paranapiacaba - carderneta_2012
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Trabalho de Campo
PARANAPIACABA
Ena serra estava escrita uma cidade... (Carlos Drummond de Andrade)
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Trabalho de Campo Paranapiacaba
Apresentao:
O Trabalho de Campo em Paranapiacaba tem como proposta
discutir no somente a formao histrica e geogrfica da Vila de
Paranapiacaba, mas tambm a formao do Estado de So Paulo, tanto
em suas caractersticas polticas e econmicas como em suas
caractersticas fsicas do relevo e da geomorfologia do estado paulista.
Ou seja, buscaremos compreender as mudanas espaciais ocorridas no
passado e no presente da na regio, e que esto presentes em vrias
partes do Estado de So Paulo e do mundo.
O trabalho ser divido em trs partes: a primeira inicia no
percurso de So Paulo at a Vila de Paranapiacaba, trajeto histrico
bastante utilizado durante o auge econmico do caf; a segunda parte
ser realizada atravs de uma trilha na serra do mar para discutirmos a
formao do relevo paulista e os processos dessa formao; a terceira
e ltima ser na esfera urbana da vila para discutirmos os fatores
econmicos, histricos e polticos que relacionam Paranapiacaba
formao scio-espacial do Estado de So Paulo.
Caractersticas do Trabalho:
Tempo de durao: 11 horas
O custo para o trabalho de campo ser o transporte (ida e volta). A
visita monitorada R$ 12,00 e o marmitex (opcional) R$ 8,00 (pra quem
quiser, podemos fazer um lanche coletivo, com cada um levando, se
puder, algo para contribuir).
O trabalho contar com caminhadas, pontos de parada e trilha na serra
do mar.
Caractersticas da trilha do Mirante
Nvel de Dificuldade da Trilha: Fcil
Tempo Previsto de Caminhada: 2h30
Distncia Aproximada do Percurso: 2,5Km
Durao Prevista do Percurso: 4 horas
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Informes gerais:
Pr-Campo: 18/08, s 16h no Instituto Alana.
Campo: 19/08/2012 s 06h00 na esto de Trem Jardim
Helena-Vila Mara ou s 7h00 na estao Brs da CPTM
Ps-Campo: ainda a confirmar
Campo: 30/06/2012
Encontraremo-nos s 06h00 na Estao Jardim Helena/Vila Mara
ou s 7h00 na Estao Brs da CPTM. De l, seguiremos partir da
plataforma da Linha 10 Turquesa, no ltimo vago sentido Rio Grande
da Serra.
Na estao de Rio Grande da Serra tomaremos um nibus at a
Vila de Paranapiacaba Santo Andr que custa R$ 2,80. (Linha 424
Rio Grande da Serra (Centro) / Santo Andr (Paranapiacaba).
Os horrios so de vital importncia para o trabalho, pois tanto o
trem quanto o nibus possuem frequncia reduzida aos Sbados e
Domingos. O trabalho de campo ocorrer em qualquer CONDIO
CLIMTICA.
Almoo
Poderemos almoar aps a trilha, porm quando estivermos no
alto da Serra Faremos um lanche coletivo antes de descermos. O
almoo ao trmino da trilha est previsto para s 15h30 e ser feito
em um restaurante na vila. Podemos fazer uma vaquinha e comprar
alguma coisa se for o caso.
Para o trabalho:
O que levar:
Capa de chuva;
gua;
Protetor solar e repelente;
Roupa reserva para se caso estiver chovendo;
Sacos plsticos para guardar roupa molhada e lixo produzido
durante o campo;
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Papel Higinico;
Fique a vontade para levar mquina fotogrfica, filmadora;
Leve documento (RG, Carteira de motorista, etc.);
Recomendaes
Calados apropriados para caminhadas em terrenos acidentados e
pedregosos (de preferncia sapatos fechados). Os mesmos j
devem estar amaciados;
Use roupas confortveis (evite saia, sandlias, sapatos de salto e
coisas do tipo); Use chapu ou bon para efeito de proteo aos raios solares;
Traga uma toalha ou uma canga;
Se possvel tome caf da manh antes de nos encontrarmos;
Use meias para absorver melhor o suor e ajudar a evitar bolhas;
Corte as unhas dos ps antes da caminhada. Unhas compridas
podem causar dores ou at carem;
Cronograma
Encontro na estao Jd. Helena-Vila Mara: 06h00
Encontro na estao Brs: 07h00
Chegada em Paranapiacaba: 09h
Incio da Trilha (subida): 09h30
Chegada ao mirante: 11h00
Incio da descida: 12h30Trmino da Trilha e Incio do Percurso na Cidade : 13h30
Almoo: 15h30
Atividade livre: 16h30
Reencontro no Mercado da cidade: 17h30
Fim do Trabalho de Campo: 18h
Inscrio
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Aceitaremos inscries at o ltimo pr-campo, 18/08. O
fechamento das inscries importante para podermos confirmar os
agendamentos com a Associao dos Monitores e o restaurante.
Como chegar a Paranapiacaba
De carro
Seguir pela via Anchieta at o km 29 (placa para Ribeiro Pires), entrar
na SP 148 (estrada Velha de Santos), at o km 33 e pegar a rodovia
ndio Tibiri (SP 31) at o km 45,5. Da pegar a SP 122 at
Paranapiacaba.
De Trem e nibus
Alm do trajeto indicado acima a linha 040 Paranapiacaba, da Viao
Ribeiro Pires, parte do Terminal Rodovirio de Santo Andr (Tersa) a
cada 40 minutos a partir das 4h30 durante a semana e, aos finais de
semana, a partir das 5h.
Contatos:
Kau 6348-9931 (Tim)
Bruno Queiroz 7508.3876 (vivo)
Thas (Catita) 9755-2474
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1. Paranapiacaba o Princpio
No sculo XIX, a economia brasileira baseava-se quase que
exclusivamente em um nico produto de exportao: o caf. Este,
gradativamente, ganhou espao como um bem de grande valor
comercial e possibilitou o surgimento da ferrovia. Assim, em 1854, por
iniciativa do Baro de Mau, a concesso do empreendimento foi
cedida a So Paulo Railway Company pelo prazo de 90 anos. A ferrovia
trouxe da Europa toda uma tecnologia inaugurada a partir da inveno
da mquina a vapor, mas, aqui em So Paulo, enfrentou o desafio de
vencer o grande desnvel que separava o planalto paulistano da
Baixada Santista, ou seja, a ligao das principais regies produtoras
de caf ao seu terminal exportador, o porto de Santos. A soluo desse
problema exigiu muito tempo e demandou grandes capitais bancados
pela Inglaterra.
A 15 de maio de 1860, as obras foram iniciadas. Durante os
trabalhos de preparao do leito e instalao da linha com 139 km foi
necessrio que se constitusse um acampamento no alto da serra do
Mar a 796 m de altitude. O local escolhido para o acampamento
principal ficava no topo da serra e era prximo das obras. Esse local -
que era um vale circundado por morros onde a Companhia,
circunstancialmente, instalou o pessoal operacional, tcnico e
administrativo do sistema ferrovirio - denominou-se Alto da Serra.
No se pode afirmar com preciso quando se formou a Parte
Alta, mas sabe-se, com certeza, que ela nasceu atravs da implantao
da ferrovia e, quando esta foi inaugurada em 1867, uma pequena
aglomerao j existia na Parte Alta. Era um pequeno povoado de
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casas de pau-a-pique e palha, quando Bento Jos Rodrigues da Silva,
saindo de Mogi das Cruzes, construiu uma picada que finalizava no Alto
da Serra. No local de chegada, em 1889, foi erigida a igreja matriz.
No perodo que vai de 1860 ao final de 1899, Alto da Serra, na
Parte Baixa, manteve, basicamente, as caractersticas e a feio de
acampamento que serviu de alojamento construo da ferrovia.
1.1 Ncleos urbanos
Paranapiacaba foi constituda por dois ncleos urbanos distintos.
Esses ncleos, morfolgica e funcionalmente diferentes, eram
formados por:
Parte Baixa: composta pelo ncleo original, Vila Velha ou
Varanda Velha e a parte projetada, Vila Martin Smith ou Vila
Nova
Parte Alta, ou Morro, ou Vila dos Aposentados ou, ainda, Parte
Civil o local onde se registra uma ocupao com forte herana
dos imigrantes portugueses, percebida facilmente na rua
principal, onde em lotes estreitos e alinhados se formaram
residncias geminadas compondo uma nica fachada contnua
multicolorida, com usos em geral misto, residencial e comrcio.
De fato, o alinhamento dos sobrados geminados da Rua William
Speers, conjuntamente com a igreja e cemitrio, so os
principais referenciais da Parte Alta.
A Parte Elevada da Vila de Paranapiacaba, hoje integrante do
municpio de Santo Andr, surgiu em decorrncia dos ferrovirios
aposentados no desejarem abandonar a regio pela qual sentiam
muito carinho. O estilo arquitetnico das moradias no acompanhou o
original da Vila ferroviria, sofrendo inmeras modificaes ao longo do
tempo.
1.2 Ncleos Urbanos: Vila Nova ou Vila Martin Smith
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Com a construo da segunda obra de subida e descida da serra,
o ncleo original se estendeu para as reas vizinhas ao longo do vale.
Essa expanso urbana teve um controle mais rgido e planejado, dando
incio implantao de um modelo urbano projetado: a Vila Nova ou
Vila Martin Smith.
Esse novo conjunto projetado pela Companhia formava um
sistema disciplinarmente organizado atravs de uma tcnica de
aglomerao dispostas hierarquicamente e conforme um arranjo que
definia o desenho das habitaes. Isto vinha reforar o aspecto
britnico das construes j existentes, que eram arquitetonicamente
diferenciadas pela utilizao de sistema construtivo em madeira, a
maioria em pinho de Riga, porm trazia novidades quanto ao sistema
construtivo, pois as habitaes possuam uma tipologia pr-definida.
1.3 O Sistema Funicular: um Patrimnio Tecnolgico
Os ingleses, aliados aos mais renomados engenheiros europeus,
vieram ao Brasil executar o projeto de ligao da ferrovia entre o
planalto paulista e a Baixada Santista na serra do Mar, cuja
implantao foi dividida em duas fases distintas:
Primeiro Perodo: 1860 a 1899
Segundo Perodo: 1900 a 1946 (ps 1946)
1.4 Instalao do 1 Sistema Funicular (Serra Velha)
Essa primeira fase correspondeu instalao da primeira ligao
conhecida como Primeiro Sistema Funicular ou Serra Velha. Este se
constitua de quatro planos inclinados interligados por patamares, onde
estavam instalados sistemas de mquinas fixas acionando cabos de
ao ("tailend") que sustentavam a locomotiva e composies na subida
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e descida da serra, numa extenso total de aproximadamente oito
quilmetros.
Em 1864, estava pronto o primeiro trecho. A 16 de fevereiro de
1867, o sistema foi inaugurado, em carter provisrio, com duas
viagens dirias.
1.5 Instalao do 2 Sistema Funicular (Serra Nova)
Por causa da rpida expanso econmica da regio do planalto, o
escoamento da produo de caf foi tornando-se insuficiente,
necessitando de novas alternativas, resolvidas a partir da construo
do Segundo Sistema Funicular ou Serra Nova. Este executava suas
operaes em cinco planos inclinados por meio de cabos de ao
contnuos que tracionavam as composies movidas por cinco
mquinas fixas, assentadas nos patamares. Para a circulao das
composies, usava-se uma locomotiva de pequeno porte denominada
"locobreque", que era dotada de um mecanismo de sapatas em sua
parte de baixo, entre as rodas, que tracionava os cabos de ao.
Em fins de 1899, foram concludas as obras do segundo plano
inclinado, que foram inauguradas no incio de 1900. Em outubro deste
ano, o segundo funicular comeou a operar, sendo definitivamente
entregue ao pblico, em 28 de dezembro de 1901.
1.6 Ps 1946
Em 1946, expirando-se o prazo de concesso de noventa anos, a
estrada de ferro foi encampada pela Unio (decreto de 13 de outubro
de 1946), passando a se denominar Estrada de Ferro Santos - Jundia.
Na dcada de 1960, comearam os estudos para o aumento da
capacidade de trafego Santos - Jundia, o que resultou na implantao
do sistema de esterias dentadas construdo exatamente em cima do
traado da Serra Velha. Assim, inaugurava-se, em 1974, a chamada
cremalheira-aderncia, com tecnologia japonesa. E um sistema de
trao, parecido com a operao de escadas rolantes, com
engrenagens que se juntam e se ajustam s locomotivas, que, alm
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das rodas convencionais, possuem uma terceira roda dentada, no meio
da composio, que se ajusta s cremalheiras.
Com o sistema aderncia-cremalheira, desapareceu o primeiro
plano inclinado construdo na dcada de 1860. O Segundo Plano
Inclinado continuou em atividade at 1982, sendo ento desativado
comercialmente.
2. A Formao do Relevo Paulista
O campo em Paranapiacaba nos serve de forma bastante eficiente
para a compreenso do relevo paulista. Apesar de uma enorme
diversidade de fenmenos estarem associados a essa formao, vamos
considerar a diviso mais clssica do relevo de So Paulo, sendo ela
feita em quatro partes/compartimentos: Faixa Litornea, Planalto
Atlntico, Depresso Perifrica e Planalto Ocidental.
2.1 Faixa Litornea
Como qualquer outra plancie costeira um dos principais agentes
formadores do litoral paulista a ao construtiva e desconstrutiva das
guas ocenicas, bem como as atividades elicas (vento), que so
sempre bastante intensas em reas litorneas (brisa martima e brisa
continental). Deve-se somar ainda o choque entre as atividades das
guas ocenicas (mares) e as atividades das guas continentais (rios).
Alm desses dois importantes condicionantes podemos sintetizar
quatro fatores de formao da plancie costeira brasileira (e paulista):
Fontes de Areia atravs da formao de barreiras (enseadas,
baias);
Correntes de Deriva Litornea que so paralelas as linhas da
costa;
Reteno de Sedimentos atravs de depsitos em baias,
falsias;
Variaes no nvel do mar perodos glaciais e inter-glaciais.
A faixa litornea constitui-se como a parte mais jovem do relevo
paulista, tendo sua formao mais recente no Tercirio (65 milhes de
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anos), portanto um ambiente que apesar de ser bastante
biodiversificado possui uma diversa gama de sedimentos
inconsolidados que tornam sua estrutura frgil, quando comparado s
outras partes integrantes do relevo paulista.
2.2 Planalto Atlntico
O Planalto Atlntico tambm possui uma formao que excede os
limites paulistas, comeando no Uruguai e seguindo at o norte da
Bahia, passando pelos estados do RS, SC, PR, SP, RJ, leste de MG e ES.
Duas dataes so de extrema importncia: O pr-cambriano (544
Milhes de Anos) e o ps-cretceo (146 Milhes de anos), sendo que no
primeiro o cinturo geolgico formado, soerguendo todo o planalto e,
no segundo, novos movimentos tectnicos ocorrem e formaes como
a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira surgem.
No plano geral o planalto atlntico formado por rochas bastante
estveis, em mdia formadas a 570 Milhes de Anos. Rochas como
granitos, basaltos, gnaisses e quartzito so exemplos de formao
desse perodo. At o fim do cretceo (146 Milhes de Anos) as
formaes da Serra do Mar e da Mantiqueira dominavam quase que
toda parte do planalto paulista. No incio do tercirio diversas
irregularidades tectnicas determinaram a fragmentao e o
levantamento de parte dessa estrutura. Logo em seguida os
afloramentos de rios e os consequentes processos erosivos terminaram
por esculpir o terreno que hoje conhecemos (que no caso paulista vai,
no sentido oeste, desde a Serra do Mar at a cidade de Jundia).
Essa parte do relevo possui uma influncia muito importante dos
rios ao ponto de que a drenagem da maioria deles corre no sentido
Oeste, ou seja, contrrio ao mar (rios endorricos). O fluxo dos rios
diretamente influenciado pela formao das escarpas e serras paulistas
e assim levado ao encontro do rio Paran, do outro lado do estado
(com algumas excees como o Rio Paraba do Sul).2
2 Consultar Anexo 4 Mapa Hidrolgico de So Paulo
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Essa formao muito antiga, fortemente intemperizada e erodida
por rios, ventos e deslizamentos faz com que os morros do planalto
sejam levemente ondulados, com algumas formas mais ponteadas,
caracterizando o domnio de Mares de Morros.
2.3 Depresso Perifrica Paulista
Tanto a depresso perifrica quanto o planalto ocidental paulista
esto diretamente conectados com a formao da Bacia Sedimentar do
Paran. Esta se caracteriza como uma grande fossa tectnica formada
a partir de falhamentos verticais datadas do pr-cambriano (544
Milhes de Anos). Movimentos tectnicos causaram assim a
subsidncia da crosta, com algumas falhas que atravs de diques
foram preenchidas com derramamentos de magma. Dessa maneira
essa regio se forma com uma altura menor que o seu entorno
(Planalto Atlntico e Planalto Ocidental), variando de 600 a 750 metros,
tornando-se uma regio propensa a receber sedimentos de ambas as
formaes. A espessura dos sedimentos da depresso perifrica pode ir
de 1.500 a 2.500 metros. nessa regio que muitas das rochas
sedimentares paulistas so formadas, tais como: calcrio, arenito e
diabsios (que daro origem a famosa terra roxa).
A depresso perifrica paulista possui uma forte drenagem em
direo ao eixo da bacia do Paran. O nico obstculo que os rios
encontram so as Cuestas (baslticas). Essas formaes delimitam o
fim da depresso com subida de nvel abrupta de at 900 metros, so
oriundas de derramamentos baslticos em cima de formaes
arenticas (sedimentares). Com o nvel de base menos inclinado, os rios
(Tiet, Paranapanema, Mogi-guau) se movem de maneira mais suave
o que causa um maior depsito de sedimentos, ou seja, maior
quantidade de nutrientes para o solo. Assim essa parte do relevo
paulista uma das mais frteis se levarmos em considerao o
tamanho de sua rea.
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2.4 Planalto Ocidental Paulista
O quarto e ltimo compartimento paulista chamado de Planalto
Ocidental Paulista. Essa parte compreende cerca de 50% da rea do
estado e surge dos mesmos processos tectnicos da depresso
perifrica, j que ambos esto dentro de um conjunto maior, j
denominado Bacia do Paran. Sua principal diferena se d que, o
soerguimento ocorrido no cenozico (incio do Tercirio) foi bastante
diferente da depresso, no ocasionando assim numa fossa tectnica,
mas sim num corredor que declina a partir das cuestas (limites da
depresso).
Essa especificidade ocasionou tanto uma diferena no relevo,
com predomnios de colinas amplas e baixas, quanto uma diferena
climtica. Uma das caractersticas que une as duas formaes a forte
presena de uma rocha sedimentar em especial, o arenito. Entretanto
essa formao apresenta uma drenagem baixa em relao s outras,
devido aos vales que so pouco entalhados por estarem prximos ao
ponto de desgue de muitos dos rios paulistas, o Rio Paran.
Tal caracterstica agregada a um clima seco torna essa regio
suscetvel a processos erosivos, como vooroca e lixiviao. A altitude
de no mximo 800 metros, chegando, sempre de forma bastante
suave, a 400m no extremo oeste do estado. tambm por essa
formao possuir uma leve declividade at o limite do estado paulista
com o sul mato-grossense, que os rios cruzam seu territrio no sentido
Oeste cumprindo seu trajeto final at o rio Paran.
3. Paranapiacaba Uma Modernizao Turstica
necessrio discutir agora como Paranapiacaba esta interligada
com o Brasil e com o mundo atravs de processos econmicos que vo
desde a constituio de seu primeiro trecho ferrovirio em 1854 at a
questo turstica que encrava todas as ruas da Vila. Paranapiacaba
nasce com um objetivo, o caf. J sabemos que esse produto foi o
carro chefe da economia brasileira durante muitas dcadas e que
sua importncia fez com que muitas cidades surgissem no oeste
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paulista. Desde a constituio da ferrovia, de cidades e de uma
indstria brasileira, o caf se coloca como um produto que perpassa
todos esses fenmenos (seja de forma positiva ou negativa).
Na passagem do sculo XIX para o sculo XX a vila
notadamente um plo tecnolgico brasileiro, investimentos oriundos de
todo pas, e tambm de movimentaes externas, fez com que
Paranapiacaba se afirmasse como um importante entreposto entre a
cidade de So Paulo, e toda produo concentrada no oeste paulista, e
a costa litornea - o porto de Santos. Dessa forma, a produo da
vila pautada justamente por questes de ordem econmica.
O Brasil nessa passagem de sculo vivia um momento
importante em relao ao seu desenvolvimento econmico. As
balanas comerciais apontavam um crescimento econmico gigantesco
a ponto de cidades, fazendas e estruturas (como ferrovias) surgirem no
pas da noite para o dia. Precisamos nos questionar o que trazem esses
investimentos para o pas? Que capital esta sendo investido no Brasil e
na lavoura cafeeira?
Bom, partimos da anlise que essa modernizao vestida na
figura do caf trs consigo algumas contradies. Em primeiro lugar o
Brasil est entrando num processo produtivo onde os pases
capitalistas do centro, alm de j estarem imersos h sculos no
contexto de mxima produtividade, realizaram uma acumulao
primitiva que propiciou a possibilidade de exportar capitais para todo o
mundo. O Brasil participa desse processo como uma nova forma de
acumular primitivamente aos pases do centro, por esse caminho se
explica o mercantilismo, a extrao do pau Brasil, a extrao aurfera
do ainda perodo colonial. Dessa forma, o contexto da produo
cafeeira no Brasil s pode ser visto como um processo de
desenvolvimento econmico se analisarmos exclusivamente o Brasil,
porm dessa forma camos no erro de no considerar a economia
global como ela , entrelaada e tendenciosa a todo o mundo.
Pensando num processo mundial de acumulao de capital o Brasil se
desenvolve a partir de capitais oriundos do centro capitalista que,
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possui em sua lgica se expandir para todos os mbitos econmicos e
sociais do mundo. Sendo assim a tentativa de desenvolvimento
brasileira (atravs do caf nesse caso) a mesma tentativa de nadar
rio acima: no se pode parar para no se afogar, mas sabe-se que no
poder ir muito adiante.
Como foi comentado, o reflexo dessa modernizao causa
algumas contradies como, por exemplo, uma ferrovia construda
nica e exclusivamente para um fim (de forma mais concreta o caf) e
somente por uma figura, no caso o baro de Mau. O que ocorre no
perodo auge do caf (passagem do sculo XIX para o sculo XX) um
desenvolvimento estrutural somente do estado de So Paulo e mais
especificamente de algumas regies. Afinal se o contexto acumular
para o centro do capital no h porque, naquele momento,
desenvolver outras regies que no as que tornam propicias a
circulao desse mesmo capital. nesse contexto que a vila de
Paranapiacaba pode ser vista como plo tecnolgico e como smbolo
de modernizao.
Tal processo to contraditrio que no momento de crise
cafeeira e, depois na constituio das rodovias para transporte de
produtos, Paranapiacaba se v sem funcionalidade e sua ferrovia no
tem outro destino que no tornar-se somente uma pilha de ferro que
modestamente carrega no trecho da serra para o litoral. O que
entendemos ento que a vila entra em crise junto com o caf, que
por sua vez entra em crise junto com a bolsa de valores estadunidense,
que por sua vez entra em crise junto com o resto do globo (ou o capital
por assim dizer).
Em que contexto pode-se pensar sobre o turismo em
Paranapiacaba? Diferentemente de outros lugares que nascem para o
turismo, j traamos que a vila possui um nascimento com vis
econmico desenvolvimentista. Porm, atualmente fcil notar que
no mais a ferrovia, o transporte de carga e muito menos o caf que
movem o sentido da vila. Com a queda do caf e a mudana de
investimentos externos, que a partir da dcada de 30 com pice na
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dcada de 50 so direcionados para importar e formar uma indstria
brasileira, Paranapiacaba torna-se uma Vila dos Esquecidos tanto no
sentido econmico quanto no social (j que os dois se entrelaam em
todos os momentos).
Na tentativa de se manter no mercado mundial so muitas as
formas de forar uma superao de uma crise que imanente ao
capital, uma delas se traduz hoje atravs da cultura, da museificao e
do turismo. dessa maneira que Paranapiacaba procura seu lugar para
se manter no mercado global. O investimento transformado em
turismo so crditos que no circulariam mais na grande indstria, ou
na grande lavoura (o prprio caf, por exemplo), e procuram onde se
encaixar. Aps a crise do caf no era mais necessrio implantar novas
tecnologias na cidade, a partir disso a nica forma de circular capital
em Paranapiacaba a partir do turismo. Ou seja, o turismo entra em
Paranapiacaba como resultado de uma crise estrutural do capital. a
nica maneira que a vila consegue existir para a economia global ou
existir de fato.
A cultura e o turismo no se reproduzem a partir da criao do
valor, da criao do capital, mas sim a partir da crise desses. O que
produz o setor de servios enquanto modo de produo? O que produz
o turismo dentro desse mesmo critrio? Essas relaes de
produtividade se entrelaam, e o setor de servios recebe investimento
e pagamento em cima de crditos que se tornaro outros crditos, e
que no possuem nenhuma vinculao com algo material. No limite
Paranapiacaba sobrevive atravs do turismo, dessa forma sobrevive
atravs de crise. Atravs de uma modernizao que nunca ser
moderna, que est posta para no ser.
Bibliografia:
Livros e textos:
Boletim Paulista de Geografia - "A Terra Paulista", n 23, Julho de 1956.
Mapa Geomorfolgico do Estado de So Paulo, Atlas.
Revista do Departamento de Geografia, n 10 - Jurandyr Ross.
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Filme:
Paranapiacaba A Vila dos Esquecidos
Paranapiacaba: Cidade Esquecida
Site:
Site da Sociedade de preservao e resgate de Paranapiacaba (SPR-
Paranapiacaba).
Anexo 1. Croqui da Vila de Paranapiacaba
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Anexo 2. Perfil do Relevo Paulista
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Anexo 3. Malha Ferroviria de So Paulo 1920
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Anexo 4. Mapa Hidrolgico de So Paulo