciente à prova - pode ocorrer quando o paciente faz afirmações, que sabemos não serem verdadeiras, seja para sua segurança, seja devido a algum distúrbio mental. Se a enfermeira não estiver atenta poderá coloca-lo à prova, o que em nada o ajudaria e estimularia a baixa de sua auto-estima e segurança.

Se o paciente diz que seu médico não o vê há 3 dias, tendo acabado de informar que este

alterou sua medicação na tarde do dia anterior, a enfermeira o estará colocando à prova se disser. Enfermeira - como assim? O Sr. Não disse que ele veio ontem?

Mudar de assunto inadequadamente ou intercalar, subitamente, na conversação do paciente um assunto diferente pode significar para este que menosprezamos suas idéias, que o que ele diz não é importante. Em geral, fazemos isto inconscientemente ou não, para evitar um assunto que não dominamos ou que nos incomoda.

1 - Paciente - Estou preocupado, não funciono sexualmente. Enfermeira - O Sr. Já viu o médico hoje?

19.7 Comunicação Terapêutica Consiste na habilidade do profissional em usar seu conhecimento sobre comunicação para

ajudar a pessoa com tensão temporária, a conviver com outras pessoas e ajustar-se ao que não pode ser mudado e a superar os bloqueios à auto-realização para enfrentar seus problemas.

a) Devolver a pergunta feita Ao devolver ao paciente a pergunta feita por ele, à enfermeira tenta transmitir-lhe a idéia

de que o ponto de vista dele é o mais importante.

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Exemplo: 1 - Paciente - A Sra. acha que posso pedir alta para o médico? Enfermeira - O que o Sr. pensa sobre ir para casa agora? b) Manter o paciente no mesmo assunto A Enfermeira deve esforçar-se por manter o paciente em um diálogo coerente, com

seqüência lógica ela pode ajudá-lo a retomar ao assunto valendo-se de várias outras técnicas como pergunta, frase em aberto, repetição de comentário.

Exemplo: 1 - Paciente - Hoje fiquei irritado. Enfermeira - O Sr. pode me contar o que aconteceu? ou Diga-me algo mais sobre o que está sentindo; ou Descreva o que sente quando fica irritado. c) Dizer não O uso desta técnica requer honestidade e sinceridade por parte da enfermeira e coerência

de conduta entre os membros da equipe que assistem o paciente. Tem-se de aprender a dizer não quando necessário e assumir suas conseqüências.

Quando o paciente exige privilégio ou pede algo que a enfermeira não pode fazer ou

atender, ela tem de ser sincera e dizer "não". Deve fazer isto com tato, porém, de modo firme e seguro. Se a enfermeira evitar dizer "não", quando necessário, ela perderá a confiança do paciente, o que é prejudicial ao relacionamento entre eles.

Dizer "não" com propriedade é tão valioso para o desenvolvimento e maturidade da pessoa quanto responder positivamente.

Quando não aceita responder uma situação a pessoa tem de sentir-se livre para dizer "não".

Exemplo: 1 - Paciente - Telefone para a minha família agora Enfermeira - Não senhor..., Eu não posso fazer isto. O senhor já conhece as normas do

hospital em relação ao uso do telefone e acabou de dizer que o assunto não é urgente.

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