os impactos e a resistência as usinas hidrelétricas do rio madeira em porto velho, rondônia,...
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Profética apresentação da Comissão Pastoral da Terra sobre os impactos provocados logo após o início da construção das Usinas Hidrelétricas (UHE) do Rio Madeira e os impactos aos atingidos pelas mesmas, para o Congresso Nacional da CPT em Montes Claros (MG-Brasil) em maio de 2010. Muitos dos temores se confirmaram mais tarde com as enchentes iniciadas em fevereiro 2014.TRANSCRIPT
A resistência às hidrelétricas do rio Madeira
CPT Rondônia
Análise de conjuntura de RondôniaZezinho CPT RO
Rondônia:Área geográfica - 238.512,8 Km²
Em hectares - 23.851.299Áreas agricultáveis -12.480.000
Nº habitantes -1.562.000Desmatamento: 27%
• Rondônia vive um bom momento de sua economia, crescendo em torno de 16% ao ano.
O capital se concentra nas cidades do estado. Provocando inchaço das periferias eaumento de problemas sociais.
Rondônia teve mais de 10.600 contratações em 2009.
Porém muitos jovens da região central de Rondônia já emigraram
para o estrangeiro.
Rondônia vive um processo de intervenção do capital
internacional. com ênfase no agro e
hidronegócio.
Com avanço da pecuária Área de pastagem: 6.550.000 hectares13 milhões de bois em Rondônia.
Este modelo de crescimento, tem provocado impactos devastadores no meio ambiente e nas famílias camponesas.
Provoca concentração fundiária, conflitos agrários e muita
violência.
• A construção das barragens de Santo Antônio e do Jirau no Rio Madeira, são duas das principais obras do PAC no Brasil.
O complexo do Rio MadeiraIrmã Zezé CPT RO
As hidrelétricas são construídas perto de Porto Velho:
Santo Antônio: a 3 kmJirau: a 120 km
A produção de energia está destinada ao sudeste, às indústrias
produtoras de alumínio e de minério para exportar à Europa,
EEUU e China.
Também está prevista uma hidrovia para o transporte de soja.
A licença ambiental só foi concedida
sob forte pressão política,
prejudicando todo o
ecossistema.
O rio Madeira é de nova formação, ainda não está definido o leito definitivo, que muda de lugar.
As duas barragens estão provocando danos que terão
conseqüências imprevisíveis no bioma amazônico
Barragem de Jirau
Barragem de Santo Antônio
Já morreram 11 Toneladas de peixes, e estão em perigo de
extinção as principais espécies migratórias
Os lagos formados devem
desalojar milhares de
famílias provocando o
desaparecimento de fauna e flora.
Santo Antônio terá um lago de 120 km de comprimento e o de Jirau
terá 80 km.
O prejuízo se estenderá para um território imenso:
Cerca de 1 bilhão de km2
do Brasil, Bolívia e Peru.
Impactos sociais: Milhares de famílias desalojadas.
Ribeirinhos, pescadores, garimpeiros...
pequenos agricultores, assentados e moradores de diversas
comunidades.
Um grupo de indígenas isolados na margem esquerda do Madeira está
ameaçado de extinção.
Muitas outras terras
indígenas afetadas
indiretamente
Unidades de conservação alagadas
.
Impactos na cidade de Porto Velho
• Migração e explosão demográfica:
• 80.000 novos moradores.
Sem tetos, especulação mobiliária. Inflação de preços,
Aumento da violência (150%), da prostituição,
e dos acidentes de trânsito (180%)
Aumento de dengue e malária
• 20.000 casos de dengue registrados em Rondônia em 2010.
• 6.300 só em Porto Velho.
Insuficiência de escolas, de hospitais e de serviços.
As medidas de compensação existem, porém são insuficientes.
Testemunho dos atingidos.Tânia do MAB
Rondônia já teve uma experiência desastrosa:
A Hidrelétrica de Samuel,216,0 MW,
Construída em Rondônia entre 1982 e 1996
(14 anos por falta de verbas)
258 km 2 de alagação
Ainda hoje arredor de 650 famílias não receberam nenhuma
assistência nem foram indenizadas
Milhares de árvores alagadas
Desapareceram muitas das principais espécies de peixes:
pintados, tambaquis, etc.Hoje só dá piranha, tucunaré e piau
Ainda hoje lutam por justiça
A luta e a resistência. Genivaldo CPT RO
Há mais de três anos que a CPT RONDÔNIA vem apoiando a
resistência contra as barragens do Rio Madeira
Em parceria com o Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB).
Um terrível acidente em junho de 2007 atingiu muitos militantes dos
movimentos sociais
14 companheiros/as morreram, outros perderam mulher e filhos.
Muito/as resultaram feridos.
Após o acidente, com dificuldade, foi retomado o trabalho de
organizar os atingidos.
O trabalho de base se faz visitando as famílias e conversando com as
famílias.
No começo o pessoal desconfiava e nem sequer queria nos receber.
Pois as empresas tentam atrapalhar o trabalho dos
movimentos
Sujam a imagem dos movimentos e dividem os vizinhos colocando
uns contra os outros.
Tentam fazer acreditar ao povo que eles ganharão muito dinheiro com
as usinas
Aos poucos o povo vai descobrindo que há muita mentira por parte da
empresas.
Uma senhora de Mutum Paraná disse: “Nós somos considerados
como lixo”
Quando os atingidos se sentiram injustiçados, começaram a
procurar os movimentos.
Em Mutum Paraná a
empresa enviou funcionários de casa em casa
para desmarcar a audiência
pública.
O MAB, com ajuda da CPT, organiza acampamentos,
assembléias.
Um dos objetivos das assembléias é unir e conscientizar o povo, para
evitar negociações individuais.
Elaborar entre todos uma pauta de reivindicações para discutir com as
empresas.
Com as mobilizações se tenta negociar as reivindicações de
todos os atingidos.
As propostas das empresas são inaceitáveis
As novas vilas construída está feita de casas de placas pré-fabricadas.
Baixas, quentes, inadaptadas para a região amazônica.
Algumas já alagaram e caíram com as chuvas
Dentro dos altos preços das novas casas estão incluídas todas as benfeitorias: posto de saúde,
escola, asfalto, energia... E o povo não sabe disso!
A empresa não mostra suas propostas, só faz promessas, e
depois oferece os preços que eles querem.
Depois com a especulação aumentam os preços e ninguém
conseguirá ter de volta o que possuía.
Indenizam as casas, porém os atingidos depois perderão os seus
meios de sobrevivência (peixe, terra, roça, comercio, etc.).
Para que os atingidos sejam conscientizado é necessário formar
lideranças e explicar como tudo funciona.
A empresa sempre se negou a receber as reivindicações.
Em Brasília, uniram-se representantes de todo o Brasil
Foram recebidos por Lula e ele reconheceu a dívida do Brasil para
com os atingidos.
Somente agora as pautas de reivindicações começam a ser negociadas com as empresas.
A CPT Rondônia também tem trabalhado com outras ONGs e organizações (CIMI, MPA, MST,
Comissão Justiça e Paz, Pastoral dos Migrantes, ...)
A CPT RO denuncia o que acontece, e participa de campanhas nacionais e
internacionais.
http://cptrondonia.blogspot.com
http://elperiodico.com/blogrondonia
As vezes a gente desanima pois a nossa luta parece insignificante
No entanto se nota a mudança de mentalidade,
a organização do povo.E a sociedade percebe que nas
usinas nem tudo é positivo.
Comissão Pastoral da Terra de Rondônia