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17 PARTE-III PROJETO DE MISTURA RECICLADA A QUENTE 1. ORIENTAÇÃO GERAL a) Apreciar todas as etapas necessárias ao proporcionamento dos materiais utilizados. b) Seleção do tipo ou grau e quantidade do cimento asfáltico e agente de reciclagem se necessário no projeto final da mistura reciclada. c) Este é um método para reciclagem de misturas a quente usando de 10 a 70% de revestimento asfáltico reutilizável (RAP). d) As usinas convencionais para concreto asfáltico podem usar até 50% de RAP, sem necessidade de um método auxiliar para seu preaquecimento. A faixa mais aconselhável de RAP neste tipo de usina varia entre 10 e 30%. e) As usinas tipo tambor, (Drum mix) pode empregar até 70% do RAP, sendo a faixa recomendada entre 10 e 50%. A orientação geral para o estudo da mistura reciclada está esquematizada no fluxograma da Figura 9. Com os resultados médios de granulometria do agregado proveniente do RAP e as granulometrias do agregado novo e/ou agregado mineral reutilizável (RAM) se determina, por um método de composição granulométrica, a participação de cada agregado na nova mistura. Conhecida a composição da nova mistura e sua curva granulométrica se estima a porcentagem total de asfalto. Conhecendo a viscosidade absoluta do asfalto do RAP, se escolhe o novo tipo de CAP (mais agente de reciclagem, se necessário) para recuperar o asfalto envelhecido, e de forma que o asfalto final preencha os requisitos de qualidade das especificações e atenda às necessidades da mistura. Definidos: agregados e asfalto final para a mistura reciclada, determina-se o teor exato utilizando o método Marshall. 2. CÁLCULO DOS COMPONENTES DA MISTURA RECICLADA 2.1 Generalidades Uma mistura reciclada, esquematizada na Figura 10, está constituída pelos seguintes materiais:

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PARTE-III PROJETO DE MISTURA RECICLADA A QUENTE

1. ORIENTAÇÃO GERAL

a) Apreciar todas as etapas necessárias ao proporcionamento dos materiais

utilizados.

b) Seleção do tipo ou grau e quantidade do cimento asfáltico e agente de

reciclagem se necessário no projeto final da mistura reciclada.

c) Este é um método para reciclagem de misturas a quente usando de 10 a

70% de revestimento asfáltico reutilizável (RAP).

d) As usinas convencionais para concreto asfáltico podem usar até 50% de

RAP, sem necessidade de um método auxiliar para seu preaquecimento. A

faixa mais aconselhável de RAP neste tipo de usina varia entre 10 e 30%.

e) As usinas tipo tambor, (Drum mix) pode empregar até 70% do RAP,

sendo a faixa recomendada entre 10 e 50%.

A orientação geral para o estudo da mistura reciclada está esquematizada no

fluxograma da Figura 9.

Com os resultados médios de granulometria do agregado proveniente do RAP e as

granulometrias do agregado novo e/ou agregado mineral reutilizável (RAM) se determina, por

um método de composição granulométrica, a participação de cada agregado na nova mistura.

Conhecida a composição da nova mistura e sua curva granulométrica se estima a

porcentagem total de asfalto.

Conhecendo a viscosidade absoluta do asfalto do RAP, se escolhe o novo tipo de

CAP (mais agente de reciclagem, se necessário) para recuperar o asfalto envelhecido, e de

forma que o asfalto final preencha os requisitos de qualidade das especificações e atenda às

necessidades da mistura.

Definidos: agregados e asfalto final para a mistura reciclada, determina-se o teor

exato utilizando o método Marshall.

2. CÁLCULO DOS COMPONENTES DA MISTURA RECICLADA

2.1 Generalidades

Uma mistura reciclada, esquematizada na Figura 10, está constituída pelos seguintes

materiais:

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Fig

ura

9

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1) De revestimento asfáltico velho, constituído por:

a) agregado

b) asfalto envelhecido

2) De agregados puros, sem mistura com asfalto

a) Agregado novo, sem uso

b) Agregado proveniente de uma camada de base granular RAM

que pode ou não ter sofrido processamento: classificação e

rebritagem.

Em muitos casos este agregado, RAM, não é empregado.

3) De asfalto novo, com ou sem agente de reciclagem.

Figura 10

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2.2 Cálculo da porcentagem do asfalto do RAP na mistura final

% ASFM : % de asfalto na mistura, estimada pela fórmula

P = 0,035 a + 0,045 b + k.c + F

% ASFRAP : % de asfalto no revestimento asfáltico utilizável (RAP)

% ASFRAPM : contribuição, em %, do asfalto existente no RAP, no

total do asfalto da mistura reciclada.

(1) Cálculo da contribuição do asfalto do RAP, ( em %) na mistura final, em

relação ao peso do agregado

MISTURA %ASF

100% RAP % ASFRAP

RAPAG% A.RAPASF%

RAP agregado ao relação em RAP no existente asfalto % ASF% A.RAP

100

AG% . ASF% ASF% RAPRAP

A.RAP

A.RAPASF% 100

M.RAPM ASF% AG%

100

AG% . AG% ASF% MRAP

RAPM

total mistura ad agregado ao relação em RAP do asfalto % ASF% M.RAP

P = % total de asfalto

a = % de partículas maiores que a nº8 e retida na nº200

c = % que passa na peneira nº200

k = 0,15 % que passa na peneira nº200: 11% a 15%

0,18 % que passa na peneira nº200: 6% a 10%

0,20 % que passa na peneira nº200: < 5%

F depende da absorção do agregado (varia de 0% a 2%

(usa-se 0,7%)

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donde:

000 10

AG% . AG% . ASF% ASF% MRAPA.RAP

M.RAP

em que:

% AG% RAP de agregado no RAP

A.RAPAG% = % de asfalto no RAP em relação ao agregado

AG% M % de agregado em relação à mistura final de reciclagem

(2) Cálculo da contribuição do asfalto do RAP (em %) na mistura final, em

relação ao peso da mistura

Considerando os elementos da Figura 10 temos:

100% RAP % ASFRAP

PRAP PASFRAP

donde:

% ASFPASF

PRAPRAP

RAP

100

e

P PASF PAGRAP RAP RAP

RAPRAP

RAPRAP

PAG PASF

100 . PASF ASF%

100 . PASF PAG . ASF% PASF .ASF% RAPRAPRAPRAP RAP

RAP

RAPRAPRAP

ASF% 100

PAG . ASF% PASF

Considerando este peso em relação a um peso de mistura final, PM , temos:

% ASFPASF

PRAPMRAP

M

100

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100 PM

ASF% 100

PAG . ASF%

ASF% RAP

RAPRAP

M.RAP (1)

Por outro lado, o peso do agregado na mistura total PAGM é:

100% Mistura % AGM

PM PAGM

100

P . AG% PAG MM

M

100%M % AGRAPM

PAGM PAGRAPM

100

AG% . PAG PAG RAPMM

RAPM

000 10

AG% . AG% . P PAG RAPMMM

RAPM (2)

De (1) e (2) tiramos:

M

RAP

MRAPMM

RAP

RAPM

P

ASF% 100

P 000 10

AG% . AG% ASF%

ASF%

RAP

RAPMMRAP

RAPMASF% 100

000 10

AG% . AG% ASF%

ASF%

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2.3 Determinação da porcentagem de asfalto, estimada para a mistura reciclada

Esta porcentagem pode ser determinada de duas maneiras.

a) Pelo ensaio do Equivalente Centrífugo do Querosene, idealizado por Hveem no

Departamento de Estradas de Rodagem da California, ASTM D 5148-95.

b) Por fórmula empírica baseada na área superficial do agregado

P = 0,035a + 0,045b + k.c + F

P = % total do asfalto na mistura, em peso, em relação à mistura

a = % de partículas do agregado retida na peneira nº8

b = % de partículas do agregado que passa na peneira nº8 e retida na paneira

nº200

c = % de partículas que passa na peneira nº200

k = 0,15 quando o agregado tem de 11 a 15% passando na peneira nº200

k = 0,18 quando o agregado tem de 6 a 10% passando na peneira nº200

k = 0,20 quando o agregado tem menos de 5% passando na peneira nº200

F = coeficiente que depende das características de absorção do agregado

Varia de 0 a 2,0%. Na ausência de outros dados usar o valor 0,7%.

2.4 Cálculo da % de asfalto novo a ser adicionada à mistura final reciclada

A porcentagem estimada de asfalto novo , % ASFN , a ser adicionada à mistura

reciclada é:

% % %ASF P ASFN RAPM

2.5 Cálculo da porcentagem R de asfalto novo introduzido na mistura final

RASF

P

N%

%

%100

2.6 Emprego dos tipos de cimento asfáltico

De acordo com as Especificações Brasileiras IBP/ABNT-EB-78 e o Regulamento

Técnico DNC-01/92, os cimentos asfálticos no Brasil podem ser classificados com base:

a) Na viscosidade absoluta a 60ºC nos seguintes tipos:

CAP 7 com viscosidade entre 700 e 1500 poises

CAP 20 com viscosidade entre 2000 e 3500 poises

CAP 40 com viscosidade entre 4000 e 8000 poises

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b) No ensaio de Penetração (100g, 5segundos) na temperatura de 25ºC, resultando

nos seguintes tipos:

CAP 30/45

CAP 50/60

CAP 85/100

CAP 150/200

A correlação entre estes tipos de cimentos asfálticos atuais e os tipos anteriores,

definidos pelo Regulamento Técnico CNP nº21/86 é apresentado na Figura 11.

Na determinação da viscosidade de referência ( target viscosity ), para a mistura

asfalto envelhecido, asfalto novo e, se for o caso, agente de reciclagem, se adota o centro da

faixa de viscosidade absoluta correspondente ao tipo de cimento asfáltico recomendado. Este é

definido em função do tráfego previsto que suportará a mistura e das condições climáticas onde

será utilizada a mistura asfáltica.

As recomendações de uso do cimento asfáltico estão resumidas na Tabela 5 para

pavimentos rodoviários e urbanos.

2.7 Determinação do tipo de cimento asfáltico novo (e/ou agente de reciclagem) a

ser introduzido na mistura final

(1) Caso em que não é usado agente de reciclagem

Esta determinação é feita por meio de gráficos de viscosidade, Figura 12, em que

a viscosidade absoluta do asfalto, expressa em poises, é representada numa escala

“log-log”, e a porcentagem, R% , do asfalto novo em relação ao total do asfalto da

mistura, numa escala aritmética.

Figura 11

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TABELA - 5

CATEGORIA DO

TRÁFEGO

CLIMA

TEMPERADO QUENTE

BASE DA

CLASSIFICAÇÃO

VISCOSIDADE DE

REFEFERÊNCIA

1) Rodovias

Pesado e muito pesado

Médio e leve

CAP 50 – 60 CAP 50 - 60

CAP 20 CAP 20

CAP 85-100 CAP 85-100

CAP 7 CAP 7

PENETRAÇÃO

VISCOSIDADE ABSOLUTA

PENETRAÇÃO

VISCOSIDADE ABSOLUTA

2 750 poises

1 100 poises

2) Vias urbanas

Pesado e muito pesado

Médio e leve

CAP 50 – 60 CAP 50 - 60

CAP 20 CAP 20

CAP 85-100 CAP 85-100

CAP 7 CAP 7

PENETRAÇÃO

VISCOSIDADE ABSOLUTA

PENETRAÇÃO

VISCOSIDADE ABSOLUTA

2 750 poises

1 100 poises

A viscosidade de referencia é

agente de reciclagem a ser

do RAP

usada para definir o tipo

empregado com o asfalto

de CAP e/ou

envelhecido do

A viscosidade de referência (target viscosity) para a mistura, a ser obtida pela

mistura asfalto velho existente no RAP, com o asfalto novo, é normalmente o centro

da faixa de viscosidade absoluta do asfalto indicado para uma mistura nova,

considerando o tráfego e o clima..

Neste gráfico (Figura 12) se coloca a viscosidade absoluta do asfalto envelhecido,

do RAP, na escala vertical correspondente a R=0 ( isto é, só se considera o asfalto

envelhecido do RAP), obtendo-se o ponto A .

Como se deseja que a mistura resultante do asfalto envelhecido com o novo tenha

uma determinada viscosidade, a de referência, marca-se o ponto B com o valor de R

e a viscosidade de referência para a mistura.

Ligando-se A com B e prolongando até a escala vertical correspondente a

R=100 (referente somente ao asfalto novo puro) obtém-se o ponto C que fornece a

viscosidade absoluta do asfalto novo que deverá ser utilizado.

Neste gráfico a viscosidade é representada por um número seguido por uma

potência de 10 poises.

The Asphalt Institute dá a seguinte sugestão na seleção do grau de cimento

asfáltico para reciclagem:

a) Quando a quantidade do RAP for igual ou inferior a 20%, não

considerar a viscosidade do CAP existente no RAP.

b) Quando for utilizado mais de 21% de RAP mude o grau do asfalto

para o grau seguinte, isto é, CAP 20 CAP 7.

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DADOS Viscosidade do Asfalto do RAP= 40 000 poises % de asfalto novo em relação ao asfalto total da mistura: R = 62%

Viscosidade de referência = (2 000 + 3 500 ) : 2 = 2 750

RESULTADO Asfalto a ser adicionado deverá ter viscosidade = 800 poises isto é : CAP – 7

Não precisa agente de reciclagem

Figura 12

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(2) Caso em que é usado agente de reciclagem

Para a determinação do tipo de asfalto e do agente de reciclagem , utiliza-se um

gráfico log.log/aritmético, Figura 13, em que a viscosidade absoluta , em poises, é

representada em escala logarítmica, e a porcentagem R, de asfalto novo em relação ao

total da mistura é representada numa escala aritmética.

DADOS

Viscosidade do Asfalto do RAP = 60 000 poises % de asfalto novo em relação ao asfalto total da mistura: R = 56%

CAP 20 Viscosidade de referência = 2 750poises RESULTADO

Asfalto novo deve ter viscosidade de 400 poises (ponto C) Não existe CAP com esta esta

viscosidade. Devemos usar agente de reciclagem.

Usar o AR1 : viscosidade cinemática: 50 a 175 cSt (valor médio = 112cSt) 1,1 poises

(Ponto E) A viscosidade de 400 poises é obtida com uma mistua de CAP-20 com AR1 definida

pelo ponto F, isto é: 17% de AR1 e 83% de CAP-20

Figura 13

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Considerando-se, por ensaio, o valor da viscosidade do asfalto envelhecido

do RAP marca-se o ponto A na linha vertical correspondente a R=0.

Considerando a % de asfalto novo em relação à % de asfalto total da

mistura, R, e a viscosidade de referência (do centro da faixa) CAP, indicado

ao serviço, define-se o ponto B.

Ligando A e B e prolongando até a linha correspondente a R=100, (só

asfalto novo), determina-se o ponto C que indica a viscosidade que deve ter o

asfalto novo.

Se esta viscosidade for menor que os limites dos graus de CAP haverá

necessidade de inclusão de um agente de reciclagem.

100 ciclagemRe de Agente% Novo Asfalto%

ciclagemRe de Agente% R

A quantidade de agente de reciclagem é determinada da seguinte forma:

Usa-se o mesmo gráfico de viscosidade em que a escala vertical indica o

“log-.log” viscosidade absoluta e R, agora representa a porcentagem

necessária do agente de reciclagem, na escala aritmética.

Agora, na linha vertical correspondente a R=0 (significa 0% de agente

de reciclagem), marca-se o valor do centro da faixa da viscosidade absoluta do

CAP indicado para a mistura, obtendo-se o ponto D.

Na linha vertical correspondente a R=100, marca-se o valor médio da

viscosidade absoluta do agente de reciclagem, obtendo-se o ponto E .

Observe-se que para R=100, neste caso, só temos agente de reciclagem.

Traça-se a reta DE.

O ponto C representa a viscosidade do asfalto novo da mistura asfalto

novo-agente de reciclagem que recuperará o asfalto envelhecido do RAP.

Por C traça-se uma horizontal que intercepta a reta DE, no ponto F.

Uma vertical baixada do ponto F determina um valor na escala do R que

é a porcentagem do agente de reciclagem, na mistura com o asfalto novo.

Desta forma se define a composição final do asfalto na mistura, que será:

Asfalto envelhecido do RAP + CAP novo + agente de reciclagem

em proporções que resultem num produto final com a viscosidade igual ao valor

da faixa de viscosidade do CAP escolhido

3 . EXEMPLO DE CÁLCULO DOS COMPONENTES DA MISTURA E DO TIPO DO ASFALTO NOVO

3.1 Exemplo I

Um trecho de estrada apresenta um tráfego pesado.

O pavimento está constituído por uma camada de revestimento asfáltico com

8cm de espessura apoiado sobre base granular.

O defeito predominante é instabilidade da mistura.

As condições do trecho são regulares e se decidiu, entre um recapeamento e

uma reciclagem, a solução reciclagem do revestimento.

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Amostras coletadas do revestimento indicam que ele está com um teor médio de

asfalto de 6,5%.

A composição granulométrica média do agregado do revestimento (RAP)

obtida com a amostra do revestimento após a extração do asfalto está indicada na

Tabela 6.

Tabela 6 GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS

PENEIRA % QUE PASSA

AGREGADO RAP BRITA ¾” PEDRISCO

19,00mm (3/4”)

12,70mm (1/2”)

9,50mm (3/8”)

4,80mm (nº4)

2,40mm (nº8)

0,58mm (nº30)

0,30mm (nº50)

0,15mm (nº100)

0,075mm (nº200)

100

92

86

72

58

32

24

15

8

100

88

25

7

3

100

90

60

29

21

15

9

Nesta tabela estão indicadas as granulometrias médias de dois tipos de

agregados novos disponíveis para a nova mistura.

Pelas características do tráfego, pesado, optou-se, pela faixa

granulométrica IV.b, das Especificações do The Asphalt Institute representada

no gráfico da Figura 14.

Dispõe-se de 2 tipos de agregados novos: uma brita com tamanho máximo

de ¾” e um pedrisco com tamanho máximo 3/8”.

As curvas granulométricas dos materiais estão representadas no gráfico da

Figura 14.

Não se dispõe de agregado mineral puro, recuperado da base do pavimento

(RAM).

(1) Definição da composição dos agregados

A composição granulométrica pelo método das tentativas obteve a

seguinte composição:

Brita ¾” 25%

Pedrisco 3/8” 35%

Agregado reutilizável (RAP) 40%

Com estas porcentagens calculamos a curva granulométrica da mistura,

Tabela 7.

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Tabela 7

PENEIRA

AGREG. RAP (40%)

% que passa

AGREG. BRITA (25%)

% que passa

AGREG.PEDRISCO (35%)

% que passa

MISTURA

% que passa

19,0mm

12,7mm

9,5mm

nº4

nº8

nº30

nº50

nº100

nº200

100 x 0,40 = 40,0

92 x 0,40 = 36,8

86 x 0,40 = 34,4

72 x 0,40 = 28,8

58 x 0,40 = 23,2

32 x 0,40 = 12,8

24 x 0,40 = 9,6

15 x 0,40 = 6,0

8 x 0,40 = 3,2

100 x 0,25 = 25

88 x 0,25 = 22

25 x 0,25 = 6,3

7 x 0,25 = 1,7

3 x 0,25 = 0,8

-

-

-

-

100 x 0,35 = 35

100 x 0,35 = 35

100 x 0,35 = 35

90 x 0,35 = 31,5

60 x 0,35 = 21,0

29 x 0,35 = 10,2

21 x 0,35 = 7,4

15 x 0,35 = 5,3

9 x 0,35 = 3,2

100

93,8

75,7

62,0

45,0

23,0

17,0

11,3

6,4

Figura 14

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(2) Porcentagem estimada de CAP para concreto asfáltico

P = 0,035 a + 0,045 b + k.c + F

P = % asfalto no concreto asfáltico

a = % retido pen nº8 = 55%

b = % passa pen nº8 e retida pen nº200 = 45,0 – 6,4 = 38,6

c = %passa nº200 = 6,4

k = 0,18

F = 0,7

P = 0,035x55 + 0,045x38,6 + 0,18x6,4 + 0,7 = 5,5%

(3) Porcentagem estimada de asfalto novo mais agente de reciclagem na

mistura

Porcentagem de asfalto envelhecido do CAP que entra na mistura:

RAP

RAPMMRAP

RAPMASF% 100

100

AG% . AG% ASF%

ASF%

% ASFRAP , por ensaio = 6,5

% AGM = 100% - 5,5% = 94,5%

% AGRAPM = 40%

5,6 100

100

40 x 5,94 5,6

ASF% RAPM = 245 7

93 5

,

, = 2,63%

% asfalto novo + agente de recicl. = P - % ASFRAPM = 5,5 – 2,63 = 2,87%

(4) Porcentagem de asfalto novo em relação ao asfalto total na mistura = R

100%P

ASFnovo%R =

2 87

5 5100

,

, = 52%

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(5) Determinação do tipo e da porcentagem de cimento asfáltico

O ensaio de determinação da viscosidade absoluta com o asfalto

envelhecido do RAP, determinou um valor de 41 000 poises.

Para definir o tipo de asfalto usa-se o gráfico, Figura 15, que apresenta

a viscosidade absoluta na escala “log-log”, e, da porcentagem do asfalto

novo no total do asfalto da mistura em escala aritmética.

Figura III-7

Figura 15

% -

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Para R=0 , isto é, não há asfalto novo, a viscosidade é do asfalto

envelhecido = 41 000 poises. Marca-se o ponto A.

Para tráfego pesado o tipo de asfalto recomendado é o CAP 20 com faixa

de viscosidade absoluta entre 2 000 e 3 500 poises. O centro da faixa, 2 750

poises, é a viscosidade de referência e ela deve ser obtida pela mistura do asfalto

envelhecido mais o novo, com uma porcentagem de asfalto novo de 52%.

Portanto, a mistura de 52% de asfalto novo com 48% do asfalto envelhecido

deverá atingir a viscosidade de 2 750 poises. Assim, no gráfico, 2 750 poises e

R=52% define-se o ponto B.

A reta que liga A e B , prolongada até a vertical para R=100, define o

ponto C. À este ponto C, corresponde uma viscosidade 360 poises que é a

viscosidade do asfalto novo.

Como a menor viscosidade do menor grau de CAP, CAP 7, é 700 poises,

não existe um asfalto com a viscosidade 350 poises, e portanto, temos de

adicionar um agente de reciclagem para reduzir a viscosidade do tipo de cimento

asfáltico recomendado a esta viscosidade.

(6) Definição da porcentagem e do tipo de agente de reciclagem

Como o asfalto recomendado é o CAP 20, a viscosidade de referência é 2

750 poises. Este valor é colocado no gráfico, no ponto D , correspondente a

R=0 , porque agora , o

100 ciclagemRe de Agente% Novo Asfalto%

ciclagemRe de Agente% %R

Seleciona-se um agente de reciclagem com viscosidade baixa, por exemplo

AR1 viscosidade de 50 a 175 cSt tendo viscosidade de referência 112 cSt

que numericamente corresponde a 1,1 poises. Este valor é representado no

gráfico na linha da viscosidade correspondente a R=100, é o ponto E.

Ligar por uma reta os pontos D e E, que intercepta a horizontal traçada por

C, no ponto F, que determina o valor de R=19% , porcentagem do agente de

reciclagem em relação à mistura cimento asfáltico novo + agente de reciclagem.

Como a porcentagem de asfalto novo (+ agente de reciclagem) é 2,87%, a

porcentagem do agente de reciclagem é:

%55,0 87,2100

19 ciclagemRe de Agente%

%32,2 55,0 87,2 Novo Asfalto%

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(7) Estudo da mistura pelo Método Marshall

Usando a composição do agregado:

Base ¾” 25%

Pedrisco 3/8” 35%

Agregado recuperado do RAP 40%

São moldados vários corpos de prova com teores de asfalto variando de

0,5% tendo como base a porcentagem estimada, P , de asfalto , que no

exemplo é 5,5%. Assim os corpos de prova para o estudo da mistura serão

moldados com as porcentagens:

4,5% 5,0% 5,5% 6,0% e 6,5%

Cada corpo de prova será moldado conforme os elementos calculados e

indicados na Tabela 8

Tabela 8

ÍTEM

DISCRIMINAÇÃO

% DE

ASFALTO

DO CORPO

DE

PROVA

(1)

% de asfalto na mistura

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

(2)

% de agregado na mistura

95,5

95,0

94,5

94,0

93,5

(3)

% do asfalto envelhecido

do RAP na mistura

2,52

2,51

2,50

2,49

2,47

(4)

% de asfalto novo, CAP 20,

e /ou agente de reciclagem

4,5-2,52=1,98 5,0-2,51=2,49

5,5-2,5=3,0

6,0-2,49=3,51

6,5-2,47=4,03

(5)

% adicional de Brita ¾”,

Agregado Novo

23,9

23,8

23,6

23,5

23,4

(6)

% adicional de pedrisco,

agregado novo, na mistura

33,4

33,3

33,1

32,9

32,7

(7)

% de agregado recuperado

do RAP

38,2

38,0

37,8

37,6

37,4

(8)

% do revestimento asfáltico

recuperado na mistura: (3+7)

40,7

40,5

40,3

40,1

39,9

(9) MISTURA : (4)+(5)+(6)+(8)

100

100

100

100

100

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Com os corpos de prova preparados com estas dosagens, realiza-se o ensaio

Marshall na modalidade usada para as misturas convencionais.

Detalhes complementares são os seguintes:

a) O material oriundo do revestimento asfáltico reutilizável (RAP) deve

ser aquecido e mantido na temperatura da mistura para perder umidade e

facilitar sua mistura.

b) O agregado deve ser aquecido 10ºC acima da temperatura da mistura.

c) O material do RAP e o agregado devem ser misturados antes da

colocação do asfalto e/ou agente de reciclagem.

d) Quando for adicionado agente de reciclagem este deve ser

primeiramente misturado com o asfalto novo, nas proporções definidas

pelo projeto.

Faixas de trabalho

Com base nos resultados do ensaio Marshall determina-se:

a) Faixa granulométrica de trabalho

b) A porcentagem de asfalto de projeto e a faixa de trabalho do teor de

asfalto.

Observação final

Este estudo se processou com base nas amostras coletadas da pista para o

estudo de reciclagem.

O processo de frezagem e de escarificação e rebritagem fragmentam as

partículas de agregado produzindo uma granulometria diferente da obtida com as

amostras iniciais.

Deve-se analisar se com estas novas granulometrias o projeto mantém sua

validade.

Em caso contrário deverá ser reestudada a mistura com as granulometrias de

amostras colhidas no depósito do RAP.

4.2 Exemplo 2

Seguindo as etapas do Exemplo –1, chegamos a seguinte composição granulométrica:

Agregado do RAP =25%

%40Pedrisco

%35 "4/3 Brita Novo Agregado

A porcentagem do asfalto no RAP, deste exemplo, é 4,8% e este asfalto

envelhecido apresenta uma viscosidade absoluta de 65 000 poises.

A porcentagem estimada de asfalto total na mistura P = 5,7%.

Calcula-se a porcentagem do asfalto envelhecido do RAP, no total do asfalto.

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2,95 8,4100 AG% M

2,1 )48 100(

100

25 x 2,95 8,4

ASF% RAPM

Calcula-se a % de asfalto novo na mistura: 5,7 - 1,2 = 4,5

Calcula-se:

A porcentagem de asfalto novo em relação ao asfalto total da mistura:

%9,78 100 7,5

5,4 R

Considerando-se que a mistura será usada numa via com tráfego pesado,o tipo de

CAP indicado é o CAP 20, com viscosidade absoluta entre 2 000 e 3 500, resultando numa

viscosidade de referência de 2 750 poises.

Com viscosidade 65 000 poises e R=0 obtém-se o ponto A , Figura 16.

Com R = 78,9 e a viscosidade desejada para a mistura final do asfalto de 2 750

poises, obtém-se o ponto B .

Ligando A e B obtém-se o ponto C para R=100 , isto é, a viscosidade do asfalto

a ser empregado na mistura, que no caso é de 1 800 poises.

Esta viscosidade está acima dos limites de 700 e 1 500 poises do CAP 7, e abaixo

de 2 000 do CAP 20.

Há necessidade de adicionar agente de reciclagem com uma porcentagem de 3%. Esta

quantidade pequena pode ser desconsiderada e se adotar o CAP 20.

Ele é o asfalto novo que deverá ser empregado na mistura para que, associado ao

asfalto envelhecido do RAP, de um produto final com viscosidade absoluta próxima de 2 750

poises, centro da faixa de viscosidade do CAP 20, indicada para a mistura. As demais etapas do

projeto são aquelas indicadas no Exemplo-1.

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Figura 16