painel - edição 247 - out.2015

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Plano Diretor Rural painel Ano XVIII nº 247 outubro/ 2015 AEAARP Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

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Veículo de divulgação oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP).

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Page 1: Painel - edição 247 - out.2015

Pela primeira vez desde 1995, proposta de revisão do Plano Diretor prevê organização do meio rural

PlanoDiretorRural

ARQUITETURATécnica e materiais para

o conforto ambiental

MICROBACIAPrograma benefi ciou

agricultores de 645 municípios

PESQUISALevantamento revela que a

Lei das Reformas não pegou

painelAno XVIII nº 247 outubro/ 2015

A E A A R P

Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

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ÁGUA, MAS EM MARTE

Uma frase atribuída a Beijamin Franklin, cien�sta americano que viveu no século

18, é bastante significa�va da nossa realidade no século 21: “Se destruírem as ci-

dades, mas conservarem os campos, as cidades ressurgirão. Mas, se destruírem os

campos e preservarem as cidades, as cidades perecerão”.

A crise hídrica que a�nge o estado de São Paulo deve fazer-nos refle�r sobre a

responsabilidade de cada um de nós, técnicos e cidadãos, em relação às a�vidades

que desempenhamos. Estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) detectou

que o sistema Cantareira, que abastece a cidade de São Paulo, passou por um pro-

cesso de transição drás�ca. Nesta edição da Painel, reportagem relata o significado

preocupante deste processo, que começou em 2013 e poderia ter sido evitado com

a adoção de medidas aparentemente simples, como a redução da re�rada de água

do reservatório, que implicaria em redução do consumo.

Neste úl�mo ponto reside a responsabilidade de todos nós. Em Ribeirão preto,

há décadas autoridades e técnicos batem na mesma tecla: o Aquífero Guarani está

rebaixando grada�vamente a cada ano. Precisamos reduzir o consumo, economizar

água e adotar medidas urbanís�cas e tecnológicas que protejam o nosso manancial.

O poder público deve cuidar da rede, que é an�ga e cheia de problemas que

causam desperdício antes de a água chegar às torneiras. Empreendimentos imobi-

liários devem adotar medidas de u�lização responsável da água, com sistemas de

reuso e captação da água de chuva. O cidadão precisa ter acesso a ferramentas que

possibilitem a redução do consumo da água do manancial sem afetar dras�camente

seus hábitos e necessidades co�dianas.

Engenheiros, arquitetos e agrônomos têm acesso a essas ferramentas e precisam

u�lizá-las, para o bem de toda a população.

No filme Perdido em Marte, o personagem do ator Ma~ Damon é deixado no

planeta vermelho em razão de um imprevisto sofrido pela equipe que compõe

a missão. Ele sobrevive, produzindo água e alimentos a par�r de conhecimentos

cien�ficos. Quando o filme foi feito, ninguém sabia ainda da existência de água em

Marte, anunciada pela Agência Espacial Norte-americana (NASA). Este, porém, é

mais um exemplo do grande fascínio provocado por aquele planeta e da importância

da água para a sobrevivência.

Quando a descoberta foi anunciada, ressurgiram teorias sobre a possibilidade de

haver vida por lá, o que, no imaginário popular, significa seres extraterrestes com

grandes poderes. Em todo o mundo, surgem projetos de vilas que poderiam abrigar

pessoas que viveriam em Marte, o que estaria garan�do pela existência da água.

O que deve nos despertar para a realidade é a frase de Beijamin Franklin. Vamos

cuidar dos recursos naturais que temos à disposição hoje, temos conhecimento e

tecnologia para garan�r a vida na Terra, sem precisarmos recorrer à ficção cien�fica

para projetar o futuro.

Eng. civil Carlos AlencastrePresidente

Eng. civilCarlos Alencastre

Editorial

Page 4: Painel - edição 247 - out.2015

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento AlencastrePresidente

Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge1º Vice-presidente

Eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho2º Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administrativo: eng. agr. Callil João FilhoDiretor Financeiro: eng. agr. Benedito Gléria FilhoDiretor Financeiro Adjunto: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio BagatinDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. civil Hirilandes AlvesDiretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: eng. civil Rodrigo Fernandes AraújoDiretor de Comunicação e Cultura: eng. agr. Paulo Purrenes PeixotoDiretor Social: arq. e urb. Marta Benedini VecchiDiretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino

DIRETORIA TÉCNICAAgronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira RosaArquitetura, Urbanismo e afins: arq. Ercília Pamplona Fernandes SantosEngenharia e afins: eng. Naval José Eduardo Ribeiro

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna

Conselheiros TitularesEng. agr. Dilson Rodrigues CáceresEng. civil Edgard CuryEng. civil Elpidio Faria JuniorArq. e eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Franco do AmaralEng. agr. Geraldo Geraldi JrEng. agr. Gilberto Marques SoaresEng. mec. Giulio Roberto Azevedo PradoEng. elet. Hideo KumasakaEng. civil João Paulo de Souza Campos FigueiredoArq. Luiz Eduardo Siena MedeirosArq. e urb. Maria Teresa Pereira LimaEng. civil Ricardo Aparecido Debiagi

Conselheiros SuplentesEng. agr. Alexandre Garcia TazinaffoArq. e urb. Celso Oliveira dos SantosEng. agr. Denizart BolonheziEng. civil Fernando Brant da Silva CarvalhoArq. e urb. Fernando de Souza FreireEng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro

CONSELHEIROS TITULARES DO CREA-SP INDICADOS PELA AEAARPEng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves

REVISTA PAINELConselho Editorial: - eng. civil Arlindo Sicchieri, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos,eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto [email protected]

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Joaquim Antonio Nascimento 39,cj. 13, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14024-180 - www.textocomunicacao.com.brFones: 16 3916.2840 | 3234.1110 - [email protected]

Editora: Daniela Antunes – MTb 25679

Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044

Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719Angela Soares - [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça NaderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também nãoexpressam, necessariamente, a opinião da revista.

Expediente

A S S O C I A Ç Ã ODE ENGENHARIAARQUITETURA EAGRONOMIA DERIBEIRÃO PRETO

Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

ÍndiceESPECIAL 05Plano Diretor deve atingir também a zona rural

LEGISLAÇÃO 08Maioria da população ainda desrespeita a Lei das Reformas

ARQUITETURA 10Tecnologia e técnica em favor do conforto

AGRICULTURA 15Com mais chuva, IAC aumenta a produção de sementes

AGRONEGÓCIO 16Microbacias II muda a forma de fazer negócio no campo

ENCONTRO 19SOEA, em Fortaleza, é destaque em qualidade técnica

CREA-SP 20AResolução 1025 e o registro da ART

PESQUISA 21Ensinando robôs

ÁGUA 22Problemas na Cantareira começaram em 2013, segundo pesquisadores

FOCO 24

TECNOLOGIA 25Projeto de geração de energia fotovoltaica é premiado

NOTAS E CURSOS 26

Page 5: Painel - edição 247 - out.2015

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AEAARP

ESPECIAL

zona ruralPela primeira vez desde 1995, revisão do Plano Diretor do municípiopropõe aprofundar o debate acerca da organização do meio rural

deve atingir também a

Das quase 200 milhões de pessoas

recenseadas pelo Ins�tuto Brasileiro de

Geografia e Esta�s�ca (IBGE) no Brasil

em 2010, cerca de 160 milhões viviam

na área urbana e aproximadamente

30 milhões na zona rural. Em Ribeirão

Preto, segundo o mesmo levantamen-

Plano Diretor

to, 99% das pessoas vivem na cidade. A

densidade demográfica predominante

nas áreas urbanas é uma das explica-

ções para uma a�tude que acaba in-

fringindo a legislação federal. O Estatu-

to da Cidade, que entrou em vigor no

início dos anos 2000, determina que os

municípios elaborem planos diretores

considerando toda a sua área, que in-

clui a urbana e a rural. Porém, só nesta

úl�ma revisão, deba�da em 2013 e que

segue em trâmite na Câmara Municipal,

as necessidades da zona rural foram

mais detalhadas.

Page 6: Painel - edição 247 - out.2015

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Revista Painel

DA ESTRUTURA RURAL

Art. 36. O uso e ocupação do solo na

área rural serão disciplinados no Plano

Estratégico Rural, instrumento perma-

nente da polí�ca agrícola, segurança

alimentar e nutricional, agronegócios,

turismo e meio ambiente rural.

Art. 37. O Plano Estratégico Rural deve-

rá contemplar os seguintes obje�vos:

I - garan�r e melhorar a sustentabilida-

de da população rural;

II - incen�var as a�vidades agrícolas de

pequeno porte e/ou familiares;

III - formular polí�cas e ações adminis-

tra�vas que harmonizem a economia

rural com desenvolvimento sócio am-

biental;

IV - elaborar programas para es�mular

o uso econômico de terras rurais, em

especial as não mecanizáveis;

V - fortalecer os canais de distribuição e

comercialização da produção municipal

e o controle de sua qualidade;

VI - apoiar e fiscalizar a manutenção de

maciços florestais em áreas rurais;

VII - incen�var a preservação das paisa-

gens naturais;

VIII - difundir a cultura da produção

agropecuária para toda a sociedade;

IX - incen�var o turismo rural;

X - incen�var a�vidades agrícolas que

não u�lizem produtos tóxicos de gran-

de mobilidade;

XI - garan�r a proteção e a conservação

do Aquífero Guarani.

Art. 38. São diretrizes do Plano Estra-

tégico Rural:

I - promover a assistência integral à

saúde da população rural e o acesso a

soluções locais de saneamento básico;

II - fortalecer a segurança no meio rural;

III - adotar manejo respeitando as boas

prá�cas agrícolas;

IV - facilitar a interação dos elos das di-

versas cadeias produ�vas do município

e seus respec�vos agentes;

O que diz a proposta de revisão

V - apoiar a recolocação profissional

de trabalhadores rurais deslocados de

suas propriedades em função da expan-

são das áreas urbanas;

VI - preservar a memória e os valores

culturais, ar�s�cos e arquitetônicos da

zona rural;

VII - integrar as polí�cas de desenvolvi-

mento rural de nível estadual e federal;

VIII - priorizar as culturas de longo ciclo

e evitar as prá�cas de agricultura meca-

nizada em áreas de maior declive;

IX - es�mular a qualidade ambiental das

propriedades rurais, fortalecendo a re-

lação protetor-recebedor, ressaltando o

papel do agricultor como prestador de

serviços ambientais valorizando o tra-

balho ambiental do agricultor.

Parágrafo único. Boas Prá�cas Agrícolas

(BPAs) cons�tuem um conjunto de pro-

cedimentos e recomendações aplicadas

para garan�r a qualidade do produto

agrícola, assim como a saúde, o bem-

-estar e a segurança do trabalhador ru-

ral, além de conservar o meio ambiente

por meio da u�lização sustentável dos

recursos naturais.

Art. 39. A polí�ca de expansão urbana

deverá considerar as disposições do

Plano Estratégico Rural.

Art. 40. O Plano Estratégico Rural de-

senvolverá polí�cas para fortalecimen-

to da cadeia produ�va, dos negócios,

eventos e estudos, aprimorando a cida-

de como polo contemporâneo e impor-

tante de serviços e a�vidades agroin-

dustriais.

Parágrafo único. A polí�ca que trata o

“caput” deverá incen�var:

I - o potencial de ciência e tecnologia

dos organismos públicos e privados do

setor agrícola;

II - potencial acadêmico para ciências

agrárias e gestão de agronegócios;

III - eventos agroindustriais.

Quando, em 1945, o engenheiro José

de Oliveira Reis elaborou a primei-

ra proposta para um plano diretor do

município, que considerou exclusiva-

mente a área urbana, já alertava para

a necessidade de ser elaborado um

plano regional, que incorporasse tam-

bém a área rural. O projeto dele não foi

implantado e, 50 anos mais tarde, em

1995, quando o primeiro Plano Diretor

foi aprovado no município, a área rural

não foi incluída.

O arquiteto e urbanista José Antônio

Lancho� é coordenador da atual revi-

são do Plano Diretor, cujo projeto de

lei tramita na Câmara Municipal. Ele

admite que, tanto na lei original quan-

to nas revisões feitas nos anos seguin-

tes, a abordagem da organização rural

foi superficial. Desta vez, entretanto,

diante de um volume muito grande de

solicitações, foi determinada a adoção

de um Plano Estratégico, que deve ser

elaborado em até quatro anos após a

promulgação da lei.

Lancho� explica que os representan-

tes do setor – profissionais, moradores,

proprietários, dentre outros – deverão

compor grupos de trabalho que deba-

terão e definirão diretrizes para ques-

tões rurais, como segurança alimentar e

expansão urbana. O arquiteto defende

que estes são temas estratégicos, uma

vez que a cidade não pode avançar so-

bre áreas de cul�vo que sejam essen-

ciais para a população ou para quem

vive da terra.

O Estatuto da Cidade (Lei

nº. 10.257/01), determina a

revisão do Plano Diretor pelo

menos a cada 10 anos.

Page 7: Painel - edição 247 - out.2015

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AEAARP

Veja na área Revista Painel na página

da AEAARP a edição nº 199, de outubro

de 2011, a reportagem que relata o

primeiro projeto de Plano Diretor feito

para Ribeirão Preto em 1945.

www.aeaarp.org.braeaarp.org

da

pr

PrecariedadeSegundo o engenheiro agrônomo Luís

Fernando Franco Zorzenon, antes da

promulgação da Cons�tuição Federal,

em 1988, a área rural sequer era consi-

derada nas polí�cas públicas de Estado.

Ele propõe uma reflexão histórica am-

pla a respeito da ocupação rural, que foi

abandonada por várias famílias nas úl�-

mas décadas. O engenheiro agrônomo

ques�ona, por exemplo, se o êxodo ru-

ral teria acontecido caso as necessida-

des das famílias �vessem sido atendidas

naquele ambiente onde viviam.

Zorzenon trabalha na Coordenadoria

de Assistência Técnica Integral (CATI) do

governo do estado de São Paulo. Conhe-

ce a realidade rural da região de Ribeirão

Preto, a qual classifica como de grande

precariedade. Falta educação, cultura,

transporte, segurança pública, serviço

de saúde, saneamento e outros serviços

básicos, como a coleta de resíduos.

No bairro rural Pau D’alho, que fica

em Ribeirão Preto, por exemplo, houve

recentemente um caso de Doença de

Chagas. Houve infestação de insetos bar-

beiros contaminados com o protozoário

Trypanosoma cruzi, causador da doença.

Para Zorzenon, esta é uma questão de

saúde pública. Portanto, o fato de estar

em ambiente rural não é jus�fica�va para

a ocorrência do problema, principalmen-

te na cidade que tem um centro de re-

ferência em pesquisa e tratamento desta

doença, que é o Hospital das Clínicas.

O exemplo do bairro Pau D’alho de-

monstra que as questões de saúde

pública devem ser tratadas adequada-

mente nesse meio, incluindo a adoção

de um posto de saúde rural. Zorzenon e

o também engenheiro agrônomo Paulo

Peixoto, diretor de Comunicação da AE-

AARP, defendem, por exemplo, a insta-

lação de escolas rurais, que já exis�ram

no passado.

Em relação aos resíduos, tanto o lixo

domés�co quanto o sanitário, a preca-

riedade beira o abandono. Zorzenon ex-

plica que as residências rurais usam fos-

sas negras, que têm impacto ambiental,

além da precariedade sanitária. Não há

coleta de lixo. Em algumas cidades da

região, como Brodowski e Santa Rosa

de Viterbo, a prefeitura coloca uma ca-

çamba em um ponto da estrada rural e

os moradores despejam ali seus resídu-

os. Trata-se de um arranjo e não de uma

polí�ca pública que dê conta do resíduo

produzido pelos moradores.

Plano DiretorAs realidades do meio rural e do ur-

bano são diferentes. Um exemplo é o

�po de ocupação. No ambiente rural, é

dispersa, o que leva a debates sobre a

forma de ofertar os serviços públicos e

instalar equipamentos de saúde e edu-

cação, por exemplo.

Peixoto considera essa realidade parte

do desafio. “O que não pode é deixar de

enfrenta-lo”, opina. Para ele, o fato de a

Lei Federal exigir a par�cipação popular

na elaboração do Plano Diretor é uma

grande vitória da sociedade. Porém, sem

efeito para quem vive no campo. “Não

há representa�vidade polí�ca”, afirma.

No Plano Diretor de Ribeirão Preto, em

vigor desde 1995, a questão da organiza-

ção do meio rural se resume a seis men-

ções na lei original que, dentre outras

coisas, determina: “que a zona rural do

território do município seja considerada,

nos seus aspectos }sicos, econômicos e

sociais, como tais integrados na Polí�ca

Municipal de Desenvolvimento, por im-

pera�vo do disposto no ar�go 155 da Lei

Orgânica do Município de Ribeirão Preto”.

Peixoto e Zorzenon concordam que

as peculiaridades da zona rural exigem

legislação própria. “Tem questões de

mobilidade, acessibilidade, ocupação

do solo, meio ambiente, infraestrutura,

enfim, todas as questões que devem ser

respondidas na cidade por meio de lei

complementar”, explica Peixoto. Ele ar-

gumenta que os instrumentos jurídicos

e polí�cos previstos no Plano Diretor

têm foco na realidade urbana e deve-

riam ser repensados para a aplicação

nas regiões rurais do município.

O arquiteto Lancho� pondera que a

revisão em curso é um avanço em rela-

ção às legislações adotadas até agora e

que os detalhes e as necessidades des-

sa população exigem discussões especí-

ficas. “Em São Paulo foi colocado tudo

junto e foi um retrocesso”, explica. O

plano, agora, é olhar para frente. “Será

importante a par�cipação da en�dade e

dos profissionais na elaboração do Pla-

no Estratégico”.

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8

Revista Painel

LEGISLAÇÃO

Falta de conhecimento sobre as vantagens de se contratarum arquiteto é a principal barreira, segundo o CAU/SP

a Lei das Reformas

A Norma de Reformas 16.820, da As-

sociação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), tem sido desrespeitada por

grande parte da população, de acordo

com pesquisa feita pelo Ins�tuto Da-

tafolha. O estudo, encomendado pelo

Conselho de Arquitetura e Urbanismo

do Brasil (CAU/BR), revela que 54% da

população economicamente a�va do

Brasil já construiu ou reformou imó-

Maioria da população ainda desrespeita

vel residencial ou comercial. Destes,

85,40% fizeram o serviço por conta

própria ou com pedreiros e mestres

de obras, amigos e parentes e apenas

14,60% contrataram arquitetos ou en-

genheiros.

Na região Sudeste, que concentra

54% dos arquitetos e urbanistas do país,

segundo o úl�mo Censo realizado tam-

bém pelo CAU/BR, a relação também

não é animadora: apenas 16,40% con-

trataram profissionais da área técnica. A

norma determina que, no caso de refor-

mas ou de construções par�culares, o

proprietário ou locatário do imóvel deve

encomendar laudo técnico assinado por

arquiteto ou engenheiro atestando que

a obra não comprometerá a segurança

da edificação e de seu entorno.

“Uma das principais barreiras para a

Page 9: Painel - edição 247 - out.2015

9

AEAARP

PROJETOS ELÉTRICOS EMMÉDIA TENSÃO

CONSTRUÇÃO DE REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIAELETRICA AEREA

TRANSFORMADOR EM PEDESTAL EM REDESUBTERRÂNWEA

ILUMINAÇÃO ORNAMENTAL

INSTALAÇÃO CAIXA DE INSPEÇÃO CI

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FONE (16) 3102 5017 RIBEIRÃO PRETO—SP

INSTALAÇÃO DE TUBULAÇÃO REDESUBTERRÂNEA

www.lopesesilva.net.br

PROJETOS E EXECUÇÃO DE REDES DEDISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

contratação de um profissional especia-

lizado é o senso comum de que se trata

de um trabalho caro. O que não corres-

ponde à verdade. O valor para a con-

tratação de um arquiteto, em média, é

de apenas 10% do valor total da obra. E

seu trabalho agrega grandes vantagens

e bene}cios que muitas pessoas ainda

desconhecem”, diz Gilberto Belleza,

presidente do CAU/SP.

Carlos Alencastre, presidente da

AEAARP, ressalta que a realização de

reformas sem o acompanhamento

profissional adequado pode ocasionar

problemas estruturais graves na edi-

ficação como, por exemplo, o furo em

uma viga, o corte de um pilar ou a so-

brecarga de peso em uma laje. “Isso

afeta seriamente a estrutura do edi}cio

e coloca a vida de todos os moradores

em perigo, pois o risco de desabamento

é iminente”.

Entre as vantagens, Belleza cita o fato

de que o arquiteto tem pleno conheci-

mento sobre o que realmente precisa

ser adquirido para a execução da obra

e também qual a quan�dade exata de

material, sem correr o risco de fazer

compras desnecessárias, gerando des-

pesa extra. “O profissional habilitado

tem a capacidade de realizar um proje-

to bem elaborado, detalhado, com cro-

nogramas definidos. Oferecer, inclusive,

futura manutenção muito mais eficien-

te e econômica. Além de toda a segu-

rança”, completa Belleza.

Um ponto mostrado na pesquisa é de

que, entre as pessoas que contrataram

arquitetos e urbanistas para auxiliarem

as obras, 78% demonstraram sa�sfação

com o resultado do serviço prestado.

“Ainda é preciso um pouco mais de

tempo para que os brasileiros passem

a reconhecer a importância de contra-

tar um profissional especializado nesses

casos. Mas, acima de tudo, é necessário

também que se faça cumprir a norma”,

finaliza o presidente do CAU/SP.

Page 10: Painel - edição 247 - out.2015

10

Revista Painel

ARQUITETURA

Projetos e materiais interferem nas questõestérmica, lumínica e acúslca das edificações

Tecnologia e técnica

As edificações surgiram da necessi-

dade de o homem se proteger das ad-

versidades do clima do local onde vive.

Segundo a arquiteta Luciana Pagnano,

professora de conforto térmico, lumí-

nico e acús�co do Centro Universitário

Moura Lacerda, em cada lugar do mun-

do as construções eram feitas de acor-

em favor do conforto

do com o clima. Porém, a globalização

da arquitetura iniciou o processo de

importação de sistemas constru�vos

aplicados em locais de clima frio em

cidades quentes, como Ribeirão Preto.

“Demorou um tempo para os profis-

sionais perceberem que, em termos de

conforto ambiental, essa globalização

foi um desastre”, afirma Pagnano.

O aumento expressivo de áreas im-

permeáveis, a diminuição das áreas

verdes e a acelerada expansão urbana

contribuem para o aumento da tem-

peratura no microclima urbano. “Este

fator é mais um agravante no descon-

forto térmico causado pelo excesso de

Page 11: Painel - edição 247 - out.2015

11

AEAARP

calor no interior das edificações”, diz a

arquiteta. Outro fator causador do des-

conforto térmico é a alta radiação solar.

“Tem que se pensar na questão da in-

solação. Se o profissional consegue pro-

teger a edificação do sol, vai conseguir

melhor conforto térmico”.

O arquiteto e urbanista Luiz Eduardo

Siena Medeiros, conselheiro e ex-presi-

dente da AEAARP, lembra que em Ribei-

rão Preto os projetos devem observar

a questão higrotérmica, termo técnico

que define o conforto ambiental sob os

pontos de vista da umidade, que aqui

é baixa, e temperatura, normalmente

muito alta na cidade. “Dentre todos

os fatores que causam desconforto em

Ribeirão, esses são os mais percep�-

veis, principalmente em razão do clima

seco”, explica.

O ar�go cien�fico “Arqui-

tetura moderna e conforto

ambiental nos trópicos – di-

retrizes aplicáveis a casas de

Lucio Costa na Gávea, Rio de

Janeiro”, escrito por quatro

arquitetas que avaliam as

soluções de conforto visu-

al e térmico adotadas pelo

arquiteto e urbanista Lucio

Costa, considerado pioneiro

da arquitetura modernista

no Brasil, está publicado na

íntegra no endereço eletrô-

nico da AEAARP, na área de

NoOcias.

www.aeaarp.org.braeaarp.org

Exemplos de conforto ambiental na arquitetura

Em sua dissertação de mestrado in�tulada “Conforto térmico e a

prá�ca do projeto de edificações: recomendações para Ribeirão Pre-

to”, a arquiteta Luciana Pagnano cita alguns exemplos de soluções ado-

tadas por arquitetos para melhorar o conforto térmico nas edificações

no Brasil. Veja abaixo trechos do texto:

Hospital Rede Sarah de Fortaleza – CE

O arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, é internacionalmente co-nhecido, não só pela ullização de sistemas de concreto pré-moldado,como pelas preocupações climálcas e com o conforto ambiental, quefazem parte de sua filosofia e postura projetual. No projeto do hospitalSarah de Fortaleza (figura 3.4), o programa foi setorizado em “ambien-tes flexíveis” – que permitem a ullização de condicionamento natural– “e ambientes não flexíveis” – que exigem controle permanente dascondições de temperatura e umidade, como o caso dos centros cirúrgi-cos. Os ambientes com condicionamento arlficial estão localizados naparte posterior, permilndo melhor localização dos ambientes flexíveis,que se aproveitam da incidência dos ventos dominantes.

Figura 3. 4 vista aérea do Hospital Sarah Fortaleza (MONTERO, 2006).

Page 12: Painel - edição 247 - out.2015

12

Revista Painel

Para atender aos princípios da venllação natural, foram desenvolvidosdois sistemas, que podem operar simultaneamente: o de convecção e o devenllação cruzada. Nomodo por convecção, o ar frio é injetado através dasgalerias de venllação subterrâneas com nebulisadores de água externose extraído por um sistema de aberturas a favor dos ventos dominantes,dando o efeito de sucção.

SoluçõesSegundo Siena, técnicas arquite-

tônicas clássicas contribuem com o

conforto ambiental nas edificações.

“A implantação correta do edi}cio no

terreno, o uso de beirais, marquises,

varandas, o aproveitamento da orien-

tação dos ventos e o uso de materiais

com capacidade de isolamento térmi-

co, como painéis metálicos com poliu-

retano, isopor e concreto com agre-

gados isolantes, são algumas soluções

que podem ser exploradas em cidades

quentes como Ribeirão”.

Pagnano ressalta que nem sempre

a questão de conforto ambiental está

ligada às novas tecnologias e novos

materiais. “Material de construção sozi-

nho, não faz milagre. Ele precisa de um

bom projeto”. A arquiteta cita outros

exemplos de soluções para amenizar

o calor dentro das edificações, como o

uso de proteções solares, de coberturas

verdes e ven�lação natural.

A arquiteta explica que alguns sof-

twares, como o Revit, da Autodesk, ou

o ArchiCAD, são interessantes no pro-

cesso de elaboração de projetos, pois

eles mostram o posicionamento solar,

as projeções de sombras e, por meio da

maquete eletrônica, é possível perceber

o comportamento do sol em relação à

edificação. “Esses programas não são

considerados precisos, mas funcionam

como uma prévia de como funcionará

a incidência do sol na construção”. Pag-

nano diz, porém, que o uso desse �po

de ferramenta ainda não é difundido no

mercado de trabalho e está mais restri-

to ao ambiente acadêmico.

Para melhorar a qualidade do ar in-

terno das edificações recém-concluídas,

Siena destaca também o uso de produ-

Figura 3. 6 vista interna do Hospital Sarah Fortaleza (MONTERO, 2006).

Figura 3. 5 entradas de ar das galerias de ventilação subterrâneas (MONTERO, 2006).

O arquiteto e urbanista Luiz Eduardo Siena, conselheiro e ex-presidente da

AEAARP, ressalta que soluções de ven�lação natural adotadas por Lelé neste

projeto não se aplicam em Ribeirão Preto, pois a cidade não tem vento.

Uma grande cobertura em arco abrange a área do ginásio de alvidades,varandas das enfermarias e jardim interno (figura 3.6). Esta foi projetadacom brises móveis para que a proteção à radiação direta acompanhasse atrajetória solar e ainda permilsse a venllação natural.

Page 13: Painel - edição 247 - out.2015

13

AEAARP

Sede da Petrobrás em Vitória – ESO projeto desenvolvido pelo arquiteto Sidônio Porto para a sede ad-

ministralva da Petrobrás em Vitória (figura 3.9), expressa a preocupa-ção da empresa com a adoção de conceitos construlvos que resultemem eficiência energélca. A empresa vem procurando aplicar em suasnovas unidades uma orientação em defesa da prálca de uma arquite-tura bioclimálca.

Para os estudos sobre conforto térmico foi contratada uma empresade consultoria específica em conforto, o que permilu que essa questãofosse avaliada ainda na fase de desenvolvimento do projeto.

tos que contenham poucos compostos

voláteis. “Quando se u�liza �ntas com

essa caracterís�ca, o odor desse pro-

duto dentro das construções é reduzi-

do. As �ntas e vernizes que têm menos

compostos voláteis apresentam menor

evaporação desse elemento, reagindo

menos com o ar”.

O paisagismo e a ergonomia são tam-

bém fatores que contribuem para o

conforto ambiental, explica o arquite-

to. “O paisagismo é um elemento que

ajuda a sombrear, a reduzir a radiação

solar e a aumentar a umidade rela�va

do local, sem contar a função esté�ca”.

Siena destaca também que é preciso

pensar no paisagismo urbano e na u�-

lização de áreas verdes adequadas para

que estes proporcionem todos os seus

bene}cios para as cidades e não só para

os edi}cios. Já a ergonomia está voltada

para o conforto na u�lização do mobi-

liário como, por exemplo, o dimensio-

namento correto de bancadas, mesas,

Figura 3. 9 Vista Sede da Petrobrás em Vitória (Revista FINESTRA, 2007).

cadeiras e postos de trabalho.

Normas técnicas definem alguns crité-

rios em relação ao conforto ambiental nas

edificações. A NBR 15220/2005 - Desem-

penho Térmico de Edificações foi criada

com o obje�vo de aprimorar o desem-

penho térmico das edificações no Brasil

através da adequação climá�ca. Siena

destaca também a NBR 15.575/2013 - De-

sempenho de Edificações Habitacionais,

que abrange a modernização tecnológica

da construção brasileira e a melhoria da

qualidade das habitações.

Ruído gerado por veículos, crianças

brincando ou chorando, música alta e

o barulho feito por móveis sendo arras-

tados no chão podem ser evitados com

isolação acús�ca adequada. “Existem

materiais que amenizam os sons de-

sagradáveis vindos da área externa de

uma residência ou em apartamentos

como, por exemplo, mantas ou �pos de

concreto com caracterís�cas isolantes”,

diz Siena.

Mudança nocomportamento

O crescimento da preocupação com a

sustentabilidade e com a economia de

energia está relacionado com o aumen-

to das exigências das pessoas, do nível

de conforto, da criação de normas téc-

nicas e da difusão do conhecimento, ex-

plica Siena. “O conforto está associado

à qualidade de vida, às questões de pre-

servação energé�ca, às a�tudes susten-

táveis e às mudanças no comportamen-

to do ser humano”, explica o arquiteto.

Pagnano complementa que os con-

ceitos de sustentabilidade também es-

tão ligados à gestão correta dos resídu-

os sólidos, ao uso e reuso da água e à

suficiência energé�ca. “Uma edificação

Page 14: Painel - edição 247 - out.2015

14

Revista Painel

Quanto ao entorno, procurou-se preservar as árvores mais anlgase de maior diâmetro, criando uma espécie de cinturão verde em tor-no dos edifcios, colaborando com o sombreamento. Os ambientes demaior permanência e com maior número de pessoas trabalhando fo-ram dispostos ao longo das fachadas menos ensolaradas. As fachadasterão também brises fixos e móveis como proteção contra a radiaçãosolar direta e melhor aproveitamento da luz natural (figura 3.10).

Além dos brises, um sistema com uma espécie de corlna de tela me-canizada irá reforçar o sombreamento em períodos mais crílcos. Co-locadas na parte externa do vidro, podem absorver e reter até 91% docalor conldo na irradiação solar. Essa proteção corre dentro de trilhos,com acionamento manual ou motorizado, programado no computa-dor, o que permite orientar os movimentos de abertura e fechamentoconforme as condições de sombreamento e insolação de cada uma dasfachadas. O espaço existente entre a tela e os vidros permilrá a circu-lação de ar (Revista FINESTRA, 2007).

Veja no endereço eletrônico da

AEAARP, na área NoOcias, um sis-

tema de chaminé solar, criado por

professor e alunos da Universida-

de Federal de São Carlos (UFScar),

que pode ajudar a refrescar edi-

ficações localizadas em cidades

quentes, através do es�mulo de

ven�lação natural em residências

e escritórios.

www.aeaarp.org.braeaarp.org

que tenha conforto térmico, será mais

eficiente, mais econômica e mais sus-

tentável. E quanto menos precisar de

sistemas ar�ficiais de ven�lação, ilu-

minação e de controle térmico, menos

energia consome”. Siena complementa

que nem sempre soluções mi�gadoras

são suficientes, por isso a tecnologia

produz, cada vez mais, equipamentos

de baixo consumo energé�co e de baixo

impacto ambiental.

DesafiosProjetar espaços que atendam a to-

das as questões relacionadas ao confor-

to térmico, lumínico e acús�co e com

menor impacto ambiental, tanto do

ponto de vista da construção quanto do

uso da edificação, é um dos principais

desafios dos arquitetos, segundo Siena.

Para Pagnano o grande desafio dos pro-

fissionais de arquitetura é entender que

o projeto é a principal ferramenta para

garan�r o conforto ambiental nas edifi-

cações. “Nenhum material é milagroso

e muito menos vai salvar um projeto

que teve uma orientação ruim”.

Figura 3. 2 Corte com sistema de proteção solar (Revista FINESTRA, 2007).

Sede da Petrobrás em Vitória – ES

Page 15: Painel - edição 247 - out.2015

15

AEAARP

A transferência de semente gené�ca é

uma das principais formas de repasse de

tecnologia da ciência agronômica desen-

volvida pela Secretaria de Agricultura e

Abastecimento,pormeiodoIns�tutoAgro-

nômico (IAC), de Campinas. Em 2015, o IAC

deve produzir 550 toneladas de sementes

genéticas de trigo, arroz, feijão, milho,

milho pipoca, aveia, tri�cale, amendoim,

sorgo, sorgo vassoura e adubos verdes.

Estas sementes asseguram a produ�vi-

dade e a qualidade do material cul�vado

e garantem que o material plantado terá

as mesmas características da cultivar

desenvolvida nos centros de pesquisa.

As sementes IAC são transferidas para

empresas mul�plicadoras e agricultores,

principalmente para os estados de São

Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande

do Sul. As sementes de feijão também

seguem para Goiás, Mato Grosso, Bahia

e Santa Catarina.

De acordo com dados do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento,

90% das sementes produzidas de modo

informal não têm qualidade suficiente.

A semente de qualidade é considerada

um dos principais motores do avanço da

agricultura nacional. Em 25 anos, a área

de plan�o de grãos aumentou em 50%

e a produção, 234%. Este resultado foi

possível graças à modernização e adoção

das tecnologias. Em 2014, a produção de

sementes no IAC foi afetada pela seca e

ficou em torno de 290 toneladas.Fonte: IAC

IAC aumenta a produção de sementes

AGRICULTURA

Com mais chuva,

A semente de qualidade é considerada um dos principaismotores do avanço da agricultura nacional

Page 16: Painel - edição 247 - out.2015

16

Revista Painel

AGRONEGÓCIO

Estão concluídas 90% das obras financiadas pelo projetoem cinco cidades da região de Ribeirão Preto

Microbacias IImuda a forma de fazernegócio no campo

Desde 2010, quando foi criado o

Projeto de Desenvolvimento Rural Sus-

tentável Microbacias II – Acesso ao

Mercado, 220 projetos de associações

e coopera�vas de produtores agrícolas

foram contemplados. Destes, 178 estão

em andamento. As cinco chamadas para

a apresentação de plano de viabilidade

de negócio já beneficiaram agricultores

de 645 cidades e o programa inves�u

mais de R$ 86,7 milhões, segundo a

Coordenadoria de Assistência Técnica

Integral (CATI).

A região de Ribeirão Preto tem se des-

tacado no Mibrobacias II. Cinco cidades

– Guatapará, Santa Cruz da Esperança,

Serra Azul, São Simão e Brodowski (SP)

– estão com 90% das obras, que são fi-

nanciadas pelo programa, concluídas.

“Essas cidades receberam uma injeção

de dinheiro na agricultura. Dizemos que

agora os produtores não vendem o alfa-

ce e sim a salada pronta”, ressalta o zoo-

tecnista Michel Golfeto Calixto, diretor-

-técnico da CATI Regional.

Em Guatapará, Calixto explica que

o projeto desenvolvido proporcionou

nova des�nação aos ovos com cascas

trincadas. Antes, iam para o lixo. Agora,

são u�lizados no processo de pasteuri-

zação. “Os granjeiros adquiriram uma

máquina que quebra e pasteuriza o ovo

e embala o produto”. A pasteurização

dos ovos aumenta a durabilidade do

produto e amplia as possibilidades de

mercado. Em estado natural, a duração

de um ovo é de três meses. Pasteuriza-

do, a validade é de um ano.

Em Santa Cruz da Esperança, peque-

nos e médios produtores de leite se

uniram e toda a produção vai para um

centro de recebimento de leite, que

comercializa o leite produzido na cida-

de para os la�cínios da região. “Neste

caso, aumentou o poder de negocia-

ção na venda do leite. Trabalhando em

conjunto, eles conseguiram cerca de

R$ 0,20 a mais no litro do leite”, explica

Calixto.

A produção de mandioca e banana foi

incrementada em Serra Azul e São Si-

mão explora a olericultura, que é a área

da hor�cultura que abrange a explora-

ção de hortaliças e diversas partes co-

mes�veis das plantas. “Em São Simão,

agora, os produtores têm máquinas que

higienizam, picam e embalam a alface”.

Em Brodowski, os produtores de café

conquistaram um selo de exportação de

seus produtos.

Page 17: Painel - edição 247 - out.2015

17

AEAARP

Microbacias II

O projeto Microbacias II busca am-

pliar a compe��vidade e proporcionar

o acesso ao mercado aos agricultores

familiares organizados em associações e

coopera�vas. Duas vezes por ano são re-

alizadas as chamadas públicas para que

as organizações apresentem o plano de

negócio da viabilidade do inves�men-

to em seus projetos. Se aprovado pela

CATI, a subvenção econômica será ofi-

cializada por meio de decreto estadual.

Com a aprovação do plano, as or-

ganizações podem iniciar as compras

dos insumos e as obras. O governo

arca com 70% do valor do plano de

negócio e a associação ou coopera�va

com 30%. Michel Golfeto Calixto, di-

retor-técnico da CATI Regional, expli-

ca que, caso a associação não tenha

este valor, pode recorrer ao Fundo

de Expansão do Agronegócio Paulista

(Feap), que libera financiamento com

juros subsidiados.

O repasse da verba acontece em

até seis dias após a compra feita pela

associação. “Quando uma associação

compra um caminhão, por exemplo,

um profissional da CATI vai até o lo-

cal para se cer�ficar da compra do

produto e se as informações batem

com o descrito na nota fiscal. Se es�-

ver tudo certo, a CATI repassa 70% do

valor da compra para a organização”,

explica Calixto. Nas primeiras cinco

chamadas, o Microbacias II des�nou

mais de R$ 86,7 milhões, para aten-

der os 220 projetos.

Inicialmente, o projeto aconteceria

de 30 de setembro de 2010 a 30 de

setembro de 2015. Porém, houve a

prorrogação para 30 de setembro de

2017 e a sexta e úl�ma chamada pú-

blica terminou em agosto de 2015.

O Microbacias II foi criado pelo Go-

verno do Estado de São Paulo, execu-

tado pela Secretaria de Agricultura e

Abastecimento, por meio da Coorde-

nadoria de Assistência Integral (CATI)

e pela Secretaria do Meio Ambiente,

através da Coordenadoria de Biodiver-

sidade e Recursos Naturais (CBRN). As

regras para par�cipar do programa es-

tão disponíveis no endereço eletrôni-

co www.ca�.sp.gov.br/microbacias2.

Page 18: Painel - edição 247 - out.2015

18

Revista Painel

SustentabilidadeEm Sete Barras (SP), o bairro do Guapiruvu é formado por 170 fa-

mílias, das quais 120 são ligadas à Coopera�va Agropecuária de Pro-

dutos Sustentáveis do Guapiruvu (Cooperágua). De acordo com João

Honório, presidente da Cooperágua, antes da coopera�va o palmito

era extraído. “70% da população é formada por assentados, não sa-

bíamos como produzir sem destruir a floresta. Agora, aprendemos

a cul�var bananas de qualidade e nos ensinaram como ganhar no-

vos mercados. Temos um caminhão, transportamos os produtos com

qualidade e fornecemos para as prefeituras de São Paulo, Campinas,

Santo André e Mauá”. Lá, o programa colaborou também com a pre-

servação do meio ambiente.

Ribeirão Preto

Segundo a CATI Regional, a sexta cha-

mada pública – que aconteceu de 22 de

julho a 26 de agosto deste ano – contou

com 222 propostas para par�cipar do

programa. “Acreditamos que cerca de

40% não conseguirão ser aprovadas”,

diz Calixto. A Coopera�va dos Produto-

res Rurais de Agrobiodiversidade Ares

do Campo (Cooperares), de Ribeirão

Preto (SP), apresentou proposta para

receber a subvenção econômica do Mi-

crobacias II.

Fundada em 2009, a Cooperares tem

100 agricultores a�vos. Jusabe Hesede

Cou�nho, diretor-financeiro da coope-

ra�va, conta que está sendo desenvolvi-

do o plano de negócio para apresentar à

CATI. “Hoje, o nosso plano está próximo

de R$ 245 mil, mas acredito que, até

finalizarmos, vamos chegar ao valor de

R$ 400 em inves�mento”, diz Cou�nho.

A previsão é que o plano esteja finaliza-

do até o fim de outubro de 2015.

Entre os insumos apresentados pela

Cooperares destacam-se a construção

de um barracão para processar os pro-

dutos agrícolas, de um depósito com

câmara fria, a compra de maquinários

para processar, higienizar, picar e em-

pacotar frutas e hortaliças e a compra

de um caminhão refrigerado para fazer

a entrega dos produtos.

A produção da Cooperares é repassa-

da integralmente para o Programa de

Aquisição de Alimentos (PAA), da Com-

panhia Nacional de Abastecimento (Co-

nab), que direciona os produtos para

ins�tuições assistenciais das cidades de

Ribeirão Preto e Barretos (SP).

Page 19: Painel - edição 247 - out.2015

19

AEAARP

ENCONTRO

SOEA, em Fortaleza,é destaque em qualidade técnica

A 72ª Semana Oficial da Engenharia e

da Agronomia, promovida pelo CONFEA

em Fortaleza, teve cerca de 600 traba-

lhos aprovados no Congresso Técnico

Cien�fico da Engenharia e da Agrono-

mia (Contecc). Os trabalhos abordam

temas das engenharias civil, química,

elétrica, agronômica, mecânica, meta-

lurgia e de minas. Também foram apre-

sentados estudos sobre geologia, expe-

riência profissional, educação e gestão.

O engenheiro mecânico Giulio Roberto

Azevedo Prado, conselheiro da AEAARP e

do CREA-SP, par�cipou do evento. “Even-

tos como esse são importantes para valo-

rizarmos a engenharia nacional e vermos

de perto o quanto nossos colegas estão

Evento demonstra o valor das engenharias e da agronomia no Brasil

produzindo, na academia e também no

mercado onde atuam”, diz. Também par-

�ciparam os engenheiros Wilson Luiz La-

guna e Nelson Mar�ns da Costa.

Em entrevista concedida durante

o evento, o presidente da Federação

Mundial de Associações de Organiza-

ções de Engenharia (Fmoi), Marwan Ab-

delhamid, disse que nos úl�mos anos,

a engenharia brasileira ampliou seu

espaço na comunidade internacional.

A Fmoi representa 20 milhões de enge-

nheiros em todo o mundo.

A secretária execu�va da União Pana-

mericana de Associações de Engenheiros

(Upadi), Maria Tereza Pino, par�lha da

mesma opinião. “Vocês não têm a di-

mensão do que é, para nós, la�no-ame-

ricanos, termos um presidente brasileiro

na Federação Mundial. Isso tem que ser

valorizado”, opina Maria Tereza. A par�r

de 2015, o engenheiro brasileiro Jorge

Spitalnik assume a Presidência da Fmoi.

Já a Upadi, tem em sua presidência o pre-

sidente do CONFEA, José Tadeu da Silva.

Para Maria Tereza, a engenharia bra-

sileira se consolidou no con�nente nos

úl�mos 15 anos, devido à atuação da

Comissão de Agrimensura, Agronomia,

Arquitetura Geologia e Engenharia para

o Mercosul (Ciam). Já Marwan atribui a

internacionalização da engenharia bra-

sileira à atual gestão do CONFEA.

Fonte: CONFEA

Page 20: Painel - edição 247 - out.2015

20

Revista Painel

CREA-SP

AResolução 1025e o registro da ART

A Resolução 1025, de 12 de novem-

bro de 2009, estabelece os procedi-

mentos necessários ao registro, baixa,

cancelamento e anulação da Anotação

de Responsabilidade Técnica (ART), ao

registro do atestado emi�do por pessoa

}sica e jurídica contratante e à emissão

da Cer�dão de Acervo Técnico (CAT).

O registro da ART efe�va-se após o

seu cadastro no sistema eletrônico do

CREA e o recolhimento do valor corres-

pondente. A ART rela�va à execução de

obra ou prestação de serviço deve ser

registrada antes do início da respec�-

va a�vidade técnica, de acordo com as

informações constantes do contrato fir-

mado entre as partes.

O responsável técnico deverá man-

ter uma via da ART no local da obra ou

serviço.

Todas as ART’s referentes a determi-

nado empreendimento, registradas pe-

los profissionais em função de execução

de outras a�vidades técnicas citadas no

contrato inicial, adi�vo contratual, subs-

�tuição de responsável técnico ou con-

tratação ou subcontratação de outros

serviços, devem ser vinculadas à ART

inicialmente registrada, com o obje�vo

de iden�ficar a rede de responsabilida-

des técnicas da obra ou serviço.

Para os efeitos legais, somente será

considerada concluída a par�cipação

do profissional em determinada a�vi-

dade técnica a par�r da data da baixa

da ART correspondente. A baixa da ART

não exime o profissional ou a pessoa

jurídica contratada das responsabilida-

des administra�va, civil ou penal, con-

forme o caso.

O término da a�vidade técnica desen-

volvida obriga à baixa da ART de execu-

ção de obra, prestação de serviço ou

desempenho de cargo ou função.

A baixa da ART deve ser requerida ao

CREA pelo profissional, pelo contratan-

te ou pela pessoa jurídica contratada.

O cancelamento de uma ART ocorre

quando nenhuma das a�vidades técni-

cas descritas na ART for executada, ou

quando o contrato não for executado.

Deve ser requerido ao CREA pelo pro-

fissional, pela pessoa jurídica contrata-

da ou pelo contratante, e ser instruído

com o mo�vo da solicitação

Quanto à �pificação, a ART pode ser classificada em:

I – ART de obra ou serviço;

II – ART de obra ou serviço de ro�na, denominada ART múl�pla; e

III – ART de cargo ou função.

Quanto à forma de registro, a ART pode ser classificada em:

I - ART complementar;

II – ART de subs�tuição.

Quanto à par�cipação técnica, a ART de obra ou serviço pode ser classificada:

I – ART individual;

II – ART de coautoria;

III – ART de corresponsabilidade; e

IV – ART de equipe.

O responsável técnico deverá manter uma via da ART no local da obra ou serviço

Já a nulidade de uma ART ocorre

quando for verificada lacuna no pre-

enchimento, erro ou inexa�dão in-

sanáveis de qualquer dado da ART,

incompa�bilidade entre as a�vidades

desenvolvidas e as atribuições profis-

sionais do responsável técnico à época

do registro da ART, for verificado que

o profissional emprestou seu nome

a pessoas }sicas ou jurídicas sem sua

real par�cipação nas a�vidades téc-

nicas descritas na ART (após decisão

transitada em julgado), for caracteri-

zada outra forma de exercício ilegal

da profissão, apropriação de a�vidade

técnica desenvolvida por outro profis-

sional habilitado ou for indeferido o

requerimento de regularização da obra

ou serviço a ela relacionado.

Page 21: Painel - edição 247 - out.2015

Contamos com suacolaboração!

Destine16% dovalorda ARTpara aAEAARP

(Associação deEngenharia, Arquitetura

e Agronomia deRibeirão Preto)

Agora você escreve o nome

da entidade e destina parte do

valor arrecadado pelo CREA-SP

diretamente para a sua entidade

PESQUISA

robôsEnsinando

O processo de aprendizado por reforço,

usado pelo ser humano desde o nasci-

mento, foi adaptado matema�camente

e o algoritmos vêm sendo empregados

em soxwares de máquinas e robôs para

que possam interagir com o ambiente

e aprender com as experiências como

se fossem humanos. Uma pesquisa da

Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo (Poli-USP) pretende ensinar máqui-

nas e robôs a aprender novas habilidades.

O doutorando Ruben Gla~ desenvolve

a pesquisa Melhorando a Aprendizagem

por Reforço Aprofundada por meio da

Transferência de Conhecimento, sob

orientação da professora do Departa-

mento de Engenharia de Computação e

Sistemas Digitais da Poli, Anna Helena Re-

ali Costa. O projeto foi contemplado com

o inves�mento de US$ 23,4 mil do Google

Research Awards in La�n America.

Ensinar a aprender, comum na Pedago-

gia, é aplicado agora na informá�ca, nas

áreas de inteligência digital e ciberné�ca.

Se, por exemplo, um robô sabe se locomo-

ver dentro da universidade para fazer en-

tregas, e posteriormente é deslocado para

a limpezadeumshopping,nãoserápreciso

descartar as habilidades que ele �nha, já

que há similaridade de tarefas: a navega-

ção (locomoção) em ambientes internos,

construídos e frequentados por pessoas, o

trabalho em locais diferentes etc.

“Nosso obje�vo é agilizar o aprendizado

do robô na realização da próxima tarefa,

usando o conhecimento da tarefa ante-

rior, daí chamarmos de transferência de

conhecimento, na qual a máquina ou robô

usa o conhecimento aprendido na tarefa

anterior para acelerar o aprendizado na

nova tarefa”, afirma a docente. Entre-

tanto, é di}cil definir o nível adequado

de abstração do conhecimento para que

possa ser bem reaproveitado. Para resol-

ver o gargalo tecnológico, Gla~ u�liza um

�po de aprendizado chamado de deep-

-learning, que aprende vários níveis de

representações diretamente dos dados.

A Google comprou uma empresa que

u�liza o deep-learning, a DeepMind, cujo

negócio é desenvolver algoritmos que

permitam que simuladores, jogos, sites de

e-commerce e outros sistemas aprendam

com o comportamento das pessoas. As

pesquisas envolvendo o tema já resul-

taram em um disposi�vo iden�fica um

gato em uma imagem que contém vários

objetos, incluindo nela o animal. Atual-

mente, a empresa testa o algoritmo com

máquinas que jogam games eletrônicos.

A pesquisa em desenvolvimento na

Poli atende justamente essa linha de in-

ves�gação cien�fica da empresa, fazendo

testes com jogos de videogames. “Quere-

mos que a máquina aprenda vários jogos

e que fique cada vez mais rápida quando

mudamos o jogo, sem necessidade de

termos de reprogramá-la. Ela aprende

sozinha o que precisa para jogar cada vez

melhor”, destaca o pesquisador.

O deep-learning entra, então, para

organizar os conhecimentos relevantes

que devem ser transferidos quando se

muda o jogo e, aliado ao princípio do

aprendizado com reforço, faz com que a

máquina jogue melhor e ganhe cada vez

mais, maximizando medidas de desempe-

nho como fazer mais pontos, fazer mais

rápido, passar mais fases etc..Fonte: Poli-USP

Pesquisa da Poli-USP faz na informálca o que a Pedagogia fazcom os seres humanos: ensina máquinas a aprenderem

Page 22: Painel - edição 247 - out.2015

22

Revista Painel

As represas do sistema Cantareira

sofreram uma transição catastrófica

em janeiro de 2014, quando passaram

rapidamente de condições normais para

o estado de ineficiência. A avaliação é

baseada em dados sobre os reservató-

rios, métodos esta�s�cos e modelagem

matemá�ca, e foi feita em estudo dos

pesquisadores Paulo Inácio Prado, profes-

sor do Ins�tuto de Biociências (IB) da USP,

e Renato Mendes Cou�nho e Roberto

Krankel, da Universidade Estadual Pau-

lista (Unesp). De acordo com o trabalho,

ações que poderiam deter a transição de-

veriam ter sido tomadas antes de 2014. A

pesquisa foi descrita em ar�go publicado

em uma revista cien�fica.

O motor da transição é chamado popu-

larmente de “efeito esponja”. Em situação

de normalidade, há muita água no reser-

Problemas na Cantareira

ÁGUA

começaram em 2013,segundo pesquisadores

Avaliação usou métodos estakslcos

vatório e na bacia hidrográfica. Boa parte

da água da chuva vai para os reservatórios,

mantendo o sistema no estado normal.

Isto resulta em um círculo virtuoso.

Já numa situação de seca, o volume

do sistema é mais baixo e o solo absorve

mais da água que iria para o reservatório,

o que faz o seu nível baixar mais ainda.

Neste caso, há um círculo vicioso. A

passagem do círculo virtuoso ao vicioso

é uma transição que acontece em poucos

meses. Para evitá-la é preciso monitorar

o sistema e re�rar menos água quando

houver o risco de transição.

O professor Prado aponta que no

Cantareira a eficiência do sistema caiu

muito. “Esta eficiência é a relação entre

a chuva que cai e a quan�dade de água

que vai para os reservatórios”, ressalta.

“E ela continua baixa mesmo com as

chuvas voltando à normalidade, o que

indica que o sistema mudou de regime”.

Sinais de transiçãoOutra evidência da perda de eficiência

são sinais esta�s�cos de transição nas

variações diárias de volume. “Há várias

técnicas que detectam estes sinais, e eles

são inequívocos para o sistema Cantarei-

ra”, aponta Prado. “Além disso, o grupo

de pesquisa desenvolveu um modelo

matemá�co para descrever a transição,

que se ajusta muito bem aos dados de

volume e vazões observados”. Por meio

desse modelo são feitas projeções para

os próximos 30 dias, publicadas diaria-

mente no site Águas Futuras desde o

úl�mo mês de abril.

Os pesquisadores estimam que a

transição no Cantareira ocorreu entre

Page 23: Painel - edição 247 - out.2015

23

AEAARP

novembro de 2013 e janeiro de 2014,

indicada pela queda abrupta da eficiên-

cia do sistema e os sinais esta�s�cos de

transição. Transições crí�cas não são no-

vidade para cien�stas, que as associam

ao conceito de resiliência, que é a capaci-

dade de um sistema de voltar ao mesmo

estado depois de ter sido perturbado.

Alguns casos de perda de resiliência na

natureza são bem estudados, como o

processo de deser�ficação.

O trabalho mostra que a perda de resili-

ência também pode ocorrer em reservató-

rios de água, como no sistema Cantareira.

“O artigo analisa o caso da Cantareira

como um exemplo de biestabilidade. É um

conceito da }sica para descrever sistemas

que têm mais de um estado possível.

É o caso de um barco na água, que em

condições normais não vira com a ação

das ondas ou do vento. Este é um estado

resiliente”, explica o professor. “O proble-

ma é que se uma força grande o suficiente

virar o barco, ele passa a um novo estado

que também é resiliente — é preciso um

grande esforço para desvirá-lo”.

De acordo com Prado, a Cantareira

sofreu uma força grande o suficiente para

mudar de estado, e agora resiste para

voltar à condição normal. “O empurrão

foi manter a re�rada de água em níveis

de anos normais em um ano de chuvas

anormalmente baixas”, ressalta. “Não

é possível controlar a chuva, mas uma

redução mais precoce da retirada de

água poderia ter evitado a transição”. O

pesquisador propõe reduzir a re�rada ao

mínimo possível, e em médio prazo, se o

sistema vier a se recuperar, realizar uma

gestão mais cautelosa, devido ao risco

adicional de transições.

Os resultados da pesquisa mostram

que o gerenciamento de um reservató-

rio deve levar em conta a possibilidade

de transições catastróficas. O padrão

anteriormente utilizado, baseado na

chamada “curva de aversão ao risco”, in-

dicava uma situação de normalidade até

dezembro de 2013, o que o ar�go mostra

que não era real. “Isto quer dizer que

é necessário definir novos parâmetros

de operação a par�r de conhecimentos

cien�ficos atuais”, conclui Prado.

Fonte: Agência USP

Page 24: Painel - edição 247 - out.2015

Amigos, profissionais e parceiros da

AEAARP se reuniram em mais um final

de tarde alegre na sede da en�dade.

www.facebook.com/aeaarp

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SocialAmigos, profissionais e parceiros da

AEAARP se reuniram em mais um fi nal

SocialAEAARP se reuniram em mais um final

de tarde alegre na sede da en� dade.

Socialde tarde alegre na sede da en�dade.

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AEAARP

SUSTENTABILIDADE

revistapainel

ANUNCIENA

PAINEL

16 | [email protected]

TECNOLOGIA

premiado

Projeto de geração de

Pesquisadores transformaram a USP em um laboratório natural

Projeto que implantou quatro estações

de energia solar fotovoltaicas, integradas

ao sistema de abastecimento de energia

elétrica, no campus da USP, em São Pau-

lo, conquistou o “1º Premio Inovação e

Tecnologia Brasil Solar”, promovido pelo

EnerSolar+Brasil – Feira Internacional de

Tecnologias para Energia Solar. O sistema

foi desenvolvido pelo Ins�tuto de Energia

e Meio Ambiente (IEE) da USP, com par-

�cipação da Escola Politécnica (Poli-USP)

e das empresas Companhia de Transmis-

são de Energia Elétrica Paulista (CTEEP)

e Cesp. A premiação aconteceu pela

contribuição do projeto no avanço do co-

nhecimento, que ficou em primeiro lugar

na categoria “Melhor Projeto Acadêmico

de 2015”. As estações totalizam 540 kW

de potência instalada no campus da USP.

De acordo com o professor Roberto

Zilles, do IEE, que coordenou o projeto,

as quatro estações totalizam 540 kW de

potência instalada no campus da USP,

no bairro do Butantã, em São Paulo. As

estações estão instaladas desde 2014,

sendo três delas no prédio do IEE e outra

no Ins�tuto de Estudos Brasilieiros (IEB),

na Biblioteca Brasiliana.

energia fotovoltaica é

À equipe da Poli coube estudar o

comportamento e características do

consumo, as melhores formas para

disponibilizar a energia, trabalhar com

previsão de demanda e consumo, entre

outros elementos. Na USP, os pesqui-

sadores puderam fazer a pesquisa em

escala real. Uma estação do sistema está

instalada no teto da Biblioteca Brasiliana.

As outras três estão operando na área

do IEE dentro no campus: uma em solo,

uma na cobertura do estacionamento e

outra no telhado. “Por sua dimensão e

diversidade de a�vidades, a USP é um

laboratório natural, já que tem hospital,

biblioteca, escola, clínica veterinária,

clube poliespor�vo, como uma minicida-

de”, explica o professor Marco Antonio

Saidel, do Departamento de Engenharia

de Energia e Automação Elétricas da Poli.

O custo para a instalação das usinas foi

de aproximadamente R$ 7.000,00 por kW.

Há planos de contribuir com pelos menos

3% da demanda de eletricidade do Cam-

pus da USP, no Butantã, até o ano 2020

com a implantação e operação de siste-

mas fotovoltaicos de micro e minigeração.Fonte: Agência USP

Page 26: Painel - edição 247 - out.2015

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Revista Painel

NOTAS E CURSOS

Felipe de Paschoal Mirinel

Engenheiro Civil

Jader Lúcio Ba�sta

Engenheiro Civil

João Aparecido da Silva

Engenheiro Eletricista

Raquel Vale Abrão

Engenheira Mecânica

João Aparecido da Silva

Técnico em Eletrotécnica

Nilton Bento de Oliveira

Técnico em Eletrotécnica

Rafael Almeida do Carmo

Técnico em Eletrotécnica

Caio de Oliveira Paggiaro

Estudante de Agronomia

novos associados

A AEAARP foi representada por

este �me de profissionais no

torneio de futebol promovido

pela Unacen em Jabo�cabal.

INSTAPAINEL

Envie para [email protected]

uma foto feita por você e ela poderá

ser publicada nesta coluna

O Brasil pode zerar em 2030 suas emis-

sões de gases de efeito estufa causadas pelo

desmatamento da Amazônia se o Código

Florestal for cumprido. A conclusão é de

um estudo realizado por pesquisadores do

Ins�tuto Nacional de Pesquisas Espaciais

(Inpe), em parceria com colegas dos Ins�tu-

tos de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

e Internacional para Análises de Sistemas

Aplicados (IIASA, na sigla em inglês), da

Áustria, além do Centro para Monitoramen-

to da Conservação Mundial do Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(UNEP-WCMC), resultado do projeto REDD-

-PAC, financiado pela Interna�onal Climate

Ini�a�ve, do Ministério do Ambiente da

Brasil pode zerar emissão de gases do efeito estufa até 2030

Alemanha, com apoio da FAPESP, por meio

do projeto “Land use change in Amazo-

nia: ins�tu�onal analysis and modeling at

mul�ple temporal and spa�al scales”. Os

resultados do estudo contribuíram para

embasar as metas de redução voluntária de

emissões de gases de efeito estufa (INDC,

na sigla em inglês) que o Brasil levará à

21ª Conferência das Nações Unidas para

Mudanças Climá�cas (COP21), prevista para

ser realizada em dezembro, em Paris, apre-

sentadas pela presidente Dilma Rousseff no

final de setembro, em Nova York, durante

a Conferência das Nações Unidas para a

Agenda de Desenvolvimento Pós-2015.

Fonte: Agência Fapesp

Marinna Figueiredo, Vanessa Di

Sicco, Claudia Paschoal, Marinna de

Paula e Veronica Andrade expuseram

seus trabalhos na 6ª Semana de

Arquitetura da AEAARP

O engenheiro agrônomo, José Walter

Figueiredo, foi homenageado com a

medalha Fernando Costa, na categoria

Ação Ambiental, pela Associação

dos Ex-alunos da Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz (ADEALQ).

Na foto, ele está com o vice-diretor da

en�dade, Durval Dourado Neto.

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