paim - mudanças da linguagem televisiva com as inovacões tecnologicas
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1º Simpósio Internacional de Televisão Digital (SIMTVD) – 18 a 20 de novembro, Bauru/SP
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Mudanças da linguagem televisiva com as inovações tecnológicas
PAIM, Luciana
RESUMO
A TV brasileira está baseada na linguagem radiofônica. Com o passar do tempo, adquiriu uma linguagem própria, que foi se consolidando aos poucos e que tende a passar por mais uma mutação com o advento da TV digital de alta definição e da interatividade.
Assim como o rádio não eliminou os jornais e o cinema não deixou de existir, ao chegar ao Brasil, a televisão aprendeu a conviver com os outros meios.
É através da linguagem que os homens transmitem suas experiências de geração em geração, sendo que boa parte delas são hoje passadas pelos meios de comunicação, principalmente pela televisão. Este artigo propõe um estudo sobre como se desenvolveu a linguagem da televisão e as alterações consequentes da introdução das novas tecnologias nesse meio de comunicação. A entrada do videotape, da imagem colorida, da transmissão via satélite e agora, com a implementação da TV Digital no país, a TV aos poucos foi alterando sua linguagem inicial. Melhora na qualidade da imagem e do som, convergência midiática, múltiplas plataformas e formatos de telas, e interatividade. Todos esses recursos oferecidos pela TV Digital comporão a nova linguagem televisiva. O que era apenas audiovisual receberá a influência das ferramentas computacionais e do próprio telespectador, que poderá ter uma atitude nova diante da telinha. Esses fatores alterarão a forma como se produz e se consome esse meio de comunicação que é um dos mais importantes do nosso país. Seria a TV Digital uma nova televisão ou apenas uma evolução do meio que já é conhecido pelos brasileiros? Sua linguagem sofrerá alterações bruscas O presente artigo foi elaborado a partir de consultas bibliográficas e entrevistas com profissionais da área, visando compor o novo cenário da linguagem audiovisual na TV digital. Como considerações, tem-se possibilidades teóricas sobre o estudo da linguagem e alguns desafios enfrentados pelos produtores de conteúdo.
PALAVRAS-CHAVE: Televisão. Linguagem. Digital. Interatividade.
Convergência.
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Introdução
Os estudos da linguagem começaram na Antiguidade e aguçam a
curiosidade de estudiosos até os dias de hoje. Seu estudo é fundamental para
a compreensão do ser humano. Sem a linguagem seria impossível nos
comunicar já que ela é a responsável pela nossa forma de raciocinar, pois para
isso, é necessário usufruir de alguma forma de linguagem seja ela verbal,
visual, gestual, escrita, etc. (BIZZOCCHI, 2000).
Por ter se tornado um meio de comunicação de maior abrangência, a
televisão passou por adaptações ao longo dos anos e a inserção da tecnologia
na sua produção fez com que sua linguagem fosse modificada ao longo do
tempo.
Como o objetivo de entreter e informar, a televisão alcança uma
audiência massiva em todos os continentes e por ter uma linguagem hibrida,
pode utilizar-se de várias técnicas de linguagens, juntas ou separadas.
Sozinha, ela contém: a linguagem visual, verbal, sonora.
O início das transmissões da TV Digital e a convergência desse meio de
comunicação com as novas tecnologias, a televisão deve se reinventar
novamente e acoplar a sua linguagem mais uma técnica, a do
hipertexto/hipermídia, que proporcionará a possibilidade de interação dos
telespectadores no conteúdo televisivo.
O acesso fácil aos conteúdos a partir da mobilidade dos aparelhos, fará
com que os telespectadores, habituados a ficarem parados em frente ao
aparelho mudem sua percepção com relação a linguagem televisiva.
Assim como aconteceu com a introdução do videotape, das cores na TV
e do controle remoto no século passado, dessa vez, a televisão terá que criar
novamente uma nova linguagem televisiva. Porém, os desafios dessa vez são
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maiores já que agora, além de agradar o público cativo da TV, terá que
conquistar a nova geração, que já estão sendo chamados de ‘nativos digitais’.
As mudanças tecnológicas e a convergência midiática já são uma
realidade e o que se espera é que a TV Digital Interativa também passe a fazer
parte do dia a dia da sociedade brasileira, assim como a televisão tradicional
faz.
Se atualmente a linguagem televisiva utiliza três tipos de linguagens que
são: a verbal, visual e sonora, com a introdução de todos esses avanços
tecnológicos, a televisão poderá se transformar em uma plataforma ainda mais
ampla e acessível do que já é, o que possivelmente, alterará a maneira de se
produzir e se consumir televisão.
O presente texto foi elaborado a partir de consultas bibliográficas com
autores experientes na área da comunicação como Umberto Ecco e Arlindo
Machado, bem como autores e pesquisadores das novas tendências
tecnológicas na comunicação como Valdecir Becker e Carlos Montez, Henry
Jenkis e Vicente Gosciola. Visando compor o novo cenário da linguagem
audiovisual na TV digital, foram realizadas entrevistas com profissionais ligados
a área de tecnologia de duas emissoras. Pela TV Globo, o Assessor de
Planejamento e Projetos de Engenharia Carlos de Brito Nogueira e pela TV
Bandeirantes, o Diretor de Interatividade Luiz Olivalves.
A proposta desse artigo é realizar um estudo sobre como se
desenvolveu a linguagem da televisão e as alterações consequentes da
introdução das novas tecnologias nesse meio de comunicação.
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Evolução da linguagem na TV brasileira
Quando a televisão chegou ao Brasil, o rádio e o jornal já tinham um
público cativo. Muitos acreditavam que com sua chegada, os outros deixariam
de existir. Mas não foi o que ocorreu e a televisão aprendeu a conviver com os
outros meios, assim como o rádio não eliminou os jornais e o cinema não
deixou de existir.
A história da televisão brasileira pode ser apresentada a partir de quatro
importantes momentos: Fase de Instalação - (1950-1964) – chegada da
televisão no país; Fase de expansão – (1965 – 1984) – organização das
grandes redes de emissoras e fortalecimento do meio como ferramenta de
poder e integração nacional; Fase da consolidação – (1985-2002) – a televisão
se consolida e passa a ter um poder próprio, independente do governo.
Período que marca o auge e o declínio do veículo e a Fase da convergência –
(2002) – devido o poder econômico das empresas de telecomunicações e
efeitos da convergência midiática, a televisão foi colocada em xeque. Nessa
fase também teve inicio as negociações para a implementação da TV Digital no
Brasil, um assunto que será abordado mais adiante (CRUZ, 2008, p. 49-50).
Os primeiros testes para emissão de imagens através de um tubo de
raios catódicos aconteceram em 1920 pelo russo Wladimir Zworykin, mas só se
tornou televisão eletrônica a partir das pesquisas do americano Philo T.
Farnsworth e, 25 anos depois, começou a ser produzida em escala industrial
pelos Estados Unidos (HINGST, 2004, P. 25).
A popularização da televisão só aconteceu na década de 1950, ano em
que o aparelho chegou ao Brasil pelo do jornalista Francisco de Assis
Chateaubriand Bandeira de Melo em 18 de setembro de 1950.
Quando chegou ao Brasil, a televisão não possuía uma linguagem
própria. Boa parte de seus profissionais vieram do rádio, o que transformou a
linguagem televisiva num primeiro momento, algo estático. Com o tempo, a TV
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começou a tomar forma e uma das primeiras modificações foi à exploração da
imagem como maneira de cativar o telespectador. (LOPEZ, 2004).
Desde sua concepção, a televisão tem um conceito polissêmico que
mescla vários tipos de linguagens já conhecidas por outros meios (som, fala
imagem), organizadas de maneira similar ao cinema (constituídas por planos,
cenas e sequências) (CARDOSO; SANTOS; GOULART, 2007, p.58).
Com a inserção das inovações tecnológicas no meio televisivo, a
linguagem aos poucos, se transformou.
Quando a televisão chegou ao Brasil, a linguagem apresentada tinha
grande influência do rádio. Por não ter profissionais específicos para essa
mídia, técnicos, locutores e artistas radiofônicos migraram do rádio para a
televisão e começaram a construir uma linguagem nova em que a imagem
falava era mais importante que as palavras (CARDOSO; SANTOS; GOULART,
2007).
Por ser um veículo polissêmico (transmite som, palavra escrita e falada,
som, e imagens em movimentos) trouxe também influência do cinema, já que é
constituída por planos, cenas e sequências.
Ainda na fase de implantação - nos anos 60 – a televisão passou por
seu primeiro processo de mutação. Em 1960 surgiu o VT (videotape) no Brasil
e a televisão passou a transmitir programas pré-gravados e a realizar
produções externas (CARDOSO; SANTOS; GOULART, 2007, p.60) Esse
recurso passou a ser utilizado principalmente pelo jornalismo na época, mas
hoje se tornou uma linguagem fixa televisiva, durante toda a programação.
Durante sua consolidação, ela se renova novamente e passa a receber
influência de outras novas e importantes tecnologias. Em 1972 iniciou-se a
transmissão em cores e via satélite, o que proporcionou a chegada do sinal em
todo o país, o que aumentou sua visibilidade e aceitação entre a população
brasileira (CARDOSO; SANTOS; GOULART, 2007, p.60).
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O controle remoto também foi um marco do desenvolvimento
tecnológico que tanto os produtores de conteúdo televisivo quanto
telespectadores aprenderam a usar ao seu favor, cada um a seu modo.
Para Arlindo Machado, o controle remoto criou o conceito que ele chama
de ‘efeito zapping’ e que, através dele, não é mais possível se contar histórias
completas ou manter um gênero e formato durante a exibição de um programa
(MACHADO, 1993, p.161).
“Hoje, não apenas sabemos que o zapping deriva da televisão, como também a própria televisão já se apropria de seus modelos formativos mais ousados: canais e programas simulam o efeito zapping; técnicas de comutação rápida de imagens, inclusive com reciclagem de material de outras fontes, são largamente utilizados, por exemplo, em aberturas de programas” (MACHADO, 1993, p. 153).
Nesse momento a televisão brasileira passa por outro processo de
aprendizagem. Agora ela terá que lidar com a digitalização de áudio e imagem
e com os meios digitais como o celular e a internet. Todos convergindo entre si.
A tecnologia também se associou aos programas televisivos quando
entrou na internet e possibilitou aos telespectadores a terem acesso aos canais
de TV aberta. Pela WebTV é possível assistir aos programas da televisão a
qualquer hora ou ainda obter conteúdos exclusivos que complementam o
programa. Com a implementação da TV Digital, a qualidade de imagem e
som aumentou radicalmente. Com a imagem sendo transmitida em alta
definição e som digital, o telespectador passou a perceber detalhes que antes
passavam desapercebidos. Além disso, o tamanho da imagem também foi
alterado. A proporção da tela de um aparelho era de 4:3 aumentou para 16:9.
Essa mudança atingiu a linguagem televisiva que teve que se preocupar com
disposição de âncoras e atores, além de ter que desenvolver novos grafismos,
vinhetas, logotipos e o cuidado com a profundidade (CARDOSO; SANTOS;
GOULART, 2007, p.63) que a muito não eram repensados dentro de um
conceito televisivo.
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Outro fator que irá mudar consideravelmente a maneira de se fazer e
assistir televisão será a introdução da interatividade na TV Digital brasileira,
que será discutido mais a frente.
O avanço tecnológico é algo inerente para a população. Sua inclusão
em todos os âmbitos, principalmente na comunicação trará para a atualidade,
um futuro que só era possível visualizar em filmes e ou desenhos animados. A
interação máquina e homem estão cada vez mais próximos e a interatividade
proporcionada pela TV Digital transformará esse meio de comunicação em uma
forma multimídia, alterando a percepção do telespectador e confundindo o real
com o imaginário.
A importância da linguagem e seus conceitos
Para abordar linguagem televisiva, é importante discernir o que é
linguagem e quais são aquelas utilizadas pela televisão.
Para Ferdinand de Sausurre, considerado o pai da lingüística moderna,
a linguagem é a “faculdade geneticamente programada que todos os homens
normais dotados de órgãos fonadores dispõem” e explica que a língua é uma
parte integrante da linguagem (appud FREIXO, 2006, p.116).
Por ser de extrema importância para o conhecimento do comportamento
humano ao longo do temo, a linguagem e seu uso atraem estudiosos e
cientistas sociais ao longo do tempo (FREIXO, 2006, p.112), tendo nas
diversas formas de linguagem, uma forma de comunicação humana, ao
pensamento.
Para a comunicação, a linguagem é:
“qualquer sistema de signos – não só vocais ou escritos, como também visuais, fisionômicos, sonoros e gestuais – capaz de servir à comunicação entre indivíduos. Instrumento pelo qual
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os homens estabelecem vínculos no tempo e determinam os tipos de relações que matem entre si” (RABAÇA, 2001, p. 53).
Lorenzo Vilches fez uma analogia entre a linguagem dos meios de
comunicação e a convergência tecnológica. Vilches aponta que essa
linguagem não é diferente dos sistemas políticos e econômicos que regulam os
mercados da multimídia. “A linguagem audiovisual está estreitamente
relacionados com a língua nas quais os conteúdos são escritos e falados”
(VILCHES, 2003, p.96).
A linguagem é responsável pela transmissão das experiências humanas
de geração em geração, sendo que boa parte delas são hoje passadas pelos
meios de comunicação, principalmente da televisão.
A televisão explora três tipos de linguagens: a visual, a escrita e a oral,
que se articulam entre si e produzem efeitos complexos e difíceis de serem
identificados (GUIMARÃES; BARRETO, 2008).
Umberto Eco divide a linguagem em três códigos: icônico – processo de
percepção visual, Código Lingüístico – formulações verbais de uma
transmissão e Código Sonoro - sons e ruídos. Todos esses códigos descritos
por Umberto Eco possuem suas subdivisões ou subcódigos, em que ele
detalha cada um desses processos para uma melhor compreensão da
mensagem. (appud REZENDE, 2000, p.38).
Com as inovações tecnológicas associadas a televisão, esse meio de
comunicação se tornará ainda mais abrangente. A mobilidade e portabilidade
oferecida com a TV Digital e a convergência midiática proporcionarão uma
nova releitura do que é televisão e o a estrutura de sua linguagem, se tornará
de maneira geral, ainda mais importante.
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A televisão brasileira fora da caixa
Em 29 de junho de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou
o Decreto nº 5.820 que estabeleceu as diretrizes para a transição do serviço de
radiodifusão de sons, imagens e de retransmissão de televisão do sistema de
transmissão analógica para o digital.
Foi definido que o padrão japonês ISDB-T seria a base do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) e no dia 02 de dezembro
de 2007, o sinal da TV Digital aberta passa a ser transmitido no Brasil na
cidade de São Paulo.
Com a implementação da TV Digital os produtores já começam a pensar
em desenvolver conteúdos direcionados para essa nova mídia. Qualidade em
imagem e som tem sido inseridos aos poucos na programação da TV brasileira
de modo que os consumidores já sentem a diferença.
Além da melhora na recepção dos sinais, outros dois pontos ainda estão
sendo discutidos e testados pelas emissoras: a interatividade – um processo
que visa à participação ainda mais ativa dos telespectadores e a convergência
midiática – que já está sendo transmitida por alguns canais de TV aberta em
aparelhos móveis e portáteis que recebem o sinal digital. Entretanto, o que
ainda se espera são conteúdos exclusivos para essa nova mídia, já que a ideia
é oferecer ao público o assunto de interesse em todos momentos e em
qualquer lugar.
Antes de abordar como funcionará a linguagem na TV Digital Interativa é
importante abordar a diferença entre digital e interativo.
Valdecir Becker e Carlos Montez explicam que a TV Digital é a
transmissão digital dos sinais audiovisuais e quanto que a TV interativa:
“[...] não é uma simples junção ou convergência da internet com a TV, nem a evolução de nenhuma das duas, é uma nova mídia que engloba ferramentas de várias outras, entre elas a
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TV como conhecemos hoje a navegabilidade da internet” (BECKER;MONTEZ, 2005, p.36) .
Já a interatividade na televisão é outra questão a ser explicada. Para
Vilches: “a interatividade não é um meio de comunicação, mas uma função
dentro de um processo de intercâmbio entre duas entidades humanas ou
máquinas” (VILCHES, 2006, p. 234).
O impacto da interatividade na televisão brasileira, como está sendo
proposto por algumas emissoras é imenso.
Lauro Teixeira apresentou modelos de interatividade durante a grade de
programação, incluindo a publicidade, descrita por ele como “momento de
respiração” para os telespectadores. Ele aponta que é possível se criar
interatividade durante os intervalos o que proporcionaria ao telespectador a
sensação de rapidez durante o comercial e também sugere que a possibilidade
de consumir conteúdo audiovisual de acordo com o interesse do telespectador
o transforma não em um simples receptor, mas sim um “interagente” da
televisão.
“Somos telespectadores quando repousamos o controle remoto no sofá e confiamos nossa satisfação à habilidade do programador. Somos usuários quando usamos os recursos ou reagimos a eles, quando nos satisfazemos com a usabilidade desses recursos. E somos interagentes quando temos poder sobre o conteúdo” (TEIXEIRA,2008).
A introdução da interatividade na TV aberta brasileira alterará forma de
produzir, distribuir e consumir conteúdo televisivo.
“Essa quebra de paradigmas não representa o fim da televisão, pois a atual forma de ver TV pode continuar. Representa isso sim, o surgimento de uma nova mídia, com características próprias e peculiares a sua natureza tecnológica” (MONTEZ; BECKER, 2005, P. 58).
Essa interação oferecida a partir da TV Digital mudará por completo o
conceito da linguagem televisão. O conteúdo audiovisual ganha também mais
uma linguagem: a do hipertexto. Esse termo já é conhecido na linguagem da
computação e agora está tomando espaço na televisão. Para Pierre Lévy “o
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hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões”. Esses nós podem ser
“palavras, páginas, imagens, gráficos ou parte de gráficos, sequências sonoras,
documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos”. (LEVY,
2000, p.32).
A interatividade proporcionará ao telespectador uma participação mais
ativa durante a programação. Com esse recurso, os produtores de conteúdos
poderão oferecer opções de ângulos de câmeras, alterarem padrões de
contexto como cores e áudio (CARDOSO; SANTOS; GOULART, 2007, p.64)
além de poder obter informações mais detalhadas sobre o tema do programa
preferido.
A televisão que já era hibrida agora se transformará em um meio
hipermidiático ou multimídia. Roger Laufer e Domenico Scavetta definiram a
hipermídia:
“o conjunto de meios que permite acesso simultâneo a textos, imagens e sons de modo interativo e não linear, possibilitando fazer links entre elementos de mídia, controlar a própria navegação e, até, extrair textos, imagens e sons cuja sequência constituirá uma versão pessoal desenvolvida pelo o usuário” (appud GOSCIOLA,2003, p.30)
A convergência midiática é outro fator importante que transformará a
linguagem televisiva conhecida hoje. Ela chega para por um fim no paradigma
de que para assistir televisão é necessário estar em casa, em frente a um
aparelho. Atualmente, já é possível ter acesso a conteúdos televisivos através
de outros suportes midiáticos como no celular ou internet. Com isso, o
telespectador pode acessar informações que podem ser complementares ou
criadas especificadamente para aquele veículo, de acordo com o interesse
individual de cada um.
“Convergência é uma palavra que consegue definir transformações
tecnológicas, mercadológicas, culturas e sociais”, coloca Henry Jenkis
(JENKIS, 2008, p.27). Jenkis expõe que os meios de comunicação não estão
sendo substituídos, mas sim modificados a partir da introdução das novas
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tecnologias, o que alterará a maneira de produzir e principalmente de consumir
os conteúdos.
Vilches acredita que a convergência dos meios novos e antigos
representa uma integração de efeitos e funções que aumentarão seu alcance a
níveis universais e coloca a interatividade como sendo uma “divergência e
ruptura com uma cultura que se encontra além das tecnologias” (VILCHES,
2006, p. 234).
Almir Almas defende essa alteração a partir de dois parâmetros de
conceitos de linguagem televisiva: a de uso – que é a maneira de utilizar e
interagir com a interface e a de produção – que é o aprendizado dos
profissionais para produzir e distribuir a informação através do meio (ALMAS,
2005, p.27).
Almas também acredita que haverá mudanças tanto para quem produz
como para quem consome o conteúdo:
“para o telespectador, a maneira de se relacionar com o meio muda substancialmente. Ele deve “aprender” uma nova linguagem de utilização/usufruto dessa mídia, deve criar uma nova aproximação com o meio, um novo “approach”. Ao produzir conteúdo para esse novo meio deve-se pensar numa nova linguagem e não apenas em modos de produção com uma linguagem baseada na televisão convencional atual em que, na maior parte do tempo, o telespectador é apenas um receptor passivo de informação” (ALMAS, 2005, p.27).
Para não perder esse público que espera por novidades na linguagem
televisiva que as empresas de comunicação têm iniciado as pesquisas e testes
para o desenvolvimento desses novos conteúdos.
A idéia é oferecer cada vez mais conteúdos com valores agregados e
que ofereçam aos telespectadores mais informações e de maneira ainda mais
individualizada, atingindo a um público cada vez mais específico.
As grandes corporações que estão por trás dessas emissoras
pretendem desenvolver serviços que englobem todos os interesses dos
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telespectadores, reunindo o máximo de informações em uma “plataforma
multitecnológica”.
“As tecnologias da comunicação que permitirão a convergência dos meios não se destinarão a produzir informações ou conteúdos, mas principalmente, a gerir as relações com os usuários. (...) Pretendem instalar-se na vida dos usuários de maneira que a empresa de comunicação consiga estar presente em grande parte das atividades da pessoa” (VILCHES, 2003, p.29).
Entre as empresas que já estão investindo no desenvolvimento dessa
nova linguagem televisiva está as Organizações Globo, que aproveitaram a
convergência midiática para ampliar seus produtos e oferecerem ao
consumidor, o mesmo conteúdo em linguagens diferentes.
Os telejornais da emissora já mostram sinais de mudanças e começam
a convergir à linguagem televisiva com os outros meios de comunicação como
a internet e celular.
O Jornal Nacional, carro chefe da Central Globo de Jornalismo é o
próximo a ter sua linguagem televisiva alterada, já que, segundo os diretores
da emissora, apresentará um conteúdo exclusivo distribuído através dos
celulares (NOGUEIRA, 2009) .“O Jornal Nacional já está sendo transmitido
para os aparelhos que tem TV digital. O que se poderá fazer é assistir o jornal
em outro lugar, ou conteúdos de interesse individual. Mas os modelos de
negócios ainda estão sendo discutidos, não há nada fechado ainda. Hoje, o
investimento é a distribuição do conteúdo do canal aberto para as TVs
portáteis”, explica o Assessor de Planejamento e Projetos de Engenharia da TV
Globo Carlos de Brito Nogueira (NOGUEIRA, 2009).
Para atingir esse público de maneira mais eficaz, a emissora terá de
repensar a o que se é transmitido na televisão, já que no celular, a linguagem
deve ser rápida, dinâmica e mais fácil de ser compreendida em um curto
espaço de tempo.
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Além disso, a emissora também está em fase de testes para o
desenvolvimento de conteúdo para dispositivos móveis como trens e metrôs.
Desde 2008, há um investimento em protótipos de aplicativos interativos para
os programas, inclusive, já envolvendo os profissionais da área de produção e
criação, como é o caso do aplicativo desenvolvido para a novela Caminho das
Índias. ‘[...] desde o ano passado passamos a envolver as áreas de produção
da empresa nessas iniciativas de interatividade na TV aberta proposta pelo
SBTVD’, afirma diretor de engenharia da TV Globo São Paulo, Raimundo
Correa (LUCCA, 2009).
Segundo Carlos de Brito Nogueira (NOGUEIRA, 2009), mesmo com a
tendência de se assistir televisão em celulares a qualquer momento do dia, ele
acredita que o horário nobre não vai mudar: “Ele será o mesmo, porque são os
programas mais atrativos como novelas, realitys, telejornais são transmitidos
no horário convencional que é entre 18h e 24h, um horário que o próprio
público criou como demanda. O que vai acontecer é que a TV portátil vai ter
outros picos de audiência adicionais”(NOGUEIRA, 2009).
A emissora também pensa em criar conteúdos exclusivos para esse
público, mas de acordo com Nogueira, tudo irá depender da demanda: “À
medida que existir demanda, a emissora terá de aprender a se adaptar,
realizará pesquisas e desenvolverá um conteúdo específico para o público.
Mas ainda é tudo suposições e aprendizado” (NOGUEIRA, 2009).
Como todas as outras emissoras, a TV Globo ainda está em fase de
testes e experimentações com relação a interatividade. Apesar de ter sido uma
das primeiras a popularizar as escolhas da audiência com o programa Você
Decide, na década de 80, a emissora ainda não disponibiliza interatividade real
para o público. O assessor afirma que já foram feitos vários testes, entre eles
com o reality Big Brother, por exemplo, mas que tudo ainda é muito novo: “A
interatividade sempre chega depois, mas é normal porque em todos os países
foram assim, como nos Estados Unidos e Japão. Existem boas possibilidades
para se construir uma série de novas formas de se relacionar com os
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telespectadores e vice-versa, boas perspectivas. Mas não existem fórmulas
prontas para a interatividade. Estamos em fase de experimentação, mas no
mundo inteiro ainda não está nada fechado” (NOGUEIRA, 2009).
Outra empresa de comunicação que tem apresentado alguns resultados
a partir da convergência com as novas mídias é o Grupo Bandeirantes. Além
das emissoras de televisão rádios e jornais impressos, a Bandeirantes também
têm investido em outros nichos de mercado entre eles a TV Minuto, um canal
informativo veiculado no metrô de São Paulo. Além disso, também tem
desenvolvido aplicativos para a TV Digital Interativa e já começa a produzir
conteúdo exclusivo para o celular.
Para Luis Olivalves (2009), diretor de Interatividade do Grupo
Bandeirantes é preciso entender que a TV Digital é um meio novo e que vai
requerer adaptação tanto da parte de quem produz, quanto da parte de quem
assiste. Ele afirma que a TV Digital Interativa ainda será uma interface
dominante, que agregará valores e de maneira gratuita para o telespectador.
Com relação à linguagem, ele acredita que com a entrada da
interatividade, os formatos dos programas passarão por alterações, mas que
quando os profissionais se habituarem a incluir essa nova formatação no
conceito do programa, isso o tornará mais atraente e cativará ainda mais o
público.
Para a linguagem da televisão direcionada aos dispositivos móveis,
Olivalves é categórico. Ele acredita que o canal 1 Seg será o futuro da
televisão e que para atingir esse público, será necessária uma programação
exclusiva: “Tem que ser uma linguagem rápida, dinâmica com uma duração
diferente. Pode oferecer conteúdos mais aprofundados do que uma TV aberta
e de acordo com o público que estará assistindo” (OLIVALVES, 2009).
Olivalves concorda que as empresas devem se preparar para atingir a
todos os públicos com a expansão da TV Digital: “o que precisa é atingir os
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dois pólos extremos de telespectadores: os que já estão acostumados a assistir
televisão e os jovens que querem interagir” (OLIVALVES, 2009).
Os desafios de uma nova linguagem
A televisão tem sua matéria prima principal vinda do rádio: a fala
(Machado, 2001). Mas, a imagem aos poucos, foi criando seu espaço dentro
desse meio e se tornando algumas vezes, tão ou mais importante que a fala
em alguns momentos.
Para se ter uma ideia do alcance que a imagem representa, é possível
citar sua utilização nos telejornais, que muitas vezes, com a exposição da
imagem de algum fato, transmite ao telespectador a informação necessária
sem a necessidade de qualquer comentário.
Mas com a convergência midiática, a produção de conteúdo audiovisual
para a televisão terá que ser repensada, uma vez que através de dispositivos
móveis, os vídeos longos terão que ser editados e a linguagem verbal ainda
mais dinâmica.
Durante a National Association of Broadcasters de 2009, realizada em
Las Vegas (EUA), a opinião dos mais de 80 mil participantes era que “o futuro
da televisão aberta é móvel”. De acordo com a colunista americana Daisy
Whitney (2009) , o Mobile-DTV foi o produto mais comentado durante o evento
e está em fase de testes por algumas empresas em todo o mundo. Eles vêem
nesse nicho um novo modelo de negócios para a televisão aberta.
Entre as empresas que estão investindo estão os grupos de radiodifusão
Open Mobile Video Coalition e outras 21 emissoras, entre elas: Belo, Cox, Ion,
Hearst-Argyle, NBC Universal, Correios Newsweek, Scripps e Sinclair.
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Aqui no Brasil, a TV Digital proporcionou a possibilidade das emissoras
transmitirem seus conteúdos através de celulares ou dispositivos móveis. Mas
com tanto investimento em qualidade de imagem e som para televisão
“convencional”, como essa qualidade será repassada para esses
retransmissores? E quanto à linguagem, os gêneros e formatos já tradicionais
da televisão brasileira, irão ser mantidos ou as empresas estão pensando em
um produto diferenciado para atingir a essa nova demanda de público?
O jornalista e presidente do Instituto Brasileiro de Estudos da Televisão
(IETV) Nelson Hoineff (2009), acredita que as emissoras devem se preocupar
em criar uma nova linguagem audiovisual diferenciada para esse novo
mercado. “O conteúdo para TV móvel não deve e não pode ser o mesmo para
a TV fixa” (HOINEFF, 2009). Hoineff aponta que além da localização, esse
novo público é muito mais segmentado do que o que assiste a televisão em
casa.
“A programação móvel vai buscar o espectador onde ele estiver. (...) a
TV está se tornando mais individual e isso não tem volta”, afirma Hoineff.
(HOINEFF, 2009).
É importante pensar que essa nova maneira de ver televisão alterará a
forma de produzir e de receber esse conteúdo, tendo em vista que o
telespectador de celular não está necessariamente em busca do mesmo
conteúdo da televisão.
Se as emissoras mantêm uma grade fixa de programação em um
determinado horário (matutino, por exemplo), muitos homens ou adolescentes
que poderiam acessar a televisão através dos dispositivos móveis, tendo como
recurso a portabilidade oferecida pela TV Digital, pode não sentir interesse em
assisti-la.
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Pode estar aí um novo modelo de negócio para as empresas de
comunicação brasileiras, que terão de rever seus ‘horários nobres’ e readaptar
seus conteúdos de acordo com o público.
Hoineff acredita nessa tendência para o Brasil: “Os horários nobres
serão o de qualquer momento em que o espectador tenha com sua tv uma
relação mais individual, porque ela não estará mais pendurada em lugar algum,
estará na palma da sua mão” (HOINEFF, 2009).
Sites como o YouTube, o Justin.tv ou o Ustream.tv impulsionaram essa
nova maneira de assistir e de produzir televisão. A migração digital oferecida
pela tecnologia na televisão aponta que o usuário estará cada vez mais no
controle do conteúdo produzido pelas organizações (TIRABOSCHI, Galileu,
2009).
“A televisão deixou de ter o monopólio da distribuição da informação
audiovisual” (VILCHES, 2006, p.238). Vilches explica que devido aos suportes
que estão sendo desenvolvidos para o armazenamento de informações sonora
e visual, é possível que o espectador tenha opções de escolha e de
interatividade com a produção.
Essa possibilidade de participar da produção de conteúdo de uma
maneira mais ativa é o momento mais esperado pelos telespectadores
brasileiros.
Conclusão
A linguagem em todos os aspectos verbal, sonora ou visual permite ao
homem se expressar, se conhecer e se transformar ao longo da vida. É através
dela que as pessoas conseguem transformar pensamentos em ações e
transmitem idéias e ideais.
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Por esse motivo, a linguagem televisiva é muito importante para o meio
social e deve oferecer tanto para quem transmite quanto para quem a recebe,
as informações de maneira clara e objetiva, não importando seu formato ou
gênero.
Com a revolução tecnológica, a televisão passará a oferecer aos
telespectadores a possibilidade de interagir, de trocar informações através da
caixa. Aliás a própria televisão ultrapassou a caixa, e a explanação de Adorno
que dizia que os homens logo enjoariam de ver imagens em uma tela pequena,
bem diferente do cinema, não só estava erradas, como as pessoas estão cada
vez mais afoitas para verem essas imagens cada vez menores, a qualquer
hora em qualquer lugar.
Mas é importante lembrar que a televisão não pode perder jamais seu
principal atrativo que é criar conteúdos que atenda a grande maioria do público,
conhecida como ‘massa’. A televisão já possui uma linguagem consolidada e a
convergência midiática, assim como os novos recursos oferecidos pela TV
Digital, devem respeitar essa linguagem, já que muitos telespectadores não
terão acesso às novas tecnologias ou simplesmente por opção, continuarão a
assistir a televisão assim como ela é apresentada hoje.
Entretanto, a linguagem da televisão mudará e muito da maneira que se
é conhecida hoje. Mas, será que os distribuidores conseguirão incluir
aplicativos sem transformar radicalmente a visão que as pessoas possuem da
televisão?
A função da televisão poderá deixar de ter o conceito apenas de
entretenimento e informativo e, em algum tempo tomará seu lugar de direito
dentro da sociedade que é oferecer conhecimento e auxílio em todos os
âmbitos.
Com a inclusão da interatividade, o governo poderá transformar a TV
Digital Interativa em um meio de comunicação com a população, oferecendo
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serviços sociais, cultura, ensino a distância entre outros benefícios, tudo pela
televisão.
A definição de linguagem apresentada por Eco (icônico, lingüístico e
sonoro) terá que convergir com a tecnologia e os aplicativos desenvolvidos a
partir de software passarão a interagir em um único espaço, aumentando a
gama das linguagens acopladas na televisão.
Essa nova linguagem poderá trazer a sociedade uma nova maneira de
se relacionar com os distribuidores de conteúdo, possibilitará que essas
pessoas possam fazer.
Mas como lidar com os analfabetos digitais? Será que a TV Digital
Interativa é a chave para a verdadeira inclusão digital no país? Porque não se
utilizar de um aparelho que faz parte da vida de 98% da população nacional
para diminuir a taxa de analfabetismo, além de usar esse sistema para a
educação e saúde nesse país?
Os desafios para encontrar a linguagem televisiva ideal para a TV Digital
Interativa ainda precisam ser vencidos e as perspectivas são muitas. A fase de
testes dentro das emissoras de televisão durará alguns anos até que seja
possível oferecer um produto definitivo. Não será fácil atingir um público que
está dividido entre permanecer assistindo televisão ou transformar esse meio
em mais uma maneira de intercâmbio, alterando ainda mais sua percepção
com o mundo.
Mas, com a possibilidade de interação do telespectador, ele poderá
ajudar nesse processo de transformação, indicando o melhor caminho para as
emissoras, mostrando o que dá certo e o que precisa ser mudado.
A televisão fora da caixa já é uma realidade. É possível assistir a
programas da televisão em horários e dias diferenciados nos conteúdos
distribuídos on demand, ou seja, no momento em que o telespectador quiser
assistir, ele acessa o set-top-box, e acompanha o programa preferido. Muitos
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desses conteúdos são distribuídos pelas emissoras nos sites, depois de sua
exibição na televisão ou até antes de acontecer. A TV Globo, por exemplo,
permite que se assista a uma notícia minutos depois dela entrar no jornal pela
internet, assim como os capítulos de suas novelas, enquanto que emissoras
como a TV Cultura, apostou em oferecer na internet, conteúdos ainda não
apresentados na tv. Então, como lidar com um público que pode acessar o
conteúdo antes ou depois de sua exibição? Será que se deve mostrar esse
conteúdo na integrar ou utilizar uma linguagem diferenciada para, ao invés de
perder esse público fazer com que ele possa convergir entre as duas mídias?
Essa é uma barreira que os produtores de conteúdo terão que descobrir e
enfrentar.
O telespectador será agora a peça mais importante desse avanço. Se
antes a preocupação era com a audiência, os distribuidores de conteúdo
também devem estar atentos com a intervenção direta do telespectador, já que,
dessa vez, ele será o maior responsável pela construção da nova linguagem
televisiva.
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