os ladrões de cisne

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ELIZABETH KOSTOVA autora de O HISTORIADOR, best-seller do NEW YORK TIMES OS LADRÕES DE CISNE

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Material promocional. Copyright © 2010 Elizabeth Kostova (Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011) Todos os direitos reservados

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Page 1: Os ladrões de cisne

Narrado com riqueza de detalhes e belamente

arquitetado, Os ladrões de cisne nos transporta no tempo

e no espaço, através dos séculos, de cidades americanas

contemporâneas à velha costa da Normandia, das

galerias e salões de arte parisienses ao litoral mexicano,

em trajetórias que percorrem desde o amor da juventude

até o último amor. A autora explora com habilidade o

universo de um pintor — a paixão, a criatividade, os

segredos e a loucura — e, com o dom que tornou

O historiador uma sensação internacional, evoca um

universo que persiste tempos depois de o leitor virar

a última página.

E L I Z A B E T H K O S T O V A fez pós-graduação em

Yale e é mestre em Belas-artes pela Universidade de

Michigan, onde recebeu o prêmio Hopwood.

W W W . I N T R I N S E C A . C O M . B R

CAPA: Roberto de Vicq de Cumptich

ELIZA BETHKOSTOVA

Elizabeth Kostova

autora de O H I S T O R I A D O R , best-seller do N E W Y O R K T I M E S

Robert Oliver, pintor e professor americano,

atacou brutalmente uma tela na National

Gallery of Art, em Washington. O que levaria

um artista a destruir algo que ele valoriza acima de

tudo? Confi nado no quarto de um hospital psiquiátrico,

Oliver guarda um silêncio obstinado, tendo oferecido

apenas uma explicação lacônica antes de parar de falar:

“Fiz isso por ela.”

Mas quem seria ela? O psiquiatra Andrew Marlow,

pintor nas horas vagas, que se orgulha de sua capacidade

de fazer até uma pedra falar, não consegue diálogo

algum com Oliver. Movido a princípio pela curiosidade

profi ssional, e depois por uma determinação que

perturba seu mundo ordenado e meticuloso, o dr.

Marlow embarca numa perseguição pouco convencional.

Em busca das respostas que seu novo e intrigante

paciente se recusa a dar, ele investiga o passado por

meio das histórias de vida das mulheres que Oliver

deixou para trás — método que confronta a

ética profi ssional.

À medida que cada uma dessas mulheres pinta

um quadro de amor, traição e obsessão artística,

Marlow fi ca mais intrigado com as motivações, o

comportamento e a mente de um gênio perturbado. Ao

juntar os pedaços de uma vida desfeita, o psiquiatra

encontra possibilidades surpreendentes num maço de

cartas de amor datadas de um século atrás. As vozes

em tais cartas logo contam sua história: uma trama de

paixões secretas e traição, que torna ardentemente vivo

o impressionismo francês do século XIX.

© D

EB

OR

AH

FE

IN

GO

LD

Um romance sobre arte e obsessão.

Um mistério que ultrapassa séculos e continentes.

Uma história de amor que atravessa a última fronteira.

“Sempre quis escrever sobre um pintor. Sou fascinada por pintura e por

aqueles que passam a vida expressando o mundo ao colocar cores numa

tela. Os ladrões de cisne é um livro sobre obsessões: pelas pessoas, pela arte

e pela forma como a arte pode nos transformar. Sobre o primeiro e o último

amor de uma vida. E, acima de tudo, sobre psicologia e criação artística, e os

motivos que fazem com que uma paixão signifi que tanto a ponto de alguém

querer fazer praticamente tudo por ela.” — E L I Z A B E T H KO S T OVA

“Os fãs de O historiador fi carão contentes em descobrir que Os ladrões de

cisne oferece, com fartura, os mesmos prazeres.” — WA S H I N G T O N PO S T

“Uma história sedutora sobre as obsessões, as perdas e o poder de manter

a esperança.” — SA N FR A N C I S C O CH R O N I C L E

“Os ladrões de cisne deixa claro que obsessão é o tema de Elizabeth Kostova.

Legiões de fãs esperam impacientemente, ou mesmo obsessivamente, por este

romance.” — P U B L I S H E R S WE E K LY

www.intrinseca.com.br

OS LADRÕESDE CISNE

Os Ladrões de Cisne

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Os ladrões de cisne

elizabeth kostova

tradução de adalgisa campos da silva

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Para minha mãe,la bonne mère

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Incrível como é difícil colocar uma figura sozinha numa tela, concentrar toda a atenção nessa figura única e universal e ainda assim mantê-la viva e real.

Édouard Manet, 1880

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Fora da aldeia, há um círculo de proteção em torno do local da fogueira, escurecendo a neve que derrete. Junto ao círculo, está há meses uma cesta que o tempo começa a manchar de cinza. Há bancos nos quais os velhos se reúnem para aquecer as mãos — está muito frio até para isso, muito perto de anoitecer, muito sombrio. Aqui não é Paris. Há cheiro de fumaça e céu no-turno no ar; um âmbar desanimado afunda para lá do bosque, quase um pôr do sol. Escurece tão depressa, que alguém já acendeu um lampião na janela da casa mais próxima à fogueira abandonada. É janeiro ou fevereiro, ou talvez um março rigoroso de 1895 — o ano será marcado em toscos números ne-gros nas sombras em um canto. Os tetos da aldeia são de ardósia, manchada da neve que já derrete e desliza em montes. Algumas das ruas são muradas, outras vão dar nos campos e jardins lamacentos. As portas das casas estão fe-chadas e o aroma de comida sobe das chaminés.

Apenas uma pessoa se move em toda essa desolação — uma mulher ves-tida com pesadas roupas de viagem e que desce uma viela em direção às últi-mas casas. Há também ali alguém que acende um lampião, curvado sobre a chama, uma forma humana, porém indistinta, na janela ao longe. A mulher na viela tem um porte digno, e não usa o avental nem os tamancos de madei-ra toscos da aldeia. Seu manto e suas saias longas destacam-se na neve violá-cea. O capuz debruado de peles esconde tudo, menos a alva curva de sua face. A bainha da saia tem uma barra geométrica azul-clara. Ela se afasta abraçada a uma trouxa, algo bem-amarrado, como se para evitar a entrada de friagem ali. As árvores despidas apontam os galhos para o céu; elas emolduram a rua. Um pano vermelho foi deixado no banco defronte da casa no fim da rua —

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um xale, talvez, ou uma pequena toalha de mesa, o único ponto colorido. A mulher protege a trouxa com os braços, com as mãos enluvadas, rapidamente dando as costas para o centro da aldeia. Ouve-se o ruído seco de suas botas num trecho de gelo na rua. Sua respiração condensando-se em um pálido branco em contraste com a escuridão. Ela se encolhe, contraída, protetora, apressada. Estará deixando a aldeia ou correndo para uma de suas últimas casas?

Nem a única pessoa que assiste à cena sabe a resposta, e também não quer saber. Ele trabalhou quase a tarde inteira, pintando os muros, posicionando as árvores nuas, medindo a rua, aguardando os dez minutos de crepúsculo de inverno. A mulher é uma intrusa, mas ele também a pinta, rapidamente, no-tando os detalhes de suas roupas, usando a débil luz do dia para fazer o con-torno de seu capuz, a forma como se inclina à frente a fim de se manter aquecida ou de esconder a trouxa. Uma bela surpresa, quem quer que seja. É a nota que faltava, o movimento de que precisava para preencher aquela ex-tensão central de rua com neve salpicada de terra. Já faz tempo que ele se recolheu e agora trabalha dentro de casa — é velho, e os braços e as pernas lhe doem se passar mais de um quarto de hora pintando na friagem da rua — portanto, só pode imaginar sua respiração curta, seu passo na estrada, a neve rangendo sob o salto fino de sua bota. Ele está velho, doente, mas por um momento deseja que ela se vire e olhe diretamente para ele. Imagina seu cabelo escuro e macio, seus lábios vermelhos, seus olhos grandes e cautelosos.

Mas ela não se vira, e ele percebe que está satisfeito. Precisa dela desse jeito, afastando-se dele e entrando no túnel nevado de sua tela, precisa da forma reta de suas costas e de suas saias pesadas com a barra elegante, de seus braços que seguram o embrulho. Ela é uma mulher de verdade e está com pressa, mas agora também está gravada para sempre. Agora está congelada em sua pressa. É uma mulher de verdade e, agora, um quadro.

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Capítulo I

MARLOW

Recebi a ligação a respeito de Robert Oliver em abril de 1999, menos de uma semana depois de ele ter puxado uma faca no local destinado à coleção do século XIX da National Gallery. Era uma terça-feira, uma daquelas terrí-veis manhãs que às vezes acontecem na região de Washington quando a primavera já esteve florida e até quente — granizo destruidor e céu carrega-do, com o estrondo de trovoada no ar subitamente frio. Também, por coin-cidência, fazia exatamente uma semana do massacre na Escola Secundária Columbine, em Littleton, no Colorado; eu não conseguia parar de pensar naquele fato, e imaginava que nenhum psiquiatra no país conseguia parar de fazê-lo. Meu consultório parecia cheio daqueles jovens com suas escopetas de cano serrado e seus ressentimentos demoníacos. Como falhamos com eles e — mais ainda — com suas vítimas inocentes? O clima de violência e triste-za do país me pareciam fundidos naquela manhã.

Quando meu telefone tocou, a voz do outro lado era a de um amigo e colega de profissão, o dr. John Garcia. John é um homem extraordinário — e um psiquiatra extraordinário — com quem estudei há muito tempo e que me leva para almoçar de vez em quando. Ele escolhe o restaurante e raramen-te permite que eu pague. Trabalha num dos maiores hospitais de Washington, atendendo os pacientes da emergência e os internados, e, como eu, também dá consulta a pacientes particulares.

John me dizia agora que desejava transferir um paciente para mim, colo-cá-lo aos meus cuidados, e eu podia perceber o tom ansioso de sua voz.

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— Esse cara talvez seja um caso difícil. Não sei o que vai fazer com ele, mas eu preferiria que ele estivesse sob seus cuidados em Goldengrove. Parece que é artista, um artista de sucesso; foi detido na semana passada, e trazido para nós. Não fala muito, e não gosta muito da gente, aqui. Chama-se Robert Oliver.

— Já ouvi falar, mas não conheço muito o trabalho dele — admiti. — Paisagens e retratos. Acho que ele saiu na capa da ARTnews há uns dois anos. O que fez para ser preso?

Virei-me para a janela e fiquei parado, vendo o granizo, como um valioso cascalho branco, cair sobre o gramado murado dos fundos e a magnólia maltratada. A grama já estava bastante verde, e, por um segundo, um sol fra-co banhou tudo, então veio outra pancada de granizo.

— Tentou atacar um quadro na National Gallery. Com uma faca.— Um quadro? Não uma pessoa?— Bem, aparentemente, não havia mais ninguém na sala naquele mo-

mento, mas um guarda entrou e viu que ele partia para cima de um quadro.— Ele opôs alguma resistência? Eu observava o granizo se espalhar na grama que brilhava.— Sim. Acabou largando a faca no chão, mas agarrou o guarda e sacudiu-o

com bastante violência. Ele é um homem grande. Aí parou e simplesmente se deixou levar, por alguma razão. O museu está tentando decidir se apre-senta queixa ou não. Acho que vão deixar por isso mesmo, mas ele se arris-cou muito.

Tornei a observar o pátio. — Os quadros da National Gallery são propriedade federal, certo?— Certo.— Que tipo de faca era?— Só uma navalha. Nada dramático, mas ele poderia ter feito um grande

estrago. Estava muito nervoso, julgava estar numa missão heroica, e depois desmoronou na delegacia, disse que não dormia havia dias, até chorou um pouco. Trouxeram-no para a emergência psiquiátrica e eu o internei.

Eu podia perceber que John aguardava minha resposta.— Quantos anos tem esse cara?— É jovem. Bom, tem 43, mas hoje isso para mim é jovem, sabe? Eu sabia, e ri. Ficamos chocados quando nos tornamos cinquentões, dois

anos antes, e, para disfarçar, comemoramos com vários amigos que estavam na mesma situação.

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— Ele tinha também mais umas coisas com ele: um caderno de desenho e um pacote de cartas antigas. Não deixa ninguém tocar nelas.

— Então o que quer que eu faça por ele? — Percebi que me encostava à mesa para descansar; eu chegara ao fim de uma longa manhã, e estava com fome.

— Só que o pegue — disse John.Mas, na nossa profissão, a cautela é um hábito arraigado.— Por quê? Está tentando me dar mais dor de cabeça?— Ah, que é isso — dava para ouvir John sorrindo. — Eu nunca soube

que rejeitasse um paciente, dr. Dedicação, e esse deve valer a pena para você.— Por que sou pintor?Ele hesitou um instante.— Francamente, sim. Não pretendo entender artistas, mas sei que você

pode compreender esse cara. Eu lhe disse que ele não fala muito, e quando digo que não fala muito, quero dizer que consegui arrancar umas três frases dele. Acho que está entrando em depressão, apesar da medicação que come-çamos a lhe ministrar. Também demonstra raiva e tem períodos de agitação. Estou preocupado com ele.

Olhei a árvore, o gramado cor de esmeralda, as pedras de granizo esparsas derretendo, a árvore novamente. Ela ficava um pouco à esquerda, para quem olhasse da janela, e a escuridão do dia dera a seus brotos brancos e cor de malva um brilho que não tinham quando fazia sol.

— Que medicamentos está lhe dando?John enumerou: um estabilizador de humor, um ansiolítico e um antide-

pressivo, tudo em boas doses. Peguei uma caneta e um bloco na mesa.— Diagnóstico?John me disse, e não me surpreendi. — Felizmente para nós, ele assinou uma declaração na emergência quan-

do ainda falava. Também acabamos de conseguir cópias de anotações de um psiquiatra na Carolina do Norte com quem ele se tratou há uns dois anos. Aparentemente a última vez que foi atendido por alguém.

— Ele é muito ansioso?— Bem, ele não fala sobre isso, mas demonstra sê-lo. E esta não é a pri-

meira vez que ele é medicado, segundo consta da ficha. Na verdade, ele chegou aqui com uma cartela de Rivotril de dois anos atrás no bolso. Esse remédio não devia estar adiantando muito sem um estabilizador de humor.

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Finalmente localizamos a mulher dele na Carolina do Norte. Ex-mulher, na verdade, e ela nos contou mais alguma coisa sobre seus tratamentos passados.

— Suicida?— Possivelmente. É difícil fazer uma avaliação adequada, pois ele não

fala. Não tentou nada aqui. A impressão que dá é de alguém enfurecido. Como se fosse um urso mantido numa jaula. Um urso calado. Mas não quero simplesmente liberá-lo desse jeito. Ele precisa ficar em algum lugar por um tempo, ter alguém que entenda o que realmente está se passando, e será necessário acertar sua medicação. Na verdade, ele se internou esponta-neamente, e a esta altura aposto que irá embora de bom grado. Não gosta daqui.

— E acha que posso fazê-lo falar? Esta era nossa velha piada, e John reagiu amavelmente.— Marlow, você poderia fazer uma pedra falar.— Obrigado pelo elogio. E especialmente por acabar com minha hora de

almoço. Ele tem seguro-saúde?— Tem um, sim. O assistente social está vendo isso.— Está bem. Mande que ele vá para Goldengrove. Amanhã às duas, com

as fichas. Eu o interno.Desligamos, e fiquei ali me perguntando se eu poderia tirar cinco minutos

para desenhar enquanto almoçava, que é o que gosto de fazer quando minha agenda está pesada; eu ainda trabalharia às 13h30, às 14h, às 15h, às 16h, e depois uma reunião às 17h. E no dia seguinte eu teria uma jornada de dez horas em Goldengrove, o centro residencial particular em que eu trabalhava havia doze anos. Agora eu precisava da minha sopa, da minha salada, e de um lápis na mão por alguns minutos.

Pensei, também, em algo em que eu não pensava havia muito tempo, embora costumasse me lembrar daquilo com frequência. Quando eu tinha 21 anos, era recém-formado pela Universidade de Columbia (na qual estudei história e inglês, além de ciência) e já estava indo para a escola de medicina na Universidade da Virgínia, meus pais me deram uma ajuda de custo para uma viagem de um mês pela Itália e pela Grécia com meu colega de quarto. Era a primeira vez que saía dos Estados Unidos. Eu estava empolgado com os quadros das igrejas e dos mosteiros italianos, e com a arquitetura de Florença e de Siena. Na ilha grega de Páros, que produz o mármore mais perfeito e mais translúcido do mundo, me vi sozinho num museu arqueológico local.

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O museu possuía apenas uma estátua de valor, que ficava numa sala só para ela. Era uma Nike, de um metro e meio de altura, toda danificada, sem cabeça nem braços, e com cicatrizes nas costas, no lugar de onde saíam as asas, o mármore estava manchado de vermelho por causa do longo tempo que ela passou enterrada na ilha. Ainda se via seu talho magistral, o panejamento como um turbilhão de água no seu corpo. Um de seus pequenos pés fora fixado novamente. Eu estava sozinho na sala, desenhando-a, quando o guar-da entrou um instante e gritou: “Já vai fechar!” Depois que ele saiu, guardei meu material de desenho, e, sem pensar nem um minuto nas consequências, aproximei-me da Nike uma última vez e me abaixei para beijar seu pé. Em um minuto o guarda estava em cima de mim, esbravejando, me agarrando mesmo. Eu nunca havia sido posto para fora de um bar, mas naquele dia fui posto para fora de um museu tão pequeno, que contava apenas com um guarda.

Peguei o telefone e liguei para John, apanhei-o ainda no escritório.— Que quadro era?— O quê?— O quadro que seu paciente, o sr. Oliver, atacou.John riu.— Sabe, eu não teria pensado em perguntar isso, mas estava no relatório

policial. Chama-se Leda. Um mito grego, acho. Pelo menos é o que me vem à mente. O relatório dizia que era um quadro de uma mulher nua.

— Uma das conquistas de Zeus — disse eu. — Ele se apresentou a ela em forma de cisne. Quem o pintou?

— Ah, pelo amor de Deus! Estou me sentindo numa aula de história da arte, em que, diga-se de passagem, quase fui reprovado. Não sei quem pintou o quadro e duvido que o agente de polícia que fez a detenção soubesse.

— Está bem. Volte ao trabalho. Um bom dia para você, John — disse eu, tentando desentortar o pescoço e segurar o fone ao mesmo tempo.

— Para você também, meu amigo.

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Capítulo 2

MARLOW

Mais uma vez, sinto a necessidade de começar esta história insistindo em que se trata de um relato confidencial. E não apenas confidencial, mas também subordinado à minha imaginação tanto quanto aos fatos. Levei dez anos para revisar minhas notas sobre esse caso, e meus pensamentos também. Confesso que originalmente pensei em escrever algo sobre Robert Oliver em uma das revistas de psiquiatria que mais admiro e na qual eu já tinha publicado. Mas quem publicaria o que pode se revelar uma contemporização profissional? Vivemos numa era de talk shows e indiscrições homéricas, mas nossa profissão é particularmente rígida em seus silêncios — cuidadosa, lícita, responsável. Em sua melhor forma. Claro, há casos em que a sabedoria, mais que as regras, deve prevalecer; todo médico conhece esse tipo de situação crítica. Tomei o cuidado de mudar todos os nomes associados a esta história — incluindo o meu —, com exceção de um prenome bastante comum, mas também con-sidero tão belo, que agora não vejo mal em conservar o original.

Não fui educado num ambiente de médicos: meus pais eram ambos pas-tores — na verdade, minha mãe foi a primeira pastora de sua pequena seita, e eu tinha 11 anos quando ela foi ordenada. Morávamos no prédio mais antigo de nossa cidade, em Connecticut: um chalé revestido de tábuas de madeira castanha, na frente um jardim que mais parecia um cemitério in-glês, no qual ciprestes, teixos, salgueiros chorões e outras árvores fúnebres competiam por espaço ao longo do caminho de ardósia que levava à porta de entrada.

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Toda tarde, às 15h15, eu caminhava de volta da escola para aquela casa, arrastando minha mochila cheia de livros e migalhas, bolas de beisebol e lápis de cor. Minha mãe abria a porta, geralmente com sua saia e suéter azuis; al-gumas vezes, mais tarde, com seu traje preto e gola clerical, caso tivesse ido visitar doentes, velhos, confinados, novos penitentes. Eu era uma criança ranzinza, malcomportada, que estava sempre decepcionada, achando que a vida não era o que prometera ser; ela era uma mãe rígida — rígida, honesta, alegre e afetuosa. Ao perceber meu dom precoce para desenho e escultura, estimulou-o com uma certeza muda dia após dia, nunca exagerando nos elo-gios, mas jamais permitindo que eu pusesse em dúvida os meus esforços. Não podíamos ser mais diferentes, acho eu, desde a hora em que nasci, e nos amávamos enormemente.

É estranho que, embora minha mãe tenha morrido bastante jovem, ou talvez por isso mesmo, eu me veja na meia-idade ficando cada vez mais pa-recido com ela. Passei anos não exatamente sozinho, mas sem estar casado, se bem que já corrigi essa situação. As mulheres que amei são (ou eram) todas um pouco parecidas com o que fui quando criança — mal-humoradas, tei-mosas, interessantes. Na convivência com elas, me tornei cada vez mais pa-recido com minha mãe. Minha mulher não foge a esse padrão, mas combi-namos um com o outro.

Por um lado, em resposta a essas mulheres já amadas e à minha mulher, e por outro, não tenho dúvida, em resposta a uma profissão que me expõe diariamente ao lado oculto da mente — a miséria de sua moldura ambiental, seus caprichos genéticos —, reeduquei-me desde cedo para ter uma espécie de boa vontade diligente em relação à vida. A vida e eu ficamos amigos há uns anos — não o tipo de amizade empolgante que eu desejava na infância, mas houve uma trégua simpática, descobri o prazer em voltar todos os dias para o meu apartamento na Kalorama Road. Às vezes existe um momento — como quando descasco uma laranja e a levo da bancada da cozinha para a mesa — em que sinto quase uma pontada de prazer, talvez diante de uma cor viva.

Consegui isso apenas na idade adulta. Supõe-se que as crianças gostem de pequenas coisas, mas na verdade só me lembro de sonhar com coisas grandes nessa fase, depois, o sonho se estreitou de um interesse a outro, e aí todos os meus sonhos foram canalizados para a biologia e a química, para o objetivo de chegar à escola de medicina, e, finalmente, ter a revelação dos episódios

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infinitesimais da vida, seus neurônios e suas hélices e seus átomos em movi-mento. De fato, aprendi a desenhar realmente bem a partir daquelas formas minúsculas e daqueles tons nos meus laboratórios de biologia, e não a partir de coisas grandes como montanhas, gente ou tigelas de frutas.

Agora, quando tenho grandes sonhos é em relação a meus pacientes, que eles possam algum dia sentir aquela alegria comum da cozinha e da laranja, de ficar com os pés para cima enquanto assistem a um documentário na televisão, ou que tenham prazeres ainda maiores, como conservar um em-prego, voltar sadios para suas famílias, vendo as realidades daquele espaço em vez de um panorama terrível de fisionomias. Quanto a mim, aprendi a sonhar pequeno — uma folha, um pincel novo, a polpa de uma laranja e os detalhes da beleza da minha mulher: um brilho nos cantos de seus olhos, a penugem de seus braços à luz do abajur da nossa sala quando ela está senta-da lendo.

Eu disse que não fui criado em um ambiente de médicos, mas talvez minha escolha não seja muito estranha, se considerarmos o ramo da medicina que segui. Meus pais não eram nada científicos, embora sua disciplina pessoal, que me transmitiram com a intensidade que os pais dedicam a um filho úni-co do mesmo jeito que me faziam comer o mingau de aveia e usar meias limpas, me foi muito útil durante o rigor da faculdade de biologia e o rigor ainda maior da escola de medicina — o rigor mortis de noites inteiras passadas estudando e memorizando, o alívio relativo de noites insones mais tarde, correndo pelos turnos dos hospitais.

Eu também sonhara ser artista, mas quando chegou a hora em que devia escolher minha carreira, optei pela medicina, e soube desde o início que seria psiquiatra, o que para mim era tanto uma profissão curativa quanto a ciência suprema do conhecimento humano; na verdade, inscrevi-me também em escolas de arte depois da faculdade, e, para minha alegria, fui aceito em duas bastante boas. Gostaria de poder dizer que foi uma decisão dolorosa, que o artista em mim se rebelava contra a medicina. O fato é que achei que eu não daria uma contribuição social séria como pintor, e, no íntimo, me apavora-vam a pressão e a luta para ganhar a vida inerentes a essa profissão. A psiquia-tria seria um caminho direto para servir a um mundo que sofria enquanto eu poderia continuar pintando por minha conta, e seria suficiente, achava eu, saber que poderia ter sido um artista profissional.

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Meus pais refletiram profundamente sobre minha escolha em relação à especialidade, como pude notar quando a mencionei numa de nossas conver-sas telefônicas de fim de semana. Houve uma pausa do outro lado da linha enquanto eles digeriam o que eu projetara para mim e o que me teria levado a optar por aquilo. Então, minha mãe observou calmamente que todo o mun-do precisa ter alguém com quem falar, o que era sua maneira de associar com bastante precisão seu sacerdócio ao meu, e meu pai comentou que há muitas formas de expulsar nossos demônios.

Na verdade, meu pai não crê em demônios; eles não figuram em sua vo-cação moderna e progressista. Ele gosta de fazer referências sarcásticas a eles, mesmo agora na velhice, e de ler sobre eles, balançando negativamente a cabeça, nas obras dos primeiros pregadores da Nova Inglaterra, como Jona-than Edwards, ou dos teólogos medievais que também o fascinam. Ele parece um leitor de obras de ficção de terror: os lê porque eles o perturbam. Quan-do se refere a “demônios” e “fogo do inferno” e “pecado”, fala de forma irônica, com fascínio e repugnância; o que os paroquianos que ainda vêm ao seu escritório em nossa velha casa (ele nunca se aposentará completamente) recebem é um retrato profundamente misericordioso de seus próprios tor-mentos. Ele reconhece que embora lide com almas e eu, com diagnósticos, fatores ambientais, resultados comportamentais, DNA, lutamos pelo mesmo objetivo: o fim do sofrimento.

Após minha mãe também tornar-se pastora da congregação, nossa casa ficou movimentada e eu encontrava muito tempo para estar sozinho, livrando-me de um ou outro mal-estar eventual distraindo-me com livros e explorações no parque localizado no fim de nossa rua, onde eu me sentava embaixo de uma árvore para ler ou para desenhar cenas de montanhas e desertos que, claro, nunca vira pessoalmente. Os livros de que mais gostava eram os de aventuras marítimas ou aventuras de invenção e pesquisa. Descobri todas as biografias para crianças que pude — sobre Thomas Edison, Alexander Graham Bell, Eli Whitney e outros — e mais tarde descobri a aventura da pesquisa médica: como a de Jonas Salk em relação à pólio, por exemplo. Eu não era uma crian-ça cheia de energia, mas sonhava fazer algo corajoso. Sonhava salvar vidas, apresentar-me no momento certo com alguma revelação salvadora. Mesmo agora, nunca leio um artigo numa revista científica sem uma versão deste sen-timento: a emoção da descoberta vicária e a ponta de inveja pela descoberta.

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Não posso dizer que esse desejo de salvar vidas tenha sido o grande tema de minha infância, embora isso desse uma boa história. Na verdade, eu não tinha vocação, e aquelas biografias para crianças haviam se tornado apenas uma lembrança quando eu estava no ensino médio, quando fui aplicado nos deveres mas sem grande entusiasmo, li por minha conta Dickens e Melville com muito mais prazer, fiz aulas de arte, pratiquei corrida cross--country sem me destacar e perdi a virgindade com um suspiro de alívio no primeiro ano do ensino médio para uma garota mais experiente, do último ano, que me disse sempre ter gostado da parte de trás de minha cabeça na sala de aula.

Meus pais acabaram por conquistar algum prestígio em nossa cidade, de-fendendo e reabilitando com sucesso um sem-teto que veio de Boston para se abrigar em nossos parques. Iam juntos à cadeia local para dar palestras, e evitaram que uma casa quase tão antiga quanto a nossa (de 1691 — a nossa era de 1686) fosse demolida para dar lugar a um supermercado. Eles iam aos meus eventos esportivos, me acompanhavam nos bailes de formatura e con-vidavam meus amigos para pizzas ecumênicas, celebravam as cerimônias em memória de seus amigos que morriam jovens. Não havia funerais no credo deles, nada de caixões abertos, nada de preces com corpos presentes, de modo que só fui tocar num cadáver quando já fazia medicina, e só fui ver uma pes-soa morta que eu conhecia pessoalmente quando segurei a mão de minha mãe — sua mão completamente inerte, ainda quente.

Mas anos antes de minha mãe morrer, quando eu ainda estava na escola, ganhei o amigo que mencionei anteriormente; ele me deu o maior caso de minha carreira, se guardarmos as devidas proporções. John Garcia foi um dos vários amigos homens que tive aos 20 anos — amigos de colégio com quem eu estudava para arguições de biologia e exames de história ou jogava bola nas tardes de sábado, e que agora estão ficando carecas; outros homens eu conheci na escola de medicina, com seus passos rápidos e jalecos brancos tremulantes em laboratórios e palestras, ou mais tarde nas agonias de intera-ções constrangedoras com pacientes. Estávamos todos ficando meio grisalhos na época em que John deu aquele telefonema, e um pouco menos emperti-gados ou destemidamente mais magros na tentativa de endireitar o corpo — eu já agradecia a mim mesmo pelo hábito da vida inteira de correr, que me mantinha mais ou menos magro, até mesmo forte. E ao destino, por conti-nuar com cabelos fartos e em tons de castanho e prateado na mesma propor-

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ção, e ainda ser alvo de olhares das mulheres na rua. Mas, indiscutivelmente, eu era um deles; um dos de minha turma de amigos de meia-idade.

Então, quando John me ligou para pedir aquele favor naquela terça-feira, logicamente, eu disse sim. Ao me contar sobre Robert Oliver, fiquei inte-ressado, mas estava interessado também no meu almoço, minha oportunidade de esticar as pernas e me livrar das tensões da manhã. Nunca estamos muito alertas para nosso destino, estamos? É a colocação que meu pai faria, em seu escritório em Connecticut. E, no fim do dia, quando minha reunião termi-nara e o granizo se tornara uma chuva fina, e os esquilos corriam ao longo do muro do quintal e pulavam por cima dos vasos de plantas, eu já tinha quase me esquecido do telefonema de John.

Mais tarde, depois de ter ido depressa a pé do consultório para casa e de deixar o casaco no vestíbulo — isso foi antes de me casar, de modo que nin-guém me recebeu à porta e não havia qualquer blusão cheiroso pendurado no pé da cama após um dia de trabalho —, depois de colocar o guarda-chuva molhado para secar, de lavar as mãos, de fazer um sanduíche de salmão com pão torrado e de ir ao escritório pegar o pincel — só então, tendo a madeira fina e macia entre os dedos, lembrei-me do meu futuro paciente, um pintor que brandira uma navalha em vez de um pincel. Botei minha música prefe-rida, a Sonata para Violino em A Maior, de Franck, e esqueci-me dele de propósito. O dia fora longo e um pouco vazio, até eu começar a enchê-lo de cor. Mas o dia seguinte sempre chega, a menos que a gente morra, e no dia seguinte, conheci Robert Oliver.

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Narrado com riqueza de detalhes e belamente

arquitetado, Os ladrões de cisne nos transporta no tempo

e no espaço, através dos séculos, de cidades americanas

contemporâneas à velha costa da Normandia, das

galerias e salões de arte parisienses ao litoral mexicano,

em trajetórias que percorrem desde o amor da juventude

até o último amor. A autora explora com habilidade o

universo de um pintor — a paixão, a criatividade, os

segredos e a loucura — e, com o dom que tornou

O historiador uma sensação internacional, evoca um

universo que persiste tempos depois de o leitor virar

a última página.

E L I Z A B E T H K O S T O V A fez pós-graduação em

Yale e é mestre em Belas-artes pela Universidade de

Michigan, onde recebeu o prêmio Hopwood.

W W W . I N T R I N S E C A . C O M . B R

CAPA: Roberto de Vicq de Cumptich

ELIZA BETHKOSTOVA

Elizabeth Kostova

autora de O H I S T O R I A D O R , best-seller do N E W Y O R K T I M E S

Robert Oliver, pintor e professor americano,

atacou brutalmente uma tela na National

Gallery of Art, em Washington. O que levaria

um artista a destruir algo que ele valoriza acima de

tudo? Confi nado no quarto de um hospital psiquiátrico,

Oliver guarda um silêncio obstinado, tendo oferecido

apenas uma explicação lacônica antes de parar de falar:

“Fiz isso por ela.”

Mas quem seria ela? O psiquiatra Andrew Marlow,

pintor nas horas vagas, que se orgulha de sua capacidade

de fazer até uma pedra falar, não consegue diálogo

algum com Oliver. Movido a princípio pela curiosidade

profi ssional, e depois por uma determinação que

perturba seu mundo ordenado e meticuloso, o dr.

Marlow embarca numa perseguição pouco convencional.

Em busca das respostas que seu novo e intrigante

paciente se recusa a dar, ele investiga o passado por

meio das histórias de vida das mulheres que Oliver

deixou para trás — método que confronta a

ética profi ssional.

À medida que cada uma dessas mulheres pinta

um quadro de amor, traição e obsessão artística,

Marlow fi ca mais intrigado com as motivações, o

comportamento e a mente de um gênio perturbado. Ao

juntar os pedaços de uma vida desfeita, o psiquiatra

encontra possibilidades surpreendentes num maço de

cartas de amor datadas de um século atrás. As vozes

em tais cartas logo contam sua história: uma trama de

paixões secretas e traição, que torna ardentemente vivo

o impressionismo francês do século XIX.

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Um romance sobre arte e obsessão.

Um mistério que ultrapassa séculos e continentes.

Uma história de amor que atravessa a última fronteira.

“Sempre quis escrever sobre um pintor. Sou fascinada por pintura e por

aqueles que passam a vida expressando o mundo ao colocar cores numa

tela. Os ladrões de cisne é um livro sobre obsessões: pelas pessoas, pela arte

e pela forma como a arte pode nos transformar. Sobre o primeiro e o último

amor de uma vida. E, acima de tudo, sobre psicologia e criação artística, e os

motivos que fazem com que uma paixão signifi que tanto a ponto de alguém

querer fazer praticamente tudo por ela.” — E L I Z A B E T H KO S T OVA

“Os fãs de O historiador fi carão contentes em descobrir que Os ladrões de

cisne oferece, com fartura, os mesmos prazeres.” — WA S H I N G T O N PO S T

“Uma história sedutora sobre as obsessões, as perdas e o poder de manter

a esperança.” — SA N FR A N C I S C O CH R O N I C L E

“Os ladrões de cisne deixa claro que obsessão é o tema de Elizabeth Kostova.

Legiões de fãs esperam impacientemente, ou mesmo obsessivamente, por este

romance.” — P U B L I S H E R S WE E K LY

www.intrinseca.com.br

OS LADRÕESDE CISNE

Os Ladrões de Cisne

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