painel - ambientes recifais do espírito santo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA LABORATÓRIO DE NECTOLOGIA INTRODUÇÃO Ambientes recifais são conhecidos por abrigarem um grande número de espécies, possuindo alta diversidade de nichos ecológicos (LONGHURST & PAULY, 2007). Podemos encontrar nos recifes peixes de diferentes categorias tróficas, como herbívoros, piscívoros, carnívoros, onívoros, invertívoros e planctívoros. Os recifes rochosos, devido sua complexidade estrutural, disponibilizam refúgio, alimento e locais de deposição de ovos e assentamento larval para inúmeras espécies. No litoral do Espírito Santo, recifes de coral são encontrados na costa da região norte, proveniente do banco de Abrolhos, enquanto que costões e recifes rochosos predominam na região centro-sul do estado, onde se pode observar muitas ilhas e recifes costeiros. Os ambientes recifais do litoral sul do Espírito Santo abrigam uma das faunas de peixes recifais mais ricas já registradas na costa do Brasil, sendo encontradas mais de 300 espécies. Este trabalho é parte de um projeto de mapeamento de habitats marinhos, que estudou diferentes ambientes recifais no litoral sul do Espírito Santo. Os dados levantados neste projeto colaboram para o aumento do entendimento da dinâmica de recifes marginais, bem como para a criação de estratégias de conservação e sustentabilidade dos recursos naturais. RESULTADOS Os ambientes estudados foram: recifes rochosos, fundo biogênico, recifes biogênicos (ou cabeços) e recifes com cobertura de Algas. Recifes rochosos: Foi levantada a ocorrência de 78 espécies de peixes. As famílias mais especiosas foram Haemulidae (8 sp.), Serranidae (7 sp.), Carangidae (6 sp.) e Labrisomidae (5 sp.). O ambiente “Recifes rochosos” apresentou o maior índice de diversidade de Shannon (3,2) e somente a terceira maior abundância (171,9 ind./100m2). A espécie mais abundante foi o peixe-donzela Stegastes fuscus (22,1 ind./100m2), seguido pelo peixe-piaba Pempheris schomburgki (17,9 ind./100m2), o cirurgião Acanthurus chirurgus (16,0 ind./100m2), as cocorocas Ortopristis ruber (15,2 ind./100m2) e Haemulon aurolineatum (11,9 ind./ 100m2), a sardinha Harengula clupeola (8,1 ind./100m2) e o salema Anisotremus virginicus (7,4 ind./100m2). A cobertura bentônica possui grandes formações coralinas (16,86%) e boa representação de algas carnosas (12,23%). A comunidade zoobentônica foi caracterizada pelo domínio do grupo Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 11,58 % de cobertura, seguido por Esponja (Filo Porifera) com 9,95 % e Hidróide (Ordem Hydroida, Classe Hydrozoa, Filo Cnidaria) com 8,97 %. A cobertura de substrato não consolidado foi de 20,46% (Figura 58). Recifes Biogênicos (Cabeços): Foram registradas 75 espécies de peixes pertencentes a 34 famílias. As famílias mais especiosas foram Serranidae (10 sp.), Haemulidae (7 sp.), Carangidae (4 sp.) e Sparidae (4 sp.). O ambiente “Cabeços” apresentou o segundo maior índice de diversidade de Shannon (2,7) e a segunda maior abundância (226,2 ind./100m2). As espécies mais importantes foram o olho-de-cão Priacanthus arenatus (51,3 ind./100m2), as cocorocas Haemulon aurolineatum (44,8 ind./100m2), Orthopristis ruber (23,8 ind./100m2) e Haemulon steindachneri (18,1 ind./ 100m2) e a cavalinha Decapterus spp. (20,2 ind./100m2), representando 70 % da abundância total. Este ambiente apresentou a menor cobertura de macroalgas, com destaque para 7,31% de algas calcárias incrustantes. A comunidade zoobentônica foi caracterizada pelo domínio da cobertura por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 12,19 %, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) com 8,18 %, Octocoral (Subclasse Octocorallia, Classe Anthozoa, Filo Cnidaria) com 4,70 %. A cobertura de substrato não consolidado foi a maior entre os todos ambientes, com 45,84 % de cobertura. Fundos biogênicos: 30 espécies distribuídas em 25 famílias foram levantadas para o ambiente “Fundos biogênicos”. As famílias mais especiosas foram Serranidae (7 sp.), Labridae (3 sp.) e Gobiidae (3 sp.). O ambiente “Fundos biogênicos” apresentou o terceiro maior índice de diversidade de Shannon (2,2) e a menor abundância (34,6 ind./100m2). As espécies mais abundantes foram a cocoroca Haemulon aurolineatum (10,2 ind./100m2), o sabonete Halichoeres poeyi (7,0 ind./100m2), o pargo-rosa Pagrus pagrus (6,9 ind./100m2), o peixe-borboleta Chaetodon sedentarius (1,6 ind./100m2), a mariquita Serranus baldwini (1,5 ind./100m2) e o michole Diplectrum formosum (1,2 ind./100m2). Este ambiente constitui um fundo recifal com pequena cobertura de macroalgas carnosas (6,31 %), porém com boa formação de algas coralinas incrustantes formadoras de bancos recifais (12,49 %). Entre os zoobentos, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) foi a mais representativa com 21,99 % de cobertura, seguida por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 10,70 %, Esponja (Filo Porifera) com 6,42 %, Briozoário (Filo Bryozoa) com 5,55 % e Octocoral (Subclasse Octocorallia, Classe Anthozoa, Filo Cnidaria) com 5,16 %. A cobertura de substrato não consolidado foi a menor entre os ambientes com 13,96 %. Fundos biogênicos com cobertura de Algas: No ambiente “Algas” foram observadas 66 espécies em 32 famílias. As famílias mais especiosas foram Haemulidae (8 sp.), Labridae (6 sp.), Serranidae (5 sp.) e Labrisomidae, Pomacanthidae, Pomacentridae e Scaridae (4 sp.). O ambiente “Algas” apresentou a maior abundância total (293,8 ind./100m2), porém um baixo índice de diversidade de Shannon (1,5). As espécies mais abundantes foram as cocorocas Haemulon aurolineatum (194,7 ind./100m2) e H. steindachneri (29,8 ind./100m2), representando 76 % da abundância total, o sabonete Halichoeres poeyi (14,9 ind./100m2), o cirurgião Acanthurus bahianus (8,4 ind./100m2) e o peixe- donzela Stegastes fuscus (6,3 ind./100m2). Este ambiente foi caracterizado pela grande cobertura de macroalgas (43,22 %), com destaque para o grupo de algas carnosas (22,00 %). Apresenta também grande cobertura de algas calcárias incrustantes caracterizando a formação de rodolitos em alguns pontos. Entre os organismos zoobentônicos, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) foi o mais representativo com 12,04 % de cobertura, seguido por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 8,17 %, Octocorais (Classe Anthozoa, Filo Cnidária) com 4,89 % (Figura 76). A cobertura da superfície de substrato não consolidado foi de 10,28 %. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo ocorreu entre os municípios de Anchieta e Marataízes, litoral sul do Espírito Santo (Fig.1). Os pontos estudados situam-se entre 1 e 20 km da costa e entre profundidades de 3 a 25 m. Coleta de Dados: O método utilizado para levantamento da ictiofauna foi o censo visual subaquático, metodologia não destrutiva que não conta com coleta dos indivíduos. Foram realizados aproximadamente 20 censos em cada ponto, conduzidos utilizando-se transects de 20 m de comprimento e 2 m de largura, onde foram anotadas em pranchetas de PVC a lista e a abundância das espécies. Um total de 220 censos foi realizado. Para a amostragem da comunidade bentônica utilizou-se a técnica de foto-quadrate. Os dados sobre a cobertura dos organismos bentônicos foram coletados através de 10 foto-quadrates em transectes de 20 metros de comprimento, onde fotos 35x20 cm foram batidas a cada 2 metros do transecte (10 fotos por transecte). Em cada ponto, três transectes foram dispostos aleatoriamente, visando compreender o máximo da habitats encontrados. As fotos foram analisadas em laboratório utilizando-se o programa CPCE, onde foram identificados 30 pontos aleatórios em cada foto. Um total de 710 fotos foi amostrado. Análise dos Dados: A abundância de peixes é expressa em número de indivíduos por 100m² e a diversidade medida através do índice de Shannon-Wiener. A cobertura bentônica é expressa em Porcentagem de cobertura (%). AMBIENTES RECIFAIS DA COSTA SUL DO ESPÍRITO SANTO Hudson Tércio Pinheiro 1,2 ; Thiony Emanuel Simon 1 ; João Batista Teixeira 1 , Thiago José F. Costa 2 , Fernando P. M. Repinaldo Filho 2,3 E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 1 Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória, ES. ² Associação Ambiental Voz da Natureza. [email protected] ³ Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade CONCLUSÃO A costa sul do Espírito Santo, apesar de não possuir recifes de coral, apresenta grande diversidade e quantidade de ambientes recifais. Uma parcela dos ambientes recifais encontrados, como os recifes e fundos biogênicos, são largamente desconhecidos pela maioria dos pesquisadores brasileiros. Grande parte dos estudos realizados no Brasil são conduzidos em recifes rochosos e de coral. Ambientes de recifes e fundo biogênico são amplamente distribuidos e proporcionam uma conectividade entre os demais ambientes recifais. Uma análise integrada entre todos os tipos de ambientes recifais é necessária para o entendimento da dinamica ecológica das espécies envolvidas, assim como planejamento de áreas prioritárias para conservação. REFERÊNCIAS LONGHURST, A.R.; PAULY, D. 2007. Ecologia dos Oceanos Tropicais. Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo. 419pp. Figura 3: Espécies mais abundantes encontradas nos Recifes Biogênicos ou “cabeços”, litoral sul do Espírito Santo. a: P. arenatus; b: H. steindachneri. Figura 2: Espécies mais abundantes no ambiente “Fundos biogênicos”. a: H poeyi; b: S. baldwini; c: D. formosum; d: C. sedentarius. Figura 5 - Distribuição espacial dos diferentes ambientes recifais estudados. Figura 1: Espécies mais abundantes encontradas no ambiente “Recifes rochosos”. a: P. schomburgkii; b: H. aurolineatum. Figura 4: Espécies mais abundantes encontradas nas áreas de fundo de substrato inconsolidado do litoral sul do Espírito Santo. a: P. harroweri; b: P. brasiliensis; c: C. jamaicensis; d: S. rastrifer.

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RESULTADOS CONCLUSÃO MATERIAIS E MÉTODOS REFERÊNCIAS INTRODUÇÃO Figura 2: Espécies mais abundantes no ambiente “Fundos biogênicos”. a: H poeyi; b: S. baldwini; c: D. formosum; d: C. sedentarius. Figura 1: Espécies mais abundantes encontradas no ambiente “Recifes rochosos”. a: P. schomburgkii; b: H. aurolineatum. Figura 3: Espécies mais abundantes encontradas nos Recifes Biogênicos ou “cabeços”, litoral sul do Espírito Santo. a: P. arenatus; b: H. steindachneri.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA

LABORATÓRIO DE NECTOLOGIA

INTRODUÇÃO

Ambientes recifais são conhecidos por abrigarem um grande número de espécies, possuindo alta diversidade de nichos ecológicos (LONGHURST & PAULY, 2007). Podemos encontrar nos recifes peixes de diferentes categorias tróficas, como herbívoros, piscívoros, carnívoros, onívoros, invertívoros e planctívoros. Os recifes rochosos, devido sua complexidade estrutural, disponibilizam refúgio, alimento e locais de deposição de ovos e assentamento larval para inúmeras espécies. No litoral do Espírito Santo, recifes de coral são encontrados na costa da região norte, proveniente do banco de Abrolhos, enquanto que costões e recifes rochosos predominam na região centro-sul do estado, onde se pode observar muitas ilhas e recifes costeiros. Os ambientes recifais do litoral sul do Espírito Santo abrigam uma das faunas de peixes recifais mais ricas já registradas na costa do Brasil, sendo encontradas mais de 300 espécies. Este trabalho é parte de um projeto de mapeamento de habitats marinhos, que estudou diferentes ambientes recifais no litoral sul do Espírito Santo. Os dados levantados neste projeto colaboram para o aumento do entendimento da dinâmica de recifes marginais, bem como para a criação de estratégias de conservação e sustentabilidade dos recursos naturais.

RESULTADOS

Os ambientes estudados foram: recifes rochosos, fundo biogênico, recifes biogênicos (ou cabeços) e recifes com cobertura de Algas.

Recifes rochosos: Foi levantada a ocorrência de 78 espécies de peixes. As famílias mais especiosas foram Haemulidae (8 sp.), Serranidae (7 sp.), Carangidae (6 sp.) e Labrisomidae (5 sp.). O ambiente “Recifes rochosos” apresentou o maior índice de diversidade de Shannon (3,2) e somente a terceira maior abundância (171,9 ind./100m2). A espécie mais abundante foi o peixe-donzela Stegastes fuscus (22,1 ind./100m2), seguido pelo peixe-piaba Pempheris schomburgki (17,9 ind./100m2), o cirurgião Acanthurus chirurgus (16,0 ind./100m2), as cocorocas Ortopristis ruber (15,2 ind./100m2) e Haemulon aurolineatum (11,9 ind./100m2), a sardinha Harengula clupeola (8,1 ind./100m2) e o salema Anisotremus virginicus (7,4 ind./100m2). A cobertura bentônica possui grandes formações coralinas (16,86%) e boa representação de algas carnosas (12,23%). A comunidade zoobentônica foi caracterizada pelo domínio do grupo Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 11,58 % de cobertura, seguido por Esponja (Filo Porifera) com 9,95 % e Hidróide (Ordem Hydroida, Classe Hydrozoa, Filo Cnidaria) com 8,97 %. A cobertura de substrato não consolidado foi de 20,46% (Figura 58).

Recifes Biogênicos (Cabeços): Foram registradas 75 espécies de peixes pertencentes a 34 famílias. As famílias mais especiosas foram Serranidae (10 sp.), Haemulidae (7 sp.), Carangidae (4 sp.) e Sparidae (4 sp.). O ambiente “Cabeços” apresentou o segundo maior índice de diversidade de Shannon (2,7) e a segunda maior abundância (226,2 ind./100m2). As espécies mais importantes foram o olho-de-cão Priacanthus arenatus (51,3 ind./100m2), as cocorocas Haemulon aurolineatum (44,8 ind./100m2), Orthopristis ruber (23,8 ind./100m2) e Haemulon steindachneri (18,1 ind./100m2) e a cavalinha Decapterus spp. (20,2 ind./100m2), representando 70 % da abundância total. Este ambiente apresentou a menor cobertura de macroalgas, com destaque para 7,31% de algas calcárias incrustantes. A comunidade zoobentônica foi caracterizada pelo domínio da cobertura por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 12,19 %, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) com 8,18 %, Octocoral (Subclasse Octocorallia, Classe Anthozoa, Filo Cnidaria) com 4,70 %. A cobertura de substrato não consolidado foi a maior entre os todos ambientes, com 45,84 % de cobertura.

Fundos biogênicos: 30 espécies distribuídas em 25 famílias foram levantadas para o ambiente “Fundos biogênicos”. As famílias mais especiosas foram Serranidae (7 sp.), Labridae (3 sp.) e Gobiidae (3 sp.). O ambiente “Fundos biogênicos” apresentou o terceiro maior índice de diversidade de Shannon (2,2) e a menor abundância (34,6 ind./100m2). As espécies mais abundantes foram a cocoroca Haemulon aurolineatum (10,2 ind./100m2), o sabonete Halichoeres poeyi (7,0 ind./100m2), o pargo-rosa Pagrus pagrus (6,9 ind./100m2), o peixe-borboleta Chaetodon sedentarius (1,6 ind./100m2), a mariquita Serranus baldwini (1,5 ind./100m2) e o michole Diplectrum formosum (1,2 ind./100m2). Este ambiente constitui um fundo recifal com pequena cobertura de macroalgas carnosas (6,31 %), porém com boa formação de algas coralinas incrustantes formadoras de bancos recifais (12,49 %). Entre os zoobentos, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) foi a mais representativa com 21,99 % de cobertura, seguida por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 10,70 %, Esponja (Filo Porifera) com 6,42 %, Briozoário (Filo Bryozoa) com 5,55 % e Octocoral (Subclasse Octocorallia, Classe Anthozoa, Filo Cnidaria) com 5,16 %. A cobertura de substrato não consolidado foi a menor entre os ambientes com 13,96 %.

Fundos biogênicos com cobertura de Algas: No ambiente “Algas” foram observadas 66 espécies em 32 famílias. As famílias mais especiosas foram Haemulidae (8 sp.), Labridae (6 sp.), Serranidae (5 sp.) e Labrisomidae, Pomacanthidae, Pomacentridae e Scaridae (4 sp.). O ambiente “Algas” apresentou a maior abundância total (293,8 ind./100m2), porém um baixo índice de diversidade de Shannon (1,5). As espécies mais abundantes foram as cocorocas Haemulon aurolineatum (194,7 ind./100m2) e H. steindachneri (29,8 ind./100m2), representando 76 % da abundância total, o sabonete Halichoeres poeyi (14,9 ind./100m2), o cirurgião Acanthurus bahianus (8,4 ind./100m2) e o peixe-donzela Stegastes fuscus (6,3 ind./100m2). Este ambiente foi caracterizado pela grande cobertura de macroalgas (43,22 %), com destaque para o grupo de algas carnosas (22,00 %). Apresenta também grande cobertura de algas calcárias incrustantes caracterizando a formação de rodolitos em alguns pontos. Entre os organismos zoobentônicos, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) foi o mais representativo com 12,04 % de cobertura, seguido por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 8,17 %, Octocorais (Classe Anthozoa, Filo Cnidária) com 4,89 % (Figura 76). A cobertura da superfície de substrato não consolidado foi de 10,28 %.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo ocorreu entre os municípios de Anchieta e Marataízes, litoral sul do Espírito Santo (Fig.1). Os pontos estudados situam-se entre 1 e 20 km da costa e entre profundidades de 3 a 25 m. Coleta de Dados: O método utilizado para levantamento da ictiofauna foi o censo visual subaquático, metodologia não destrutiva que não conta com coleta dos indivíduos. Foram realizados aproximadamente 20 censos em cada ponto, conduzidos utilizando-se transects de 20 m de comprimento e 2 m de largura, onde foram anotadas em pranchetas de PVC a lista e a abundância das espécies. Um total de 220 censos foi realizado. Para a amostragem da comunidade bentônica utilizou-se a técnica de foto-quadrate. Os dados sobre a cobertura dos organismos bentônicos foram coletados através de 10 foto-quadrates em transectes de 20 metros de comprimento, onde fotos 35x20 cm foram batidas a cada 2 metros do transecte (10 fotos por transecte). Em cada ponto, três transectes foram dispostos aleatoriamente, visando compreender o máximo da habitats encontrados. As fotos foram analisadas em laboratório utilizando-se o programa CPCE, onde foram identificados 30 pontos aleatórios em cada foto. Um total de 710 fotos foi amostrado. Análise dos Dados: A abundância de peixes é expressa em número de indivíduos por 100m² e a diversidade medida através do índice de Shannon-Wiener. A cobertura bentônica é expressa em Porcentagem de cobertura (%).

AMBIENTES RECIFAIS DA COSTA SUL DO ESPÍRITO SANTO

Hudson Tércio Pinheiro1,2; Thiony Emanuel Simon1; João Batista Teixeira1, Thiago José F. Costa2, Fernando P. M. Repinaldo Filho2,3 E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

1Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória, ES. ² Associação Ambiental Voz da Natureza. [email protected]

³ Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

CONCLUSÃO

A costa sul do Espírito Santo, apesar de não possuir recifes de coral, apresenta grande diversidade e quantidade de ambientes recifais. Uma parcela dos ambientes recifais encontrados, como os recifes e fundos biogênicos, são largamente desconhecidos pela maioria dos pesquisadores brasileiros. Grande parte dos estudos realizados no Brasil são conduzidos em recifes rochosos e de coral. Ambientes de recifes e fundo biogênico são amplamente distribuidos e proporcionam uma conectividade entre os demais ambientes recifais. Uma análise integrada entre todos os tipos de ambientes recifais é necessária para o entendimento da dinamica ecológica das espécies envolvidas, assim como planejamento de áreas prioritárias para conservação.

REFERÊNCIAS

LONGHURST, A.R.; PAULY, D. 2007. Ecologia dos Oceanos Tropicais. Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo. 419pp.

Figura 3: Espécies mais abundantes encontradas nos Recifes Biogênicos ou “cabeços”, litoral sul do Espírito Santo. a: P. arenatus; b: H. steindachneri.

Figura 2: Espécies mais abundantes no ambiente “Fundos biogênicos”. a: H poeyi; b: S. baldwini; c: D. formosum; d: C. sedentarius.

Figura 5 - Distribuição espacial dos diferentes ambientes recifais estudados.

Figura 1: Espécies mais abundantes encontradas no ambiente “Recifes rochosos”. a: P. schomburgkii; b: H. aurolineatum.

Figura 4: Espécies mais abundantes encontradas nas áreas de fundo de substrato inconsolidado do litoral sul do Espírito Santo. a: P. harroweri; b: P. brasiliensis; c: C. jamaicensis; d: S. rastrifer.