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Panorama do setor de construção naval e offshore: balanço e perspectivas.
Enseada Indústria Naval S.A.
Humberto Rangel - Diretor de Relações Institucionais e de Sustentabilidade
Rio de Janeiro I 12 de agosto de 2015
12ª Navalshore – Maritech South America
CAP. 1 – A descoberta do pré-sal
CAP. 2 – A retomada da indústria naval
CAP. 3 – O case Enseada
CAP. 4 – A crise instalada
CAP. 5 – O futuro da indústria
Roteiro
Divisor de águas no processo de retomada da indústria naval
Em novembro de 2007, um novo capítulo começava a ser escrito com o anúncio da descoberta de uma grande reserva de petróleo, localizada a 180 km da costa e a 7 mil metros de profundidade, na camada pré-sal do campo.
1. A descoberta do pré-sal
Mobilização do Governo Federal para explorar a potencialidade da riqueza
1. A descoberta do pré-sal
Criação de estatutos especiais / Contrato de Partilha
Intensificação das políticas de conteúdo local
Colocação de pacotes de encomendas
Oferta de crédito de longo prazo
Contrato Sondas, o mais desafiador pacote de encomendas.
1. A descoberta do pré-sal
Curva de empregos - importantes ganhos econômicos e sociais
Fonte: Sinaval
1. A descoberta do pré-sal
A demanda concentrada propiciou a reativação da indústria naval num patamar tecnológico mais elevado.
2. A retomada da indústria naval
De 2008 a 2012, diversos estados travaram uma disputa pelo privilégio de sediarem estaleiros incluídos no programa de retomada da indústria naval com foco na exploração do pré-sal. Cinco estados saíram vitoriosos e conquistaram contratos que permitiram a instalação de estaleiros nacionais que foram contratados para a construção de um pacote de 29 sondas, o mais sofisticado equipamento do programa de exploração do pré-sal.
Importante descentralização geográfica x
Estabelecimento de uma Política Industrial
Planejamento
2. A retomada da indústria naval
Motivados por estímulos do Governo Federal, grupos empresariais nacionais aceitaram o desafiador convite de performar contratos de alto valor agregado e complexidade.
Parceiros internacionais se uniram através de acordos bilaterais assinados pelo Governo Federal, como por exemplo o Japão.
“Brasil e Japão reconhecem que a cooperação naval atual se deve à relação de confiança entre os dois países”. Fonte: Declaração Conjunta sobre Cooperação na Área de Construção Naval para Facilitação do Desenvolvimento de Recursos Offshore (01/08/2014).
Mobilização da iniciativa privada
2. A retomada da indústria naval
13/07/2012 A presidente Dilma e o governador da Bahia, Jaques Wagner, lançam a Pedra Fundamental do Estaleiro.
Governo Federal coloca o desafio para os empresários e os grupos se mobilizam.
2. A retomada da indústria naval
Um estaleiro operacional Investimento total: R$ 3,2 bi Investimento já realizado: R$ 2,6 bi Geração de emprego no pico: 7.200 Processamento de aço: 72 mil ton./ano
Ano-base: 2014
3. O case Enseada
Contrato com a Sete Brasil (BA)
6 sondas de perfuração
Contrato com a Petrobras (RJ)
Conversão de 4 cascos
3. O case Enseada
A implantação do estaleiro foi assegurada por contratos para fabricação de seis navios-sonda para a Sete Brasil, oferecendo condições de suporte para o primeiro ciclo industrial (2013 – 2020). O Governo Federal reafirmava sua posição de fortalecer o conteúdo nacional, acelerando a curva de aprendizado e gerando empregos no Brasil.
Maio de 2012 Estaleiro Enseada do Paraguaçu anuncia sociedade e parceria tecnológica com Kawasaki. Estava garantida a aceleração da curva de aprendizado do moderno estaleiro baiano.
3. O case Enseada
Acordo com a Kawasaki com investimento de US$ 85 milhões. Envolve treinamento de pessoal, fornecimento do acervo técnico, softwares de
gestão e assistência técnica com profissionais no Brasil. 80 profissionais treinados no Japão de um total de 102.
Transferência tecnológica e curva de aprendizado
3. O case Enseada
Curva de empregos gerados na Bahia de dezembro de 2012 a março de 2015.
58% Local - 86% Baiana Interrupção dos pagamentos pela Sete Brasil e suspensão da liberação da 2ª parcela do FMM
Efetivo planejado BA 6.191 Efetivo atual BA 486 Desligamentos nos últimos 9 meses (BA + RJ) 9.798
3. O case Enseada
4. A crise instalada
O cenário atual
A Lava Jato e a crise de governança. Preço do óleo no mercado internacional e alta do dólar. Novo plano de negócios da Petrobras com redução de 37% nos investimentos 2015-2019. Multas da ANP (política de conteúdo local). A crise fez o BNDES segurar o financiamento de US$ 9 bilhões para a Sete Brasil. Para manter as operações, a Sete Brasil fez empréstimos-ponte com vencimento de curto
prazo. Dívidas venceram e precisou fazer plano de reestruturação, que implica reduzir o número de sondas planejadas.
Sete Brasil suspendeu os pagamentos aos estaleiros (desde novembro de 2014). Necessidade de repactuação do cronograma de entrega das sondas.
Crise de liquidez
Dificuldade de liberação de
financiamentos aprovados no FMM
Suspensão das atividades de
construção dos estaleiros
Paralisação das obras de
construção das sondas
Demissão de mais de 14 mil
trabalhadores em nove meses
Graves impactos sociais e
desenvolvimento regional
Perda do investimento em conhecimento e competitividade
Redução do programa de
investimento da Petrobras
Cenário indefinido pelos contratos
"âncora”
A crise nos estaleiros nacionais
4. A crise instalada
4. O passivo atual
O Brasil quer ou não ter uma indústria forte?
A indústria naval pode ser um alavancador.
O sistema Federal de governança da indústria naval brasileira possui:
Multiplicidade de intervenientes Vazio de liderança
Cas
a C
ivil
Ministério dos Transportes
Ministério de Minas e Energia
Ministério do Desenvolvimento
Ministério do Planejamento
Ministério da Fazenda
Processo de inibição e de dificuldade de negociação
4. A crise instalada
Exemplo: força-tarefa Brasil/Japão.
Públicos
4. A crise instalada
Fornecedores
Operadores
Reguladores
Governo 1. Ministério de Minas e Energia 2. Ministério dos Transportes 3. Ministério do Desenvolvimento 4. Ministério do Planejamento 5. Ministério da Fazenda
ANP
Petrobras e outros operadores.
Indústrias
“Quero crer que as autoridades públicas não
permitirão que bilhões de reais que foram investidos
no ressurgimento da indústria naval brasileira, de novo,
se transformem em cinzas”.
Carlos Campos Neto, Economista e pesquisador do IPEA
4. A crise instalada
5. O futuro da indústria
Como impedir que a indústria naval brasileira não regrida após o desenvolvimento tecnológico conquistado nos últimos anos?
Pensar no futuro da indústria da construção naval é garantir, urgentemente, a resolução dos seguintes pontos:
5. O futuro da indústria
Definição da reestruturação da Sete Brasil e seu respectivo plano de investimento.
Liberação dos recursos aprovados pelo Fundo de
Marinha Mercante (FMM).
Estímulo ao engajamento dos agentes financeiros nos planos alternativos de investimentos das
sondas.
Quitação, por parte da Sete Brasil, dos valores em aberto dos serviços
executados pelos estaleiros.
Segurança jurídica de contratados e contratantes.
“Análise mais acelerada pela Petrobras dos
pleitos de mudança de escopo”.
5. O futuro da indústria
Em 2014, o Sinaval estudou a capacidade de processamento de aço do “Estaleiro Brasil”, que é de 714 mil ton./ano. A conclusão do estudo é que já a partir de 2017 é preciso garantir a demanda futura dos estaleiros nacionais.
5. O futuro da indústria
O “Estaleiro Brasil” é comparável, em ativos, aos maiores estaleiros do mundo em operação.
O investimento feito no ESTALEIRO BRASIL requer encomendas da ordem de R$ 13 a 14 Bi/ano apenas para fazer frente aos seus custos fixos e para o adequado pagamento dos financiamentos oficiais concedidos.
A carteira futura derivada do programa de produção de petróleo no Brasil é importante e
suficiente para dar sustentabilidade ao desenvolvimento do ESTALEIRO BRASIL, de forma que este atinja produtividade e maturidade compatíveis com o mercado mundial.
Para ter planejamento otimizado, pessoas engajadas, e adequada gestão da engenharia e
dos fornecimentos estratégicos, o ESTALEIRO BRASIL, em seu estágio de desenvolvimento atual, necessita de uma carteira de encomendas com previsibilidade mínima de 4 a 5 anos.
5. O futuro da indústria
Conclusões do Estaleiro Brasil
5. O futuro da indústria
Indústria de óleo e gás
O novo Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 da Petrobras prevê uma redução de 37% nos investimentos, que agora somam US$ 130,3 bilhões.
Objetivos do Plano
Desalavancagem Geração de valor para os acionistas
5. O futuro da indústria
Curva de produção e investimentos em exploração e produção.
Potencial do setor de óleo e gás no Brasil
Produção de óleo cresce a 4,7% ao ano e de gás a 6,6%
As reservas provadas
brasileiras continuam crescendo: o Óleo = 4,4% ao ano o Gás = 5,2% ao ano
5. O futuro da indústria
Potencial do setor de óleo e gás no mundo
Fonte: OPEC. http://woo.opec.org/index.php/oil-supply-and-demand
5. O futuro da indústria
Tudo que pode ser feito no Brasil será feito no Brasil. Demanda interna elevada e continuada no tempo. A Petrobras e o Governo tomaram a decisão de construir sondas no Brasil. O modelo adotado definiu pelo compromisso das sondas serem construídas localmente. A Sete Brasil está buscando uma solução de mercado para viabilizar a retomada dos pagamentos aos
estaleiros. A reestruturação deverá ser positiva para a Petrobras, já que a produtividade dos poços do pré-sal supera
muito as expectativas, demandando menos poços por plataformas, e, consequentemente, menos sondas para fazê-los.
Os problemas nos estaleiros são conjunturais e diferenciados. Quase todos os estaleiros estão com encomendas para os próximos anos e o potencial futuro é bastante
promissor. A Petrobras e o Governo estão atuando de maneira efetiva para ultrapassar alguns dos desafios
apresentados.
Posição do Governo Federal
Ministro Aloizio Mercadante, 5/8/2015, Comissão de Minas e Energia.
5. O futuro da indústria
Brasil - potencialidades
7,5 mil km de litoral. 50 mil km de rios navegáveis (3ª maior extensão fluvial do
mundo). 95% do comércio exterior brasileiro depende do transporte
marítimo e menos de 4% desse comércio são feitos por navios brasileiros.
80% do comércio mundial são feitos por navios.
Cabotagem
5. O futuro da indústria
Conquista de novos mercados
Frota da Marinha Reparo naval
Golfo do México e África
5. O futuro da indústria
AGENDA MÍNIMA DA INDÚSTRIA
Retomada da realização dos
leilões
Fim do operador único
Política industrial setorial
Aperfeiçoamento das regras de CL
Engenharia
Licenciamento ambiental
Incentivo à inovação
Instituições envolvidas
ONIP SINAVAL IBP CNI Federações ABEMI ABIMAQ ABITAN ABCE ABEAN ABINEE ABRAPET ASSESPRO FENASEG SEBRAE
É preciso aperfeiçoar e fortalecer a política brasileira de conteúdo local para o setor de petróleo e gás.
A importância da articulação entre MME, MDIC, CNI, FIEB, ONIP, IBP, SINAVAL etc.
5. O futuro da indústria
Conteúdo local
Foco na competitividade da indústria nacional.
“A política de conteúdo local deverá permanecer nas contratações para a exploração e produção de petróleo no Brasil, seja no regime
de concessão ou de partilha”. Aloizio Mercadante (05/08/2015)
5. O futuro da indústria
Conteúdo local – a proposta da FIEB
Definição de segmentos prioritários
Pesos diferenciados na contabilização
Transferência de excedentes
Desenvolvimento e consolidação da
engenharia básica
Incorporação dos investimentos
realizados em PD&I
Incorporação dos investimentos realizados em
qualificação profissional
Conversão de exportações em CL
Incorporação dos valores investidos na ampliação do parque
fornecedor
1. Mudança no modelo de operador único. 2. Garantir a previsibilidade da demanda com a realização de novos leilões. 3. Revisar e fortalecer a Política de Conteúdo Local. 4. Fortalecer o planejamento e a gestão de modo a garantir elevados índices de produtividade. 5. Qualificar a mão de obra. 6. Integrar a cadeia de suprimentos e incentivar a criação de cluster de fornecedores no entorno. 7. Introduzir o uso de tecnologias modernas de automação. 8. Recuperar a engenharia industrial. 9. Soluções para as questões trabalhistas, sociais e ambientais que impactam e oneram a indústria. 10. Revisão das políticas públicas (instrumentos legais, apoio financeiro de longo prazo, apoio à
exportação, incentivos fiscais federais, estaduais e municipais).
5. O futuro da indústria
Resoluções importantes no médio prazo