patristica e escolastica

56
CAPÍTULO 7 ENTRE A PATRÍSTICA E A ESCOLÁSTICA Profº José Ferreira Júnior

Upload: neres-reboucas

Post on 17-Dec-2015

26 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Definições patrística e escolástica

TRANSCRIPT

CAPTULO 7 ENTRE A PATRSTICA E A ESCOLSTICA

CAPTULO 7ENTRE A PATRSTICA E A ESCOLSTICAProf Jos Ferreira JniorA DISPERSO DA FILOSOFIAFinal do sculo V, as invases germnicas promoveram divises do territrio antes dominado por Roma.A Igreja tambm foi afetada por esse quadro de transformaes; contudo, sofreu seus efeitos em menor grau, tendo absorvido alguns importantes elementos da estrutura do Imprio, como a administrao centralizada e baseada na autoridade do lder.A DISPERSO DA FILOSOFIANo final do sculo VI teve incio o papado de Gregrio Magno, momento importante da consolidao da Igreja.O poder papal imps-se para alm da Itlia ou mesmo da Europa, exigindo a subordinao dos patriarcas do Imprio Bizantino. Isso se verificou at o ano de 1054, quando ocorreu o Cisma do Oriente.

A DISPERSO DA FILOSOFIAEm meados do sculo VIII, o rei franco, depois de conquistar territrios sob domnio dos lombardos na pennsula Itlica, doou-os ao papa, junto com o ducado de Roma, constituindo assim o Patrimnio de So Pedro, que daria origem aos territrios da Igreja.A aliana entre o Imprio Carolngio e a Igreja foi decisiva para a histria do continente europeu nos sculos seguintes, em que o cristianismo foi aos poucos se impondo diante das religies ditas pags.

A DISPERSO DA FILOSOFIADepois da morte de Santo Agostinho, no se desenvolveu nenhuma corrente de pensamento to bem definida como a patrstica, nem surgiu algum cuja importncia intelectual pudesse ser comparada do bispo de Hipona.Entretanto, formularam-se algumas doutrinas filosficas interessantes, que merecem nossa ateno.

BOCIO

A providncia a prpria razo divina que, constituda como supremo princpio de tudo, dispe todas as coisas.BOCIOA principal caracterstica de sua obra seu apego filosofia antiga muito mais que f crist.O amor do filsofo pelo pensamento grego se evidencia, por exemplo, em seu prolongado empenho em traduzir vrias obras de Plato e Aristteles, para o latim.Dedicou-se s cincias e s artes, tendo redigido tratados sobre matemtica, fsica, geometria e msica.BOCIOSegundo Bocio, a amizade uma experincia sagrada, ou seja, tem valor semelhante ao das coisas divinas e, por isso, deve ser cultivada com o mesmo zelo destinado aos assuntos religiosos.Sobre a natureza de Deus, ele afirmava que a essncia divina o bem.O homem feliz aquele que tem a presena de Deus em sua vida, pois Ele o bem supremo.BOCIOBocio ensinava que o homem passava a compartilhar a essncia de Deus por meio da participao da natureza divina.Em outras palavras, uma pessoa feliz , de certa forma, como um deus.Demonstrou que o mal o nada.Deus no pode fazer o mal, porque infinitamente bom.BOCIONo entanto, Deus pode fazer qualquer coisa, pois todo-poderoso.Por isso, a concluso de que o mal no tem existncia nenhuma.Caso contrrio, isso seria uma contradio das caractersticas essenciais da divindade.JOO ESCOTO ERGENAQue significa lidar com a filosofia seno expor as regras da verdadeira religio, por meio das quais a suma e principal causa de todas as coisas, isto , Deus, humildemente adorada e racionalmente investigada?

JOO ESCOTO ERGENADedicou sua vida religio crist e ao exerccio da filosofia.Seu pensamento se caracteriza sobretudo pelo modo como valoriza a razo diante da f.Segundo ele, a verdade se origina de duas fontes distintas: a razo e a revelao.JOO ESCOTO ERGENAA RAZO o alicerce e o guia que deve conduzir todo o desenvolvimento das reflexes filosficas.A REVELAO o alicerce da religio; a verdade que se mostra por meio dela deve ser aceita pelo homem por intermdio da f.Afirmava que a verdade deve ser nica, isto , no pode haver duas verdades simultaneamente vlidas a respeito de um mesmo fenmeno, experincia ou crena.JOO ESCOTO ERGENAPor isso, impossvel que a razo e a revelao estejam em conflito.No entanto, h situaes em que uma verdade parece contradizer a outra, levando a concluses opostas.Isso deve ser encarado como oposio apenas aparente, e a soluo deve ser encontrada com o recurso razo.Em outras palavras, a razo deve prevalecer sobre a f sempre que haja um impasse entre as duas.JOO ESCOTO ERGENAPredestinao X Livre-arbtrio.Para Ergena o livre-arbtrio o elemento mais importante entre os que determinam a conduta humana.A FILOSOFIA AL DO CRISTIANISMOAs reflexes filosficas produzidas durante a Idade Mdia tiveram como pano de fundo a doutrina do cristianismo.Entretanto, a Idade Mdia produziu algumas correntes de pensamento independentes da f crist que devem ser mencionadas.Essas escolas filosficas mantm pelo menos um ponto em comum com a filosofia crist: o fato de se inspirarem tambm em doutrinas religiosas o islamismo e o judaismo.A FILOSOFIA AL DO CRISTIANISMODe forma semelhante ao que aconteceu no cristianismo, os adeptos do islamismo se depararam com o problema de conciliar a razo e a f.Para resolver isso, diversos pensadores se empenharam na elaborao de uma filosofia prpria, que fosse alm dos puros ensinamentos dos lderes religiosos islmicos.A FILOSOFIA AL DO CRISTIANISMOAs reflexes que constituam o pensamento mulumano dessa poca se fundamentavam no conhecimento cientfico que o islamismo acumulou ao entrar em contato com as diversas culturas.Na filosofia, a maior influncia proveio das obras de Aristteles, o que acarretou um fato de grande importncia na histria da filosofia medieval, pois as tradues de seus textos para o rabe serviram como meio de apresentao das idias aristotlicas aos pensadores da Europa crist.A FILOSOFIA AL DO CRISTIANISMOEntre os pensadores islmicos, estudaremos Avicena e Averris.Do lado judaico, falaremos de Maimnides.AVICENA, o Pensador do OrienteO ser testemunha de si enquanto ser, e ele mesmo, em razo disso, testemunha tudo o que vem a ter existncia depois dele.

AVICENA, o Pensador do OrienteIbn Sin, conhecido no Ocidente como Avicena, passou sua vida na Prsia, atual Ir, no Oriente Mdio.Ainda criana, ganhou fama graas sua memria prodigiosa; era capaz de decorar extensos poemas e textos religiosos inteiros.Seu pai, diante das potencialidades demonstradas pelo jovem, providenciou que ele recebesse uma educao ampla, em cincias e em doutrina religiosa.AVICENA, o Pensador do OrienteO jovem Avicena superou as expectativas do pai e dos mestres.Dominava conhecimentos em medicina, lgica, teologia, geometria e astronomia.Aos 21 anos, j tinha slida reputao como mdico, profisso que exerceu em muitas cidades para onde viajou.A principal contribuio de Avicena para o pensamento medieval sua doutrina sobre essncias e existncia.AVICENA, o Pensador do OrienteESSNCIA descreve o que determinado ser ; designa aquilo que define uma coisa, um ser vivo ou um elemento da natureza.Um ser pode apresentar diversas caractersticas particulares que no fazem parte da sua essncia ou, vendo de outra forma, coisas ou indivduos bastante distintos entre si podem compartilhar a mesma essncia.Exemplo: os felinos.AVICENA, o Pensador do OrienteEXISTNCIA designa a presena de um ser concreto, como pessoas, seres ou elementos da natureza e objetos produzidos pelo ser humano.Essa presena deve ser entendida como ser perceptvel pela conscincia: um ser existente pode ser captado pelo intelecto por meio dos cinco sentidos (no caso dos seres materiais), da inteligncia (no caso das idias, do conhecimento e da memria das coisas) ou da autoconscincia.AVICENA, o Pensador do OrienteSegundo Avicena, essncia e existncia, embora ligadas de maneira ntima, so categorias que devem ser estudadas separadamente.Na prtica, para ele as essncias so como possibilidades, no sentido de que podem vir a definir um objeto concreto que se apresenta na realidade, que existe.AVICENA, o Pensador do Oriente

A essncia no uma substncia impregnada nos seres em geral, nem uma entidade imaterial com existncia prpria.A essncia no o elemento suficiente para fazer com que algo exista.AVICENA, o Pensador do OrienteHaveria infinitas essncias possveis, mas os seres somente teriam existncia se algo ou algum agisse no sentido de fazer com que uma essncia se manifestasse na realidade.Tudo que existe, existe por necessidade, e essa necessidade Deus.Na origem de tudo que existe, est Deus, o criador de todas as coisas.AVICENA, o Pensador do OrienteSomente em Deus, Ser infinito, onipotente e eterno, essncia e existncia estariam unidas, porque Ele no tem origem ou, dizendo de outra forma, Ele a origem de si mesmo.AVERRIS, Pensador do OcidenteNo se poder render a Deus um culto melhor do que aquele que consiste em conhecer suas obras e que leva ao conhecimento do prprio Deus.

AVERRIS, Pensador do OcidenteNascido em Crdoba, na antiga Espanha sob o domnio muulmano, Abu al-Walid ibn Ruschd, ou Averris, descendia de uma respeitada famlia de juristas.Estudou medicina, teologia e, em filosofia, conheceu com profundidade as idias dos pensadores islmicos e as obras dos filsofos da Antiguidade grega, especialmente Plato e Aristteles.AVERRIS, Pensador do OcidenteTrabalhou como mdico particular do califa, de quem angariou a simpatia, e posteriormente veio a ocupar em Crdoba o cargo de juiz, cujas funes incluam, alm de ministrar a justia, uma significativa parcela de poder de governo sobre a cidade.Averris foi um seguidor de Aristteles, de cuja obra foi um dos maiores comentaristas.AVERRIS, Pensador do OcidenteEscreveu diversos livros, deixando textos variados sobre fsica, medicina, astronomia, direito, filosofia e teologia.Tendo se destacado nas funes pblicas que ocupou, Averris tambm se notabilizou pela firme coerncia entre o que pensava e o que acreditava ser melhor para a gesto dos assuntos sociais.AVERRIS, Pensador do OcidenteOs tratados de Averris e o seu comentrio Repblica de Plato mostram a unidade essencial que havia entre sua atitude e suas opinies, revelando de que modo procurou harmonizar a lei islmica filosofia.Para Averris s existe uma verdade, e ela atingida por meio da aceitao e da compreenso da lei religiosa, profeticamente revelada por Maom e designada pela palavra rabe xari.AVERRIS, Pensador do OcidenteSe pudssemos falar sobre verdades distintas para efeito de estudo, a verdade cientfica, a do senso comum e sobretudo a filosfica coincidiriam perfeitamente com a verdade religiosa que Deus comunica aos seres humanos por intermdio de seus profetas.Averris acreditava que a filosofia deveria servir como um importante instrumento para que o povo islmico vivesse de acordo com os preceitos da xari e iluminado por sua verdade.AVERRIS, Pensador do OcidenteA partir da classificao aristotlica do conhecimento humano em cincias tericas, tcnicas e prticas, Averris constatou que a xari levava todas perfeio.Afirmou, por isso, que a religio se destina a todas as classes, sem exceo do filsofo.AVERRIS, Pensador do OcidenteAo insistir nas prerrogativas dos metafsicos para interpretar, como dever atribudo por Deus, as doutrinas da religio na forma de crenas e convices corretas, Averris admitiu que a xari contm ensinamentos que ultrapassam o entendimento humano, mas que devem ser aceitos por todas as pessoas, por se tratar de verdades que procedem da revelao divina.AVERRIS, Pensador do OcidenteSegundo o pensador, tal como o povo em geral, os administradores, os lderes religiosos e os telogos, os filsofos acham-se definitivamente sujeitos lei religiosa.A principal atividade a que o filsofo pode se dedicar a de refletir sobre a xari utilizando os mtodos filosficos de interpretao, sob as regras da lgica aristotlica.AVERRIS, Pensador do OcidenteAverris afirma que o mtodo tradicional de interpretao da lei divina, a discusso retrica e dialtica realizada pelos telogos muulmanos, no poderia revelar o verdadeiro esprito das normas estabelecidas por Deus para a religio e o comportamento humano.Para o povo em geral, as metforas e regras tal como expostas no Alcoro devem ser seguidas porque representam a lei divina de forma fiel e correta.AVERRIS, Pensador do OcidenteAverris afirma que uma das principais finalidades do islamismo a felicidade, que pode e deve ser alcanado pela obedincia xari.Segundo ele, a meta da filosofia a mesma, sendo essa a verdadeira companheira da lei religiosa, como uma irm adotiva.A felicidade se traduz no estabelecimento de uma sociedade justa e com as necessidades materiais atendidas.AVERRIS, Pensador do OcidentePara Averris, fazer com que as mulheres sejam destinadas apenas a gerar e criar filhos danoso economia e um dos elementos responsveis pela existncia da pobreza.Averris no podia, entretanto, sustentar e divulgar livremente suas idias, pois elas se opunham ao pensamento e s intenes de telogos e outros lderes muulmanos, que chegaram mesmo a incitar a populao contra o filsofo.Entre os Judeus e Espanhis: MAIMNIDESCreio que o verdadeiro modo, o mtodo demonstrativo que elimina a dvida, consiste em estabelecer a existncia de Deus, a sua unidade e a sua corporeidade de acordo com o procedimento dos filsofos.

Entre os Judeus e Espanhis: MAIMNIDESNascido em Crdoba, Moshe Ibn-Maymon, ou Maimnides, pertencia a uma famlia culta e respeitada pela comunidade local.Ainda criana, j impressionava seus mestres por sua inteligncia.A cidade era governada por muulmanos que toleravam os cidados que tivessem outras crenas.Entre os Judeus e Espanhis: MAIMNIDESEm 1148, no entanto, a regio foi dominada pela fantica seita dos almadas. Intolerante, esse grupo permitia apenas duas opes para as pessoas de credos diferentes: Converter-se f islmica; ouAbandonar a regio.Durante alguns anos, sua famlia praticou o judasmo de forma oculta, dentro de casa, vestindo-se e comportando-se em pblico como muulmanos.Entre os Judeus e Espanhis: MAIMNIDESQuando isto se tornou impraticvel, a famlia foi viver em Fez, no atual Marrocos.Posteriormente, mudaram-se para a Palestina e, finalmente, para uma cidade prxima ao Cairo, no Egito, onde o pai de Maimnides morreu e ele teve de trabalhar como mdico para sustentar a famlia.Entre os Judeus e Espanhis: MAIMNIDESMaimnides viveu o resto da vida, dedicando aos estudos talmdicos e filosficos e ao exerccio da medicina, em que se distinguiu, sendo designado mdico do sulto Saladino.Faleceu no Egito e foi enterrado em Tiberade, na Palestina. Seu tmulo tornou-se lugar de peregrinao para os judeus.Entre os Judeus e Espanhis: MAIMNIDESProcurou conciliar os princpios religiosos com os conhecimentos e os mtodos proporcionados pela filosofia, tendo exercido grande influncia tanto no meio judaico como fora dele.A sua obra vasta. No campo religioso, so notveis seus comentrios sobre a Michn, a codificao mais antiga das leis orais do judasmo registrada depois dos textos bblicos, e sobre o Talmude, que rene interpretaes teolgicas e anotaes sobre a Michn.Entre os Judeus e Espanhis: MAIMNIDESO maior tratado filosfico de Maimnides foi escrito originalmente em rabe; o Dalalat al-hairin (Guia dos Perplexos), no qual o filsofo trabalhou durante quinze anos a partir de 1176.Nesse tratado, ele prope a concordncia entre f e razo e a necessidade de compatibilizar a religio com a filosofia e a cincia, o que despertou divergncias entre os judeus ortodoxosSANTO ANSELMOO que ns cremos pela f sobre a natureza divina e as pessoas da mesma, exceto a encarnao, pode ser demonstrado com razes necessrias, sem se recorrer autoridade das Escrituras.

SANTO ANSELMOFilsofo e Telogo, Anselmo nasceu em Aosta, no norte da Itlia.Tornou-se monge beneditino e foi arcebispo de Canturia, na Iglaterra, embora tenha passado parte dos anos posteriores no exlio, devido a disputas polticas entre o poder civil e a Igreja.Defendeu com firmeza os direitos da Igreja e, em teologia, os direitos da razo, que ele via como base, e no como ameaa verdadeira f.SANTO ANSELMODe maneira semelhante a Santo Agostinho, creio para compreender era o lema de Santo Anselmo.Entendia que, pra atingir o conhecimento, era preciso partir da revelao divina, da f, e no da razo; em seguida se poderia penetrar a f mediante a razo.Sua notoriedade se deve principalmente proposio do argumento ontolgico da existncia de Deus.SANTO ANSELMOAt ento, essa afirmao era sustentada filosoficamente por meio de argumentos que lanavam mo da autoridade dos apstolos e dos representantes da comunidade crist, gerao aps gerao.Santo Anselmo mudou a maneira de abordar o tema ao oferecer o que ele definia como uma demonstrao racional e lgica da existncia de Deus, sem precisar que houvesse testemunhos sobre a revelao divina.SANTO ANSELMODe modo sumrio, sua prova a seguinte: em primeiro lugar, preciso aceitar a idia de que h diferentes graus de perfeio entre os seres representados em nossa mente e os existentes na realidade.Assim, o ser existente na realidade mais perfeito que um ser que existe apenas em nosso intelecto, ou mais perfeito que a representao que temos dele em nossa mente.SANTO ANSELMOApliquemos o mesmo raciocnio divindade. Podemos representar mentalmente a idia de um ser infinito, todo-poderoso, eterno, onisciente, absolutamente perfeito estes so os principais atributos de Deus. Esse ser necessariamente o mais perfeito entre todos os que podem ser imaginados, isto , no pode haver nenhum ser mais perfeito que este, por princpio.SANTO ANSELMONo entanto, se ele o ser de mais alto grau de perfeio possvel, ele necessariamente tem de existir na realidade; caso contrrio, chegaramos a uma contradio.Afinal, algo, para ser absolutamente perfeito, tem de existir tanto como representao intelectual quanto na realidade; se no fosse assim, simplesmente no conseguiramos pensar num ser totalmente perfeito.SANTO ANSELMOPor isso, Deus tem de existir, porque a razo obedece lgica argumentativa.BibliografiaCHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. Editora tica: So Paulo, 2006.