os impactos ambientais provocados pelo avanÇo … · no entanto com o aumento na demanda desse...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE Faculdade de Ciências e Tecnologia
OS I MPA C T OS A M BI E N TA IS PR O V O C A D OS PE L O AVA N Ç O D A C A N A-D E-
A Ç Ú C A R N O BR ASI L
R O G É RI O R A UB E R
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE Faculdade de Ciências e Tecnologia
Presidente Prudente
Novembro de 2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE Faculdade de Ciências e Tecnologia
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Campus de Presidente Prudente
OS IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO AVANÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR
NO BRASIL
ROGÉRIO RAUBER
O rientador : Prof. Dr. José Tadeu Garcia Tommaselli
Trabalho de conclusão de curso de
especialização de Geografia da
Rede São Paulo de Formação
Docente
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE Faculdade de Ciências e Tecnologia
Presidente Prudente, 2011
D E DI C AT Ó RI A
Dedico este trabalho a meu pai Abilio Rauber (in
memoriam) e a minha mãe Nadir Aguero Rauber, pela
compreensão e amor a mim dedicados nos momentos de
dificuldades e incertezas.
A G R A D E C I M E N T OS
Agradeço primei ramente a Deus por me dar a vida e iluminar meu caminho pra
que eu chegasse até aqui.
À minha mãe, Nadir Aguero Rauber pelo incentivo e apoio.
À minha esposa Sarah Campanhã Rauber por todo amor, incentivo e ajuda nos
momentos de dificuldades.
R ESU M O
Há hoje no mundo uma intensa preocupação com aumento de CO2 na atmosfera,
decorrentes principalmente da queima dos combustíveis fósseis.
O Brasil dentro desse cenário mundial possui tecnologia para a produção de etanol a
partir da cana, que é muito mais competitivo do que o etanol produzido nos EUA a partir do
milho. No entanto com o aumento na demanda desse biocombustível tanto no mercado
interno quanto no externo, haverá aumento das áreas utilizadas para o cultivo da cana. Nesse
contexto estão os impactos ambientais decorrentes da intensificação das lavouras de cana no
país que precisam ser considerados.
Com a diminuição das áreas propícias a agricultura em função da degradação dos
solos e a questão de produção de energias limpas, caso do biodiesel e etanol, novas áreas
precisam ser ocupadas para atender a demanda da produção e do consumo.
Palavras-chaves: cana-de-açúcar. etanol. impactos ambientais.
A BST R A C T
Today there is intense concern in a world with increased CO2 in the atmosphere,
resulting mainly from burning fossil fuels.
Brazil is within this global scenario has the technology to produce ethanol from
sugarcane, which is much more competitive than the U.S. ethanol from corn. However with
the increasing demand of ethanol both domestically and in foreign, will increase in areas used
for growing sugarcane. In this context are the environmental impacts resulting from the
intensification of sugarcane in the country that need to be considered.
With the decrease of areas for agriculture in the degradation of soils and the issue of
clean energy production, the case of biodiesel and ethanol, new areas need to be employed to
meet the demand of production and consumption.
K eywords: cane sugar. ethanol, environmental, impacts.
SU M Á RI O
1. IN T R O DU Ç Ã O ............................................................................................... 10
2. O BJE T I V OS ........................................................................................................ 11
3. M AT E RI A IS E PR O C E DI M E N T OS ................................................................ 12
4. R E V ISÃ O BIB L I O G R Á F I C A ........................................................................... 13
4.1. H IST Ó RI A D A C A N A-D E-A Ç Ú C A R N O BR ASI L ..................................................... 13
4.2. I M PA C T OS A M BI E N TA IS R E L A C I O N A D OS À PR O DU Ç Ã O D A C A N A-D E-
A Ç Ú C A R ...................................................................................................................... .... 17
5. 20
6. R E F E R Ê N C I AS BIB L I O G R Á F I C AS .......................................................... 21
10
1. IN T R O DU Ç Ã O
O meio ambiente começa a se tornar motivo de preocupações para o homem, somente
após da Primeira Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, realizado em Estocolmo
em 1972. Nessa conferência foram abordadas questões, que colocavam o homem como
principal agente impactante do meio, e os recursos naturais exaustivamente explorados eram
finitos, e seria necessário mudar o pensamento egoísta e consumista, pois seria colocada em
risco as gerações futuras de várias espécies (FELDMANN, 2009).
Há uma forte tendência, no mercado mundial, de produção e consumo de energias
limpas, decorrentes das mudanças climáticas associadas à queima de combustíveis fósseis. O
Brasil é liderança mundial no segmento de combustíveis renováveis com o etanol. No entanto
há uma preocupação crescente em relação aos impactos ambientais provocados pela expansão
da monocultura da cana-de-açúcar no Brasil. Dentre estes destacam-se: queimadas, erosão dos
solos, desmatamentos e contaminação da água com defensivos agrícolas (SANTO &
ALMEIDA, 2007).
11
2. O BJE T I V OS
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão literária sobre os impactos
ambientais causados pelo cultivo da cana-de-açúcar. Serão abordadas as principais
consequências para o meio ambiente.
12
3. M AT E RI A IS E PR O C E DI M E N T OS
Para realizar esta revisão foram utilizados sites da world wide web , com conteúdos
específicos do tema, tais como: Embrapa, Esalq, Vitaecivilis, Sober, Ecoeco, Terrabrasilis e
Unesp. Foram utilizados basicamente, as seguintes palavras chaves: impactos ambientais,
cana-de-açúcar, erosão dos solos. Os textos selecionados foram os que possuíam valor
acadêmico, publicados em seminários, congressos e encontros.
13
4. R E V ISÃ O BIB L I O G R Á F I C A
4.1. H IST Ó RI A D A C A N A- D E- A Ç Ú C A R N O BR ASI L
Coincidentemente, a história da agricultura no Brasil tem seu início no século XVI, na
Região Nordeste, com a introdução da monocultura da cana-de-açúcar, com utilização da
mão-de-obra escrava, praticada em grandes latifúndios agrícolas voltados ao mercado externo
(BRASIL ESCOLA, 2011). Durante muito tempo essa atividade se concentrou nessa região
em virtude da localização dos solos mais férteis e propícios a essa cultura.
A história da cana- de- açúcar no país confunde-se com a própria história do Brasil.
Presente desde a fundação das primeiras cidades até o desenvolvimento de tecnologias de
automação, ela criou relações em torno de si que traçaram muito do que somos hoje
(REPORTER BRASIL, 2001).
Por conta da nossa colonização, tivemos nosso processo de modernização retardado.
Talvez por isso, ainda hoje, podemos encontrar engenhos em diferentes etapas de
desenvolvimento, convivendo ao mesmo tempo e com relações humanas muito parecidas com
as das épocas às quais pertenceram (REPORTER BRASIL, 2001).
A cana-de-açúcar (Saccharum spp) é uma gramínea cultivada desde a antiguidade. É
uma planta da família Poeceae, representada pelo milho, sorgo, arroz e muitas outras
gramíneas. As principais características dessa família são a forma da inflorescência (espiga), o
crescimento do caule em colmos, e as folhas com lâminas de sílica em suas bordas e bainha
aberta. Apresenta sistema radicular que chega atingir até 5 metros de profundidade (SALLA,
2008).
Originária da Nova Guiné e introduzida na América por Cristóvão Colombo e no
Brasil por Martim Afonso de Souza aproximadamente no ano de 1532. A primeira muda de
cana foi plantada, na Capitania de São Vicente e ali também foi construido o primeiro
Engenho do Brasil (SALLA, 2008).
No entanto essa cultura teve seu apogeu na Região Nordeste, mais precisamente no
atual estado de Pernambuco, durante os áureos tempos do Brasil colônia. A planta adaptou-se
facilmente nesse continente devido aos solos e clima propícios para seu desenvolvimento,
associado com a mão-de-obra escrava, os canaviais se disseminaram pela costa litorânea
14
brasileira, atingindo mais tarde os atuais estados da Região Sudeste, principalmente São Paulo
e Rio de Janeiro, contribuindo com a degradação de um dos mais importantes ecossitemas do
nosso país: a Mata Atlântica (SALLA, 2008).
Durante muito tempo o Brasil possuiu monopólio da produção mundial de açúcar. A
Europa enriquecida pelo ouro e prata do Novo Mundo passou a ser a grande consumidora
desse produto. Algumas cidades do nordeste prosperaram, especialmente Salvador e Olinda.
O nordeste era a região mais rica do país naquela época. O declínio açucareiro no Brasil
ocorreu em virtude da produção de açucar pelos holandeses no Caribe, associado com a
descoberta de ouro nas Minas Gerais (SALLA, 2008).
No ano de 2007, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) foram produzidas no Brasil por volta de 514.079,729 toneladas de cana.
O Pró-álcool foi um programa do governo federal, criado no ano de 1975, cujo
principal objetivo era diminuir a dependência do país em relação ao petróleo importado.
Naquela época o mundo estava passando por uma grande crise de produção e consumo de
petróleo. Os países produtores de petróleo perceberam quão grande era a dependência
mundial por essa energia e aumentaram consideravlemente o preço do barril (SILVA, 2010).
Os primeiros carros movidos exclusivamente a etanol ou (álcool) entraram no mercado
no ano de 1978. No entanto no início da década de 80, quando o preço do barril de petróleo
triplicou, o governo federal criou organismos como o Conselho Nacional do Álcool (CNAL)
para agilizar a implementação do Pró-álcool no país. Com essas, entre outras, medidas a
produção de etanol atingiu um pico de 12,3 bilhões de litros no ano de 1986-87
(SALLA, 2008).
O grande teste do etanol foi no fim da década de 80 quando o preço do petróleo caiu
significativamente no cenário internacional, juntamente com a falta de políticas internas para
estimular e subsidiar a produção de etanol. Os baixos preços pagos aos produtores associados
ao aumento da demanda gera uma crise na entressafra 1989-90. Essa situação gerou um
desestímulo à produção de veículos automotores movidos a etanol pelas indústrias
automobilisticas padronizando assim, na sua linha de montagem uma tendência, mundial que
se verificava: a fabricação de motores a gasolina (SILVA, 2010).
Outro fator que contribui para o declínio do PRÓ-ÁLCOOL, no período compreendido
entre 1986 e 2003 no cenário nacional, foi reflexo de uma conjuntura internacional, como
queda no preço do barril de petróleo, aumento no preço do açúcar, concomitantemente com
elevação da produção interna de petróleo desenvolvido pela Petrobras, diminuindo assim as
15
importações desse combustível fóssil. Dessa maneira os usineiros priorizaram a produção do
açúcar em detrimento do álcool combustível (MICHELLON et al., 2008).
Com 30 anos após sua criação, onde o Proalcool tinha como principal objetivo
oferecer um combustivel alternativo ao petróleo frente ao aumento abrupto no mercado
mundial, ele vive atualmente uma nova fase de expansão dos canaviais, só que agora a
questão maior é ambiental, já que o etanol é considerado um combsutivel bem menos
poluente e nocivo ao ambiente do que os combustiveis fósseis. A corrida por novas áreas para
o plantio da cana não está concentrada somente nas regiões tradicionais, como oeste paulista e
nordeste brasileiro, mas está avançado para o Cerrado e Amazônia. O governo e o setor
sucroalcooleiro estão convictos de que o etanol é o combustível do futuro e o Brasil tem um
novo papel a desempenhar frente a essa tecnologia para a produção de etanol a partiri da cana-
-de-áçucar (SILVA, 2010).
Segundo dados da União da Indústria da Cana, (UNICA), a frota de veículos flex no
país representa cerca de 7 milhões de veículos totalizando 28% da frota nacional. Ela estima
que esses números deverão, no ano de 2015, atingir 65% da frota nacional, que será movida
tanto por álcool (etanol) quanto gasolina.
O Brasil produz hoje cerca de um terço do etanol mundial, altamente competitivo em
relação ao produzido pelos americanos a partir do milho (veja tabela 1), chegando a produzir
na safra de 2006/07, 18 bilhões de litros e previsão para 2007/08 de 21 bilhões de litros
(EMBRAPA, 2010).
Tabela1 Custo de produção do etanol (US$/barril) em 2008.
País Matéria-Prima Custo de produção
(US$/barril)
Brasil Cana-de-açúcar 32
Tailândia Cana-de-açúcar 46
Austrália Cana-de-açúcar 51
EUA Milho 75
União Européia Cereal 154
Fonte: (EMBRAPA, 2010)
16
O Brasil, em virtude do seu tamanho e localização geográfica (Zona Tropical da
Terra), possui imenso potencial para expansão da produção do etanol a partir da cana-de-
açúcar. As lavouras produtoras de cana estão localizadas essencialmente nas regiões do
Centro-Sul e Nordeste e respectivamente repondem juntas por (86%) e (14%) da produção
nacional (EMBRAPA, 2010).
Figura1. Localização da produção atual de cana-de-açúcar no Brasil (vermelho).
Fonte: RODRIGUES & ORTIZ (2006)
Atualmente, o que se observa no país é uma expansão na região do Centro-Sul da área
de plantio da cana devido, principalmente, ao fator dessa região concentrar a maior parte das
Usinas aí instaladas e as novas em fase de instalação. De acordo com dados da UNICA
(2006), no Centro-Sul, existem em funcionamento, cerca de 228 usinas, sendo que 56 apenas
produzem álcool (etanol) e 166 produzem álcool (etanol) e açúcar. E estão em fase de
planejamento 50 novas unidades no eixo Sudeste-Centro e Sudeste-Centro-Oeste-Sul
(EMBRAPA, 2010).
No entanto, desde a criação do Programa Nacional do Álcool (PRO-ÁLCOOL) vem
se agravando no país uma série de problemas sociais: elevação da dívida pública em
consequência dos benefícios concedidos aos produtores do setor álcooleiro; aumento dos
latifúndios monocultores de cana-de-açucar; elevação dos preços de alguns gêneros
alimentícios; redução da área plantada destinada à produção de alimentos; erosão dos solos;
degradação dos ecossistemas; entre outros, (CERQUEIRA, 2011).
A busca acelerada para o desenvolvimento de energias sustentáveis a fim de reduzir os
impactos ambientais decorrentes da utilização de combustíveis fósseis tem, no etanol,
produzido a partir da cana de açucar, o caminho rumo a uma matriz energética renovável e
17
efetivamente sustentável, desde que sejam equacionados parte dos problemas citados no
páragrafo anterior.
4.2. I MPA C T OS A M BI E N TA IS R E L A C I O N A D OS À PR O DU Ç Ã O D A C A N A-
D E-A Ç Ú C A R
Entende-se por impacto ambiental uma quebra na harmonia dos elementos da natureza
provocada pelo homem. Pode-se dizer que os impactos ambientais são uma espécie de choque
que rompe o equilíbrio ecológico nas relações dos seres vivos entre si e entre estes e o meio
ambiente, (ALMEIDA & RIGOLIN, 2005). Um impacto ambiental pode ser local, regional ou
global. Entende-se por impacto ambiental local, por exemplo, um derramamento de óleo no
mar atingindo um ecossistema litorâneo específico. Um impacto regional, por exemplo, pode
ser entendido como a poluição, produzida nas cidades atingindo e interferindo na saúde, de
um a floresta ou poluindo um rio. Em escala global temos os impactos naturais (erupção
vulcânica) ou de ordem antrópica, tais como queima de combustívies fósseis associado com
as mudanças climáticas e o aquecimento global.
O impacto ambiental também pode ser entendido como transformações das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, decorrente da ação de qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que podem afetar, direta ou
indiretamente, a saúde, a segurança da população, como também as atividades sociais e
econômicas; a biota e a qualidade dos recursos naturais (SPADOTTO, 2002).
De acordo com Firmino & Fonseca (2008), um impacto ambiental decorre a partir do
momento que o homem utiliza os recursos naturais para satisfazer suas necessidades gerando
rejeitos que irão, de alguma forma, trazer consequências negativas para os ecossistemas.
No início do processo de apropriação dos recursos naturais o homem sempre provocou
alterações no meio, no entanto, essas modificações sempre estavam limitadas pelas técnicas e
tecnologias que dispunha no momento. Com o desenvolvimento tecnológico, associado ao
crescimento da população mundial acelerou-se o processo de exploração dos recursos
naturais, e intensificou-se a agressão a natureza (ALMEIDA & RIGOLIN, 2005).
O desenvolvimento da cultura da cana-de- açúcar provoca significativas alterações no
meio biótico, físico e antrópico.
Os impactos desencadeados no meio biótico estão relacionados à retirada da cobertura
vegetal, transformando ambiente ocupado pela fauna e a diminuição da biodiversidade
decorrente da implantação da monocultura. É importante destacar que as áreas ocupadas pelo
18
cultivo da cana-de-açúcar, muitas vezes, ocupam grandes extensões de terras que em
determinados casos chegam a 90% da área territorial de um município (EMBRAPA, 2010).
No meio físico os impactos mais significativos são os processos de erosão dos solos,
defensivos agrícolas, também destacam-se o aumento de poluentes na atmosfera decorrentes,
principalmente, da queima da palha da cana para a colheita, (EMBRAPA, 2010).
Em relação aos impactos sociais destacam-se o da sazonalidade da mão-de-obra, da
rotação de culturas e a questão que envolve a inflação dos serviços urbanos nos municípios
que recebem essa mão-de-obra (EMBRAPA, 2010).
O Brasil é referência mundial, quando se fala em energias limpas e sustentáveis,
principalmente na energia produzida a partir da biomassa. É referência na redução das taxas
de CO2, quando se destaca a substituição da gasolina por etanol nos motores a combustão
interna. No entanto, isso preocupa a sociedade brasileira em virtude da expansão das áreas
com cana-de-açucar em função dos problemas de ordem ambiental, social e econômicos
associados a essa cadeia produtiva (RONQUIM, 2010).
De acordo com Andrade & Diniz (2007) a produção da cana implica ao meio, uma
série de imapactos dos quais destacam-se:
redução e perda da biodiversidade, em função do desmatamento e da monocultura;
poluição das águas de superfície e subsuperfície e do solo em face do uso
indiscriminado de fertilizantes e defensivos agricolas;
endurecimento do solo pelo uso excessivo de maquinários durante a fase de plantio
e de colheita;
assoreamento dos rios, córregos em decorrência da erosão dos solos;
produção de fuligem entre outros poluentes devido a queima da palha da cana para
a colheita;
prejuízos irremediáveis a fauna e flora em conseqência de incêndios
descontrolados;
intensificação do uso de óleo diesel na época da colheita pelos maquinários
gerando poluentes para atmosfera;
formação de latifúndios, concentração de renda e condições de trabalho
degradantes para o cortador.
O etanol, apresentado como alternativa à substituição dos combustíveis fósseis avança
sobre importantes biomas na região do Centro-sul do Brasil ameaçando gerar perdas
19
incalculáveis sobre essas áreas riquíssimas em biodiversidade. O cerrado brasileiro, entre os
anos de 2003 e 2007, teve perdas aproximadas de 1,9 milhão de hectares associados aos
desmatamentos para o plantio, principalmente da cana (www.reporterbrasil.org.br, 2008).
Tabela 2. O avanço da área plantada da cana-de-açúcar no Brasil
Estado Á rea plantada em
2007(em ha)
Á rea plantada em
2008 (em ha)
Variação em
(%)
Mato Grosso 203.142,2 223.200 9,9
Mato Grosso do Sul 186.791,2 275.810 47,7
Goiás 285.372 401.800 40,8
Minas Gerais 496.406,4 600.697 21
Espirito Santo 59.147,6 65.200 10,2
Rio de Janeiro 54.735,5 50.000 -8,7
São Paulo 3.361.660,8 3.824.241 13,8
Paraná 477.240,7 509.289 6,7
Rio Grande do Sul 2.249,9 2.095 -6,9
Brasil 6.137.578,6 7.010.202 14,2
Fonte: www.reporterbrasil.org.br (2008).
Com a expansão da cana no Brasil para produção do etanol, o Governo Federal lança
um projeto desenvolvido pela EMBRAPA denominado de ZAE (Zoneamento Agroecológico)
da cana-de-açucar cujo objetivo era de mapear áreas propicias ao seu cultivo sem
comprometer a principalmente a Amazônia e o Pantanal. Em outras palavras o ZAE da cana,
teria como objetivo central, fornecer subsídios técnicos com intuito de desenvolver politicas
públicas centradas na sustentabilidade da expansão e produção da cana de açucar no Brasil
(EMBRAPA, 2009).
Com a chamada Revolução Verde, que iniciou na década de 70, o homem conseguiu
aumentar drasticamente a produtividade no campo com o emprego de defensivos agrícolas,
fertilizantes e utilização de novas sementes entre outras práticas, associadas à modernização e
à mecanização da agricultura. Em contrapartida intensificou-se a dilapidação dos recursos
naturais (GASPI & LOPES, 2007).
20
O uso de fertilizantes sintéticos na cultura da cana pode ser atenuado com a utilização
da vinhaça, que é um resíduo do próprio vegetal. Essa pode ser usada como fertilizante, pois,
possui altos níveis de concentração de potassio e nitrogênio. Entretanto, quando este resíduo é
micro-organismos responsáveis pela diminuição dos níveis de oxigênio da água, tornando-a
imprópria para o consumo e destituída de animais e plantas. Essa prática está proibida no
Brasil desde 1978 (SANTO & ALMEIDA, 2007).
No entanto, em nosso país, com sérios problemas de fiscalização e altos índices de
corrupção por parte dos órgãos responsáveis pela vigilância é possível que ainda ocorra o
O que mais preocupa os ambientalistas na contaminação dos recursos híidricos diz
respeito ao uso intensivo de agrotóxicos no cultivo da cana, pois, esta demanda altos níveis de
pesticidas para controlar pragas como a broca e a cigarrinha (as mais comuns) e o emprego
demasiado de herbicidas para o controle de ervas daninhas. A maior parte dessas substâncias
contamina a água de superfície e subsuperfície, como também todos os demais seres vivos
(SANTOS & ALMEIDA, 2007).
5. C O NSID E R A Ç Õ ES F IN A IS
De acordo com o observado no decorrer deste trabalho, a produção de álcool (etanol),
a partir da cana-de-açúcar no Brasil, pode ser uma alternativa frente à substituição dos
combustiveis fósseis, porém precisam ser superados os impactos gerados em toda a cadeia
produtiva da monocultura da cana. Os impactos mais preocupantes são os gerados pelo uso da
queima da palha da cana, já que traz problemas no local como mortes de animais silvestres e,
contaminação do trabalhador pelo respiro da fuligem; no âmbito regional, já que as partículas
são dispersas e levadas pelo vento há grandes distantes distâncias dos focos poluindo e
contaminando pricipalmente áreas urbanas e, no âmbito global, já que lança na atmosfera
quantidades significativas de gases responsáveis pelo aumento da temperatura da Terra.
Entretanto, para esse problema decorrente da queima da palha, parece que já se encaminha
uma solução, pelo menos no estado de São Paulo, com a proibição do uso do fogo em áreas
mecanizáveis, até 2014, e para áreas não mecanizáveis, até 2017.
21
Há de se considerar como preocupantes também os impactos produzidos a partir do
uso excessivo de fertilizantes, pesticidas e herbicidas no meio edáfico e nos mananciais, pois
no cultivo da cana é necessário o uso intensivo desses agentes quimicos.
O presente estudo demonstrou, que o etanol da cana só será ambientalmente
sustentável quando não ameaçar nossa biodiversidade, não colocar em risco de contaminação
nossos recursos hídricos e assegurar a integridade do trabalhador do campo e não
comprometer nossa segurança alimentar. Só assim, esse biocombustível poderá ser referência
no cenário internacional, como fonte energética limpa e sustentável e de tecnologia nacional.
R E F E R Ê N C I AS BIB L I O G R Á F I C AS
SALLA, D. A. Análise energética de sistemas de produção de etanol de mandioca, cana-de-açúcar e milho.
Botucatu, 2008.
Disponivel em:<http://www.fca.unesp.br/pos graduacao/teses/pdfs/Arq0279.pdf>
Acesso em: 10 de setembro de 2011.
.
GIGANTE, L., A. et al. Agricultura, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Um estudo da similaridade
das queimadas entre municipios no estado de Mato Grosso. Londrina, 2007.
Disponível em:<http://www.sigma.cepetc.inpe.br/queimadas/material3os/queimadas entre municipios
sober.pdf>.
Acesso em: 17 de setembro de 2011.
BORGES, J. R. P. O processo de avanço das lavouras de cana-de-açúcar em assentamento rural e seus imapctos
à saúde humana e ao ambiente Um estudo de precepção de riscos socioambientais.
Disponível em:<http://www.ambiente-augm.ufscar.br/uploads/A3-007.pdf>
Acesso em: 03 de setembro de 2011.
FIRMINO, R.G.; FONSECA.M.B. Uma visão econômica dos impactos ambientais causados pela expansão da
agricultura.
Disponível em:<http://www.prac.ufpb.br/anais/xenexxienid/xenex/anais/área5/5ccsadfout1.pdf>.
Acesso em 05 de setembro de 2011.
LAGOWSKI, E. Queima da cana uma prática usada e abusada. Cianorte, maio de 2007.
22
Disponivel em: <http://www.apromac.org.br/queima %20da%20cana.pdf.>.
Acesso em: 07 de setembro de 2011.
SANTO, Z.N.E. ; ALMEIDA, L.T. Etanol:impactos sócio-ambientais de uma commodity em ascensão. VII
Encontro da sociedade Brasileira de economia ecológica. Fortaleza, 2007.
Disponível em:
//http://www.ecoeco.or.br/conteudo/publicacoes/encontros/vii_enmesa2/trabalhos/etanol_impactos_socio_ambie
ntais.pdf>.
Acesso em: 09 de setembro de 2011.
ANDRADE, J.M. F.; DINIZ, K.M. Impactos ambientais da agroindústria da cana-açúcar: Subsidios para gestão.
Piracicaba,2007.
Disponível
em:<http://www.ambiente.sp.gov.br/etanolverde/artigos/impactosAmbientais/impactosAmbientaisAgroindustria.
pdf>.
Acesso em: 12 de setembro de 2011.
SILVA, C.E.C. Avaliação dos condicionantes ambientais na perspectiva de expansão da produção do etanol no
Brasil.
Disponivel em :< http://www.ppe.ufrj.br/ppr/production/tesis/conceicao_elaine.pdf>
Acesso em: 16 de setembro de 2011.
RODRIGUES, D. ; ORTIZ,L.(Orgs.)
Em direção a sustentabilidade da produção de etanol de cana de açúcar no Brasil.
Disponivel em:< http://www.vitaecivilis.org.br/anexos/etanol_sustentabilidade.pdf>
Acesso em: 16 desetembro de 2011
SILVA, A.F.; FERREIRA, A.C.S.(Orgs.)
Um estudo teórico sobre os impactos ambientais no setor sucroalcooleiro.
Disponivel em:<http://www.revistasusp.sibi.br/pdf/rco/v4n8/08>.
Acesso em: 05 de setembro de 2011.
ONG REPÓRTER BRASIL. Zoneamento Agroecológico da cana-de-açúcar. outubro de 2008.
23
Dísponível em: <http//:www.reporterbrasil.org.br/documentos/obrasil do agrocombustiveisv3.pdf>.
Acesso em: 05 de setembro de 2011.
EMBRAPA. Zoneamento Agroecológico da cana de açúcar: Expandir a produção, preservar a vida,garantir o
futuro.Rio de Janeiro,2009.
Disponivel em:<http://www.cnps.embrapa.br/zoneamento cana de acucar/pdf>.
Acesso em: 16 de setembrode 2011.
SILVA, A.F.; FERREIRA, A.C.S. Um estudo sobre a contabilização dos impactos ambientais no setor
sucroalcooleiro.
Disnponível em:<http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos92009/495.pdf>.
Acesso em: 10 de setembro de 2011.
FERREIRA, J.C.et al.Impactos causados pela fuligem da cana-de-açúcar. Lins, 2009.
Disponível:<http://www.unisalesiano.edu.br/encontro2009/trabalhos/aceitos/a.pdf>.
Acesso em: 12 de setembro de 2011.
RODRIGUES, D.; ORTIZ,L. Em direção da sustentabilidade da produção do etanol da cana-de-açúcar no Brasil.
outubro de 2006.
Disponível em:<http://www.vitaecivilis.or.br/anexos/etanolsustentabilidade.pdf>.
Acesso em: 10 de setembro de 2011.
ZOCCAL, J.C. Caderno de estudo conservação de solo e água. Maio de 2007.
Disponível em:<http://www4.fct.unesp.br/nivaldo/Pos-Graduacao/Lato- Solucoes%20Volume%2001%20-
%20Erosoes%5B1%5D.pdf>.
Acesso em: 17 de setembro de 2011.
Disponível em:<http://www.esalq.usp.br/gerd/Recuperacao/apostila-Recup%20de20%Solos.pdf>.
Acesso em: 17 de setembro de 2011.
EMBRAPA. Projeto Sensor. Politicas públicas relaciondasà expansão da cana-de-açúcar para a produção de
biocombustiveis. Rio de Janerio, 2010.
Disponivel em:<http://www.cnps.embrapa.br/publicacoes/pdfs/doc1242010 projeto sensor.pdf>.
Acesso em: 16 de setembro de 2011.
24
SPADOTTO, C.A. A classificação de impacto ambiental. Comitê de Meio Ambiente, Sociedade Brasileira da
Ciência das Plantas Daninhas.
Disponivel em:<http://www.cnpma.embrapa.br/herbicidas/download/classif.pdf>.
Acesso em: 16 de setembro de 2011.
ALMEIDA, L. M. A. ; RIGOLIN,T.B.Geografia: Série novo ensino médio.1.ed.ática,2004
RONQUIM, C.C. Queimada na colheita da cana-de-açucar: impactos ambientais, sociais e econômicos. 2010.
Disponível em:<http://www.cnpm.embrapa.br/publica/download/doc 77.pdf>.
Acesso em: 16 de setembro de 2011.
BRASIL ESCOLA. Dsipnivel em:<http://www.brasilescola.com>.
Acesso em: 03 de setembro de 2011.
MICHELLON, E.; et all. Breve descrição do Proalcool e perspectivas futuras para o etanol produzido no Brasil.
Maringá, 2008.
Disponivel em: <http://www.sober.org.br/palestra/9/574.pdf>.
Acesso em: 04 de setembro de 2011.
TELLES,T.S. et all. Custos da erosão dos solos. Londrina, 2009.
Disponivel em:<http://www.sober.org.palestra/13/193.pdf>.
LINS,C.; et all. Sustentabilidade corporativa no setor sucroalcooleiro brasileiro, 2007.
Disponível em:<http://www.fdbs.org.br/fdbs/Apresentacoes/Relatorio%20Final%20sucroalcooleiro.pdf>
Acesso em: 04 de setembro de 2011.
INSTITUTO TERRA BRASILIS. Cuidando da terra: dicas ambientais para o produtor rural da serra da canastra,
Belo Horizonte , 2008.
Disponível em:<http://www.terrabrasilis.org.br/publicacoes/cuidando da terra.pdf>.
Acesso em 03 de outubro de 2011.
GASPI, SUELEN.; LOPES,J.L. Desenvolvimento sustentável e revolução verde: uma aplicação empirica dos
recursos naturais para o crescimento econômico das mesorregiões do Paraná.
Disponível em: <http:///www.economiaetecnologia.ufpr/XI ANPEC-Sul/artigos pdf>.
Acesso em 08 de outubro de 2011.