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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
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Educação dialógica, o Lugar e o Ensino de Geografia no EJA
Ernan Rodrigues Vieira1
Orientador: Eduardo Donizeti Girotto2
Resumo
Neste artigo buscaremos entender como os Jovens e Adultos conseguem
relacionar a geografia apreendida na escola com o seu LUGAR de vivência.
Acreditamos que o educando adulto deve conhecer sua realidade para poder
inserir-se de forma crítica e atuante na vida social e política do seu espaço
vivido. Por isso abordaremos os conteúdos geográficos e o conceito de LUGAR
a partir dos fundamentos da Educação Dialógica, discutindo algumas propostas
para Educação de Jovens e Adultos (EJA) nos princípios emancipatórios
formulados por Paulo Freire e outros autores. O trabalho foi desenvolvido no
CEEBEJA Profa. Joaquina Matos Branco, no município de Cascavel, com
turmas de EJA do Ensino Médio noturno. Nesta perspectiva, os conteúdos de
Geografia devem permear o cotidiano escolar na busca do aprendizado que
encontre ressonância na vida dos alunos que os motive a gostar da disciplina
de geografia e, assim, pensar o LUGAR na relação com o mundo que os cerca.
Essas são as razões para propor uma reflexão sobre a necessidade da
abordagem da escala local (LUGAR) nas aulas de geografia para EJA.
Acreditamos que ao resgatarmos o lugar que o educando mora, utiliza, suas
vivências, suas relações com o espaço e com a sociedade, a geografia torna-
se mais próxima.
Palavras-Chaves: Educação Dialógica, Lugar e Ensino de Geografia.
Introdução
O ensino da Geografia voltado para a Educação de Jovens e Adultos
estão longe de alcançarem padrões adequados de rendimento escolar, pois
1 Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Estadual de Educação – PDE/2013.
2 Doutor em Geografia. Professor Adjunto do Colegiado de Geografia da UNIOESTE, campus Francisco
Beltrão. Email: [email protected]
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são organizados sem considerar as características do educando.
De acordo com Paulo Freire a educação de adultos tem a obrigação de
estar diretamente relacionado ao dia-a-dia do trabalhador. Desta forma, o
adulto deve conhecer sua realidade para poder inserir-se de forma crítica e
atuante na vida social e política do seu espaço vivido.
Como ensinar, como formar sem estar aberto ao contorno geográficos,
social dos educando (Paulo Freire, 1996, pp. 86-87). Portanto, o papel da
Geografia é de incentivar alunos e professores a pensar melhor, acima de tudo
o que acontece em seu cotidiano, promover mais cidadania em sala de aula,
tornando-o um espaço dialógico e de valorização do educando.
Segundo Paulo Freire é pelo diálogo que se conscientiza da realidade
que está em volta e se compromete com sua transformação. É pelo diálogo
que se torna o mundo mais humano, seja pela pronúncia denunciadora da
(des) ordem opressora, seja pelo anúncio de um novo mundo que se construirá
pela práxis. É pelo diálogo que o ser humano existe plenamente.
É pelo diálogo que o sustenta sua busca de ser mais. Por isso
abordaremos os conteúdos geográficos, o conceito de LUGAR a partir dos
fundamentos da educação dialógica, discutindo alguma proposta para a
educação de Jovens e Adultos, nos princípios emancipatórios formulados por
Paulo Freire e outros autores.
Ao legitimar o LUGAR que o aluno mora, sua vivências, suas relações
com o espaço e com a sociedade, a Geografia torna-se mais próxima, pois
pode transpor a teoria, uma vez que pode ser relacionado ao convívio social e
ampliar as práticas de ensino. Utilizar a fala e os conhecimentos dos alunos é
considerá-lo sujeito ativo no processo de ensino aprendizagem, não mais como
um receptor de informações prontas, mas como um sujeito que pode contribuir
para a elaboração do conhecimento. A partir do momento que o educando
apropriar-se do conceito de LUGAR, passa a ter noção de pertencimento a este
LUGAR e que é também um dos construtores, organizadores desse espaço.
Ainda que o estudo do LUGAR seja essencial, devemos nos cuidar para
que o conteúdo não se limite a essa escala. É preciso ir além, ou seja, estudar
o nível global, sem o qual não conseguiremos entender o próprio LUGAR.
Como justificar, por exemplo, os diferentes bairros residenciais da Cidade se ao
menos não compreendermos que o sistema capitalista comanda o espaço
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geográfico.
Sendo assim, este artigo tem como foco a produção didática aplicada
aos educandos do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos
(CEEBJA) – Professora Joaquina Mattos Branco – Cascavel – PR. Teve como
universo a turma do ensino médio noturno da escola. A implementação da
produção didática na escola ocorreu no primeiro semestre de 2014, perfazendo
um total de 32 horas. Cada atividade proposta teve a duração de quatro horas,
totalizando oito atividades.
Neste artigo fizemos uma análise, a partir de algumas propostas de
atividades de como o cotidiano, pode ser, utilizado nas aulas de geografia. E
como objetivo principal procuraremos realçar a educação dialógica para o
ensino de geografia, na busca de uma melhor compreensão do Lugar, e
consequentemente do mundo do educando.
Educação dialógica, ensino de geografia e lugar
O trabalho docente na EJA requer mais do que domínios dos conteúdos
curriculares, o professor dessa modalidade de ensino deve, sobretudo,
compreender que lida com sujeitos que trazem consigo conhecimentos
adquiridos por suas experiências de vida e tais conhecimentos precisam ser
levados em consideração na prática educativa. Aproveitar a fala e as
experiências dos alunos é considerá-lo sujeito ativo no processo de ensino
aprendizagem, não mais como um receptor de informações prontas, mas como
um sujeito que pode contribuir para a construção do conhecimento.
Segundo Paulo Freire é pelo diálogo que nos conscientizamos da
realidade que está em nossa volta e nos comprometemos com sua
transformação. Por isso abordamos os conteúdos geográficos, e o conceito de
Lugar a partir dos fundamentos da educação dialógica, onde discutimos
algumas propostas para a EJA, nos princípios emancipatórios formulados por
Paulo Freire e outros autores. Entendemos que seja importante para o
educando conhecer esse conceito e, a partir de sua sistematização, devemos
instigá-los a indagar sobre como o Lugar onde vivem foi e é organizado.
Em nossa produção didática, tivemos como tema gerador “A Mudança
do Lugar da Escola.” Em nossa perspectiva, tal tema foi o mote para discutir de
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forma ampla e profunda o conceito de Lugar, e sua importância para a
construção do conhecimento geográfico pelos educandos. Para Paulo Freire, a
escola se apresenta como local privilegiado à libertação, pois é pela
possibilidade de debater, dialogar que se alcançará a compreensão sobre a
realidade circundante, e assim, ser possível, escrever a história das mudanças
e das transformações.
Como objetivo principal, buscou-se entender como o Lugar do aluno ou
suas vivências podem ser mobilizados na educação geográfica, usando como
ponto de partida a discussão do Lugar. O Lugar é a categoria geográfica que
se refere ao espaço vivido, onde se estabelecem as relações de pertencimento.
Neste artigo, que é resultante do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE implementado pelo governo do estado do Paraná,
propomos uma reflexão sobre a necessidade da abordagem da escala local
nas aulas de geografia, como diz CALLAI:
Na nossa vida, muitas vezes sabemos coisas do mundo, admiramos paisagens maravilhosas, nos deslumbramos por cidades distantes, temos informações de acontecimentos exóticos ou interessantes de vários lugares que nos impressionam, mas não sabemos o que existe e o que está acontecendo no lugar em que vivemos. (CASTROGIOVANNI, 2012, p. 71).
Ainda que o estudo do Lugar seja imprescindível, devemos nos atentar
para que o conteúdo não se limite a essa escala. É preciso ir além, ou seja,
estudar o nível global, sem o qual não conseguiremos entender o próprio
Lugar. Como explicar, por exemplos, os diferentes bairros residenciais da
cidade se ao menos não compreendermos que o sistema capitalista comanda o
espaço geográfico? Por isso na produção didática o Lugar foi entendido
enquanto síntese de múltiplas determinações que remetem a outras escalas
espaço-temporais (regional, nacional, global). Com respaldo em Castrogiovanni
(Org.) que diz, “Cada lugar é sempre uma fração do espaço totalidade e dos
diferentes tempos, portanto, na busca da compreensão dos lugares, há
necessariamente o trânsito pela totalidade.”
Estudar o lugar, portanto, passa a ser um desafio constante para as
nossas aulas de Geografia. A partir dessas constatações, concordamos que o
resgate do estudo da escala local para nós é crucial, se pretendemos formar
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alunos críticos. Pois é no lugar que o Educando vive intensamente os
processos sociais, onde se relaciona mais intensamente com as pessoas e até
mesmo com o próprio espaço geográfico. Nele, são construídas relações
identitárias e até mesmo de pertencimento. É por esse motivo que
consideramos indispensável que o Lugar ou os espaços próximos do educando
também sejam levados em consideração no ensino da geografia.
Descrição e análise das atividades desenvolvidas
Cabe a nós educadores o desafio de compreender a realidade do aluno,
bem como quais as contribuições da geografia na sua formação e quais
atividades didático-experimentais podem contribuir para uma aprendizagem
significativa. Nessa perspectiva foram realizadas as seguintes atividades:
1ª Atividade – Nesta primeira etapa que foi a Construção de Pertencimento
com o Lugar Vivido, buscamos a partir da música identificar os aspectos de
pertencimento e pela valorização do Lugar. Pois acreditamos que a linguagem
musical facilita a comunicação e a função pedagógica nas aulas de geografia,
nos auxiliando no processo ensino-aprendizagem. Segundo Castrogiovanni
(2003 , p. 17)
O objetivo aqui não é propor simplesmente trabalhar com música em sala de aula. É chamar a atenção que as músicas ouvidas cotidianamente por nós e nossos alunos trazem a questão social/espacial em suas letras e que podemos começar alguns assuntos novos com este “chamariz”. Desperta mais a atenção do que iniciarmos nossa fala, ainda que bem intencionada e de cunho progressista, com aulas expositivas abstratas e distantes do mundo do aluno. “A música não substitui a problematização/reflexão/sistematização do professor.” Só a inicia. A nossa relação com o aluno continuará sendo sempre o centro do processo pedagógico.
Em relação à primeira atividade, foram selecionadas duas músicas:
“Canto do Povo de um Lugar” de Caetano Veloso e a música “Oras Bolas”, do
grupo Palavra Cantada.
Após ouvirem as duas músicas os educandos realizaram desenhos – os
educandos foram orientados para colocar no papel o que sentiram ao ouvir as
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músicas, também fizeram uma interpretação oral e escrita da música, após
compartilharam os desenhos feitos, descobrindo pontos comuns e diferenças.
FOTO 1: Educandos interpretando a música.
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
Em relação à música, a maioria dos educando gostaram da introdução
da música nas atividades didático-pedagógicas geográficas. A música
funcionou como uma chave para abrir as diversas possibilidades que o
educando traz dentro de si, e que pode compartilhar com seu próximo.
Na sequência foram realizadas atividades com mapas. Neste caso,
Callai (2005) recomenda que os Mapas sejam trabalhados a partir de desenhos
de trajetos, percursos, plantas da sala de aula, da casa, do pátio da escola, etc.
Enfim, esta confecção tem que evolver o cotidiano do aluno observando as
formas de representação do espaço. Por isso no mapa da cidade de Cascavel
os educandos traçaram o percurso do lugar de sua casa até: o local de
trabalho, consumo, lazer, escola. Esta atividade possibilitou aos educandos,
além do conhecimento do seu espaço vivido, compreender e explicar os
diferentes lugares. Essa prática de roteiro do percurso, do espaço conhecido
do aluno, foi um excelente exercício para que os objetivos traçados para o
ensino de geografia fossem alcançados.
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FOTO 2: No mapa da cidade de Cascavel os educandos traçaram o percurso
do cotidiano.
Fonte do Mapa: Prefeitura de Cascavel – Fonte da Imagem: Autor
Em relação às atividades proposta nesta primeira fase que foi a
Construção de Pertencimento com o Lugar Vivido, os educandos perceberam
que todos compartilham um lugar comum, mas cada qual ocupa uma posição
nesse lugar e que nele circula de forma diferenciada, conforme as relações
sociais existentes.
2ª Atividade – A Escola Enquanto Lugar de Vivência. Nesta segunda
atividade, iniciamos a aula com música “Estudo Errado” de Gabriel O
Pensador, após ouvirem a música os educandos fizeram desenhos
expressando o que sentiram, também responderam a um questionário sobre a
letra da música.
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FIGURA 1: Desenho do educando mostrando a realidade da educação no
Brasil
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
Na música “Estudo Errado” os educandos perceberam claramente a
crítica que o autor faz ao sistema educacional brasileiro, e que estes problemas
estão presentes ao longo dos anos, e que infelizmente ainda faz parte da
nossa realidade. A escola continua a trabalhar com conteúdos desconectados
da realidade próxima, o que resulta no desinteresse por parte do educando
pela escola. Para que isso não ocorra, nós educadores, precisamos, portanto,
aproximar as práticas escolares do Lugar de vivência dos educandos, fazendo
com que tenha significado o que aprendem em sala de aula. Para Paulo Freire:
Cabe aos professores de geografia refletir mais sobre sua prática pedagógica
para melhorar a qualidade do ensino e torná-lo mais atrativo para o educando
e, nunca deixar de lado os conhecimentos já adquiridos pelo educando antes
de chegar a escola, estes que serão a base para o planejamento das
atividades desenvolvidas com o educando.
3ª Atividade – A Escola e o seu Novo Lugar – Nesta atividade os educandos
foram ao laboratório de informática pesquisar na internet notícias relacionadas
ao CEEBJA, procurando saber os motivos da mudança de endereço da escola.
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F0T0 3: Os educandos pesquisaram na internet notícias sobre o Ceebja.
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
No outro momento os educandos, através de entrevistas, consultaram
alunos, professores e funcionários antigos da escola para saber como a escola
era vista no antigo lugar e como é, visto agora neste novo lugar.
FOTO 4: Os educandos entrevistando
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
Para o desenvolvimento dessa atividade, distribuímos para os
educandos um roteiro de perguntas. Após o tempo da pesquisa, houve uma
socialização das respostas das entrevistas trazidas pelos educandos.
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Os resultados destas atividades foram muito bons. Houve a participação
de todos, alguns se sentiram como um verdadeiro repórter. Acreditamos que
todos aprenderam muito com as repostas trazidas pelos colegas. As respostas
foram lidas pelos educandos e, a partir destas surgiram muitos comentários,
bem como foram estabelecidas muitas relações. Para os educandos foi muito
importante descobrirem como seus locais de convivência foram criados ou
modificados.
4ª Atividade – Estudo do Entorno da Escola e Elaboração de Mapas Mentais –
Nesta atividade, os educandos elaboraram mapas mentais a partir do
quarteirão onde está localizada a escola atual. A escola é um dos lugares que
está mais próximo do aluno, no qual ele convive com outras pessoas. Esse é
um espaço que ele pode percorrer por completo e que tem grande significado
para sua vida, inclusive do ponto de vista da afetividade. Os alunos fizeram
anotações de tudo que observaram, mostrando a disposição espacial dos
elementos do entorno da escola.
FOTO 5: Os educandos foram a campo pesquisar o entorno da escola
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
Após essa volta no quarteirão da escola os alunos fizeram em grupo um
desenho do entorno do local visitado, depois o grupo apresentou o desenho
que realizaram e debateram questões deste ambiente desenhado. Por meio do
programa “Google Earth”, os educandos compararam o desenho feito por eles
com a imagem real. O Google Earth é uma ferramenta versátil e de grande
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potencial pedagógico pois é um excelente recurso na análise espacial,
permitindo aos educandos um novo olhar geográfico do local em que vive.
FOTO 6: Os educandos desenhando o entorno da escola
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
Conhecer o entorno da escola foi muito interessante, com isto, os
educandos puderam conhecer melhor a realidade do novo local da escola.
Houve a participação de todos. Os objetivos desta atividade que era fazer
observações do entorno quanto às habilidades dos alunos em interpretar o
espaço no qual eles estão inseridos, levando em consideração também a sua
vivência e a ideia de lugar foram alcançados.
5ª Atividade – Comparando os Lugares – Nesta atividade, os educandos
foram novamente à sala de informática, agora com o intuito de pesquisar as
diferenças sócio espaciais entre o antigo e o novo bairro de localização da
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escola. Esta atividade foi realizada em grupo. Os educandos coletaram dados
estatísticos sobre economia, transporte, lazer, bem como elencaram os
problemas dos dois bairros em questão.
FOTO 7: Comparando os Lugares
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
FIGURA 3: Textos produzidos pelos educandos.
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Fonte: Educandos da EJA.
6ª Atividade – Construção de Maquete da Escola e do seu Entorno – Nesta
etapa, foi realizado como atividade a construção de uma maquete, é uma
atividade que foi muito útil para a aula de geografia. Através da maquete o
educando tem uma visão tridimensional de aspectos importantes da geografia.
Conforme CASTROGIOVANNI (Org.):
A maquete é um “modelo” tridimensional do espaço. Ela funciona como um “laboratório” geográfico, onde as interações sociais do aluno no seu dia a dia são possíveis de serem percebidas quase que na totalidade. A construção de maquete é um dos primeiros passos para um trabalho mais sistemático das representações geográficas. (CASTROGIOVANNI (Org.), 2012, p. 65).
Os educandos fizeram a maquete com base nos pontos de referência da
escola, anotados durante a visita ao entorno da escola. Conhecer o entorno da
escola foi muito importante. Com isto, os alunos puderam conhecer melhor a
realidade do local onde vivem. O uso das práticas cartográficas na confecção
da maquete proporcionou aos educandos uma maior assimilação dos
conteúdos referentes ao espaço local, pois passaram a ficar mais atentos aos
limites e características do lugar vivido, tanto espaço da escola quanto ao
bairro e a cidade.
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Na construção da maquete, percebeu-se a importância deste recurso
para a construção do conhecimento, à medida que foi possível detectar o
conhecimento do educando em relação ao conteúdo estudado, assim como ir
analisando os conceitos geográficos já alcançados por ele, bem com os que
ainda não foram construídos e devem ser trabalhados em sala de aula.
Os educandos da EJA precisam de atividades assim, onde eles possam
criar suas estratégias e se sentir pertencentes a essa sociedade no qual
convivem. O processo de construção do conhecimento, só pode se dar de
forma plena através de um método dialético , a partir da reflexão e discussão
conjunta, onde devemos buscar cada vez mais a participação de nossos
educando. Nessa construção coletiva do conhecimento, cabe a escola além de
possibilitar o conhecimento, deve também promover uma estimulação por parte
do educando a fim de que ele produza um novo saber, saber esse que
colabore para uma transformação social no meio em que este educando está.
7ª – Atividade – Montagem da exposição dos Trabalhos Feitos pelos Alunos –
Nesta atividade os alunos montaram no pátio da escola uma exposição com
todos os materiais produzidos durante o projeto de intervenção.
FOTO 9: Exposição dos trabalhos
Fonte: RODRIGUES, E. Maio de 2014.
Atividades como estas, fazem com que os educandos deixem de ser
meros expectadores e se tornem sujeitos ativos, que saibam se localizar, crie
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referências espaciais e desenvolvam estímulos à leitura e interpretação
cartográficas.
O trabalho de campo e o manuseio da maquete possibilitaram um
exercício de análise e percepção espacial bastante interessante, transpondo o
real para o abstrato. Acreditamos, portanto que os objetivos propostos
inicialmente pela produção destas atividades, possibilitaram aos educandos
envolvidos, ampliarem seus conhecimentos acerca do espaço vivido.
8ª – Atividade – Avaliação do Projeto – Nesta última atividade, fizemos
uma roda de conversa com os educandos com o intuindo de avaliarmos o
desenvolvimento das atividades propostas na produção didática.
Concluindo as atividades, os educandos se mostraram satisfeitos com
as atividades propostas na produção didática, pois foram capazes de
apreender conceitos antes só vistos nos livros didáticos, como o conceito de
Lugar, por exemplo. Em nossa percepção, trabalhar com a realidade do aluno
faz com o mesmo se interesse mais pela construção do conhecimento.
Acreditamos, portanto que os objetivos propostos na produção didática,
possibilitaram aos educandos envolvidos, ampliarem seus conhecimentos a
cerca do Lugar de vivência.
Considerações Finais
Neste artigo procuramos realçar a educação dialógica para o ensino de
geografia na busca de uma melhor compreensão do Lugar e,
consequentemente, do mundo do educando. Entendemos que seja importante
para os educandos conhecer o conceito de Lugar e nós professores devemos
incentivá-los a questionar sobre como esse Lugar onde vivem está organizado,
como foi produzido e como e porque está em constante transformação.
Aproveitar a fala e as experiências dos educandos é considera-lo sujeito
ativo no processo de ensino-aprendizagem, não mais como um receptor de
informações prontas, mas como um sujeito que pode contribuir para a
construção do conhecimento. Acreditamos que as atividades propostas na
produção didática colaboraram para a valorização do conhecimento que os
educandos da EJA trazem consigo e como isso é imprescindível para realizar o
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processo de ensino-aprendizagem, levando o educando a ser sujeito de sua
própria história, interligando seus conhecimentos adquiridos ao longo da vida
com os conhecimentos científicos que a escola lhe apresenta.
O estudo desenvolvido permitiu observar que no cotidiano de vida das
pessoas, a geografia está presente a todo o momento. O mundo vivido pelos
educandos da EJA é uma fonte muito rica de conhecimentos e que devem ser
levados em conta no processo de ensino-aprendizagem da geografia.
Por fim, cabe salientar que a proposta de formação continuada do PDE
nos permitiu o retorno às atividades acadêmicas em nossa área de atuação, o
que levou à atualização dos conhecimentos teóricos articulados à prática. Isso
proporcionou uma reflexão mais profunda sobre nossa prática, possibilitando
uma rica interação e troca de experiências.
Referências
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