parfor aula 7 classicismo
TRANSCRIPT
PROF: Doutorando Alan Rafael de
Medeiros
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
PARFOR
Fins do Século XVII: Música orquestral
Distinção entre:
• Música de Câmara;
Cada instrumento executa uma parte;
Pequeno conjunto;
• Música orquestral
Vários instrumentos executando uma parte;
Conjunto maior;
• Teatros de óperas com orquestras próprias;
Mais famoso: Teatro de Ópera de Paris;
Fins do Século XVII: Música orquestral
Distinção entre:
• Concerto orquestral:
Concerto Ripieno ou Concerto a 4 (vozes)
Destaque para o 1º violino e linha do baixo;
• Concerto Grosso:
Conjunto grande em oposição a pequeno conjunto;
• Concerto Solista:
Conjunto em oposição a instrumento solista;
Século XVIII: As Luzes
Distinção entre:
• “A música é uma dádiva de Deus para ser usada apenas
em Sua Honra” (Andreas Werckmeister, 1680);
• “A música é um luxo inocente e, em boa verdade,
desnecessária à nossa existência, embora seja
grandemente proveitosa e agradável ao sentido do
ouvido” (Charles Bourney, 1776);
• Contradição entre as duas concepções:
Revela a influência do Iluminismo ao longo do século XVIII
Século XVIII: As Luzes
Iluminismo:
• Movimento complexo de ideias caracterizado por uma
revolta do espírito humano;
-CONTRA: - PRÓ
- Igreja e Religião sobrenatural - Moral prática e natural
- Metafísica - Senso comum (empirismo)
- Formalismo - Naturalidade
- Autoridade - Liberdade
- Privilégios - Igualdade direitos (Educação)
Século XVIII: As Luzes
Iluminismo:
• Caracterizado por atmosfera secular empírica (baseada
na prática da experiência não escrita) cética, prática,
liberal, igualitária e progressista;
Filósofos iluministas: John Locke (1632-1704) - David Hume
(1711-1776) – Claude Montesquieu (1689-1755) – Voltaire
(1694-1778) – Jean Jacques Rousseau (1712-1778)
Rousseau - Responsável pelo Dicionário de Música
Natureza e instintos (sentimentos) eram a fonte de verdadeiro
conhecimento e ação justa
Século XVIII: As Luzes
Características:
• Crença no conhecimento experimental aplicado;
• Crença no valor dos sentimentos naturais (comuns a
todos os homens)
Indivíduo – ponto de partida da investigação e como critério
último da ação e investigação humana;
• Religião, ciência, filosofia, artes, ordem social;
Avaliados em função da maneira como contribuíam ou não ao
bem estar do indivíduo;
Século XVIII: As Luzes
Características:
• Utilitarismo;
A maior felicidade para o maior número - fórmula ética ideal
• Perfectividade do homem
Desenvolvimento harmonioso de capacidades inatas do
indivíduo;
• Crítica das desigualdades - indivíduos comuns X classes
privilegiadas
Séc. XVIII – Filósofos influenciavam diretamente a vida;
Crescente difusão da filosofia do sentimento de glorificação do
homem natural – Coincidiu com a ascensão da CLASSE MÉDIA
Características da vida no século XVIII:
• 1 – Época “Cosmopolita”
Diferenças nacionais – minimizadas;
Música – tendência à internacionalização;
• 2 – Época humanitária
Programas de reformas sociais;
Governantes protegendo as artes e as letras;
• 3 – Popularização do Ensino e das artes
Diminuição do mecenato e crescimento do concerto público;
Ascensão da classe média – popularização da arte e do ensino;
Tratados e enciclopédias – cultura ao alcance de todos;
Edição de músicas para público amador – simplificação;
Características da vida no século XVIII:
• 4 – Valorização da prosa
Romances e peças teatrais – Retratando as emoções
sentimentos das pessoas comuns;
Música – devia imitar os sons da fala - naturalidade;
VÍDEO 9ª SINFONIA BEETHOVEN
• Beethoven compôs este texto em 1823, inspirado no poema "Ode
à Alegria", de Friedrich Schiller (1759-1805), escrito em 1785.
Expressa uma visão idealista da raça humana como irmandade,
visão esta claramente humanista no contexto iluminista do século
XVIII;
Música no contexto iluminista • Música – Arte de cativar através da sucessão e
combinação de sons agradáveis;
Devia ir ao encontro do ouvinte, e não obrigá-lo a fazer um
esforço para compreender sua estrutura;
Devia cativar e comover, mas não surpreender em demasia, e
ainda menos causar perplexidade (pelo excesso de
complexidade);
Devia evitar as complexidades contrapontísticas que só alguns
eleitos seriam capazes de apreciar;
Composição musical – Arte de inventar melodias e de as
acompanhar com harmonias apropriadas
Cantar duas melodias ao mesmo tempo é como fazer dois
discursos ao mesmo tempo para ser mais convincente
Música na segunda metade do séc. XVIII • Conceito de música ideal:
1 - Linguagem deve ser universal;
Não limitada pelas barreiras nacionais;
2 - Deve ser nobre e agradável;
3 - Expressiva, dentro dos limites do decoro;
4 - Natural
Despojada de complexidade técnicas inúteis e capaz de cativar
imediatamente qualquer ouvinte de sensibilidade mediana;
Esta fórmula – resumo dos objetivos gerais que nortearam o
espírito dos compositores e do público das últimas três décadas
do século XVIII
Novas concepções de melodia e harmonia • 1 - Melodia
Abandono da ideia de afeto ou emoção fundamental
Criação de contrastes entre as várias partes do andamento ou mesmo
dentro do próprio tema
Estruturação periódica
Melodias articulando-se em frases distintas, regra geral de dois ou
quatro compassos, em contrapartida ao desenvolvimento melódico em
forma contínua do Barroco;
Caracterização da melodia
Podia consistir simplesmente de figuração acórdica, eventualmente
ornamentadas por nota de passagem, grupetos, appoggiaturas, etc.
Coloridos obtidos por meio do modo Maior – menor;
Novas concepções de melodia e harmonia • 2 - Harmonia
Baseada no tratado teórico do francês J. P. Rameau (1683-1764)
Tratado de Harmonia (1722)
“Estabelecimento” da tríade maior
Resultante da divisão da corda em 2, 3 e 4 ou 5 partes iguais;
Seguindo os padrões de naturalidade vigentes do período;
Construção de acordes, em intervalos de 3ª, dentro de uma 8ª,
alargando a tríade até a 7ª;
Acordes de Tônica (1º Grau), Subdominante (4º Grau) e
Dominante (5º Grau)
Pilares da TONALIDADE;
Formulando a noção de Harmonia Funcional;
Novas concepções de melodia e harmonia • 2 - Harmonia
TONALIDADE
Uma forma de sistematização da Harmonia
Harmonia Funcional X Harmonia Triádica (G. Zarlino, 1558 Le
Institutioni Harmoniche)
Harmonia Funcional – Função de sustentação da melodia;
Hierarquização dos acordes, e toda a música se baseia nesta hierarquização
Harmonia Triádica – Ideia de verticalidade das vozes;
Intrínseca relação com o contraponto e com os modos eclesiásticos;
Harmonia Funcional de Rameau (1722)
Nova forma de pensar a estruturação musical, ideal para a burguesia;
Que não conhecia música (complexidades técnicas e auditivas);
Precisava e ambicionava por uma música mais simples
Novas concepções de melodia e harmonia • 2 - Harmonia
Harmonia Sequencial e Progressiva de Zarlino (1558)
Sequencial – das células rítmico melódicas;
Dão a sensação de melodia (por meio da progressão do movimento);
Ideia de Pulsão (mais rico harmonicamente e mais pobre melodicamente);
Não há eixo centralizador – sensação de contração e distensão;
Presente em todo o Barroco (Séc. XVII)
Tríade – Relação matemática, três notas;
Acorde – Tríade com função hierarquizada/hierarquizante;
Função de sustentação da melodia;
Porque a burguesia só conseguia cantar e distinguir uma melodia;
VÍDEO – Brandenburg Concert 3 – 1º Movimento (J. S. Bach)
Novas concepções de melodia e harmonia • 2 - Harmonia
Ritmo harmônico
Mais lento que o antigo
Harmonia mais “pesada”.
Estruturação
Atividade fervilhante da melodias se desenvolve sobre uma harmonia
relativamente lenta e convencional;
Harmonia e linha do baixo reduzidos a acompanhamento
Síntese desta prática – Música para teclas - Baixo de Alberti (Domenico
Alberti 1710-1740).
Quebra do acorde em sucessão de arpejos das notas contidas na tríade
Utilizado por todos os compositores clássicos (1ª Escola de Viena – Mozart,
Haydn e Beethoven)
VÍDEO – Alberti Bass - Aula
Principais estilos de música instrumental
1 - Sonata;
Mais importante estrutura musical do período clássico até o século XX.
Segue o princípio do material exposto pela primeira vez numa tonalidade
complementar seja reexposto na tonalidade original.
A primeira seção, EXPOSIÇÃO, divide-se em um primeiro grupo, na
tônica, e após um material de transição, um segundo grupo, em outra
tonalidade (habitualmente a dominante), normalmente com uma codeta
para concluir perfeitamente a seção.
A segunda parte da estrutura compreende as duas seções remanescentes,
o DESENVOLVIMENTO e a RECAPITULAÇÃO. O primeiro desenvolve o
material da exposição numa variedade de modos, progredindo por várias
tonalidades (ideia de instabilidade tonal, tensão rítmica e melódica). A
recapitulação reexpõe os temas da exposição, habitualmente na mesma
ordem, e o segundo grupo é ouvido agora na tônica.
VIDEO a forma sonata – W. A. Mozart;
Principais estilos de música instrumental
2 - Sinfonia;
1 – Termo usado a partir do Renascimento para designar vários tipos de
peça (geralmente instrumentais). Em torno de 1700, utilizava-se o termo
sonata ou sinfonia para peças instrumentais; Durante o século XVIII passou
cada vez mais a designar a sinfonia de concerto, para distingui-la da
Ouverture italiana;
2 – Obra orquestral de grandes dimensões, geralmente em três ou quatro
movimentos (Rápido – Lento – Rápido em ritmo de dança). É
tradicionalmente considerada a principal forma de composição
orquestral.
VIDEO Sinfonia – J. S. Bach – Cantata KV 29;
VÍDEO Sinfonia no 1 – W. A. Mozart (1764)
Principais estilos de música instrumental
3 – Música de Câmara;
Relevo no final do século XVIII
Quartetos de corda
Firmados na época de Haydn, porém localizável em compositores antecessores
como L. Bocherinni (1743-1805) e F. X. Ricther (1709-1789)
4 – Concerto
Termo frequentemente aplicado no século XVII à música para conjunto
de vozes e de instrumentos; desde então costuma indicar uma obra em
que um instrumento solista (ou grupo de instrumentos solista) contrasta
com um conjunto orquestral;
VIDEO Clarinet Concert in A Major – W. A. Mozart;
Música Vocal
Ópera, canção e música sacra:
• Na ópera, ocorreu o mesmo que a sonata e sinfonia;
Novos gêneros que foram surgindo a partir de modelos antigos,
sendo suplantados nas primeiras décadas do século XVIII;
França – Tragédia lírica (tragédie lyrique) (Lully) resistiu às mudanças
Alemanha – Estilo global da ópera veneziana (levada por Schütz e
sucessores) sobreviveu;
Itália – novos ares de mudança; fruto das mesmas forças que
remodelaram todos os gêneros da música do período – ILUMINISMO
Nova ópera pretendia ser: Clara, simples, racional, fiel à natureza,
universalmente cativante e capaz de agradar o público sem lhe causar
fadiga mental desnecessária;
Ópera séria italiana (metade do século XVIII):
• Fórmula literária – Poeta italiano Pietro Metastasio (1689-
1782);
Musicalizada pela maioria dos compositores do séc. XVIII;
Abordam um conflito das paixões humanas, baseado em relato
de autor da antiguidade grega ou latina;
Elenco habitual: dois pares de namorados e fig. Secundárias;
Desenrolar da ação
Introdução variada de cenas: pastoris, guerreiras, cerimônias solenes;
Resolução do drama: ato de heroísmo ou renúncia de uma personagem;
Óperas divididas em 3 atos: estruturados em árias e recitativos;
Função da orquestra: acompanhamento do canto;
Interesse musical da ópera séria italiana – árias;
Reforma da Ópera séria italiana
• Ópera deveria ser mais flexível na estrutura;
Abandono da rigidez na sucessão recitativo-ária;
Mais expressiva no conteúdo – temáticas mais próximas do
cotidiano – abandono da temática greco-romana;
Melodias mais cantáveis – Importante que o homem comum
pudesse memorizar facilmente a melodia
Mais variedade na utilização dos recursos musicais (orquestra e
coros)
Resultados;
Ária da capo modificada; maior flexibilidade entre recitativos e
árias (maior rapidez e realismo); maior importância à orquestra;
reutilização de corais; maior controle do compositor (cantores);
Reforma da Ópera séria italiana
• Principal personalidade do mov. Reformador - Cristoph
W. Gluck (1714-1787);
Síntese entre a ópera francesa e italiana – estilo operístico
internacional;
Guerre des bouffons (1752) – Presença da ópera cômica;
Discussão intelectual, uma oposição crítica e estética em relação à ópera
francesa;
Estopim: Presença de uma companhia de ópera italiana, que interpretou
simultaneamente a obra de Gluck Iphigénie em Aulide, e uma ópera
buffa de G. B. Pergolesi (1710-1736) LA SERVA PADRONA (1733);
Opiniões pró ópera italiana (rainha) – pró ópera francesa (rei);
Caminho aberto para repensar a ópera: ÓPERA CÔMICA
Ópera Cômica
• Estilo mais ligeiro que a ópera séria;
Episódios e personagens do cotidiano;
Adotou características específicas em diferentes países, em revolta ao predomínio da ópera séria;
Itália – Ópera buffa; França – Opéra Comique;
Inglaterra – Ballad opera; Alemanha – Singspiel e o Lied;
Libreto era escrito em língua nacional; Música acentuava as características musicais de cada país;
Encenada com recursos mais modestos; VÍDEO – La serva Padrona – Pergolesi (1733) – 40:00
Relevância histórica:
1 – Respondeu à exigência universal do conceito de naturalidade
2 – Primeiro grande porta-voz do movimento do Nacionalismo Musical, típico do período Romântico do século XIX;