os desafios da escola pÚblica paranaense na … · atenuar as dificuldades de interpretação e...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica Professor PDE 2013
Título Práticas de leitura, análise linguística e produção textual com
fábulas no Ensino Fundamental
Autor Francisca Fernandes de Carvalho Rodrigues
Disciplina/Área Língua Portuguesa
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Escola Estadual Francisco Inácio de Oliveira Ensino Fundamental
Rua Xavier da Silva, nº 51.
Município da escola: Tomazina – PR
Núcleo Regional de Educação:
Ibaiti – PR
Professor Orientador: Me. Patrícia Cristina de Oliveira Duarte
Instituição de Ensino Superior:
UENP
Relação Interdisciplinar ---
Resumo:
A presente proposta visa à possibilidade de refletir, juntamente com os alunos do 6º ano, durante a implementação, sobre a valorização, dificuldades, sucessos e insucessos da prática da leitura. Além disso, objetiva entender melhor o crescente desinteresse dos alunos pela leitura, que vem acarretando consequências negativas para a interpretação e a produção de textos, atividades interdependentes. Nessa direção, o trabalho procura desenvolver uma proposta metodológica a partir do gênero discursivo fábula tradicional e contemporânea, abordando atividades que contemplem o ensino da leitura, produção textual e análise linguística. A fábula constitui-se uma narrativa de fácil compreensão, com reconhecido valor pedagógico. Ademais, propicia o resgate de valores essenciais ao ser humano e promove a motivação à leitura e à escrita. Considerando as necessidades de práticas metodológicas inovadoras, pautadas por uma didática que considere o aluno como sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, nesta unidade didática procura-se desenvolver, à luz da Linguística Aplicada, atividades de leitura, escrita e análise linguística. Tais atividades constituem o Plano de Trabalho Docente proposto por Gasparin (2009), contemplando todas as dimensões dos gêneros – conteúdo temático, estilo e construção composicional, associadas às condições de produção (Bakhtin, 2003). Assim, promove-se um ensino mais produtivo de língua materna.
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa. Gênero discursivo fábula. Plano de Trabalho Docente.
Formato do Material Didático:
Unidade Didática
Público Alvo: Alunos do 6º ano
APRESENTAÇÃO
Esta Produção Didático-Pedagógica destina-se ao 6º ano do Ensino
Fundamental, tendo os seguintes objetivos: promover a motivação para a leitura,
atenuar as dificuldades de interpretação e produção de texto e resgatar valores
morais e éticos, que, sabidamente, estão se perdendo na sociedade atual.
O gênero discursivo fábula será o eixo condutor do trabalho desenvolvido,
uma vez que tal gênero, geralmente, desperta o interesse dos alunos, já que possui
uma linguagem acessível. A fábula, de tradição oral muito antiga, visa expor ou
criticar os costumes de uma dada época, bem como comportamentos sociais
considerados inadequados.
À luz da Linguística Aplicada, as atividades aqui propostas fundamentam-se
na teoria dos gêneros discursivos (BAKHTIN, 2003) e no Plano de Trabalho Docente
elaborado por Gasparin (2009). O escopo teórico adotado e a metodologia utilizada
para a transposição didática do gênero fundamentam as concepções teórico-
metodológicas das Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa –
DCE/LP (PARANÁ, 2008).
Gasparin (2009) assinala que o trabalho docente deve partir da prática,
ascender à teoria e descer novamente à prática, com uma nova compreensão da
realidade e da ação humana. Para o autor, uma das formas de motivar os alunos à
aprendizagem é conhecer sua prática social imediata a respeito do conteúdo
curricular proposto; por isso o professor deve buscar meios de resgatar o
conhecimento espontâneo do aluno, a fim de transformá-lo em conhecimento
científico, por meio de sua Zona de Desenvolvimento Proximal.
Conforme já mencionado, a estrutura desta unidade didática segue os
passos do Plano de Trabalho Docente (Gasparin, 2009), os quais se voltam para
as três grandes fases do método dialético – prática, teoria, prática – que se
desdobram em cinco fases, conforme demonstra o quadro abaixo, retirado de
Gasparin (2009, p. 159, anexo 1):
PRÁTICA Nível de
desenvolvimento atual
TEORIA
Zona de desenvolvimento imediato
PRÁTICA
Novo nível de desenvolvimento
atual
Prática Social Inicial do Conteúdo
Problematização
Instrumentalização
Catarse
Prática Social Final do Conteúdo
1) Listagem do conteúdo e objetivos: Unidade: objetivo geral. Tópicos objetivos específicos. 2)Vivência cotidiana do conteúdo: a) O que o aluno já sabe: visão da totalidade empírica. Mobilização. b) Desafio: o que gostaria de saber a mais?
1) Identificação e discussão sobre os principais problemas postos pela prática social e pelo conteúdo. 2) Dimensões do conteúdo a serem trabalhadas.
1) Ações docentes e discentes para construção do conhecimento. Relação aluno x objeto do conhecimento pela mediação docente. 2) Recursos humanos e materiais.
1) Elaboração teórica da síntese, da nova postura mental. Construção da nova totalidade concreta. 2) Expressão prática da síntese. Avaliação: deve atender às dimensões trabalhadas e aos objetivos.
1) Intenções do aluno. Manifestação da nova postura prática, da nova atitude sobre o conteúdo e da nova forma de agir. 2) Ações do aluno. Nova prática social do conteúdo, em função da transformação social.
Fonte: GASPARIN, J. L. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: Autores Associados, 2009.
PLANO DE TRABALHO DOCENTE PARA textos-
enunciados do GÊNERO FÁBULA
Caro(a) professor(a):
Apresenta-se, na sequência, um Plano de Trabalho Docente com enunciados
concretos do gênero discursivo fábula, na perspectiva da didática proposta por
Gasparin. O objetivo das sugestões didáticas é contribuir para um processo de
ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa mais eficiente. Portanto, cabe a você
realizar as necessárias adaptações, visando sempre atender às reais dificuldades
dos alunos.
PRÁTICA SOCIAL INICIAL
ETAPA I
Nota ao professor:
Este passo é o ponto de partida, a investigação sobre o que os alunos já sabem do
conteúdo a ser estudado. É o momento de mobilizar e instigar o aluno para a
construção do conhecimento do conteúdo a ser trabalhado.
Anúncio dos conteúdos
Preparando a abordagem do assunto
Nota ao professor:
Sugere-se que esta atividade seja desenvolvida oralmente.
a) Vocês já ouviram histórias ou assistiram desenhos e filmes onde os personagens
são animais que falam e agem como se fossem pessoas?
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b) Como chamamos as histórias em que os personagens são animais?
___________________________________________________________________
c) Alguém se lembra de alguma história assim? Quem é capaz de contar para a
turma uma dessas histórias que ouviu ou leu?
___________________________________________________________________
NOTA:
Após essa breve contextualização, o professor deve apresentar o conteúdo:
- O gênero discursivo fábula;
- A organização textual da fábula;
- As marcas linguístico-enunciativas, que contribuem para a construção de efeitos de
sentido do texto.
Vivência cotidiana dos conteúdos
O que o aluno já sabe.
Nota ao professor:
O aluno deverá realizar esta atividade de maneira escrita e individualmente, para
que o professor possa aferir o conhecimento sobre o gênero fábula. A título de
exemplo, seguem algumas questões que poderão ser propostas aos alunos:
a) Em que contexto você ouviu falar sobre fábulas? Quando? Onde? De que
maneira?
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b) Qual a diferença entre uma fábula e um conto?
___________________________________________________________________
c) Quais fábulas você conhece?
___________________________________________________________________
d) Quem são geralmente os personagens das fábulas?
___________________________________________________________________
e) As histórias geralmente são curtas ou longas?
___________________________________________________________________
f) Você sabe nomes de autores de fábulas?
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g) O que as fábulas nos ensinam?
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h) Quem você acha que gosta de ler fábulas?
___________________________________________________________________
i) O que geralmente aparece escrito no final das fábulas?
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j) Qual é a sua fábula preferida?
___________________________________________________________________
b) O que gostaria de saber a mais sobre o conteúdo?
Nota ao professor:
Nesse momento, o professor deverá instigar, de maneira dinâmica, a participação
de todos na elaboração de questões, anotando as sugestões na lousa ou em seu
caderno com o fito de documentar a familiaridade, ou não, dos alunos com o
gênero.
Listar todas as suas possíveis curiosidades.
O que você gostaria de saber a mais sobre fábulas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
PROBLEMATIZAÇÃO
ETAPA II
Nota ao professor:
Esta etapa é o momento de identificação, discussão e questionamentos dos
principais problemas referentes ao conteúdo proposto, postos pela Prática Social
Inicial. Aqui o conteúdo será problematizado por meio de diferentes dimensões:
conceitual, histórica, social, legal, filosófica, cultural, educacional, religiosa, política,
ética, ideológica, etc, para que haja uma aprendizagem eficiente.
Sugere-se que as atividades sejam feitas por meio de pesquisas à internet,
dicionários ou enciclopédias. Se houver possibilidade, os alunos devem ser levados
ao Laboratório de Informática. O resultado da pesquisa deve ser anotado no
caderno para posterior discussão em sala.
a) Conceitual: O que é fábula?
___________________________________________________________________
b) Histórica: Qual a origem da fábula? Por que os animais são personagens de
fábulas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
c) Social: Qual importância das fábulas para a sociedade? Como as fábulas
ensinam valores importantes para a sociedade?
___________________________________________________________________
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d) Legal: O que os fabulistas querem transmitir por meio das fábulas? Que valores
as fábulas nos ensinam?
___________________________________________________________________
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e) Filosófica: Por que há lição de moral ou provérbios nas fábulas?
___________________________________________________________________
f) Cultural: Quem são os fabulistas mais importantes? Você já ouviu falar sobre
Monteiro Lobato, Esopo, Fedro, La Fontaine ou outros fabulistas?
___________________________________________________________________
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g) Educacional: Como as fábulas nos educam? Você sabe escrever uma fábula?
Por que estudar fábulas?
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h) Religiosa: Que animais das fábulas são considerados sagrados para alguns
povos?
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i) Política: Como a compreensão da moral presente nas fábulas pode auxiliar o leitor
no seu cotidiano como cidadão?
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j) Ética: O que é possível aprender com a conduta dos animais nas fábulas?
___________________________________________________________________
k) Ideológica: Por que os personagens de fábulas que não tinham lazer eram
considerados trabalhadores e os que tinham eram considerados preguiçosos?
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INSTRUMENTALIZAÇÃO
ETAPA lll
Nota ao professor:
“Este terceiro passo do método realiza-se nos atos docentes e discentes
necessários para a construção do conhecimento científico” Gasparin (2009, p.49),
por isso tais ações são denominadas didático-pedagógicas. Nessa etapa, o gênero
fábula será abordado em todas as dimensões que o constituem. Por isso,
apresentar-se-ão questões de leitura (conteúdo temático), análise linguística
(estilo) e produção textual (construção composicional).
1- ATIVIDADE
Nota ao professor:
Proponha aos alunos que pesquisem, junto aos membros de sua família, sobre
fábulas conhecidas por eles. Feito isso, os alunos escreverão um texto que
considerem uma fábula. Após as produções, solicitar que os alunos façam a leitura
de seus textos, de forma organizada.
2- ATIVIDADE
Nota ao professor:
A seguir, entregue aos alunos cópias do texto abaixo, que traz algumas informações
básicas sobre a sócio-história do gênero discursivo fábula e seu valor pedagógico, e
realizar a leitura. Todavia, outras fontes devem ser pesquisadas, a fim de
aprofundar essas informações.
De onde vem a fábula?
Parte i
Do latim, a palavra fábula significa conversar, narrar, contar. Pertencente à
esfera literária, é um gênero muito antigo, encontrado praticamente em todos os
períodos da história e em várias culturas. É um tipo de história ficcional, contada há
mais de 2.800 anos. As histórias pertencentes a tal gênero apresentam linguagem
simples, uma cena vivida por animais que falam e agem como se fossem gente, com
o objetivo de dar conselhos, alertar sobre algo que pode acontecer, transmitir algum
ensinamento, fazer uma crítica, sátira, ironia, etc.
Apesar de antigas, seus temas são atuais, pois a maioria delas retrata
atitudes humanas como, por exemplo, disputa entre fortes e fracos, esperteza de
alguns, gratidão, bondade, etc.
São narrativas curtas, nas quais se apresenta sempre uma lição de moral ou
provérbios de caráter instrutivo. As histórias narradas nas fábulas são produzidas de
acordo com o contexto sócio-histórico em que foram escritas. Dessa forma, é
possível conhecer um pouco os valores das sociedades retratadas, ou seja, o que as
pessoas acreditavam e acreditam ser o melhor modo de agir para viver em
sociedade.
Quem conta ou escreve uma fábula tem alguma intenção, seja de ensinar,
aconselhar, convencer, divertir ou criticar de modo indireto o ouvinte. Logo, o
objetivo de tal gênero é propiciar reflexão, por meio de uma linguagem figurada.
Os fabulistas escolhem animais como personagens de suas histórias, devido
a algumas características que servem para a comparação com as atitudes humanas.
Outra característica das fábulas é que não há nenhuma indicação precisa do tempo
nessas histórias, recurso utilizado justamente para fazer que o ensinamento seja tido
como válido em qualquer época. (Adaptado de FERNANDES, 2001)
3- ATIVIDADE
Nota ao Professor:
Solicite que o aluno faça leitura silenciosa de duas fábulas de Esopo com
personagens diferentes, transcritas na sequência, e responda às questões abaixo:
1ª) A Raposa e o Corvo
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
Um Corvo roubou um queijo e com ele fugiu para o alto de uma árvore. Uma
Raposa, ao vê-lo, desejou tomar posse do queijo para comer. Colocou-se ao pé da
árvore e começou a louvar a beleza e a graça do Corvo, dizendo:
- Com certeza és formoso, gentil e nenhum pássaro poderá ser comparado a
ti desde que tu cantes.
O Corvo, querendo mostrar-se, abriu o bico para tentar cantar, fazendo o
queijo cair. A Raposa abocanhou o petisco e saiu correndo, ficando o Corvo, além
de faminto, ciente de sua ignorância.
Joseph Shafan Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
2ª) O Lobo e o Cordeiro
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
Em um pequeno córrego, bebia água um Lobo esfomeado, quando chegou,
mais abaixo da corrente de água um Cordeiro, que começou também a beber.
O Lobo olhou com os olhos sanguinários e arreganhando os dentes disse:
- Como ousas turvar a água onde bebemos?
O Cordeiro respondeu com humildade:
- Eu estou abaixo de onde bebes e não poderia sujar a tua água. O Lobo,
mostrando-se mais raivoso tornou a falar:
- Por isso, tens que praguejar?
Há seis meses teu pai também me ofendeu!
Respondeu o Cordeiro:
- Creio que há um engano, porque eu nasci há apenas três meses, então não
havia nascido e por isso não tenho culpa.
O Lobo replicou:
- Tens culpa pelo estrago que fizestes pastando em meu campo.
Disse o Cordeiro:
- Isso não parece possível, porque ainda não tenho dentes.
O Lobo, sem mais razões, saltou sobre o Cordeiro, e o comeu.
Joseph Shafan Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
1) Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Quem são os personagens de cada fábula?
___________________________________________________________________
b) Quais são os temas abordados (assunto) nas fábulas apresentadas? Como você
chegou a essa resposta?
___________________________________________________________________
c) Elaborar uma lição de moral para cada uma dessas histórias.
___________________________________________________________________
4- ATIVIDADE
Nota ao Professor:
Apresente textos aos alunos com a biografia de alguns fabulistas importantes, com
objetivo de ampliar seus conhecimentos. Peça que realizem a leitura silenciosa dos
textos.
Que tal, agora, conhecer um pouco mais sobre
Esopo, Fedro e o francês Jean de La Fontaine.
Autores de fábulas que atravessam séculos!
ESOPO
No século VIII a.C. algumas fábulas já tinham sido escritas, sendo que as
fábulas muito antigas do Oriente foram difundidas na Grécia no século VI a.C., há
2600 anos, por um escravo chamado Esopo.
Apesar de gago, corcunda, feio e miúdo, como diziam alguns, era inteligente,
esperto e de muito bom senso, o que deixava todos espantados. Por esse motivo,
conquistou a liberdade e viajou por muitas terras dando conselhos através das
fábulas.
Esopo foi tratado como criminoso e condenado à morte, jogado do alto de um
abismo por vingança do povo de Delfos. Mas as suas fábulas continuaram a ser
contadas, escritas e reescritas por outros fabulistas. (Adaptado de FERNANDES,
2001).
FEDRO
Fabulista latino. Viveu no 1º século de nossa era. Trazido como escravo da
Grécia para Roma foi alforriado por Augusto. Deixou muitas fábulas, grande parte
tradução das de Esopo. (Enciclopédia Didática de Informação e Pesquisa
Educacional - EDIPE,1987)
LA FONTAINE
Um nome muito importante no mundo das fábulas, La Fontaine reescreveu e
adaptou as fábulas de Esopo, além de criar novas fábulas.
O escritor francês Jean de La Fontaine (século XVII – 1601 – 1700) escrevia
fábulas em versos e em prosa, para denunciar as misérias e as injustiças de sua
época.
Alguns dos grandes pensadores da época começaram a questionar se os
valores e as atitudes mostrados nas histórias eram realmente seguidos no dia a dia
e observaram que a história do bem que sempre vencia não acontecia na vida real.
Um pouco por causa disso, muitos escritores começaram a contar outras
histórias, criticando o modo de vida da sociedade.
Só que as coisas não podiam ser ditas claramente. Naquele tempo, conspirar
contra os poderosos podia significar a morte. Então, La Fontaine contava suas
fábulas nos salões da corte para divertir, muitas vezes criticando com ironia o
comportamento daqueles que o ouviam.
A partir dessa época, muitas histórias escritas inicialmente para adultos já
começaram a ser adaptadas para crianças, retirando delas os elementos nocivos à
educação, como a violência. Foi nesse tempo que se iniciou a separação entre
mundo infantil e mundo adulto e as crianças passaram a ser preparadas para se
tornar adultos melhores. (Adaptado de FERNANDES, 2001)
Agora vamos conhecer o nosso fabulista
brasileiro: Monteiro LobaTo
José Renato Monteiro Lobato nasceu em 1882. Um paulista que, durante sua
infância, passava horas brincando, subindo em árvores e pescando no riacho. Mas
ele não dispensava um bom livro de aventuras que lia na biblioteca de seu avô.
Desde pequeno, escreveu para os jornaizinhos dos colégios que frequentou e
sempre continuou escrevendo. Formado em Direito, em vez de trabalhar como
advogado, tornou-se escritor.
Cansado de fábulas importadas, ambientadas na Europa e traduzidas para o
português de modo confuso, imaginou um cenário especial e bem brasileiro para
seus personagens. Para conquistar seus leitores, contou histórias de maneira
simples e direta, fáceis de compreender.
Em 1914, escreve para o jornal O Estado de São Paulo, os artigos Velha
praga e Urupês; em 1917, o Saci-Pererê. Em 1920, lança o livro A menina do
narizinho arrebitado, seu primeiro livro para crianças. Em 1925, adapta em livro o
folheto Jeca Tatuzinho, publicado em 1920. Em 1931, publica Reinações de
Narizinho e em 1945 este livro é traduzido e lançado na Itália com o título Nasino.
Em 1946, vai morar em Buenos Aires, Argentina, onde funda duas editoras,
retornando ao Brasil um ano depois. Em 1948, o criador do Sítio do Picapau Amarelo
morre em São Paulo.
Monteiro Lobato respeitava a inteligência das crianças e dos jovens. No Sítio
do Picapau Amarelo eles são sempre ouvidos com carinho, toda a turma tem vez e
tem voz, convivendo com os adultos de igual para igual. Comum nos dias de hoje,
essa atitude era impensável quando ele criou suas histórias. No começo do século
XX, os pais falavam e os filhos obedeciam sem dar um pio. Não questionavam os
adultos, nem diziam o que pensavam. Foi ele que ensinou como todo mundo podia
sair ganhando com o diálogo. Gostava muito de escrever para crianças e jovens.
Suas histórias divertem e atiçam a curiosidade. Não é à toa que fica sempre um
gostinho de quero mais...
Camargos e Vladimir Sacchetta, Memórias da Emília/Monteiro Lobato. São Paulo: Globo, 2007.
APROFUNDANDO NOSSO ESTUDO SOBRE FÁBULAS
PARTE II
Como já vimos, o gênero fábula é tão antigo como o próprio homem. São
histórias curtas em que os personagens são animais e, apesar de irracionais, falam
e cometem erros, são bons e maus, sábios e tolos, exatamente como os homens,
porque a intenção dos fabulistas era mostrar como o ser humano poderia agir,
transmitir um ensinamento ou denunciar as misérias e as injustiças da época, sendo
acompanhada de uma moralidade. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se
exemplos para o ser humano.
As narrativas contemporâneas, por meio de ironias e sutilezas, desconstroem
determinados valores disseminados nas fábulas tradicionais. Assim, refletem os
novos modos de agir e dizer dos homens hodiernos. Não obstante, preservam o
vigor e características que vêm apresentando desde os tempos antigos nas fábulas
tradicionais.
A leitura de uma fábula contemporânea propicia o reconhecimento dos
elementos do gênero e as relações com a vida cotidiana. O tempo e o espaço são
universais, o título aparece destacado, geralmente com nomes de animais e o
narrador geralmente é observador.
Outra característica do gênero fábula é apresentar uma situação
problemática. Essa situação, como em todas as histórias, também tem um final, uma
resolução e no desfecho uma moral ou um provérbio, que pode estar implícito ou
explícito.
Atualmente as fábulas servem para revelar valores e anti-valores, além de
satirizar e ironizar aspectos sociais, políticos e econômicos do mundo atual, tudo de
uma forma peculiar, com um propósito educativo, sem a pretensão de simplesmente
moralizar.
Nas fábulas contemporâneas há uma tendência de explorar o humor e a
crítica e são utilizados temas e situações do mundo de hoje, atualizando o conteúdo
temático do gênero.
O gênero fábula evoluiu, uma vez que, tratando-se de um gênero histórico-
literário, está sujeito a transformações.
Hoje, a fábula realça que o mais importante talvez seja a reflexão sobre o
sentido da vida, permitindo um novo olhar do homem sobre si mesmo.
5- ATIVIDADE
Nota ao professor:
Distribua aos alunos uma fábula tradicional e uma contemporânea. Solicite que
façam a leitura, a ilustração e respondam às atividades, fazendo comparações entre
elas.
O RATO DO CAMPO E O RATO DA CIDADE
Um ratinho da cidade foi uma vez convidado para ir à casa de um rato do
campo.
Vendo que seu companheiro vivia pobremente de raízes e ervas, o rato da
cidade convidou-o a ir morar com ele.
- Tenho muita pena da pobreza em que você vive – disse ele. Venha morar
comigo na cidade e você verá como lá a vida é mais fácil.
Lá se foram os dois para a cidade, onde se acomodaram numa casa rica e
bonita.
Foram logo à despensa e estavam muito bem, comendo comidas fartas e
gostosas, quando de repente entrou uma pessoa com dois gatos, que pareceram
enormes ao ratinho do campo.
- Eu vou para o meu campo – disse o rato do campo quando o perigo passou. –
Prefiro minhas raízes e ervas na calma, às suas comidas gostosas com todo este
susto.
Moral: Mais vale magro no mato, que gordo na boca do gato.
Ruth Rocha. Fábulas de Esopo
Fonte: http://sugestoescolaresdiversas.blogspot.com.br/2011/03/o-rato-do-campo-e-o-rato-da-cidade.html, acesso em 14 de novembro de 2013.
A GALINHA DO MATO E A GALINHA DA GRANJA
Uma galinha do mato estava passando fome e foi visitar sua prima que vivia
em um aviário. (...)
Nota:
A fábula A galinha do mato e a galinha da granja encontra-se disponível em
CAPPARELLI, Sérgio. 30 fábulas contemporâneas para crianças. Porto Alegre -
Rio Grande do Sul: L&PM Editores, 2011, p. 18.
1)Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Qual é o tema tratado na fábula O rato do campo e o rato da cidade?
___________________________________________________________________
b) E qual é o tema da fábula A galinha do mato e a galinha da granja?
___________________________________________________________________
c) As duas fábulas pretendem transmitir o mesmo ensinamento? Justifique.
___________________________________________________________________
d) Em sua opinião, quais as vantagens para quem mora no campo?
___________________________________________________________________
e) Explique com suas palavras o que quer dizer:
“Mais vale magro no mato, que gordo na boca do gato”.
___________________________________________________________________
“Muita oferta, o santo desconfia”.
___________________________________________________________________
Atividades que abordam a construção composicional e as
marcas linguístico- enunciativas:
a) O tempo e o espaço estão definidos nas duas fábulas?
___________________________________________________________________
b) As duas fábulas apresentam os elementos básicos da narrativa?
___________________________________________________________________
c) Em que você diferencia a fábula tradicional da fábula contemporânea
apresentada?
___________________________________________________________________
d) Por que no primeiro período das duas fábulas, os personagens aparecem
precedidos pelos artigos indefinidos (um, uma) “um ratinho e um rato” e “uma
“galinha”. Já no 2° período, são apresentados pelos artigos definidos (o,a) “o rato” ,
“a galinha” ?
___________________________________________________________________
e) Com base na resposta anterior, você consegue explicar qual é a função do artigo
definido e do indefinido?
___________________________________________________________________
f) No início do texto, encontramos o diminutivo “ratinho”. O que ele sugere?
___________________________________________________________________
g) No segundo texto, aparece a palavra “porém” duas vezes. Que tipo de relação ela
estabelece nas frases abaixo?
Nunca tinha visto tanta fartura. Porém, no fundo, desconfiava de alguma
coisa.
A galinha do mato ficou tentada a se mudar para aquele paraíso. Porém,
nesse momento notou uma agitação no aviário.
( ) adição de ideias ( ) ideia de contradição
h) Verbos são palavras que conjugamos – flexionamos em pessoa e número
(exemplo: verbo convidar – eu convido, ele convida, nós convidamos etc.), as quais
indicam tempo (exemplo: presente - eu convido, futuro - eu convidarei, passado - eu
convidei) e modo (certeza - eu convidei; incerteza, possibilidade - que eu convide,
se eu convidasse, quando eu convidar; apelo, ordem ou pedido - convide,
convidem).
Qual o tempo verbal mais empregado nas fábulas apresentadas?
( ) presente ( ) passado ( ) futuro
i) Por que esse tempo verbal aparece bastante nessas fábulas?
___________________________________________________________________
j) Há mais alguma forma verbal nas fábulas em pauta?
___________________________________________________________________
6- ATIVIDADE
FÁBULA, UMA NARRATIVA EM PROSA E VERSOS
Professor:
Serão apresentadas abaixo duas fábulas. “A raposa e as uvas”, de Esopo, é uma
fábula em prosa. A segunda, “A raposa e as uvas”, versão de La Fontaine, é um
texto em versos. O objetivo é estabelecer comparações entre as duas versões,
principalmente quanto à forma composicional.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
Nota ao Professor:
Distribua cópias das duas versões da fábula “A raposa e as uvas” e peça que os
alunos leiam, respeitando o ritmo de cada leitura. Na sequência, estimule um
debate sobre os textos. Depois solicite que os alunos respondam às questões para
o texto1 e 2, sempre com a sua mediação.
1. A Raposa e as Uvas
Uma Raposa, aproximando-se de uma parreira, viu que ela estava carregada
de uvas maduras e apetitosas. Com água na boca, desejou-as comer e, para tanto,
começou a fazer esforços para subir até elas. Porém, como estivessem as uvas
muito altas e fosse muito difícil a subida, a Raposa tentou, mas não conseguiu
alcançá-las.
Disse então:
- Estas uvas estão muito azedas e podem desbotar os meus dentes; não
quero colhê-las agora porque não gosto de uvas que não estão maduras.
E dito isso, se foi.
Joseph Shafan Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
2. A raposa e as uvas
Contam que certa raposa,
Andando muito esfaimada,
Viu roxos, maduros cachos
Pendentes de alta latada.
De bom grado os trincaria,
Mas, sem lhes poder chegar,
Disse: - Estão verdes, não prestam,
Só cães os podem tragar!
Eis que cai uma parra, quando
Prosseguia seu caminho,
E, crendo que era algum bago,
Volta depressa o focinho.
(La Fontaine, 1985, p.12)
1)Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Quem são os personagens das fábulas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
b) Comparando os dois textos, há mudanças com relação à atitude da raposa?
___________________________________________________________________
c) Identifique, em cada fábula, as características psicológicas da raposa.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
d) Em qual versão a história é mais facilmente entendida?
__________________________________________________________________
e) Escreva uma moral para cada fábula.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
f) Qual fábula você mais gostou? Por quê?
___________________________________________________________________
Atividades que abordam a construção composicional
a) Como a história é contada em cada fábula?
___________________________________________________________________
b) O poeta alterou somente a forma ou o conteúdo da fábula também?
___________________________________________________________________
c) Que tipo de narrador aparece no texto? Justifique com um trecho do texto.
___________________________________________________________________
7- ATIVIDADE
Nota ao Professor:
Na próxima atividade, propõe-se um trabalho de leituras, para conhecer várias
versões da fábula “A Cigarra e a Formiga” e analisar as diferenças entre elas.
Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=677&evento=9#menu-galeria
Acesso em 18 se setembro de 2013.
A Formiga e a Cigarra
No Inverno, a Formiga tirava os grãos de trigo fora de sua cova para os secar,
quando surgiu a Cigarra que implorava que repartisse aquela comida com ela,
porque temia morrer de fome.
A Formiga perguntou a ela o que havia feito durante a Primavera e o Verão, já
que não guardara alimento para se manter.
A Cigarra respondeu:
- A Primavera e o Verão gastei cantando e brincando pelo campos.
A Formiga então, continuando a recolher seu trigo, lhe disse:
- Companheira, se aqueles seis meses gastaste em cantar e bailar, como se
fosse comida saborosa e a seu gosto, que agora cante e dance.
JosephShafan Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Como é descrita a cigarra nesta história?
___________________________________________________________________
b) E a formiga, como é descrita?
___________________________________________________________________
c) Você concorda com a atitude da formiga? Por quê?
___________________________________________________________________
d) Você ajudaria a cigarra? Por quê?
___________________________________________________________________
e) No seu dia a dia, quando você age como a cigarra? E em que ocasiões se
comporta como a formiga?
___________________________________________________________________
f) Apresente uma moral para a fábula que combine com a mensagem do texto.
___________________________________________________________________
2) Atividades que abordam a construção composicional e as
marcas linguístico- enunciativas:
a) A moral da história em uma fábula pode ser apresentada de forma implícita ou
explícita? E nesta fábula, como a moral está apresentada para o leitor?
___________________________________________________________________
b) Assinale a(s) alternativa(s) que considerar corretas e justifique sua escolha. A
linguagem empregada no texto é:
formal ( ) informal ( ) humorada ( ) irônica ( )
c) Nesta fábula, você pode observar que aparecem nomes. Na língua portuguesa,
há um grupo de palavras que se caracterizam por dar nomes às coisas, pessoas,
sensações, sentimentos, ideias e tudo que existe no mundo. Essas palavras
recebem o nome de “Substantivos”.
Observe o texto e identifique algumas palavras que são denominadas substantivos.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
d) Agora, explique qual a função desses substantivos no texto.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
e) Encontre, no texto, uma palavra que seja sinônima (com significado semelhante)
de:
colega ______________________ suplicava _________________
Monteiro Lobato escreveu estas duas versões diferentes da fábula “A Cigarra e a
Formiga”, uma com a Formiga boa e a outra com a má.
A CIGARRA E AS FORMIGAS
I- A Formiga Boa
II- A Formiga Má
Nota ao professor:
As fábulas A Formiga Boa e A Formiga Má encontram-se disponível em LOBATO,
Monteiro. Obra infantil completa de Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense,
1975, p. 49.
Distribua cópias dessas fábulas para a realização da leitura e atividades escritas.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614
1) Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Identifique o autor do texto I e textos II.
___________________________________________________________________
b) Qual é a principal diferença das duas versões em relação às atitudes da formiga?
___________________________________________________________________
c) Que tipo de sentimento a personagem formiga evidencia no texto A Formiga Boa?
___________________________________________________________________
d) E no texto A Formiga Má?
___________________________________________________________________
e) De qual versão você mais gostou? Por quê?
___________________________________________________________________
f) Você considera o trabalho da cigarra tão importante quanto ao da formiga nesta
fábula? Justifique.
___________________________________________________________________
g) Se a formiga fosse você e a cigarra seu amigo, qual atitude você considera
correta ter com seu amigo? Justifique.
___________________________________________________________________
2) Atividades que abordam a construção composicional e as
marcas linguístico-enunciativas:
a) Onde acontece a narrativa? Retire do texto expressões que comprovem sua
resposta.
___________________________________________________________________
b) Quais as partes em que se divide uma fábula?
___________________________________________________________________
c) O texto é narrado em 1ª ou 3ª pessoa? Copie uma frase que comprove sua
resposta.
___________________________________________________________________
d) Qual a importância desse foco narrativo para o texto em estudo?
___________________________________________________________________
e)Nas atividades da fábula anterior, vimos as palavras que nomeiam os seres, os
substantivos.
Agora, estudaremos os adjetivos, palavras que se referem a um substantivo,
determinando suas características ou indicando seu estado.
Vale lembrar que algumas palavras podem ter a função de substantivo ou
adjetivo, dependendo do contexto em que se encontram.
Nas duas fábulas de Monteiro Lobato, há palavras que caracterizam a formiga e
a cigarra, que são denominadas adjetivos. Você consegue identificá-las? Quais
são? Qual o sentido produzido por elas?
___________________________________________________________________
________________________________________________________________
f) Leia as frases:
“Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela”?
“Resultado: a cigarra morreu entanguidinha...”
Procure no dicionário o significado que mais se encaixa aos adjetivos sublinhados e
copie-os.
___________________________________________________________________
g) Observe o adjetivo destacado:
- Cantavas? Pois dance agora, vagabunda!
Que imagem da cigarra o narrador passa ao leitor com o uso desse adjetivo?
___________________________________________________________________
h) Escreva o antônimo (significado contrário) de cada adjetivo da formiga e da
cigarra encontrado nas duas fábulas. Que efeito de sentido ocorreria nas fábulas se
trocássemos os adjetivos originais pelos antônimos?
___________________________________________________________________
Nota ao professor:
O texto a seguir pode ser trabalhado por meio da leitura e da audição da história em
mp3.
Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=677&evento=9#menu-galeria
Acesso em 18 se setembro de 2013.
A Cigarra e a Formiga (versão bem humorada)
Contada por Esopo, registrada por La Fontaine e versão de autor anônimo. Transcrito de: http://www.dominiopublico.gov.br/download/som/us000111.mp3, Acesso em 29 de agosto de 2013.
Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra que eram muito amigas. Durante
todo o outono, a formiguinha trabalhou sem parar, armazenando comida para o período
de inverno. Não aproveitou nada do sol, da brisa suave do fim da tarde e nem do
convívio com os amigos no final do trabalho. Seu nome era "trabalho" e seu apelido
"sempre".
Enquanto isso, a cigarra só queria cantar nos grupos de amigos e nos bares
da cidade. Não desperdiçou um minuto sequer. Cantou e dançou durante todo o
outono, aproveitou o sol, curtiu a valer, sem se preocupar com o inverno, que estava
para chegar.
Então, passados alguns dias, começou a fazer frio. Era o inverno que estava
a começar. A formiguinha, exausta de tanto trabalho, entrou para a sua singela e
aconchegante toca, repleta de comida.
Mas nesse momento, alguém chamou seu nome do lado de fora. Quando
abriu a porta para ver quem era, ficou surpreendida com o que viu. Quem era?
A sua amiga cigarra estava ao volante de uma Ferrari, com um aconchegante
casaco de Vison.
- Olá, amiga! Vou passar o inverno em Paris. Será que tu poderias cuidar da
minha toca?
- Claro, sem problemas! Mas o que te aconteceu? Como é que conseguiste
dinheiro para ir a Paris e comprar esta Ferrari?
- Imagina tu, que eu estava a cantar num bar na semana passada e um
produtor ouviu e gostou da minha voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer
vários shows em Paris. A propósito, a minha amiga deseja algo de lá?
- Desejo. Desejo sim. Se encontrares por lá um tal de La Fontaine, manda-o
para o diabo que o carregue, viu.
Moral da História: “Aproveita a vida, sabendo dosar o trabalho e o lazer, pois
o trabalho em demasia, só traz benefício nas fábulas do La Fontaine e ao teu
patrão”.
1) Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) O que há de diferente nessa versão da história “A formiga e a cigarra?
______________________________________________________________
b) Em que sentido a vida da Cigarra mudou?
___________________________________________________________________
c) O cantar da Cigarra, nesta fábula, pode ser considerado uma profissão?
___________________________________________________________________
d) A profissão de cantor tem o mesmo valor que as outras profissões?
___________________________________________________________________
e) Por que a formiga mandou um recado para La Fontaine? Ela foi educada com
ele?
___________________________________________________________________
f) O que você entendeu sobre a Moral da História?
___________________________________________________________________
g) O que está escrito como moral da fábula, você considera importante para o ser
humano?
___________________________________________________________________
h) Você considera que a Cigarra mereceu o que lhe aconteceu? Por quê?
___________________________________________________________________
2) Atividades que abordam a construção composicional e as marcas linguístico-enunciativas:
a) Aponte elementos que indicam que este texto é uma fábula.
_______________________________________________________________
b) O narrador do texto é observador ou personagem? Por quê?
___________________________________________________________________
c) Observe estas frases:
Durante todo o outono a formiguinha trabalhou sem parar...
A propósito, a minha amiga deseja algo de lá?
As ideias transmitidas estão no presente, passado ou futuro? Por quê?
___________________________________________________________________
d) Com base na atividade anterior, podemos concluir que os verbos indicam a ação
do sujeito, dando ideia de tempo, isto é, mostrando se o fato aconteceu, acontece ou
acontecerá. Na fábula em estudo aparecem palavras que indicam algumas ações no
passado e no presente. Você consegue identificá-las? Quais são?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
e) Qual tempo verbal é predominante no texto? Por quê?
___________________________________________________________________
Nota ao professor:
Apresentar o vídeo: “A Cigarra e a Formiga”
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9v8VjXkhZdo, acesso em 18 de setembro de 2013
1) Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Como a cigarra cantava a respeito do mundo no início do vídeo?
___________________________________________________________________
b) A atitude da rainha se parece com qual fábula apresentada?
___________________________________________________________________
c) Como a cigarra passou a cantar a respeito do mundo no final do vídeo?
___________________________________________________________________
d) Por que você acha que ela mudou de opinião?
___________________________________________________________________
2) Atividades que abordam a construção composicional:
a) Este vídeo pode ser considerado uma fábula? Por quê?
___________________________________________________________________
b) Quais elementos da estrutura de uma fábula estão presentes neste vídeo?
___________________________________________________________________
8- ATIVIDADE
FÁBULAS CONTEMPORÂNEAS
Nota para o aluno:
Como vimos, as fábulas são textos muito antigos que foram sendo contadas de
boca a boca, reescritas e lidas por muita gente. Seus temas também sobrevivem ao
tempo, porque tratam indiretamente de problemas humanos da vida comum, que se
repetem de geração em geração.
Atualmente, estas verdades, às vezes, são ditas nas entrelinhas de diferentes e
criativas formas e linguagens.
O texto “O pequeno Hércules” é uma fábula que revela vários valores da sociedade
contemporânea.
O pequeno Hércules
Não era exatamente um exemplo de inteligência ou esperteza.
Comumente, precisava se esforçar mais do que os outros para conseguir
resultados semelhantes. Houve até quem o chamasse de burrinho, embora ele fosse
um cachorrinho.
A despeito de suas limitações, o pequeno Hércules era uma criaturinha fofa.
Seu pelo, uma mistura de plumas com flocos de algodão, cobria-lhe o couro fino e
rosado. Quando estava alegre, balançava a pequena cauda pompom. As patinhas
curtas tornavam seu andar saltitante um tanto faceiro, embora Hércules não fosse
vaidoso.
Parado, ele poderia ser confundido com um bichinho de pelúcia, mas em
movimento lembrava um coelho, um filhote de ovelha, um gato, uma miniatura de
urso polar e, claro, um cachorrinho.
Por esses atributos, causava um certo despeito aos outros cachorros. Era
comum cães de sua e de outras linhagens implicarem com ele. Mas o pequeno
Hércules evitava brigas. Não gostava de se meter em confusão.
Ademais, Hércules era um cão responsável. Seguia sempre os instintos na
direção do que considerava correto. Costumava dizer para quem quisesse ouvir:
“fazer certo, sempre dá certo!” Procurava fazer amizade com animais sociáveis,
sinceros, evitava os desordeiros, os dissimulados, os desonestos.
Houve um tempo em que um cão esperto se fez passar por amigo de
Hércules e tentou influenciá-lo para a prática de furtos. Roubava comida dos outros
bichos e queria namorar as fêmeas de outros cães. Mas Hércules repudiou a
companhia do larápio. Não se dava à vadiagem ou malfeitorias. Preferia viver na
simplicidade a se apropriar indevidamente do que pertencesse a outros. Fazia, sim,
suas conquistas, mas com trabalho e merecimento.
Ocorre que o cachorro ladrão ficou ofendido com a recusa do pequeno
Hércules e o ameaçou:
- Tás te achando melhor que eu, não é? Pois vais pagar caro por isso...
E se foi.
O pequeno Hércules ficou com receio, pois sabia que esse tipo de cachorro
era briguento e traiçoeiro. Daquele dia em diante, Hércules pôs-se mais cauteloso.
Evitava lugares ermos e regiões onde sabia que reuniam cachorros vadios.
Várias luas se passaram até que o pequeno cão recuperasse a confiança. Um
dia, enquanto brincava com uma borboleta em um descampado fora das cercanias
da fazenda, onde vivia em segurança, foi abordado por três cachorros bem maiores
que ele. Reconheceu de imediato ser um deles o larápio que o havia ameaçado.
Em segundos, o pequeno Hércules avaliou o tamanho dos assaltantes e
constatou que eram bem maiores do que ele. Previu que a distância que teria de
percorrer para pôr- se a salvo era demais para suas pequenas patas. Compreendeu
que não conseguiria escapar... Mas, no canto do olho marejado, pôde ainda
visualizar a cerca e percebeu que o espaço entre os fios de arame farpado era
pequeno.
Antes que os delinquentes se precipitassem sobre ele, o pequeno cão acuado
lançou-se para a cerca e comprimindo-se ao máximo, conseguiu passar por entre
um fio e outro. Já os três grandalhões partiram para cima da cerca, mas devido ao
porte avantajado não puderam cruzá-la. Conformaram-se a rosnar e latir.
Enquanto isso, o pequeno Hércules fugia desesperado, ainda que saltitante,
sem olhar para trás até se misturar com o rebanho de ovinos.
Entre as ovelhas e carneiros, então, Hércules se sentiu tranquilo e seguro.
Arranjou até um emprego como cão de guarda do rebanho. Devido à sensibilidade
auditiva e olfativa, alarmava contra possíveis perigos à comunidade ovina, que lhe
retribuía com leite e posição social digna. Carneiros e ovelhas acolheram o pequeno
cão como se um deles fosse.
Uma noite, quando todos dormiam no cercado, Hércules se manteve em
posição de guarda. Mais tarde, ao ouvir um ruído suspeito, imediatamente pôs-se a
rosnar e a latir. Com o alarme, o bicho que pretendera pegar um filhote de ovelha se
viu denunciado e desistiu.
Na manhã seguinte, as pegadas e as intenções do cão ladrão foram
reveladas. Com isso, Hércules obteve o reconhecimento da comunidade ovina.
Naquele dia, ele teve a autorização para beber leite das ovelhas à vontade, afinal, o
pequeno guarda salvara o rebanho de um ataque iminente.
À luz do dia, enquanto o rebanho foi pastar, o pequeno Hércules, de barriga
cheia, dormiu um sono tranquilo. Não longe dali, o cão ladrão acabara de ser
flagrado tentando roubar uma franguinha (PESSOA, 2011, p. 25).
Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) O personagem Hércules possui muitos valores que são essenciais para se viver
bem em sociedade. Que valores são esses?
___________________________________________________________________
b) Podemos fazer uma reflexão sobre o comportamento humano, comparando-o
às atitudes do cão esperto que se fez passar por amigo de Hércules. Sobre o
que podemos refletir?
___________________________________________________________________
c) Você acha que algumas pessoas realmente agem assim? Qual sua opinião
sobre esse tipo de atitude?
___________________________________________________________________
d) Os desenhos são formas de representarmos, por meio de linguagem não verbal,
as histórias lidas ou ouvidas. De que forma você vê Hércules e o cachorro
maldoso? Faça um desenho para representá-los, relacionando-os a personagens
da atualidade.
___________________________________________________________________
2) Atividades que abordam a construção composicional e as marcas linguístico-enunciativas:
a) Durante a narração dessa fábula não há citação de todos os lugares onde
acontecem os episódios, mas podemos imaginá-los. Que lugares são esses para
você?
___________________________________________________________________
b) O narrador de O pequeno Hércules participa da história ou simplesmente conta a
história estando fora dela? Qual o nome dado a esse tipo de narrador?
___________________________________________________________________
c) O pequeno Hércules é uma fábula contemporânea. Quais as principais
características que o diferencia de uma fábula tradicional?
___________________________________________________________________
d) Hércules diz um provérbio que faz parte do conhecimento popular e traz um
ensinamento. Qual é o provérbio? Que ensinamento ele traz?
____________________________________________________________________
e) Após a leitura da fábula, anote as palavras desconhecidas, procure-as no
dicionário e escreva os seus significados.
___________________________________________________________________
f) Nas fábulas, a indicação de tempo é vaga e imprecisa para que o ensinamento
proposto torne-se atemporal e universal. Copie do texto expressões que apresentem
essa indicação.
___________________________________________________________________
g) Você já deve ter reparado que, em um texto bem elaborado, evita-se a repetição
de palavras iguais. E para evitar a repetição, o autor usa pronomes, sinônimos,
recursos de pontuação e omissão de palavras.
Agora leia os trechos da fábula em estudo e veja como as repetições foram evitadas.
A despeito de suas limitações, o pequeno Hércules era uma criaturinha fofa. Seu
pelo, uma mistura de plumas com flocos de algodão, cobria-lhe o couro fino e
rosado.
Houve um tempo em que um cão esperto se fez passar por amigo de Hércules e
tentou influenciá-lo para a prática de furtos.
Antes que os delinquentes se precipitassem sobre ele, o pequeno cão acuado
lançou-se para a cerca e, comprimindo-se ao máximo, conseguiu passar por entre
um fio e outro. Já os três grandalhões partiram para cima da cerca, mas devido ao
porte avantajado não puderam cruzá-la.
Os pronomes destacados no texto referem-se a quais palavras?
lhe _______________________
lo ________________________
se ________________________
la ________________________
Que tal conhecermos, agora, mais uma fábula contemporânea?
9- ATIVIDADE
Nota ao professor:
“Um cavalinho diferente” é uma fábula contemporânea de extensão longa, por isso
sugere-se que o professor faça uma leitura em forma de narração dramatizada, a
fim de que o texto se torne mais atrativo, motivando sua compreensão.
Um cavalinho diferente
Vivia, numa região plana próxima a uma serra, um cavalinho cor de canela
que nascera como os demais cavalinhos, mas com dois detalhes diferentes: não
tinha pelo no dorso e o seu rabinho era atrofiado, não crescera. Era cotó por
natureza.
Por essa razão, ele não tinha o mesmo equilíbrio que os demais cavalos.
Tinha que trotar mais cuidadosa e atentamente e, assim, não era tão veloz.
Entretanto, somente isso o diferençava dos demais. Era alegre, brincalhão e
arriscava uma corrida de vez em quando, embora tivesse que se concentrar
bastante para não perder o prumo.
Na rotina do dia a dia, quando ia para a escola, já que não era tão veloz
quanto os outros cavalinhos, tinha que se levantar mais cedo para que, no seu ritmo,
pudesse chegar a tempo.No caminho, tentava imitar o canto dos passarinhos e isso,
sim, o tornava um cavalinho diferente.
Por essa razão, outros cavalinhos costumavam desdenhá-lo, sobretudo o
altivo cavalinho dourado. Esse era intolerante e estimulava os outros a desprezar o
cavalinho diferente. Embora nem todos concordassem com a discriminação, o
cavalinho diferente acabava se isolando dos colegas e procurava companhia de
animais de outras espécies.
Como era mais lento, tinha a oportunidade de ser prestativo e conquistar
novas amizades, principalmente com os passarinhos, que costumavam pegar carona
no seu lombo até a escola. Além do sabiá, do corrupião, do galo de campina e do
bigodeiro, tinha como amigos o tatu-bola, dona Cabra e outros bichos.
Numa manhã, o cavalinho dormira mais do que de costume e acordara na
hora dos outros. Certamente, nesse dia, chegaria atrasado à escola, já que sua
marcha não se igualava à dos demais. Os outros rapidamente se dirigiram à escola
sem se preocupar com o cavalinho diferente, deixando-o sozinho, para trás.
Ele, por sua vez, pareceu não dar importância. No bom humor de sempre,
partiu em direção à escola, alegre e assobiando como gostava de fazer, bem
acompanhado por seus amigos passarinhos que gorjeavam em coro.
Bem mais à frente, os demais cavalinhos trotavam em grupo quando foram
surpreendidos por uma suçuarana, a onça vermelha, a mais temida da região, que
deu alto à tropa:
- Parados! - ordenou a onça.
Com medo e sabendo que a onça era esperta e veloz, os equinos
obedeceram.
- Vou devorar um de vocês. Escolham, qual de vocês deverá ser minha
refeição - impôs o felino.
Tremendo, os cavalinhos entreolharam-se sem saber o que responder. Foi
quando o cavalinho dourado, exatamente aquele que costumava se pavonear e
desdenhar do cavalinho diferente, teve uma ideia e tomou a iniciativa de responder à
fera:
- Dona Onça, sabemos que a senhora precisa se alimentar. Isso nós
entendemos e respeitamos, mas será que a senhora poderia esperar um
pouquinho? Já, já vai chegar por aqui um cavalinho apetitoso que será perfeito para
sua refeição.
- Por que devo esperar? - desconfiou a onça. - Por que ele seria melhor que
qualquer um de vocês?
Percebendo que despertara o interesse da onça, o porta-voz apressou-se em
abanar sua longa cauda e sinalizou para que os demais o imitassem.
- Veja, dona Onça, se a senhora escolher um de nós, terá o trabalho adicional
de se desfazer de todo esse pelo das nossas caudas e crinas. A refeição que
reservamos para a senhora já vem preparada, sem esse pelo que só vai aborrecer a
senhora.
Mesmo sem entender claramente a oferta do cavalo dourado, a onça, curiosa
e por não estar tão faminta ainda, resolveu esperar para ver que comida tão especial
seria essa.
Passado um quarto de hora, a onça, já impaciente, sinalizou que não estava
disposta a esperar mais, quando viram se aproximando o coro melodioso do
cavalinho diferente e seus amigos.
- Ouça, dona Onça, a sua refeição está chegando e é tão especial que vem
acompanhada de um fundo musical só para homenageá-la.
De fato, a onça gostou da melodia e resolveu esperar.
Em instantes, chegou o cavalinho diferente e, sem ver a onça que estava
atrás da árvore, se surpreendeu ao encontrar todos os seus colegas àquela hora
ainda no caminho da escola. Iludido, pensando que os colegas estavam sendo
corteses em esperá-lo, abriu um sorriso e pôs-se a assobiar uma melodia que
aprendera com um velho canário belga, sem se dar conta da gravidade do momento.
Quando terminou a canção, o cavalinho dourado tomou a frente e,
aproximando-se do cavalinho diferente, anunciou solenemente:
- Aqui está, dona Onça, o seu presente! É todo seu! - disse, apontando para o
cavalinho diferente.
Quando a onça botou os olhos no cavalinho canela, não disfarçou seu
contentamento. Então o cavalo dourado apressou-se em receber os méritos por sua
oferta:
- Viu, dona Onça, como eu tinha razão? Sou equino de palavra e não faço
propaganda enganosa. - gabou-se.
A onça então se aproximou dos dois e virando-se para o cavalo dourado
concordou:
- De fato, esse é o melhor presente que eu poderia receber hoje - concordou,
cheirando e roçando seu pelo no cavalinho diferente, enquanto todos, atentos,
acompanhavam a cena aparentemente terna que antecederia a comilança da onça.
Sem compreender a alegria do cavalinho diferente que, até então, mostrava-
se lisonjeado e receptivo à investida da onça, todos ficaram em suspense, até
mesmo o cavalo dourado.
A onça, então, se dirigindo para o diferente, proferiu a sentença:
- Cavalinho canela, tu me foste ofertado como refeição de hoje por esse
cavalo dourado. Como jamais poderei te devorar, pois te sou eternamente grata por
me ajudares a salvar o meu filhote naquele dia chuvoso, quero que escolhas qual
desses cavalos será minha refeição hoje. Certamente todos sabem qual merece ser
devorado por mim - disse, fitando o cavalo dourado -, mas és tu quem vais decidir.
O cavalinho diferente, compreendendo finalmente o que estava acontecendo,
ponderou:
- Dona Onça, foi uma honra ajudá-la a salvar seu lindo filhote naquele dia e
agradeço a gentileza de a senhora não querer me devorar... Porém, se a senhora
não estiver tão faminta assim, pediria que adiasse a sua refeição e não devorasse
nenhum de meus companheiros, nem mesmo esse dourado que, apesar de não ser
meu amigo, é um líder entre meus colegas e seria uma perda para todos o seu
desaparecimento.
Todos ficaram perplexos diante da coragem e nobreza do cavalinho
diferente. A onça quedou-se pensativa. Deu alguns passos em círculo e sentenciou:
- Cavalinho canela, na verdade, estou desejando essa bela presa dourada
desde quando a vi. Esperava que ela fosse a escolhida, mas em sua atenção e
como não estou tão faminta agora, creio que posso adiar minha refeição. Dito isso,
despediu-se do cavalinho diferente com um gesto de deferência e sumiu na mata.
Daquele dia em diante, o cavalinho diferente passou a ser amado e
respeitado por todos os equinos da região. Foi, inclusive, homenageado como herói.
Já o cavalo dourado, com medo de reencontrar a onça vermelha, fugiu para
campos distantes. Há quem diga que a onça partiu para a mesma região decidida a
cobrar sua dourada recompensa (PESSOA, 2011, p.10).
1) Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Por que o cavalinho canela era discriminado por outros cavalinhos?
___________________________________________________________________
b) Pelo fato de o cavalinho canela ser diferente, ele tinha melhores oportunidades na
vida que o cavalo dourado. Quais eram?
___________________________________________________________________
c) Você concorda com a atitude do cavalinho dourado? Por quê?
___________________________________________________________________
d) E com a atitude do cavalinho canela? Explique sua resposta.
___________________________________________________________________
e) A atitude do cavalinho canela trouxe-lhe algumas vantagens. Uma delas foi não
ser devorado pela dona Onça. E na vida, temos vantagens em sermos bons para
com os outros? Justifique:
___________________________________________________________________
f) No nosso dia a dia, encontramos pessoas que têm mais atitudes iguais a do
cavalinho dourado ou canela? Por que isso acontece?
___________________________________________________________________
g) A fábula apresenta um ensinamento ao leitor. Que ensinamento é este e quem o
transmite?
___________________________________________________________________
h) Essa fábula trata, com certa sutileza, de valores da sociedade contemporânea.
Quais são eles?
___________________________________________________________________
i) A quem você enviaria esta fábula, a fim de fazê-lo refletir?
___________________________________________________________________
2) Atividades que abordam a construção composicional e as
marcas linguístico- enunciativas:
a) Esse texto é uma fábula contemporânea. Que elementos da narrativa comprovam
essa afirmação?
___________________________________________________________________
b) Conforme já vimos, na fábula aparecem palavras ou expressões que indicam
circunstâncias em que ocorre a ação verbal, dando ordem aos acontecimentos,
situando-os em um espaço e indicando a maneira de um personagem agir. Tais
palavras ou expressões são denominadas advérbios ou locução verbal. Assim, advérbio é a palavra que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio. E dá-
se o nome de locução verbal ao conjunto de duas ou mais palavras com valor de
advérbio.
Vamos retirar da fábula “Um cavalinho diferente” dois advérbios (ou locução verbal)
de lugar, dois de tempo e dois de modo.
___________________________________________________________________
c) Em sua opinião, o uso dessas palavras ou expressões foi importante para a
compreensão do texto? Por quê?
___________________________________________________________________
d) Discurso direto e indireto Observe:
- Parados! - ordenou a onça. (discurso direto)
A onça ordenou que parassem. (discurso indireto)
- Vou devorar um de vocês. Escolham, qual de vocês deverá ser minha refeição
- impôs o felino.
Nesta frase o discurso é:
( ) direto ( ) indireto
e) Que recurso é usado para marcar as falas das personagens da fábula Um
cavalinho diferente?
___________________________________________________________________
f) Escolha uma das falas das personagens da fábula O cavalinho diferente e
reescreva usando o discurso indireto.
___________________________________________________________________
CATARSE
ETAPA lV
Nota ao professor:
Este passo representa uma operação fundamental; é a síntese. “Esta é a fase em
que o educando sistematiza e manifesta que assimilou, isto é, que assemelhou a si
mesmo os conteúdos e os métodos de trabalho usados na fase anterior”
(GASPARIN, 2009, p. 123).
É o momento de verificar se o conteúdo foi assimilado. Isso será feito por meio de
leitura e interpretação de fábulas. Também é o momento de realizar a proposta de
uma produção de texto do gênero discursivo fábula.
1) ATIVIDADE
Nota ao Professor:
Leve os alunos à biblioteca da escola ou ao laboratório de informática para
pesquisarem e lerem uma fábula de sua preferência. Em seguida, peça que digitem
ou copiem essa fábula e façam a leitura aos colegas. Feito isso, solicite que os
alunos respondam às questões apresentadas na sequência.
Atividades que abordam o conteúdo temático:
a) Qual é o título da fábula que você escolheu?
___________________________________________________________________
b) Quais são os personagens que fazem parte do texto?
___________________________________________________________________
c) Quem é o autor do texto?
___________________________________________________________________
d) Qual é a moral da história? ___________________________________________________________________
Atividades que abordam a construção composicional e as
marcas linguístico- enunciativas:
a) O texto lido é uma narrativa curta ou longa?
___________________________________________________________________
b) Há indicação exata do tempo e lugar onde ocorre a história?
___________________________________________________________________
c) Na fábula que você escolheu existem palavras que exprimem ação, outras nomes
de (animais, lugares, objetos) e outras características.
Retire do texto uma palavra que indica ação, outra que indica um nome e outra
característica.
___________________________________________________________________
d) Você consegue explicar qual a função dos substantivos e dos adjetivos? E dos
verbos?
__________________________________________________________________
2) ATIVIDADE
Nota ao professor:
Após a realização dessas atividades, fixe os textos copiados ou digitados sobre os
nomes dos fabulistas colocados em um mural.
ESOPO FEDRO LA FONTAINE MONTEIRO
LOBATO
OUTROS
AUTORES
3) ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DE TEXTO
Imagine ou relembre uma situação do seu cotidiano, como exemplo, o caso de uma
pessoa que você conhece que foi egoísta, mentirosa, violenta, ou fofoqueira com
outra e por um desses motivos perdeu amigos e se deu mal. Para alertar os colegas
de classe e demais pessoas da escola sobre os malefícios dessas atitudes, você
escreverá uma fábula sobre essa situação. Depois de pronta, ela será reunida em um
livro, que ficará exposto na biblioteca.
Escolha animais como personagens para viver esta história que você imaginou ou
lembrou.
Imagine o cenário da história.
Crie uma situação inicial, um problema e a resolução do problema.
Lembre-se que, nas fábulas, o tempo e o lugar são vagos, imprecisos.
Finalize a fábula e escreva uma “Moral da história” de acordo com a história narrada,
transmitindo um ensinamento.
Não se esqueça do título!
Bom trabalho!
Ao professor:
Proponha ao aluno um trabalho de revisão da produção da fábula e também de
compreensão da revisão como um processo natural e constante da atividade de
escrita. Os critérios que serão apresentados na tabela foram baseados em
Fernandes, 2001.
4) REVISÃO TEXTUAL
Sim Preciso
melhorar
Criou personagens característicos de uma fábula?
O tema trata indiretamente de problemas humanos?
Você empregou o uso do travessão ou aspas nas falas dos
personagens?
Sua história acontece num tempo e espaço pouco detalhado?
O narrador conta a história como se tivesse assistido a cena?
Sua história teve uma introdução dos fatos, um conflito e um
resultado final?
A resolução do conflito combinou com a sua intenção de contar a
fábula e com a moral?
Escreveu a moral de forma explicita ou implícita?
O tema dominou a história trazendo um ensinamento?
Não repetiu palavras nas falas dos personagens?
Nota ao professor:
Os alunos deverão fazer, com a sua mediação, todas as adequações necessárias e
entregar o texto para a avaliação final.
Lembrá-los que essa fábula fará parte de um livro, que ficará exposto na biblioteca
da escola, depois de ser digitada e ilustrada.
5) ATIVIDADE DE ILUSTRAÇÃO DA FÁBULA
Nota ao aluno:
Estamos na fase final de nosso trabalho. Então caprichem nos desenhos de suas
fábulas! Aquele que não gostar de desenhar, poderá fazer colagens, usando
recortes de gravuras.
PRÁTICA SOCIAL FINAL
ETAPA V
Nota ao professor:
O quinto passo consiste em uma nova proposta de ação a partir do conteúdo
sistematizado. A partir do gênero estudado, os alunos irão confeccionar um
FABULÁRIO e por meio das lições de moral ou provérbios que escreveram e leram
nas fábulas, poderão tornar pessoas mais conscientes, reflexivas e críticas como
cidadãos em nossa sociedade atual.
6. REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. CAPPARELLI, S. 30 fábulas contemporâneas para crianças. 2ª. ed. Porto Alegre – Rio Grande do Sul : L&PM Editores, 2011. Enciclopédia Didática de Informação e Pesquisa Educacional. 3ª. ed. São Paulo: Iracema Ltda,1987. FERNANDES, M. T. O. S. Trabalhando com os gêneros do discurso: narrar: Fábula. São Paulo: FTD, 2001. GASPARIN, J. L. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 5ª. ed. Campinas - São Paulo: Autores Associados, 2009. LA FONTAINE. Fábulas de La Fontaine. Ilustradas por Gustave Doré. Volume I. Rio de Janeiro: Brasil-América, 1985. LOBATO, M. Obra infantil completa de Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense, 1975. __________. Memórias da Emília. São Paulo: Globo, 2007. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica- Língua Portuguesa. Curitiba, SEED, 2008. PESSOA, S. O pequeno Hércules e outras fábulas contemporâneas. Fortaleza-Ceará: Armazém da Cultura, 2011.
SITES ACESSADOS http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=121614 http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=677&evento=9#menu-galeria. Acesso em 18 de setembro de 2013. https://www.youtube.com/watch?v=9v8VjXkhZdo. Acesso em 18 de setembro de 2013. http://sugestoescolaresdiversas.blogspot.com.br/2011/03/o-rato-do-campo-e-o-rato-da-cidade.html. Acesso em 14 de novembro de2013.