os desafios da escola pÚblica paranaense na … · processo também contribuiu para o desemprego...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A CULTURA DO BICHO-DA-SEDA NO MUNICÍPIO DE MANDAGUAÇU: INTEGRAÇÃO ECONÔMICA DO PEQUENO AGRICULTOR NO PERÍODO DE 1980 A 2010.
AUTOR: NATAL FACINA ORIENTADORA: ADÉLIA APARECIDA DE SOUZA HARACENKO
RESUMO
Este artigo é fruto do trabalho de pesquisa realizado no Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga
localizado no município de Maringá e teve como objetivo conhecer os efeitos da modernização
agrícola sobre a agricultura familiar, em especial, a cultura do bicho-da-seda no município de
Mandaguaçu, localizado no Noroeste do Paraná. Este artigo atende à proposta das Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).
Como metodologia usada na realização do projeto da Produção Didático-Pedagógica aplicada em
sala de aula no ano letivo de 2014, trabalhamos com pesquisas bibliográficas e práticas em campo. A
proposta desse artigo é trazer o entendimento da transformação do espaço geográfico do município
de Mandaguaçu após a erradicação da cultura do café. A economia estabelecida na região Noroeste
do Paraná iniciou-se estruturada no modelo fundiário de pequenas, médias e grandes propriedades,
que com o passar dos anos, essa estrutura foi sendo modificada com a implantação do processo de
modernização na agricultura e com a introdução de novas técnicas de produção e mecanização no
campo. A transformação capitalista da agricultura acelerou o processo de expulsão do homem do
campo, aumentando o desemprego no meio rural, provocando um intenso movimento de migração
rural-urbano. Entretanto, a implantação da sericicultura em algumas pequenas propriedades
contribuiu para fixar uma significativa parcela da população rural no campo, gerando emprego e
renda. Diante dessa constatação, foi apresentado pela pesquisa realizada pelos alunos, um
questionamento para compreensão do processo e como sobrevivem os agricultores que produzem o
bicho-da-seda em Mandaguaçu na atualidade.
Palavras-chave: Modernização agrícola. Mobilidades sociais. Desenvolvimento
regional.
1 - INTRODUÇÃO
Este texto é resultado do trabalho de pesquisa desenvolvido no Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE, da Secretaria de Estado da Educação - SEED
do Estado do Paraná. O referido trabalho foi desenvolvido no município de
Mandaguaçu, localizado no Noroeste do Estado do Paraná. As figuras abaixo
demonstram a localização deste município no estado.
Figura 1 - Localização dos Municípios de Mandaguaçu e Maringá no Estado do Paraná
Fonte: www.portalxv.com.br – municípios de Maringá e Mandaguaçu Org: FACINA, 2013.
Figura 2 - Delimitação da Área de Estudo Município de Mandaguaçu através de Imagem de Satélite
Fonte: Imagem de Satélite do Google Earth
Org: FACINA, 2013.
A produção do bicho-da-seda vem contribuindo para atender as necessidades
mais urgentes dos pequenos proprietários rurais de Mandaguaçu. Nesta pesquisa
formulamos uma problemática que foi trabalhada envolvendo as seguintes questões:
Modernização da agricultura; Estrutura fundiária atual; Permanência na propriedade;
Substituição de cultura; Mudanças ocorridas nas relações de trabalho; Poder
aquisitivo dos produtores do Bicho-da-seda; Comercialização do casulo; Tecnologia
aplicada na produção.
Para o desenvolvimento da pesquisa, como metodologia usamos os
referenciais bibliográficos que contemplam o assunto, trabalhos de campo, e
entrevistas como uma fonte primordial de dados coletados. As práticas para o
desenvolvimento do trabalho foram: Elaboração de painéis, mostrando o relevo, a
bacia hidrográfica e as culturas atuais da área estudada com destaque para o plantio
de amoreira; Visualização pelos alunos da rotina do trabalho do agricultor no
processo de criação do bicho-da-seda; Acompanhar as atividades do produtor
dentro do barracão de criação; Conhecer o processo do ciclo de vida das larvas até
a formação do casulo; O processo de colheita; A comercialização do produto.
O trabalho foi desenvolvido no Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga
localizado na cidade de Maringá com as turmas do 8º ano, com destaque a
modernização da agricultura enfocando a criação-do bicho-da-seda, para que o
aluno entenda os processos de mudanças que ocorreram no espaço brasileiro,
paranaense, noroeste do Paraná e no município de Mandaguaçu, fechando assim
um ciclo de conhecimento de e proposta do trabalho.
2 - ASPECTOS DA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA A modernização da agricultura brasileira é bem recente, data nos meados da
década de 1960, aquele período, segundo Graziano Neto (1982, p. 26) foi
considerado como anos do milagre brasileiro, pois a agricultura efetivamente inicia o
mais importante processo de modernização, com a introdução de novas técnicas de
produção, a mecanização do campo, o uso de máquinas e implementos, insumos
modernos, fertilizantes químicos, sementes híbridas selecionadas com
melhoramentos genéticos e adequadas a qualquer tipo de solo e clima.
A agricultura ingressou na revolução tecnológica, tardia e limitadamente,
passando do regime tradicional, onde ocupava a mão-de-obra familiar, para a
agricultura moderna, intensificada pelo uso de novas técnicas de produção. O
processo também contribuiu para o desemprego no campo e o favelamento das
grandes cidades, consequências do processo êxodo rural. As figuras abaixo
mostram as tecnologias empregadas na modernização da agricultura e o aumento
das exportações filas de caminhões na Rodovia BR 277, próximo ao porto de
Paranaguá.
Figura 3 - Exemplo de propriedades modernizadas no Brasil
BR 277 chegada ao Porto de Paranaguá Pivor de Irrigação em lavoura Aplicação de inseticida com aeronave Fonte: <https://www.google.com/search/br=modernizacao=da=agricultura=no=parana>.
No Brasil, a modernização da agricultura ocorreu, de forma desigual, em
todas as regiões brasileiras e também dentro de cada Estado da Federação. O
Paraná também foi beneficiado com as políticas de incentivo à modernização
agrícola, através de financiamentos e programas do governo, agravando ainda mais
as desigualdades, pois os pequenos produtores rurais descapitalizados foram
excluídos do processo e acumulando dívidas. Diante desses fatores, os mesmos
foram obrigados a venderem suas propriedades, indo morar na cidade e
continuando a trabalhar no campo como boia-fria.
No Paraná, o processo de modernização da agricultura e o de substituição de
culturas se deu notadamente durante a década de setenta. A substituição de
culturas revelou-se apenas, como um dos aspectos da modernização agrícola,
direcionando a agricultura para um elevado patamar tecnológico, intensificando o
capital e liberando a mão de obra desqualificada, empregada no campo, por sua
vez, a política de desenvolvimento agrícola, feita em moldes economicistas,
despreocupada com a problemática social, de acordo com Andrade (1979, p.62)
vem contribuindo para aumentar o desemprego no meio rural, acelerando o
processo de migração rural-urbano.
No norte do Paraná, na Microrregião Homogênea do Norte Novo de Maringá,
o processo de substituição de culturas, com todas as suas consequências, em
relação à organização do espaço, foi de uma rapidez e dinâmica acentuada. Isto
porque, além dos fatores conjunturais setoriais que interviram no processo, os
fatores locais e circunstanciais desempenharam importante papel na sua aceleração
(MORO 1980). A modernização da agricultura não foi benéfica para os pequenos
produtores e muito menos, para os trabalhadores rurais, eles foram constituir os
chamados "bolsões" de miséria que se tornaram comuns nos centros maiores do
norte paranaense a partir de 1975 conforme Fleischfresser (1988). Em alguns
municípios, a área liberada pela cafeicultura foi ocupada por outras atividades
produtivas, em segundo plano, sobretudo pela cultura de cana-de-açúcar e do
algodão. Em nossa pesquisa constatamos que na zona rural da Vila Guadiana, no
município de Mandaguaçu o abandono da cultura cafeeira e sua erradicação por
completo ocorreram nas décadas de 1980/1990. A partir disso, verifica-se que a
introdução da sericicultura se deu a partir de 1986. As fotos abaixo ilustram as áreas
que foram ocupas por cafezais até 1980 e substituídas por amora, sobre os antigos
terreiros de secagem, foram construídos o barracão de criação do Bicho-da-seda.
Foto 1: Vista de um barracão próximo do plantio de amora Foto 2: Colheita dos ramos de amora Fonte: FACINA, 2014 Fonte: FACINA, 2014
No Paraná, a sericicultura é explorada há pouco mais de 20 anos e, nesse
período, teve um crescimento expressivo, incorporando-se rapidamente como
alternativa econômica de diversificação dos pequenos e médios proprietários rurais.
Com esta expansão, a sericicultura, rapidamente, vem ocupando pequena parte da
área anteriormente ocupada pela cafeicultura. A região Noroeste hoje detém 70% da
produção do Estado. As condições climáticas do Paraná são altamente favoráveis,
tanto ao desenvolvimento da cultura da amoreira, quanto à criação do bicho-da-
seda, assim, a atividade que teve início no final da década de 1960, na Região Norte
pioneiro, expandiu-se na década seguinte para o noroeste, depois para a região
norte e centro oeste do estado. Posteriormente, na década de 80, para Oeste e vale
do Ribeira e, finalmente, para a região Sudoeste. O mapa abaixo mostra os
municípios paranaenses que mantém a cultura da amoreira, alimento básico para
criação do Bicho-da-seda.
Figura 4 - Mapa do Estado do Paraná e os Municípios Produtores de Bicho-da-Seda
Fonte: HANADA Yukimitsu, WATANABE K. Jorge - EMATER - Empresa Paranaense de Assistência Org: FACINA, 2013
Conforme demonstra o mapa do Estado do Paraná e os municípios
produtores de bicho-da-seda, as maiores concentrações de sericicultura são notadas
nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Atualmente, estão incorporados no Paraná,
228 municípios onde se produz casulos verdes. A região Noroeste é a que mais se
destaca e detém a maior produção do estado. Embora o Paraná seja o maior
produtor de casulos verdes do Brasil, a participação na produção de fios de seda é
de apenas 44,45% (1993), o restante é manufaturado nas fiações do estado de São
Paulo. Isto comprova a potencialidade do Paraná na verticalização da produção com
a implantação de novas agroindústrias, visando maior agregação de rendas e
geração de novos empregos, criando outros benefícios como: Viabilidade econômica
desta atividade para as pequenas e médias propriedades rurais. Ocupação intensiva
de mão-de-obra familiar, não só dos proprietários, como também a geração de um
Mandaguaçu - Maringá
grande número de empregos para as famílias que fazem uso desta atividade no
sistema de parceria. Contribuição significativa na fixação do homem do campo,
diminuindo o êxodo rural. Contribuição na preservação do meio ambiente, pois a
cultura da amoreira mantém o solo coberto por um longo período do ano, além do
seu sistema radicular pivotante e superficial e, também não se usa agrotóxicos
diminuindo a ação poluidora do meio ambiente. Influência do associativismo, pois no
Paraná, a atividade teve maior impulso e de forma ordenada, devido à organização
dos sericicultores.
3 - A CULTURA DA AMOREIRA
As folhas da amoreira são o alimento básico para as lagartas do bicho-da-
seda, sendo utilizada também como forrageira de outros animais, no caso de
caprinos, ovinos, bovinos, usada como adubo orgânico e cobertura do solo na
própria plantação de amora. Para a obtenção de melhores resultados, é fundamental
antes de iniciar o plantio, pesquisar o tipo que mais se adapta e se desenvolve na
região. Na região de Mandaguaçu as variedades de amoreira mais comum
cultivados são: Calabresa, Miura, Kori, Formosa.
Antes de se iniciar um projeto de implantação da criação do bicho-da-seda,
devem ser observadas algumas condições favoráveis ao desenvolvimento da cultura
da amoreira e instalação do barracão de criação. O clima e o solo são
condicionantes decisivos na hora da escolha e devem ser tomados alguns cuidados
como: escolha do terreno; clima e o projeto civil. Em relação à escolha do terreno é
importante observar a altitude, declividade, profundidade do solo, exposição e
conservação do solo, vias de acesso e culturas vizinhas. Para condições ideais na
obtenção de um bom rendimento foliar, é necessário que o solo tenha boa estrutura,
fertilidade, teor de matéria orgânica, retenção de umidade, permeabilidade e boa
profundidade. Quanto ao clima os principais fatores que influenciam no
desenvolvimento vegetativo da amoreira são: temperatura do ar; precipitação
pluviométrica; insolação; geadas e ventos. Quando estas condições não são
favoráveis, pode ocorrer o atraso no seu desenvolvimento vegetativo e, em
consequência, o aparecimento de moléstia e pragas.
No que se refere ao projeto civil do barracão de criação, o comprimento, a
altura, a largura, as condições de ventilação e iluminação e a limpeza do barracão
são fatores que devem atender às necessidades funcionais de muita importância na
produtividade. As figuras abaixo ilustram uma planta de um projeto civil do barracão
instalado na propriedade do senhor Valdomiro Stabele na Vila Guadiana, próxima a
Mandaguaçu, as fotos são vista parcial externa e externa do mesmo barracão.
Figura 5 – Planta alta do Barracão de criação do Bicho-da-Seda
Fonte: STABELE, Valdomiro, desenho elaborado a partir das informações do proprietário, visualização e medidas do local – Chácara Santa Luzia nº 54, Rod. Irineu Salvoldi, PR 552 km 1 Trevo de Guadiana, Org: FACINA, 2013
Figura 6 – Planta alta do Barracão de criação do Bicho-da-Seda
Depósito de amora, área 10% da área. do barracão 18 m2.
6x3
10 METROS 11 METROS
Fonte: STABELE, Valdomiro, desenho elaborado a partir das informações do proprietário, visualização e medidas do local – Chácara Santa Luzia nº 54, Rod. Irineu Salvoldi, PR 552 km 1 Trevo de Guadiana. Org: FACINA, 2013
Foto 3: Vista externa do barracão Foto 4: Vista interna do barracão, bicho na 4ª idade Fonte: FACINA, 2013 Fonte: FACINA, 2013
Largura 10 metros
Comprimento 24 metros
Altura
3,5 metros
Corredor 40 cm livre
1,55 metros
1,55 metros
Corredor 40 cm livre
1,55 metros
1,55 metros
Corredor 40 cm livre
1,55 metros 1,55 metros
Corredor 40 cm livre
1,55 metros 1,55 metros
Corredor 40 cm livre
De acordo com as ilustrações das figuras cinco e seis e as fotos três e quatro,
o barracão deve ser construído em local adequado, perto da residência para facilitar
o trajeto e o acompanhamento. O espaço interno do barracão deve ser livre, sem
pilares facilitando o manejo durante o trato das larvas e limpeza do barracão.
4 – APLICAÇÃO DO PROJETO: ATIVIDADES PRÁTICAS
Aula de campo, “o maior problema”: quem vai bancar as despesas? Muita
chuva no dia agendado grupo muito grande, dispersão, muita curiosidade, invasão
da propriedade alheia, risco que fui obrigado a assumir, impulsionado pelas
colocações importantíssimas, recebidas dos professores participantes do GTR que
escolheram o meu projeto. Iniciei as atividades na escola apresentando o projeto
para os alunos, a foto abaixo documenta a primeira aula em que os alunos
conheceram, discutiram e deram sugestões sobre o projeto.
Foto 5: Alunos do Colégio Gerardo Braga durante a aula de lançamento do projeto Fonte: FACINA, 2014
Comecei com a introdução explicando os aspectos geográficos, geológicos e
estrutura fundiária da região, mostrando a localização da área fazendo uso da
internet Google Wikipédia, Google Earth, Google Mapas, concluindo a atividade um
“Fazendo arte e cartografando”. Deu muito certo e a turma gostou e se interessou
pela atividade. Para fixar melhor as características geológicas cada aluno ficou
responsável de trazer para a escola uma amostra de rochas e minerais, levantaram
a origem, e com o auxilio da professora de ciências foram identificadas e serão
expostas com notas explicativas junto à amostra de solo que cada uma originou,
A aluna Mayara
Bertunes conta como
foram os passos do
projeto: “a saída foi
organizada muitos
dias antes e o
professor nos foi
passando todas as
instruções de como
seria trabalhado cada
atividade”.
relacionando com as características pedológicas da região Noroeste do Paraná e
com a região de origem de cada amostra, relacionando os tipos de vegetação de
cada região.
4.1 - Aula de Campo Ministrada em Propriedades de Criadores do Bicho-da-seda
Com a visita a uma cooperativa, ao aeroporto, a um trecho de rodovia que
está sendo duplicado, a um aviário de postura outro de frangos de corte e a um
latifúndio cuja plantação nesta época é milho, ficou entendido o que é, e o que
implica a modernização da agricultura. Visita à empresa com compra os casulos
onde tiveram a oportunidade de conhecer todo o processo de recebimento
classificação, pagamento e destino final. Visita aos agricultores onde conheceram
todo processo plantio e variedades da amoreira, tipo do solo, cuidado, adubação e
manejo, barracão de criação onde cada um estava em uma fase de
desenvolvimento, nestes locais os alunos aplicaram os questionários e aprendeu
pessoalmente com os criadores tudo sobre a história do bicho, ciclo de vida e
comercialização. De posse das informações coletadas foram elaborados os
relatórios e as tabelas demonstrativas do resultado das despesas, lucro e situação
financeira de cada produtor. Houve muito interesse por parte dos alunos,
depoimentos positivos dos alunos e dos agricultores, colaboração dos pais que
autorizaram e assumiram as despesas da locomoção. Em entrevista, o aluno MV
salientou que:
No caminho paramos e observamos, foi fácil de entender os tipos de solo e o que é uma área de transição, a cor da terra mudou, em Maringá a terra é muito diferente é vermelha e gruda nas solas do sapato e as lavouras são de milho e soja. Bem próximo de Maringá no distrito de Iguatemi, a terra começa a mudar e fica mais branca e arenosa e não grudam nas solas do sapato, as culturas também mudaram, para cana-de-açúcar e amora (MV
1,
2014).
As fotos a seguir são registros com a presença dos alunos em uma aula
prática na região de Maringá – PR, rumo a Mandaguaçu – PR, e mostram
claramente as diferenças entre o solo roxo e o solo arenoso, os tipos de cultura
apropriada para cada um dos tipos de solo.
1 O aluno MV foi entrevistado no mês de Abril de 2014. Optamos por colocar somente a sigla do
nome do aluno para manter a identidade do mesmo, visto que, ele ainda é menor de idade. Posteriormente, todos os alunos entrevistados terão seus nomes colocados apenas as iniciais mantendo suas integridades.
Foto 6: BR 376 Maringá, destaque para a Terra Rocha Foto 7: BR 376 Maringá - destaque para a cultura do milho. Fonte: FACINA, 2014 Fonte: FACINA, 2014
Foto 8: Sítio entre Maringa e Mandaguaçu, área de transição. Foto 9: Plantação de amora em solo arenoso em Mandaguaçu. Fonte: FACINA, 2014 Fonte: FACINA, 2014
Nas visitas em propriedades onde os agricultores trabalham com a criação do
bicho-da-seda tivemos a oportunidade de conhecer todo o processo de manejo
como é cuidado o bicho-da-seda, desde a preparação do solo até a produção do
casulo que é o produto pronto para a venda. Ajudamos a tratar dos bichos e o
criador nos ensinou que o bicho-da-seda come as folhas da amora durante o tempo
de três dias e três noites sem parar, após esses período é colocado umas caixas
com trezentos compartimentos, chamadas de bosque sobre as camas onde os
bichos entram em cada compartimento e começam o processo de construção do
casulo, assim que termina o processo precisa colher dentro do prazo de poucos
dias, limpar em uma máquina moderna, até pouco tempo era manual, caso isso não
ocorra o bicho fura o casulo e vira borboleta, depois do casulo ser retirado dos
bosques os mesmos são desinfestados com lança chamas. As fotos abaixo ilustram
as experiências dos alunos feitas em um barracão de criação em Mandaguaçu.
Foto 10: Explicações de um produtor sítio em Mandaguaçu Fonte: FACINA, 2014
Foto 11: Alunos em um Barracão de criação Fonte: FACINA, 2014
Foto 12: Explicações de um produtor em um barracão Fonte: FACINA, 2014
Foto 13: Observando os casulos nos bosques Fonte: FACINA, 2014
Foto 14: Desmontando os bosques para colher os casulos Fonte: FACINA, 2014
Foto 15: Tirando os casulos em máquina de limpar casulo Fonte: FACINA, 2014
Foto 16: Lança-chama usado para limpeza dos bosques Fonte: FACINA, 2014
Foto 17: Observando as variedades de amora Fonte: FACINA, 2014
Foto 18: As diferenças existentes nas folhas da amora Fonte: FACINA, 2014
Depois de conhecer todo processo de criação no barracão, desde a primeira
fase até a colheita, os alunos acompanharam a entrega da produção dos casulos
que deve ser entregue rapidamente para evitar que a crisálida vire mariposa e fure o
casulo. Os produtores entregam para a empresa Fiação de Seda Bratac S/A, que é
a responsável pela comercialização e fornecimento dos insumos, assim que recebe
do produtor rapidamente envia para a fábrica em Londrina PR, ou Bastos SP, para
industrialização e produção do fio da seda que é exportado para os países da Ásia.
Aqui fizemos a experiência de entrevistar os produtores e conhecer como é
classificado e como calcular a renda do casulo para chegar ao valor que o produtor
irá receber pelo produto entregue. As fotos abaixo registram nossas experiências.
Foto 19: Fachada da empresa BRATAC S/a, Mandaguaçu. Fonte: FACINA, 2014
Foto 20: Entrevistando os produtores entregando casulos. Fonte: FACINA, 2014
Foto 21: Coleta de amostra para calculo do teor da seda. Fonte: FACINA, 2014
Foto 22: Tabela usada para calcular o preço do casulo. Fonte: FACINA, 2014
Foto 23: Calculando o peso do casulo e o teor da seda. Fonte: FACINA, 2014
Foto 24: Embarque do casulo para Londrina. Fonte: FACINA, 2014
Nas propriedades visitadas podemos observar que a situação financeira dos
produtores do bicho-da-seda, se comparada com outras atividades ou categorias de
pessoas assalariadas rural ou urbana, pode ser classificada com boa ou ótima.
Constatamos que a maioria está modernizando-se, adquirindo ferramentas
modernas, trator equipado e veículos através de programas do governo federal sem
juros e em dez anos para pagar, construção de novas moradias através do
programa Minha Casa Minha Vida Rural, conforme registro nas fotos abaixo.
Foto 25: Placa do Programa de Moradias Rural Fonte: FACINA, 2014
Foto 26: Residencia rural construida pelo Programa Moradias Rural Fonte: FACINA, 2014
Foto 27: Veiculo adiquirido pelo Pronafin Fonte: FACINA, 2014
Foto 28: Ferramentas antigas usadas na produção Fonte: FACINA, 2014
Foto 29: Ferramentas modernas usadas na produção Fonte: FACINA, 2014
Foto 30: Ferramentas antigas usadas na produção Fonte: FACINA, 2014
Conforme o que foi constatado a liberação de linhas de crédito e
aperfeiçoamento das ferramentas usadas na propriedade, os produtores estão
otimistas com a diminuição do tempo de trabalho, e as facilidades que o uso de
novos equipamentos esta proporcionando, sobra mais tempo para cuidar melhor da
propriedade e dedicar algumas horas para o descanso e lazer coisa que nunca
imaginavam devido ao tempo gasto no processo artesanal.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer do trabalho foi possível perceber que os alunos foram capazes
de compreender que a agricultura vem passando por inúmeras transformações no
que se refere à maneira de produzir, mediante o avanço da tecnologia, nesse novo
processo de produção exige-se mais conhecimento e informação. Diante de todas
essas mudanças apresentadas aos alunos, eles observaram que não tem mais
espaço para o trabalhador que não se prepara para enfrentar tais mudanças, é
preciso ter qualificação para atender as exigências de uma agricultura moderna, ter
conhecimentos das novas tecnologias, pois não basta saber operar uma máquina, é
preciso ter conhecimento técnico em máquinas e informática, pois a agricultura
moderna exige máquinas modernas que são computadorizadas acopladas ao GPS.
Os alunos também perceberam que um dos pontos negativos causado pela
modernização da agricultura foi o êxodo rural, uma modernização excludente, onde
o capital se tornou o “carro chefe” desse novo processo. E muitos dos pequenos
proprietários que não conseguiram acompanhar este novo modelo de produção
perderam suas terras. As máquinas foram substituindo a mão de obra humana e os
trabalhadores que perderam seus empregos, foram morar nas cidades, aumentando
os problemas de moradia, de desemprego, consequentemente da miséria e violência
nas cidades. Todo esse processo de construção do conhecimento levou os alunos a
refletir, pois não imaginavam que as mudanças ocorridas na agricultura pudessem
influenciar tanto o meio social e em seu cotidiano.
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