pedro folque eurocereal / iaca 14 de abril de 2016 -...
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FONTES PROTEICAS: DESAFIOS E
ALTERNATIVAS
2016 – “ANO INTERNACIONAL DAS LEGUMINOSAS”
Pedro Folque
Eurocereal / IACA
14 de Abril de 2016 - Fátima
(964 milhões de tons)
Fontes: FEFAC - Alltech
PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALIMENTOS COMPOSTOS
EM 2014
A UE-28 representa 16% da produção mundial de A.C.
2015: 884 MMT (-8,5%)
(Index100 = 1999)
Fontes: FEFAC – Alltech – Feed International
EVOLUÇÃO MUNDIAL DE ALIMENTOS COMPOSTOS
Fortes crescimentos do Brasil e da China
(2014 na UE-28)
Fonte: FEFAC
PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE ALIMENTOS POR PAÍS
Principais países produtores: Alemanha, França, Espanha
Fonte: FEFAC
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
COMPOSTOS DOS ESTADOS-MEMBROS
A dinâmica da produção animal espanhola!
CONSUMO DE MATÉRIAS-PRIMAS NA UE-28 EM 2014
Fonte: FEFAC
As principais fontes proteicas representam 28% das matérias-primas totais.
EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE MATÉRIAS-PRIMAS UE-15
Fonte: FEFAC
Consumo de cereais a aumentar e de bagaços +/- estável desde 2000.
BALANÇO DAS MP RICAS EM PROTEÍNA NA UE-27
(2012/13)
Fonte: UNIP
Produtos Produção Consumo Autosuficiência
Soja 344 14,280 2%
Colza + Girassol 5,022 6,795 74%
Leguminosas 424 450 94%
Forragens secas 623 589 106%
Diversos 743 1336 56%
Total Proteínas Vegetais 7,156 23,450 31%
Farinha de Peixe 235 350 67%
Total das fontes de proteína 7,391 23,800 31%
1.000 t de proteína equivalente
(*) UE produção a partir de sementes da UE
(**) Incluindo consumo da industria de petfood e utilização nas explorações agricolas
Mistura: incluí amendoím, linhaça, copra, palmiste, sementes de algodão e corn gluten feed
Forte dependência proteica da UE (70%), em particular de soja!
AUTOSUFICIÊNCIA NA UE
Fonte: UNIP
33
2624 24 23
27 27 28 2729
33 32 32 31
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30
35
O déficit da UE em proteina não é novo e tem permanecido relativamente estável nos
últimos anos ...
DÉFICIT DE PROTEÍNA NA UE
EVOLUÇÃO DAS QUOTAS DE MERCADO
Fonte: USDA
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
China
EU
... Mas agora, a UE não é o comprador mais importante, o que altera as estratégias e
consequências do déficit de proteína, como o problema das aprovações de OGMs ou a
volatilidade dos preços.
PRINCIPAIS FORNECEDORES
(Tons – média 2010-2014)
Fonte: GTIS
Qualquer problema em 3/4 países afeta o equilibrio global e o aprovisionamento na UE
0
1.000.000
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9.000.000
10.000.000
soybean
soybean meal
Consumos e dependências da soja variáveis por país
CONSUMO DE BAGAÇO DE SOJA
(% utilização por país)
Fonte: FEDIOL
Consumo de Bagaço de Soja x 1000
24 20,7 21,2 14 2,8 15,4 9,2 4,3 6,6 3,1 4,1 2,4 1,5 3,0 2,6 4,0
% 18,3 19,6 16,9 22 23 15,6 20,2 33 10,9 20,3 13 19,7 30,7 15,3 16,6 9,6
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA
ANIMAIS(em 2014)
Fonte: IACA
CONSUMO DE MATÉRIAS-PRIMAS
(em 2014)
Fonte: IACA
* UE / 2014
(48%)*
(28%)*
CONSUMO DE BAGAÇO DE SOJA EM PORTUGAL
(MTon, Portugal)
ANO PRODUÇÃO AC CONSUMO SBM %
2008 3286 564 17,2
2009 3210 504 15,7
2010 3168 521 16,4
2011 3092 490 15,8
2012 3037 450 14,8
2013 2901 441 15,2
2014 2893 450 15,6
Fonte: IACA
Consumo relativamente estável
IMPORTÂNCIA DO BAGAÇO DE SOJA EM PORTUGAL
(2014)
MAT. PRIMAS MTons % MTons P.B. %
MILHO 1268 53,0 88,8 22,2
TRIGO 250 10,5 27,5 6,9
CEVADA 106 4,4 10,6 2,7
SÊMEA DE TRIGO 137 5,7 19,2 4,8
BAGAÇO COLZA 75 3,1 25,5 6,4
BAGAÇO GIRASSOL 102 4,3 28,6 7,1
BAGAÇO SOJA 455 19,0 200,2 50,0
TOTAL 2393 100,0 400,3 100,0
Fonte: IACA
O bagaço de soja representa 50% da proteína utilizada em Portugal !
COMO PODEMOS REDUZIR A DEPENDÊNCIA PROTEICA
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“ A UE depende em 75% das importações
para as suas necessidades em proteínas,
correspondendo a 30-35 milhões de
toneladas por ano, principalmente de
Bagaço de Soja”
Ruud Tijssens
Presidente da FEFAC
Fonte: RAA, Nº 94, 2015
PRESSÕES SOBRE A PRODUÇÃO ANIMAL
Alterações climáticas (aquecimento global, desertificação, ...)
Ambientais (deflorestação, consumo de água, terra agrícola arável, poluição)
Sociais (não utilização de produtos OGM)
Crescimento da população humana (9 biliões pessoas/2050)
Crescimentos económico mundial (aumento da prod. alimentos de 70%)
Fonte: Guido Bosch, JIS, UTAD, 2015
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
• Diminuir o consumo de produtos animais
• Reduzir os desperdicios alimentares
• Nutrição animal mais eficiente
Fonte: Guido Bosch, JIS, UTAD, 2015
• Aumentar a produção de soja
• Aumentar a produção de culturas tradicionais
• Novas fontes proteícas
• Utilização de tecnologias
Reduzir a
utilização de
produtos proteicos
Aumentar a
produção de
produtos proteicos
Vias
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
1) NUTRIÇÃO MAIS EFICIENTE
Sistemas de valorização dos alimentos
Modelos das necessidades animais
Utilização de aditivos (exs. enzimas proteases / aminoácidos sintéticos)
Dietas de baixa proteína (redução proteica) MTD’S
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
Enzimas Proteases
COMPOSIÇÃO DO ALIMENTO (Kg/Ton)
INGREDIENTES TESTEMUNHA PROTEASE
Milho 454,20 477,35
Bag. de Soja (48%) 274,00 258,00
Trigo 100,00 100,00
DDGS 100,00 100,00
Gorduras Animais 23,00 16,00
Outros 48,60 48,25
Fitase 5000 L 0,10 0,10
Xilanase 0,10 0,10
EAZYPRO 0 0,130
Ensaio Leitões, Canadá, 2014
RESULTADOS
GLOBAL TESTEMUNHA PROTEASE
Peso inicial (Kg) 14,57 14,57
Peso final (Kg) 23,87 23,86
GMD (g/d) 664 664
Consumo (Kg) 12,91 12,39
IC 1,39 1,33
A utilização de uma enzima Protease permite a diminuição da incorporação de soja.
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
2) REDUÇÃO DE DESPERDICIOS ALIMENTARES
Com o aumento da utilização dos co-
produtos da Indústrias Agro-Alimentares.
Com a utilização dos “Restos
Alimenticios” provenientes da
Distribuição e eventualmente da
Restauração
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
2) REDUÇÃO DE DESPERDICIOS ALIMENTARES
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
2) REDUÇÃO DE DESPERDICIOS ALIMENTARES
Fonte: RAA, Nº 93, 2015
REDUÇÃODA DEPENDÊNCIA PROTEICA
2) REDUÇÃO DE DESPERDICIOS ALIMENTARES
Fonte: RAA, Nº 91, 2015
Fonte: RAA, Nº 92, 2015
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
3) MAIOR UTILIZAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS TRADICIONAIS
(Bagaços de Oleaginosas)
MATÉRIA PRIMA % PROTEINA
BRUTA
% LISINA TOTAL % LISINA SID FACTORES ANTI-NUTRITIVOS
BAGAÇO SOJA 44 44,0 2,68 2,35
FACTORES ANTI-TRIPSICOS,
ANTIGÉNICOS, OLIGOSSACÁRIDOS,
UREASE.
BAGAÇO SOJA 47 47,0 2,88 2,59
IDEM
BAGAÇO GIRASSOL 28 28,1 1,00 0,79
LINHINA
BAGAÇO GIRASSOL 34 34,2 1,22 0,99
IDEM
BAGAÇO COLZA 34 33,8 1,89 1,42
ACIDO ERÚCICO, GLUCOSINOLATOS,
SINAPINA
(*) Fonte: FEDNA (Espanha)
(**) Algodão, Amendoím, Palmiste, Coco (Copra).
(***) DDGS (USA / Biocombustíveis)
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
3) MAIOR UTILIZAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS TRADICIONAIS
(Proteaginosas)
(*) Fonte: FEDNA (Espanha)
MATÉRIA PRIMA % PROTEINA
BRUTA
% LISINA TOTAL % LISINA SID FACTORES ANTI-NUTRITIVOS
SOJA (Glycine max.) 36,8 2,25 1,91
FACTORES ANTI-TRIPSICOS,
ANTIGÉNICOS, OLIGOSSACÁRIDOS,
UREASE.
ERVILHA (Pisum Sativa) 20,6 1,47 1,22
FACTORES ANTI-TRIPSICOS, TANINOS
TREMOÇO (Lupinus SSP.) 30,3 1,42 1,19
ALCALÓIDES, OLIGOSSACÁRIDOS
FAVA (Vicia Faba) 24,2 1,50 1,31
TANINOS, LECTINAS, FACTORES
ANTI-TRIPSICOS
ERVILHACA (Vicia Sativa) 26,5 1,59 0,92
FACTORES ANTI-TRIPSICOS,
TANINOS, OUTROS
LENTILHA (Lens Culinaris) 24,4 1,73 1,39
INIBIDORES PROTEASES, LECTINAS,
TANINOS
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
Segundo o Prof. Van Krimpen (Wageningen Univ.):
As ervilhas são a curto prazo a cultura mais promissora (4-6 tons/ha/ano).
A soja é a longo prazo a opção mais interessante desde que a sua
produção chegue a 3-5 ton/ha/ano (2000 kg proteína/ha).
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICAS
ANÁLISE (%) “BSF
larvae”
“Housefly
maggot”
“Bag. Soja
44%”Humidade 8,7 7,6 12,0
Proteina Bruta 38,3 46,4 44,0
Fibra Bruta 6,4 5,2 5,9
Gordura Bruta 23,7 17,4 1,9
Cinzas Totais 18,8 9,3 6,2
Energia Bruta (Kcal) 4804 5043 4613
AMINOÁCIDOS (%)
Lisina 2,51 2,81 2,68
Metionina 0,80 1,01 0,59
Cisteina 0,04 0,32 0,65
Treonina 1,41 1,61 1,72
Triptofano 0,19 0,69 0,57
Isoleucina 1,94 1,47 1,96
Valina 3,12 1,84 2,07
Arginina 2,13 2,12 3,18
Insectos
Utilização em aquacultura, animais de
companhia e aves (insectivoras).
Ricos em proteína (30-80%), com níveis
elevados de aminoácidos Treo, Val, Isol, Leu e
de gordura. Digestibilidade da proteína
elevada (80-90%).
Muito eficientes na conversão de diferentes
substratos em biomassa.
Valor nutritivo das Farinhas de Insectos
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICAS
Insectos
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICASInsectos
Várias plataformas Internacionais de Investigação
que pretendem assegurar a qualidade, segurança e
eficácia alimentar dos insectos.
Exemplos:
ProtoInsect
IPIFF
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICAS Insectos
Problemas legislativos: Catálogo Matérias-primas,
Substâncias Indesejáveis (metais pesados), Proteína
Animal (PAP).
A EFSA (Autoridade Europeia de Segurança
Alimentar), em 8 de Outubro de 2015, considera que a
produção de insectos é semelhante a outras produções
animais:
« A presença eventual de riscos biológicos e químicos
nos alimentos derivados de insectos dependerá dos
métodos de produção utilizados, dos substratos dos
quais se vão alimentar, da etapa do ciclo de vida, da
espécie do insecto e também dos métodos utilizados
no seu tratamento posterior»
E conclui:
« Se os insectos não transformados forem alimentados
com os alimentos para animais actualmente
autorizados, a aparição potencial de contaminações
deverá ser similar à de outras produções animais.»
Fonte: RAA, Nº 691 (França)
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICAS
Leveduras
Produtos de fermentação: proteínas unicelulares (ex. Sacharomyces cerivisae).
Regulamentados pela legislação comunitária, inclusive os produtos utilizados no processo
fermentativo.
Também utilizadas como aditivos (probióticos, estimulantes imunitários, controlo intestinal,
fonte de minerais, ...).
Boas fontes de proteína de elevada digestibilidade. O conteúdo em ácidos nucleicos pode
limitar a sua utilização (deposição de ácido úrico). A composição nuticional varia com o tipo de
levedura / substrato / processo.
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICAS
Algas
Utilizadas em alimentação
humana (Ásia)
Micro-algas e Macro-algas
Elevada diversificação e
potencial de crescimento
Heterotróficas ou Autotróficas
Indústria de biocombustíveis (a
bio-massa residual contém altos
teores de proteínas e outros
nutrientes).
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICAS
Algas
Classificação simplificada
TIPO NOME
COMUM
# DE
ESPECIES
EXEMPLOS
Phaeophyta Alga Castanha 1500-2000
Ascophyllum Nodosum
Fucus: kelp
Laminaria digitata: Finger kelp
Saccharina latisima: Sugar kelp
Sargassum: hijiki a.o.
Undularia
Rhodophyta Alga vermelha 4000 - 10000
Chondrus Crispus
Gelidium: agar
Gracilaria: agar
Palmaria palmata: dulse
Polysiphonia
Porphyra: laver, nori
Chorophyta Alga Verde 7000
Caulerpa: uva do mar
Cladophora
Ulva lactuca: alface do mar
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICASAlgas
Potenciais produtoras de aditivos
(enzimas, carotenóides, Ω3,...)
para alimentação animal.
Melhoradores do ambiente
( CO2); depuradores de efluentes.
Potenciais produtores de
nutrientes, minerais, vitaminas.
«As algas, sejam micro-algas ou macro-algas, podem vir a ser
o ingrediente do futuro em alimentação animal.»
Ioannis Mavromichalis
Feed International, Abril / Maio, 2015
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
4) NOVAS FONTES PROTEICAS
Lentilha de água.
Estrelas-do-mar
REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA PROTEICA
CONCLUSÕES
A soja é uma excelente matéria-prima, sendo a
principal fornecedora de proteína em alimentação
animal.
Pressões ambientais, económicas, sociais,
demográficas, aconselham à redução da sua
dependência, utilizando novas fontes proteicas.
Uma nutrição mais eficiente e o recurso a outras
matérias-primas (oleaginosas, proteaginosas, restos
alimenticios, insectos, leveduras, algas, ...) podem no
futuro ser alternativas muito válidas.
CONCLUSÕES
«A futura nutrição animal deverá
procurar uma melhoria do rendimento de
utilização de todos os recursos
alimentares disponiveis.»
Jean Noblet
INRA, 48º JRP, França, 2016