os desafios da escola pÚblica paranaense na … · civilizações mais primitivas até atualidade...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
DANÇA FOLCLÓRICA: do abstrato ao mundo real.
Karina Oliveira Costa 1
Roseli Terezinha Selicani Teixeira 2
RESUMO
Este artigo é uma produção científica como etapa final e conclusiva do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, ofertado aos professores da Rede Pública Estadual de Ensino do estado do Paraná como formação continuada desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná em parceria com a Universidade Estadual de Maringá. O objetivo desse estudo é analisar o ambiente escolar, após apresentar os diferentes segmentos da dança folclórica e a influência da indústria cultural. Tendo em vista que um trabalho de dança folclórica nas aulas de educação física, não é tão enfatizado. Considera-se que o objeto de estudo e ensino aprendizagem desse trabalho é a Dança e, será uma pesquisa de estudo de campo de caráter qualitativo, fazendo uso de instrumentos para a coleta de dados questionário fechado com 10 questões em que se utiliza uma amostra de 30 alunos da 6º ano do ensino fundamental, em 32 horas aulas para implementação das ações da Produção Didático – Pedagógica do Colégio Estadual Alberico Marques da Silva E.F.M.P na cidade de Santa Isabel do Ivaí-PR. Considerando que este conteúdo contribuiu para melhorar o desempenho motor do educando no sentido pedagógico, cultural, educativo e social. No espaço escolar que acontece o encontro de várias culturas.
Palavras chave: dança, dança folclórica.
ABSTRACT This article is a scientific production of the final and conclusive stage of the Educational Development Program- PDE, offered to teachers who work in State Public Schools in the state of Paraná as continuing education developed by the State Education Department of Paraná in partnership with the State University of Maringá. The aim of this study is to analyze the scholar environment, after presenting the different segments of the folk dance and the influence of the cultural industry. Considering that works with folk dances have not been emphasized in physical education classes. The object of study, and teaching and learning of this work is the “Dance” and it is a field study of qualitative character, making use of some instruments for data collection, as for example, a 10-question questionnaire with the participation of 30 students from the 6th grade of elementary school, in 32-hour classes to implement the actions of the Pedagogical Didactic Production at the State School Alberico Marques da Silva E.F.M.P. in Santa Isabel do Ivaí- Pr. Given that this content contributes to improve the engine performance of the student in the pedagogical, cultural, educational and social sense at the school environment where the meeting of different cultures happens. Key words: dance, folk dance.
1. Professora Karina Oliveira Costa, licenciada pela Universidade Estadual de Londrina em Educação Física. Pós – Graduada pela Universidade Estadual Norte do Paraná. Professora nos Colégio Estadual Alberico Marques da Silva EFMP e Colégio Estadual Narcizo Mendes EFM. E-mail [email protected] 2. Professora Drª Roseli T. S. Teixeira. Departamento de Educação Física da UEM. E-mail [email protected]
1. INTRODUÇÃO
A dança folclórica é uma área privilegiada para que se possa trabalhar,
discutir e problematizar a pluralidade cultural de um povo. A expressão corporal
em si, já é expressão de pluralidade e tornam-se evidentes nos processos de
criação das danças. Nesta perspectiva, este projeto de intervenção pedagógica
por sua relevância traz a dança folclórica como uma forma de expressão
coordenada, nos quais pode contribuir de forma significativa para o
desenvolvimento do corpo e dos conceitos de cidadania no cotidiano da escola. O
educando por meio da dança expressa todos os seus sentimentos, emoções,
alegrias e frustrações. E a escola poderá proporcionar esse momento de busca ao
prazer e ao mesmo tempo ao conhecimento.
Barreto (2005, p. 2), diz que “[...] dançar é um dos prazeres que o ser
humano pode desfrutar. Uma ação que traz uma sensação de alegria, de poder,
de euforia interna e, principalmente, de superação dos limites dos seus
movimentos”. Para Nanni (1995), pesquisar a vida de qualquer povo das
civilizações mais primitivas até atualidade pode-se encontrar sempre como
expressão de uma cultura e como educação das crianças aos jogos, os desportos
e principalmente a dança:
As danças, em todas as épocas da história e/ou espaços geográfico, para todos os povos é representação de suas manifestações, de seus estados de espírito, por meios de emoções, de expressão e comunicação do ser e de suas características culturais. É ela que traduz nos gestos e movimentos a mais íntimas das emoções acompanhada ou não de música e do canto ou de ritmos peculiares. (NANNI, 1995, p. 7).
Tendo em vista, que um trabalho de dança folclórica nas aulas de
Educação física, já não é tão enfatizado na unidade escolar, e esse contribui para
melhorar o desempenho da aquisição de outros conhecimentos considerando a
diversidade que o mesmo apresenta sendo necessário uma pesquisa dos seus
elementos constituintes e, sabendo que é no espaço escolar que acontece o
encontro de várias culturas e diversidades sócio culturais. Nesse sentido, é
possível perceber a necessidade emergente em promover uma socialização
desses conhecimentos como forma até de combate a discriminação, violência e
outros problemas que afetam o ambiente escolar e o ensino aprendizagem do
educando.
Pensando nessa problemática, estrutura-se esta pesquisa com foco na
dança folclórica como resgate das culturas e da cidadania levando a seguinte
questão. Em que aspectos pedagógicos o resgate das danças folclóricas
contribuem ou não para a formação da cidadania dos alunos do 6º ano do Colégio
Estadual Alberico Marques da Silva da cidade de Santa Izabel do Ivaí – Paraná?
Observa-se que a influência da dança na educação possibilita uma
formação integral do aluno, sendo este conteúdo estruturante presente nas
Diretrizes do Estado do Paraná. Assim, ao utilizar as diferenças no ambiente
escolar, e se apropriando do folclore brasileiro considerando o multiculturalismo e
diversidade cultural da dança regional na escola como meio de formação do
sujeito contribuirá de forma qualitativa na construção de novos conhecimentos
para além de associar outras disciplinas presentes no currículo da escola.
Tendo como objetivo analisar a contribuição do folclore na formação do
sujeito. Essa pesquisa de campo, de caráter qualitativo cujo instrumentos para a
coleta de dados foi um questionário fechado com 10 questões aplicado à 30
alunos da 6º série do ensino fundamental, seguido de 32 horas aulas de
implementação das ações da Produção Didático – Pedagógica do Colégio
Estadual Alberico marques da Silva E.F.M.P na cidade de Santa Isabel do Ivaí-PR.
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
A DANÇA NA ESCOLA
Segundo Nanni (1995), a dança segue uma estrutura lógica – somática do
movimento é idêntica em ambos os sexos. A distinção entre eles vai depender da
emoção que cada um imprime à sua expressão. Neste sentido, uma distinção de
gênero na expressão da dança, onde cada sexo vai colocar sua fruição a dispor
da dança, dando vida e expressão a música. Surge então uma questão
norteadora que nos faz pensar como ensinar a dança na escola e como conduzir
o trato com esse conhecimento
Para este projeto de intervenção na escola, é proposto um trabalho com
as danças folclóricas, o motivo pelo qual enfatizamos, tendo em vista, que dentro
deste vasto país há uma cultura rica em músicas, danças e manifestações
artísticas, que nos permitem viajar e conhecer outras culturas. Assim (MARQUES,
2007, p.155) comenta:
O brasileirismo está na moda. É “legal” dançar forró, exaltar a natureza abundante, ser negro, ensinar danças populares na escola. Assim, quem sabe,consigamos resgatar o último fiozinho do alegre patriotismo que ainda existe em função da copa de 1970”. Diante do que o contexto nos propõe que a invasão das danças como o funk , afeta as escolas, seria interessante o resgate da cultura popular brasileira.
Percebe-se, nas palavras de Marques (2007), que a linguagem da dança
é em primeiro lugar, o corpo em si já é expressão de pluralidade. Tanto os
diferentes biótipos encontrados hoje no Brasil quanto à maneira com que esses
corpos se movimentam, tornam evidentes aspectos sócio-políticos-culturais nos
processos de criação em dança. A dança folclórica é sem dúvida uma
representação da cultura de um povo, onde demonstram seus costumes crenças
e tradições. Que vai passado de geração em geração, representando uma
herança cultural.
De acordo com Bregolato (2000 p. 88), diz que “[...] a dança folclórica
representa uma das manifestações espontâneas da gente dos campos e das
cidades. Ela não tem autor conhecido. É obra do povo que cria”. Sendo assim
interpretada, pela sociedade da forma lúdica, como sendo algo em constante
transformação, onde acontece nas ruas na praças, nas vilas e nos vilarejos.
Formando e dando identidade a nossa cultura nacional, dando cara ao povo.
A dança popular existe e com ela caminha o folclore que é uma forma de
representar a cultura regional “[...] pois retrata seus valores, crenças, trabalhos e
significados" (2000, p. 88), e continua
Dançar a cultura de outras regiões é conhece-la, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. Realizar a dança de um povo, é se abrir pra ela e ser agente da união entre regiões e as nações. Isso justifica a importância de realizar as danças folclóricas na escola.
Pois é na escola que surgem as diversidades culturais, onde os alunos
vão socializar práticas corporais, advindas de outras regiões, surgindo assim a
curiosidade em conhecer o novo, o inusitado. Vale esclarecer que o folclore como
representação das manifestações de um povo, esta presente nos campos e nas
cidades possibilitando a apreensão dos saberes históricos da humanidade,
articulando o saber construído com o senso comum dentro do contexto escolar.
Sendo a dança o veículo que vai transportar esse conhecimento ao longo da
história.
Para Bregolato (2000, p. 88 ) , “[...] o folclore é o retrato da cultura de um
povo”. Já Giffoni (1973, p. 9), diz que “[...] constituem o fato folclórico as maneiras
de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela
imitação, sem influência direta do oficial ou do erudito”. Logo a dança folclórica
esta intimamente ligada a cultura popular. De fato observar e olhar para todos os
lados vamos encontrar a dança presente no cotidiano do ser humano, seja a
dança na rua, em casa, na escola, na televisão, o Brasil é um país dançante,
democrático e corporal, de clima tropical em que diversas regiões do país
encontramos vários tipos de dança, onde se dançam por vários motivos: a dança
da colheita, a dança do acasalamento, a dança para demonstrar uma tristeza,
entre outras. Nesta perspectiva, Marques (2007, p.18) diz que:
[...] ou seja, o fato de o Brasil ser um país” dançante” tem também alijado a dança da escola. “Mas o preconceito existe e não é a dança que vai escapar dessa constante variável, ainda existe em nossa sociedade o medo, ou o receio de se trabalhar e mexer o corpo como sendo algo pecaminoso, causando vergonha, muitos tem vontade de se exercitar e colocar o corpo a demonstrar sentimentos de alegria, entusiasmo, criatividade como sendo algo artístico, pelo medo das desaprovações. O que faz com que muitas vezes o ensino da dança artística folclórica na escola se torne muitas vezes difícil para o professor trabalhar, precisamos de que nossos alunos estejam com uma bagagem trazida das séries iniciais do ensino fundamental.
Deste modo, a dança pode acontecer ou deve acontecer na escola, pois
não são apenas os profissionais da dança como bailarinos que podem dançar,
qualquer um pode, basta estar motivados e dispostos a aprender. Em
consonância com o exposto Caminada (1999) afirma que o espaço da dança é
definido pelas diferenças culturais, temporais ou de gerações. Assim como o
desenhista, antes de iniciar o seu trabalho deve estudar o espaço do papel, a fim
de organizar as linhas que formarão a imagem pensada, o coreógrafo também
deve pensar no espaço ao seu redor, só que usando o corpo humano como
ferramenta expressiva.
2.1 ALGUNS GÊNEROS DA DANÇA
As danças podem ser classificadas a partir de muitos critérios. De acordo
com quem faz a dança e para quem a faz, entre outros aspectos pode-se
classificá-las nos seguintes gêneros: de espetáculo, étnicas, folclóricas, salão e
criadas pela indústria cultural (TAVARES, 2004), sendo:
2.2 Dança de Espetáculo
As danças de espetáculo ou artísticas são aquelas executadas por
profissionais, na qual muitas pessoas vão apreciar os dançarinos e sua
perfomance. Nessas danças são utilizados vários recursos que enriquecem a
apresentação, como: trapézios, cenários e efeitos especiais.
O balé em termo gerais é uma dança que conta uma história, com seus
movimentos, os bailarinos vão narrando os acontecimentos desta história, tendo
como base a música, que geralmente é composta para reforçar as ideias do
enredo. “Ao observarmos os bailarinos, ficamos fascinados com a leveza de seus
movimentos. A maioria dos balés constitui-se no conjunto de várias artes: dança,
música, arte visual (cenografia, figurino) e também o Teatro” (SOSSAI, 2006,
p.309).
2.3 Dança Étnica
Segundo Tavares, (2004), a dança étnica retrata a cultura de um povo,
suas crenças, seus costumes e sua vida. Dentre as danças étnicas encontram-se
no Brasil as danças indígenas. As danças indígenas se realizam em diferentes
situações normalmente com intenções ritualistas. Em consonância com Bregolato
(2000, p.78), “O aluno ao conhecer e praticar as danças indígenas, conhece os
sentidos que justificam sua criação e os significados das suas expressões”. Já
que o Brasil é um país em que os nativos eram os índios, não temos como negar
os nossos antepassados. Portanto conhecer praticar as danças indígenas é
valorizar e lembrar os índios.
2.4 Dança de Salão
Segundo Ossana (1988), no reinado de Luís XIV, o entusiasmo dos
dançarinos começou a se perder devido ao rígido cerimonial da corte e ao fastio
em executar sempre as mesmas danças, causando assim, a necessidade de
mudanças que inovassem a atividade da vida palaciana. Foi assim, que a dança
de salão pela necessidade de inovação transformou-se aos poucos características
próprias. De acordo com Zamoner (2005), a dança de salão possui ritmos
conhecidos em todo o mundo, isto é, ritmos mundiais, esses ritmos têm
características e origens próprias. Cada um deles identificado pelo ritmo e
modalidade. Exemplos: Samba, Tango, Lambada, Merengue, Chá-Chá-Chá,
sendo o Samba e o Tango são danças de salão mais apuradas tecnicamente.
Nas Américas estão os mais fortes pontos de criação de danças de salão:
Swing na América do Norte, Mambo, Salsa, Merengue. Já na América Central e
do Sul concentram-se mais o Samba, Tango, Lambada entre outras. Percebe,
portanto, que o Brasil ocupa uma posição privilegiada no cenário mundial de
dança de salão.
O Tango é uma dança que teve origem nos bairros pobres da Argentina e
durante mais de 100 anos foi considerada indecorosa para os salões de danças.
No entanto, tornou-se uma das mais famosas danças de salão do mundo. Essa
dança, afirmou suas características como dança e música na voz de Carlos
Gardel, Atualmente, seu estilo exerce forte influência sobre o Samba de Gafieira,
que tecnicamente é uma das danças mais elaborada do mundo (CARROL &
BROWN, 1994).
2.5 Danças promovidas pela Indústria Cultural
As danças promovidas pela indústria cultural “[...] são aquelas conhecidas
como danças de massa, aquelas que fazem parte das “paradas de sucesso” e são
difundidas pela mídia e consumida pela população” (SOSSAI, 2006, p.317).
Essas danças, geralmente, são divulgadas pelos meios de comunicação e
influenciam principalmente, os jovens e adolescentes pelo ritmo que contém.
Segundo a autora, existem algumas danças consideradas como cultura de massa,
elas surgem em decorrência do sucesso das músicas do momento, que acabam
sendo consideradas mais importantes.
Assim, a dança é uma consequência natural tanto do ritmo da música
como do seu sucesso, pois atrai a juventude, sem levá-los à análise do teor da
letra da música, apenas executando os movimentos e a coreografia sugerida pela
melodia da música. Desta forma, Sossai (2006, p. 318), mostra claramente como
essas danças de cultura de massa transitam no meio da juventude:
Essas danças vêm e vão embora, de acordo com os interesses comerciais das gravadoras e meios de comunicação, como é o caso, atualmente, de alguns grupos de funk, do rock pesado, da axé-music e das bandas de pagode. É preciso que tenhamos contato com todo tipo de danças existentes, porém temos que saber distinguir as danças que são promovidas pela Indústria Cultural, que tem por finalidade apenas o consumo e o lucro.
A respeito da massificação cultural que a população sofre sob os efeitos
da indústria cultural e do consumo , as artes correm o risco de perder sua força
simbólica e, com ela, o de perder algumas de suas principais características:
De expressivas, tendem tornar-se reprodutivas e repetitivas; de trabalho de criação, tendem a tornar-se eventos para consumo; a tornar-se consagração do consagrado pela moda e pelo consumo; de duradouras, tendem a tornar-se passageiro, efêmero, sem passado e sem futuro[...] (CHAUI, 2004, p. 291).
Deste modo, a indústria cultural de massa não atinge apenas as obras de
arte, mas as obras de pensamento, de expressão visual, no caso aqui a dança,
fazendo-as perder a força crítica, inovadora e criadora. É o que se pode perceber
nas danças e músicas que incentivam a iniciação sexual precoce e muitas vezes
de forma sublimar até o incentivo de uso de drogas.
2.6 A Dança folclórica nas aulas de Educação Física
As danças folclóricas fazem parte da tradição de cada povo e é
transmitida de geração em geração, que muitas vezes não sabe quem a inventou,
como por exemplos a dança italiana da tarantela, que é muito conhecida no
mundo todo. “A dança folclórica representa uma das manifestações espontâneas
da gente dos campos e das cidades. Ela não tem autor conhecido, é obra do povo
que cria (BREGOLATO, 2000, p. 88,).
De acordo com Sossai (2006), a riqueza da dança existente nas várias
regiões do Brasil tem origem na própria história do país, devido à contribuição das
diversas culturas dos povos que migraram para o Brasil: como os portugueses,
africanos, espanhóis, alemães, poloneses, japoneses e outros, além dos povos
indígenas que já habitavam o país. O Brasil possui um repertório variado de
danças folclóricas, que acontecem em todas as regiões do Brasil, porém com
maior incidência em lugares do interior ou do litoral, nas festas, colheitas, datas
importantes e comemorações religiosas. O frevo e o maracatu são danças
folclóricas do nordeste brasileiro e têm origem nas festas religiosas e populares.
No frevo, a sombrinha é um dos acessórios da dança, nos quais ajuda no
equilíbrio e nos movimentos dos dançarinos.
Embora as danças folclóricas sejam preservadas pela repetição, ainda que mantenham os passos básicos e a música original, sofrem mudanças com o tempo e o lugar. Um exemplo, que mostra essa transformação decorrente do contexto no qual é dançada e que faz parte de uma das grandes manifestações folclóricas existentes em todas as regiões do Brasil é a quadrilha, apresentada em festas juninas (SOSSAI, 2006, p. 313).
Assim, as Festas Juninas têm sua origem em rituais pagãos de povos
antigos que cultuavam a terra para a semeadura e a colheita ou em homenagem
ao sol e à natureza. Então, várias transformações aconteceram nas Festas
Juninas, criando características marcantes de cada região nas vestimentas, na
culinária, nas danças, nos usos e costumes. Em consonância com Nanni (1995),
nos quais enfatiza que a dança possibilita a educação integral pois como processo
educacional faculta: - perfeita formação corporal; espírito socializador; possibilita o
processo criativo; desenvolve os aspectos éticos e estéticos.
Ainda Nanni (1995), considera dança no contexto escola uma
manifestação da essência do ser humano nas suas faculdades, físico, mental e
emocional pela necessidade intrínseca do mesmo de se expressar e comunicar-se
com seus semelhantes. Diante do exposto e de acordo com as Diretrizes
Curriculares da Educação Básica – Educação Física (2008), a dança pode se
constituir numa rica experiência corporal, a qual possibilita compreender o
contexto em que estamos inseridos.
A partir das experiências vividas na escola que temos a oportunidade de
questionar e intervir, podendo superar os modelos pré-estabelecidos, ampliando a
sensibilidade no modo de perceber o mundo. De acordo com a base de
fundamentação nas diretrizes curriculares, pretende-se seguir adiante com o
conteúdo estruturante - Dança, na escola. Diversificando o ambiente escolar e
ampliando o horizonte dos nossos alunos através da dança nos quais a
oportunidade de estarem experimentando o prazer de manifestar a sua cultura
corporal, desmitificando a dança como algo pecaminoso e mecânico. Criando
coreografias, com tema a ser escolhido de acordo com o conteúdo proposto,
tendo a dança como elemento propulsor das manifestações populares e artísticas.
3. METODOLOGIA
Essa pesquisa se caracteriza como estudo de campo, de caráter qualitativo
fazendo uso de um questionário para a coleta de dados com 10 questões. A onde
amostra de 30 alunos da 6º série do ensino fundamental,que participaram de 32
horas aulas de implementação das ações da Produção Didático – Pedagógica do
Colégio Estadual Alberico marques da Silva E.F.M.P na cidade de Santa Isabel do
Ivaí-PR. Nesta perspectiva, de acordo com Thomas, Nelson, Silverman (2007,
p.31), diz que “[...] a pesquisa qualitativa é diferente de outras abordagens. É um
método sistemático de investigação e, em medida considerável, segue o método
científico de solução de problemas”. Observa-se que é um processo indutivo de
desenvolvimento onde o pesquisador vai descrever a análise de dados
interpretando os dados coletados.
Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008), “[...] a
Educação Física tem a função social de contribuir para que os alunos se tornem
sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo, adquirir uma expressividade
corporal consciente e refletir criticamente sobre as práticas corporais”. Portanto,
no processo pedagógico, o professor tem a responsabilidade de organizar e
sistematizar o conhecimento sobre as práticas corporais, que utiliza o senso de
investigação e de pesquisa e ampliar o conjunto de conhecimentos, faz se
abordagens das metodologias, nas práticas e nas reflexões. De acordo com
Castellani (2009, p. 87) comenta:
A aula, nesse sentido, aproxima o aluno da percepção da
totalidade das suas atividades, uma vez que lhe permite articular uma ação ( o que faz), com o pensamento sobre ela ( o que pensa e com sentido que dela tem (o que sente).
Sendo então o sujeito, neste caso o aluno um ser pensante que produz e
reproduz conhecimento a partir da prática, onde este vai ter como referência a sua
própria história de vida possibilita apreensão dos conteúdos pela diversidade de
aspectos da sua prática na realidade social. No entanto, no encaminhamento
proposto, esse conhecimento é transmitido e discutido com o aluno, levando-se
em conta o momento político, histórico e social em que os fatos estão inseridos.
Cabe então ressaltar que ao tratar o conhecimento, significa abordar o conteúdo
teórico juntamente com a construção da prática proporcionando ao mesmo tempo
a expressão corporal, tudo isto seguindo o princípio da complexidade crescente.
Para Castellani (2009, p.36):
[...] os conteúdos de ensino são tratados simultaneamente, constituindo-se referências que vão se ampliando no pensamento do aluno de forma espiralada, desde o momento da constatação de um ou vários dados da realidade, até interpretá-los,
compreende-los e explicá-los.
Na sequência o caráter qualitativo, de acordo com Thomas et al. (2007,
p.31), “A pesquisa qualitativa progride em um processo indutivo de hipóteses e
teoria à medida que os dados são revelados”. Para que isto ocorra é necessário
que o pesquisador seja o instrumento primário da coleta e análise de dados. Para
aplicabilidade dessa Intervenção Didático pedagógica que teve como objeto de
estudo resgatar as danças folclóricas estudando a sua contribuição ou não para o
desenvolvimento da cidadania na escola, teve como ponto de partida um
questionário investigativo com a finalidade de analisar os conhecimentos prévios
dos alunos em relação a Danças Folclóricas e se gostam ou não de dançar na
escola. Após a implementação das Ações da Unidade Didática, retomou o mesmo
questionário para saber se houve melhora na aprendizagem, na socialização em
relação a Danças.
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na apresentação e discussão dos resultados serão utilizados gráficos para
facilitar a visualização da pesquisa realizada. Ao observar o gráfico 01 podemos
perceber que número de meninas é relativamente maior que o de meninos,
representando 47% de meninas e 53,3 % de meninos.
Gráfico 1
No que se refere ao gráfico 02 observa-se que ocorreu um aumento
significativo no resultado da pesquisa, onde antes da implementação somente 67%
dos alunos conheciam Danças Folclóricas, após a implementação do Projeto 100%
declararam conhecer as Danças. Para Marques (2007), existe uma falta de
conhecimento em relação ao ensino de dança e alguns preconceitos existentes em
relação a ela, professores não sabem exatamente o que, como ou até mesmo por
que ensinar dança na escola. Não deixando de mencionar a dificuldade de encontrar
bibliografia especializada, a formação de professores na área de dança é sem
dúvida um dos pontos mais críticos no que diz respeito ao ensino dessa arte em
nosso sistema escolar.
Gráfico 2
No gráfico 03 fica bem claro de que em comparação com antes e depois,
houve realmente uma mudança de comportamento na atitude dos alunos em relação
ao conteúdo Dança na escola. Pois antes 60% dos alunos não gostavam de dançar
na escola, ao passo que está mudança se tornou significativa pois passou a
somente 27% declarar não gostar de dançar na escola. E 73% dizem gostar de
dançar. Se o Brasil vende e revende a imagem de um país que dança, porque não
dançar na escola? Segundo Marques (2007), a escola pode sim, fornecer meios
para a sistematização e apropriação crítica, dos conteúdos específicos da dança.
Tendo o papel de construir conhecimento por meio da dança com seus alunos.
Transformando a realidade para a educação do ser social.
Gráfico 3
Ao analisar o gráfico 04, comparando as respostas dos alunos antes e após a
implementação do projeto houve um aumento significativo na participação durante
as apresentações da dança na escola, visto que anteriormente apenas 30%
participavam passando para 80% dos alunos participantes durante os eventos
escolares. Freire e Scaglia (2010) comenta que a relação entre o aumento
significativo na participação dos alunos nas apresentações de dança na escola esta
diretamente relacionado na competência dos professores em oferecer a alternativa
de realizar atividades ligadas ao conteúdo estruturante dança. Essas atividades
proporcionam o desenvolvimento de habilidades, e coordenação espaciais,
temporais e sociais que integram o aluno, além de dispor recursos excelentes para
lidar com questões emocionais e sexuais.
Gráfico 4
No gráfico 05 ocorreu uma valorização e aumento do conhecimento sobre
dança, como demonstra o gráfico 05, onde antes da implementação do projeto
somente 27% dos alunos reconheciam a dança como conteúdo escolar, passando
para 67% a reconhecer a dança como conteúdo escolar. Segundo Marques (2010),
“O que as danças veiculadas pela televisão estariam ensinando a nossas crianças
sobre sexualidade?”. Questiona-se ainda o fato de o professor privilegiar danças
populares em detrimento da realidade que os cerca. Que as aulas de dança podem
se tornar um verdadeiro campo de batalha para aqueles que não atendem às
expectativas (magreza, flexibilidade, habilidade). Devemos dar atenção a estes
aspectos, e trabalhar o conteúdo dança com uma visão crítica, experimentada e
vivida sobre o corpo em sociedade, a moda e a mídia.
Gráfico 5
O gráfico 06 demonstra que a autoestima, e o prazer em dançar aumentaram,
como demostra visivelmente no gráfico 06, onde antes apenas 30% dos alunos,
gostavam de dançar fora da escola, passando para 70%, os que declaram dançar
fora da escola. Ao analisar o gráfico, essa articulação entre gostar de dançar fora da
escola, muitas vezes, comprometida com a realidade vivida, percebida e imaginada
dos alunos, o contexto dos interlocutores para fazer pensar em dança e as relações
sócio-político-culturais dos mesmos em sociedade ( Marques, 2005).
Gráfico 6
Ao observarmos este gráfico 07 vimos que ocorreu uma valorização da Dança
no espaço escolar, reconhecendo que a escola é um bom lugar para se aprender a
dançar, onde apena 40% reconheciam , passando a 87% que consideram a escola
um bom lugar para se aprender a dançar. Cabendo ao professore engajado no
contexto dos alunos, também escolher um repertório variado de músicas: rap, funk,
uma dança moderna, contemporânea. Para que as aulas de dança, não se tornem
vazias, repetitivas a até mesmo enfadonhas (Marques, 2005).
Gráfico 7
Neste gráfico 08, ficou bem claro que após a implementação do projeto
dançar tem um significado artístico e estético, para 87% dos alunos. Visto que
anteriormente, estes alunos não tinham um direcionamento definido. Segundo
Marques (2005), “A linguagem da dança é uma área privilegiada para que
possamos trabalhar, discutir e problematizar a pluralidade cultural em nossa
sociedade”. Nada melhor que a escola para se aprender a dançar com críticidade e
transformção social.
Gráfico 8
Neste gráfico 09 demonstra que a curiosidade e o interesse em aprender
sobre o conteúdo Dança aumentou após a implementação do projeto visto que 47%
não tinham interesse em conhecer, caindo este índice para 20%, ao passo que 80%
dos alunos demonstram que tem interesse em aprender. Para Marques (2005)
Conhecer, compreender as concepções históricas da dança abre perspectivas para
que o aluno possa conhecer o passado, compreender o presente e projetar o futuro.
Propiciando oportunidades para a criação de movimentos próprios e relação com a
sociedade plural em que vive. Esse conhecimento da história da dança proporciona
parâmetros para que os alunos possam perceber as diversas variações que ocorrem
na história. As concepções de corpo que estão presentes, para que os alunos em
sala de aula não sejam etnocêntricos, racistas e/ou sexixta. (Marques, 2005).
Gráfico 9
No gráfico 10, foi questionado aos alunos quanto ao interesse em conhecer
especificamente as Danças Folclóricas, o interesse aumentou de 53% para 80%
significamente. Este interesse aumenta na medida em que desconhecemos a
“cultura e identidade brasileira”, ao passo que aprender danças populares de
diversas regiões do Brasil, assim como danças populares de outros países nos
introduz modos de ver, pensar e agir em sociedade. Segundo Marques (2005) O
papel da escola está mais voltado para o movimento contínuo do que para o
embasamento da dança popular tradicional”.
Gráfico 10
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Escolhi o tema “Dança Folclórica: do abstrato ao mundo real” para ser objeto
de estudo nas aulas de educação física do 6º ano do ensino fundamental, por
compreender que esse tema está abaixo das aulas esportivizadas, onde os alunos
preferem os jogos coletivos deixando de lado a rica diversidade cultural das danças.
Ao iniciar este tema tive um confronto com os alunos inicialmente,
principalmente os meninos, pelo grande interesse em aulas práticas pelos esportes
coletivos. Mas com as intervenções foi motivando-os cada vez mais e mostrando a
importância do homem nas danças folclóricas. Ao analisar os gráficos apresentados
antes da implementação do projeto, os resultados obtidos eram de que os alunos
teriam uma escassez de conhecimento em relação ao conteúdo estruturante dança.
Após a implementação do projeto, os resultados foram significamente melhorados
em relação ao anseio em conhecer, aprender, apresentar a dança na escola e na
sociedade. Contudo uma aula de Dança na escola permite ao professor conhecer
melhor o seu aluno, ou seja, saber suas preferências sobre o que gosta de brincar,
de cantar, de ouvir, discutir suas experiências, fazer fluir sua imaginação e verificar a
influência dela na realidade e nas atividades da criança (Ferreira, 2009).
Isto quer dizer que as aulas de Educação Física, não devem estar
simplesmente voltadas a esportivização, mas sim dar oportunidades de
reconhecimento e compreensão do universo simbólico, a dança como expressão da
arte. Sendo que ao interpretar os dados levantados na pesquisa 80% dos alunos se
declaram ter interessa em aprender algumas danças folclóricas.
As danças promovidas pela indústria cultural “são aquelas conhecidas como
danças de massa, aquelas que fazem parte das “paradas de sucesso” e são
difundidas pela mídia e consumida pela populaçao” ( SOSSAI, 2006, p. 317). Essas
danças, geralmente, são divulgadas pelos meios de comunicação e influenciam
principalmente, os jovens e adolescentes pelo ritmo que contém. Existem algumas
danças consideradas como cultura de massa elas surgem em decorrência do
sucesso das músicas do momento, que acabam sendo consideradas mais
importantes. Neste sentido, Chauí ( 2004), diz respeito da massificação cultural que
a massa popular sob os efeitos da massificação pela indústria e pelo consumo
culturais, as artes correm o risco de perder sua força simbólica e, com ela o de
perder algumas de suas principais características:
De expressivas, tendem tornar-se reprodutivas e repetitivas; de trabalho de criação, tendem a tornar-se eventos para consumo; a tornar-se consagração do consagrado pela moda e pelo consumo; de duradouras, tendem a tornar-se passageiro, efêmero, sem passado e sem futuro [...] (CHAUI, 2004, p. 291).
Deste modo, a indústria cultural de massa não atinge mortalmente apenas as
obras de arte, mas as obras de pensamento, de expressão visual, no caso aqui a
dança, fazendo-as perder a força crítica, inovadora e criadora. É o que se pode
perceber nas danças e músicas que incentivam a iniciação sexual precoce e muitas
vezes de forma submiliar até o incentivo de uso de drogas.
6. REFERÊNCIAS
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Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2005.
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2000. – (Coleção educação física escolar: no princípio de totalidade e na concepção histórica- crítica – social; v. 1). CAMINADA, Eliana. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro, Sprint,
1999.
CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. 13 ed. São Paulo: Editora Ática, 2004.
FUSARI, Rezende M. F.; FERRAZ, M. H. C. T. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 2001.
GIFFONI, Maria Amália Corrêa. Danças Folclóricas Brasileiras e suas Aplicações Educativas. 3. ed. São Paulo, Melhoramentos; Brasília INL, 1973.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia Científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.
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NANNI, Dionísia. Dança – Educação. Pré-escola à Universidade. Rio de Janeiro:
Editora Sprint Ltda. 1995.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Básica. Superintendência da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Educação Física. Curitiba: SEED, 2008.
OSSANA, P. A Educação pela Dança. Vol. 33; São Paulo: Summus Editorial, 1988.
SOARES, C. org. CORPO E HISTÓRIA. 2. ed. Campinas, SP. Editora Autores Associados, 2004
SOARES, et al. Metodologia do Ensino de Educação Física / coletivo de autores. – São Paulo: Cortez, 1992. – (coleção magistério. 2º grau. Séries formação
do professor).
SOSSAI, F.M.S. ARTE - ENSINO MÉDIO – Quem não dança, dança! SEED-PR,
2006.
TAVARES, I. M. Educação Corpo e Arte. Curitiba: IESDE, 2004.
THOMAS, Jerry R.; NELSON, Jack K; SILVERMAN, Stephen J. Tradução Denise Regina de Sales, Márcia dos Santos Dornelles Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 5. ed. - Porto Alegre: Artmed, 2007.
FREIRE, J.B.;SCAGLIA, A.J. Educação Como Prática Corporal. São Paulo; Vozes,
2010. 192 páginas.