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DIGITAI$ MÓVEI$ PAGAMENTO$ Anything, anytime, anywhere Versão atualizada de artigo para o curso de Especialização em Gestão de E-commerce RAFAEL PESSI

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DIGITAI$ MÓVEI$

PAGAMENTO$

Anything, anytime, anywhere

Versão atualizada de artigo para o curso de Especialização em Gestão de E-commerce

RAFAEL PESSI

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SUMÁRIO

PAGAMENTOS DIGITAIS MÓVEIS 2

INTRODUÇÃO

1 - DEFININDO M-COMMERCE E PAGAMENTOS MÓVEIS

2 - A HISTÓRIA DAS TECNOLOGIAS

3 - A PARTICIPAÇÃO DE MERCADO

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

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20GLOSSÁRIO

SOBRE O AUTOR 21

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INTRODUÇÃO

OS PAGAMENTOS DIGITAIS MÓVEIS apresentam uma tendência de crescimento em termos globais. De acordo com projeções divulgadas pela empresa de soluções para pagamentos digitais Omlis, em 2014 as transações de pagamento realizadas de forma mobile somaram 507 bilhões de dólares, representando 27% das transferências de valores realizadas online.

Análises recentes de grandes players do mercado mundial de pagamentos como MasterCard, Adyen e Paypal apontam uma tendência de crescimento na utilização de aplicativos em smartphones e tablets como alternativa às formas já existentes de pagamento online e também como forma de pagamento nas próprias lojas físicas. Em 2014,

Para o gestor de e-commerce é indispensável conhecer as principais tecnologias de pagamento que viabilizam transações tanto em websites otimizados para dispositivos móveis, como em aplicativos dedicados de mobile commerce. Devem ser consideradas ainda as chamadas digital wallets, as carteiras digitais móveis que possibilitam pagar compras e serviços com o celular em lojas físicas, táxis e em uma crescente gama de situações cotidianas.

Considerando este cenário, se desdobrou a pesquisa que resultou neste artigo, que se articula em torno de três eixos de exploração:

(1) Quais as principais tecnologias disponíveis para pagamentos móveis?

(2) De que forma essas tecnologias estão presentes nos dispositivos?

(3) Qual o market share dos mobile payments?

As respostas obtidas a partir dos conteúdos pesquisados permitem avaliar em que grau os pagamentos digitais móveis contribuem para os resultados das vendas no contexto do comércio eletrônico B2C. Possibilitam, ainda, verificar qual a sua participação de mercado nas principais economias.

O artigo se inicia pela definição do mobile commerce e pela análise de como os pagamentos digitais móveis se articulam com esta modalidade de comércio eletrônico.

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DEFININDO MOBILE COMMERCE E PAGAMENTOS DIGITAIS MÓVEIS

Os pagamentos digitais móveis, objeto deste artigo, estão diretamente ligados ao comércio eletrônico quando as transações de compra e venda se originam ou são concluídas a partir de smartphones e tablets. Este tipo de comércio eletrônico se denomina mobile commerce ou simplesmente m-commerce.

Rouse (2005, s.d.) define mobile commerce como "a compra e venda de mercadorias e serviços por meio de dispositivos sem fio como telefones celulares e assistentes pessoais digitais (PDAs)".

Na definição de Ahmad (2013, p.9) "mobile commerce envolve os meios para realizar transações confiáveis por meio de dispositivos móveis na troca de bens e serviços entre os consumidores, comerciantes e instituições financeiras".

Pela própria portabilidade e pelas possibilidades abertas pelo acesso à Internet sem fio em smartphones e outros dispositivos, os pagamentos digitais móveis emergiram como atividade de transferência de dados por meio da qual se pode gerar dinheiro para uma companhia ao longo da cadeia de valor.

Por exemplo, quando um cliente faz uma reserva de restaurante utilizando um aplicativo instalado em seu telefone móvel, o valor pago em dinheiro pode ser contado como lucro obtido por meio de mobile commerce, pois a transação paga presencialmente se originou no dispositivo móvel.

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Para este mesmo exemplo, foram surgindo formas de realizar o pagamento da conta pelo próprio dispositivo, fechando assim um ciclo completo que caracteriza a fusão de mobile commerce com pagamentos digitais móveis.

Portanto, um dispositivo móvel pode ser um iniciador ou um consumidor de uma transação comercial, que não precisa, necessariamente, ocorrer no próprio dispositivo.

Um smartphone é um dispositivo muito mais pessoal do que um computador, e o usuário provavelmente o tem consigo ou por perto a maior parte do tempo. Então, o desafio para os arquitetos do mobile commerce sempre foi, durante o seu desenvolvimento, encontrar meios de ampliar a experiência já disponível no comércio eletrônico realizado em computadores de mesa, sem simplesmente replicá-la.

Os três ``As´´ do mobile commerce são anything, anytime, anywhere (qualquer coisa, a qualquer hora, em qualquer lugar).

Desde o início estas três características, combinadas e disponíveis em tempo real, constituíram a distinção entre o comércio eletrônico móvel e a experiência de consumo no computador de mesa, realizada por meio de conexão física com a Internet.

A partir do entendimento do mobile commerce e suas caraterísticas distintivas, e de uma introdução sobre o papel dos pagamentos digitais móveis no seu âmbito, iremos conhecer as principais alternativas disponíveis no mercado mundial para a realizar pagamentos a partir de dispositivos como smartphones e tablets.

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A HISTÓRIA DAS TECNOLOGIAS PARA PAGAMENTOS MÓVEIS

No contexto do comércio eletrônico, para compreender o cenário atual do mercado de pagamentos digitais móveis, é necessário recapitular as iniciativas comerciais e as inovações tecnológicas que, no espaço de uma década e meia, tornaram possível utilizar um telefone móvel para realizar transferências de valores sem conexão por fio com a Internet.

Ahmad (2013, p. 101), tipifica quatro tecnologias principais para pagamentos digitais. Cada qual obteve graus de penetração distintos no mercado mundial:

1) A tecnologia para pagamentos sem fio por mensagem de texto (Short Message Service, SMS), com cobrança ao consumidor pela conta telefônica ou de acesso à Internet móvel.

2) Leitores portáteis para cartões de crédito, conectados a smartphones para aceitar pagamentos por meio de aplicativos específicos, dispensando os terminais de cartões tradicionais, que implicam em custos mais elevados para os comerciantes.

3) A tecnologia Near Field Communication (NFC), para pagamentos sem fio feitos em lojas físicas, por meio de aproximação do aparelho do cliente junto ao terminal de pagamento.

4) A tecnologia para pagamentos sem fio por meio de aplicativos instalados no sistema operacional dos smartphones (telefones móveis altamente sofisticados), sem necessidade de entrar em websites na Internet.

Quanto ao envio e recebimento de dados pelos dispositivos móveis, essas tecnologias se subdividem entre:

• aquelas que utilizam acesso sem fio à Internet;

• as que utilizam a rede telefônica para o envio de dados, caso da tecnologia SMS;

• as que usam detecção por rádio frequência, como na tecnologia NFC.

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2.1 OS PRIMÓDIOS DO MOBILE COMMERCE

Por volta do ano 2000 a tecnologia WAP (Wireless Application Protocol) tornou possível acessar a Internet a partir dos telefones móveis mais avançados da época. Porém, a experiência de uso era muito pobre, mesmo nos países desenvolvidos, tanto pela velocidade lenta de conexão quanto pelas interfaces e telas disponíveis nos telefones da época.

Segundo Ahmad (2013 p.19),

A experiência de uso e a lentidão dos serviços de Internet móvel disponíveis no começo dos anos 2000 geravam uma impressão ruim para os consumidores sobre o mobile commerce. Para fazer uma reserva de hotel eram necessários trinta e sete cliques de teclado, e as telas da época eram pequenas, sem o recurso de toque que foi universalizado pelo iPhone em 2007. Poucos websites estavam preparados para realizar transações mobile, e a base de usuários era pequena para que o modelo se pagasse.

Na época do WAP surgiram as iniciativas pioneiras para levar o comércio eletrônico das lojas virtuais acessadas por computadores de mesa para os telefones móveis. Em 1999, a Amazon, que se sempre se caracterizou pela inovação em modelos de negócios para o comércio eletrônico, iniciou seus esforços para o mobile commerce. Estabeleceu parcerias com operadoras de telefonia móvel nos Estados Unidos, ganhando um atalho para o seu website diretamente na tela principal dos aparelhos vendidos por estas operadoras.

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Depois deste período inicial, o modelo de mobile commerce baseado no acesso móvel à Internet iria atravessar um longo período sem maiores avanços em sua participação de mercado.

Segundo Ahmad (2013, p. 22):

Havia grandes obstáculos para o mobile commerce se tornar viável e lucrativo: standards, segurança e apresentação estavam entre eles. Entre 1998 e 2000, o mobile commerce estava em ciclo declinante, se recuperando de expectativas irrealistas ainda anteriores ao estouro da bolha da Nasdaq, geradas primariamente pela lacuna de tecnologia existente na infra-estrutura para essa

ambiciosa nova aventura.

Foi então que, no contexto dos pagamentos digitais móveis, o modelo das mensagens de texto curto (SMS) emergiu, a partir de iniciativas que não estavam ligadas diretamente ao comércio eletrônico.

2.2 O SMS ULTRAPASSSA FRONTEIRAS

Em 2007, uma campanha de arrecadação da Cruz Vermelha para as vítimas do grande terremoto no Haiti arrecadou quarenta milhões de dólares em nove meses por meio de doações por SMS enviadas de celulares. Segundo Ahmad (2013), os serviços de SMS para arrecadação de fundos beneficentes forneceram um meio limpo para as pessoas transferirem dinheiro usando dispositivos móveis, demonstrando que tecnologias mais simples podiam ser efetivas. Até 2013 ainda proliferavam pelo mundo iniciativas utilizando as mensagens curtas de texto como forma de transferir e receber valores.

Vários fatores contribuíram para a expansão do uso do SMS: era um recurso com o qual todos os usuários de telefones móveis estavam familiarizados, com a conveniência da cobrança pela própria fatura de telefonia.

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Porém, o aspecto mais determinante acabou sendo mesmo a independência em relação ao sinal de Internet móvel, ainda inexistente na maior parte do mundo na primeira década dos anos 2000:

Os serviços SMS ofereciam então algo que os websites de comércio eletrônico e o e-mail (ambos dependentes de conexão estável) não podiam oferecer naquele momento: acesso a consumidores sem conexão com a Internet. As mensagens viajavam nas mesmas redes sem fio por onde passavam os sinais de voz das chamadas telefônicas. (AHMAD, 2013, p. 29).

Por meio de alguns exemplos, podemos acompanhar como se deu a evolução do uso da tecnologia SMS para pagamentos digitais móveis:

• em 1999, nas Filipinas, as duas maiores operadoras de telefonia móvel do país (Global and Smart) lançaram o primeiro sistema comercial de pagamentos móveis, baseados em sua própria plataforma;

• também em 2007 a Safaricom, maior operadora de telefonia móvel do Quênia, lançou o serviço M-Pesa, que tornou possível às pessoas receber e enviar dinheiro por SMS de seus dispositivos móveis. Em 2011, o M-Pesa estava disponível em uma rede de trinta mil lojas, duzentas vezes mais pontos de atendimento do que tinha então a maior rede bancária do país;

• em 2008 a Amazon introduziu o pioneiro serviço de varejo online por mensagem de texto, chamado TextBuyIt.

Mesmo com a introdução dos smartphones o SMS continuou sendo o serviço mais utilizado em celulares, se beneficiando de uma taxa de abertura de praticamente 100%, contra 74% de abertura de e-mails (AHMAD, 2013, p. 40).

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Sistema atual para pagamento por SMSImagem: reprodução/developers.fortumo.com

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2.3 A FUSÃO CARTÃO + CELULAR

Enquanto os websites móveis e a tecnologia para acesso de qualidade à Internet móvel evoluíam a partir do ano 2000, um projeto que sucedeu o lançamento do iPhone, em 2007, trouxe uma inovação expressiva que teria grande impacto no mercado de pagamentos móveis.

Lançado em 2010, o serviço Square tirava proveito da capacidade de processamento, da interface de toque e da possibilidade de baixar e instalar aplicativos que veio com o iPhone, acoplando a este aparelho um pequeno leitor de cartões de crédito que tornava muito mais simples e barato para pequenos comerciantes processar pagamentos.

Após o pagamento ser processado, o dinheiro era depositado na conta do comerciante. A empresa cobrava 2,75% do valor de cada transação, uma margem menor do que as empresas de cartões de crédito.

Para os usuários de smartphones, foi lançado posteriormente o Pay with Square, que funcionava com base na localização.

Em 2012, o sistema do Square estava sendo utilizado para realizar onze milhões de pagamentos por dia, e a empresa alegava estar processando dez bilhões de dólares por ano em pagamentos.

Segundo Ahmad (2013), a introdução do Square aumentou em um sexto a quantidade de leitores de cartão de crédito nos EUA.

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Griffin Merchant Case com Square ReaderImagem: reprodução/macrumors.com

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2.4 UNIVERSALIZAÇÃO: A PROMESSA DO NFC

A tecnologia SMS e os leitores de cartões de crédito acopláveis a smartphones eram soluções práticas, que tornavam mais conveniente para os consumidores e comerciantes efetuarem transações.

Por utilizarem de forma combinada bases tecnológicas e culturas de uso já disseminadas, abriram caminho para o interesse do público pelos pagamentos digitais móveis. No entanto, o real potencial de uma experiência no mobile commerce que ampliasse o escopo de serviços não poderia ser atingido somente com estas alternativas tecnológicas.

Então a tecnologia de comunicação por campo de proximidade (NFC, de Near Field Communication) foi a aposta seguida por fabricantes de aparelhos, desenvolvedores de aplicativos, operadoras de telefonia/Internet móvel e empresas de cartões de crédito para introduzir serviços que foram denominados de carteiras digitais móveis (digital wallets).

O sistema NFC trouxe muitas possibilidades de aplicação, indo além dos simples pagamentos sem fio feitos em lojas físicas, já que opera por meio da detecção do aparelho do cliente, que emite um sinal de rádio identificando o aparelho e o usuário.

O sinal é captável em curtas distâncias por terminais habilitados nos pontos de venda. Isto tornou possível oferecer descontos, promoções e planos de fidelização sensíveis ao contexto: ao entrar no ambiente e ter seu aparelho detectado, o consumidor é reconhecido pelos sistemas do comerciante com todo seu histórico de preferências.

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Imagem: reprodução/patentlyapple.com

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No ambiente das lojas, as compras do cliente são lançadas no sistema interno, e há várias formas de, por meio de um aplicativo, o consumidor fazer o pagamento sem necessidade de acessar um website ou apresentar um cartão de crédito, cujos dados já ficam inseridos no chip NFC ou cartão SIM do smartphone. Basta aproximar o aparelho de um terminal e os valores são debitados do cartão de crédito do cliente.

Segundo Ahmad (2013), a maioria dos consumidores a utilizar pagamentos móveis deste tipo concordavam em um ponto: os pagamentos digitais por aproximação são cool ("legais", em português).

O primeiro serviço lançado em larga escala empregando esta tecnologia foi o Google Wallet, lançado em 2011 de forma integrada com o PayPass, sistema de pagamentos integrado da MasterCard/Citibank, e com as operadoras de telefonia móvel Sprint, US Cellular e Virgin.

Inicialmente presente em 124.000 pontos de venda nos EUA, o Google Wallet segue até hoje no mercado, mas ainda não foi capaz de atingir as pretensões iniciais em termos de alcance e número de usuários.

A segmentação que surgiu no mercado, com diversas iniciativas passando a concorrer com o projeto do Google contribuiu, entre outras razões, para impedir que o projeto de pagamentos móveis da empresa decolasse.

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Imagem: Reprodução/Google Wallet

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Outras alternativas foram lançadas de forma conjunta por operadoras de telefonia móvel, como o sistema Isis, que cobrava dos bancos uma taxa para permitir que os clientes conectassem cartões de crédito à carteira digital. Como resultado, as empresas de cartões também passaram a desenvolver suas próprias soluções de pagamentos móveis NFC.

Tanto o Google Wallet quanto o Isis demandavam que houvesse um chip específico no aparelho do consumidor e no terminal de pagamentos do comerciante. Essas características tornavam o sistema NFC, em seu lançamento, mais conveniente que dinheiro, mas ainda menos conveniente que um cartão plástico comum.

A adoção do sistema pelos comerciantes não foi a que se esperava. Segundo Ahmad (2013, p 81):

Um estudo de 2012 da comScore sobre carteiras digitais revelou que o único serviço de pagamentos digital conhecido por mais da metade dos norte-americanos era o PayPal. Dos entrevistados, somente 41% haviam ouvido falar do Google Wallet e 8% alguma vez o utilizado o serviço. O Isis tinha desempenho ainda inferior, conhecido por apenas 6% e utilizado por 1% dos entrevistados.

A tecnologia NFC foi o modelo tecnológico utilizado, em outubro de 2014, para o lançamento do Apple Pay, sistema de pagamentos móveis da Apple, criadora dos dispositivos iPhone e iPad, com suas lojas de mídia digital e aplicativos (iTunes Store e AppStore, respectivamente).

Segundo artigo do jornal The Economist (2014), as escolhas técnicas da Apple, pelo poder de consolidar tendências apresentado pela empresa, podem ajudar a estabelecer o padrão definitivo da indústria de pagamentos móveis.

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2.5 OS APLICATIVOS DEDICADOS E SEU PODER DISRUPTIVO

O quarto tipo de tecnologia a encontrar espaço e crescer a partir do mercado norte-americano de pagamentos digitais móveis foram os aplicativos dedicados, programas autônomos que são instalados diretamente nos smartphones e tablets, operando como um ambiente fechado, sem a necessidade de acessar um website por meio de um navegador para realizar transações de compra e transferências de valores.

Com o lançamento do iPhone, em 2007 a Apple introduziu todo um ecossistema por meio do qual desenvolvedores independentes passaram a criar aplicações distribuídas pela loja virtual da Apple, de onde eram instalados por download diretamente nos aparelhos dos usuários. Segundo Ahmad (2013, p. 47-48):

A experiência visual e funcionalidades adicionais como localização por GPS mudaram tudo. A era pós-iPhone viu uma onda de varejistas criando campanhas por SMS, websites otimizados para mobile e aplicações para download para chegar aos consumidores que queriam fazer mais com seus aparelhos. [...] A Apple cuidadosamente cultivou um ecossistema completo integrado por milhares de aplicativos, o que tornou possível ir além da

Internet móvel. Com isto, toda uma nova indústria se criou.

Centenas de milhares de opções de aplicativos, como jogos e ferramentas de produtividade, se tornaram disponíveis na AppStore, que foi lançada junto com o iPhone e revolucionou a indústria do mobile commerce.

No modelo introduzido pela AppStore (utilizado posteriormente também pelo Google para o seu sistema operacional Android), os consumidores podiam instalar e atualizar o aplicativo quantas vezes quisessem, pagando por meio de conexão sem fio na loja virtual da Apple, com um cartão de crédito pré-cadastrado.

Ofertas de atualizações e recursos extras para os aplicativos apareciam para os usuários por meio de notificações na tela, sendo comprados diretamente no ambiente do aplicativo, com o pagamento se concluindo por meio de conexão com a AppStore.

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Para Ahmad (2013, p. 51), o período entre 2008 e 2009 foi decisivo para a ascensão de um modelo disruptivo baseado nos aplicativos, que mudou permanentemente as perpectivas:

Foi somente a partir de 2008 que o mobile commerce começou de fato a crescer. Com o lançamento do iPhone, vieram os aplicativos que moveram as compras móveis para fora do navegador de Internet para uma plataforma mais segura, os aplicativos proprietários. Em 2009 a Amazon lançou o Amazon Price Check. Com este aplicativo, os consumidores podiam escanear códigos de barra de produtos em lojas físicas e comparar os preços, podendo então optar por fazer compra pela loja virtual da Amazon.

Para o objeto de estudo deste artigo, vamos nos concentrar em três tipos de aplicativos para pagamentos digitais móveis:

• os aplicativos para leitura de códigos de barras em lojas físicas;

• os aplicativos dedicados de mobile commerce;

• os aplicativos exclusivos para pagamentos digitais móveis (o Square e as soluções de pagamento baseadas em NFC, estudadas anteriormente, também utilizam aplicativos desta última categoria).

Os aplicativos para leitura de códigos de barra (1) vieram trazer uma nova dimensão à prática do showrooming: consumidores que vão a lojas físicas experimentar produtos e depois pesquisam em websites de comércio eletrônico até encontrar o melhor preço, para então realizar a compra na loja virtual que oferece a melhor relação custo-benefício.

O impacto causado no varejo físico pelos aplicativos leitores de códigos de barra das grandes empresas de comércio eletrônico como Amazon e Ebay foi tamanho que forçou as cadeias de varejo a adotar estratégias para tentar conter o efeito disruptivo criado pelo showrooming turbinado pelos aplicativos:

A resposta do varejo físico foi dar acesso Wi-Fi gratuito nas lojas e criar seus próprios aplicativos e serviços mobile, em uma tentativa de reverter um pouco as perdas que a prática do showrooming estava gerando também para os próprios sites destas redes de varejo na competição com a Amazon. Em 2011, as vendas online da Amazon eram 5 vezes maiores que as do Walmart. (AHMAD, 2013, p. 54).

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Os aplicativos de mobile commerce dedicados (2) operam realizando uma conexão direta, pela Internet, entre o dispositivo móvel do consumidor e o sistema de comércio eletrônico da loja virtual, sem necessidade de acessar um website por meio de um navegador de Internet convencional. O consumidor pesquisa, escolhe itens, compra e realiza o pagamento diretamente por meio do aplicativo, sem expor seus dados de cartão de crédito.

No Brasil, um exemplo deste tipo de aplicativo foi o lançado pelo Mercado Livre: ampliando os serviços do website, ele permitiu acompanhar todas as operações de compra, pagamentos e pedidos em qualquer lugar onde o usuário esteja conectado.

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Já os aplicativos exclusivos para pagamentos digitais móveis (3) tem como função principal a transferência de valores, sendo direcionados para casos de uso e necessidades específicas. Hoje bancos como o Itaú já oferecem aos clientes aplicativos próprios com estas características.

O aplicativo Snappin, criado para facilitar pagamentos e diminuir filas na saída de casas noturnas, foi lançado no Brasil em 2012. Com o aplicativo instalado, o cliente fazia check in, associava sua comanda com o aplicativo, acompanhava todo o consumo e realizava o pagamento pelo smartphone. Depois, bastava devolver a comanda, retirar o cupom fiscal e sair do estabelecimento.

Aplicativo do Mercado Livre para AndroidImagem: reprodução

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A PARTICIPAÇÃO DE MERCADO

O mercado de mundial pagamentos digitais móveis apresenta grande variedade entre regiões e países quanto ao grau em que essa modalidade de transação financeira digital substitui outras formas de pagamento.

Nos Estados Unidos, país onde se originaram as principais tecnologias e modelos de negócios ligados à mobilidade, em fevereiro de 2013 foi verificado um índice relativamente baixo de adoção dos mobile payments: somente 31% dos usuários de Internet preferiam utilizar esses serviços. O Canadá apresentava um índice ainda inferior: 25% (STATISTA.COM, 2014).

Pelo mesmo estudo, divulgado no website Statista.com, em outros países das Américas como Brasil (38%), Argentina (47%) e México (48%) a utilização dos pagamentos móveis já apresentava um patamar expressivamente superior.

Já em países asiáticos altamente integrados por tecnologias digitais como Coréia do Sul (63%) e China (54%), a curva de adoção já passou da metade do total, e na Índia, país com grandes contrastes econômicos e onde ainda predominam tecnologias como o SMS, a adoção dos mobile payments totalizava 60% das transações realizadas por meios digitais no período avaliado.

Dentro do escopo proposto pelo autor é oportuno, ainda no contexto da participação de mercado, analisar como se subdividem os pagamentos móveis quanto ao tipo de transação. Projeções de 2014 indicam que, para um total de 330 bilhões de dólares em transações, mais de 230 bilhões foram em transferências de valores entre contas, tipo predominante de pagamento móvel até 2017, segundo outro estudo recente (STATISTA.COM, 2014).

O pagamento para compras de mercadorias, mais ligado diretamente ao mobile commerce, vem em segundo nas projeções, com possibilidade de movimentar 71 bilhões de dólares em âmbito global em 2014, demonstrando um crescimento aproximado de 40% em relação ao ano anterior, quando este tipo de transação movimentou 50,5 bilhões de dólares.

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CONCLUSÃO

A partir da exploração dos eixos de pesquisa, se percebe que os pagamentos digitais móveis já são uma realidade com expressiva parcela do mercado de transações processadas digitalmente, em países que estão entre as principais economias mundiais.

Pelo histórico e categorização das tecnologias e iniciativas comerciais pesquisadas (tendo como base o mercado dos Estados Unidos, de onde partem as tendências e inovações de maior visibilidade) pode-se afirmar que os objetivos do autor foram atingidos, consolidando uma visão tanto geral quanto detalhada das alternativas que estão disponíveis para os consumidores e comerciantes realizarem transações de transferência de valores, pagamentos e, ainda, utilizar uma série de serviços personalizados a partir da detecção da localização dos dispositivos móveis por meio de aplicativos e chips específicos.

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REFERÊNCIAS

AHMAD, Majeed.Mobile Commerce 2.0: Where Payments, Location and Advertising Converge.CreateSpace Independent Publishing Platform, 2013.

BERTONI, Steven.Can PayPal beat Apple, Google, Amazon and Icahn in the Wallet Wars?Acesso em: 02 dez. 2014.

E-COMMERCE NEWS.Estudo da MasterCard revela o que consumidores pensam sobre Mobile Payments.Acesso em: 05 nov. 2014.

ROUSE, Margaret.Computing Fundamentals Glossary.Acesso em: 29 nov. 2014..

STATISTA.COM.Share of internet users who would prefer to use mobile payments instead of traditional payments as of February 2013.Acesso em: 02 dez. 2014.

STATISTA.COM.Global mobile payment spending from 2010 to 2017, by segment (in billion U.S. dollars).Acesso em: 02 dez. 2014.

THE ECONOMIST.Emptying pockets: Mobile payments.Acesso em: 05 nov. 2014.

THOMPSON, EMMA.Omlis Global Mobile Payment Snapshot 2014.Acesso em: 05 nov. 2014.

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GLOSSÁRIO

Check in e check out: os termos em inglês designam respectivamente um procedimento formal de entrada de um cliente em hotéis ou aeroportos. No comércio eletrônico check out designa o processo de finalização da compra online.

Download: é a transmissão de um arquivo de um computador para outro. Do ponto-de-vista do usuário de Internet, o download de um arquivo é a solicitação do arquivo a partir de outro computador (ou a partir de uma página da Web em outro computador) para recebê-lo.

iPhone: é um smartphone feito pela Apple, que combina um iPod, um PC tablet, uma câmera digital e um telefone celular. O dispositivo inclui navegação na Internet e recursos de rede.

Online: é a condição de estar conectado a uma rede de computadores ou de outros dispositivos.

Mobile wallets: as carteiras móveis usam tecnologia NFC em chips e cartões em um smartphone ou outro dispositivo para transmitir informações de pagamento. Quando um cliente está disposto a pagar utilizando uma carteira móvel, abre um aplicativo instalado no aparelho.

Smartphone: é um telefone celular com um computador e outros recursos integrados, não originalmente associados com telefones, tais como um sistema operacional, navegação na Web e a capacidade de executar aplicações de software.

Tablet: é um dispositivo móvel que não realiza ligações telefônicas, mas tem todos os recursos dos smartphones mais avançados, porém com tela maior, entre sete e dez polegadas. Pode ser descrito como um computador portátil com teclado virtual e sistema operacional, acesso à Internet, navegador para a Web e a capacidade de executar aplicações de software, além de jogos. A maior parte dos modelos tem câmera e microfone.

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SOBRE O AUTOR

Rafael Pessi é jornalista e designer, com especialização em Gestão de E-commerce.

Criou e operou a loja virtual de camisetas Carranca.com entre 2005 e 2010.

Desde 2005 trabalha na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), onde hoje coordena projetos digitais na Assessoria de Promoção e Inteligência Competitiva da universidade em Palhoça, Santa Catarina.

Rafael pode ser contatado pelo LinkedIn:https://www.linkedin.com/profile/view?id=125391657

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