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Deuses Gregos e o Panteão Afro-brasileiro Foto: Marcia Müller

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Deuses Gregos e o Panteão Afro-brasileiro

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Deuses Gregose o Panteão Afro-brasileiro

As culturas humanas são únicas. Há, no entanto, elementos que se repetem entre todos os povos: a necessidade de se organizar socialmente ou a diferenciação dos papéis entre as esferas feminina e masculina são duas das principais características humanas, que independem de qualquer particularidade cultural para existir. Isso vale também para a relação do homem com o seu meio ambiente. Os diferentes elementos da natureza que se imprimem no dia-a-dia do homem, sempre incentivaram a crença em um mundo transcendental que permeia a vida religiosa, motivada pela necessidade fundamentalmente humana de se entender a própria existência.

A religiosidade grega caracterizada pelo panteão dos deuses encontra semelhanças em outras partes do globo, mesmo que distantes geograficamente e em culturas aparentemente diversas.

No Brasil a idéia de um grupo de divindades que se assemelha a uma grande família transcendental ainda nos é bem conhecida através da religião dos orixás, conforme praticada no candomblé.

Os orixás apresentam laços de parentesco entre si, casam, geram filhos, vivem rivalidades, brigam enfim, assumem feições por vezes bem humanas. É neles que se pode reconhecer todos os tipos de temperamento e traços de personalidade, como espelhos da própria diversidade do perfil psicológico humano.

Como os deuses gregos, também os orixás são associados ao domínio dos quatro elementos da natureza: água, terra, fogo e ar. Assim o mar, o céu, as florestas ou as montanhas rochosas são habitadas e até mesmo regidas por diferentes orixás. Esta representatividade nos diferentes elementos da natureza, faz com que a soma dos domìnios de diferentes orixás representem o todo do universo, é sejam semelhantes ao domìnio dos deuses gregos.

Zeus, o deus supremo dos gregos, utiliza-se do raio como arma temida e

eficaz, da mesma forma que o faz Xangô, orixá justiceiro e dono das montanhas rochosas.

Zeus

XangôOrixá da justiça, dos

raios, das pedreiras e do trovão.

FerramentaOxê (machado duplo de

dois cortes laterais feito e esculpido em madeira).

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Poseidon

Iemanjá, umas das esposas do orixá supremo Oxalá, cujo domínio é o céu, é a senhora dos mares, tão poderosa

quanto Poseidon, um dos deuses paternos dos gregos, que com seu séquito de tritons e seres marítimos dominava o Mar Egeu e o Mediterrâneo.

OxumSenhora da feminilidade, fertilidade, do amor, do belo e da riqueza material, das águas doce do

planeta.Ferramenta

O abebé (leque metálico, típíco dos orixás femininos).

Afrodite

A vaidade, a beleza e o poder de sedução de Oxum,

assemelham-se às qualidades de Afrodite. Ambas estão ligadas à fertilidade e à reprodução humanas.

IemanjáMãe de todos, Senhora de todas as

águas e de todas as cabeças.Ferramenta

O Abebé (leque metálico, típíco dos orixás femininos).

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Com seu caráter específico e com o elemento da natureza que lhe é próprio, cada uma das divindades, seja ela grega ou pertencente à família dos orixás, se apresenta com seus

respectivos atributos, ou ferramentas. Zeus empunha o

raio, enquanto o orixá supremo, Oxalá, carrega o “paxorô”, um

longo bastão de ponta curvada. Xangô possui um machado

de dois gumes (oxê), enquanto Apolo, o líder das musas, se apresenta com seu instrumento de corda, a kíthara.

OxaláCriou o mundo e o homem.

O maior e mais respeitado de todos os Orixás do Panteão Africano. Calmo, sereno,

pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Orixás e todas as nações, a ele

pertencendo os olhos que vêem tudo.Ferramenta

A idá (espada) e o paxorô (uma espécie de cajado em metal).

Apolo

Temos também deuses gregos e orixás, cujas ferramentas são

idênticas: Ártemis, a deusa da

caça, e Oxossi, orixá caçador, utilizam ambos o instrumeto do arco e flechas. Os atributos dos deuses são tão importantes, que só estes objetos já bastam para identificar o seu portador.

OxossiGrande caçador, orixá provedor.Senhor

das matas e florestas.Ferrametas

O ofá (arco-e-flecha) e o irukeré (espanta-mosca feito de pêlos de

búfalo ou cavalo).

Artemis

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Ambas as grandes famílias divinas, dos gregos e a dos orixás, esperam que os seres humanos ofereçam regularmente sacrifícios, muitas vezes, em forma de alimentos especialmente preparados. O meio ambiente natural e os santuários estão intimamente ligados pois é através da natureza que o homem mais se aproxima das divindades, extraindo-lhe as oferendas e organizando espaços apropriados de culto às divindades.

O objetivo maior da prática religiosa é a busca da proximidade do homem com o universo divino. Os orixás se manifestam vivos entre os homens através da mediunidade de seus adeptos, dispensando, qualquer tipo de representação iconográfica.Os deuses gregos se perpetuam essencialmente através da representação de imagens, possibilitando ao homem imaginá-los e até mesmo senti-los em sua essência através da arte.

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Oferendas a Iemanjá.

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O ritual, é outra manifestação que une os universos aparentemente distintos, tanto no que se refere ao universo dos deuses gregos quanto dos orixás. A organização de um tempo sacro, que se estabelece no ritual, possibilita ao homem entrar em sintonia com a esfera divina, não apenas para se aproximar dela, mas para renovar o

mito que se insere em toda divindade. A música ,o texto,a

representação teatral, o enredo e a dança estão entre os principais recursos para uma mesma finalidade, que, apesar de singular na sua maneira específica de expressão, é universal na sua abrangência e no seu sentido final,

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Cerimonias Ritualísticas.

As duas grandes famílias divinas, não só são unidas através de laços de parentesco, mas seus membros se relacionam, brigam, amam, sentem ciúmes uns dos outros, e aliam-se ou se combatem.

Podemos identificar os traços distintos de caráter, de temperamentos, de predileções e atitudes que confere a cada um dos deuses aspectos particulares. Sendo, desta maneira,os deuses propiciavam também, aos homens que os cultuavam uma compreensão melhor de si mesmo. Devemos considerar também, que, através dos deuses gregos da Antiguidade, o homem aprendima a se relacionar com o seu meio ambiente,e a construir a sua visão de mundo.

No mundo moderno, o homem através das artes visuais e das manifestações performáticas conseguiu aproximar-se dos seus deuses, retratando-os ou venerando-os. No dia-a-dia estas produções artistícas estão presentes nos santuários, nas residências e nos espaços urbanos e públicos.

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Deus grego orixá

Hermes Exu

Zeus Oxalá

Asclépio Omolu

Ártemis Oxóssi

Ares Ogum

Afrodite Oxum

Atena Iansã

Hefaisto Xangô

Poseidon Iemanjá

Hera Nanan

Apolo (Ifá)

Dioniso

Eros Logunedé

Hades

Demeter Iroko

Ossaim

Oxumaré

Comparando Deuses Gregos com os OrixásD

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Existe na cultura ocidental uma correlação de identificação estabelecida entre os orixás e os deuses gregos, no que se refere as suas identidades, atribuições e domínios. O organograma a seguir . apresenta uma síntese das relações

ExuSenhor das encruzilhadas, guardião dos templos,

das casas e das pessoas, dos caminhos, das porteiras.

FerramentaO amuleto (bastão de madeira).

Hermes

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OmuluSenhor da Terra, do interior da terra, senhor da saúde e das doenças, da varíola e das doenças

contagiosas em geral.Ferramenta

Cruz foice, corrente, vassoura e búzio.

Ares

OgumSenhor que forja do metal,

comandante da guerras e senhor das estradas, dos caminhos, das viagens,

da agricultura, da caça, caminhos.FerramentaO obé (faca).

IansáSenhora do ar e do

movimento, patrona dos ventos, das tempestades e dos

raios. Senhora dos mortos.Ferramentas

O irueshin (espanta-mosca de Oiá)

e a idá (espada ou alfange). Atena

Asclépio

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OxumaréSenhor dos ciclos, do arco-íris, da chuva que faz a

terra fértil e traz riqueza.Ferramenta

Duas serpentes de ferro ou o arco-íris, a grande cobra colorida.

OssainSenhor da folhas e ervas, manipulador do

poder da natureza.Ferramenta

Ferro com sete pontos com um pássaro, que é a árvore com sete ramos, e a ave pousada no

topo.

Demeter

LogunedeSendo filho de Oxósse e Oxum,

assume características de ambos,vivendo metade do ano nas matas - domínio do pai,

e a outra metade nas águas doces - domínio da mãe.Ferramentas

O ofá, (arco-e-flecha),o abebé (leque metálico, típíco dos orixás femininos)

e a balança, símbolo de equilíbrio e versatilidade.

Heros

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O Museu de Arte Popular Brasileira Casa do Pontal situa-se na cidde do Rio de Janeiro. É considerado o maior e mais significativo museu de arte popular do país. Está localizado no Recreio dos Bandeirantes, próximo à Barra da Tijuca.

O acervo em exposição permanente conta com cerca de 5mil esculturas de 200 artistas de 24 estados diferentes.

A casa do Pontal não é apenas um museu completo de Arte Popular Brasielria...pode ser considerado como um verdadeiro museu antropológico, único no país a permitir uma visão abrangente da vida e da cultura do homem brasileiro.

International Council of Museums - ICOM.

No Brasil, costuma-se chamar de arte-popular a produção de esculturas e modelagens feitas por homens e mulheres que, sem jamais terem freqüentado escolas de arte, criam obras de reconhecido valor estético e artístico. Seus autores são gente do povo, o que, em geral, quer dizer pessoas com poucos recursos econômicos, que vivem no interior do país ou na periferia dos grandes centros urbanos e para quem “arte” significa, antes de mais nada, trabalho.Apesar de fortemente enraizada na cultura e no modo de viver das pequenas comunidades nas quais tem origem, a arte popular exprime o ponto de vista de indivíduos cujas experiências de vida são únicas.Apresenta os principais temas da vida social e do imaginário- seja por meio da criação de seres fantásticos ou de simples cenas do cotidiano- numa linguagem em que o bom humor, a perspicácia e a determinação têm lugar de destaque. Talvez venha daí seu forte poder de comunicação, que ultrapassa as fronteiras de estilos de vida, situação socioeconômica e visão de mundo, interessando a todos de maneira distinta.

O mundo da arte popular brasileira - ou seja, o mundo dos costumes, das religiões e festas que servem habitualmente de tema- é bastante complexo e dinâmico. As obras são feitas em todas as regiões do Brasil, e seus autores utilizam os materiais que têm á mão, como barro ou madeira, e ainda outros, como areia, palha, contas, tecidos e penas de aves. Para muitas pessoas, prestar atenção nos diversos estilos, cores e materiais que compõem as obras dos artistas populares podem descortinar um mundo de arte desconhecido. Conhecer essa produção também é conhecer melhor o Brasil e os brasileiros. E significa, sobretudo, empreender uma fascinante aventura pelos caminhos da imaginação humana.

Ângela MascelaniMuseu Casa do Pontal

MUSEU CASA DO PONTAL

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oExu é o orixá da comunicação. Fiscalizador do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano, conforme tarefa a ela atribuída por

Olodumare ou Olorum. Ele que deve receber as oferendas em primeiro lugar afim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de

mensageiro entre o Orun e o Aiye, mundo material e espiritual, seja plenamente realizada.

Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo dentro da construção teológica yorubá, posto que não está em oposição a Deus, muito menos é considerado uma personificação do Mal.

Exu recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce ou com suas

qualidades: Odara, Akesan, Lalu, Ijelu, Ibarabo, Yangi, Baraketu

(guardião das porteiras), Lonan (guardião dos caminhos), Ian (reverenciado na cerimônia do padê).

Não deve ser confundido com a entidade Exu, da umbanda.

Suas cores são o vermelho e o preto; seu símbolo é o ogó (bastão com cabaças que representa o falo); suas contas e cores são o preto e o vermelho; sacrifica-se-lhe bode, cabrito, galo, galinha d´angola e pato; oferece-se-lhe farofa com dendê, acaçá, akará, obi, feijão, inhame, água, aguardente. Sua saudação é

Laroiê Exu! que significa o bem falante e comunicador.

Iansã é o orixá dos ventos e das tempestades. É irmã de Oxum. Independente e muito elegante ela é a mulher de Xangô, mas antes foi casada com Ogum. Sua dança nos faz lembrar os ventos enfurecidos e as tempestades. Movimenta-se como uma guerreira em combate. Cuida das crianças e rejuvenesce os velhos. Seu dia é quarta-feira. Usa roupa marrom-escura e vermelha e, algumas vezes branca.

Seu grito de saudação é Eparrei! (Ó, admirável!).

Exu

Iansã

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No Brasil, é um orixá dos mais populares e reverenciados do Candomblé, e mesmo por fiéis de outras religiões.

Uma das maiores comemorações em honra à Iemanjá ocorre no último dia do ano em várias praias do litoral brasileiro. Antes e após a queima de fogos da passagem do ano, os

devotos fazem oferendas à Rainha do Mar, um dos títulos pelos quais Iemanjá é saudada. Eles a presenteiam com flores, perfumes, velas e mimos de todos os tipos, tanto na areia da praia, quanto nas ondas do mar.

Iemanjá

No Brasil, Iemanjá representa a mãe que protege os filhos a qualquer custo, a mãe de vários filhos, ou vários peixes, que adora cuidar de crianças. Na Umbanda, ela também recebe o título de Senhora da Coroa Estrelada.

A tradicional Festa de Iemanjá no município de Salvador, capital da Bahia, tem lugar na praia do Rio Vermelho todo dia 2 de Fevereiro. Na mesma data, Iemanjá também é cultuada em diversas outras praias brasileiras, onde lhe são ofertadas velas e flores, lançadas ao mar em pequenos barcos artesanais.Uma das maiores festas ocorre em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul,devido ao sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes.

Iemanjá

Nanã ou Nanamburucu é mãe de Obaluaiê, de Ossain e Oxumaré.É a mais velha das divindades das águas, a

primeira esposa de Oxalá. É o orixá das chuvas, dos pântanos e das águas paradas e lamacentas. Guarda o segredo da vida e da morte.Ela tem com o insígnias a espada e uma pequena vassoura de palha, enfeitada de búzios. Nanã movimenta-.se dançando como uma velha senhora que carrega uma criança nos braços ou como se estivesse moendo grãos no pilão. Suas cores são branco e azul-escuro .Seu dia é segunda-feira, mesmo dia de seu filho Obaluaiê.

Sua saudação é Salúba! (Ó, venerável mãe antiga!).l

Nanã

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Ogum

Ogum Filho de Iemanjá com Oxalá, era irmão gêmeo de Elegbará, por isso tem algumas características iguais, como a irreverência, pois é um orixá valente, traz na espada tudo o que busca.Defensor dos desamparados, Ogum andava pelo mundo comprando a causa dos indefesos, sempre muito justo e benevolente. Possuía um facão recebido de Orunmilá.

Protetor dos policiais, ferreiros, escultores, caminhoneiros e todos os guerreiros.

.Os orixás o invejavam, por seu conhecimento sobre o ferro que trazia benefícios para a agricultura, à caça e à guerra. Por muito tempo os orixás importunaram Ogum para saber o segredo do ferro, até que em troca do reinado, oferecido pelos orixás, Ogum ensinou tudo sobre o precioso metal resistente. Os humanos também foram contemplados com o conhecimento da forja e os caçadores e guerreiros possuíam suas próprias lanças de ferro.

Omulu

Omolu devido sua desobediência foi castigado por sua mãe por ter pisado nas flores brancas do jardim. E ficou com o corpo coberto por pequeninas flores brancas que foram se transformando em bolhas horríveis. Omolu ficou com medo e gritou por sua mãe para que ela o ajudasse a livrar-se daquela peste, a varíola. Sua mãe jogou um punhado de pipocas em seu corpo e por encanto, as feridas desapareceram.

Omolu tornou-se um curandeiro e curava os doentes com o xaxará, vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro.

Omolu é conhecido como o Senhor da Morte, uma vez que é o responsável pela passagem dos espíritos do plano material para o espiritual.

Por sua relação com a morte, é reverenciado no cemitério ou campo santo e extremamente temido.

Vestido com palha-da-costa e com contas nas cores vermelha, preta e branca, Omolu

dança o opanijé, dança ritual marcada pelo ritmo lento com pausas, enquanto

segura em suas mãos o xaxará, instrumento ritual também feito de palha-da-costa e recoberto de búzios. Em alguns momentos da dança, Omolu espanta os eguns, os espíritos dos mortos, com movimentos rituais.

Ogum era um caçador e certa vez passou dias fora de seu reinado, ao retornar da mata estava sujo e os orixás vendo seu líder em estado tão deplorável destituíram-no do reinado. Decepcionado com os orixás, Ogum banhou-se, pegou suas armas e partiu para um lugar distante chamado Ire. Os humanos que também receberam o segredo do ferro mantiveram-se fiéis e todo mês de dezembro caçadores, guerreiros e ferreiros celebram-no com a festa Iudê-Ogum.

Sua saudação: Ogum yêê! (Olá, Ogum!)

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Oxalá, é associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras:quando moço era chamado de Oxaguiam, e quando velho chamado Oxalufam.

Oxalá simboliza a paz, é o pai maior das nossas nações na Religião Africana. É calmo, sereno, pacificador, e respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertence os olhos que vêem tudo.

Representa a massa de ar , as águas frias e imóveis do começo do mundo , controla a formação de novos seres , é o senhor dos vivos e dos mortos , preside o nascimento , a iniciação e a morte . É o responsável pelos defeitos físicos , ele é corcunda porque recusou-se a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e ÈSÙ castigou-o pregando a cabaça nas costas , razão pela qual não come sal , comer sal para ele constitui-se num ato de canibalismo . Ele deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala , durante três semanas tudo é silêncio , pois a palavra é dele.

Olorum-Olodumare encarregou Obatalá, o Senhor do Pano Branco, de criar o mundo. Orunmilá, consultado por Oxalá, recomendou que este deveria fazer oferendas para que fosse bem sucedido em sua missão. Oxalá se pôs a caminho até a fronteira do além, onde Exu é o guardião. Oxalá, desobedecendo às recomendações de Orunmilá, não fez as oferendas e Exu decidiu vingar-se de Oxalá. Oxalá aproximou-se de uma palmeira e tocou seu tronco com seu bastão, da palmeira jorrou vinho em abundância e Oxalá bebeu até ficar bêbado e adormecer na estrada. Odudua apanhou o saco da criação enquanto Oxalá dormia e levou a Olodumare que confiou a Odudua a criação do mundo. Oxalá ao despertar tomou conhecimento e foi até Olodumare contar sua história, mas o mundo já estava criado e para castigar Oxalá, Olodunare o proibiu de beber vinho-de-palma para sempre, e deu outra dádiva a Oxalá: a criação de todos os seres vivos. E desta maneira Oxalá criou o homem e a mulher e o sopro de Olodumare os animou.

Oxalá

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oOxóssi é irmão de Ogum que o ensinou a defender-se por si próprio.

No Rio de Janeiro, é sincretizado com São Sebastião, patrono da capital carioca e, na Bahia,

com São Jorge.

Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda e recebendo a cor azul

clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada . Sendo assim,as roupas, as guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.

Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só". Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros.E usou sua única flexa para matar o pássaro .Sua ação foi certeira e ao matar o pássaro salvou sua aldeia.

Ele não errou, e salvou a aldeia.

Oxossi

Oxum é a rainha das águas frescas. Representa o

dengo, a sensualidade. É a deusa do amor e a protetora das crianças e do parto. Numa casa-de-santo, os filhos de Oxum dançam como se fossem peixes dentro d’água. Sua dança também mostra uma mulher vaidosa que toma banho, penteia os cabelos, põe adereços, tudo isso com movimentos circulares.As suas comidas são mel, cana-de-açúcar, ovos, feijão com azeite, abará etc.

A saudação para oxum é Ora, êi, êi ô! (Saudemos a boa vontade da mãe!)

Oxum

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Oxumaré

Oxumarê , filho de Oxalá e Nanã. É o orixá que tem o poder de recolher a água que caía sobre a terra e levava de volta para as nuvens do céu. Transforma-se no arco-íris. Também é uma serpente que surge das profundezas da terra e morde o próprio rabo. Dizem que quando isso acontece, torna os seres humanos ricos e felizes.

É um grande adivinho.Seu dia é terça-feira. Suas cores são verde e amarelo.

Sua saudação é Arroboboi!

Xango

Xangô foi o quarto rei lendário de Oyo (África), tornado Orixá de caráter violento e vingativo, cuja manifestação são os raios e os trovões. Filho de Oranian, teve várias esposas sendo as mais conhecidas: Oyá, Oxum e Obá. Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes. É tido como um Orixá poderoso das religiões afros, como Candomblé, Umbanda e outras.

Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte, sem piedade ou compaixão. Xangô desesperado e enfurecido. subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer. Xangô pediu ajuda a Orunmilá. Enfurecido e

irado Xangô começou a bater nas pedras com seu machado duplo. O machado arrancava das pedras faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados inimigos. A guerra que parecia perdida foi se transformando em vitória. e Xangô ganhou a batalha. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados por Xangô. A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos. Através dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo tipo de pendência, julgar as discordâncias e fazer ministrar justiça.

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Este material foi produzido pela

Pesquisas Deuses Gregos e Panteão Afro-Brasileiro: Danielle Amaro, Eduardo Machado e Márcia Campos.

Revisão de textos: Beatriz Jabor e Márcia Campos.

Projeto Gráfico: Danielle Amaro e Ivan Henriques.

Textos: Thiago de Oliveira Pinto (compilação do texto Deuses Gregos e Panteão Afro-brasileiro) e equipe DAE.

Imagens utilizadas/figuras dos orixás: Candomblé:A panela do segredo. Pai Cido de Osum Eyin. Editora: Mandarim, SP 2000 Xangô, o Trovão - Reginaldo Brandi. Editora: Companhia das Letras, SP 2003

Divisão de Arte-Educação (DAE)Do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói.

Divisão de Arte-Educaçã[email protected]

Diretora: Beatriz Jabor.

Projetos Pedagógicos: Márcia Campos.

Pesquisa e Mediação: Eduardo Machado, Ivan Henriques, Maria Thomas.

Estagiárias: Anita Sobar e Danielle Amaro.

Estagiário de Produção: João Paulo Dias.

Programa com Jovens: Roberta Condeixa.

Programas de Educação Infantil: Ignês Guimarães.

Projeto Arte Ação Ambiental: Leandro Baptista.