os desafios da escola pÚblica paranaense na perspectiva do ... · ensino fundamental do colégio...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Título: O cotidiano dos trabalhadores rurais da cafeicultura no Município de Colorado (1950-1975)
Autor: Marcio Eduardo Lameu
Disciplina/Área: História
Escola de Implementação doProjeto e sua localização:
Colégios Est. Monteiro Lobato – Ens. F.M.P.N.
Município da escola: Colorado
Núcleo Regional de Educação: Maringá
Professor Orientador: Profº Drº Angelo Priori
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maringá
Relação Interdisciplinar: Geografia; sociologia; Língua Portuguesa.
A presente unidade didática, cujo tema é ocotidiano do trabalhador rural da cafeicultura emColorado de 1950 a 1975, inicia o trabalho pormeio da discussão de conceitos chaves como:memória, fontes históricas, lugares da memória ehistória oral. Tais conceitos são tratados atravésde textos e atividades voltados para oseducandos. No momento prático da unidade,professor e alunos serão orientados a organizara coleta de dados referentes ao tema utilizandoentrevistas. Cabe ressaltar que todas açõesdidáticas e o embasamento teórico estãoexpressos nas Orientações Teórico-metodológicas, localizadas no final destaunidade.
Palavras-chave: Memória; história oral; Colorado; cafeicultura; trabalhador rural.
Formato do Material Didático: Unidade Didática
Público: 6º ano do ensino fundamental
1 APRESENTAÇÃO
Caro professor, a presente Unidade Didática é parte integrante do Programa
de Desenvolvimento (PDE) desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, em parceria com a Universidade Estadual de Maringá e do qual o autor
participou durante o ano de 2013, sendo orientado pelo professor Drº Angelo Priori, o
qual contribuiu de forma inestimável por meio de indicações de leituras, reflexões,
apontamentos, correções e orientações para realização do trabalho, para ele
devemos os mais profundos agradecimentos e desculpas pelas constantes
solicitações.
Todavia, essa unidade também é produto de certas inquietações teóricas que
surgiram ao longo de nossa caminhada como professor de história. Estas podem ser
agrupadas em duas ordens: a primeira se refere à função do ensino de história e a
segunda está situada no abandono do passado como base de formação da
identidade social dos indivíduos. Assim, buscamos na história oral e na memória,
tomando-as com ferramentas de ensino, uma possibilidade de trabalho que possa
contribuir para no processo de “ressignificar” o passado como base de socialização.
Selecionamos como objeto de pesquisa os trabalhadores rurais da
cafeicultura e para tornar o tema mais circunscrito optamos por trabalhar o cotidiano
dos trabalhadores rurais na região do atual Município de Colorado, entre os anos de
1950 e 1975, visto que esse período temporal corresponde ao início do povoamento
do local e formação das primeiras lavouras de café até o começo da crise da cultura
cafeeira no Norte do Paraná. Como público escolhemos os alunos do 6º ano do
ensino fundamental do Colégio Estadual Monteiro Lobato do Município de Colorado-
Paraná.
Dividimos a Unidade Didática em quatro etapas que estão detalhadas nas
Orientações Metodológicas. Assim, pedimos ao professor uma leitura atenta das
mesmas. Essas etapas são: 1) MEMÓRIA, HISTÓRIA E FONTES HISTÓRICAS; 2)
A HISTÓRIA ORAL E SUAS POSSIBILIDADES NO ENSINO DE HISTÓRIA; 3)
MEMÓRIA E HISTÓRIA DE COLORADO e 4) A ENTREVISTA E OUTROS
PROCEDIMENTOS.
Essas etapas correspondem ao caminho pensado durante a produção da
Unidade Didática, que busca trabalhar conceitos teóricos em direção às ações
práticas, como as entrevistas e visitas aos locais de memória. A base do trabalho se
encontra em levar o educando a partilhar do “ato de lembrar” (ARRUDA, 2000, p.
51), revivendo às recordações de homens e mulheres que viveram nos sítios de
café, onde hoje se localiza o município de Colorado.
O sítio, então, passa a ser encarado como um lugar de memória, possuidor
de sentido “material, simbólico e funcional” (NORA, apud, ARRUDA, 2000, p. 46).
São esses sentidos, presentes no sítio, que trabalharemos com os alunos, buscando
identificar a partir da análise do cotidiano dos trabalhadores da cafeicultura, para
além do tempo de trabalho.
Neste caso, seguimos o exemplo de Arruda, e utilizaremos o conceito de
memória social, pois, assim como o historiador, nos deparamos como um período
(1950-1975) em que a oralidade representa também “um importante instrumento de
transmissão de suas lembranças ou de suas tradições” (2000, p. 42).
A memória se constituí como uma fonte de muita importância, aliada ao “sítio”
como “lugar de memória” e será a ferramenta básica na tentativa de reconstruir nos
alunos, ou melhor, com os alunos, o sentido do passado e da “memória social” dos
trabalhadores rurais da cafeicultura no Município de Colorado.
2 O QUE É MEMÓRIA?
Você sabe o que é a memória? Com certeza já ouviu essa palavra muitas
vezes, não é mesmo? Talvez já tenha ouvido a sua avó dizer: “minha memória não
está boa” ou “estou esquecida, minha memória está falhando”.
Mas afinal o que é a memória? Segundo o dicionário da língua portuguesa a
memória é “a faculdade de conservar ou readquirir ideias ou imagens; lembranças;
reminiscências”. Para os historiadores a memória é uma fonte histórica, ou seja,
uma fonte de informações sobre fatos do passado, não apenas de uma pessoa, mas
também de uma cidade, região, estado ou país.
O historiador para escrever a história usa várias fontes como: as memórias,
as fotografias, os jornais, as imagens, os prédios, os documentos, os objetos, entre
outros vestígios deixados pelas pessoas do passado. Assim, a memória em si não é
a história, pois os fatos podem ser esquecidos ou modificados pelos indivíduos.
Cabe ao historiador analisar os fatos conservados pela memória e depois organizar
o texto histórico.
Portanto, através da organização e estudos dos resultados das entrevistas
pode-se ter acesso às memórias das pessoas e escrever, por exemplo, uma
narrativa histórica sobre a fundação da cidade de Colorado.
2.1 ATIVIDADES
a) A partir da leitura do texto você pode dizer o que é a memória?
b) Você sabe que a memória é a lembrança? Seus pais contam para você fatos de
sua infância? Você se lembra também desses fatos? Cite um que você julga muito
importante.
c) Os seus pais contam para você sobre a infância deles? Onde nasceram e como
brincavam? Se participavam de festas? Você pode citar um fato narrado por eles?
d) Esses fatos narrados por você e por seus familiares podem ser considerados
fontes históricas?
e) Você se considera um indivíduo portador de memórias? Justifique sua resposta.
3 A MEMÓRIA COMO FONTE HISTÓRICA
Você já leu no texto 1 que a memória é uma fonte histórica. Mas como
podemos caracterizar uma fonte histórica? Para o historiador Henry Rousso fontes
históricas são:
todos os vestígios do passado que os homens e o tempo
conservaram, voluntariamente ou não - sejam eles originais oureconstituídos, minerais, escritos, sonoros, fotográficos, audiovisuais,ou até mesmo, daqui para a frente, virtuais (contanto, nesse caso,que tenham sido gravados em uma memória) -, e que o historiador,de maneira consciente, deliberada e justificável, decide erigir emelementos comprobatórios da informação a fim de reconstituir umasequência particular do passado, de analisá-la ou restituí-la a seuscontemporâneos sob a forma de uma narrativa (...) (ROUSSO, 1996,p. 86).
Assim fontes históricas são vários vestígios deixados pelos homens que
viveram em uma região em determinada época histórica. Veja então alguns
exemplos:
IMAGEM 1
Museu da Inconfidência; Ouro Preto-MG; Acervo Pessoal; Jan. 2013
IMAGEM 2
DEPOIMENTO 1: SENHOR URBANO PALHARI NARRANDO SUA CHEGADA À
COLORADO
Cheguei aqui em 14 de julho de 1949, morrei numa casinhaemprestada até abri a estrada para sítio do meu sogro. Eu vimcasado de novo, meu sogro tinha comprado essa terra aqui, e queriaabri pra planta café, como eu era o genro mais pobre toco pra mim.Eu vim derruba a mata e planta café para ele (…). Dava trabalho erana foice e no machado (…), contratei cento e vinte pião aítrabalhando, derrubando a mata (…) naquele tempo tinha muito piãodo nordeste, graça ao nordestino que a gente fizemo, abrimoColorado (PALHARI, 17 set. 2013).
3.1 ATIVIDADES
a) Lendo o texto você pode dizer o que é fonte histórica? Descreva sua resposta.
b) Porque as imagens 1 e 2 podem ser consideradas fontes históricas?
c) Você possui fontes históricas que comprovem sua história? Quais?
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos; Gongonhas - MG. AcervoPessoal; jan. 2013
d) O depoimento do senhor Urbano Palhari pode ser entendido como uma fonte
histórica mesmo tendo como base apenas a memória pessoal do entrevistado?
4 OS LUGARES DA MEMÓRIA
Quando você vê um local qualquer é possível que se lembre de um fato
ocorrido em sua vida neste local? É bem provável que sua resposta seja sim, pois as
casas, as ruas, as praças, as igrejas, as escolas, os rios, os sítios, os campos de
futebol, os monumentos públicos ou museus, podem ser entendidos como lugares
da memória.
O lugar da memória pode ser um local específico para preservá-la, como é o
caso do Museu da Inconfidência (Imagem 1), que tem como objetivo resguardar a
memória, bem como objetos e documentos, relacionados à Inconfidência Mineira,
que ocorreu em 1789 em Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais. Neste caso o
lugar da memória se torna um “monumento”, que visa manter e divulgar uma
memória social.
Porém, o lugar da memória pode ser um local que tenha significado para um
grupo menor de pessoas, como por exemplo, sua família. O sítio onde moraram
seus avós, a casa onde nasceu sua mãe, ou a rua onde você morou, o rio onde seu
pai brincava e pescava na infância, o túmulo onde está enterrado um parente, esses
locais fazem parte da memória familiar que você também compartilha.
Os lugares da memória também podem ser fontes históricas porque o
historiador pode utilizá-los para reconstituir a história, como por exemplo, o
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, retratado na imagem 2. A
partir de entrevistas, fotografias, notícias jornalísticas ou estudo de sua arquitetura é
possível recuperar os motivos e quando ocorreu construção do templo, quem
frequentava, como foi construído e qual a sua relação com a história de Colorado.
Para o historiador francês Pierre Nora, portanto, lugares da memória são
locais possuidores de sentidos materiais, simbólicos e funcionais para uma pessoa,
para um grupo de pessoas, para uma cidade e até mesmo para um país.
4.1 ATIVIDADE
Explore com o professor e seus colegas locais que você considere como
lugares da memória em Colorado, procure documentar por meio de fotografias e
informações esses locais e posteriormente organize um painel com essas
informações.
5 A HISTÓRIA ORAL
Agora que você já sabe o que é fonte histórica, deverá perguntar: o que é a
História Oral? A História Oral é um conjunto de técnicas usadas pelos historiadores
para registrar a memória, para depois analisá-la e organizar uma narrativa histórica
sobre os assuntos de sua pesquisa. De forma resumida o pesquisador delimita um
período de tempo, um tema ou problema, levanta algumas possibilidades de
explicação para o tema ou problema, (o que chamamos de hipóteses), e a partir daí
começa a selecionar suas fontes para comprovar suas explicações.
No caso da história oral é necessário organizar os questionários sobre o tema
escolhido para pesquisa, fazer as entrevistas, gravá-las e estudá-las.
Portanto, para se produzir um trabalho histórico utilizando os métodos da
história oral é preciso: levantar o problema ou tema, recortar um período de tempo,
levantar hipóteses, organizar as entrevistas, selecionar os entrevistados, gravar as
entrevistas, transcrevê-las, comparar com outras fontes históricas e por último
sintetizar toda pesquisa em um texto.
5.1 ATIVIDADE
Em duplas, organize um roteiro simples de entrevista, destacando as datas
importantes do entrevistado, como por exemplo, data de nascimento, ano que
começou estudar, nome dos pais, entre outras informações importantes. Registre em
seu caderno o roteiro e as respostas de seu entrevistado.
5.2 ATIVIDADE
Leia com atenção a sinopse do filme “Narradores de Javé”, dirigido por Eliane
Caffé. Após a leitura, seria interessante assistir os trechos em que Antônio Biá (José
Dumont) inicia sua pesquisa sobre a fundação da cidade de Javé, entrevistando os
descendentes dos fundadores da cidade. Terminado à exibição, responda as
questões abaixo.
Nada mudaria a rotina do pequeno vilarejo de Javé se não fosse ofato de cair sobre ele a ameaça repentina de sua extinção: Javédeverá desaparecer inundado pelas águas de uma grandehidrelétrica. Diante da infausta notícia, a comunidade decide ir emdefesa de sua existência pondo em prática uma estratégia bastanteinusitada e original: escrever um dossiê que documente o queconsideram ser os "grandes" e "nobres" acontecimentos da históriado povoado e assim justificar a sua preservação. Se até hojeninguém preocupou-se em escrever a verdadeira história de Javé, taltarefa deverá agora ser executada pelos próprios habitantes. Como amaioria dos moradores de Javé são bons contadores de históriasmas mal sabem escrever o próprio nome, é necessário conseguir umescrivão à altura de tal empreendimento. É designado o nome deAntônio Biá, personagem anárquico, de caráter duvidoso, porém oúnico no povoado que sabe escrever fluentemente. Apesar depolêmico, ele terá a permissão de todos para ouvir e registrar osrelatos mais importantes que formarão a trama histórica do vilarejo.Uma tarefa difícil porque nem sempre os habitantes concordamsobre qual, dentre todas as versões, deverá prevalecer na memóriado povoado. Na construção deste dossiê, inicia-se um duelo poéticoentre os contadores que disputam com suas histórias - muitas vezesfantásticas e lendárias - o direito de permanecerem no patrimônio deJavé (http://www.cinepop.com.br – 04/09/2013).
a) Quantas versões para fundação da cidade de Javé você conseguiu identificar no
filme? Qual mais chamou a sua atenção?
b) Em sua opinião qual o significado da existência de mais de uma versão sobre a
fundação de Javé? Será que é possível dizer que um versão é verdadeira e as
outras não?
c) Como foram as entrevistas? Quais as dificuldades encontradas por Antônio Biá?
6 COLORADO E O NORTE DO PARANÁ
A região Norte do Paraná, onde hoje se localiza o Município de Colorado,
passou a ser ocupada de forma comercial a partir de 1925, quando o empresário
inglês Lord Lovat adquiriu junto ao governo do estado do Paraná 515.017 alqueires
de terras para serem loteadas e vendidas. O mapa abaixo identifica a região que foi
adquirida pela Companhia de Terras Norte do Paraná:
Sobre a ocupação do Norte do Paraná, a historiadora France Luz afirma que:
Em geral os pioneiros já estavam acostumados ao trabalho da terra.Vinham de regiões agrícolas de São Paulo, em busca de novasoportunidades no Norte do Paraná. Muitos traziam algum recurso,com o qual adquiriam suas terras. Outros, porém, somente commuita dificuldade conseguiam dar a “entrada” na compra de um lote epara pagá-lo tinham de passar privações durante algum tempo.
TOMAZI, Nelson D. Norte do Parná: Histórias efantasmagorias. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2000, p. 344.
Na maioria dos casos eram pessoas simples, habituadas ao trabalhoe dispostas a enfrentar dificuldades como a precariedade dasestradas, as distâncias a serem percorridas, a falta de conforto e deassistência médica. A iluminação, por exemplo, era a lamparina ou,na melhor das hipóteses, a lampião de querosene. A água era obtidanos córregos próximos, nas minas ou, quando possível, nos poçosque eram perfurados. (LUZ, 1999, p. 129).
A fundação de Colorado também foi produto de um investimento imobiliário e
passou por situação semelhante a narrada acima. A Companhia Colonizadora
Imobiliária Agrícola de Catanduvas (CIAC) adquiriu em 1948, 488 km² de terras
localizadas no município de Jaguapitã para venda de lotes urbanos e rurais. O
processo de ocupação da região de Colorado foi acelerado pela expansão dos
preços do café. Essa situação econômica provocou um rápido crescimento
populacional do então distrito de Colorado, que foi elevado a condição de Município
em 02 de dezembro de 1954, tendo a cafeicultura como sua principal atividade
econômica.
7 OS TRABALHADORES DA CAFEICULTURA
Você sabe como era feita a colheita de café no Norte do Paraná e em
especial em Colorado, entre os anos de 1950 e 1975? Quem era responsável pela
colheita do café? Como era estocado e transportado o café colhido? Como eram os
trabalhadores rurais que trabalhavam nos sítios e fazendas?
Leia o texto abaixo com atenção. Depois anote os termos que você conhece e
também aqueles que você desconhece, posteriormente pesquise seus significados
em um dicionário ou pergunte aos seus pais. Mas atenção as palavras devem ter
relação com a cafeicultura e com os trabalhadores rurais.
A cafeicultura no Paraná como fenômeno econômico e social secaracterizou como um avanço da economia cafeeira paulista noNorte Paranaense, transformando a paisagem natural da região, afloresta tropical cedeu espaço através da força do machado àmonocultora do café.
A mão de obra empregada na cafeicultura paranaense era compostapor colonos, parceiros ou meeiros, famílias de proprietários (famíliasde sitiantes), diaristas, peões, mensalistas e empreiteiros.O colonato, um sistema misto por tarefa e por produção, pelo queindica a bibliografia consultada, não sofreu mudanças no Paraná.Contudo, as relações de trabalho na cafeicultura do Norte do Paranáforam mais complexas e diversas.Márcia Siqueira de Carvalho demonstra tal complexidade aopesquisar os processos trabalhistas da Comarca de Jaguapitã, poischegou a relacionar 12 categorias diferentes de trabalhadores: 1)formador de cafezal; 2)colono; 3)mensalista; 4)empreiteiro; 5) meeiroou parceiro; 6) fiscal; 7) volante; 8) diarista; 9) horista; 10) gato; 11)camarada e 12) peão.Colono é aquele recebe casa, uma remuneração por dia trabalhadoem atividades complementares à cafeicultura, uma remuneração fixaproporcional ao número de sacas colhidas. Além disso, o colonogeralmente produzia arroz, feijão, milho, intercalados aos cafeeiros, eesta produção era incorporada à sua renda.Segundo o historiador Angelo Priori, deve-se destacar ainda que aremuneração do colono é familiar, pois “recebe um salário anualfamiliar por uma determinada tarefa (o trato de uma quantidade de péde café) e por outro ele recebe um salário, ainda familiar, pela suacapacidade de produção (a cafeicultura do Norte do Paranáreproduziu o sistema de colonato aos moldes das fazendaspaulistas).(Adaptado de: LAMEU, Marcio, 2012, p.3-4).
8 O COTIDIANO DOS TRABALHADORES DA CAFEICULTURA
Você já foi em um sítio? O que era produzido nele? Como viviam as pessoas
que moravam lá? No texto acima, você observou que existiam diversas categorias
de trabalhadores rurais que viviam nos sítios e fazendas cafeeiras do Norte do
Paraná. Leia abaixo o relato da Naíde Capi Rebello:
Desde os seis anos de idade eu e minha irmã ia limpa cova de café.Você já viu? Planta o café, a gente faz as covas, ponha ospauzinhos, (…) aí você faz dois risco fundo e planta a semente emcereja, para ela nasce, aí ela vai crescendo. A gente tem que limpaaquelas covas, porque entra folha, sujeira. Até se eu contar paravocê eu nunca tinha visto uma cobra, eu passei a mão numacascavel. Horrível! Estava eu com minha irmã, sozinha na roça, (…)e a cobra tava enrolada na cova, e aí eu passei a mão, quando vi saícorrendo. Saímo na estrada, meu pai não tava na roça, chamemo umhomem, que chamava Estevão. Ele Chegou lá e falou:__ Nossa menina, não sei como ela não te pegou. É uma cascavel,aí ele pegou ela e matou, o guizo tinha onze gomo.(REBELLO, 20set. 2013).
Além do dia a dia nos cafezais, o que os homens, as mulheres e as crianças
faziam? Como se divertiam? Quais dias da semana? E os rios, se pescava, ia se as
lagoas, como se pescava? Caçava-se? Como? Passarinhos e quais outros animais?
Sozinhos ou em grupos? O que os trabalhadores rurais faziam quando não estavam
trabalhando?
Leia o relato do senhor Urbano Palhari sobre os momentos de folga:
Depois sentava lá fora com lamparina ou no escuro, porque não tinhaenergia e ia conversar (…) os vizinhos vinham conversar e a gentetambém ia na casa deles, a gente se dava muito. No domingo era amesma rotina, um ia para casa do outro, almoçava, ia na missa de apé ou a cavalo, nem tinha campo de bola e eu também não jogava,mas o povo jogava.(PALHARI, 17 set. 2013).
9 TRABALHANDO COM A FONTE ORAL
Como encontrar informações sobre o cotidiano dos trabalhadores da
cafeicultura em Colorado? Que técnicas você pode usar para armazenar essas
informações? Uma técnica que você pode utilizar é a história oral. Você está
lembrado, não está? Caso tenha esquecido, volte ao texto e releia-o, porque agora,
na busca de responder as questões acima, você vai trabalhar com a principal
ferramenta da história oral: a entrevista.
Leia com atenção o texto que se segue sobre a entrevista.
A postura de um entrevistador deve ser de um parteiro que nãoconhece a pressa e a impaciência e está disponível para ouvir ashistórias do entrevistado com o mesmo cuidado, atenção e respeito,tenham estas significado ou não para a pesquisa em tela.Um outro aspecto a ser analisado é o resgate da memória. Esta éconstruída a partir de um universo diversificado de marcas quepoderá nos remeter ao relato de imagens, situações, acontecimentosou à narrativas de experiências. No interior desse processo deuniversos imbricados, o tempo cronológico inexiste. O tempo damemória é o tempo da experiência de um período de vida, deatividade profissional, política, religiosa, cultural, afetiva (…) que nosarrebata e condiciona quase que inteiramente, nos fazendo percebere reconstruir a realidade de uma determinada maneira. Realizar um
entrevista é sobretudo a tentativa de visitar com o entrevistado essesterritórios diversos, que se relacionam e se comunicam através deuma lógica para nós desconhecida. (Adup, SCHMIDT, CAINELLI,2004, 130).
Então, como você leu no texto é necessário paciência e respeito, deixar o
entrevistador falar e não o interromper. Mas, para ajudar a pesquisa, você usará um
roteiro de entrevista, em outras palavras, um questionário básico sobre o tema
pesquisado e sobre o entrevistado. Portanto, nosso próximo passo é ler com calma
o roteiro de entrevista, solicitar permissão à direção da escola, selecionar os
entrevistados, convidá-los e pedir permissão por escrito para que possamos gravar
sua entrevista.
10 ROTEIRO DE ENTREVISTA
a) Nome:
b) Onde o senhor(a) nasceu? Quando?
c) Quando o senhor(a) veio para Colorado? Onde morou?
d) O que veio fazer em Colorado?
e) Como era o trabalho? Quem trabalhava?
f) O Senhor(a) pode falar como era vida em sua casa? Como era o convívio entre
pais, irmãos e outros familiares?
g) Depois do dia de trabalho o que se fazia?
h) Como era o convívio com os vizinhos e os compadres?
i) Aos domingos, o que se fazia? Jogavam futebol? Pescavam? Iam aos rios?
Caçavam?
j) Havia festas? Como eram? Casamentos? Festas religiosas? Novenas?
k) E a alimentação, como era?
l) As crianças brincavam do quê? Iam a escola? Como chegavam até a escola?
11 ORGANIZANDO OS RESULTADOS DAS ENTREVISTAS
A entrevista, em geral é gravada e isso facilita muito o trabalho pois possibilita
uma análise que vai além da palavra escrita, conforme as professoras Marlene
Cainelli e Maria Auxiliadora Schmidt:
(…) as entrevistas é a estratégia mais comum na coleta de dados.Podem ser captadas com gravações em fitas ou transcriçõesescritas. É importante haver controle sobre o universo de amostras eos tipos de entrevistas usadas em cada caso (…), conhecimento daatitude do entrevistador, do lugar onde se faz a entrevista e dotrabalho de análise e reflexão sobre os resultados. (SCHMIDT;CAINELLI, 2004, 127).
Assim, após realizadas as entrevistas é importante organizá-las por assuntos,
duração, idade dos entrevistas, profissão ou por ordem cronológica conforme sua
chegada em Colorado. Essa catalogação é uma pré análise do material coletado,
após essa etapa vamos assistir com calma as entrevistas de modo a encontrar as
respostas ao questionário abaixo, cujo objetivo é sintetizar as informações
apresentadas pelos entrevistados sobre o tema de nossa pesquisa.
11.1 QUESTIONÁRIO
a) Em qual década a maioria dos entrevistados chegaram à Colorado?
b) Quais as atividades relacionada ao trabalho com a cafeicultura foram mais citadas
pelos entrevistados?
c) Quais as atividades de lazer mais citadas?
d) Quantos entrevistados falaram sobre futebol, pescarias e caçadas? Resuma
essas informações.
e) Quais os alimentos foram os mais citados?
f) Quais as atividades religiosas mais citadas? Resuma essas informações.
g) Como os entrevistados descrevem sua infância?
12 ORIENTAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS
Caro professor, diante dos desafios atuais do ensino de história, a presente
Unidade Didática visa apontar uma possibilidade de uso da memória e da história
oral como alternativa possível de ser pensada e implementada nas aulas de história
da educação básica e como uma resposta ao fenômeno de destruição do passado,
apresentado por Eric Hobsbawm (1998, p.13).
Organizamos essas Orientações Teórico-metodológicas em quatro etapas,
partindo das ações práticas que serão realizadas pelos alunos em sala de aula em
direção aos conceitos teóricos, como por exemplo, memória, cotidiano e fonte
histórica. Todavia uma ressalva se faz necessário, as etapas três e quatro optamos
por apresentar apenas os encaminhamentos didáticos pois os conceitos teóricos já
serão explorados anteriormente nas etapas um e dois, além disso, os últimos
módulos são momentos basicamente práticos. Nestas orientações indicaremos os
encaminhamentos didáticos da produção e os referencias teóricos que embasaram
nosso trabalho.
12.1 MEMÓRIA, HISTÓRIA E FONTES HISTÓRICAS
12.1.2 ENCAMINHAMENTOS DIDÁTICOS
Após a leitura dos textos “O que é memória?” e “Memória como fonte
histórica” podemos solicitar que os alunos peçam aos seus familiares um exame de
ultrassonografia realizado pela mãe durante o pré natal, uma cópia do Registro
Nascimento, uma fotografia sua recém-nascido e outras já mais velho. Nosso
objetivo é construir com os alunos a ideia de uma memória individual, da qual todos
são portadores, todavia deixar evidente que essa memória não é um fenômeno
isolado, que ela é construída socialmente.
Diante desse objetivo, indicamos a organização de uma linha do tempo,
utilizando os documentos como marcos temporais. É importante que a datação seja
contextualizada a outros acontecimentos em escala local, regional, nacional e
mundial, pois os alunos devem desenvolver a consciência do dinamismo social a
qual pertencem, indicamos essa atividade como estratégia para contextualizar e
problematizar a resolução das atividades relacionadas aos textos “O QUE É
MEMÓRIA?” e “A MEMÓRIA COMO FONTE HISTÓRICA”.
12.1.3 A MEMÓRIA E OS DEBATES HISTORIOGRÁFICOS
Os debates em torno da possibilidade de estudo pela História do cotidiano,
como por exemplo: da vida privada, dos costumes, da subjetividade (medo, loucura,
poder), das formas cotidianas de resistência, da identidade, não são novos. Desde
os Annales, passando pela Nova Esquerda Inglesa e pela Nova História Cultural,
eles vêm acontecendo no interior da historiografia.
A revista Annales: Economies, Sociétes, Civilisations já nos aponta uma séria
ruptura com o modelo de história política e diplomática, bastante vigente até o início
do século XX. Esta renovação, “de fato mais do que a revista Annales, trata-se
daquilo que Eric Hobsbawm chamou de nouvelle vague da historiografia francesa...”
(HOBSBAWM, apud. CARDOSO, 1997, p. 07).
Essa nova leva da historiografia trouxe para o debate a possibilidade de uso
de novas fontes, e de objetos até então deixados de lado pelos pesquisadores, que
priorizavam o campo político, em detrimento do social, há de certa forma uma
ampliação do conceito de fonte e documento, como destaca Lucien Febvre:
Indubitavelmente a história se faz com documentos escritos. Porémtambém pode fazer-se, deve-se fazer, sem documentos escritos seestes não existem. Com tudo o que o engenho do historiador possapermitir-lhe utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores usuais.Portanto, com palavras, com signos, com paisagens e com telhas.Com formas de campo e ervas daninhas”. (FEBVRE, apud.FONTANA, 1998, p. 207).
As transformações culturais, tecnológicas e sociais do pós-guerra foram as
principais intimidadoras dessa nouvelle vague da historiografia francesa, que
interiorizou os anseios, dúvidas e temores de um mundo em reconstrução.
Paralelamente, mas não isolado, aos Annales destaca-se o Marxismo, que, a
partir de 1950 se viu em face de uma série de eventos que alteraram os rumos de
suas concepções teóricas e metodológicas. Destacam-se por sua evidência: a
sensível diminuição da importância política e social do operariado industrial em
relação à “classe média”, as transformações no capitalismo mundial e os problemas
transcorridos no Leste europeu.
Tais eventos provocaram uma vasta transformação no posicionamento político
e nas concepções teórico-metodológicas do marxismo. Primeiramente, a produção
histórica, de origem marxista, se interessou mais, conforme Hobsbawm, “na relação
entre base e superestrutura que nas leis econômicas do desenvolvimento da base”
(HOBSBAWM, apud. FONTANA, 1998, p. 244). Para Hobsbawm, o marxismo visava,
portanto, compreender de uma forma mais abrangente as múltiplas relações entre
estrutura e superestrutura.
Um exemplo clássico desse novo marxismo plural é a obra de E. P.
Thompson. Segundo Fontana, Thompson esforça-se:
...por recolocar a noção de classe como uma relação ou o seuinteresse pelos mecanismos de formação de uma consciênciacoletiva, em que se reflete a influência de Gramsci, transmitida emparte por Raymond Williams – há que se assinalar, sobretudo, arecusa de um marxismo entendido como “um corpo autossuficientede doutrina completa, internamente consiste e plenamente realizadonum conjunto de textos escritos”. (FONTANA, 1998, p. 245).
Em sua obra “A Formação da Classe Operária Inglesa”, Thompson, portanto,
procura analisar a formação da consciência coletiva do operariado inglês levando
em conta as questões culturais e ideológicas que influenciaram tal processo.
Além da Nova Esquerda Inglesa, que identificou o cotidiano como um objeto
possível de estudo da historiografia, a chamada Nova História buscou ampliar os
debates em torno deste.
Pautada na ausência de qualquer paradigma totalizante, essa Nova História,
como denominou Jacques Le Goff, buscou “a redefinir problemáticas, métodos e
objetos” (BOUTIER,1998, p. 22). Em seu famoso e ambicioso livro Fazer História
Jacques Le Goff e Pierre Nora organizaram um balanço desse momento
historiográfico.
O subtítulo de cada volume do Fazer História representou os principais pontos
de discussão perpetrados pela historiografia desse período, ou, segundo Jean
Boutier:
Os subtítulos de cada um dos volumes manifestam esse interessepelas mutações recentes da profissão; novos problemas, querepensam a definição da história sob a provocação das outrasciências humanas. Novas abordagens, que modificam os recortestradicionais em diferentes setores, bem balizados; Novos objetos,que em sua bulimia devorante a história apropria e que sedesenrolam, segundo uma lista a Prévert, do clima à festa, passandopelo inconsciente, o corpo doente, os jovens e a cozinha”.(BOUTIER; JULIA, 1998, p. 25).
Em sua busca por uma síntese da crise da racionalidade por que passava a
história, o “Faire de I’ historie” deixa claro a virada da história em direção ao cultural.
A pesquisa histórica deixa de lado temas já debatidos intensamente, em proveito de
outros como, por exemplo: a representação, o imaginário, o medo, a bruxaria, o
cotidiano.
Para Emília Viotti, o abandono dos estudos das condições materiais em favor
da história cultural, representou uma total inversão da dialética. “O cultural, o
político, a linguagem deixaram de ser determinadas para serem determinantes. A
consciência passou a determinar o ser social” (COSTA, p. 12).
Essas discussões acerca de novas abordagens, novos métodos e novos
objetos estão intimamente ligadas ao nosso objeto de estudo, o cotidiano do
trabalhador rural, bem como a nossa fonte principal de pesquisa: a memória. Vista
aqui como a faculdade “de manter presente algo que foi vivido e um passado
distante ou próximo” (AMÂNCIO; IPÓLITO; PRIORI, 2010, p.45)
Para o historiador inglês Eric Hobsbawm “todos os seres humanos e
sociedades estão enraizados no passado – o de suas famílias, comunidades,
nações ou outros grupos de referência, ou mesmo de memória pessoal” (1998, p.
50). Reforçando essa concepção de memória, Arruda destaca que a “memória não
se resume em um conjunto de lembranças sobre determinado fato ou espaço, mas
constitui-se mesmo num processo de luta em torno do que deve ou será guardado”
(2000, p. 41).
Vista muitas vezes como fonte imprecisa, a memória se colocou no centro das
discussões sobre a pesquisa histórica, principalmente após a Segunda Guerra
Mundial. Juntamente a ela se propôs a história oral como método possível para
pesquisa historiográfica. Diante disso é importante diferenciarmos, já de início que:
história e memória não devem ser confundidas. A história não secontenta com explicações superficiais e infundadas (…). Seu objetode pesquisa deve ser problematizado, contextualizado e comparado.(…). Já a memória é suscetível aos esquecimentos e asmanipulações. Afinal, o tempo e as experiências podem, modificar aslembranças dos indivíduos, podendo deformar as recordaçõespassadas (AMÂNCIO; IPÓLITO; PRIORI, 2010, p.46).
Portanto, ao encararmos a memória como fonte histórica, precisamos ter claro
a distinção com a história, expressa anteriormente, bem como ficar atentos às suas
especificidades, como, por exemplo: a subjetividade, a individualidade e sua
condição de fenômeno social.
A memória é individual no sentido de pertencer a um indivíduo, ou, conforme
Pollak, “um fenômeno individual, algo relativamente íntimo, próprio da pessoa”
(1992, p. 02). Obviamente, sendo a memória um fenômeno individual, a
subjetividade é um elemento muito presente nos acontecimentos que o indivíduo
viveu e naqueles que ele não viveu, mas se relaciona com eles devido às
lembranças de outras pessoas próximas. Essa individualidade da memória, mesmo
influenciada pelo meio social, consegue se resguardar em sua forma, conforme
Portelli:
se toda a memória fosse coletiva, bastaria uma testemunha parauma cultura inteira, sabemos que não é assim. Cada indivíduo,particularmente nos tempos modernos, extrai memórias de umavariedade de grupos e as organiza de forma idiossincrática. Comotodas atividades humanas, a memória é social e pode sercompartilhada (razão pela qual cada indivíduo tem algo a contribuirpara a história “social”), mas do mesmo modo que langue se opõe ea parole ela só se materializa nas reminiscências e nos discursosindividuais. (PORTELLI, Apud, AMÂNCIO; IPÓLITO; PRIORI, 2010,p. 48-49).
Para Pollak, essa individualidade e subjetividade é expressa de duas formas:
a primeira através de acontecimentos “vividos por tabela” (1992, p.02); a segunda
através da construção da personagem vivido pela pessoa que lembra. Reforçando
essa visão, Le Goff argumenta que “as manipulações conscientes ou inconscientes
que o interesse, a afeição, o desejo, a inibição, a censura” (1996, p.426) exercem
forte influência sobre a memória individual.
Desta forma, a memória individual também é memória social, pois a pessoa
se lembra de fatos não vividos por ela, mas que ficaram marcados na memória
coletiva como importantes, e se insere aos acontecimentos como uma personagem
que busca apresentar aos outros e a si mesmo.
Para exemplificar a situação, Pollack usa o apelo do General De Gaulle à
Resistência. O autor destaca que:
... nos anos 50, a percentagem de resistentes que relatam ter ouvidopessoalmente o apelo do general De Gaulle, no 18 de junho de 1940,era relativamente baixa. Mas se hoje formos entrevistar antigosresistentes, teremos dificuldades em encontrar um que não tenhaescutado o apelo do 18 de junho. (1992, p. 06).
A memória é a “recriação da experiência, que traz à tona múltiplos conceitos,
que estabelece o sentimento de pertencimento” (CHIOZZINI, MESQUITA, TUMA,
2007, p.104). Desta forma é um fenômeno social e cultural que nos liga ao meio
social em que estamos inseridos, dando significados as nossas relações sociais,
concepções políticas, religiosas, hábitos, costumes, tradições, interesses, conflitos e
preconceitos.
12.1.4 INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS DE APOIO AO PROFESSOR
CHIOZZINI, Ferraz Daniel; MESQUITA, Ilka Miglio de; TUMA, Magda Medalena.Potencialidades da história oral e da memória para o diálogo com professores eprofessoras em suas singularidades. In. ZAMBONI, Ernesta (org). Digressõessobre o ensino de história: memória, história oral e razão histórica. Itajaí:Editora Maria do Cais, 2007, p.103-146.
FRANCO, Aléxia Pádua; VENERA, Raquel Alvarenga Sena. A memória e o Ensinode História hoje: um desafio nos deslizamentos de sentidos. In. ZAMBONI, Ernesta(org). Digressões sobre o ensino de história: memória, história oral e razãohistórica. Itajaí: Editora Maria do Cais, 2007, p.73-102.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1990, p.366-419.
PAIM, Elison Antonio; PICOLLI, Vanessa. Ensinar História Regional e Local noensino médio. História & Ensino. Londrina: Eduel. V. 13, set. 2007.
PRIORI, Angelo; AMÂNCIO, Silvia M.; IPÓLITO, Veronica K.. Memória Individual,Memória Coletiva. In: PRIORI, Angelo (org). Introdução aos Estudos Históricos.Maringá: Eduem, 2010. Cap. 4, p. 45-54.
SCHIMIDT, Maria A.; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione,2004, p.89-109.
12.2 A HISTÓRIA ORAL E SUAS POSSIBILIDADES NO ENSINO DE HISTÓRIA
12.2.1 ENCAMINHAMENTOS DIDÁTICOS
Professor, para se trabalhar com a história oral como metodologia de ensino
de história é importante ter clareza dos conceitos empregados por esse campo de
pesquisa, bem como dos debates teóricos travados no âmbito da academia. Assim,
orientamos a leitura do texto teórico sobre a história oral e se possível do material de
apoio indicado.
Após a leitura do texto teórico, uma possibilidade de início do trabalho em
sala de aula é exibição do filme Narradores de Javé, em especial das cenas das
entrevistas. O professor deve reforçar aos alunos a aparição de múltiplas
interpretações de um mesmo fato, a fundação da cidade de Javé.
Seguindo o filme como exemplo, no momento da realização da atividade o
professor poderá selecionar com a turma um fato que se constituirá no tema da
entrevista em sala de aula entre os alunos, como proposto pela atividade, o objetivo
é demonstrar como cada sujeito, assim como no filme, estrutura suas lembranças
segundo interesses próprios, mas influenciados pelo meio social.
12.2.2 HISTÓRIA ORAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E
METODOLÓGICAS
O uso da história oral como metodologia de pesquisa é intensificado no pós-
guerra, para documentar os fatos e lembranças dos sobreviventes da Segunda
Grande Guerra. Uma série de críticas sobre sua validade foram levantas ao longo do
tempo, acreditamos que o breve texto poderá colocar o professor, mesmo que
superficialmente, a par das discussões sobre o uso da história oral na pesquisa, no
ensino e seu uso no âmbito de nosso Projeto de Intervenção.
Na visão de Paul Thompson; “toda fonte histórica derivada da percepção
humana é subjetiva, mas apenas a fonte oral permite-nos desafiar essa
subjetividade: descolar as camadas de memória, cavar fundo em suas sombras, na
expectativa de atingir a verdade oculta” (1998, p. 197).
Ainda sobre a subjetividade, para Pollak, ela não pode ser um impedimento
para a utilização da memória como fonte, pois, para o historiador, “até as mais
subjetivas das fontes, tais como uma história individual, podem sofrer uma crítica,
por cruzamento de informações obtidas a partir de fontes diferentes” (1992, p.09).
Tais discussões sobre a história oral se intensificaram nos anos de 1950 e
estavam divididas entre duas correntes, “uma próxima das ciências políticas,
voltadas para as elites e os notáveis, outra interessada nas populações sem história”
(JOUTARD, 2006, p. 44). Sendo que a segunda vertente rendeu grandes debates,
como para Paul Thompson, que por exemplo, a história oral surge como a
possibilidade de convocar para o julgamento da história uma série de testemunhas
antes ignorados, como: o pequeno ladrão, os soldados rasos, a mulher, os jovens,
as crianças, o trabalhador como ser social, os desclassificados de modo geral.
A partir dos anos 70 e 80 os embates sobre os usos da história oral se
intensificaram, a ponto de “se temer que uma vez abertos os portões da oralidade, a
escrita (e a racionalidade junto com ela) será varrida” (PORTELLI, 1997, p. 26). Tal
receio em torno do uso da fonte reforçou certos obstáculos de sua utilização na
pesquisa historiográfica, entre estes: a possibilidade de interferência durante a
entrevista; a possibilidade de que o entrevistado seja induzido pelo pesquisador; a
fragilidade ou impossibilidade de se controlar o processo de recordação.
Nas palavras de José H. Rollo Gonçalves e Paula Rollo, no que concerne o
uso da fonte oral:
há sempre componentes ilusórios ou recentes em nossas evocaçõesdo passado, algo que interroga a fundo as pretensões de certoshistoriadores orais de resgatar a memória de eventos sublimados oureprimidos por meio de entrevistas e reestabelecer os fundamentoshistóricos das identidades individuais ou grupais. (2010, p.61-62).
Diante destas críticas, vamos elencar três aspectos que ainda nos convencem
a utilizar a história oral como metodologia nesse projeto.
O primeiro, “as fontes escritas e orais não são mutuamente excludentes”
(PORTELLI, 1997, p. 26), ou seja, como já salientamos, cabe ao historiador realizar
uma análise detalhada da fonte, comparar e verificar as informações por meio de
outras fontes. Ainda, conforme Portelli,
Fontes orais são aceitáveis mas com uma credibilidade diferente. Aimportância do testemunho oral pode se situar não em sua aderênciaao fato, mas de preferência em afastamento dele, como imaginação,simbolismo e desejo de emergir. Por isso, não há falsas fontes orais.Uma vez que tenhamos checado sua credibilidade factual, (…), adiversidade da história oral consiste no fato de que afirmativas“erradas” são ainda psicologicamente “corretas”, e que esta verdadepode ser igualmente tão importante quanto registros factuaisconfiáveis. (1997, p. 32).
O segundo argumento que levantamos no intuito de defender a utilização da
história oral neste projeto se encerra em seus objetivos e que são acima de tudo de
caráter pedagógico. A história oral é encarada também como uma metodologia de
ensino de história, com essa finalidade ela busca contribuir “para superar a habitual
passividade que é, com frequência, 'colada' aos alunos do presente como
'inevitabilidade histórica' e para promover na prática formas da tão falada ligação
escola – meio” (VIDIGAL, 1996, p. 43).
Como terceiro e último argumento, a utilização da história oral como
metodologia de ensino e pesquisa permitirá o estudo da história local, do cotidiano,
dos costumes, da vivência e das memórias dos familiares dos alunos, das crenças,
dos hábitos, dos momentos de lazer, da relação com a natureza e mais
especificamente do objeto de estudo do projeto: o cotidiano dos trabalhadores rurais
nos sítios de café do município de Colorado.
Portanto, a história oral possui suas limitações, como qualquer método de
pesquisa, porém nossa opção pelo seu uso é reforçado pela intenção de inserir o
aluno no processo de produção do conhecimento histórico.
12.2.3 INDICAÇÕES BIBLIGRÁFICAS DE APOIO AO PROFESSOR
FERREIRA, Marieta de M; AMADO, Janaína. Usos & Abusos da História Oral. Rio
de Janeiro: FGV, 2006.
JOUTARD, Philippe. História oral: balanço da metodologia e da produção nosúltimos 25 anos. In: FERREIRA, Marieta de M; AMADO, Janaína. Usos & Abusosda História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
PORTELLI, Alessandro. O que faz a história oral diferente?. Projeto História, SãoPaulo, n. 14, p.25-39, fev.1997.
ROLLO, Paula Silva; GONÇALVES, José Henrique Rollo. Pesquisa com documentosorais: algumas considerações umas poucas conclusões. In: PRIORI, Angelo (org).Introdução aos Estudos Históricos. Maringá: Eduem, 2010. Cap. 4, p. 55-68.
THOMPSON, Paul. A Voz do Passado: História Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1992.
VIDIGAL, Luís. Os Testemunhos Orais na Escola: História Oral e ProjetosPedagógicos. Lisboa: Edições Asa, 1996.
12.3 MEMÓRIA E HISTÓRIA DE COLORADO
A ocupação da região Norte do Paraná foi um processo historicamente
recente, assim um número expressivo das pessoas que fizeram parte desse
movimento ainda estão vivas e continuam repassando suas memórias, algumas
destas foram fixadas pelo meio social como verdades, outras foram silenciadas, mas
também precisam ser ouvidas e contrastadas com a memória oficial. Desta forma,
fica a sugestão de iniciar o trabalho sobre a ocupação de Colorado e do Norte do
Paraná a partir desse conhecimento prévio dos alunos, valorizando essa memória,
que segundo Franco e Venera “é suporte para existência semântica das
experiências” (2007, p.77).
Partindo do relato dos alunos é importante localizar espacialmente a região,
bem como o espaço temporal. Para embasar o trabalho indicamos a obra Norte do
Paraná: histórias e fantasmagorias do professor Nelson Dacio Tomazi, em especial o
conjunto de mapas que o livro traz no final.
A ocupação precisa ser tratada também como um avanço conflituoso e
permeado pelo interesse econômico nacional e internacional. O professor pode usar
como exemplo as propagandas de venda terras e contrapô-las ao conflito por terra
em Porecatu. Nas palavras de Tomazi:
Existem muitas vozes que permaneceram silentes e queinsistentemente continuam a falar. Há aquelas que são o suporte dopoder vigente e aquelas que questionam esta versão. Como afirmaMarc Ferro é necessário fazer, aqui, um confronto de memórias paraestabelecer um inventário dos silêncios, ou seja, colocar no mesmonível, além das vozes que estão inundando o cotidiano da região emestudo, na ótica do capital, outras que foram sendo quasesilenciadas. (2000, p.106).
Portanto, caberá ao professor desmistificar a discurso do progresso, do
pioneirismo e das grandes oportunidades ainda muito em voga no norte paranaense
e constantemente reafirmado pela memória dos “vencedores”, partindo de um breve
histórico da fundação de Colorado no contexto da ocupação da região Norte do
Paraná.
12.3.1 INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS DE APOIO AO PROFESSOR
CALDEIRA BRANT, V. Do colono ao bóia-fria: transformações na agricultura econstituição do mercado de trabalho na Alta Sorocabana de Assis. EstudosCEBRAP, nº19, São Paulo, jan-março de 1977, pp. 37-92.
CANCIAN, Nadir AP. Cafeicultura Paranaense: estudo de conjuntura, 1900-1970.Tese/doutorado USP,1977.
CARVALHO, Márcia Siqueira de. A pequena produção de café no Paraná. SãoPaulo: Tese – FFCLH/USP, 1992.
LOVATO, Leda. De como o que o café deu o café tomou: trajetória de sitiantesdo Norte do Paraná. São Paulo: dissertação/mestrado, 1992
PRIORI, Angelo. Lutas sociais e conflito político: alguns temas da história deMaringá (O II Congresso de trabalhadores rurais e a formação da frente agráriaparanaense). In: DIAS, Reginaldo B.; GONÇALVES, José Henrique Roldo (org).Maringá e o norte do Paraná. Maringá: EDUEM, 1999, p. 155-177.
PRIORI, Angelo. Trabalho e disputas no campo (Paraná 1945-1964).Pós História.Assis, v. 8, p. 225-242, 2000.
PRIORI, Angelo. História regional e local: métodos e fontes. Pós História. Assis, p.181-187, 1994.
PRIORI, Ângelo. O protesto do trabalho: história das lutas sociais dostrabalhadores rurais do Paraná: 1954-1964. Maringá: EDUEM, 1996.
TOMAZI, Nelson Dacio. Norte do Paraná: história e fantasmagorias. Curitiba: AosQuatro Ventos, 2000.
12.4 A ENTREVISTA E OUTROS PROCEDIMENTOS
A opção pelo trabalho com a história oral como metodologia de ensino de
história leva, consequentemente, o professor a dominar os conceitos de memória e
de história oral, como já discutimos anteriormente. Além desse domínio, os projetos
com a história oral recaem na maioria das vezes no uso das entrevistas como
estratégias mais comuns para coleta de informações. Assim, é importante ao
professor seguir algumas recomendações metodológicas e legais. Desta forma o
trabalho ganha um caráter formal e de outro lado professor e alunos resguardam os
direitos dos entrevistados, bem como não se comprometem legalmente.
Primeiramente é necessário trabalhar de forma sistemática a postura diante
do entrevistado. Conforme descrito no texto de Montenegro citado por Shmidt e
Cainelli presente nessa unidade, para familiarizar os alunos com as técnicas de
entrevistas, recomendamos que o professor retome a atividade “Laboratório de
História Oral” buscando entrevistar outras pessoas da comunidade escolar, como:
funcionários, professores, diretores e alunos de outras séries. Essa atividade
auxiliará na apreensão das técnicas de entrevista, bem como reforçar a convicção,
conforme Moniot, de que “é necessário notar que a memória social – uma fórmula
imaginada – longe está de ser apenas uma lembrança, pois ela é, isto sim, uma obra
de recomposição e de comunicação, eventualmente conflituosa e disputada” (apud,
RANZI, 2001, p.33).
Uma segunda etapa é a devida informação à direção e coordenação
pedagógica do estabelecimento de ensino, solicitando evidentemente a autorização
para realização das entrevistas. Feito isso o professor deverá ficar atento aos
procedimentos legais referentes aos direitos autorais. Essas providências devem ser
feitas antes das entrevistas, pois em caso de divulgação ou publicação do trabalho é
fundamental a autorização dos envolvidos. Também no caso algum aluno aparecer
nas gravações, os pais ou responsáveis deverão autorizar por escrito que o mesmo
tenha sua imagem veiculada e divulgada.
Todos esses procedimentos relacionados ao uso de imagem, som, fotos,
documentos, depoimentos, entre outros, precisam ser devidamente autorizados por
um termo de “Cessão de pessoa física para pessoa física”. Tal documento deve
deixar claro a doação das informações, resguardando a posse moral e intelectual do
entrevistado. Assim o professor evidencia o “proprietário” das palavras toda vez que
utilizá-las, por exemplo. Esse termo e outras questões legais sobre os direitos
autorais podem ser encontrados na paginá do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) na internet no seguinte endereço: www.educacao.pr.gov.br.
A terceira etapa optamos por um questionário que sintetize os dados
fornecidos pelas entrevistas. O professor deverá ter cuidado nesse momento pois é
importante selecionar cuidadosamente as entrevistas que serão utilizadas como
fontes, pois caso contrário não terá tempo para finalizar o trabalho. O questionário
tem função de retomar o tema da Unidade Didática, buscando reforçar conceitos
fundamentais para o trabalho proposto, tais como: memória, cotidiano, trabalhador
rural e cafeicultura.
Essa reflexão sobre a fonte oral e memória deve acompanhar todo processo
de trabalho, (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 127), todavia, nesse período de síntese,
o professor precisa retomar os debates teóricos apresentados nos textos acima e
estar atento principalmente à subjetividade das memórias expostas nas entrevistas.
Conforme Pollak sobre a entrevista:
O que mais nos deve interessar, numa entrevista, são as partes maissólidas e as menos sólidas. Eu diria que no mais sólido e no menossólido se encontra o que é mais fácil de identificar como sendoverdadeiro, bem como aquilo que levanta problemas deinterpretação. (1992, p 208).
Os educandos ao reverem as gravações, sob a orientação do professor,
devem ser instigados a verificar as semelhanças e disparidades entre as
informações, de forma e concluírem que a memória é socialmente construída
(POLLAK, 207) e que é um forte elemento de identidade, pois segundo Manique e
Proença:
a identidade se constrói a partir do conhecimento, da forma como osgrupos sociais de pertença viveram e se organizaram no passado,mas também da verificação de como se estruturam para fazer faceaos problemas do presente tendo um componente que aponta para ofuturo, pelo modo como este se prepara através da fixação deobjetivos comuns (apud, RANZI, 2001, p.25).
O ensino de história, nesse sentido, tem como objetivo uma reflexão sobre a
identidade, uma busca pela “resignificação” do passado como elemento constituinte
do grupo social ao qual os estudantes pertencem. Acerca disso concordamos como
Pereira e Seffener quando estes destacam que:
Na escola, o ensino de história coloca os estudantes diante dasrepresentações que as gerações passadas produziram sobre simesmas e, ao mesmo tempo, estimula-os a elaborar a crítica dasrepresentações que hoje produzimos sobre nosso próprio passado.(2008, p. 119).
Assim, chegamos ao problema que nos levou a buscar a memória e a história
oral como proposta para o ensino de história: o abandono do passado como
elemento explicativo para as estruturas sociais vigentes. Tal fenômeno certamente
interfere na construção da identidade social pelos estudantes, assim ao
trabalharmos a memória dos trabalhadores rurais da cafeicultura temos a intenção
de levar o ensino de história na contramão desse processo de esquecimento social.
Portanto, nessa Unidade Didática a memória assume o papel de elemento de
ligação entre presente e passado de forma que o educando possa não apenas ler o
passado, mas se identificar com ele, criticar sobre a maneira que está sendo
narrado, de modo a compreender que toda narrativa do passado é produto de
disputas sociais, e contextualizá-lo em outros momentos de sua vida.
13 REFERÊNCIAS
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CHIOZZINI, Ferraz Daniel; MESQUITA, Ilka Miglio de; TUMA, Magda Medalena.Potencialidades da história oral e da memória para o diálogo com professores eprofessoras em suas singularidades. In. ZAMBONI, Ernesta (org). Digressõessobre o ensino de história: memória, história oral e razão histórica. Itajaí:Editora Maria do Cais, 2007, p.103-146.
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