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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
FERNANDO MATHEUS DE LIMA MATOS JOÃO VICTOR CANUTO NETO DIAS
PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO NA CIDADE DE MACEIÓ: análise do sinistro no silo do Moinho
Motrisa
MACEIÓ-AL 2018/2
FERNANDO MATHEUS DE LIMA MATOS JOÃO VICTOR CANUTO NETO DIAS
PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO NA CIDADE DE MACEIÓ: análise do sinistro no silo do Moinho
Motrisa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Engenharia Civil, Centro Universitário Cesmac, sob a orientação do professor MSc. Ricardo Sampaio Romão Filho.
MACEIÓ-AL 2018/2
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecemos ao nosso Pai pelo dom da vida e pela
oportunidade concedida de cursar essa Faculdade. Agradecemos ainda por nos
fortalecer para chegarmos a essa conclusão com dignidade, afinco e
responsabilidade.
Agradecimento especial dedicamos aos nossos pais Vanúzia e Clayton,
Valéria e Rommel, sem os quais seria impossível a conclusão dessa crucial etapa de
nossa vida.
Agradecimentos inafastáveis à Instituição de Ensino, pela qualidade do curso
ofertado, e aos professores, pela dedicação contínua. Especialmente nesse momento,
agradecemos ao nosso orientador MSc. Ricardo Sampaio Romão Filho, cujo
profissionalismo e atenção foram essenciais para a realização e conclusão exitosa do
nosso Trabalho de Conclusão de Curso.
Nossos sinceros agradecimentos à Empresa Moinho Motrisa, pela
disponibilidade em nos ajudar, cuja contribuição se apresenta decisiva para a
elaboração e conclusão satisfatória do nosso trabalho.
Por fim rogamos à Deus pela continuidade no derramamento de bênçãos em
nossa vida, e a partir de agora, especialmente na nossa vida profissional, a qual
esperamos honrar.
PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCTRETO ARMADO NA CIDADE DE MACEIÓ: análise do sinistro no silo do Moinho Motrisa
PATHOLOGY IN REINFORCED CONCRETE STRUCTURES IN THE CITY OF MACEIÓ: accident analysis of the storage silo in Motrisa Mill
Fernando Matheus de Lima Matos Graduando do Curso de Engenharia Civil
[email protected] João Victor Canuto Neto Dias
Graduando do Curso de Engenharia Civil [email protected]
Ricardo Sampaio Romão Filho Mestre em Engenharia de Estrutura
RESUMO O trabalho a seguir apresenta todo um estudo a respeito das patologias no concreto armado, desde sua origem até os efeitos que poderá vir a causar na estrutura, tem como objetivo tentar explicar e classificar quais das patologias estudadas podem ter gerado o sinistro do moinho Motrisa, localizado na cidade de Maceió-AL. Onde, por conta da igualdade do material pôde-se realizar esse comparativo entre as patologias estudadas e a unidade moageira em questão. Impressões iniciais sugeriam a corrosão como fator degradante e gerador do colapso, visto a proximidade da edificação à área marítima. Todavia, após a realização da análise dos laudos periciais fornecidos pela empresa foi identificada a ocorrência de situação atípica, na qual se concluiu que mesmo havendo na estrutura indícios patológicos, como a corrosão da armação, não foram estes os motivos causadores do sinistro. O fato gerador do colapso no silo, foi o impacto mecânico gerado pelo processo de esvaziamento dos grãos armazenados, isso porque estes apresentavam umidade superior àquela comumente observada. Tal ocorrência impedia o processo contínuo de descarregamento e provocava aglutinação dos materiais dentro do silo, assim após exercida a força da gravidade, com o descarregamento dos grãos, ondas de pressão maiores que a capacidade de resistência da estrutura foram geradas desenvolvendo explosão mecânica e o sinistro no silo.
PALAVRAS-CHAVE: Patologia. Concreto. Silo. Sinistro. Corrosão. ABSTRACT This project presents all about the pathologies in the reinforced concrete, from its origin to the effects that can cause in the structure. The goals is to try to explain and classify which of the pathologies studied may have generated the incident of the Motrisa mill, located in the city of Maceió, AL. It was possible to perform this comparison between the pathologies studied and the milling unit due to the equality of the material. First impressions suggested corrosion as a degrading and collapsing factor, since the building was close to the sea area. However, after the analysis of the reports provided by the specialized company, it was identified an atypical situation, in which it was concluded that even if there were pathological signs in the structure, such as corrosion of the frame, these were not the reasons for the accident. The fact that the collapse occurred in the storage silo was the mechanical impact generated by the process of emptying the stored grains, because they had higher humidity than the one commonly observed. This occurrence prevented the continuous process of unloading and caused agglutination of the materials inside the storage silo, then after the force of gravity was exerted with the unloading of the grains, pressure waves bigger than the capacity of resistance of the structure were generated developing mechanical explosion and the accident in the storage silo. KEY-WORDS: Pathology. Concrete. Storage silo. Accident. Corrosion.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7 1.1 Considerações iniciais ...................................................................................... 7 1.2 Objetivos ............................................................................................................ 8 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 8 1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 9 2 METODOLOGIA .................................................................................................. 10 2.1 Local de estudo ............................................................................................... 10 2.2 Análise dos dados ........................................................................................... 10 2.3 Patologias ......................................................................................................... 11 2.4 Resultados e soluções .................................................................................... 11 3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................... 12 3.1 Conceito de patologia em estruturas de concreto armado ......................... 13 3.2 Origem da patologia na etapa de criação da estrutura ................................ 13 3.3 Origem da patologia na fase de execução da estrutura .............................. 14 3.4 Origem da patologia na fase de utilização da estrutura .............................. 15 4 ORIGENS DA DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS ....................................... 16 4.1 Causas intrínsecas em estruturas de concreto armado .............................. 16 4.1.1 Falhas humanas durante a construção .......................................................... 16 4.1.1.1 Deficiências de concretagem ...................................................................... 16 4.1.1.2 Inadequação de escoramentos e fôrmas .................................................... 17 4.1.1.3 Deficiência nas armaduras .......................................................................... 17 4.1.1.4 Utilização Incorreta dos Materiais de Construção ....................................... 18 4.1.2 Falhas humanas durante a utilização ............................................................. 18 4.1.3 Causas naturais ............................................................................................. 18 4.1.3.1 Causas próprias á estrutura porosa do concreto ......................................... 19 4.1.3.2 Causas químicas ......................................................................................... 19 4.1.3.3 Causas físicas ............................................................................................. 20 4.1.3.4 Causas biológicas ....................................................................................... 20 4.2 Causas extrínsecas em estruturas de concreto armado ............................. 20 4.2.1 Falhas humanas durante o projeto ................................................................. 20 4.2.1.1 Má avaliação das cargas ............................................................................. 21 4.2.1.2 Detalhamento errado ou insuficiente ........................................................... 21 4.2.1.3 Inadequação ao ambiente ........................................................................... 21 4.2.1.4 Incorreção na interação solo-estrutura ........................................................ 22 4.2.1.5 Incorreção na consideração de juntas de dilatação .................................... 22 4.2.2 Falhas humanas durante a utilização ............................................................. 23 4.2.2.1 Sobrecargas exageradas ............................................................................. 24 4.2.2.2 Alteração das condições do terreno de fundação ....................................... 24 4.2.3 Ações mecânicas ........................................................................................... 24 4.2.4 Ações físicas .................................................................................................. 25 4.2.5 Ações químicas .............................................................................................. 25 4.2.6 Ações biológicas ............................................................................................ 26 4.3 Processos físicos de deterioração ................................................................ 26 4.3.1 Fissuração ...................................................................................................... 26 4.3.1.1 Fissuras por movimentações térmicas ........................................................ 26 4.3.1.2 Fissuras por movimentações higroscópicas ................................................ 27 4.3.1.3 Fissuras por atuação de sobrecargas ......................................................... 27 4.3.1.4 Fissuras por deformabilidade da estrutura .................................................. 28
4.3.1.5 Fissuras por recalque de fundação ............................................................. 29 4.3.1.6 Fissuras por retração de produtos à base de cimento ................................ 30 4.3.2 Desagregação do concreto ............................................................................ 30 4.3.3 Corrosão ......................................................................................................... 31 4.3.3.1 Corrosão do concreto .................................................................................. 31 4.3.3.2 Corrosão de armaduras ............................................................................... 32 4.3.4 Carbonatação do concreto ............................................................................. 33 4.3.5 Perda de aderência ........................................................................................ 33 4.3.6 Desgaste do concreto...................................................................................... 34 5 REPARO .............................................................................................................. 35 6 SILO ..................................................................................................................... 37 7 SINISTRO ............................................................................................................ 39 8 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 41 9 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 46 ANEXOS ................................................................................................................. 52 ANEXO A - DECLARAÇÃO .................................................................................... 53
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1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
Há muito tempo o homem se preocupa com o seu meio de inserção, e ao passar
dos anos presenciou uma busca assídua por alternativas que elevassem seus níveis
de bem estar. Onde o âmbito da edificação cresce aliado a essa corrente de
mudanças, sendo a engenharia responsável por desenvolver e apresentar tecnologias
e inovações capazes de suprir as necessidades e expectativas dessa civilização
moderna.
Devido a grande demanda do edificar, a importante etapa de assessoramento
após conclusão da obra é por vezes depreciado, sendo o estudo da vida útil da
construção passível de constatação do real comportamento da estrutura, no sentido
funcional e sensorialmente confortável para os usuários. Sabendo assim, se a mesma
está atendendo as especificações as quais foi dimensionamento na etapa do cálculo
estrutural.
Souza e Ripper (1998) elucidam que na engenharia, patologia determina o
estudo dos danos identificados nas edificações, onde uma deterioração pode
acontecer por uma parcela de fatores, da qual incluem: fadiga por tempo de uso, a
ausência de inspeção profissional, acidente após a concepção do empreendimento,
oxidação da ferragem pela salinidade em áreas litorâneas, etc. No qual o mau
gerenciamento da obra é relevante, visto a ocorrências de aquisições de materiais que
apresentam baixa qualidade ou desrespeito às especificações das quantidades de
ferragens e seus respectivos cobrimentos, ambos normatizados e preestabelecidos,
para poupar o orçamento mesmo cometendo práticas errôneas.
Essas manifestações patológicas podem ser simples ou complexas,
visualizados em poucas horas ou após anos, cabendo a cada tipologia uma espécie
de reparo ou reforço específico. Aliando o frequente avanço tecnológico da construção
civil com o conhecimento existente dos fatores degradantes que atuam nas
edificações, torna-se possível constatar com perfeição a grande maioria dos
problemas patológicos (HELENE, 2003). Dentro da diversidade de edifícios o presente
trabalho irá ressaltar o comportamento das patologias quanto a estruturas de
concreto.
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Certos problemas são de fácil detecção, por conta dos perceptíveis danos
estruturais, como fissuras, que há possibilidade de ser grave e afetar corrosão da
armadura quando superam aberturas de 0,2mm a 0,4mm (ABNT NBR:6118/2014),
sendo assim há necessidade de um estudo para constatar e tratar essas
irregularidades. Porém, algumas patologias são de difícil observação e, portanto o
especialista patológico deve realizar um diagnóstico cabal acompanhado de
prognósticos.
Sabe-se que “as estruturas de concreto são consideradas comprometidas
quando apresentam manifestações patológicas com potencial de afetar a sua
durabilidade e o seu desempenho” (CASTRO, s.d.). Diante disso, podemos ressaltar
casos diversos em que a patologia pode suscitar a ruína da edificação, sendo assim,
é imprescindível frisar a execução do problema como fator crucial para solução e vida
útil da construção.
Um caso apropriado para exemplificação do citado anteriormente, foi o ocorrido
com o Moinho Motrisa, no qual parte de uma das torres, utilizada para estocagem dos
grãos, desabou em pleno estado de funcionamento, trazendo transtornos ambientais
e sociais para todo o entorno. A conexão com o tema está no fato do silo em questão
ser uma estrutura de concreto, podendo a patologia ter sido fator responsável pelo
infortúnio. Face o exposto, o presente trabalho faz uma análise do ocorrido e
apresenta a real versão do episódio com o silo.
Para melhor explanar sobre o tema, se faz necessário conceituar silo, podendo
ser definido como: “construção impermeável para conservar forragens destinadas ao
alimento dos animais; depósito para armazenagem de cereais” (AMORA, 2008). Os
quais dispõe a construção com diversos tipos de materiais, podendo ser: metálicos,
de alvenaria, de concreto, de argamassa armada ou madeira.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Esse trabalho tem como premissa analisar os principais tipos de patologias,
abordar os mais recorrentes em estruturas de concreto, e diante disso apontar quais
ocorreram na unidade moageira em análise.
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1.2.2 Objetivos específicos
• Investigar os tipos mais recorrentes de patologias na região estudada;
• Verificar como estava estruturalmente o silo em análise que entrou em colapso;
• Apresentar as diversas formas de reparo utilizado para a patologia recorrente
da região analisada.
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2 METODOLOGIA
A presente pesquisa se configura como pesquisa qualitativa, que em vista da
crescente ocorrência de patologias valida a importância de destrinchar os tipos
existentes, ao passo que elucida a motivação de ocorrência das mesmas. O litoral
nordestino é local de efetuação do trabalho, gerando curiosidade na hipótese de essa
característica geográfica interferir no aparecimento de manifestações patológicas,
seguido pois de comentário para esclarecimento das dúvidas supracitadas.
2.1 Local de estudo
O objeto da pesquisa eleita é a estrutura de concreto do silo da empresa
Motrisa, que se localiza na cidade de Maceió em Alagoas. A unidade em questão
dispõe de quatro torres para armazenagem de grãos, ao passo que uma delas em
abril de 2014 sofreu um sinistro em pleno estado de descarregamento. As torres do
silo construídas em 1974, alcançam 40 metros de altura e 8 metros de diâmetro interno
demonstrando sua imponência, que no seu estado de utilização máxima armazena
1600 toneladas de trigo. Quatro anos após o ocorrido, cicatrizes ainda são visíveis in
loco, estando o perímetro devidamente isolado e isentos de riscos catastróficos.
2.2 Análise dos dados
O instrumento de coletas de dados deu-se por catalogação de bibliografias
relevantes que fundamentasse o conceito de armazenamento de grãos e
manifestações patológicas que porventura ocorressem. Seguida da análise e
apreciação dos laudos técnicos de engenharia realizado para explanação do ocorrido,
sendo estes cedidos pela empresa Motrisa, atestando através de documento que
consta no Anexo A – Declaração, a autorização da citação da empresa como caso de
estudo a ser analisado.
Concatenando os conhecimentos adquiridos às pesquisas bibliográficas
realizadas buscar-se-á identificar as patologias que existiam no silo colapsado, para
assim compreender a motivação da mesma.
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2.3 Patologias
Restringindo o campo de pesquisa apenas para estruturas de concreto armado,
averiguará as origens da deterioração nos esqueletos das edificações. As patologias
geradas nesse processo são divididas em dois grupos, intrínsecas e extrínsecas, onde
diferenças e semelhanças serão exaltadas e expostas. Salientará a tipologia da
patologia mais recorrente na região analisada, acompanhada das razões as quais
ocasionam a frequência dos casos existentes.
2.4 Resultados e soluções
Em vista do abordado, as informações sobre patologias serão avaliadas de
modo a expor a recorrente na região em análise, aliado as motivações que geram
essa ocorrência em demasia. Atrelado aos resultados dos laudos e das condições dos
grãos armazenados, apresentará o real motivo do sinistro e se existe influência do
meio no ocorrido.
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3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O sistema construtivo amplamente utilizado na antiguidade era a alvenaria,
visto ser mais seguro e durável que outros métodos existentes na época. Para a
realização desse método era necessário um elemento de ligação, e após tentativas e
erros os romanos obtiveram um material com semelhança ao cimento atual.
Ainda no Império Romano denominou-se concreto, a união de pedras e
argamassas, sendo estas constituídas pela substância caementum. Apesar de a maior
utilização ser como argamassa de assentamento em alvenarias, quando misturado a
pedras de diminuta granulometria se assemelhava ao concreto atual. Com a
capacidade de aumentar a resistência, foi amplamente empregado na construção de
extensas estradas (CARVALHO, 2008).
Segundo Carvalho e Figueiredo Filho (2012), conhecendo a eficiência do
concreto à compressão e a sua ineficiência à tração, identificou a necessidade de uma
armação para o concreto. De sorte que, buscou-se materiais que associados ao
concreto fossem mais eficientes à tração. Como resultado, chegou-se ao aço,
descoberto ser o material mais adequado, por apresentar alta resistência a
característica necessária. Sendo assim, denomina-se concreto armado a junção do
aço ao concreto, que trabalham solidariamente e conferem a resistência necessária
aos esforços solicitantes.
Convém salientar que essa associação entre concreto e aço teve sua primeira
patente com Joseph Monier na fabricação de vasos para horticultura além de outros
artefatos, e inclusive na construção de pontes e passarelas, como mostrado na Figura
1 (CARVALHO, 2008).
Figura 1 - Primeira ponte de concreto armado. Fonte: Afonso, 2013.
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3.1 Conceito patologia em estruturas de concreto armado
O termo Patologia tem origem na língua grega, onde Pathos significa doença e
Logos corresponde a estudo. Sendo assim o significado literal do termo pode ser o
seguinte: "estudo da doença". Numa definição mais ampla podemos explicitar como o
estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais nas células, tecidos e
órgãos, que visa explicar os mecanismos pelos quais surgem os sinais e os sintomas
das doenças (PEREIRA, 2006).
Partindo dessas premissas observa-se claramente que o termo é
originariamente relacionado à área médica, tanto assim é verídico que
costumeiramente inclusive se utiliza a palavra como sinônimo de doença ou
enfermidade. No que se observa um equívoco. Vez que em palavras simples, e numa
conceituação básica, pode-se afirmar claramente que a patologia seria um estudo das
enfermidades, e não o substantivo a ser utilizado para denominá-las.
Por conseguinte, vez que o termo patologia é utilizado amplamente como
sinônimo de doença, a primeira correlação que se faz ao ouvi-la, é direcionada a
problemas com o corpo humano e seu funcionamento normal. E isso,
indubitavelmente, acarreta uma restrição na utilização do termo, e numa definição
errônea, comprometedora do entendimento do sentido amplo que a palavra contém.
O que se pretende concluir com tais explanações, é a abrangência do termo
analisado, como o estudo de anormalidades comprometedoras do funcionamento
normal de estruturas, seja ela, o corpo humano, ou qualquer outra, que porventura
venha a ser analisada. Qual seja, no presente caso, as estruturas edificadas em
concreto.
Donde pode-se conceituar na construção civil, a patologia como sendo os
estudos dos danos ocorridos em edificações. Assim, podendo ser melhor entendida
como a ciência que estuda as origens, causas, mecanismos de ocorrência,
manifestações e consequências das situações em que os edifícios ou suas partes
deixam de apresentar o desempenho mínimo pré-estabelecido.
3.2 Origem da patologia na etapa de criação da estrutura
O processo de concepção de uma estrutura pode gerar uma série de erros, os
quais quando cometidos prematuramente acarretam soluções complexas e onerosas.
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Segundo Souza e Ripper (1998), com passiveis falhas, as decorrentes do
anteprojeto ou dos estudos iniciais geram encarecimento de todo o processo
construtivo, ao passo que o surgimento de problemas patológicos advém de erros nos
projetos finalizados. As manifestações patológicas nessas etapas são variadas, desde
erros no dimensionamento a inexequíveis detalhes construtivos.
Um comum exemplo de incompatibilidade de projetos são os erros entre
estrutura e instalações hidrossanitárias, as quais podem causar danos ao passar por
elementos rígidos estruturais, tendo o gestor da obra o papel de estar atento aos
projetos, pois erros dessa magnitude geram maiores preocupações.
Uma sequência concisa para evitar erros de concepção estrutural e possíveis
falhas é iniciar o projeto arquitetônico com compatibilização precisa ao projeto
estrutural, salientando que a disponibilidade de tempo para execução dos projetos
facilita a obtenção de soluções mais econômicas. A caracterização do ambiente é
necessária para respeitar a classe de agressividade local e assim avaliar o processo
de deterioração. Deve-se observar também o relatório de sondagem para se nortear
quanto ao tipo de fundação usual na situação avaliada, dependendo do tamanho da
edificação é importante conter um levantamento topográfico para melhor locação da
fundação. Para se resguardar é válido avaliar e registrar a situação da edificação
vizinha, pois tremores e impactos gerados na obra podem acarretar problemas na
vizinhança. Finalizando com o planejamento da execução da estrutura, para se ter
noção da carga solicitada sobre o pavimento, por exemplo, laje concretada a cada 28
ou a cada 7 dias (KOERICH, s.d.).
3.3 Origem da patologia na fase de execução da estrutura
Findada a concepção do projeto, a fase de execução é posta em prática, onde
a locação correta do canteiro de obra facilita a trabalhabilidade e o avanço satisfatório
da execução.
Quando engenheiro e sua equipe de trabalho tomam ciência dos detalhes
executórios da obra que desenvolverão, evitam erros ínfimos de não realização das
conformidades por desatenção. Ante isso, os problemas patológicos desencadeados
nessa etapa provem da não qualificação da mão de obra e baixa qualidade dos
materiais utilizados.
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A mão de obra deve sempre estar em constante supervisão por seus
responsáveis, dando auxílio e verificando a realização dos processos. Existem,
também, modos de facilitar a visualização da equipe, como os organogramas, que se
bem elaborados promovem rápido entendimento da organização e dinamizam sua
gestão.
3.4 Origem da patologia na fase de utilização da estrutura
Infelizmente, muitas edificações são utilizadas de maneira incompatível com a
carga solicitante de projeto, onde a estrutura recebe um carregamento maior ao qual
foi dimensionado e não trabalha conforme o planejado. De fato a falta de manutenção
predial ou sua realização inadequada, tanto pelos moradores, em suas unidades
habitacionais, quanto pelo condomínio é fator predominante do surgimento de
manifestações patológicas.
Portanto, mesmo a concepção e execução realizadas conforme o planejado e
sem incorreções podem vir a acarretar falhas, e isso é tão comum quanto a ocorrência
em outras etapas.
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4 ORIGENS DA DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS
O surgimento de problemas patológicos se dá por diversas causas, as quais
foram citadas anteriormente, porém é necessário saber a origem da deterioração para
assim executar os reparos necessários. Souza e Ripper (1998), dentre os tantos
agentes agressivos locais, problemas químicos dos materiais e falhas humanas que
agridem a estrutura no intuito de facilitar o entendimento, realizam uma categorização
em causas intrínsecas e causas extrínsecas, seguido dos processos físicos de
deterioração do concreto armado.
4.1 Causas intrínsecas em estruturas de concreto armado
Entende-se essa classificação como todo método de deterioração ligado
intimamente ao interior das estruturas de concreto armado, englobando assim desde
falhas humanas até causas naturais do material em utilização.
4.1.1 Falhas humanas durante a construção
O principal fator dessas anomalias é a baixa qualidade na mão de obra.
Algumas das principais falhas humanas são: Deficiências de concretagem,
inadequação de fôrmas e escoramento, deficiência nas armaduras, utilização
incorreta dos materiais construtivos e inexistência do controle de qualidade.
4.1.1.1 Deficiências de concretagem
São muitos os problemas quanto à concretagem em edificações, as relações
água/cimento, cura e transporte são facilmente verificados durante essa etapa. O
lançamento e adensamento do concreto também são relevantes, visto que a
segregação do material miúdo com o graúdo pode acarretar a aparição, com
facilidade, de bicheiras (CONHEÇA, s.d.).
O recebimento do concreto deve suceder a aprovação dos tramites
normatizados e a realização dos ensaios para verificação dos parâmetros solicitados
em projeto. Um exemplo tão difundindo em obra é a realização de ensaio de
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abatimento, amplamente conhecido como slump test, para encontrar a consistência
do concreto (ABNT NBR:12655/2006).
Souza e Ripper (1998) explanam que ao ocorrer interrupções de lançamento
em áreas mapeadas, propiciará o aparecimento de juntas de concretagem. As quais
se aconselham não se fixarem em zonas de elevadas tensões tangenciais.
A vibração do concreto minimiza a quantidade de ar que fica retido em seu
interior e quando ele é eliminado se tem alguns ganhos quanto a sua qualidade, um
exemplo é na resistência onde para cada 1% de ar não removido a resistência do
concreto diminui entre 5% e 6% (GOULART, 2005).
A resistência da estrutura é garantida essencialmente pelo processo de cura, o
qual impede a evaporação antecipada da água. Quando realizado erroneamente
causa fissura de retração plástica, caracterizada pela redução do volume de concreto
na superfície (CONSTRUÇÃO, s.d.).
4.1.1.2 Inadequação de escoramentos e fôrmas
A ausência de limpeza e desmoldante, insuficiência da estanqueidade, retirada
prematura das fôrmas e a remoção incorreta do escoramento são comumente
observadas como práticas errôneas que acarretam respectivamente, deformações
estruturais, aumento da porosidade no concreto, proeminentes fissurações e
surgimento de trincas (SOUZA; RIPPER, 1998).
4.1.1.3 Deficiência nas armaduras
Devido à complexidade de detalhamentos, o baixo nível de instrução e pouca
capacitação da mão de obra são recorrentes erros em leituras de projeto, as quais
podem acarretar em resistência insuficiente dos elementos construtivos.
O cobrimento é o responsável por resistir às ações da agressividade do meio,
a garantia da sua qualidade está diretamente ligada ao processo de lançamento e
cura do concreto e uma alternativa no intuito de evitar a ocorrência de falhas na
execução é aumentar a espessura do cobrimento, essa técnica não se tornaria viável
nos casos em que o aumento acarreta maior peso próprio da estrutura. A técnica
usual para aquisição de parâmetros corretos são os espaçadores, porém
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movimentações descomedidas danificam as posições da armadura (NAKAMURA,
s.d).
4.1.1.4 Utilização incorreta dos materiais de construção
No item anterior recai imediatamente sobre os operários a autoria dos danos,
já a tomada de decisão de escolha incorreta de materiais é ofício do responsável da
obra, portanto evitar esse tipo erro é crucial para a credibilidade do profissional.
O índice fck se refere a quão resistente o concreto se apresenta a esforços de
compressão (ABNT NBR:6118/2014), se após o dimensionamento do projeto
estrutural e a obtenção do índice em obra for constatada discrepância, há
possibilidade do surgimento de danos que aumentam mediante a diferença entre os
valores.
No concreto armado, o aço é material essencial e seu mau uso pode acarretar
em falhas estruturais causando o desmoronamento. Isso pode se dar pelo diâmetro
da bitola diferente, na posição em discordância com o projeto, ou em casos extremos
a ausência do material. Os aditivos são importantes para a obtenção de melhorias nas
qualidades deficitárias do concreto, portanto sua utilização inadequada poderá
ocasionar a diminuição da durabilidade e resistência do mesmo.
4.1.2 Falhas humanas durante a utilização
As falhas humanas dentro da categoria das causas intrínsecas de patologia
acontecem por um único aspecto, a ausência de manutenção regular no pós obra,
onde se realizada periodicamente preservaria a estrutura e suas qualidade estrutural
permaneceriam conservadas.
4.1.3 Causas naturais
Entende-se por causas naturais, as reações que agem no concreto por conta
de sua própria composição, além da influência do meio. De maneira geral, as causas
naturais indeferem das manifestações patológicas geradas por equipamentos ou por
falhas humana.
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4.1.3.1 Causas próprias à estrutura porosa do concreto
A trabalhabilidade do concreto, enquanto isolante redutor de potenciais agentes
corrosivos está totalmente relacionado com a sua porosidade. Onde, para ter uma
solução econômica, eficiente e simples deve-se pensar em modificar a porosidade do
mesmo para aumento da durabilidade (SATO,1998).
Ou seja, quanto maior a possibilidade do deslocamento da água, gases e outros
materiais agressivos no interior do concreto, maior será a probabilidade de sua
degradação. Neste caso dois fatores merecem atenção: porosidade e condições
ambientais da superfície, e já que no geral não se podem controlar as condições
ambientais, restando reduzir ao mínimo possível a sua porosidade (SOUZA; RIPPER,
1998).
4.1.3.2 Causas químicas
Muitas das causas químicas que agridem as estruturas de concreto armado
são originárias da constituição dos materiais.
Reação álcalis-agregado (RAA), demonstrada na Figura 2, ocorre no interior da
estrutura entre hidróxidos alcalinos e minerais dos agregados. E sua ocorrência varia
de acordo com a reatividade dos agregados e quantidade de hidróxidos disponíveis,
a umidade tem sua parcela de influência, pois em sua presença ocorrerá expansão
de produtos resultado das reações químicas, podendo assim levar a fissuras e outros
problemas patológicos (NOGUEIRA, 2010).
Figura 2 – Fissuração típica de RAA. Fonte: Meininger, 2006.
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Uma reação que se deve evitar para garantir a durabilidade da estrutura é o
calor de hidratação do cimento, que quando misturado e assim executado o concreto
causará reações exotérmicas, que liberam calor como efeito da reação química.
Mesmo findada as reações e a possibilidade de estabilização de temperaturas com o
meio ambiente, as variações iniciais de temperaturas podem ter iniciados
manifestações patológicas no interior da estrutura.
4.1.3.3 Causas físicas
Do modo que causas físicas intrínsecas no processo de deterioração da
estrutura se apresentam pela mudança de temperatura externa, como vento,
insolação e água, e esses efeitos climáticos da natureza tem atuação durante o
processo de cura, no período de endurecimento do concreto.
4.1.3.4 Causas biológicas
A atividade biológica desempenha um papel importante na deterioração do
concreto devido às suas interações com o material. A maior frequência de ocorrência
se dá na ação dos sulfetos nos esgotos, os quais descalcificam o cimento por reações
entre gás sulfídrico, cálcio e bactérias aeróbicas.
4.2 Causas extrínsecas em estruturas de concreto armado
Souza e Ripper (1998) avaliam que podem ser analisadas do ponto de vista
dos fatores que atacam a estrutura "de fora para dentro" durante as diversas fases de
concepções da obra até ao longo de toda sua vida útil, além de que essas causas
independem do corpo estrutural, como também, da composição interna do concreto.
4.2.1 Falhas humanas durante o projeto
Ao longo da concepção de um projeto estrutural em concreto armado, existem
diversas etapas construtivas, que podem ser essenciais para o resultado esperado.
Em outras palavras, se no decorrer da obra, fatores que estão ligados diretamente a
21
esse resultado for mal estudado, a edificação poderá sofrer diversos efeitos negativos
na sua estrutura.
4.2.1.1 Má avaliação das cargas
Um dos tópicos mais importantes referentes à patologia, pois é um problema
que vem desde a concepção e como já foi dito, quanto mais cedo tem-se início o
problema, mais onerosa é sua correção, onde as cargas podem ser avaliadas como
gravitacionais, climáticas e acidentais.
Carga gravitacional pode ser dividida entre permanente e acidental, na qual
permanente é aquela resultante de todo componente estrutural e acidental decorre da
eventual utilização (ABNT NBR:6120/1980).
A carga climática a ser considerada no Brasil é o vento, ao passo que as
proporções da estrutura e sua localização definem seus efeitos. Casos específicos
devem ser avaliados através de experimentos, como o túnel de vento. Sendo, em
casos de esbeltez elevada, uma grande responsável por trincas (ABNT
NBR:6123/1988; SOUZA; RIPPER, 1998).
Para carga acidental, é necessário um discernimento para zelar a segurança
no projeto e considerar a possibilidade de catástrofes, como por exemplo, uma ponte
presumir a colisão de navios em seus pilares de apoio.
4.2.1.2 Detalhamento errado ou insuficiente
Erros na concepção da edificação por falta de detalhamento preciso, pode
ocasionar sérias patologias, algumas vezes o projetista se engana ao pensar que
certa estrutura não necessita de um detalhe maior, ou quando realiza o mesmo em
escalas pequenas dificultando a compreensão do armador e mestre.
4.2.1.3 Inadequação ao ambiente
A inadequação do ambiente não é um problema patológico gerado pela má
execução do projeto, uma vez que estruturalmente o mesmo possa estar correto, e
ainda assim apresentar certas inconformidades na edificação pelo fato da estrutura
não possuir certa defesa para o meio ambiente.
22
4.2.1.4 Incorreção na interação solo-estrutura
Velloso e Lopes (2011) argumento que na geotecnia o engenheiro sempre irá
se deparar com tipos de solo trabalhando de maneiras inconstantes, onde se deve
aceitar o comportamento do mesmo para assim dimensionar a fundação de forma
correta.
Porém, muitas vezes a execução de sondagens e ensaios de caracterização
do solo são taxados de irrelevantes e dispendiosos, acarretando
superdimensionamento da fundação, procedimento com maior onerosidade se
analisado o conjunto da obra.
4.2.1.5 Incorreção na consideração de juntas de dilatação
Segundo Thomaz (1989), os elementos e componentes que trabalham em
conjunto na construção civil, estão sempre sujeitos a variações de temperatura,
fazendo com que se dilatem no calor e retraiam com a ausência do mesmo. Logo,
esses movimentos anteriormente citados provocam o surgimento de trincas.
Para absorver esses movimentos existem as juntas de dilatação, na qual é feito
um corte a cada distância especificada em projeto, seguido da colocação de um
limitador de profundidade e um produto com características elásticas para absorver
as movimentações (POLIPOX, s.d.).
A ausência de juntas em paredes externas pode gerar desde rachaduras a
descolamento de placas e por isso é tão comum enxergar as juntas horizontais em
edificações, geralmente afastadas a cada pavimento. Porém, não só paredes externas
necessitam de juntas, mas também lajes, pisos, encontros de parede e viga, e vigas
e pilares (JUNTAS, s.d.).
Nas Figuras 3 e 4 abaixo está representada a parede de uma edificação
habitacional, que no terceiro ano de utilização, foi verificado pelos moradores o
desplacamento do concreto nas juntas dos pilares no subsolo. O fato de os pilares
terem sido construídos separadamente apresentam tempos de curas desiguais. Entre
eles foi colocada uma placa de isopor que não preencheu totalmente o vazio existente
e começada a concretagem do segundo pilar parte do concreto escapou e fez o
comportamento estrutural responder como elemento único, logo, a junta não exerceu
sua função e com os efeitos da expansão e retração soltou-se parte do concreto.
23
Figura 3 - Junta de dilatação em pilar de subsolo. Fonte: Thomaz, 2012.
Figura 4 - Queda do concreto em juntas de dilatação. Fonte: Thomaz, 2012.
4.2.2 Falhas humanas durante a utilização
Segundo Gomes (2017), por falta de instrução, muitas das vezes os moradores
da edificação fazem reformas no projeto ou se utilizam de maneira diferente para o
que foi dimensionado, sem consultar a empresa responsável pela obra ou um
engenheiro, facilitando assim o surgimento de falhas na construção.
24
4.2.2.1 Sobrecargas exageradas
A ação de sobrecargas pode ocasionar fissuras nos componentes relacionados
à estrutura como, por exemplo, pilares e vigas, no entanto falhas essas não deveriam
acontecer se a sobrecarga for calculada da maneira correta (THOMAZ, 1989).
De acordo com Souza e Ripper (1998), a sobrecarga exagerada acontece
quando são calculadas áreas específicas para implantação de equipamentos, por
exemplo, e com o tempo ocorrem mudanças seja por máquinas de peso superior ou
alteração do imóvel "x" para o "y" e transportar consigo o mesmo maquinário.
4.2.2.2 Alteração das condições do terreno de fundação
Devido ao grande potencial da construção civil e com edificações cada vez mais
próximas umas das outras, têm-se mudado a configuração do solo e bulbos de
pressões se sobrepõe, causando prejuízos nas edificações por conta de recalques e
perca de resistência no solo (VELLOSO; LOPES, 2011).
Figura 5 - Bulbo de pressão. Fonte: Milititsky, s.d.
4.2.3 Ações mecânicas
São analisadas todas as circunstâncias que podem violar a estabilidade da
edificação, geradas por ações de terceiros. Muitas vezes de difícil previsão, ações
de choques, incêndios, sismos, entre outros.
25
4.2.4 Ações físicas
No nosso cotidiano, existem diversos tipos de ações físicas que de alguma
maneira trabalham contra o concreto, porém mais especificamente as variações de
temperatura, incidência direta do sol e ação da água.
A variação da temperatura, como já abordado, pode gerar trincas e fissuras se
a edificação não obedecer às juntas de dilatação. Essa variação poderá ser diferente
a depender do material, mas em quase todos os casos as movimentações sofridas
são iguais e em todas as direções (THOMAZ, 1989).
Outra atenção deve ser tomada quanto ao reservatório d'água, que irá possuir
temperaturas diferentes dentro e fora, causando um efeito conhecido como gradiente
térmico, por outro lado, as fissuras geralmente não são preocupantes (SOUSA;
SILVA; CASTRO, 2014).
4.2.5 Ações químicas
Ataques químicos que incidem sobre as estruturas de concreto surgem a partir
da exposição a intempéries, sendo porosidade e fissuras as grandes portas para a
entrada de fontes agressoras. Exemplos dessas ações são carbonatação, maresia,
chuva ácida, corrosão, ataque de ácidos, águas brandas e resíduos industriais.
A carbonatação acontece quando, no interior do concreto, o CO2 consegue
alastrar-se e provocar reações químicas para assim diminuir o pH dos compostos
hidratados do cimento. Um grande gerador do agente responsável por essa patologia
são os automóveis, então cada vez mais os centros urbanos podem estar sujeitos a
carbonatação.
Edificações em áreas marítimas estão 40 vezes mais propensas a corrosões
se comparados com ambientes rurais, já que os cloretos presentes na maresia
incidem no concreto e dão início a esse problema patológico. Método de execução e
a composição do concreto são cruciais para definir a penetração dos cloretos nas
estruturas (SILVA, 2017).
26
4.2.6 Ações biológicas
Alguns dos fatores que podem influenciar na decomposição do concreto são as
raízes, que penetram principalmente através de imperfeições deixadas pós
concretagem. Além das plantas, algumas espécies de animais podem prejudicar o
desempenho da edificação, bons exemplos são os cupins, que além de danificar
portas e janelas, destroem tijolos para montar cupinzeiros, e formigas que em obras
de pequenos portes podem causar recalques por conta de formigueiros, ambos os
casos com onerosas correções.
4.3 Processos físicos de deterioração
As causas destrinchados anteriormente têm possibilidade de desenvolver um
âmbito satisfatória a redução da vida útil da edificação, e caso não corrigidas ou
reparadas a ação de agentes deteriorantes se propaga, sendo imprescindível
conhecer os processos físicos de deterioração para conservação da estrutura
(SOUZA; RIPPER,1998).
4.3.1 Fissuração
As fissuras são geradas pelas deformações dos materiais que compõem a
estrutura, e esse infortúnio pode reduzir sua resistência e durabilidade, apesar do
surgimento ocorrer como mitigador das tensões atuantes, desenvolve, em
contrapartida, ambiente de ingresso de agentes agressivos. À vista disso, para
impossibilitar que a capacidade resistente do material seja superada pelas solicitações
se é necessário conhecer os tipos e causas geradores das fissuras (NEVILLE, 2016).
4.3.1.1 Fissuras por movimentações térmicas
O desenvolvimento das fissuras neste item está diretamente ligado a variação
dimensional dos materiais utilizados na construção da edificação e sua velocidade de
movimentação, sofre também influência das propriedades físicas dos materiais
constituintes e da variação térmica a qual estão sendo submetidos. Como exemplo de
movimentações diferenciadas geradoras das fissuras, pode-se citar junção de
27
materiais submetidos as mesmas variações de temperatura, porém diferentes
coeficientes de dilatação térmica, entre elementos de um sistema, como cobertura em
relação às paredes da edificação, e variações de temperaturas num mesmo elemento,
representado na FIGURA 6 (THOMAZ, 1989).
Figura 6 – Trinca originada pelo gradiente de temperatura no mesmo elemento Fonte: Thomaz, 1989.
4.3.1.2 Fissuras por movimentações higroscópicas
Como higroscopia é a capacidade de absolvição de água, as variações da
humidade que responderam como agentes geradoras do processo de fissuração.
Cada material possui umidade higroscópica de equilíbrio quando submetido a
constantes condições de umidade, ou seja, são definidos pela força de capilaridade
no movimento de sucção. O trânsito da umidade aos materiais se observa durantes
etapas diversas de uma obra, desde o contado ao solo, execução, produção própria
dos materiais à exposição de fenômenos meteorológicos (THOMAZ, 1989).
4.3.1.3 Fissuras por atuação de sobrecargas
A demasia dos carregamentos verticais de compressão acarreta as fissuras por
sobrecarga em paredes de alvenaria. É visível fissuras verticais e horizontais,
caracterizadas, portanto, pela disposição dos furos dos tijolos durante a execução da
28
parede, o qual solicitará transversal ou longitudinalmente o elemento. Sendo esta
última mais danosa e grave, por gerar bruscas rupturas e prováveis colapsos da
estrutura, sem sinais prévios de danos (DUARTE, 1998).
4.3.1.4 Fissuras por deformabilidade da estrutura
Segundo Valle (2008), com o desenvolvimento das tecnologias na construção
civil, há um crescente desenvolvimento dos materiais que os constituem, onde as
estruturas, cada vez mais flexíveis, facilitam a movimentação da edificação afim de
evitar colapsos. No entanto, sob condições normais das deformações sofridas pela
atuação do peso próprio e das cargas permanentes e acidentais na estrutura, a
edificação pode não ser abalada, ao contrário do que sucederá na alvenaria, visto
apresentar capacidades resistentes diferentes às estruturas de concreto e com isso
haver o surgimento das fissuras.
A disposição do aparecimento das fissuras nas alvenarias varia diretamente de
acordo com a deformabilidade dos componentes de apoio e superior, há possibilidade
de deformação do apoio ser maior que a do componente superior (Figura 7),
deformações de componente superior maior que o apoio (Figura 8) e casos de
deformações quase que igualitárias (Figura 9), no entanto os casos citados se aplicam
em alvenarias sem abertura, pois em casos de aberturas a configuração do
aparecimento varia de acordo com os vão abertos e as dimensões das mesmas
(THOMAZ, 1989).
Figura 7 – Deformação da viga de suporte maior que a viga superior. Fonte: Thomaz, 1989.
29
Figura 8 – Deformação da viga de superior maior que a viga de suporte. Fonte: Thomaz, 1989.
Figura 9 – Deformação da viga de suporte e superior similares. Fonte: Thomaz, 1989.
4.3.1.5 Fissuras por recalque de fundação
Thomaz (1989), define solos como a composição de partículas sólidas, água,
ar e material orgânico, tendo a capacidade de se deformar naturalmente em diferentes
níveis de intensidades. As fissuras ocorrem quando grandes tensões são introduzidas
pelas deformações desiguais aplicadas em uma mesma área da fundação.
Como as fissuras geralmente apresentam-se inclinadas, há a tendência de
serem confundidas as fissuras geradas por deflexões estruturais, e fatores como a
falta de homogeneidade do solo, carga admissível menor que as cargas de trabalho,
vegetação adjacentes, erosão e condições do apoio das cargas estão dentro das
causas geradoras de recalques diferenciados (LIMA, 2015).
30
4.3.1.6 Fissuras por retração de produtos à base de cimento
Por meio do processo exotérmico de hidratação do concreto obtêm-se o
endurecimento do mesmo, tal reação resulta da interação da água ao cimento e assim
os compostos anidros mais solúveis são transformados em menos solúveis. A
retração de produtos de base cimentícia ocorre devido a três processos diversos,
quais sejam: químicos, por secagem ou por carbonatação. Sendo o primeiro processo,
de natureza química, obtido através da consequente diminuição do volume da água
quando reagida quimicamente com o cimento. Por sua vez, no processo de secagem,
a retração ocorre pela força da capilaridade gerada pela evaporação do excesso de
água posto nos processos de preparação do concreto. E finalmente a retração
também acontece em decorrência da reação do gás carbônico com o material
proveniente da hidratação do cimento (THOMAZ, 1989; CARNEIRO; GIL; CAMPOS
NETO, 2011).
Uma quarta possibilidade acontece anterior ao processo de pega do cimento,
quando ainda se encontra na fase plástica, devido a evaporação da água por
exsudação e consequente redução do volume, sendo esta ocorrência designada
retração plástica, as fissuras ocasionadas nesta situação são predominantemente
encontradas em superfícies horizontais, como lajes (AMARAL, 2011).
O principal influente na retração de um produto à base de cimento é a relação
água cimento, contudo não pode igualmente ser afastada a influência dos
componentes constituintes da produção do concreto, devendo levar em consideração,
desde a composição química e a quantidade de cimento, a natureza e granulometria
dos agregados, até as condições de cura a qual estão submetidos (THOMAZ, 1989).
4.3.2 Desagregação do concreto
A adversidade da desagregação é bastante comum e ocorre em sua grande
maioria na presença de fissuras, onde uma peça que está sofrendo desse efeito tem
notável observância de desarmonia entre os elementos que compõem o traço do
concreto, no qual o cimento perde sua função de ligante e seus componentes ficam
soltos, os quais perdem sua coesão, localizada ou global, minorando
significantemente a resistência mecânica (SOUZA; RIPPER, 1998; TRINDADE,
2015).
31
Existem outros fatores além das fissuras que colaboram para a aparição dessa
desagregação e são elas: movimentação das fôrmas, corrosão do concreto,
calcinação do concreto e ataques biológicos. Porém fissuras foi exclamada por alguns
exemplos, onde se houver deficiência no projeto em que a mesma venha a ceder o
cobrimento deixando as ferragens a vista ela colabora ativamente com a
desagregação. De mesmo modo no caso de corrosão da armadura, onde o aço sofre
um aumento de volume gerando-as e fazendo com que a desagregação apareça.
(SOUZA; RIPPER, 1998)
4.3.3 Corrosão
Define-se corrosão como sendo “a deterioração de um material, geralmente
metálico, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente aliada ou não a
esforços mecânicos”, de modo a reduzir a durabilidade e a funcionalidade da peça.
Os processos industriais obtêm o metal através dos minérios, sendo o inverso
determinado, eventualmente, como corrosão, visto a existência de casos no qual seu
produto, a ferrugem, é composta de hematita hidratada, constata-se então a tendência
do metal em retornar as condições de estabilidade (GENTIL, 1996).
4.3.3.1 Corrosão do concreto
Devido a generalidade da definição de corrosão, materiais não metálicos
podem apropriar-se da sentença para definir sua degradação. A exemplo do concreto,
estabelece-se as reações químicas de degradação como corrosão do concreto, uma
vez que os elementos químicos presentes do meio ambiente reagem à pasta de
cimento e minoram a conservação de seu material (SOUZA; RIPPER, 1998; GENTIL,
1996).
A ação de soluções ácidas tem potencial acentuado de agressão devido o
ataque aos materiais básicos do concreto, no entanto, o ataque dos agentes químicos
só é possível quando há presença de água. A ação dos sulfatos retrata reações
expansivas no concreto, sua gravidade está vinculada ao tipo químico da solução, a
velocidade de penetração da solução ao concreto, ao tipo de cimento empregado e à
concentração da solução. Devido a lixiviação, que consiste no processo de arraste
dos hidróxidos alcalinos do interior da pasta de cimento, reduz-se a resistência da
32
estrutura ao passo que expande a porosidade e permeabilidade. Um dos indícios
deste processo é a ocorrência de eflorescências (FIGURA 10), devido ao acumulo dos
sais fora do concreto. Dado como resultado da corrosão do concreto através dos
métodos mencionados, tem-se a desintegração e deterioração do cimento e redução
do pH do concreto (HELENE, 2003).
Figura 10 – Eflorescência em concreto. Fonte: Marcos, 2017.
4.3.3.2 Corrosão de armaduras
O método de deterioração do metal incorporado ao concreto com função de
reforço estrutural é o processo eletroquímico, sendo os indícios inicias, em casos de
umidade em demasia, manchas de óxido. Caso a corrosão exerça redução da seção
transversal das armaduras, o elemento acometido sofre diminuição da sua capacidade
resistente.
As reações eletroquímicas são possíveis, pois um potencial elétrico é criado
através da presença de ânodo, cátodo, condutor elétrico e eletrólito, se tratando
respectivamente da região corroída, da região não corroída, da armadura e da solução
aquosa no concreto. Desse processo é gerado o hidróxido ferroso (amarelado) e o
hidróxido férrico (avermelhado), elementos esses constituintes da ferrugem. Entende-
se então que é impossibilitada a ocorrência da corrosão em concretos secos, pela
ausência do eletrólito, e saturados, no qual falta oxigênio (SOUZA; RIPPER, 1998).
O concreto possui pH > 12,5, tal valor representa a alta alcalinidade presente
em seus poros, ao passo que propicia proteção ao aço através de película passivante.
As barras de aço utilizadas como armadura são envoltas desta película devido à
restrição da dissolução do ferro, sendo este o ambiente propício a ação da resistência
33
a tração solicitada ao aço. A corrosão atua neste sistema anulando o efeito da película
e neutralizando os efeitos para os quais está sendo utilizada a armadura (SOUZA;
RIPPER, 1998; HELENE, 2003).
4.3.4 Carbonatação do concreto
A alta alcalinidade do concreto é proveniente da numerosa concentração de
hidróxidos em sua composição, um exemplo é o Ca(OH)2, que por sua vez resultam
da reação de hidratação do cimento, o pH nessa situação se apresenta na ordem
superior a 12,5. O ambiente natural do concreto propicia a proteção do aço através da
película já citada em itens anteriores, a qual sofrerá deterioração devido a atenuação
do pH do concreto, podendo então facilitar a iniciação da corrosão (FERREIRA, 2013).
O processo de neutralização do concreto se inicia por meio das fissuras
existentes, que promovem superfície adequada à penetração de gases atmosféricos,
dentre os quais, pode-se citar o CO2. Tendo assim, a reação simplificada (1) descreve
a interação do hidróxido de cálcio ao gás carbônico que resulta em cristais (CaCO3),
este último por se tratar de um sal de baixa solubilidade finda o processo de redução
da alcalinidade. Essa nova configuração reduz o pH para ordem de 8 (TUUTTI, 1982;
CADORE, 2008).
Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O (1)
4.3.5 Perda de aderência
A aderência se dá pela relação entre as barras de aço e o concreto que podem
ocorrer por diversos fatores: corrosão do aço e sua consequente expansão, corrosão
do concreto pela ação deteriorantes que dissolvem o agente ligante, assentamento
plástico do concreto, dilatação ou retração excessiva das armaduras onde em sua
grande maioria acontece nos incêndios e aplicação de protetores anticorrosivos nas
barras de aço e que depende da geometria da barra (ABNT NBR:6118/2014; SOUZA;
RIPPER, 1998).
Lapa (2008) elucida que, corrosão do concreto tem como suas principais
causas os gases contidos na atmosfera, os compostos fluidos ou sólidos de natureza
orgânica e as águas puras, ácidas ou marinhas, como resultado temos a facilidade da
perda de aderência entre o concreto e a armação.
34
Segundo Oliveira e Moreno (2009), como o aço é um bom condutor térmico e
se encontra presente nas laterais da peça em concreto armado, nas situações de
incêndio a temperatura do aço aumenta rapidamente enquanto o concreto permanece
com a temperatura média inferior; fazendo com que o aço sofra dilatações maiores
que o concreto e ocorra flambagem das barras, aumentando significativamente a
perda de aderência e até mesmo queda do cobrimento a depender da flambagem.
Outro ponto para ser observado, é o espaçamento entre barras que deve evitar
uma grande proximidade quanto as mesmas, pois pode-se gerar o efeito parede onde,
o agregado grosso não consegue passar para as superfícies, formando nas laterais
que cobrem as ferragens uma argamassa de resistência inferior além de porosa,
diminuindo assim a aderência. (MAIDEL, Bruna et al, 2009).
4.3.6 Desgaste do concreto
De acordo com Mehta e Monteiro (1994), são perdas graduais de material de
concreto disposto na superfície e que ocorrem devido aos efeitos de abrasão, erosão
e cavitação. Sendo abrasão gerado pelo atrito na camada, o qual pode ser gerado
tanto pelo pneu de caminhão quanto um solado de sapato, o desgaste por erosão
acontece por ações de correntes de fluidos que arrastam partículas ou materiais de
maior granulometria tendo efeito aumentado de acordo com a intensidade do
movimento e a cavitação acontece por não linearidade do fluxo da água, exibindo
irregularidades no concreto.
35
5 REPARO
Observa-se a corrosão como recorrente patologia identificada na região. Por
consequência da deterioração pode-se citar sinais de cavitação, erosão, lixiviação,
reações de expansão ou processos de corrosão em meio aquosos, pondo em risco a
utilização da edificação (HELENE, 1993; GENTIL, 1996).
A cidade de Maceió tem grande ocorrência de exposição aos efeitos da
corrosão por conta de sua faixa litorânea, diante disso é sensato apresentar um
processo para reparo de vigas e pilares acometidas por essa deterioração.
Se tratando de concreto armado, a solução localizada nos poros internos é o
ponto de ocorrência da corrosão, processo este que necessita da fase aquosa para
acontecer. O aço revela uma membrana protetora originária da alcalinidade da
solução no concreto, que praticamente anula a velocidade de corrosão. A reunião
dessas características intitula passividade da armadura, a qual existe a possibilidade
de cessar seu estado se sofrer ação de ataque de cloretos e perda de alcalinidade no
concreto. Sendo o contato do cloreto com a armadura e a diminuição do pH do
concreto causas respectivas das ações supracitadas (HELENE, 2003).
Detectados sinais de corrosão em vigas, preliminarmente, deve-se realizar
mapeamento para identificação dos pontos da estrutura que apresentam
inconformidades quanto ao seu estado de conservação, segurança e conforto visual,
podendo então iniciar os serviços de reforços e reparos.
Diante do abordado a respeito da patologia em questão, nota-se a demasiada
quantidade de recorrências na região de análise e a gravidade de sua incidência, visto
a união do concreto à armadura sofrer degradação, como já foi explanado, trata-se da
junção de materiais resistentes a compressão e tração, respectivamente. À medida
que a corrosão abala a armadura propicia risco a integridade da estrutura.
Para um serviço de reforço eficiente, alguns passos devem ser respeitados por
equipes especializadas, para fins de manutenção da plenitude das características
funcionais de resistência previamente dimensionadas e não reincidências de
problemas dessa ordem, ao passo que respeitar a cronologia desta atividade é
imprescindível, pois efeitos negativos podem ser observados caso serviço seja
executado de maneira desordenada.
No que tange a casos de corrosão, inicia-se com escarificação do local para a
recuperação da peça, tal passo trata-se de retirar toda a faixa externa do concreto,
36
trabalho esse realizado manualmente ou mecanicamente, variando de acordo com a
profundidade, o estado da peça para continuidade dos serviços e a área a ser
trabalhada, para promover celeridade na execução. Porém é recorrente o trabalho
manual complementar o mecânico, sobretudo em áreas de difícil acesso com
máquinas. Importante garantir que a escarificação não ultrapasse seção maior que 90
centímetros, por conta da possibilidade de colapso estrutural em consequência do
abalo na estabilidade da peça (SÁ; CYBULSKI, 2017).
A escovação das barras de aço é um tratamento para assegurar o aumento das
características aderentes do material. Seguido do corte, que se trata do processo para
garantia da reconstituição do ambiente favorável à geração da película passivante, tal
corte deve ultrapassar de 2cm a 3cm da face interna da ferragem (SOUZA; RIPPER,
1998).
Sucedida da pintura com produto fosfatizante, etapa a qual deverá ser
respeitada e cronometrada, pois geralmente são aplicadas 2 demãos, sendo a
segunda aplicação em torno de 15 minutos após a secagem da primeira demão.
Recomenda-se então a breve continuidade do reparo para casos de ferragem exposta
em área marítima ou de alta classe de agressividade, porém ambientes externos não
agressivos tolera-se dois dias de exposição. A tinta fosfatizante é a base de resina
epóxi e sua proteção ocorre através da formação de uma barreira física e efeito
galvânico, já que há presença do zinco (SÁ; CYBULSKI, 2017).
Fôrmas são colocadas sob o local e retiradas após 48 horas, caso dificulte a
aplicação do graute faz-se necessário a utilização de um funil, depois de retirar a parte
superior da fôrma é aplicado argamassa polimérica. O graute mencionado é
classificado como micro concreto fluido que possui qualidades de elevadas
resistências mecânicas e ausência de retração, além aderência ótima, a seguir da
aplicação, alcança 44MPa após um dia, 68MPa após sete dias e ultrapassa os 80MPa
após 28 dias. A mistura com água é importante e deve respeitar apenas o indicado
pelo fabricante (SÁ; CYBULSKI, 2017; PERREIRA, 2018).
Recomenda-se repetição do processo acima para recuperação de pilares,
ressaltando a importância, nos caso comprometimento de toda a peça, do tratamento
dever ser realizado da base ao topo, visto ser a zona inferior se mais instável e
detentora de todo o acumulo das cargas.
37
6 SILO
A trajetória da estocagem de grãos no Brasil caminhava lentamente até as
décadas de 40 a 60, visto que o armazenamento era realizado em armazéns, durante
esse período ouve um salto nas construções com essa finalidade, mesmo esses locais
não possuindo equipamentos para transportar cargas e descargas, pois eram
idealizados para amontoar sacarias. As unidades de armazenamento contavam com
uma máquina para limpeza e secadores acionados eventualmente (AGROLINK,
2016).
Silo é um elemento de estocagem que tem como função proteger o produto
armazenado da umidade, de qualquer agente externo, assegurar a preservação de
sua qualidade e minimizar as perdas. Assegurar o controle da umidade é essencial,
Mantovani (1983) diz que as propriedades físicas são alteradas com oscilações na
umidade, modificando também o peso do grão, características as quais influenciam
na estrutura do local de armazenagem.
Os grãos podem ser armazenados a granel (sem embalagem) ou dispostos em
sacarias. Conforme Silva et al (2000), os silos podem ser de alvenaria, metálicos ou
de concreto, e consoante a relação entre diâmetro e altura pode-se dividir em
horizontais e verticais. Exemplificativamente temos a FIGURA 6, apresentando o Silo
Torre, cuja destinação restringe-se a armazenagem a granel. Em contrapartida,
existem as possibilidades de galpões ou armazéns, sendo a primeira uma escolha
emergencial, vez que tais construções não dispõem de fins corretos de manutenção
da qualidade dos grãos, enquanto que a segunda é construída para fins de
conservação a longo prazo, contudo sendo ambos destinados a estocagem por
sacarias.
O avanço das construções de silos graneleiros ocorreu nas décadas de 60 e
70, porém ainda sem os recursos apropriados para monitorar a temperatura dos
grãos, enquanto surgia gradativamente os silos metálicos que eram providos com
dispositivos de termometria e aeração para armazenagem segura dos grãos
(AGROLINK, 2016).
Existem silos de diversos tipos de materiais, como também variadas formas e
tamanhos, porém o que define o mesmo é sua localização e o produto armazenado.
No Brasil, os tipos de silo comumente utilizados são: silos de superfície, cilíndricos,
38
trincheira, meia encosta ou cisterna (poço), cada qual apresentando vantagens e
desvantagens para sua construção.
Figura 11 - Silo torre, construído em 1915 em Minas Gerais. Fonte: Bernardes; Amaral, 2010.
De acordo com Carneiro (1948), silos elevados são mais onerosos que os
subterrâneos, porém apresentam longa duração, principalmente se executados em
alvenaria, e maior proteção contra intempéries. Quando produzidos de madeira ou
metal a conservação da estrutura é mais exigente, pois necessita de frequentes
reparos. Já silos subterrâneos são simples e econômicos devendo sempre atentar-se
a impermeabilização e a cobertura de proteção contra as condições climáticas, a
carga fica mais estática e a descarga mais árdua, ao passo que a realização incorreta
de impermeabilização gera perda de parcela do material. Quanto a armazenamento e
trabalhabilidade, os silos mais viáveis são os elevados de alvenaria mista, produzidos
de tijolos reforçados com nervuras e cintas de concreto armado, tem custo
relativamente baixo além de resistente e durável.
Os silos são normalmente submetidos a vários tipos de esforços, que variam
de acordo com o estado de utilização do mesmo naquele momento, fatores como o
material presente em seu interior, e se está sendo descarregado ou carregado são
cruciais para determinar o comportamento da estrutura. Efeitos como: pressão normal,
cisalhamento, tração por atrito, cargas de ventos e sísmicas além das tensões criadas
pela diferença de temperatura da parede da estrutura para o produto armazenado no
seu interior são analisados para determinar o dimensionamento estrutural
(DOGANGUN, Adem et al, 2009).
39
7 SINISTRO
O incidente a ser descrito ocorreu no Moinho de Alagoas, o qual pertence ao
Grupo Motrisa – Moinhos de Trigo Indígena S.A. Tal grupo lidera o mercado no
segmento de produtos derivados do trigo, é reconhecido pelo compromisso social e
ambiental e se orgulha dos selos de qualidades conquistados. Na busca pela
qualidade e inovação opera com unidades moageiras em Alagoas e Sergipe, tendo
assim abrangência de atender todo o Nordeste.
Em 25 de junho de 1934 fundou-se a empresa Aita, Barleze & Cia Limitada com
sede em Carazinho, no Rio Grande do Sul, a qual em 1956 transformou-se em Grupo
Motrisa. Em meados de 1964 entrou em funcionamento o Moinho de Alagoas, e após
dez anos sua capacidade de armazenamento do trigo foi ampliada.
A fábrica situada na Rua Comendador Leão, Bairro Poço, Maceió/AL, dispõe
de quatro silos cilíndricos com 40 metros de altura e 8 metros de diâmetro interno,
totalizando uma capacidade de 1.600 toneladas. As paredes do silo têm espessura de
16 centímetros, e o projeto estrutural apresenta armadura principal na posição
horizontal e armadura secundária disposta verticalmente. Em 1985 houve um
capeamento nos silos, os quais receberam uma camada adicional de concreto com
espessura entre 2 a 4 cm.
O Moinho Alagoas recebe regularmente carregamentos a cada 90 dias, os
quais são inicialmente armazenados nos silos para posteriormente serem destinados
a seu fim. Em 2014 o trigo recebido na ocasião do incidente era originário do Canadá,
o qual preencheu a torre que colapsou quando atingida sua capacidade máxima. No
dia 07 de abril do mesmo ano, numa vazão de descarregamento aproximada de 70
toneladas por hora, após serem esvaziados 105 toneladas de trigo do silo, ouviu-se
forte estrondo, seguido da abertura de grande porcentagem da parede do silo, como
mostrado na FIGURA 7 abaixo, espalhando assim grande quantidade de trigo no
entorno.
Apesar da gravidade das circunstâncias não houveram vítimas fatais, no
entanto, muitos foram os transtornos nos arredores da fábrica: casas necessitaram
ser isoladas e evacuadas como medida preventiva imediata, a circulação na avenida
defronte à fábrica foi interrompida, carros foram soterrados, e a preocupação maior
existente na ocasião foi a de suceder novos acidentes.
40
O teor das reportagens ampliou o receio da população sobre a gravidade do
sinistro, onde a maioria citava desabamento do silo. Os fatos na realidade se
apresentaram de forma diferente, pois não houve desabamento do silo, mas sim
apenas uma abertura na parede do silo, como é notável ao analisar a FIGURA 7,
partes da parede continuaram presas a estrutura na iminência do rompimento, sendo
removidas como forma de prevenção. O incidente não danificou a estrutura do silo,
pois o perigo sofrido deveu-se ao próprio peso do carregamento imposto, sendo
tomada a decisão de esvaziar as outras torres que se mantiveram intactas. Os silos
não apresentavam indícios de inconformidades, uma vez que vistorias eram
realizadas anualmente, e também ocorriam manutenções regulares, justamente com
o intuito de prolongar a vida útil da estrutura, que na época já contava com 40 anos
de construída.
Figura 12 - Silo do Moinho Motrisa após sinistro. Fonte: Sanches; Cólen, 2014.
41
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os laudos obtidos foram realizados baseado na análise dos projetos
estruturais, nos processos de reforço e vistorias realizadas posteriormente ao colapso.
Projeto datado de 1974, conta com 27 pranchas, que detalham as quatros células
cilíndricas, dispostas simetricamente entre si, como representa a FIGURA 13 abaixo.
Figura 13 – Disposição dos silos. A célula destacada representa ao silo colapsado. Fonte: Autor, 2018.
A resistência à compressão dimensionada é de 22,5 MPa, e as armaduras
adotadas são divididas em principal e secundárias, na posição horizontal e vertical,
respectivamente, ambas dispostas em duas camadas e de aço CA-60.
Foram respeitados os preceitos das normas técnicas vigentes à época, no
tocante à durabilidade das estruturas, qualidade dos materiais e modelos de cálculos,
apesar dos mesmos sofrerem modernização e evolução de suas qualidades.
Seguidos processos sugeridos pela norma Alemã DIN 1055-6 (2005), constata-se a
utilização de armadura no projeto original similares às calculadas por uma das
principais normas atuais, validando-se assim o projeto estrutural, no que diz respeito
à armadura necessária para combater os esforços nas paredes.
Quanto ao elemento de recuperação, vale mencionar que não há registros de
projetos. Contudo em 1985 houve acréscimo de espessura das paredes, com a adição
de uma camada sobressalente entre 2 a 4cm, sem armaduras no capeamento.
Constatou-se a coloração diferente entre o concreto original e o adicionado em
1985, e conclui-se que a recuperação, embora levada a efeito sem um projeto
C4
C1 C3
C2
42
adequado, foi realizada com o intuito de proteção às armaduras de agentes
agressivos.
Na vistoria realizada em 25 de setembro de 2014. Houve identificação de
manchas de óxido, presença e tamanho de fissuras, agressividade do ambiente,
visualização da armadura e espessura do cobrimento. Observou-se que a ruptura
ocorreu logo acima da tremonha, região de maior carregamento (30m de altura). A
parte superior da parede colapsada se manteve intacta. Pôde-se também constatar
que as armaduras estavam de acordo com os projetos e as vistorias das seguradoras,
feitas anualmente, não apontavam sinais de deterioração, desgaste ou manutenção
deficiente.
A geometria do silo e a propriedade física do material estocado definem o tipo
de descarga sofrida pelo silo. A descarga ideal é por gravidade com o fluxo de massa,
caracterizado pelo movimento de todas as partículas armazenadas durante a
descarga. Ou seja, fluxo uniforme e controlado, sem a formação de zonas estagnadas,
logo, ocorrerão consequências danosas na ocorrência de alteração desse fluxo.
Existem situações em que o produto armazenado adquire resistência para
suportar o próprio peso, devido consolidação do produto, possibilitando a obstrução
do fluxo, a qual pode ser em forma de arco ou tubo, conforme pode-se visualizar na
Figura 14 reproduzida abaixo.
Figura 14 – Fluxo de descarregamento com obstrução. Fonte: Autor, 2018.
43
Quando a obstrução é rompida, atua-se como um pistão comprimindo o ar
existente na tremonha, levando a danos nas paredes laterais. Na obstrução em forma
de arco, pode chegar a sobrepressão de cinco vezes a pressão estática atuante nas
paredes.
No silo em estudo, é possível que tenha ocorrido a consolidação dos grãos e
com isso a modificação do fluxo. Então, no momento que antecedeu o colapso, as
forças de consolidação foram anuladas, comprimindo o ar, gerando então zonas de
pressão e essa ação excepcional desencadeou o rompimento. Visto que o impacto é
semelhante a uma explosão, devido as ondas de pressão que geram sobrecarga, para
as quais o silo não havia sido dimensionado.
A umidade ideal recomendada para armazenamento do trigo é 13%, pois altos
índices de umidade aumentam a respiração dos grãos e consequente deterioração
dos mesmos. O fato de o teor de umidade dentro das massas dos grãos não ser
distribuído de maneira uniforme e a respiração dos grãos modificar devido a variação
da temperatura, demonstra a eficácia da recomendação, visto que inibirá o
crescimento da maioria dos microrganismos e ácaros (FARONI, 1998; BRASIL, 2010).
Para o controle da umidade a níveis ideias, recomenda-se a utilização de
secadores artificiais, os quais dispões de dois tipos de processos de secagem,
realizados em lotes e de maneira gradativa, sendo o último realizado enquanto o
insumo flui pelo equipamento. Quando a umidade se apresenta superior a 16% deve
ter sua secagem de maneira lenta evitando assim danos físicos no grão e a
temperatura máxima em todos os processos de secagem não deve ultrapassar 60ºC.
Grandes produtores devem incorporar os secadores a sua linha de produção pós
colheita afim de aumentar o controle de qualidade, já que umidade elevada acarreta
o aumento das perdas do material. A redução da umidade por meio artificial gera uma
mudança positiva em cadeia, onde com a utilização dos secadores e a consequente
alteração da umidade, pode-se garantir uma melhor qualidade para o trigo e controle
quanto a sua degradação, aliado a isso obtêm-se a redução da coesão entre o insumo
reduzindo assim as zonas estagnadas (MANTOVANI, 1983; PORTELLA, 2008;
PIRES, 2014).
Aproximadamente dois meses após a vistoria, fez-se uma nova inspeção. Onde
utilizou-se o silo, representado por C2 na Figura 13, para isso, e executou-se uma
janela na parede do silo para identificação das armaduras utilizadas.
44
Após tal verificação, obteve-se os dados contidos no quadro 1, e constatou-se
que o diâmetro das barras é superior ao solicitado em projeto e o espaçamento é
menor entre as barras, sendo assim atribuída área de aço ao conjunto maior que a
dimensionada.
ARMADURA EXISTENTE
Armadura Área de aço por metro
Face Externa da Parede ∅ 7.0 mm a cada 3 cm 12,8 cm²/m
Face Interna da Parede ∅ 4.0 mm a cada 10 cm 1,25 cm²/m
ARMADURA PROJETO
Armadura Área de aço por metro
Face Externa da Parede ∅ 6.4 mm a cada 6.5 cm 4,84 cm²/m
Face Interna da Parede ∅ 3.4 mm a cada 13 cm 0,62 cm²/m
QUADRO 1 – Comparativo das armaduras existente e utilizada. Fonte: Autor, 2018.
Portanto, a respeito da idade do silo, da agressividade do ambiente, e dos
indícios de corrosão, não se pode determinar nenhum desses fatores, como
determinantes para classificar o colapso como falência estrutural. Corroborando então
para acrescer credibilidade ao primeiro laudo realizado.
O meio ambiente ao qual a edificação está inserida influi diretamente no estado
em que sofrerá ações do tempo, em razão da proximidade do mar, o local da pesquisa,
segundo classificação da ABNT NBR:6118 (2014), sofre elevado risco de deterioração
por adequar-se à classe de agressividade III - Forte. Logo, na etapa de concepção
estrutural das edificações enquadradas nesse grupo há necessidade dessa
classificação para posteriores definições de valores mínimos de resistências
características do concreto e do valor mínimo do cobrimento que deverá ser utilizado.
45
9 CONCLUSÃO
Primeiramente a abordagem inicial do trabalho a que propôs-se realizar,
consistiu em levantar suposições atinentes às possíveis causas do sinistro ocorrido
na empresa em exame. Ressaltando que tais questionamentos foram sendo
construídos com base nos estudos e análises acerca de patologias no concreto
armado, e assim elaborando uma pesquisa comparativa entre tais patologias,
conforme sua conceituação e modo de ocorrência nas fases de projeto, execução e
utilização, e as características e propriedades do silo do moinho Motrisa.
No decorrer evolutivo do presente trabalho, aponta-se algumas possíveis
causas do infortúnio, adiante mencionadas: Sobrecargas e Corrosão. Supôs-se após
os levantamentos bibliográficos iniciais, ser a corrosão a patologia mais indicada como
causa do sinistro, em face do seu encaixe dentro das características patológicas,
aliado ao fato da localização física da torre, que estava construída circunjacente ao
mar, a uma distância aproximada de 1 km. Tal conclusão estava reforçada, em vista
da ocorrência comprovada através de perícia, de corrosão no silo vizinho, onde foram
encontradas ferragens oxidadas, semelhantes as que foram recolhidas da torre
colapsada.
Contudo com o estudo do laudo fornecido pela empresa Sarandi, que foi
realizado através de pesquisas e análises de uma empresa especializada, constatou-
se que o real motivo do sinistro de um dos seus silos, não foi a corrosão, nem
tampouco sobrecargas. O que ocorreu primeiramente foi a estocagem com umidade
superior ao usualmente utilizado pela empresa, onde, o armazenamento era feito com
um valor de umidade dos grãos, no limite de 12%, enquanto que na carga contida na
torre comprovou-se tal porcentagem no patamar de 14%, fator que atrapalhou
sobremaneira o fluxo regular de massa.
Sendo assim, a medida que o silo foi sendo descarregado a uma vazão de 70
toneladas por hora, ao invés do trigo descer de maneira gradativa conforme o fluxo,
formou-se uma zona estagnada que por conta da força gravitacional essa coesão
aparente se desfez acarretando a queda desse material de grande volume, onde, o
impacto gerado foi superior ao dimensionado fazendo com que a parede do silo se
rompesse e todo o insumo que possuía em seu interior se espalhasse na via.
46
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ANEXOS
53
ANEXO A - DECLARAÇÃO
54